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2/4/2015
SOBRE A PÁGINA
O que é cassaco?
Muita gente quando ouve falar do Desastre da Cruz do Cassaco se pergunta a razão desse
nome tão estranho. Cassaco é o nome de um gambá, muito comum na região Nordeste do
Brasil e conhecido também pelo nome de mucura. É encontrado quase sempre sujo e possui
cheiro desagradável. Popularmente ficaram assim conhecidos os trabalhadores que usavam
sua força de trabalho na abertura de rodovias, ferrovias, açudes, pontes, entre outras obras. A
associação ao animal se deve ao fato de que também viviam sujos de poeira ou barro e
malcheirosos.
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Desastre automobilístico na BR-316 em Teresina.
(1958 / Acervo da ALEPI/ Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: n/d)
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1958 foi ano de Eleições Gerais (Governador, prefeito, senador, deputados estaduais e
federais, vereadores) em todo o Brasil. Também foi o ano em que mais foram feitos
alistamentos para os cassacos na região Nordeste. Fazia-se, então, a troca de voto por
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trabalho nas obras públicas. Todos certamente votariam no candidato da situação.
Essa era uma das formas que os grupos oligárquicos encontravam para garantir eleições sem
surpresas e mais alguns anos de mandato político. No Piauí, tal estratégia também foi
utilizada. As oligarquias rurais dos Freitas Gayoso e dos Almendra Castelo Branco
conseguiam assim se manter no poder político estadual durante vários anos. Teresina Antiga
na segunda
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(1958 / Acervo da ALEPI/Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: n/d) Primeiras exibições
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(1901-1902)
Mas o rompimento do PTB estadual com os governistas do PDS (Deveu-se a Os perigos da Agenda 2030
promessas de barganha política feitas no pleito de 1955, mas que não foram para Teresina
cumpridas) e a posterior aliança com a UDN ameaçou tal poder. De um lado
cou o candidato a governador José Gayoso Freitas, lho do ex-governador e
coronel oligárquico Pedro de Almendra Freitas. Do outro lado a chapa da
ONDE ESTAMOS NO BRASIL
UDN/PTB tendo como candidato ao Governo Estadual o campomaiorense
Demerval Lobão. Esta última, embora de oposição, trazia em seus quadros
também políticos oligarcas como Tibério Nunes, ligado à família dos Portella
Nunes (Petrônio Portella, inclusive, estava nesta chapa para prefeito de
Teresina). Também contava como candidato ao Senado outro membro da elite
política do estado: o engenheiro e deputado federal Marcos Parente, fundador
do Folha da Manhã, periódico que se dedicou exclusivamente a falar mal dos
adversários representados pelo PDS.
A campanha política corria bem de ambos os lados. Até que no nal, nas
proximidades do pleito, Demerval Lobão e sua comitiva rumaram em uma
viagem para comícios nas cidades de São Pedro do Piauí e Água Branca. A
partir daqui a história é bastante conhecida. Três carros (Ford Mercury vermelho
ano 1951, Ford F1 ano 1951, e Jeep Willis ano 1957) entraram pela BR-316 e
nunca chegaram a seus destinos.
Como foi dito, a rodovia estava em obras e não tinha asfalto. Por esse motivo,
quando algum carro passava soltava uma nuvem espessa de poeira o que
comprometia muito a visibilidade dos veículos que vinham atrás. E quando os
carros da chapa oposicionista estavam no Km 14, um deles, o Ford Mercury
conduzido por José Raimundo Gomes e levando como passageiros os
candidatos Demerval Lobão e Marcos Parente, além do advogado José Ribamar
Pacheco e do médico Rubem Perlingueiro, ousou fazer uma ultrapassagem em
um caminhão. Coberto pela nuvem de poeira, o condutor não viu uma caçamba
do DER-PI (Departamento de Estradas de Rodagem do Piauí) e mais dezesseis
cassacos que trabalhavam nas obras da BR-316. Resultado: uma batida
violenta que matou na hora todos que estavam no Ford Mercury e mais seis
trabalhadores da obra, além de deixar gravemente feridos os outros dez. Quem
presenciou o local na época viu tremenda cena: corpos mutilados sendo
transportados para o Hospital Getúlio Vargas.
Desastre automobilístico na BR-316 em Teresina.
(1958 / Acervo da ALEPI/Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: n/d)
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Consternação estratégica
Era uma ousadia da chapa oposicionista querer que seus novos candidatos
ganhassem faltando poucos dias para o pleito. Porém, como se sabe hoje,
Chagas Rodrigues e Joaquim Parente conseguiram se eleger e ainda arrastaram
outros mais como Petrônio Portella, eleito prefeito de Teresina.
Mas por incrível que pareça o monumento foi posto abaixo. Em 2014, durante as
obras de duplicação da BR-316, a edi cação foi simplesmente destruída e os
restos por lá continuam. Nenhuma autoridade sequer fez algo antes ou depois
da destruição deste patrimônio público. Cabe então uma pergunta crucial: se um
monumento feito, principalmente, em memória da própria classe política do
estado é tratado dessa forma, com negligência total, o que se pode esperar dos
outros?
Acontecimentos
SH A R E
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