Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Assine
Mais vistas
Comportamento
cérebro?
Em uma base militar no Caribe, fica a prisão mais dura do mundo. Suspeitos de
terrorismo são levados para lá e podem ficar presos para sempre, sem direito a
julgamento. Dos 166 detentos, 130 estão fazendo greve de fome. E um deles conta, pela
primeira vez, como as coisas são ali. Conheça a vida no pior lugar da Terra. Hitler não possuia 1, mas
664 Tesseracts feito de
Por Reportagem de Larry Siems, da revista Slate. Edição e tradução: Bruno Garattoni
urânio
31 jan 2017, 18h53 - Publicado em 26 set 2013, 22h00
Pela Web Links patrocinados por taboola
Os países mais ricos na
América Latina em 2018 -
Não são os que você…
EverydayChimp
(/)
Mohamedou Ould Slahi se apresentou voluntariamente à polícia de seu país NAS BANCAS
natal, a Mauritânia, em 20 de novembro de 2001. Foi preso, e uma semana 403 Junho 2019
Acesse o índice
depois, a pedido do governo dos EUA, transferido para a Jordânia. Slahi era
acusado de ligações com um atentado frustrado no aeroporto de Los Angeles,
Assine
em 1999. Por sete meses, foi interrogado pelas autoridades jordanianas, que não
acharam nada que o incriminasse. Insatisfeita, a CIA buscou Slahi e o levou até
Leia grátis por 30 dias no
uma base militar americana no Afeganistão.
Cultura
Enquanto os guardas serviam comida, nós nos apresentávamos. Não podíamos
O plano realmente infalível de Mauricio de
ver uns aos outros, mas era possível ouvir as vozes. “Eu sou da Mauritânia.” “Eu Sousa
sou da Palestina.” “Síria.” “Arábia Saudita.”
Comportamento
“Como foi o voo?” Tatuagens da cadeia
“Eu quase congelei até morrer”, gritou um cara. “Eu dormi a viagem toda”,
respondeu [Trecho censurado].
Nós nos chamávamos pelos números de identi cação que tínhamos recebido. O Não perca nenhuma notícia.
meu era 760. Na cela à esquerda estava [Trecho censurado], de [Trecho Inscreva-se em nossa newsletter gratuita.
censurado]. Na cela à direita, havia um cara de [Trecho censurado]. Ele falava mal Aceito receber ocasionalmente ofertas especiais e
árabe e dizia que tinha sido capturado em Karachi (Paquistão), onde frequentava de outros produtos e serviços do Grupo Abril.
a universidade. Nas celas em frente à minha, colocaram dois sudaneses. Política de Privacidade
O café da manhã foi modesto, um ovo cozido, um pedaço de pão duro e uma E-mail CADASTRAR
outra coisa que não sei o nome. Foi minha primeira refeição quente desde a
Jordânia. O chá foi reconfortante.
Eu considerei a chegada a Cuba uma bênção, e disse aos meus irmãos. “Como
vocês não estão envolvidos em crimes, não têm o que temer. Eu vou cooperar,
porque ninguém vai me torturar.” Eu erroneamente acreditava que o pior tinha
passado. Eu con ava demais no sistema judicial americano.
[Trecho censurado] era um cara amigável. Ele queria que eu contasse mais uma
vez toda a minha história. Quando cheguei à parte sobre (o que tinha passado)
na Jordânia, ele disse que sentia muito!
“Esses países não respeitam os direitos humanos. Eles até torturam gente.” Me
senti confortável por essa crítica a métodos cruéis de interrogatório; signi ca
que os americanos não fariam algo do tipo.
Mais tarde, os guardas me levaram de volta à cela. Eu estava tão doente que não
conseguia subir na cama. Dormi no chão o resto do mês. O médico me
prescreveu Ensure (suplemento nutricional) e um remédio para hipertensão.
Quando eu tinha crises de nervo ciático, os guardas me davam Motrin (anti-
in amatório). Embora eu estivesse sicamente muito fraco, os interrogatórios
não pararam.
Nos primeiros meses em Guantánamo, Slahi foi interrogado por agentes do FBI e
da Marinha, que utilizavam métodos tradicionais. Mas, em maio de 2003,
começou seu “interrogatório especial” – termo que os militares americanos
utilizam para se referir ao uso de técnicas mais fortes, que incluem certos tipos
de tortura. Slahi foi transferido para a solitária.
“Não é problema seu”, disse com raiva o guarda [Trecho censurado]. Mas ele não
era muito esperto, pois tinha anotado meu destino em sua luva. [Trecho
censurado] era (um lugar) reservado para os piores presos da base. Se você
fosse transferido para [Trecho censurado], muitas pessoas deveriam ter
autorizado, talvez (até) o presidente dos EUA. As únicas pessoas que eu
conhecia que tinham passado algum tempo em [Trecho censurado] eram [Trecho
censurado] al Kuwaiti e outro detento de [Trecho censurado].
Ao chegar ao bloco, a coisa começou. Tiraram todos os meus objetos, exceto por
um colchonete e um cobertor muito no, pequeno e velho. Fui privado dos meus
livros. Fui privado do meu Corão. Fui privado do meu sabonete. Fui privado da
minha pasta de dentes. Fui privado do rolo de papel higiênico que eu tinha.
“O que eu z?”
“Me diga você, e reduzimos a sua sentença para 30 anos. Se você não cooperar,
vamos colocar você num buraco e apagar seu nome da nossa lista de detentos.”
Quando eu não dei a resposta que ele queria ouvir, ele me fez levantar. Fiquei
com as costas arqueadas (para trás), porque minhas mãos estavam
acorrentadas a meus pés e ao chão. [Trecho censurado] sempre me deixava
sofrendo durante seu almoço, que demorava duas a três horas. Ele gostava de
comida; nunca pulava o almoço. Fiquei pensando, como [Trecho censurado] pode
ter passado no teste físico do Exército (tendo uma forma física tão ruim)? Mas
faz sentido, ele está no Exército por um motivo.
Como nunca me deixavam ver a luz (do dia), eu “gostava” do curto trajeto entre
minha cela gelada e a sala de interrogatório. Era uma bênção quando eu sentia o
sol morno de Guantánamo. Sentia a vida voltando a cada centímetro do meu
corpo.
“Não esquenta, você vai voltar para sua família,” ele disse. Quando ele falou isso,
eu não consegui evitar o [Trecho censurado]. Eu tinha me tornado tão vulnerável.
Uma mera palavra de conforto neste oceano de agonia era o su ciente para me
fazer chorar.
“Hoje nós vamos falar sobre [Trecho censurado]”, disse [Trecho censurado]
depois de me empurrar uma cadeira de metal.
“Não, não tenho mais o que dizer.” [Trecho censurado] puxou a cadeira e me
derrubou.
Para ser honesto e justo, os [Trecho censurado] não tiraram minhas roupas em
nenhum momento; tudo aconteceu comigo vestido. O [Trecho censurado] sênior
estava assistindo. Fiquei rezando o tempo todo.
“Para de rezar, porra. Você está fazendo sexo com [Trecho censurado]
americanos e está rezando? Como você é hipócrita!”, disse raivosamente [Trecho
censurado] ao entrar na sala. Eu continuei rezando. Durante essa sessão, eu me
recusei a comer ou beber, embora eles tenham me oferecido água algumas
vezes. Eu queria desmaiar para não ter de sofrer; essa era a principal razão da
minha greve de fome. Eu sei que pessoas como eles não se impressionam com
uma greve de fome. Claro que eles não queriam que eu morresse, mas eles
sabem que há muitas etapas até que alguém morra.
“Você não vai morrer, nós vamos alimentar você pelo rabo,” disse [Trecho
censurado].
Registros o ciais mostram que, em julho de 2003, mais de um mês após o início
do “interrogatório especial”, Slahi foi questionado durante uma semana por um
novo interrogador, mascarado.
“Vou trazer umas pessoas para me ajudar a interrogar você”, falou [Trecho
censurado], sentado a poucos centímetros de mim.
[Trecho censurado] mandou ele parar porque estava com medo da sindicância
que (resultaria) em caso da minha morte. Ele encontrou outra técnica; trouxe um
CD player com ampli cador e começou a tocar um rap. Eu não liguei para a
música porque ela me fez esquecer minha dor; na verdade, a música era uma
bênção disfarçada, eu quei tentando entender as palavras. Só entendi que a
música era sobre amor, você acredita? Amor! “Escuta isso, lho da p…!”, disse o
convidado ao sair, fechando violentamente a porta. “Você vai ter a mesma m….
dia após dia, e sabe o quê? Vai piorar. É só o começo”, disse [Trecho censurado].
Eu continuei rezando e ignorando o que eles estavam fazendo.
A viagem de barco
Em 24 de agosto de 2003, Slahi foi tirado da cela e levado numa viagem de barco
de três horas pelo Caribe.
“Eu avisei, você já era!”, disse [Trecho censurado]. O parceiro dele continuou a me
socar sem dizer nada; ele não queria ser reconhecido. O terceiro homem não
estava mascarado, ele cou na porta segurando a guia do cachorro, pronto para
soltá-lo em mim.
“Quem mandou vocês fazerem isso? Vocês estão ferindo o detento”, gritou
[Trecho censurado], que estava tão assustado quanto eu.
“Vendem o lho da p…! Ele está tentando olhar.” Um deles me acertou com força
no rosto e rapidamente colocou óculos nos meus olhos, abafadores nos ouvidos,
e um pequeno saco na minha cabeça. Eles apertaram as correntes nos meus
tornozelos e pulsos; eu comecei a sangrar. Achei que eles iriam me executar.
Era noite. Minha venda não me impediu de ver umas lâmpadas fortes.
“Nós felizes por isso (sic). Talvez nós levamos ele pro Egito, ele diz tudo”, disse
um sujeito cuja voz eu nunca tinha ouvido, com um forte sotaque egípcio. O
inglês dele era ruim e pronunciado errado.
“Senta!”, disse o egípcio, o que mais falava. O egípcio se sentou do meu lado
direito. Um jordaniano sentou à esquerda.
Eles me puseram uma espécie de jaqueta grossa, que me prendia à cadeira. Era
uma sensação boa – mas que também tinha um lado horrível. Meu peito cou
tão apertado que eu não conseguia respirar. Eu não sabia exatamente o que
estava acontecendo, mas alguma coisa estava errada. “Puxe o ar”, disse
secamente o egípcio. Eu estava literalmente sufocando.
“Não se mexa, não apronte comigo, lho da p…!”, disse [Trecho censurado], com a
voz enfraquecida. Ele estava obviamente cansado, e foi embora.
Pouco tempo depois, senti alguém tirando (o capuz) da minha cabeça. Quando a
venda foi tirada, eu vi um [Trecho censurado]. Concluí que era um médico, mas
por que diabos ele está se escondendo atrás de uma máscara, e por que é do
Exército, sendo que a Marinha é a responsável pelos cuidados médicos dos
presos?
Fiquei pensando como eu poderia me mexer, que mal eu poderia fazer. Eu estava
acorrentado, e cada centímetro do meu corpo doía. Ele saiu e logo voltou com
algumas coisas médicas. Eu reparei no relógio dele; era 1h30 da manhã.
O médico começou a limpar o sangue do meu rosto com uma gaze. Depois
disso, ele me colocou num colchão – o único item da cela – com ajuda dos
guardas. “Não se mexa”, disse um guarda. O médico colocou muitas cintas
elásticas em volta do meu peito e costelas. Depois disso, eles me zeram sentar.
Eles me mexiam como um objeto. Mais tarde eles tiraram as correntes, e um dos
guardas me jogou um cobertor pequeno e no, e isso era tudo o que eu teria na
cela.
“Já terminei com o lho da p…”, disse, e saiu em direção à porta. Eu quei
chocado de ver um médico agindo assim.
Pelas primeiras semanas eu não tive banho, troca de roupa, nem pude escovar os
dentes. Não era permitido dormir. Para garantir isso, me davam garrafas com
740 ml de água a cada uma ou duas horas, dependendo do humor dos guardas,
por 24 horas. As consequências eram devastadoras. Não conseguia fechar os
olhos por dez minutos, porque passava a maior parte do tempo no banheiro
(privada da cela). Mais tarde, perguntei a um dos guardas. “Por que essa dieta de
água? Por que vocês não me mantêm acordado me obrigando a car de pé,
como em [Trecho censurado]?”
“Acredite, você não viu nada. Nós já mantivemos detentos presos embaixo do
chuveiro por dias, comendo, urinando e defecando no chuveiro!”
Eu comecei a alucinar e ouvir vozes claras como cristal. Ouvi minha família numa
conversa casual. Ouvi leituras do Corão com uma voz celestial. Ouvi música do
meu país. Mais tarde os guardas tentaram se aproveitar dessas alucinações, e
cavam falando com vozes engraçadas pelo encanamento, me encorajando a
tentar fugir.
Con ssões são como contas de um colar, se a primeira cai, as demais seguem.
“Nós gostaríamos que você escrevesse suas respostas no papel, nos dá muito
trabalho registrar o que você fala, e você pode se esquecer de coisas quando fala
conosco”, disse [Trecho censurado].
“Nós vamos dar a você uma tarefa relacionada a [Trecho censurado]. Ele está
preso na Flórida e eles não conseguem fazê-lo falar. Ele ca negando tudo. É
bom que você nos dê uma prova contra ele”, disse [Trecho censurado].
Eu quei tão triste. Como eu poderia fornecer uma prova sobre uma pessoa que
eu mal conhecia?
Ele me deu alguns papéis e voltei para minha cela. Peguei a caneta e escrevi todo
tipo de mentiras incriminatórias sobre um pobre sujeito, que estava tentando
obter asilo no Canadá e ganhar algum dinheiro para começar uma família. E ele é
aleijado. Eu me senti tão mal, cava rezando em silêncio, “nada vai lhe acontecer,
irmão”. Dizer a verdade sobre ele estava fora de questão, pois [Trecho censurado]
já tinha me dado as instruções.
Me senti mal por todos que feri com meus falsos testemunhos. Eu tinha de vestir
o terno que os EUA cortaram para mim, e foi exatamente isso o que z.
A família
Os interrogatórios violentos prosseguiram pelos últimos meses de 2003. Slahi
continuava em completo isolamento.
“Hã.”
“Sim, senhor.”
“Se nós matarmos você uma vez, não será su ciente. Nós temos que matar você
3 mil vezes. Mas em vez disso, nós o alimentamos!”
“Sim, senhor.”
Aí, aos poucos, os guardas receberam ordens para 1) permitir que eu escovasse
os dentes, 2) me dar mais refeições quentes, 3) me dar mais banhos. [Trecho
censurado] foi quem tomou os primeiros passos, mas tenho certeza que eles
decidiram isso numa reunião. Todos na equipe perceberam que eu estava a
ponto de enlouquecer, depois de tanto tempo em isolamento.
“Eu trouxe este presente para você”, ele disse, e meu deu um travesseiro. Sim, um
travesseiro. Eu recebi o presente com uma felicidade enorme – não porque
estivesse morrendo de vontade de ter um travesseiro, mas porque o interpretei
como um sinal de que as torturas físicas parariam.
Eu não tinha nada na cela. Na maior parte do tempo, eu recitava o Corão. O resto
do tempo, eu falava sozinho e pensava sobre minha vida, e as piores coisas que
poderiam acontecer comigo. Contava os furos da gaiola em que estava. São
cerca de 4.100. Quando me deram o travesseiro, eu cava lendo a etiqueta sem
parar.
“Levante! Coloque as mãos pela porta!”, disse com voz hostil um guarda. Depois
que me acorrentaram, eles me levaram para fora do prédio, onde [Trecho
censurado] estava me esperando. Foi a primeira vez que vi a luz do dia. As
pessoas não dão valor a ela, mas, se você for proibido de vê-la, lhe dará valor. O
sol me atingiu misericordiosamente com seu calor. Eu estava apavorado e
tremendo.
“Nós trouxemos você para que possa ver o sol. Nós teremos mais recompensas
como esta.”
Não importa quão duros sejam os seus interrogadores, forma uma relação com
eles. É uma relação familiar, com todas as vantagens e desvantagens. Você não
escolheu sua família, nem cresceu com ela. Mas é uma família.
“Está na hora. Mas o outro [Trecho censurado] vai car com você.” Isso não era
exatamente confortador. Eu quei inquieto, e não conseguia pensar num
argumento para convencer [Trecho censurado] a car.
[Trecho censurado] saiu. Ele voltou alguns dias depois, com um laptop e dois
lmes.
“Você pode escolher qual deles quer ver.” Eu escolhi Falcão Negro em Perigo
( lme de 2001 sobre uma ação militar dos EUA na Somália), não lembro do outro.
O lme era violento e triste. Eu prestei mais atenção nas emoções de [Trecho
censurado] e dos guardas do que no lme em si. [Trecho censurado] estava
calmo. Ele pausava o lme de vez em quando para me explicar determinadas
cenas. Os guardas quase caram loucos de emoção, porque viam muitos
americanos sendo mortos.
“Você não vai mais me ver!” Eu congelei. Ele não tinha me dito que iria embora
tão cedo. Eu achava que talvez demorasse um mês, três semanas, algo assim,
mas hoje? Era como se a morte estivesse devorando um amigo seu, e você não
pudesse fazer nada.
“Puxa, tão cedo. Estou surpreso! Você não me disse. Adeus. Desejo tudo de bom
para você.”
“Eu tenho de seguir ordens, e deixo você em boas mãos.” E [Trecho censurado]
foi embora. Voltei à minha cela e comecei a chorar em silêncio, como se eu
tivesse perdido um [Trecho censurado] e não alguém cuja função é me ferir e
extrair informação.
“Posso ver meu interrogador, por favor?”, pedi aos guardas, esperando que
conseguissem alcançá-lo antes que ele chegasse ao portão principal.
“Vamos tentar.”
Logo depois, [Trecho censurado] apareceu na porta da minha cela. “Não é justo,
você sabe que eu fui torturado, e não estou pronto para outra rodada.”
“Você não foi torturado. Você tem de con ar no meu governo. Enquanto você
estiver dizendo a verdade, nada de mau vai acontecer a você!”
“Eu só não quero começar tudo de novo com novos interrogadores”, eu disse.
“Isso não vai acontecer,” disse [Trecho censurado]. “Além disso, você pode me
escrever. Prometo que vou responder todos os seus e-mails”, ele continuou.
“Eu não vou embora até você me garantir que está tudo bem”, [Trecho censurado]
disse.
“Eu falei o que tinha para falar. Tenha uma boa viagem. Que Alá guie você. Eu vou
car bem.”
“Tenho certeza que vai. Em no máximo uma semana você terá me esquecido.”
Eu não falei (mais nada) depois disso, apenas deitei. [Trecho censurado] cou ali
durante mais alguns minutos, repetindo, “Eu não vou embora enquanto você não
me garantir que está tudo bem.”
Eu sempre agi como se não soubesse onde estava. Os guardas diziam que eu
estava “no meio do nada”. Eles cavam tentando descobrir se eu sabia de algo, e
eu sempre respondia, “só sei que estou sendo detido pelo DoD (Ministério de
Defesa dos EUA), o lugar não importa.”
(Até que) [Trecho censurado] veio falar comigo. “Tenho de informar a você,
contra a vontade de muitos membros da nossa equipe, que você está em
Guantánamo. Você tem sido honesto, e nós devemos o mesmo a você.” Agi
como se (a informação) fosse novidade. Fiquei feliz, porque terem me contado
signi cava muito para mim.
“A partir de agora nós somos os [Trecho censurado], e você vai nos chamar
assim. O seu nome é Travesseiro”, disse [Trecho censurado]. Mais tarde, eu
aprendi que [Trecho censurado] são os caras do bem, que lutam contra as forças
do mal. Eu representava as forças do mal, e os guardas, a força do bem.
[Trecho censurado] tinha 40 e poucos anos, era casado e com lhos, baixo, mas
forte. Ele passou um tempo trabalhando em [Trecho censurado], e então acabou
fazendo uma missão especial para [Trecho censurado].
Embora [Trecho censurado] seja um cara duro, ele é humano. [Trecho censurado]
entende o que muitos guardas não entendem. Se você fala e diz aos
interrogadores o que eles querem ouvir, você tem de receber alívio.
“Meu trabalho é fazer você ver a luz”, disse [Trecho censurado] enquanto eu
comia minha refeição. [Trecho censurado] sempre gritava e me assustava, mas
nunca me bateu. Acho que o sonho da vida dele é se tornar um interrogador. Que
sonho dos infernos.
“Sim, senhor.”
“Mentira!”, ele gritou. Eu percebi que não seria uma boa parecer inocente, pelo
menos não por enquanto.
Ele pareceu mais feliz com a mentira. “Qual era o seu cargo?”.
“Não foi assim que ensinei você a jogar”, [Trecho censurado] comentou
irritadamente quando eu venci um jogo.
“Você tem de criar uma estratégia, e organizar seu ataque! É por isso que os p…..
dos árabes nunca têm sucesso.”
“Não.”
No jogo seguinte, eu tentei fazer uma estratégia para deixar [Trecho censurado]
ganhar.
“Agora você entendeu como se joga xadrez”, ele comentou. Eu sabia que [Trecho
censurado] não gostava de perder, então não gostava de jogar com ele, não me
sentia confortável. [Trecho censurado] acredita que existem dois tipos de
pessoa, os americanos brancos e o resto do mundo. Americanos brancos são
inteligentes e melhores do que todo mundo. [Trecho censurado] odeia o resto do
mundo, especialmente árabes, judeus, franceses e cubanos. O único outro país
que ele mencionou positivamente foi a Inglaterra.
É engraçado como as pessoas ocidentais têm uma visão falsa dos árabes:
selvagens, violentos, insensíveis e frios. Eu posso dizer com con ança que os
árabes são pací cos, sensíveis, civilizados e muito amorosos, entre outras
qualidades. Eu disse a [Trecho censurado], “vocês dizem que nós somos
violentos, mas se vocês ouvirem música árabe, ou poesia árabe, é tudo sobre
amor.” Durante meu tempo com [Trecho censurado], escrevi muitos poemas.
[Trecho censurado] tem todos.
A página seguinte do livro foi censurada pelas autoridades militares dos EUA.
TUDO SOBRE
MEDO TERRORISMO
Retire seu dinheiro da poupança O Teste de QI: você está perto dos
com urgência. Saiba motivos. 130?
Eu Quero Investir | Patrocinado Zoo | Patrocinado
Frigideira que nada Quiz: A qual país você Quiz da Segunda Guerra
gruda com oferta… realmente pertence? Mundial: O terceiro…
GoldChef | Patrocinado Zoo.com | Patrocinado HowStuffWorks.com | Patrocinado
Venda no crédito com taxa 0%. Descubra como abrir latas sem
Banco Safra | Patrocinado abridor ou outras ferramentas
Conselhos E Truques | Patrocinado
Economistas derrubam General Villas Boas Por que Jack não coube
projeção do PIB, que fica rebate ataques de Olavo: em cima da porta com
pela 1ª vez abaixo de… ‘Total falta de princípio… Rose?
Superinteressante
Cristais Aquarius
AssineAbril.com