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Trecho retirado TCC – DESTERRADOS EM SUA PRÓPRIA TERRA – PATRÍCIA

ROEMERS
2.6 RELAÇÃO DO CONCEITO COM AS TÊNDENCIAS EMERGENTES

Após a análise das inspirações que motivaram essa coleção, na verdade mais que inspirações
são discursos que se procurou exteriorizar, “canavalizar” no projeto de coleção de Design de
Moda, contatou-se que estão relacionados aos direcionamentos da WGSN e do projeto DNA
Brasil resultado de uma parceria entre o Future Concept Lab e SENAI Cetigt, que apresenta
tendências e conceitos emergentes.

A base do projeto DNA foi o Programa MindStyle, uma matriz conceitual alimentada por dados
que representam tendências mundiais. O programa é dividido em 16 áreas mas na adaptação
para o Brasil foram escolhidos onze MindStyles que se adaptam à realidade local das cinco
regiões brasileiras. São eles “Unique & Universal”, “Square & Share”, “Magnetic & Magmatic”,
“Deep & Daily”, “Creative & Critical”, “Sixth & Sense”, “Crucial & Correct”, “Core & Care”, “Net
& Nomadism”, “Essencial & Existencial” e “Choc & Chaos”. Irei me ater na tendência “Magnetic
& Magmatic” do magnetismo: atração forte e inexplicável, que emana de alguém ou de algo e
do magmatismo: movimentação lenta de massa fluida. O mindstyle “Magnetic & Magmatic” vê
o presente como experiência magnética, capaz de atrair o passado, mas de se movimentar,
imperceptivelmente, em direção ao futuro, é cabivel neste momento fazer uma relação com a
Macrotendência 2014 da WGSN 21st Century Romance que propõe inspirar-se na oscilação, nas
contradiçoes dentro do movimento da metamodernidade.

O conceito de metamodernidade estababelece que a arte que se faz no seu tempo não é apenas
a arte do seu tempo, é um momento de uma linha que se movimenta, se metamorfoseia
constantemente, se resignifica. A metamodernidade tem como principio a busca das conexões
simbólicas no sentido de que o artista deve se colocar efetivamente não em termos de partido
ou ideologia, mas em termos de valores humanísticos e dialéticos. O projeto DNA Brasil sugere
rumos a serem tomados como inspirações em lendas (“storytelling landscapes”), que explicam
por 45 exemplo a formação dos rios, das montanhas e dos acidentes geográficos e as chamadas
narrativas coletivas (“collective narrations”), nas quais se transmite tanto a idêntidade coletiva
como a individual, reforçando, portanto, o conceito da coleção Entre a Cruz e Cantação que
busca unir as narrações de Sebastião Salgado, Chico Buarque e Guimaraes Rosa ao mesmo
tempo que procura resignifica-las. A ambiguidade de uma obra permite que ela seja atemporal,
uma fonte que nunca seca conforme explica Humberto Eco no trecho a seguir: [...] na realidade,
a obra permanece inesgotada e aberta enquanto ‘ambígua’, pois a um mundo ordenado
segundo leis universalmente reconhecidas substitui-se um mundo fundado sobre a
ambigüidade, quer no sentido negativo de uma carência de centros de orientação, quer no
sentido positivo de uma contínua revisibilidade de valores e das certezas. (Umberto Eco, Obra
aberta)

Neste processo de difusão cultural chamados códigos de polinização (“pollination codes”) se


apresentam como metáfora da transferência do pólen de uma flor para a outra, resultando na
sua reprodução, buscou-se essa reprodução hibrida entre a música, literatura, aplicada para
outro plano de expressao, o design, que tem como objetivo fazer com que o objeto deixe as
mãos do designer com suas novas propriedades simbólicas plenamente expostas em suas novas
propriedades físicas.

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