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PNEUS AGRÍCOLAS

A última parte de ligação do motor do trator agrícola com o solo é o rodado.


Uma parte considerável do desempenho do trator depende dele.
Os pneus montados num trator têm a função de suportar o peso que sobre ele
incide, tanto em condições estáticas como dinâmicas, e de garantir a transmissão das
forças motrizes ou frenantes do trator ao terreno e vice-versa. Para atender a essas
exigências o pneu tem que apresentar determinadas características de resistência de
carcaça, de aderência ao solo e de autolimpeza.
É necessário conhecer bem os pneus, para fazer uso correto da pressão de
inflação e ter os cuidados necessários na manutenção.
Para começar, é preciso familiarizar-se com a linguagem do pneu, isto é, com
sua nomenclatura.
Os pneus são constituídos por duas partes distintas: o pneu propriamente dito,
que forma o invólucro externo e a câmara de ar, localizada no interior do pneu.
A câmara de ar é um tubo fechado, constituído de borracha muito fina, elástica e
impermeável ao ar (característica que lhe é conferida pela adição de enxofre). O único
contato com o exterior é feito por uma válvula que permite a introdução de ar,
mantendo-o no seu interior.
Neste texto, ao nos referirmos ao “pneu” estaremos referindo-nos ao pneu
propriamente dito.
São denominados pneus agrícolas aqueles que tem como local de emprego
essencialmente o campo, onde participam diretamente dos trabalhos de preparo de solo,
plantio, cultivo e colheita de produtos agrícolas. Estes pneus distinguem-se dos
utilizados nos transportes rodoviários por terem pressões mais baixas, apresentarem
grande superfície de contato com o solo e serem mais macios.
Para o usuário a identificação de um pneu agrícola é importante quando da
aquisição de um pneu novo. Não se chega numa loja pedindo pneu para o trator X,
porque o trator admite mais de uma medida de pneu. É necessário dar, pelo menos, as
medidas de largura do pneu e de diâmetro do aro para que se compre o pneu adequado.
Querendo ser mais criterioso, é bom acrescentar as demais informações copiadas do
pneu antigo.
A correta identificação do pneu também é importante para a calibração. A
consulta às tabelas de calibração requer o conhecimento das medidas principais

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associadas à capacidade de lonas e ao peso sobre a roda do trator, para a seleção da


pressão correta.
Assim como as pessoas possuem RG, CPF, que as identificam, os pneus
agrícolas têm seus números e letras de identificação; cada uma com seu significado.
Basta dar uma olhada no flanco, ou lateral de um pneu, e lá está, por exemplo:

a) FIRESTONE 20.8-38 R-1 10 PR SAT 230


- Firestone é a marca do fabricante;
- 20.8 é a largura do pneu em polegadas;
- o traço (-) indica ser um pneu de construção diagonal;
- 38 é o diâmetro do aro em polegadas;
- R-1 indica ser um pneu de tração regular de uso geral;
- 10 PR indica a resistência ou capacidade de carga/lonas (PR é a abreviação da
expressão Ply Rating - capacidade de carga);
- SAT é a abreviação da expressão Super All Traction (uma designação dada pelo
fabricante que caracteriza o modelo da banda de rodagem);
- 230 é o ângulo das garras, na banda de rodagem.

b) MICHELIN 650/75 R 32 X M28


- Michelin é a marca do fabricante;
- 650 é a largura do pneu em milímetros;
- 75 é a relação percentual entre a altura e a largura da secção do pneu;
- R é pneu de construção radial;
- 32 é o diâmetro do aro em polegadas;
- X é a marca do fabricante para pneus radiais;
- M28 caracteriza o modelo da banda de rodagem.

Nos exemplos acima observa-se a utilização de alguns termos referentes às


partes constituintes dos pneus, que veremos a seguir.

CONSTITUIÇÃO DOS PNEUS AGRÍCOLAS

O pneu agrícola é constituído de vários elementos básicos, mostrados no corte de


um pneu traseiro, abaixo. Compreendendo a função de cada parte, você poderá conhecer
melhor esses pneus, cujo trabalho é altamente especializado.

Carcaça ou corpo de lonas

É formada por lonas emborrachadas constituídas de cordonéis resistentes que


estão dispostos de talão a talão. É ela que retém o ar sob pressão, suporta o peso total da
máquina e resiste a todas as solicitações a que o pneu é submetido.

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OMBRO

Fonte: Manual técnico pneus para agricultura - Pirelli.

Banda de rodagem

É a parte do pneu que entra diretamente em contato com o solo, sendo que o
desenho da banda de rodagem varia de acordo com o tipo de serviço para o qual foi
desenvolvido. Contudo, todas são desenvolvidas para resistir ao desgaste, proporcionar
tração e proteger a carcaça do pneu contra avarias. Seu composto de borracha é
particularmente resistente ao desgaste e a cortes, para aumentar a vida do pneu no
campo. Contém as principais propriedades exigidas do pneu: estabilidade direcional,
tração e resistência ao desgaste e cortes. É na banda de rodagem que se encontram as
garras dos pneus de tração.

Ombros

São os limites da banda de rodagem.

Talões

Os talões seguram os pneus na roda. São constituídos internamente de frisos


(fios de aço de grande resistência, cobertos com cobre e isolados com borracha e
tecido), onde as lonas são ancoradas. Têm por finalidade manter o pneu acoplado ao
aro, impedindo-o de ter movimentos independentes.

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Flanco

É a porção do pneu entre os ombros e os talões. O composto especial de


borracha dos flancos proporciona alto grau de flexibilidade e funciona como uma capa
de proteção que resiste às condições climáticas, causadoras de rachaduras ou quebras.
Ela também protege a carcaça contra roçamentos e cortes.
Nos flancos são encontradas as inscrições que identificam os pneus.

Inscrições codificadas nos flancos

As inscrições encontradas nos flancos identificam os pneus nas suas medidas,


resistência, finalidade de uso, fabricante, etc. Normalmente são utilizados os seguintes
códigos:

a) Pneus dianteiros de tratores


F1 - uma barra
F2 - duas ou três barras
F3 - múltiplas barras

b) Pneus traseiros de tratores (de tração)


R1 - rodagem normal
R2 - cana e arroz
R3 - industrial e areia
R4 - industrial tipo Lug

c) Implementos agrícolas
I1 - implementos agrícolas
I2 - Utility Button tread
I3 - implemento tração

d) medidas
18.4/15-34
18.4 - corresponde a largura da seção do pneu no aro recomendado
15 - largura da seção montado em um aro mais estreito
34 - diâmetro do aro

No passado as medidas de pneus agrícolas de tração eram compostas por apenas


dois conjuntos de números como por exemplo 15-34, sendo que neste caso o pneu
apresentava uma largura nominal da secção de apenas 15 polegadas, porque era
montado na época em aros muito estreitos.

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Com o passar do tempo, porém, foram introduzidos aros mais largos que
proporcionaram ao pneu uma maior largura de secção, e esta foi acrescentada na frente
da medida antiga do pneu. Surgiu assim a nova largura nominal, que no exemplo citado
é de 18,4 polegadas. Manteve-se, entretanto, a dupla marcação (18.4/15) para facilitar a
identificação da medida do pneu. Nos novos projetos utiliza-se apenas a marcação
simples.

MANUTENÇÃO

Operando em velocidades baixas e relativamente sobre superfícies fofas, muitos


dos pneus agrícolas permanecem em serviço mais tempo do que os pneus de caminhão
ou de passeio. Isto possibilita que os pneus agrícolas fiquem sujeitos a operações e
manutenções inadequadas, o que causa gastos desnecessários para o proprietário.
Usando razoável cuidado e seguindo regras simples de manutenção, o operador pode ter
dentre as muitas vantagens, a longa vida útil para a qual todos os pneus são feitos.
Pneus, antes de tudo, precisam ser montados adequadamente e, inflados à
pressão correta. Os manuais dos fabricantes orientam quanto a estes fatores. A pressão
adequada é o fator mais importante para o melhor desempenho dos pneus para trator e
implementos agrícolas. Veja o que acontece aos pneus em diferentes níveis de inflação
nas figuras abaixo.

Pneus sob diferentes taxas de inflação.

Fonte:
Manual para pneus agrícolas - Firestone

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Excesso de pressão

O excesso de pressão tem a capacidade de endurecer o pneu. Isto impede o


flexionamento e a conformação da banda de rodagem às irregularidades do terrenos,
causando derrapagens e o rápido desgaste. Quando a pressão de ar é excessiva pode
ocorrer o estouro do pneu quando, por exemplo, entra em contato com uma pedra. A
força é suficiente para quebrar os cordonéis esticados.

Baixa pressão

A pressão insatisfatória causa aumento de flexão do pneu e tensão em algumas


de suas partes. Os cordonéis da carcaça podem ser comprimidos contra o aro ou
esticados além de sua resistência, quando passar sobre um objeto ponteagudo. Com o
rompimento interno dos cordonéis a câmara de ar fica danificada, resultando em
estouro.
A maioria dos pneus são retirados de serviço prematuramente, mais por falta de
pressão, do que por qualquer outro motivo.

PATINAGEM E LASTRAÇÃO

A eficiência de tração do trator pode ser aumentada, incrementando-se o peso


sobre as rodas motrizes, ou como se diz tecnicamente lastrando-as, sem superar os
limites máximos de carga e pressão especificados para cada pneu.
Os pneus com lastração insuficiente patinam facilmente, determinando perda de
velocidade, desgaste rápido da banda de rodagem e consumo excessivo de combustível.
Por outro lado, a lastração excessiva aumenta a compactação do solo e a resistência ao
rolamento, criando maiores solicitações tanto nos pneus como nos componentes
mecânicos do trator.
Pesquisas realizadas demonstraram, entretanto, que a máxima eficiência de
tração é obtida quando ocorre um determinado deslizamento dos pneus no solo, cujo
valor ideal em porcentagem depende do tipo de terreno onde o trator desenvolve seu
trabalho. Assim, o máximo aproveitamento da força disponível nas rodas de tração em
função do tipo de solo, nos tratores 4 x 2, ocorre quando o deslizamento dos pneus
traseiros se situa entre os seguintes valores:

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- 5 a 7% para superfícies asfaltadas ou de concreto


- 7 a 12% para terrenos duro
- 10 a 15% para terrenos firmes porém macios
- 13 a 18% para terrenos soltos, arenosos ou lamacentos

Marcas no solo pouco definidas indicam deslizamento excessivo. Deve-se


aumentar a lastração. Marcas no solo claramente definidas, indicam deslizamento muito
reduzido. Neste caso deve-se diminuir a lastração. A lastração e o deslizamento estarão
corretos quando no centro houverem sinais de deslizamentos e as marcas nas bordas
externas estiverem bem definidas, conforme as figuras abaixo.

Fonte: Manual técnico pneus para agricultura - Pirelli.

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A medição do deslizamento pode ser feita de forma prática no campo,


utilizando-se o trator sem e com implementos, da seguinte forma:
a) com um giz, fazer um traço radial no flanco de um dos pneus traseiros;
b) com o implemento levantado ou desengatado colocar o trator em movimento, sobre
o terreno a ser trabalhado;
c) quando o traço de giz tocar o solo na perpendicular, fazer uma marca no terreno. Da
mesma forma, fazer outra marca no terreno, após completadas dez voltas do pneu;
d) com o implemento abaixado ou engatado e não no trecho anterior, iniciar as
operações com o trator tracionando o implemento. Contar o número de voltas do
pneu na distância entre as suas marcas feitas no terreno;
e) estimar a última volta em forma de fração (1/4, ¼, etc) e subtrair do número de
voltas dadas anteriormente;
f) multiplicar a diferença encontrada por 100 e dividir por 10, para definir o percentual
de deslizamento.

Exemplo:
- Número de voltas do pneu sem o implemento - 10,0
- Número de voltas do pneu na condição normal de trabalho (com implemento) - 11,5
- Diferença de voltas - 1,5
- Percentual de deslizamento = 1,5 x 100 / 10 = 15%

A lastração ou lastreamento pode ser efetuada através dos seguintes métodos:

a) lastração com água

A maneira mais simples de aumentar o peso das rodas de tração é através de


introdução de água dentro dos pneus.
O enchimento dos pneus das rodas motrizes com água apresenta as seguintes
vantagens:
- baixo custo;
- rápida e fácil realização; e
- possibilidade de graduar à vontade a lastração.

b) lastração metálica (contrapesos)

Algumas fábricas de tratores fornecem lastros metálicos, facilmente aplicáveis sobre


as rodas. Eles devem ser empregados somente em trabalhos pesados e retirados quando
o trator é utilizado em trabalhos normais.
Na prática, tanto a água como os lastros metálicos, raramente são retirados do pneu.
Durante os trabalhos leves, a lastração aumenta inutilmente o consumo de combustível e

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o desgaste do trator. Recomenda-se, portanto, retirar a água e os lastros metálicos


quando o trator não estiver em trabalho agrícola.
Quando a dianteira do trator se torna muito leve em serviço e sujeita a oscilações, é
recomendável colocar lastros metálicos na parte frontal do trator.
Por outro lado, é desaconselhável a colocação de pesos sobre a plataforma traseira
do trator, por causar sobrecarga nos semi-eixos e rolamentos.

Enchimento com água

Para realizar a lastração com água, deve-se:

- Levantar a roda do veículo; girá-la até que a válvula tenha alcançado a posição
vertical mais elevada,
- Desaparafusar a parte móvel da válvula,
- Introduzir água no pneu com um tubo de borracha aplicado sobre o corpo da
válvula,
- Destacar, de temos em tempos, o tubo da válvula para permitir que o ar contido no
pneu saia livremente,
- Suspender o enchimento quando a água começar a sair pela válvula. (Nesse ponto, o
enchimento corresponderá a aproximadamente 75%. Para diminuir este valor, mover
o pneu até outra posição, de modo que a válvula regule a quantidade de água
introduzida),
- Parafusar novamente a parte móvel sobre o corpo da válvula e efetuar o enchimento
com ar, até atingir a pressão recomendada.

Esvaziamento da água

Para o esvaziamento, devemos proceder da seguinte maneira:


- Levantar a roda do veículo, fazendo-a girar até a válvula atingir a posição vertical
mais baixa,
- Desaparafusar a parte móvel da válvula deixando sair a água,
- Aplicar um tubinho de borracha de comprimento conveniente (pescador) no suporte
da parte móvel introduzindo-o na câmara de ar e, em seguida, após parafusar a parte
móvel no corpo da válvula, encher o pneu de ar,
- Remover a armação interna da parte móvel, deixando sair a água residual,

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- Retirar o tubinho de borracha e parafusar a parte móvel completa,


- Encher o pneu com ar na pressão recomendada.

Fonte: Manual técnico pneus para agricultura - Pirelli.

RODAS DUPLAS

Os tratores modernos de elevada potência, para determinados tipos de trabalhos


podem ser equipados com rodagem dupla, que é recomendável principalmente para
trabalhos a serem desenvolvidos em terrenos arenosos e inconsistentes.
A utilização de rodas duplas nos tratores agrícolas proporcionam maior tração,
menor desgaste da banda de rodagem, um rodar mais confortável e economia de
combustível.
No início fica mais caro mas, segundo os fabricantes, compensa por:
- Aumento de tração – a maior superfície de contato com o solo aumenta a tração.
- Compactação do solo – com o peso do trator distribuído pelo dobro da área, a
compactação do solo é idealmente reduzida em 50%.
- Desgaste da rodagem – redução da derrrapagem não só reduz o tempo de preparo da
terra, mas reduz o desgaste da banda de rodagem. Rodas duplas não eliminam a
derrapagem, mas reduzem-na ao mínimo.
- Segurança – se um pneu for avariado no campo, o conjunto de rodas duplas será
suficiente para proporcionar um deslocamento até a área onde o serviço é rápido,

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barato e seguro. Não é apenas o tempo que as rodas duplas reduzem, elas
proporcionam maior estabilidade, pois criam baixo centro de gravidade.
- Combustível – ainda com referência a testes feitos por fabricantes, o consumo de
combustível foi reduzido a 25%. Maior tração e menor derrapagem fazem com que
o operador rode mais rápido com menor resistência.
- Eficiência de operação – um ponto liga ao outro: baixo índice de derrapagem, baixa
resistência ao rodar, marcha rápida, reduzem o tempo de trabalho.
- Rodas duplas proporcionam melhor rodar. Talvez não haja muita preocupação com
o conforto do operador (o que constitui-se em um erro), mas rodas duplas reduzem a
vibração e o resultado pode ser a redução dos custos com manutenção.

Atenção !!!

Quando da utilização de rodagem dupla, é necessário efetuar limpezas


periódicas, durante o trabalho, retirando o material que fica retido e acumulado entre os
pneus, para que eventuais pedras não provoquem avarias nos flancos.
Os valores de carga e pressões para uso em rodas duplas são diferentes daqueles
apresentados para montagem simples .
A lastração com água, quando necessária, deve ser feita somente nos pneus
internos, para evitar esforços excessivos nas pontas de eixos, durante os trabalhos e
manobras do trator.

ESTOCAGEM DE PNEUS MONTADOS

Os pneus não devem ser estocados montados. Todavia, quando isto se fizer
necessário, devem ser observadas as orientações seguintes:

- Cuidados especiais devem ser tomados para que os pneus não fiquem em contato
com água, óleo ou graxa, nem fiquem perto de motores elétricos, pois estes geram
ozônio, danificando a borracha rapidamente. Também deve ser evitada a luz do sol.
- Quando o veículo ficar parado muito tempo, deve-se erguê-lo, para que os pneus
não suportem todo o peso. A pressão de inflação reduzida menos 10 libras da
recomendada. O veículo deve ser totalmente coberto e os pneus protegidos por um
impermeável opaco. Se não for possível suspender o veículo, este deve ser coberto,
como também aumentar a pressão dos pneus à máxima recomendada.. Os tratores

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devem ser movimentados ocasionalmente, para evitar que apenas uma seção do
pneu permaneça sob deflexão. A pressão de inflação deve ser ajustada à
recomendada após o transporte ou após o período de estocagem.

RECOMENDAÇÕES GERAIS

- Os pneus agrícolas são desenhados para serem usados em terrenos macios que se
amoldam a toda superfície da banda de rodagem e não apenas sobre as barras. Se os
pneus operam em superfícies duras, somente as barras entram em contato com o
solo, e isto aumenta a torção e o atrito. Se for absolutamente necessário operar pneus
agrícolas em solos duros por períodos prolongados, a pressão deve ser aumentada
até o máximo permissível. Isto reduzirá as torções e o desgaste lateral das barras,
embora possa ocorrer algum desgaste na parte central das barras.
- A capacidade do pneu deve ser compatível com o peso que lhe será imposto. Deve
ser considerado como peso, além do trator, qualquer dispositivo de transferência de
carga, lastros metálicos e de água, implementos, etc.
- Em geral deve-se sempre empregar no trator pneus de medida igual a de
equipamento original, pois seu diâmetro externo e largura de secção foram
calculados para oferecer o desempenho ideal em serviço.
- Os pneus deve ser montados somente em aros de largura admitida.
- Freadas bruscas ou girar sobre uma roda traseira causa rápido desgaste nas barras,
desigualando-as.
- Saídas rápidas do trator podem desgastar a borracha das barras desnecessariamente.
- No trabalho do campo, as saídas lentas e graduais diminuem o custo dos pneus e
economizam combustível.
- Pneus não devem ficar estacionados sobre óleo ou graxa, pois estes entumecem e
desagregam a borracha.
- Após o uso do trator na pulverização de produtos químicos, os pneus devem ser
lavados.
- Lâminas afiadas - implementos laminados montados ou juntos ao trator, sem manter
espaço devido, podem rasgar ou danificar a carcaça.
- Baixa pressão ou excesso de carga podem causar rachaduras laterais.
- Impactos podem causar a quebra de cordonéis.

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- Quando for trabalhar em terrenos com grande quantidade de pedras ou tocos,


recomenda-se usar pneus com maior capacidade de lonas, ou reforçado com lonas
de aço.
- As restevas das culturas, tais como pequenos caules, podem tornar-se tão rígidos que
penetram no pneu. Estes danos podem ser diminuídos ajustando-se a bitola dos
pneus.
- A montagem de pneus em aros muito estreitos ou largos ocasionará um apoio
imperfeito dos talões reduzindo a vida útil do pneu e prejudicando o bom
desempenho do trator.

BIBLIOGRAFIA

CORRÊA, I. M. Conheça o pneu agrícola que você usa. Revista UnespRural, nº 18, Ano
4. p. 21.

FIRESTONE. Manual para pneus agrícolas. 1980. 22 p.

PIRELLI. Manual técnico pneus para agricultura. 66p.

SANTOS, F.A. Equipamentos Rurais: O pneumático na agricultura. Vila Real: UTAD,


Portugal, 1996. (Série Didáctica – Ciências Aplicadas; 78)

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