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Introdução

A adolescência é uma fase na vida marcada por transformações físicas, psíquicas


e sociais. Nesse período, o jovem está testando possibilidades. É o momento em que
naturalmente se afasta da família e se adere ao grupo de “iguais”.

Nessa fase está vulnerável a comportamentos que podem fragilizar sua saúde.
Ao entrar em contato com drogas nesse período de maior vulnerabilidade, expõe-se
também a muitos riscos. Os prejuízos provocados pelo uso do álcool e de drogas podem
ser agudos (intoxicação ou overdose) ou crônicos, produzindo alterações mais
duradouras ou até irreversíveis.

Todas as substâncias psicoativas usadas de forma abusiva produzem o aumento


do risco de acidentes e violência, e adolescentes são mais vulneráveis, por tornar mais
frágeis os cuidados de autopreservação, que já são enfraquecidos nesse período da vida.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o álcool é o maior


fator de risco de morte entre adolescentes entre 15 e 19 anos, superando o uso de
drogas. Cerca de 14 mil mortes de crianças e jovens com idade menor de 19 anos, nas
Américas, foram atribuídas ao álcool em 2010.

O álcool é a droga mais utilizada nessa faixa etária e pode causar intoxicações
agudas graves, convulsões e hepatites.

O uso de maconha pode produzir a síndrome amotivacional, caracterizada por


passividade, apatia, falta de objetivos, de ambição, de interesses e de comunicação,
podendo levar à queda do desempenho escolar, aumentar a ansiedade e,
consequentemente, aumentar o seu uso. Durante intoxicações por drogas alucinógenas,
quadros delirantes e alucinatórios aumentam o risco de acidentes e podem desencadear
quadros psicóticos. O uso de drogas, tabagismo e o consumo abusivo de bebidas
alcoólicas podem desencadear problemas para a fertilidade do adolescente do sexo
masculino. O comportamento de risco, com uso de drogas e excesso de álcool, também
aumenta o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis, que por sua vez podem
afetar a qualidade do sêmen. O tabagismo, mesmo passivo, pode alterar o volume do
sêmen e prejudicar a sua qualidade. O uso crônico de maconha e drogas alucinógenas
também pode alterar a qualidade do sêmen, podendo levar à diminuição da quantidade e
da motilidade dos espermatozoides.
Consequências do uso de drogas na adolescência

A falta de conhecimento sobre o uso de drogas e suas consequências pode vir a


propiciar o aumento desordenado no número de usuários.

Caso contrário, se medidas urgentes não forem tomadas, consequências drásticas


podem vir a acontecer, uma vez que o adolescente pode vir a sofrer prejuízo em seu
desempenho escolar e ferindo sua autoestima, afetando suas relações afetivas e sociais,
influenciando-o à criminalidade, e nos casos mais graves, ocasionando quadros graves
de transtornos psíquicos, físicos e/ou comportamentais que, muitas vezes, trazem
prejuízos irreversíveis.

Existem drogas lícitas e drogas ilícitas. As drogas lícitas são as que podem ser
comercializadas como o cigarro, as bebidas alcoólicas e medicamentos. Já as drogas
ilícitas são aquelas que tem a sua venda proibida, como a maconha, crack, cocaína,
ecstasy.

Os principais tipos de drogas são:

 Drogas naturais: como a maconha que é feita da planta cannabis sativa, e o


ópio que tem origem nas flores da papoula;
 Drogas sintéticas: que são produzidas de forma artificial em laboratórios, como
o ecstasy e o LSD;
 Drogas semi-sintéticas: como heroína, cocaína e crack, por exemplo.
 Além disso, as drogas ainda podem ser classificadas como sendo depressoras,
estimulantes ou perturbadoras do sistema nervoso.

Há uma série de fatores bem reconhecidos como de risco ao uso problemático de


drogas, entretanto alguns parecem ter maior peso do que os outros.

Diante do exposto, é cada vez mais preocupante o uso de drogas na adolescência


e suas consequências, uma vez que é nesta fase da vida que envolve amadurecimento,
riscos, medos e instabilidades. Com isso, também se faz necessário uma ação conjunta
entre a família, governo e a sociedade como um todo, que podem atuar no âmbito da
intervenção, prevenção e diálogo, uma vez que a falta de conhecimento sobre a droga,
sua existência, seu funcionamento e suas consequências podem vir a propiciar o
aumento desordenado no número de usuários, e, principalmente, na gravidade de novos
casos, expondo-nos a situações trágicas isoladas ou coletivas que de alguma forma
poderiam ser evitadas.
Família e adolescente

Na conjuntura familiar que se divulgam os sentimentos (amor, ódio, inveja,


gratidão), que a criança aprende a reconhecer-se como única (identidade) e como parte
do grupo (sentido de pertencer, o sentido do nós). “Até agora não foi descoberta outra
forma de ensinar gente a ser gente.” (MIOTO,2010, p. 120.

Houve várias mudanças com a família na contemporaneidade que tiveram


profundas implicações na configuração familiar originando vários modelos de família.

A fase da adolescência tem sido percebida como um momento “crítico”, período


de significações da identidade sexual, profissional, de apegos e sujeito a crises, muitas
vezes tratadas como patológicas, ou até mesmo demarcadas num quadro típico de
adolescência, sugerido por SAITO, 2000, p. 9) como uma “síndrome da adolescência
normal”. Esta síndrome da adolescência fala da procura de si mesmo e da identificação
adulta, separação progressiva dos pais, tendência grupal, obrigação de intelectualizar e
fantasiar, evolução da sexualidade, vivência temporal particular atitude social
reivindicatória e invariáveis alterações de humor.

Há dificuldade de determinação de limites precisos quanto ao término da


adolescência. Existe a tendência de prolongamento desta fase devido a uma série de
fatores de natureza sócio-cultural como identidade sexual, relações afetivas estáveis,
capacidade de assumir compromissos profissionais e manter-se economicamente,
valores pessoais e relações com os pais.

Os jovens passaram a difundir em seu meio social a ideia de que você precisa
descobrir por você mesmo o barato de usar ou não drogas, e isso significa
experimentar”. O resultado é que, durante a última década, após experimentarem
drogas, gostam delas, continuaram a usá-las e estimularem os amigos a fazer o mesmo.

O uso de drogas pode acender confusões agudas (intoxicação ou overdose) e


crônicas, com agitações duradouras ou até irreversíveis. Outros riscos ainda são
considerados ao tratar-se de adolescentes, já que todas as substâncias psicoativas,
quando empregadas de forma abusiva, majoram o risco de acidentes e de agressão por
determinarem os cuidados de autopreservação, já vulneráveis entre os adolescentes
(FILHO et al , 2007).
O autor citado acima ainda alerta para esta presença quase que cotidiana das
drogas, pois na vida em sociedade torna o tema drogas bastante complexo de ser tratado,
porque, se por um lado, se identificam discursos que tentam construir uma imagem
negativa da droga, por outro, existem vários outros que a erguem de forma positiva. Em
se tratando de drogas lícitas, os meios de comunicação adjudicam imagens próprias ao
seu uso.

Por ser uma fase conflituosa, o adolescente precisa de apoio por parte da família
para enfrentar mudanças que ocorrem no comportamento, no corpo e nas relações
sociais. É uma fase onde o jovem se encontra mais vulnerável ás influências diversas e
se não estiver bem orientado, com uma base sólida, pode optar por caminhos de fuga,
alienando-se de uma realidade que não consegue enfrentar. Em muitos casos pode
tornar-se presa fácil para o caminho das drogas, as drogas estão presentes na sociedade
e têm sido alvo da atenção de muitas famílias, seja pela preocupação com aqueles que
não usam, pararam de usar, ou com os que fazem uso. O caminho das drogas pode
mudar todo o curso normal de desenvolvimento do jovem, pois as drogas comprometem
a saúde, interferindo na memória e na aprendizagem; causam grandes transtornos não só
para os usuários, mas para a família ou quem está próximo convivendo no mesmo
espaço.

Se o adolescente começa a fazer uso de drogas o seu rendimento escolar fica


comprometido e também o relacionamento com os seus familiares e amigos.

Efeitos das drogas

Os efeitos das drogas podem ser percebidos em poucos minutos, logo após seu
uso mas tendem a durar poucos minutos, sendo necessária uma nova dose para
prolongar seu efeito no corpo. Assim é muito comum a pessoa ficar viciada
rapidamente.

A seguir indicamos os efeitos logo após o uso de qualquer droga ilícita:

1. Efeitos imediatos das drogas depressoras

 As drogas depressoras, como heroína, causam efeitos no organismo como:


 Menor capacidade de raciocínio e de concentração
 Sensação exagerada de calma e tranquilidade
 Relaxamento exagerado e bem-estar
 Aumento da sonolência
 Diminuição dos reflexos
 Maior resistência à dor
 Maior dificuldade em fazer movimentos delicados
 Diminuição da capacidade para dirigir
 Diminuição da capacidade de aprendizagem na escola e do rentabilidade no
trabalho

2. Efeitos imediatos das drogas estimulantes

 As drogas estimulantes, como cocaína e crack, provocam:


 Intensa euforia e sensação de poder
 Estado de excitação
 Muita atividade e energia
 Diminuição do sono e perda do apetite
 Fala muito rápida
 Aumento da pressão e da frequência cardíaca
 Descontrole emocional
 Perda da noção da realidade

3. Efeitos imediatos das drogas perturbadoras

As drogas perturbadoras, também conhecidas por alucinógenas ou psicodislépticas,


como maconha, LSD e ecstasy provocam:

 Alucinações, principalmente visuais como alteração das cores, formas e


contornos dos objetos,
 Sensação alterada do tempo e do espaço, sendo que minutos parecem horas ou
metros parecem Km
 Sensação de enorme prazer ou de medo intenso
 Facilidade em entrar em pânico e exaltação
 Noção exagerada de grandiosidade
 Delírios relacionados com roubos e perseguições.
Efeitos das drogas na gravidez

Os efeitos das drogas na gravidez podem ser observados na mulher e no bebê, e


pode levar a aborto, parto prematuro, restrição do crescimento, baixo peso para a idade
gestacional e mal formação congênita.

Depois do nascimento do bebê, este poderá sofrer uma crise de abstinência das
drogas pois o seu organismo já estará viciado. Nesse caso, o bebê poderá apresentar
sintomas como chorar muito, ficar muito irritado e ter dificuldade para se alimentar,
dormir e respirar, necessitando de internamento hospitalar.

Efeitos a longo prazo

As consequências à longo prazo de qualquer tipo de droga incluem:

 Destruição de neurônios, que diminuem a capacidade de pensar e realizar


atividades
 Desenvolvimento de doenças psiquiátricas, como psicose, depressão ou
esquizofrenia
 Lesões no fígado, como câncer hepático
 Mau funcionamento dos rins e dos nervos
 Desenvolvimento de doenças contagiosas, como AIDS ou Hepatite
 Problemas do coração, como infarto
 Morte precoce
 Isolamento da família e da sociedade
O que pode acontecer ao usar drogas

O consumo de uma grande quantidade de drogas pode causar overdose, que


altera gravemente o funcionamento de órgãos como pulmões e coração, podendo
provocar a morte.

Alguns dos primeiros sintomas de overdose incluem agitação, convulsões,


náuseas e vômitos, alucinações, sangramentos, perda de consciência e, quando não há
socorro médico, pode ser fatal.

Os sintomas de overdose e o risco de morte também pode acontecer quando um


indivíduo transporta drogas no estômago, ânus ou vagina porque basta uma pequena
quantidade de substância entorpecente na corrente sanguínea para que possam ocorrer
alterações em todo o organismo, podendo até mesmo levar a morte.
Conclusão

O papel da droga na vida do adolescente é o de trazer uma autossuficiência


momentânea que transmite uma falsa esperança de futuro. Vive num mundo paralelo em
que o amanhã não tem muita importância, devido desilusões, decepções morais, afetivas
e etc. Passa por frustrações intensas e não sabe como lidar com estas, por causa da
imaturidade, mudanças em seus ideais e formação de conceitos. Nesse momento, já
existe o abandono dos estudos, pois a mente já afetada pelas drogas faz com que ele se
sinta acima dos valores morais, sociais, familiares e religiosos, levando-o a pensar
apenas no momento em que vive quando está sob o efeito das substâncias psicoativas.

A temática das drogas na vida dos adolescentes necessita ser compreendida


dentro de um contexto de vida familiar e cotidiano, que vai muito além das hipóteses
sobre o que acontece com indivíduos individualmente. Neste contexto o que se
compreende é que se reproduz uma prática de culpabilização, exclusão e condenação,
que recai sobre os adolescentes usuários, tornando-os os únicos responsáveis pela sua
condição. As experiências dos adolescentes usuários de drogas não são cometidas de
forma solitária ou voluntariamente. Eles as concretizam no cerne de uma história, de um
contexto socioeconômico, mergulhados em momentos socioculturais, ligados a sistemas
familiares e submetidos pela manipulação e apelo da sociedade na qual vivem.

Percebe-se nitidamente a falta de habilidade e a fragilidade por parte dos


familiares em lidar com a problemática da dependência química e isto reflete de forma
negativa sobre a composição e a própria saúde da família, compreendendo que quando
procura ajuda para o adolescente a mesma já demonstra um quadro de desgaste e
descrédito em função do convívio com o adolescente dependente.

O atendimento às famílias necessita de uma abordagem multidisciplinar para


suprir a deficiência da dinâmica complexa que atravessa este sistema, o trabalho
referente ao tratamento é o de sobrepor os preconceitos e estigmas com o qual são
submetidos os dependentes químicos e familiares.
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