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PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES

CAPÍTULO 3 E 4

PROFESSOR: RENATO OLIVEIRA FONSECA

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Sumário

3 CORROSÃO DAS ARMADURAS 3

3.1 Gerenalidades 3

3.2 Oxidação – Redução 4

3.3 Pilha eletroquímica 5

3.4 Mecanismos da corrosão nas armaduras 6

3.5 Fatores que afetam e desencadeiam a corrosão das armaduras ou


concreto 11
3.5.1 Dosagem do concreto 11
3.5.2 Compacidade e homogeneidade 12
3.5.3 Espessura de recobrimento 12
3.5.4 Umidade ambiental 13
3.5.5 Oxigênio 13
3.5.6 Temperatura 13
3.5.7 Estado superficial do aço 14
3.5.8 Tensões mecânicas no aço 14
3.5.9 Contato galvânico 14

4 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO QUADRO PATOLÓGICO –


ELABORAÇÃO DE DIAGNÓSTICO 14

4.1 Vistoria, instrumentos e organização dos resultados 15

4.2 Informações complementares 18

4.3 Ensaios e a formulação do diagnóstico 19


4.3.1 Ensaios 19
4.3.2 Formulação do diagnóstico 22

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3 Corrosão das armaduras
3.1 Gerenalidades

Figura 3.1. Corrosão das armaduras

A corrosão das armaduras é uma das principais manifestações patológicas


responsáveis por enormes prejuízos. Como material de construção denso e
resistente, se pensa que o concreto armado tem uma duração ilimitada. No
entanto, atualmente se constata um numero crescente de estruturas
prematuramente deterioradas por corrosão das armaduras.

A displicência na execução do concreto armado tem se demonstrado na principal


causa do inicio precoce da corrosão das armaduras, principalmente pelos
seguintes fatos:
• O recobrimento das armaduras abaixo dos valores recomendados pelas
normas da ABNT;
• Concreto executado com elevado fator água/cimento, acarretando elevada
porosidade do concreto e fissuras de retração;
• Ausência ou deficiência de cura do concreto, propiciando a ocorrência de
fissuras, porosidade excessiva, diminuição da resistência, etc.;

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• Segregação do concreto com formação de ninhos de concretagem, erros
de traço, lançamento e vibração incorretos, formas inadequadas, etc.

O concreto proporciona as armaduras uma dupla proteção:


• Uma barreira física que separa o aço do contato direto com o meio
ambiente que contem elementos agressivos ao aço;
• Capa passivadora formada meio alcalino do concreto.

3.2 Oxidação – Redução

Para melhor entendimento do processo de corrosão é importante rememorar


alguns conceitos, tais como:

a) Oxidação:
A oxidação pode ocorrer em três circunstâncias:
- Quando se adiciona oxigênio à substância;

- Quando uma substância perde hidrogênio;


- Quando uma substância perde elétrons.

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b) Redução:
A redução pode ocorrer em três circunstâncias:
- Quando a substância perde oxigênio;

- Quando uma substância ganha hidrogênio;

- Quando uma substância ganha elétrons.

c) Oxi-Redução:
Ocorre simultaneamente os dois processos:

3.3 Pilha eletroquímica

Basicamente uma pilha eletroquímica apresenta os seguintes componentes:

a) Anodo: eletrodo em que há oxidação (corrosão) e onde a corrente elétrica,


na forma de íons metálicos positivos, entra no eletrólito;
b) Catodo: eletrodo onde a corrente elétrica sai do eletrólito ou o eletrodo
onde no qual as cargas negativas (elétrons) provocam reações de redução;

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c) Eletrólito: condutor (usualmente um líquido) contendo íons que transportam
a corrente elétrica do anodo para o catodo.

REDUÇÃO:
OXIDAÇÃO:
-PERDA DE OXIGÊNIO;
-GANHO DE OXIGÊNIO; -GANHO DE ELÉTRONS.
-PERDA DE ELÉTRONS.

Figura 3.2. Esquema de pilha eletroquímica

3.4 Mecanismos da corrosão nas armaduras

A corrosão das armaduras pode-se originar por uma ação química ou


eletroquímica, resultando numa modificação do aço de forma continua, até que
todo o aço se transforme em ferrugem.

São dois os processos principais de corrosão que podem sofrer a armadura de


aço para concreto:

-Corrosão química;
-Corrosão eletroquímica.

a) Corrosão química

É provocada por uma reação gás-metal, isto e, pelo ar atmosférico e o aço,


formando compostos de oxido de ferro (Fe2 O3). Este tipo de corrosão é muito
lento e não provoca deterioração substancial das armaduras. Como exemplo, o
aço estocado no canteiro de obra, aguardando sua utilização sofre este tipo de
corrosão.

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Figura 3.3. Corrosão química na barra de aço

b) Corrosão eletroquímica

Ocorre em meio aquoso sendo o principal e mais sério processo de corrosão


encontrado na construção civil.
Neste processo de corrosão, a armadura se transforma em óxidos e hidróxidos de
ferro, de cor avermelhada, pulverulenta e porosa, denominada ferrugem.

Para a ocorrência desse tipo de corrosão interagem as seguintes condições:

• Presença de um eletrólito:
A presença de sais dissolvidos do cimento, como o hidróxido de cálcio (CaOH2)
ou a presença do anidro carbônico (CO2), que sempre contém pequenas
quantidades de ácido carbônico, podem funcionar como eletrólito.

Quantidades pequenas de ions cloreto (Cl-), íons sulfatos (S--), dióxido de


carbono (CO2), nitritos (NO3-), gas sulfídrico (H2S), amônia (NH4+), óxidos de
enxofre (SO2, SO3), fuligem, etc., aumentam potencialmente a ação do eletrólito e,
conseqüentemente, o fenômeno da corrosão. Isto explica que a velocidade da
corrosão em regiões industriais, orlas marítimas, poluídas, etc. são mais
elevadas, devido à maior concentração de elementos agressivos.

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• Diferença de potencial:
Qualquer diferença de potencial entre dois pontos da armadura, causada por
diferença de umidade, concentração salina, aeração ou por tensão diferenciada
na armadura pode criar uma corrente elétrica entre dois pontos. As partes que
possuem um potencial menor se convertem em ânodo e as que possuem um
potencial maior se convertem em catodo.

Figura 3.4. Diferença de potencial: Corrosão

Figura 3.5. Diferença de potencial: Corrosão

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Figura 3.6. Potenciais de oxidação dos diferentes metais

• Presença de oxigênio:

A presença de oxigênio é necessária para a formação de óxidos de ferro. No


processo de corrosão eletroquímica, o ferro se separa do aço na região anódina,
formando íons ferrosos puros (Fe++), que se transformam em oxido de ferro com
a ação do oxigênio dissolvido na água ou ar.

Os fenômenos de corrosão são expansivos e geram tensões que podem provocar


fissuras no concreto, principalmente os de baixo cobrimento de armadura,
aumentando a entrada e saída de água, sais e vapores agressivos, elevando
exponencialmente a velocidade da corrosão.

A corrosão eletroquímica pode se oginar devido a outros fatores, conforme a


seguir:

b.1) Corrosão em espaço confinado (frestas)

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A corrosão em espaços confinados pode ocorrer quando sobre a superfície do
aço existe um espaço suficiente resguardado que evita o acesso continuo de
oxigênio, podendo criar zonas diferenciais de oxigênio (conseqüentemente com
diferentes potenciais) que induzem a corrosão.

b.2) Corrosão sob tensão


Este tipo de corrosão ocorre em presença de duas circunstancias conjuntas:
-esforços de tração
-meio agressivo

Este efeito ocorre preferencialmente em concreto protendido, onde se utiliza aço


de alta resistência. A corrosão sob tensão é um fenômeno muito especifico,
geralmente associado a concreto de baixa qualidade, (mau preenchimento das
bainhas, ou a presença de cloretos nos aditivos de concreto).

b.3) Corrosão por correntes de interferência


As correntes de interferência, chamadas também como erráticas ou de fuga, pode
ser definido como as correntes que fluem em uma estrutura e que não formam
parte do circuito elétrico ou célula eletrolítica.
As fontes mais comuns deste tipo de corrente são: sistemas de proteção catódica
operando nas cercanias de estruturas de concreto armado, especialmente em
meios de muito baixa resistividade, como em água salobra, sistemas com
potência elétrica, como os trens elétricos, metrô, máquinas de soldar, onde a
estrutura conectada a terra se encontra a certa distância dos eletrodos de solda,
etc.

É importante salientar que se o aço se encontra passivado em um concreto não


contaminado por cloretos, esta corrente de interferência não produz corrosão. Ao
contrário, se o concreto contém cloretos, a corrosão do aço de tornaria acelerado
drasticamente pelo efeito destas correntes.

b.4) Corrosão galvânica


Este tipo de corrosão pode-se dar quando existem dois metais diferentes no meio
eletrolítico. Ex: telha de alumínio apoiada em perfis de aço.

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No aço do concreto, esta situação se dará cada vez que em alguma zona se
danifique, ou não se forme uma capa passivadora característica. Esta zona atuara
como um anodo, frente ao restante do material, onde permanece a passivação, o
qual atuará como catodo. Também se poderia apresentar quando o aço se
encontra em contato com outros condutores mais nobres

b.5) Corrosão por cloretos


Corrosão que ocorre pelo ingresso de através do meio externo de íons cloretos no
concreto ou no caso de contaminação da massa do concreto, como por exemplo,
através da água com aditivos aceleradores inadequados ou areia do mar.

A ação de íons de cloretos forma uma célula de corrosão onde existe uma capa
passiva intacta, atuando como catodo, no qual se produz oxigênio e uma
pequena área onde se perdeu a capa passivadora, atuando como anodo, na
qual se produz a corrosão. As corrosões por cloreto são autocatalíticas, e se
generalizam em continuo crescimento.
Os cloretos destroem de forma pontual a capa passivadora, podendo produzir
uma ruptura pontual do aço. Em ambiente marítimo, o cloreto pode penetrar pela
rede de poros do concreto. O concreto também pode ser contaminado com
cloretos através de aditivos aceleradores, água contaminada (salobra), ambiente
industrial (papel, celulose, fertilizantes, etc.), dentre outros.

3.5 Resumo: Fatores que afetam e desencadeiam a corrosão das


armaduras no concreto

Um conjunto de circunstancias pode afetar e desencadear a despassivação do


aço do concreto. Dentre aos fatores pode-se citar como principais:

3.5.1 Dosagem do concreto

Os concretos homogêneos, compactos, resistentes e pouco porosos garantem


importantes funções de proteção ao aço, tanto como barreira física, como uma
capa passivante alcalina que mantém a armadura protegida.

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A baixa porosidade da massa do concreto impede a penetração dos agentes
agressivos. Assim, sendo, deve se ter em conta a necessidade de se executar
uma dosagem de concreto que garanta a máxima compacidade e, por
conseguinte sua durabilidade, tomando as seguintes precauções:
- Efetuar um estudo de granulometria, de forma que se garanta uma boa curva de
agregados e menor volume de vazios;
- Utilizar a menor quantidade de água possível, para diminuir a porosidade e
aumentar a resistência final, substituindo o excedente de água por aditivos
redutores de água;
- Garantir uma boa hidratação do cimento, com uma cura adequada, diminuindo a
quantidade de poros do concreto endurecido;
- As características dos agregados utilizados no concreto tem influencia na sua
qualidade final;
- A ação positiva de certas adições ao concreto, como escorias de atividade
pozolânica, microssilica ou inibidores de corrosão, tem grande influência na
durabilidade do concreto armado.

3.5.2 Compacidade e homogeneidade

A compacidade do concreto é a propriedade mais importante do mesmo nos


efeitos de sua resistência a penetração dos agentes agressivos. Ela é
inversamente proporcional a porosidade, minimizando a carbonatação e o ataque
de agentes agressivos.
A compacidade e expressa pela quantidade de matéria sólida por unidade de
volume, ou a relação entre o volume sólido e o volume total.
A compacidade é função principalmente da quantidade, qualidade e proporção
entre os componentes do concreto.
A compacidade pode ser comprometida por uma mistura, transporte e
compactação inadequados, já que isto afeta a homogeneidade.

3.5.3 Espessura de recobrimento

A espessura da capa de cobrimento das armaduras é importante para garantir


sua proteção, desde que não se apresente porosa e com fissuras. Existem
normas nacionais e internacionais que regulamentam a espessura mínima

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requerida para cobrimento das armaduras, segundo a utilização deste concreto,
desde em áreas internas, como nas áreas mais agressivas

3.5.4 Umidade ambiental

A presença de umidade é imprescindível para a ocorrência das reações de


oxidação das armaduras, pois intervém no processo catódico de redução do
oxigênio. Além disso, é necessária para a mobilidade dos íons no processo
eletrólito.
Em um concreto seco, a resistividade elétrica e tão elevada que impede que a
corrosão se produza. Por outro lado, quanto maior é a quantidade de água no
concreto, menor será o valor de resistividade elétrica e mais elevada poderá ser,
a principio, a velocidade de corrosão.

3.5.5 Oxigênio

Não é possível o processo de corrosão sem a mínima quantidade de oxigênio


junto às armaduras.
Quando um concreto é denso e o ambiente exterior tem valores médios de
umidade, os poros estão completamente saturados de água a partir de 3 a 4 cm
do seu exterior.
Isto dificulta a presença do oxigênio, que necessita diluir-se na água antes de
alcançar as armaduras. Se existem armaduras despassivadas e com pouco
cobrimento de concreto, o contato com o oxigênio e mais fácil e a corrosão pode
ser mais elevada.

3.5.6 Temperatura

A temperatura tem um duplo papel nos processos de degradação. Por um lado, o


aumento da temperatura atua na mobilidade das moléculas, facilitando o
transporte de substancias. Por outro lado, a diminuição da temperatura pode dar
lugar a condensações. Além disto, a quantidade absoluta de vapor está
diretamente relacionada a temperatura ambiente.
É importante destacar que os 3 fatores - umidade, oxigênio e temperatura - tem
efeitos contrapostos e portanto não e fácil predizer a evolução da corrosão. Por
exemplo, uma maior umidade facilita a corrosão, mas também impede a maior
presença de oxigênio.

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Uma temperatura mais elevada acelera a corrosão, mas diminui a condensação.

3.5.7 Estado superficial do aço

A oxidação superficial da armadura não causa efeito significativo no processo de


corrosão, mas podem estar contaminados com cloretos.
A corrosão superficial do aço, não aderida, deve ser eliminada, pois interfere na
sua aderência ao concreto (importante no concreto protendido) e na criação e
aderência da capa passivadora.

3.5.8 Tensões mecânicas no aço

O aço pode estar submetido a tensões entre 60% a 80% do seu limite elástico.
Estas elevadas tensões não representam perigo se o mesmo está isento de
imperfeições e de óxidos superficiais, e se o concreto que o envolve é de boa
qualidade.
Em concreto onde a carbonatação alcança o aço tensionado, ou com presença de
íons despassivantes, o risco de uma corrosão sob tensão existe. Este tipo de
corrosão se caracteriza por incubar micro fissuras não visíveis a olho nu, que se
propagam com relativa rapidez ao interior da armadura. Alcançada uma perda de
seção crítica, a armadura se rompe de uma forma frágil.

3.5.9 Contato galvânico

O contato das armaduras com outros metais podem ocasionar sua corrosão.
Devem ser evitados os contatos das armaduras com outros metais, que podem
polarizar até potenciais mais anódinos. Em geral o contato aço-aço inoxidável ou
aço-cobre não produzem corrosão. O contato com zinco ou alumínio pode ser
benéfico, pois induzem a uma certa proteção catódica da armadura.

4 Critérios de avaliação do quadro Patológico –


elaboração de diagnóstico
Conforme já analisado nos capítulos anteriores, todas as edificações e estruturas
possuem determinadas caraterísticas que as fazem reagir conforme as condições
de exposição aos quais estão submetidas. Pode-se dizer que o conjunto de
agentes agressivos ou fenômenos patológicos atuam na edificação ou estrutura

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produzindo um verdadeiro leque de fenômenos físicos, químicos e biológicos. O
efeito desses fenômenos provocam a queda do desempenho esperado e da
durabilidade da edificação/estrutura.
As patologias são caracterizadas no início pelo aparecimento das primeiras
manifestações perceptíveis, que irão evoluir de acordo com o tipo de
agressividade ao qual a edificação/estrutura está submetida. Como exemplo
pode-se citar:
-fissuras;
-deformações;
-alteração de cor;
-etc.

Logicamnete a situação ideal seria a de se poder identificar as patologias em seu


período inicial, quando a possibilidade da resolução é muito maior, Ocorre, no
entanto, que pela ausência de manifestações perceptíveis, isso se torna uma
prática muito difícil.

4.1 Vistoria, instrumentos e organização dos resultados

A partir do momento da constatação da existência de alguma patologia na


edificação/estrutura deve ser dado o primeiro passo para o esclarecimento dos
problemas existentes através da vistoria na edificação.
A vistoria visa:
-Constatar a existência e gravidade do problema patológico;
-Definir a extensão do problema e da inspeção;
-Caracterizar os materiais e a patologia através de:
-Utilização dos sentidos humanos;
-Utilização de instrumentos.
-Registrar os resultados obtidos.

Quando maior for a quantidade de informações coletadas, maior será a


capacidade de análise do elemento inspecionado. Maiores chances existirão de
se alcançar o objetivo final.

Os tópicos básicos para uma perfeita análise de patologias são:

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a) Existência e gravidade do problema patológico
A determinação da existência do problema patológico passa pela
comparação entre o desempenho esperado da edificação/estrutura com o
desempenho encontrado.
Por exemplo, uma deformação de laje pode estar dentro dos limites
permitidos em norma. Pode causar um descolamento de piso, mas não
chega a ser uma patologia por estar dentro de um valor previsto.

Em relação à gravidade podem-se tomar medidas imediatas de segurança


como executar um escoramento em uma estrutura para se evitar algum
risco e permitir que se possa concluir a vistoria.

b) Definição da extensão do problema e da inspeção


A definição da extensão do problema e alcance da inspeção tem como
premissa a magnitude/quantidade dos efeitos patológicos identificados.
Caso os problemas verificados estejam presentes em grande parte da
edificação/estrutura inspecionada, existe a necessidade de se realizar um
exame minucioso de toda a edificação/estrutura. Por outro lado, caso os
problemas seja localizados, pode se decidir por uma vistoria de menor
alcance.
Caso seja decidido por uma inspeção minuciosa, deve ser estabelecido um
roteiro detalhado de inspeção com a definição da metodologia básica.
Por exemplo pode-se citar:
-iniciar a inspeção pelo pavimento superior, com cada cômodo sendo
visitado, obedecendo-se um caminhamento previamente estabelecido (por
exemplo: sentido horário), repetindo-se essa rotina até ao pavimento
inferior. Devem ser anotadas todas as anomalias avaliadas identificando
sua extensão e localização.

Pode acontecer que, após a coleta de informações, ainda não se tenha


dados suficientes para um parecer. Nesse caso devem ser analisadas as
circunvizinhanças de maneira a identificar se os problemas verificados
também ocorrem nesses locais.

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Além disso, podem ser necessários levantamentos topográficos,
posicionamento do lençol freático, existência de aterros, etc.

c) Caracterização dos materiais e da patologia


A caracterização dos materiais e patologia depende primeiramente da
sensibilidade e experiência do vistoriador. Na sensibilidade o uso dos
sentidos humanos é de fundamental importância na identificação e
percepção de problemas como fungos, reconhecimento de sons (por
exemplo: sons cavos), etc,
A percepção humana é limitada na identificação dos problemas patológicos
sendo necessário o uso de equipamentos para uma perfeita caracterização
da patologia.
Por exemplo pode-se citar alguns equipamentos:
-Nível;
-Prumo de linha;
-Régua graduada ou trena;
-Fissurômetro;
-Esclerômetro;

Figura 4.1. Esclerômetro

-Solução alcoólica de fenolftaleína a 0,1 por cento;


-Martelo para inspeção;
-Medidor de potencial de corrosão;

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Figura 4.2. Medidor de potencial de corrosão

-Furadeira com coletor de pó;


-Etc,

d) Registrar os resultados obtidos


Os registros dos dados coletados são de fundamental importância para o
entendimento da patologia identificada. Os registros podem ser feitos
manualmente através de croquis com identificação nas plantas e
elevações, bem como com filmagens e fotografias.

4.2 Informações complementares

Quando as informações obtidas na vistoria da edificação/estrutura não são


suficientes para perfeito entendimento do problema existente, busca-se ampliar o
leque de informações com dados complementares.
Informações complementares podem ser obtidas através de:
- Investigação com pessoas envolvidas com a construção; (vão saber dizer se
ocorreu algum evento importante que possa justificar o problema existente. Ex.

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um trecho da estrutura foi executada com concreto preparado “in loco”, substitui-
se algum tipo de material, etc.)
- Análise de documentos formalizados (projetos, diários de obra, notas fiscais,
etc.)

4.3 Ensaios e a formulação do diagnóstico

4.3.1 Ensaios

Os problemas patológicos se apresentam sob a forma de sintomas. Um


considerável número de problemas apresenta sintomatologia bastante
característica, permitindo um imediato diagnóstico final. Em outros casos são
necessários exames ou ensaios complementares para definição e entendimento
do problema.
O conhecimento dos resultados a serem obtidos com os ensaios permite que se
decida pela execução ou não do mesmo, evitando-se custos elevados e prazos
dilatados. Por outro lado, o não conhecimento do tipo de ensaio pode provocar
um diagnóstico equivocado, reduzindo as possibilidades de resolução do
problema.Por exemplo, pode ser citado: Extração de testemunhos para ensaio de
resistência à compressão em estruturas com evidente acréscimo de
carregamento. (Na realidade deve ser verificado primeiramente o novo
carregamento atuando na estrutura).

A execução de ensaios complementares, além de permitir um melhor


entendimento do problema, irá dar subsídio para a quantificação do problema,
fornecendo dados para os planejamento dos serviços de reparo.

Os ensaios complementares podem ser:


-Em laboratório;
Ex: no concreto:
-Absorção;
-Porosidade;
-Resistência à compressão;
-Módulo de elasticidade;

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-Contaminação por cloreto
-etc,

-No local (“in loco”).


Ex: no concreto:
-Esclerometria;

Figura 4.3. Ensaio de Esclerometria no concreto

•NÚMERO MÍNIMOS DE ENSAIO:


–MÍNIMO = 5
–MÁXIMO = 16
–Recomenda-se –9 a 10

VANTAGENS DA ESCLEROMETRIA
•Baixo custo;
•Simplicidade de execução;
•Rapidez de ensaio;
•Experiência consolidada;
•Curvas de correlação;
•NORMA –NBR 7584 de 1982

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-Profundidade de carbonatação;

Figura 4.4. Teste de fenolftaleína para verificação do processo de carbonatação

-Percussão;

Figura 4.5. Ensaio de percussão no concreto.

-Potencial de corrosão;

Com este ensaio pode-se levantar ou monitorar de tempos em


tempos possíveis estados de corrosão e a sua evolução, antes que
ocorra a perda de seção das armaduras com conseqüentes
desplacamentos da camada de recobrimento do concreto e o
comprometimento maior da estrutura.

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-Espessura de cobrimento;
-Abertura de fissuras;
-etc.

4.3.2 Formulação do diagnóstico

O diagnóstico tem como objetivo final o entendimento de um quadro geral de


fenômenos e manifestações patológicas. O levantamento de dados do
edifício/estrutura, os ensaios de campo e de laboratório devem ser interpretados e
analisados como um todo, como se fossem peças de um “quebra-cabeças”, que
ao final compõem a forma final.

A composição do diagnóstico:
1. Vistoria;
2. Levantamento de dados;
3. Entendimento de como o edifício/estrutura “trabalha”;
4. Entendimento de como o edifício/estrutura reage à ação dos agentes
agressivos;
5. Porque surgiu e como se desenvolveu o quadro de patologia;
6. Quantificação do problema;
7. Como pode ser eliminado esse quadro.

A fase de levantamento de dados é fundamental na formulação do


diagnóstico, e esse somente tem sentido se a interpretação dos dados for
corretamente realizada.

Todos os dados são importantes não devendo ser desprezados detalhes


mínimos, pois pode ser esse detalhe a chave para o esclarecimento final do
problema.

Exemplo de levantamento de dados:

- fotos;
- medidas de deformações;

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- avaliação da presença de cloretos e sulfatos;
- verificação da profundidade de carbonatação;
- medidas de fissuras;
- posição;
- extensão;
- perda de seção de barra de aço;
- verificação de erros de projeto e execução;
- utilização e manutenção da edificação;

O fluxo das etapas para apresentação do diagnóstico pode ser melhor


representado na Figura 4.6.

Figura 4.6. Fluxograma para elaboração do diagnóstico

O diagnóstico deve ainda:


• Relacionar as sugestões técnicas para solução das anomalias
identificadas;
• Classificar o estado de conservação;

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• Resumir os problemas identificados;
• O laudo pode conter solução do problema com orçamento, dependendo
do serviço contratado, que pode ser apresentado em anexo;
• Conclusão final;

Exemplos de diagnósticos de problemas patológicos serão apresentados a seguir.

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