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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL GOIANO – CAMPUS CERES
CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO

APOSTILA DE ZOOTECNIA GERAL

Professor: Adalto José de Souza Linhares


e-mail: adalto@ifgoiano.edu.br

Aluno:________________________________________

“O pessimista queixa-se do vento. O otimista espera que ele mude. O realista ajusta as velas.” - Willian George Ward

“É fácil livrar-se das responsabilidades. Difícil é escapar das consequências por se ter livrado delas” - Graciliano Ramos

Há dois tipos de alunos: os que estudam e comemoram com os resultados e os que enrolam e sofrem no final. Procure estar
no primeiro grupo. Pois as oportunidades passam. – Adalto Linhares

CERES, 2011.
1
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................ 4


1.1. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ZOOTECNIA ..................................................................................... 5
1.1.1. O HOMEM CAÇADOR .................................................................................................... 5
1.1.2. RELACIONAMENTO DO HOMEM COM OS ANIMAIS............................................................. 7
1.1.3. CENTROS DE DOMESTICAÇÃO ....................................................................................... 8
1.1.4. A ARTE DE CRIAR ........................................................................................................ 8
1.1.5. ZOOTECNIA CIÊNCIA ...................................................................................................13
1.2. CONCEITUAÇÃO DA ZOOTECNIA ...............................................................................................14
1.3. DIVISÃO DA ZOOTECNIA ..........................................................................................................15
1.4. IMPORTÂNCIA DA ZOOTECNIA E SUAS DIVERSAS ÁREAS E INTER-RELAÇÕES COM AS OUTRAS
CIÊNCIAS. .....................................................................................................................................17
2. DOMESTICAÇÃO DOS ANIMAIS ...................................................................... 19
2.1. CONCEITOS DE ANIMAL DOMÉSTICO ........................................................................................19
2.2. ATRIBUTOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS....................................................................................20
2.3. FASES DE DOMESTICAÇÃO ......................................................................................................22
2.4. MOTIVOS DA DOMESTICAÇÃO ..................................................................................................23
2.5. MÉTODOS EMPREGADOS DURANTE A DOMESTICAÇÃO ..............................................................25
2.6. ASSELVAJAMENTO .................................................................................................................25
2.7. TENTATIVAS DE DOMESTICAÇÃO ..............................................................................................26
2.8. MODIFICAÇÕES APRESENTADAS PELOS ANIMAIS EM DOMESTICIDADE ........................................26
2.9. RESPONSÁVEIS PELAS MODIFICAÇÕES APRESENTADAS ............................................................31
2.10. CONSEQUENCIAS GENÉTICAS DA DOMESTICAÇÃO ..................................................................32
3. AS ESPÉCIES DOMÉSTICAS DE INTERESSE ZOOTÉCNICO ........................ 33
3.1. TAXONOMIA ZOOLÓGICA DAS ESPÉCIES ...................................................................................33
4. UTILIZAÇÃO DOS ANIMAIS .............................................................................. 41
4.1. APROVEITAMENTO DAS ATIVIDADES FISIOLÓGICAS ...................................................................41
4.1.1. REPRODUÇÃO (PARTO, POSTURA, DESOVA) ................................................................41
4.1.2. LACTAÇÃO ................................................................................................................43
4.1.3. CRESCIMENTO ...........................................................................................................46
4.1.4. LOCOMOÇÃO .............................................................................................................51
4.2. CLASSIFICAÇÃO DAS UTILIDADES ............................................................................................52
4.2.1. PRODUÇÃO DE ALIMENTOS..........................................................................................53
4.2.2. PRODUÇÃO DE DERIVADOS NÃO COMESTÍVEIS ..............................................................59
4.2.3. ALIMENTOS PARA ANIMAIS ..........................................................................................63
4.2.4. TRABALHO E ESPORTE ...............................................................................................63
4.2.5. ELEMENTO CIENTÍFICO ................................................................................................64
4.2.6. ELEMENTO DECORATIVO E DE COMPANHIA ...................................................................65
5. FATORES LIMITANTES À PRODUÇÃO ANIMAL ............................................. 66
5.1. GENÉTICO ..............................................................................................................................66
5.2. AMBIENTE – SITUAÇÃO DE CRIAÇÃO DE ANIMAIS NOS TRÓPICOS ................................................68
5.3. INTERAÇÃO: SOLO-CLIMA- PLANTA-ANIMAL-HOMEM ................................................................68
6. NOÇÕES DE MELHORAMENTO GENÉTICO ................................................... 69
6.1. PIRÂMIDE ZOOTÉCNICA ...........................................................................................................70
6.2. MELHORAMENTO GENÉTICO ....................................................................................................72
6.2.1. SELEÇÃO...................................................................................................................72
6.2.2. CRUZAMENTOS ZOOTÉCNICOS .....................................................................................75
6.2.3. CRUZAMENTO X SELEÇÃO ..........................................................................................76
2
6.3. SISTEMA DE CRUZAMENTOS ...................................................................................................77
6.3.1. CRUZAMENTO ABSORVENTE ........................................................................................77
6.3.2. CRUZAMENTO SIMPLES OU INDUSTRIAL .......................................................................78
6.3.3. CRUZAMENTO TRIPLO OU TRI-CROSS .........................................................................78
6.3.4. CRUZAMENTO ALTERNADO .........................................................................................79
7. BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A PRODUÇÃO ANIMAL ............................... 81
7.1. CONCEITOS SOBRE BIOCLIMATOLOGIA ....................................................................................81
7.2. EFEITOS DO CLIMA .................................................................................................................81
7.3. POR QUE EXISTEM DIFERENTES TIPOS DE CLIMAS? ....................................................................84
7.4. AÇÃO DA TEMPERATURA NOS ANIMAIS ....................................................................................86
7.5. REGULAÇÃO DA TEMPERATURA. ..............................................................................................88
7.5.1. TRANSFERÊNCIA DE CALOR NO CORPO ........................................................................89
7.5.2. BALANÇA DE EQUILÍBRIO TÉRMICO OU CONFORTO TÉRMICO..........................................90
7.5.3. COMPORTAMENTO E TERMORREGULAÇÃO EM ANIMAIS DOMÉSTICOS ..............................93
8. ALIMENTOS E NUTRIÇÃO ................................................................................ 95
8.1. INTRODUÇÃO À IMPORTÂNCIA DOS ALIMENTOS À NUTRIÇÃO DOS ANIMAIS ..................................95
8.2. COMPOSIÇÃO DO ORGANISMO ANIMAL.....................................................................................96
8.3. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE SISTEMA DIGESTIVO DOS ANIMAIS .............................................97
8.4. COMPARAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA DIGESTIVO DOS ANIMAIS .............................99
8.4.1. CLASSIFICAÇÃO ANIMAL DE ACORDO COM O TIPO DE ALIMENTAÇÃO ...............................99
8.4.2. CLASSIFICAÇÃO ANIMAL DE ACORDO COM O SISTEMA DIGESTIVO .................................100
8.5. COMPOSIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS ...................................................................107
8.5.1. ANÁLISE BROMATOLÓGICA DOS ALIMENTOS ...............................................................107
8.5.2. CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS...............................................................................108
8.5.3. COMPOSIÇÃO DE ALGUNS ALIMENTOS MAIS UTILIZADOS ..............................................109
8.5.4. RELAÇÕES ENTRE DIFERENTES EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS ..........................................111
9. SANIDADE ....................................................................................................... 117
9.1. INTRODUÇÃO À SANIDADE .....................................................................................................117
9.2. O FENÔMENO DA IMUNIDADE .................................................................................................118
9.2.1. DEFESAS DO CORPO .................................................................................................119
9.2.2. TIPOS E PROCEDIMENTOS DE IMUNIZAÇÃO: IMUNIZAÇÃO PASSIVA E ATIVA ...................121
9.3. CUIDADOS SANITÁTIO ...........................................................................................................126
9.3.1. DIFERENÇIAÇÃO ENTRE ANIMAIS SAUDÁVEIS E DOENTES ............................................126
9.3.2. PREVENÇÃO, CONTROLE E TRATAMENTO DE DOENÇAS ...............................................129
9.3.3. PRINCIPAIS ENFERMIDADES EM RUMINANTES ..............................................................131
9.4. PRINCIPAIS PRODUTOS E SUA UTILIZAÇÃO NA SANIDADE ANIMAL ............................................139
9.4.1. ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS .........................................................................139
9.4.2. SOLUÇÃO ANTISSÉPTICAS ......................................................................................141
9.4.3. VACINAS .................................................................................................................142
9.4.4. ANTI-PARASITÁRIOS ...............................................................................................142
9.4.5. ANTIBIÓTICOS .........................................................................................................142
9.4.6. OUTROS .................................................................................................................142
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 143
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 144
ANEXOS .............................................................................................................. 145
GLOSSÁRIO ........................................................................................................ 154

3
1. INTRODUÇÃO GERAL

4
1.1. Evolução Histórica e Geográfica da Zootecnia

A espécie humana é considerada um exemplo típico de animal onívoro, inicialmente


com preferência por produtos de origem vegetal, obtidos através de coletas de frutos e
raízes. Posteriormente pequenos lagartos e insetos encontrados entre raízes, tubérculos e
frutas, foram as primeiras fontes de proteína animal ao homem primitivo. Depois lançaram
mão de alimentar-se de ovos, répteis, aves e pequenos mamíferos. Daí em diante o homem
tornou-se caçador, não mais se contentando com a colheita. De modo geral a mulher e
crianças passaram a ocupar esta atividade, enquanto os homens dedicavam à tarefa de
caça, comportando-se assim desde os confins das regiões polares às luxuriantes florestas
tropicais (TORRES, 1990). Ex. Índígenas

Figura. Homonídeos da Idade da Pedra Figura. Homem das cavernas

1.1.1. O homem caçador

Os instrumentos para caça evoluíram de simples bastão para facas, lanças, arcos,
flechas e passaram a influir sobre toda a cultura, servindo também como instrumento de
guerra. A caça e a guerra tornaram-se atividades paralelas em busca por espaço
territorial, desenvolvendo-se independentemente, em toda a sociedade primitiva. O arpão,
similar a lança, prestou-se particularmente à caça de animais aquáticos pela facilidade de
manter presa a vítima atingida, tornando-se o homem pescador (TORRES, 1990).
À proporção que o homem evolui, vai aperfeiçoando sua arte de caçar. Novos
instrumentos são descobertos e novos artifícios são criados para facilitar a captura. De
perseguição e simples corrida surge a caça em grupo, o cerco e a emboscada, instrumentos
inventados ou aperfeiçoados, permitindo a caça aos animais de maior porte, como mamutes,
bisões, ursos e renas.

Figura. Lanças e Arpões


5
Figuras. Murais com representações de caça e técnicas de captura em grupo.

Quadro. Evolução da Atividade de Caça no Homem Primitivo


ÉPOCA PRÉ-IDADE DA PALEOLÍTICO NEOLÍTICO
CULTURAL PEDRA Inferior Médio Superior
Tipos Homonídeos Homo erectus Homem de Homem de Homo sapies
Neanderthal Cromagnon
Técnicas de Coleta Caça em grupo Caça em grupo Caça em grupo Caça variada
caça Caça a pedrada e Emboscada Emboscada Emboscada tanto em
presumíveis cacetada Perseguição em Perseguição em Cerco grupo como
Bastão corrida corrida Armadilha individual
Cerco Domesticação Caça com
do lobo para cães
caça Laços e
armadilhas
Armas e Pedras Pedras em lascas Pedras em lascas Lâminas de Lâminas de
utensílios Paus aguçados Madeira Madeira Silex Silex
Cacetes endurecida no endurecida no Lança com Lanças
Bastão fogo fogo osso e marfim diversas
Machados Machados Arpões Arco e Flecha
manuais manuais Armas de Anzóis e
Fogo Fogo arremesso Canoas
Ossos Arco e flecha
pontiagudos
Animais Insetos Lebres Lebres Boi Boi
perseguidos Lagartos Carneiros Carneiros Cavalos
Roedores Cabras Cabras Renas Renas
Aves Veados Veados Ursos Ursos
Animais em Boi Boi Rinocerontes Rinocerontes
ninho Cavalos Cavalos Alces Alces
Animais jovens Renas Javalis Javalis
Ursos Bisões Bisões
Rinocerontes Peixes Mamutes
Peixes
Focas
Aves
Época 2.000.000 anos 500.000 anos 100.000 anos 30.000 anos 10.000 anos
provável
Fonte: Torres (1990).

6
1.1.2. Relacionamento do homem com os animais

Essas descobertas dão a impressão de que, antes da domesticação, os homens já


exerciam alguma forma de controle sobre os animais.
Os longos invernos e as grandes estiagens forçaram o homem a seguir a caça, que
por sua vez também migrava à procura de alimentos. Pressionando o homem a aprende a
rastrear, a tocaiar, a imitar os sons emitidos pelos animais, ou mesmo a utilizar disfarces
zoomorfos, os quais passam a integrar o seu contexto cultural e religioso.
Se a paciência (espera) e a resistência (fome, sede, frio, calor) nem sempre são
suficientes, o caçador tem que lançar mão da astúcia, ateando fogo à vegetação, cercando
os animais, forçando-os a se lançarem na água e em precipícios.
Com estas técnicas mais avançadas, surge-se uma grande dificuldade: como manter
o animal abatido em condições de ser consumido. Mesmo com o artifício do cozimento da
carne, tornava-se cada vez mais difícil manter o “estoque”, sobretudo em determinadas
épocas do ano, em que a caça passava a ralear. O congelamento das carcaças durante o
inverno também era um obstáculo.

Figura. Eskimos Abatendo e Cozinhando um Cervo.

A vida de caçador não significava “guerra” entre homens e animais. Produzindo uma
modificação entre aquela relação, quando os animais, em lugar de serem uma presa
procurada, se fizeram necessário, tornando-se imprescindível protegê-los pela sua
importância para a sobrevivência das primeiras comunidades humanas.
A ingestão de carne tinha se tornado uma necessidade dietética quase insuperável
para a sobrevivência humana.
A sequência evolutiva lógica seria de que inicialmente alguns grupos humanos
limitavam-se simplesmente a caçar, seguindo as manadas e suas migrações. Na etapa que
se segue, os animais eram conduzidos para melhores zonas de pasto e abatidos quando
necessário. Posteriormente a estes comportamentos, foram aprisionados alguns indivíduos
para serem mantidos em cativeiro, vindos finalmente a ser exercido sobre eles um controle
social total. Todavia, é bem provável que alguns animais como o cão e o porco,
7
possivelmente, tivessem de forma espontânea procurando aproximação do homem,
aproveitando-se de restos de comida e proteção por acaso existente nos acampamentos.

1.1.3. Centros de domesticação

Segundo pesquisas efetuadas, após o período Paleolítico superior (15.000 anos a.C.)
na fase remota começando a domesticar o lobo, prosseguindo a domesticação do cão para
participação de caçadas junto ao homem, ou mesmo já utilizado como elemento de guarda.
Já no período Neolítico (10.000 anos a.C.), no imenso espaço da Ásia Central que
seguramente efetivou-se a domesticação da grande maioria dos animais.
Concomitantemente na Mesopotâmia, no Vale do Nilo, na Europa e no extremo oriente.
Algumas espécies foram domesticadas em pontos diversos e ao mesmo tempo (caso
do cão, porco, cabras, ovelhas, boi, jumento, cavalo, camelo, galinha, peru), podendo
afirmar que todas as grandes civilizações domesticaram animais e desenvolveram seu uso e
que quase todos os povos que se expandiram na superfície da erra foram pastores por
excelência, tendo hábitos consequentes ao modo de exploração animal.

1.1.4. A arte de criar

As informações concretas mais antigas de que se têm notícias, evidenciando a


passagem do homem caçador para criador, parece advir da cidade estada de Catal Huyuk
(7.000 a.C), situada em território da atual Turquia.
Achados arqueológicos comprovam que seus habitantes se dedicavam a criação de
bovinos, ovino, e caprinos, pela presença de artesanato em couro. Os murais ali
encontrados referem-se a cenas de caça de animais como javalis, veados, gazelas, leões e
leopardos.

Figura. Caça com arco e flecha Figura. Ordenhando uma vaca

Todos os povos da antiguidade deixaram marcados em inscrições a presença dos


animais servindo ao homem. Todavia, do Egito nos chegaram as maiores provas de
utilização de animais no cotidiano (dia-a-dia), através de inscrições, esculturas e murais
representando cenas de ordenha, matadouro, parto, alimentação, tratamento, enfim todas as
lidas comuns entre homens e animais.
Descrevendo os costumes dos antigos hebreus, a Bíblia ainda é uma fonte
inesgotável de citações sobre animais e sua presença junto às comunidades de então,
destacando-se o jumento, o carneiro e o dromentário. Segundo as cavalariças do rei
Salomão (950 a.C.) podia abrigar 40.000 cavalos de carroças e 12.000 de montarias.

8
O cavalo como arma de guerra

Aproximadamente em 1.700 anos a.C. chegaram do planalto iranianos os cassitas,


nômades que se estabeleceram na Mesopotâmia Inferior, dominando a Babilônia,
provavelmente tendo sido eles os primeiros homens a utilizar o cavalo como montaria, pois
até então era animal reconhecido de carga, como o jumento.
Pela mesma época os hicsos, pastores vindos da Ásia Central, invadiram facilmente o
delta do rio Nilo e dominaram o Egito com um exército equipado com carros de combate
leves, tracionados a cavalo, e com carroças pesadas de apoio.

Figura. Hicsos 1630 anos a.C. contra os Egípicios Figura. Arqueiro

Posteriormente, a batalha de Kadesch entre egípcios e hititas (1249 anos a.C)


proporcionou o encontro de 5.000 carros (já de eixo móvel), cujo combate contribuiu
decididamente para o uso do cavalo na guerra e para a expansão do império egípcio.
Não há dúvida de que o cavalo deu grande impulso à criação de animais.
Transformando em arma de guerra, levou o homem às grandes conquistas e à expansão
dos seus impérios.
Os assírios, por volta de 663 anos a.C. organizaram o primeiro grande exército
regular do mundo, formado, sobretudo de carros de animais e uma cavalaria montada de
lanceiros e arqueiros, rápida e eficiente.

Figura. Carro Assírio Figura. Cavaleiro Assírio

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Os persas montaram exercito fabulosos para defrontaram-se com os gregos, os
quais, por intermédio de Alexandre (356-323 anos a.C.), ocuparam a maior parte do mundo
conhecido com o apoio de cavalos bastante selecionados.
Em seguida os gregos, os romanos estabeleceram um império de dimensão ainda
maior, mantendo tropas de grande eficiência bélica. Os romanos aperfeiçoaram o correio
montado, estruturando em um perfeito sistema viário, aliado a cavalos ágeis e resistentes,
levando comunicação rápida a todas as partes do império.

O desenvolvimento da criação de animais

Oriente Médio - Os povos do Oriente Médio, como pastores típicos, foram sem
dúvida responsável pelo desenvolvimento e pela expansão dos animais domésticos, porém
tudo dentro do total empirismo e sabedoria divina, sem dúvida os ovinos e caprinos foram
responsáveis por alimentar e cobrir a humanidade.

Os Tratadista da Antiguidade Clássica- Gregos e Romanos

Gregos – A zootecnia, evoluindo de “arte de criar” para ciência começa seus passos
na “Grécia Clássica” quando surgiram os primeiro tratados sobre saúde dos animais,
ressaltando a importância da saúde para o desenvolvimento na criação de animais, os quais
além de descritivos servirão de orientação e legado histórico para os interessados, escrito
por Epicarnus cerca de 450 anos a.C. Depois, Hipócrates em 390 anos a.C., considerado o
“pai da medicina” descreve as doenças típicas e sua terapia. Nos anos de 350 a.C. o general
grego Xenofonte, especialista da arma de cavalaria redigiu “Anabasis” obra magnífica sobre
equitação, criação de cavalos e seu uso militar. E Por volta dos anos 300 a.C. o maior
destaque grego foi Aristóteles que edita sua grandiosa “História Natural dos Animais”,
descrevendo detalhadamente enfermidades e seus tratamentos, preocupando-se com a
anatomia, Fisiologia e Reprodução.

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Figura. Escultura de cavalos em Roma

Romanos – Herdeiros da cultura grega, os romanos passaram a considerar os


animais como fonte de riquezas, originando o nome de moeda (pecus=animal) e
expressando a riqueza, opulência (opes=ovelha). Como criadores dos códigos, os romanos
legislaram também sobre o uso e transações comerciais com os animais.
Os romanos também herdaram dos gregos e dos povos do oriente, rituais religiosos,
envolvendo animais ofertados em sacrifício aos deuses.
Em Roma surgiu as primeiras exposições de animais, exibindo os exemplares de
maior destaque e negociados os reprodutores de maior categoria.
O escritor romano Catão (100 anos a.C.) em sua obra (DE RE Rustica) escreve sobre
os campos e integra agricultura e pecuária. Também descreve a distinção entre
enfermidades transmissíveis e definiu pela primeira vez a necessidade de quarentena. Em
75 a.C. escreveu trabalhos sobre agricultura e as formas de utilização dos animais para o
cultivo de vegetais.
O grande naturalista Plínio, chamado “o velho” tendo grande conhecimento do espaço
geográfico de então, publicou nos ano 50 a.C. uma história em cujo conteúdo descreve as
formas de criação e enfermidades, entre outros temas relacionados com animais.

Figura. Templário e as Cruzadas Figura. Guerras Medievais

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A Idade Média

Figura. Calendário Agrícola Medieval Figura. Agricultura Camponesa

Árabes – Na idade média com a decadência de Roma, que foi uma civilização de
agricultores e não de pastores, a importância dos animais decresce comparativamente a
agricultura, excluindo-se do cavalo que mantém sua importância militar e como produtor de
força motriz. Durante a idade média os arames progrediram no interesse sobre criação de
animais, absorvendo a cultura Greco-romana. No ano 700. Elnaceri escreveu uma obra
importante, “criação de cavalos” no qual fundamentaram para desenvolver seus equinos
leves e rápidos, os quais vieram para contribuir para a formação de todas as raças de sela
da atualidade. Já nos anos 980, Avicena, considerado um dos primeiros especialista em
Veterinária redigiu uma obra intitulada em “Patologia Animal” e por volta dos anos de 1.100,
outro grande médico Ibnalavan, compôs o “Livro da Saúde”, concentrando todo
conhecimento sobre saúde dos animais domésticos. Posteriormente em 1.250, Jordano
Rufo publicou “Medicina dos Cavalos”.
Além da contribuição científica e do melhoramento dos cavalos, aos árabes deve ser
dado o reconhecimento à importância que deram à criação de carneiros, tendo contribuído
para formação dos Merinos para produção de lã fina de alta qualidade.

Os Naturalistas – Dentro do aspecto animal, o primeiro entre os grandes naturalistas foi


Konrad Gesner em 1551, escrevendo “História Animalium” e em 1598 “Deli Infermitá Del
Cavallo”. Depois o classificador dos animais Georges Louis Leclerc, conde de Buffon, que
em 1749, escreveu conceitos sobre “História Natural”.
No século XVIII, despontam os grandes pensadores das ciências biológicas. O sueco
Karl Von Linné (1758) sob o título de “Systema Naturae” sugeriu a classificação racional dos
seres vivos proporcionando melhor entendimento entre os homens de ciência.
Nesta mesma época uma série de cientistas contribuiu para o desenvolvimento da
ciência animal. Destacando Alfred Russel Wallace e Charles Darwin, que consolidaram a
teoria da evolução para justificar a origem das espécies.
O francês Claude Bernad (1865) editou “Introdução ao Estudo da Medicina
Experimental”, que deu subsídio ao estudo de fisiologia animal. No mesmo ano Gregor
Mendel, torna do conhecimento público sua “Teoria de Hereditariedade”, base de toda
técnica empregada no desenvolvimento da Zootecnia.
12
Figuras. Linné

1.1.5. Zootecnia Ciência

Com o embasamento dados pelos grandes naturalistas, a “arte de criar” evoluiu para
uma nova ciência.
O valor do cavalo como “máquina de guerra” continuou a ser a mola propulsora da
aplicação dos conhecimentos científicos já existentes na criação de animais.
Fundamentada na necessidade prioritária do aprimoramento do cavalo, foram criadas
pelo governo francês, sob inspiração de Claude Bourgelat, as primeiras escolas de
veterinária do mundo, (Lion/1761 e Alfort/1766), que se tornaram instrumentos substanciais
para o aparecimento da ciência zootécnica.
No entanto, a distinção formal entre o cultivo de vegetais e a criação de animais se
deu em 1844, quando o Conde Adrien de Gasparin publicou o livro "Cours d'Agriculture",
separando definitivamente o estudo dos vegetais cultivados e dos animais criados pelo
homem. O estudo do cultivo dos vegetais já era conhecido com o nome de Agricultura. Para
o estudo da criação dos animais domésticos, o autor propôs o termo “Zootechnie”, do grego:
zoon = animal, e technê = arte.
Em 1848, com a instalação do Instituto Agronômico de Versailles, em Paris (França),
foi adotada a distinção proposta pelo Conde de Gasparin e para o ensino teórico da
exploração dos animais domésticos foi estabelecida a Cátedra de Zootecnia.
A Zootecnia como ciência surgiu em 1849, na França, com a aprovação de uma tese
apresentada pelo naturalista Emile Baudement em concurso para a Cátedra de Zootecnia do
Instituto Agronômico de Versailles, ao tornar-se o primeiro docente de Zootecnia. Nesta tese,
foi estabelecido o princípio teórico que consiste em considerar o animal doméstico como
uma máquina viva transformadora e valorizadora dos alimentos, constituindo-se no
fundamento de todos os conhecimentos zootécnicos. Assim, constata-se que a arte de criar
é remota, enquanto a ciência de criar surgiu há um pouco mais de um século e meio.
Com isso, a agricultura e a criação de animais foi um passo muito importante para a
alteração do modo de vida do homem, pois deu a ele não só a possibilidade de não ter de se
deslocar para obter a carne e as peles necessárias à sua alimentação e conforto, mas
também o leite, e com a domesticação do boi, uma força para tração.

13
Em seguida foi traduzida para os demais idiomas latinos de povos de cultura
fortemente influenciada pela ciência francesa. Porém em 1951 foi criada a Sociedade
Brasileira de Zootecnia (SBZ), e em 1966 o primeiro Curso de Zootecnia, no Brasil, foi criado
pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), na cidade de Uruguaiana, no
Estado do Rio Grande do Sul. E logo após, a profissão de Zootecnista foi regulamentada em
quatro de dezembro de 1968 pela lei federal 5.550. Em 12 de julho de 1969, através do
Parecer 406, Resolução n° 6, foi estabelecida o currículo mínimo e a duração para o curso
de Zootecnia.
No sentido de melhor conhecimento da Zootecnia, recomenda-se recorrer ao vasto volume de fontes
bibliográficas, desde aquelas pioneiras, como os livros Introdução à Zootecnia e Elementos de Zootecnia Tropical, de
autoria do professor Octávio Domingues, grande responsável pela consolidação da Zootecnia no Brasil, às mais atuais, que
apresentam uma visão atualizada da evolução da Zootecnia no Brasil, incluindo-se Ferreira e Pinto (2000), Fonseca (2001)
e Miranda (2001), sendo recomendado ainda o conhecimento da História da Sociedade Brasileira de Zootecnia, segundo
Peixoto (2001).

1.2. Conceituação da Zootecnia

Baudement conceituou que os “animais são máquinas”, não querendo com isto fazer
comparações configurativas, mas expressando um conceito com é entendido na indústria.
Pois, os animais comem, são máquinas que consomem, que queimam certa quantidade de
combustível de alguma espécie. Eles movem-se: são máquinas em movimento obedecendo
as leis da mecânica. Produzem leite, carne e força: são máquinas fornecendo um
rendimento, por uma determinada despesa.

Essas máquinas animais são constituídas segundo um plano, sendo compostas de


elementos determinantes, de órgãos, como se diz em anatomia e também em mecânica.
Todas suas partes têm funções certas, conservam entre elas relações e funcionam em
virtudes de determinadas leis, produzindo trabalho útil.
14
As atividades dessas máquinas constituem a própria vida, que a fisiologia resume em
quatro grandes funções: nutrição, reprodução, sensibilidade e locomoção. Esse
funcionamento, que caracteriza a vida, é também a condição efetiva de exploração
zootécnica, a causa das despesas e de rendimentos, que devemos balancear de maneira a
atenuar os preços de custos, para aumentar os lucros.

A definição de zootecnia tem sido tentada por vários autores:

Ciência de produção e da exploração de máquinas vivas (Sanson).


Pode-se definir zootecnia como produção animal com objetivo de "produzir o máximo,
no menor tempo possível, a um menor custo sempre visando lucro"(Dechambre).
A zootecnia é a ciência aplicada que estuda e aperfeiçoa os meios de promover a
adaptação economica do animal ao ambiente criatório e deste ambiente ao animal
(Octávio Domingues, 1929).
Zootecnia é a produção racional e comercial de animais.
A Zootecnia é a ciência que estuda a criação de animais com objetivos econômicos e
envolve uma grande formação nas áreas de melhoramento, nutrição, fisiologia,
morfologia e anatomia de animais, e também de fatores relacionados à terra e a sua
exploração sustentável, bem estar e comportamento animal, aspectos econômicos,
sociais e ambientais, entre muitos outros.
Uma ciência do ramo biológico, encarregada de estudar os métodos de criação, o
aumento da produtividade e do seu rendimento econômico
Zootenia é uma ciência aplicada a produção animal de forma econômica e
sustentável

Zootecnia - porque estuda as técnicas de criação dos animais domésticos.


Aplicada - pois seu processo acompanha o progresso de outras ciências que se interagem,
tanto como as ciências que vocês aprenderam no ensino fundamental e continuarão
aprendendo no ensino médio (Biologia, Química, Matemática, Física, Português), como as
ciências agrárias (Agronomia; Veterinária; Engenharia de alimentos; Gestão ambiental;
Administração, entre outras).
Produção Animal - porque do animal aproveita produtos essenciais para alguma finalidade
Econômica - porque todo processos criatórios fundamenta no lucro, tem seus valores que
possibilita geração de renda nos diversos segmentos.
Sustentável – porque devemos continuar produzindo no futuro, com as novas gerações.

1.3. Divisão da Zootecnia

A Zootecnia tem como objeto de estudo o animal doméstico e visa o perfeito


conhecimento deste e dos demais fatores envolvidos no seu processo produtivo, sempre
visando alto grau de especialização.
Com relação ao alto grau de especialização, o animal mais produtivo não é o mais
aperfeiçoado no sentido geral ou o mais especializado em determinada função produtiva. A
"máquina viva" mais perfeita, capaz de oferecer maior retorno econômico, é aquela que está
adaptada às condições de criação e exploração.
Quando se busca alto grau de especialização em determinado animal, dois princípios
devem ser considerados:

A especialização não deve acarretar desequilíbrio fisiológico no animal;


O animal adaptado às condições de criação e exploração não deve sofrer
comprometimento das características adaptativas.

15
Para fins didáticos, a Zootecnia é subdividida em Zootecnia Geral e Zootecnia
Especial.
Em Zootecnia Geral, os animais domésticos são considerados como seres vivos que
evoluíram e apresentam características de natureza étnica e zootécnica, influenciando-se
por fatores ambientais de ordem natural ou artificial (alimentação, sanidade, bem estar e
manejo) e que se reproduzem sujeitos às leis da hereditariedade, portanto, capazes de
sofrer melhoramento genético.
Em Zootecnia Especial, são estudados processos, técnicas e sistema de criação,
variáveis com a finalidade da exploração e o destino dos produtos, com a qualidade dos
animais a multiplicar, e com as potencialidades do ambiente criatório. Assim, surge a
Zootecnia de cada espécie doméstica, cada uma com sua denominação particular, dentre
elas destacam: bovinocultura, bubalinocultura, ovinocultura, caprinocultura, equideocultura
suinocultura, avicultura, aquicultura (piscicultura), apicultura, cunicultura, sericicultura, entre
outras, ou mesmo, aquelas que, embora não ainda consideradas domésticas, sejam
exploradas racionalmente, como por exemplo, a ranicultura (rãs), a carcinicultura
(crustáceos – camarões); minhocultura, e mais atualmente a criação de animais silvestre e
aves alternativas.
A Zootecnia como ciência investiga, por meio da observação e da experimentação, os
fenômenos biológicos aos quais estão sujeitos os animais domésticos, em determinado
ambiente natural ou artificial. Entretanto, não se trata de uma ciência pura, sendo
dependente de outras ciências para desenvolver-se. Portanto, além do conhecimento
individual, proporcionado pela Anatomia e Fisiologia Animal, a Zootecnia se fundamenta em
ciências auxiliares quando da adaptação, alimentação, melhoramento e sanidade animal,
gerenciamento da produção e tecnologia de alimentos, destacando-se:

Na Adaptação: Climatologia, (Bioclimatologia), Etologia;


Na Alimentação: Nutrição (Bromatologia), Forragicultura, Botânica, Bioquímica,
Química;
No Melhoramento Genético Animal: Genética, Estatística, Bioestatística,
Matemática e Informática;
Na Sanidade: Medicina Veterinária;
No Gerenciamento da Produção: Economia e Administração;
Na Tecnologia de Alimentos: Engenharia de Alimentos.

Para o perfeito exercício das atividades na área de Zootecnia, exige-se identidade


profissional, determinada pelo Núcleo de Conteúdos Profissionais Essenciais, integrando as
subáreas de conhecimento que identificam atribuições, deveres e responsabilidades,
segundo Fonseca (2001), assim constituído:

● Zoologia;
● Citologia, Histologia, Embriologia;
● Bioquímica
● Microbiologia;
● Anatomia e Fisiologia Animal e Vegetal;
● Higiene e Profilaxia;
● Parasitologia animal;
● Solos e Nutrição de Plantas;
● Meteorologia e Bioclimatologia;
● Pastagens e Forragicultura;
● Bromatologia;
● Alimentos e Alimentação
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● Nutrição e Formulação de Rações;
● Melhoramento Genético;
● Raças, Exterior e Julgamento;
● Reprodução Animal;
● Produção Animal (Principais espécies de interesse zootécnico);
● Tecnologia de processamento de Alimentos;
● Industrialização de Produtos de Origem Animal;
● Técnicas e Análises Experimentais.
● Instalações e Equipamentos Zootécnicos;
● Mecânica e Máquinas Agrícolas;
● Construções Rurais;
● Administração e Economia Rural;
● Gestão de Recursos Ambientais;
● Gestão Empresarial e Marketing;
● Planejamento e Projetos Rurais
● Política e Desenvolvimento Agrário;
● Sociologia e Extensão Rural;
● Ética e Legislação;

1.4. Importância da Zootecnia e suas diversas áreas e Inter-relações com as outras


ciências.

Assim, o grande objetivo da disciplina de Zootecnia Geral é trazer os conhecimentos


referentes ao processo de domesticação dos animais e o próprio desenvolvimento da
zootecnia aliado aos conceitos que envolvem essa ciência nos seus diversos campos de
conhecimento como nutrição, bioclimatologia, melhoramento genético, reprodução, sanidade
animal, administração rural, dentre outros.
A Zootecnia passa por constantes alterações, devido às necessidades da sociedade,
devendo o produtor se adequar a essas mudanças, visando uma produção mais econômica,
recorrendo a técnicas mais eficientes para atender às exigências do mercado consumidor.
Outra profissão de grande importância é o Técnico em Agropecuária que de forma
mais superficial, voltada às técnicas de criação, são capacitados a atuar na área
agropecuária com grande eficácia na produção animal e/ou agricultura em geral, pois, além
da Zootecnia estuda outras áreas específicas como a Agricultura, Agrimensura,
Mecanização agrícola, Agroindústria, Administração, dentre outras. Que faz um grande
conhecimento geral de funcionamento completo e complexo do agronegócio, possibilitando
atuar em diversas áreas, além de terem base forte para continuar os estudos em nível
superior nas áreas das ciências agrárias com maior profundidade dos conhecimentos, como:
Engenharia Agrícola; Agronomia; Zootecnia; Medicina Veterinária; Engenharia de alimentos;
Engenharia ou Gestão Ambiental; Agrimensura; Administração Rural; etc.
O curso de Zootecnia formar técnicos de nível superior capacitados para atuar junto
aos meios de produção, pesquisa, ensino e extensão zootécnica, através da aplicação dos
fatores de produção, visando o aumento da produtividade animal que atenda aos interesses
sociais da comunidade em que estiver inserido.
O Zootecnista pode atuar em diferentes áreas da produção animal, trabalhando por
conta própria (Profissional Autônomo), através da prestação de serviços com assistência,
assessoria, e consultoria técnica, bem como, para empresas do ensino, da pesquisa e de
outros órgãos públicos (Secretaria de Agricultura, Ministério da Agricultura, Emater,
Agrodefesa, SENAR), entre outros. Pode ser denominadas como principais atividades
específicas a realizar:
17
- elaborar, avaliar e executar projetos pecuários de interesse zootécnico;
- realizar análises químicas e físicas das matérias-primas e rações utilizadas na alimentação
animal;
- supervisionar e organizar exposições oficiais de animais;
- atuar como jurado nas exposições oficiais de animais;
- participar dos exames dos animais para efeito de suas inscrições na Sociedade de Registro
Genealógico;
- ter uma visão empreendedora e perfil pro - ativo, gerenciar ou assistir diferentes sistemas
de produção animal, inseridos desde o contexto de mercados regionais até grandes
mercados internacionalizados disponíveis e tecnologias social e economicamente
adaptáveis;
- formular e balancear rações para diferentes espécies de animais explorados
zootecnicamente;
- conhecer e atuar em mercados do contexto agroindustrial, cumprindo o papel de agente
empresarial, auxiliando e motivando a transformação social.
- desenvolver atividades que visem à preservação ecológica do meio-ambiente, através da
defesa da fauna e do controle da exploração das espécies de animais silvestres;
- implantar, utilizar e manejar corretamente as principais pastagens naturais e cultivadas
utilizadas na alimentação animal.
- identificar e realizar a tipificação e classificação de carcaças e avaliar as características
sensoriais da carne e dos fatores que alteram sua qualidade.

18
2. DOMESTICAÇÃO DOS ANIMAIS

Doméstico  latim domus  casa - “Convivem em casa sob o domínio do homem”

Domesticação é considerada a operação em tornar animais selvagens em domésticos


A exploração dos animais domésticos já existia antes da criação da palavra, inicialmente
tratada como a forma de criar a partir da domesticação dos primeiros animais pelo homem
primitivo. O objetivo da zootecnia é o animal doméstico, ou seja, o animal que pertence a
uma espécie criada e reproduzida pelo homem, dotada de mansidão hereditária e que
proporciona algum proveito ao homem.

2.1. Conceitos de Animal Doméstico

 GERAL:
“Criado e reproduzido pelo homem em cativeiro e de mansidão natural para uma utilidade ou
serviço.” Ex: bovinos, ovinos, suínos, eqüinos, etc.

-O fato de conviver ou mesmo depender do homem, não cria condições do animal ser
considerado doméstico. Ex: aves canoras, ratos, focas, elefantes e outros.

 BAUDEMENT (1869):

“Os animais domésticos são os que estão sob o domínio do homem, não individualmente,
mas de geração em geração.”

-Animal aprisionado, não é domesticado.

A tese de Baudement deu à Zootecnia o necessário embasamento teórico:

O animal doméstico é como máquina viva transformadora e valorizadora dos


alimentos.

 KELLER (1909):

“Possuem uma simbiose durável com o homem, por ele utilizados com fim econômico
determinado, reproduzem-se indefinidamente nessas condições.”
- Homem dá cuidados e alimentação e recebe em troca utilidades e serviços.
Ex. Cão, Porco, Cabras e Ovelhas

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“DOMÈSTICO é o animal que criado e reproduzido pelo homem, perpetua tais condições
através de gerações por hereditariedade, oferecendo utilidades e prestando serviços em
mansidão.”

2.2. Atributos dos Animais Domésticos

O animal doméstico deve passar aos seus descendentes (hereditariamente),


características próprias que podem ser agrupadas nos seguintes atributos:
Sociabilidade; Mansidão; Fecundidade em Cativeiro; Função Especializada; Facilidade
de adaptação Ambiental:

 Sociabilidade: A conduta da maioria dos animais é de viver em grupos/conjunto, sendo


um ser sociável. Praticamente todas as espécies vivem em grupos e são sociáveis, seno
este comportamento uma condição que permitiu sua aproximação ao homem e seu
amansamento

Figura. Rebanho de bovinos e outros animais

20
 Mansidão: É a expressão da ausência do extinto selvagem, que passa essa tendência
aos descendentes por hereditariedade.

 Reprodução/ Fecundidade em Cativeiro: A perpetuação da espécie em cativeiro tem


sido ponto decisivo para condicionar a perpetuação e expansão das espécies domésticas.

Reprodução- Animais silvestres sendo domesticado.

Reprodução de Peixes em Cativeiro-Indução hormonal

 Função Especializada: O animal deve apresentar uma função de interesse pelo


homem, sem o qual não há motivo de sua domesticação.

Pele

21
 Facilidade de adaptação Ambiental: Devido às mudanças de ambientes, que são
comuns durante a domesticação, o animal que tem dificuldades nesta adaptação tem
dificuldades de atingir o final deste processo.

2.3. Fases de Domesticação

Os animais, para atingirem a domesticidade, estágio final do processo de


domesticação, passam por três fases distintas, sob o domínio do homem:

1ªFase - Cativeiro: Fase inicial, quando o homem mantém os animais presos, todavia, em
princípio, não obtendo dele nenhuma utilidade. É o caso dos animais de zoológicos.

2ªFase - Amansamento: É a fase de amansamento, mansidão ou domação, em que o


animal convive pacificamente com o homem, prestando utilidade ou alguma forma de
serviço, Exemplificando nesta fase de pré-domesticação a maioria dos animais de
laboratório.

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3ª Fase – Domesticação propriamente dita: Última e fundamental fase, que constitui o
estágio total de domesticidade, atingindo o nível máximo do processo, onde a necessidade
de ter esses animais em domesticidade se tornou inevitável para a vida do homem.

2.4. Motivos da Domesticação

Observaram-se vários motivos para a domesticação dos animais, além do evidente


interrelacionamento a própria necessidade de sobrevivência do homem, destacando-se:

1-Alimentação:

-Necessidade de uso dos animais e/ou seus produtos como alimento, tendo uma reserva
principalmente para os períodos de escassez.

23
-O parto de fêmeas em cativeiro foi um avanço, para o uso do leite animal pelo homem.

2-Sobrevivência Ambiental:

-O uso de peles ou pêlos como agasalhos para enfrentar as intempéries climáticas e


também como artefatos: sandálias, capas, tapetes e tecidos.

Figura. Eskimos com agasalhos de urso Figura. Pele de proteção

3-Aproveitamento da Força Motriz:

-O uso dos animais no transporte de cargas, montarias, e cultivo da terra.

24
4-Inspiração Religiosa:

-A presença do animal como fonte de motivação para a caça, ritos religiosos etc.

Figura. Deus Carneiro Cnun – Homem Cavalo - Adoração ao bezerro de ouro

2.5. Métodos Empregados Durante a Domesticação

 Violentos: Foram utilizadas aqui a violência, a força, a fome e a prisão, paralelamente


aos castigos corporais. O cavalo foi o que mais utilizou este método.

Figura. Cavaleiro amansando o cavalo


Ex. Meu pai deixando burro de castigo sem comida e bebida

 Pacíficos: Neste método não foi utilizado à força, os animais pelo instinto de
sociabilidade, ofereciam condições de conviver junto ao homem, o animal aproximou do
homem em busca de alimento e proteção contra intempéries e outras situações de
dificuldade. Exemplo: Cão, Gato e Porco. Ex. Doma racional

 Intermediários: Método mais utilizado na domesticação dos animais, o hábito de viver


em rebanhos facilitou essa domesticação onde os mesmos eram aprisionados em lotes,
facilitando o manejo pelo homem. Ex: Boi, Cabra e Aves.
Ex. Animais acostumado com o manejo e manejador – Bovino Corte x Leite

2.6. Asselvajamento

25
Vale ressaltar que o processo de domesticação é dinâmico, havendo necessidade de
assistência e vigilância sobre os animais, pois, os animais abandonados a própria sorte,
podem voltar ao estado selvagem, em um processo chamado asselvajamento.

Ex. Búfalos na Ilha do Marajó; Cavalos selvagens nos E.U.A. (Filme – Corcel Negro),
Espanha, Austrália, França e Inglaterra (mantidos sob proteção governamental), Boi de
brabeza (Histórias de Goiás).

2.7. Tentativas de Domesticação

Torres (1990), ao fazer um levantamento histórico da utilização e aproveitamento dos


animais, observou que muitos foram aqueles que prestaram alguma forma de serviço,
estiveram quase em domesticidade, mas foram completamente relegados por motivos
desconhecidos ou superados pelo tempo e novas descobertas, em virtude do
aparecimento de outros animais que ofereciam melhores condições, tornando os outros
desnecessários para serem considerados domésticos, ou mesmo por terem ocorrido
acontecimentos que o impediram de chegar a plenitude da domesticidade.
Como exemplos podemos citar:
 Os egípcios utilizando gazelas para aproveitamento do leite, e posteriormente sendo
substituída por outras fontes. Ex. Cabra e Vaca – São mais produtivos.
 O guepardo (felino altamente veloz – capaz de alcançar 110 km/h, utilizados pelos
asiáticos para na ajuda da caça, porém a mansidão necessária não é passada por
hereditariedade. Ex. O cachorro transmite a mansidão
 O falcão caçador foi muito utilizado na arte de caçar (muito comum na idade média), a
falcoaria ainda tem adeptos no oriente, porém sua reprodução em cativeiro impede a
perpetuação da espécie sob guarda do homem.
 O corvo-marinho é uma ave usada na china e no Japão para ajudar na pesca. O
pescador utiliza a ave por intermédio de um argola no pescoço e atada a uma corda que é
puxada quando o animal pega o peixe, que é então retirado de sua boca.

2.8. Modificações Apresentadas Pelos Animais em Domesticidade

As modificações que os animais em domesticidade adquiriram são bastante


significativas, se comparadas aos seus congêneres selvagens. Essas modificações são
consequências de processos evolutivos dinâmicos que tendem, inclusive, a acelerar-se cada
vez mais em virtude da ampliação dos conhecimentos da Genética e das inesgotáveis
possibilidades de Biotecnologia.

26
O meio ambiente está relacionado a situações divergentes e que devem ser
comparadas em conjunto, para facilitar nosso entendimento destaca o ambiente físico e
biológico atuando sobre os animais.

MEIO AMBIENTE  SELVAGENS X DOMÉSTICOS

 MEIO FÍSICO: Poderá ser estudado inicialmente os fatores climáticos, ou seja, as


conseqüência da temperatura, radiação, da umidade e suas variações
Animais selvagens: Têm a iniciativa de procurar condições favoráveis de abrigo e micro
habitat, ou usar de recursos migratórios, bem como utilizar as mais variadas adaptações
individuais de conduta.
Animais domésticos: São manejados e protegidos dentro de ambientes imposto pelo
homem, podendo ser instalações simples à complexas, como uma cerca ou um galpão.
Estes animais ficam dependentes do homem, que estão sempre adaptando o manejo
somado aos ajustes fisiológicos específico de cada indivíduo.
Usam abrigos artificiais e vegetações apropriadas para sombreamento, entre outros.

 MEIO BIOLÓGICO: Consiste da interação de fatores que envolvem os animais dentro


dessa área específica.
Os alimentos (incluindo a água) podem ser considerados os mais importantes,
seguido dos aspectos sanitários, principalmente a relação parasitária x hospedeiro.
Os animais selvagens selecionam sua própria dieta que está disponível e necessitam
de muito tempo e energia para procurar alimentos. Ex. Veados campeiros, Falcões-
Rapinagem / Predatismo  leis da sobrevivência. Já os animais domésticos apreciam a
dieta disponibilizada pelo homem, geralmente não variadas. Com a presença de alimentos
constantes, sendo mais sujeitos às deficiências alimentares qualitativas.
O parasitismo e a presença de enfermidades entre os animais selvagens tornam-se
relativo poder de agressão devido a resistência neles desenvolvidas. Entre os animais de
criação, a depender das condições, da falta de cuidados especiais e da concentração de
indivíduos, fica favorecida sua freqüência e disseminação em níveis altos. Torna-se
necessário a presença do homem para estabelecer um perfeito equilíbrio de sanidade,
alimentação e conforto. Ex.:

27
Principais modificações

Algumas espécies sofreram profundas modificações morfológicas, fisiológicas e


psicológicas, ao passo que, em outras, essas transformações foram pequenas. As causas
das modificações foram à mudança do meio e do regime, e a seleção artificial exercida pelo
homem, fazendo reproduzir com maior intensidade.
São bastante evidentes tais observações, atingindo as formas, as funções e o
comportamento dos animais. Assim podem ser agrupados em:

 Morfológicas - Atingem a estrutura do organismo dos animais com conseqüência


sobre as atividades fisiológicas.
 Fisiológicas - Estas modificações são sem dúvida, as mais notáveis, exatamente pelo
fato da exploração animal depender de maior intensidade fisiológica
 Etológicas - Diz respeito ao comportamento individual e social dos animais e sua
conseqüência nas condições sob estudo.

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No quadro abaixo está resumido estas principais modificações.
Morfológicas: Atingem a estrutura do organismo dos animais com conseqüência sobre as atividades
fisiológicas.
Carac.Morfológicas Selvagem Doméstico
Qualidade do pêlo São grosseiros, mal distribuídos e, Finos e sedosos, distribuídos
às vezes apresentando maior uniformemente pelo corpo
concentração em torno da cintura
da escapular
Coloração da pelagem Uniforme, discreta, parda e curta, Combinações das mais variadas, formando
podendo mudar com a estação do pelagens compostas e conjugadas
ano
Tamanho e dimensões São mais ou menos uniformes, Varia com a raça, e havendo maior
corporais: com maior desenvolvimento da equilíbrio entre a cintura pélvica e
Ex. Suíno cintura escapular. escapular.
Orelhas Em geral são bastante móveis Variado
Defesas Bastante desenvolvida Menor tamanho ou mesmo ausentes
(Chifres, Garras e Dentes fortes)
Gordura Reduzida às necessidades de Têm o panículo adiposo desenvolvido e o
suprir períodos carências deposito de gordura muitas vezes
exagerado
Esqueleto Ósseo Fortes e grossos Estrutura relativamente fraca e leve
Fisiológicos - Estas modificações são sem dúvida, as mais notáveis, exatamente pelo fato da
exploração animal depender de maior intensidade fisiológica.
Carac. Fisiológicas Selvagem Doméstico
Velocidade de Mais desenvolvido pela Bastante reduzida, com exceção do
locomoção necessidade de defesa. cavalo e alguns cães.
Vôo Com exceção das aves terrestre, Algumas aves perderam parcial ou
Ex. Galinha caipira e todas têm capacidade para o vôo. totalmente essa capacidade, devido o
frango de corte excesso de peso corporal.
Fertilidade Pouco acentuada, e tendem a Férteis e a maioria são poliéstricas
estacionalidade reprodutiva. contínua.
Prolificidade Numero limitado devido a São mais prolíferos
Ex. Porca Caipira e de necessidade de proteção da prole
Granja
Lactação - Ex. Bovino, Restrita a alimentação das crias Alta produção e Persistência de Lactação.
Bubalino,Ovino,Caprino.
Tipo Corte e Leite.
Choco Característica própria das aves Vem desaparecendo em algumas aves de
para incubar os ovos alta produtividade (Galinha e Codornas de
Postura)
Velocidade Lento ou mesmo retardada Acelerada
crescimento Baixo ganho em peso Alto ganho em peso
Precocidade sexual Animais tardios - demoram a Animais precoces - começam reproduzir
iniciar a atividade reprodutiva muito jovens
Etológicos – Diz respeito ao comportamento individual e social dos animais e sua conseqüência
nas condições sob estudo.
Carac. Etológicas Selvagem Doméstico
Instinto de defesa Bastante aguçado: Audição, Reduziram bastante seus instintos de
Visão e Olfato muito evoluído e defesa, sendo em algumas espécies
adaptados por necessidade de incapaz de sobreviverem em ambiente
auto proteção. selvagem.
Comportamento sexual Monogamia na maioria das Há maioria é orientado pelo homem, e são
espécies, mantendo o instinto pressionados a reproduzir constantemente
reprodutivo limitado à temporada e com curto intervalo de tempo.
da reprodução. Os machos lutam
acirradamente pela dominância.
Relacionamento com o Ausente Em virtude da intensa observação, e
homem cuidados ocorre a interação harmoniosa.

29
Exemplos:

(Geração 0)

50 %

(Geração 1)
50 %
25 %

(Geração 2)

50% 25%
12,5%
(Geração 3)

30
Produção e Persitência

2.9. Responsáveis pelas Modificações Apresentadas

Quase todos os animais, ao sofrerem as mais diversas modificações durante o


processo de domesticação , tiveram como responsáveis:

 A Seleção (Adaptação x Produtividade)


 O regime de criação
 A alimentação

31
A Seleção: Alterando a atividade da seleção natural, substituindo pela seleção
artificial, o trabalho do homem foi de fazer reproduzir, em separado, formas com
características próprias. Em conseqüência muitas espécies hoje em domesticidade não
apresentam nenhuma ou quase nenhuma semelhança com seus ancestrais selvagens.
Convém salientar que o processo seletivo inicial, muito provavelmente, o homem deve ter
separado para reprodução indivíduos mais mansos e dóceis, tendo depois partido pelas
vantagens produtivas apresentada para exploração, devido a presença de atributos
especiais mais destacados.

O regime de criação: As transformações radicais sugeridas pelas modificações


introduzidas nos regimes de criação, quando os animais se afastaram de seu meio ecológico
original e se disseminarão pelas várias partes do mundo contribuíram, por um princípio de
adaptação ambiental, para que aparecem novas formas de vida que, por sua vez,
apresentaram condições adaptativas aos ambientes novos e que foram levadas.

A alimentação: Sem sombra de dúvida, a alimentação que o homem direcionou aos


seus animais em domesticidade constituiu um dos mais fortes responsáveis pelas
modificações que hoje estes animais apresentam, comparativamente aos seus semelhantes
que continuaram na vida silvestre.
As pastagens perenes e abundantes, as aguadas bem distribuídas oferecidas aos
herbívoros são exemplos citados a toda hora.
A criação em confinamento de aves e suínos representam exemplos de como a
tecnologia humana passou a oferecer as necessidades mínimas para estes animais . Na
alimentação foram descobertas novas opções e fontes mais aproveitada e acessíveis aos
animais, permitindo aumentar seus rendimentos.

2.10. Consequencias Genéticas da Domesticação

Em condições naturais

Intensidade da Endogamia- Consaguinidade (apuração e fixação de genes que deram


origem as diversidade de raças, Além da seleção natural adaptativa, Formação de
raças
Predomínio da Seleção Artificial – Aumento da produtividade e redução da
adaptabilidade
Maior possibilidade de exogamia – Cruzamentos de Raças

32
3. AS ESPÉCIES DOMÉSTICAS DE INTERESSE ZOOTÉCNICO

3.1. Taxonomia Zoológica das Espécies

A classificação das espécies é baseada em aspectos estruturais, funcionais,


tamanhos, proporções, entre outros. O Sistema de classificação estabelecido por LINEU
distribui as espécies domésticas em REINO, FILO, CLASSE, ORDEM, FAMÍLIA, GÊNERO e
ESPÉCIE, podendo ocorrer subdivisões entre estes agrupamentos. A apresentação dos
nomes científicos das espécies consiste em apresentar o nome genérico com inicial
maiúscula, seguido pelo nome específico com inicial minúscula, sendo ambos grifados ou
em itálico e seguidos da inicial ou nome do classificador, separados por vírgula, devendo
ainda, ser citado entre parênteses. Conforme descrito, a título de exemplo, o nome científico
dos taurinos é Bos taurus L.
As espécies animais domésticas estão agrupadas em seis CLASSES zoológicas
Mammalia, Aves, Répteis, Anfíbios, Peixes e Insetos, pertencentes ao REINO Animal, com
as cinco primeiras classes possuidoras de coluna vertebral, crânio e encéfalo, considerados
cordados superiores e pertencentes ao FILO Vertebrata, e a última ao FILO Invertebrata.
A seguir, são apresentadas as principais espécies domésticas e suas classificações
taxonômicas:

ESPÉCIES DE INTERESSE ZOOTÉCNICO

Inicialmente, admitia-se que todas as espécies domésticas teriam se originado na


Ásia, entretanto, com os trabalhos de paleontologia desenvolvidos ficou esclarecido que,
embora os asiáticos tivessem domesticado grande parte das espécies domésticas atuais e,
naquele continente tivessem origem grande números de espécies, em outros continentes
surgiram e foram domesticadas espécies de interesse zootécnico.
A seguir, são apresentadas as principais espécies domésticas de interesse
zootécnico, com possíveis origens e ancestrais.

Principais Animais Domésticos de Interesse Zootécnico

TAURINO (Bos taurus taurus) - Todos os bovidae, domésticos ou não, descendem de


um tronco filogênico comum, o "Antílope" do Mioceno e Plioceno, o qual originou todos os
cavicórneos: Ovis, Capra, Antilope, Bos, Bubalus, etc. Dentre os animais domésticos
primitivos os Bos taurus e Bos indicus, os de mais difícil determinação da origem, superados
apenas pela dificuldade de determinação de origem do cão. Os Taurinos, possivelmente
foram domesticados após o Cão, a Cabra e o Carneiro, entre 6000 a 4000 anos a.C.,
possivelmente na Índia, Oriente Médio, e Egito. Depois foram desenvolvidos em toda
Europa.
ZEBUÍNO (Bos taurus indicus) - Os Zebuínos, espécie diferente dos taurinos, foram
domesticados possivelmente no Egito e na Índia, antes dos taurinos. E teve um grade
desenvolvimento nas regiões tropicais.
BÚFALO (Bubalus bubalis) - Originado e domesticado na Ásia. Possivelmente
descende do Arni (Bubalus indicus). A época da domesticação é imprecisa, embora na
cultura do Mohenjo Daro na Índia (2.500 anos a.C.) e na China (1.000 anos a.C.) já era
conhecido prestando utilidade.
CAPRINO (Capra hircus) - Segunda espécie a ser domesticada e primeiro animal
leiteiro domesticado, superando os ovinos em prioridade quanto à maior abundância de
fósseis (DOMINGUES, 1968), possivelmente no Oriente Médio, tendo-se sugerido a Pérsia
ou a Palestina como locais (HEISER JUNIOR, 1977).
33
OVINO (Ovis aries) - Domesticado na Ásia no mesmo período que os caprinos.
SUÍNO (Sus domesticus) - Descende provavelmente de duas espécies primitivas,
uma delas sobrevivente, o Sus scrofa ou Javali europeu; e o Sus indicus ou javali asiático,
forma selvagem desconhecida, que apresenta Sus vittatus como forma sobrevivente, em
extensa área da China. Sendo domesticado inicialmente na China, cerca de 4.000 anos a.C.
GALINHA (Gallus domesticus) - Originada na Índia e domesticada na Índia, China e
Pérsia. Possui como antepassado direto o Gallus bankiva ou galinha selvagem da Índia e
Indochina, ainda sobrevivente. Podendo ser incluídas como ancestrais da galinha doméstica,
devido à interfecundidade, três espécies selvagens da Ásia meridional, Gallus sonnerati ou
galinha parda da Índia, Gallus lafayetti ou galinha do Ceilão e Gallus varius ou galinha de
Java.
CAVALO (Equus caballus) - Domesticado na Ásia na Idade dos Metais, cerca de
3.500 anos a.C.
ASININO (Equus asinus) - Originado na África (Núbia e Etiópia) e na Ásia (Tibé), onde
foi encontrado em estado selvagem. Possivelmente, foi domesticado antes dos eqüinos, no
vale do Nilo, na África, cerca de 5.000 anos a.C.
COELHO (Oryctolagus cuniculus) - Descende do Oryctolagus cuniculus, de origem
européia. Provavelmente foi domesticado na Península Ibérica.
CARPA (Cyprinus carpio) - da Pérsia e Ásia Menor, onde foi iniciada a criação em
cativeiro. A domesticação iniciou na China, desde 2.100 anos a.C.
BICHO-DA-SEDA (Bombyx mori) - Descende de Bombyx religiosae, de origem
chinesa, onde foi criado inicialmente antes de 2.500 anos a.C.
ABELHA (Apis mellifera sp.) - Descende das subespécies primitivas de Apis mellifera
fasciata ou abelha alemã, de Apis mellifera ligustica ou abelha italiana e de Apis mellifera
adansonii ou abelha africana. A primeira abelha criada foi provavelmente a Apis mellifera
ligustica. Segundo IOIRISH (1981), antes de domesticar as abelhas, o homem pilhava o mel.
Há cerca de 5.000 a 6.000 anos existiam colméias primitivas no Egito e em outros países da
Antiguidade, de formas diversas, fixas em argila cozida.

Principais Animais Silvestres

Hydrochoerus hydrochaeris – Capivara


Sus scrofa – Javali
Taiassu tajacu-Cateto ou catitu
Taiassu percari - Queixada
Agouti paca – Paca
Dasyprocta sp. - Cutia
Rhea americana – Ema
Caiman latirostris – Jacaré
Chelydridae - Tartaruga

Principais Animais de Estimação

Canis familiares – Canino: Cachorro x Cadela


Felis domestica – Felino: Gato x Gata

34
Classificação zoológica
REIN SUB-
FILO SUB-FILO CLASSE ORDEM SUB-ORDEM FAMÍLIA GÊNERO ESPÉCIE NOME
O FAMÍLIA
Bubalus Bubalus bubalis Bubalino Búfalo
Bovidae Bovinae
Bos taurus taurus Bovinos
Característica Bos
Ruminantiae Bos taurus indicus Taurinos E Zebuínos
de possuir
cornos Caprinae Capra Capra hircus Caprino - Cabra
Artiodactilya Ovinae Ovis Ovis aries Ovinos - Ovelha
Dedos em n° par Sus domesticus(Sus scrofa,
Suínos - Porco
Suiformes Suidae Suinae Sus Sus vittaus, Sus mediterraneus
Sus scrofa Javali
Taiassu tajacu Cateto ou Catitu
Mammalia Tayassuidae Tayassuidae Taiassu
Taiassu percari Queixada ou porco-do-mato
(Mamífero
) Equus caballus Equinos Cavalo
Perissodactyla
Perissodactyla Equideos Equidae Equus Equus asinus Asinino, Jumento
Dedos em n° impar
Equus híbrido Muar- Burro
Rodentia Hystricognathi
Hydrochoeridae Hydrochoerus Hydrochoerus hydrochaeris Capivara,
Dentes insisivos
superiores pares e Agoutidae Agouti Agouti paca Pacas
grandes Dasyproctidae Dasyprocta sp. Dasyprocta sp. Cutias
Chordata- Lagomorpha Leporidae Oryctolagus Oryctolagus cuniculus Coelho
Vertebrad
Vertebrata Canidae Canidae Canis Canis familiares Cachorro
o, Crânio Carnívora
Animal E Encéfalo Felidae Felidae Felis Felis domestica Gato
Gallus Gallus domesticus Galinha

Phasianidae Coturnix Coturnix coturnix japonica Codorna


Phasianus Phasianus colchicus Faisão
Galiformes
Pavo Pavo cristatus Pavão
Numidae Numilda Numilda galcaia Galinhola/ Cocar
Meleagrididae Meleagris Meleagris gallopavo Peru
Aves Cairina Cairina moschata Pato
Anas Anas boschas Marreco
Anseriformes Anatidae
Anser Anser domesticus Ganso
Cygnus Cygnus olor Cisne
Struthioniformes Struthionidae Sthuthio Sthuthio camelus Avestruz
Rheiformes Rheidae Rhea Rhea americana Ema
Crocodylia Crocodylidae Caiman Caiman latirostris Jacaré
Répteis
Chelonia Cryptodira Chelydridae Tartaruga
Anfhibia Anura Ranidae Rana Rana catesbeiana Rã Touro

Peixes Cypriniformes Cyprinidae Cyprinus Cyprinus carpio Carpa

Artrópode Hymenoptera Apidae Apis Apis mellifera Abelha


Invertebra Insecta
s Lepidoptera Bombycidae Bombyx Bombyx mori Bicho-da-seda

35
Imagens de animais de interesse zootécnico

Bubalus bubalis – Bubalino: Búfalo x Búfala Bos taurus taurus- Taurino- Bovino: Touro x Vaca Bos taurus indicus – Zebuino- Bovino: T x V

Capra hircus – Caprino: Bode x Cabra Ovis Áries – Ovino- Carneiro x Ovelha

Sus domesticus – Suino- Cachaço x Porca Sus scrofa – Javali Taiassu tajacu-Cateto ou catitu Taiassu percari-queixada
36
Imagens de animais de interesse zootécnico

Equus caballus – Equino:Cavalo x Égua Equus asinus – Azinino: Jumento x Jumenta Equus caballus x Equus asinus -Híbrido- Muares: Burro e Mula

Hydrochoerus hydrochaeris – Capivara Agouti paca - Paca Dasyprocta sp. - Cutia Oryctolagus cuniculus – Coelho

Canis familiares- Canino: Cachorro: Cachorro x Cadela Felis domestica: Felino: Gato x Gata

37
Imagens de animais de interesse zootécnico

Gallus domesticus: Galinha Numilda galcaia- Galinhola/ Cocar Coturnix coturnix japônica- codorna

.....
Phasianus colchicus- Faisão Pavo cristatus - Pavão Meleagris gallopavo - Peru Sthutio camelus - Avestruz Rhea americana – Ema

Cairina moschata - Pato Anas boschas - Marreco Anser domesticus - Ganso Cygnus olor - Cisne

38
Imagens de animais de interesse zootécnico

Caiman latirostris - Jacaré Chelydridae sp- Tartaruga Rana catesbeiana - Rã Touro

Peixes Nacionais
Pintado – Pseudoplatystoma coruscans
Pintado Surubim-Cachara Surubim – Pseudoplatystoma fasciatum
Pirarucu – Arapaima gigas
Tambaqui – Colossoma macropomum
Pacu – Piractus mesopotamics
Pirarucu Pirapitinga – Piractus brachypomum
Tambaqui Pacu Pirapitinga
Matrinxã – Brycon cephalus
Piraputanga – Bricon hilarri
Matrinxã Piauçu – Leporinus abtusidens
Curimbatá – Prochilodus sp.
Lambari – Astyanax bimaculatus
Tilápia vermelhas hibridas– Saint Peter
Piraputanga Tilápia Nilótica- Linhagem Supreme Tilápia Nilótica - L.Tailandesa
Principais Espécies Comerciais Adaptadas aos Cultivo Peixes Exóticos
Tilápia – do –Nilo – Oreochromis niloticus
Carpa comum – Cyprinus carpio
Piau çu
Lambari
Carpa Comum Carpa chinesas
Piau Três Pinta
Cabeça – grande: Aristchthys nobilis
Carpa Cabeçuda
Prateada : Hypophthalmichthys molitrix
Carpa Capim Capim: Ctenophryngodon idella
Curimbatá ou Papa-Terra

39
Principais espécies de peixes adaptadas aos cultivos Obs.: Não inclui peixes ornamentais

Insecta- Apis mellifera-Abelha Bombyx mori- Bicho-da-seda

40
4. UTILIZAÇÃO DOS ANIMAIS

Desde o primórdio da domesticação, em conjunto com a evolução das necessidades,


do conhecimento e do comportamento humano, a produtividade dos animais tornou-se um
imperativo do homem e tem sido cada vez explorada mais intensamente, o que leva a um
maior estreitamento desta dependência que evolui para uma das principais atividades
econômicas. Assim do extrativismo (caça e pesca) passou o homem a cultivar os animais,
cada vez deles mais requisitando tudo aquilo que tivesse utilidade direta ou indireta.

4.1. Aproveitamento das Atividades Fisiológicas

Procurando aumentar a produtividade animal, têm-se feito nos últimos anos enormes
esforços, no sentido de aumentar os conhecimentos no campo da fisiologia, objetivando
aplicações imediatas desses conhecimentos. O entendimento perfeito das funções do
organismo animal constitui a base para o desenvolvimento da ciência zootécnica, pois
funciona basicamente como uma indústria em que o animal é aproveitado como máquina
viva. Todo aproveitamento econômico dos animais está relacionado às suas funções, que é
o resultado de um conjunto de processos harmonicamente coordenados.
Classicamente tem sido agrupadas e relacionada as atividades fisiológicas em:
De Relação: que são aquelas que põem os animais em contato com o meio;
De Nutrição: que concorre para a conservação do indivíduo;
De Reprodução: que asseguram a perpetuação da espécie.

Do ponto de vista zootécnico, consideramos algumas atividades fisiológicas (ou


funções) isoladamente, levando se em conta principalmente:

Reprodução: Cria, Ovo


Lactação: Leite
Crescimento: Carne
Locomoção: Força motriz e condução

4.1.1. Reprodução (Parto, Postura, Desova)

È a função encarregada da perpetuação da espécie no aspecto econômico, melhor


seria dito ser ela a responsável pela expansão dos rebanhos, no seu aspecto quantitativo.
Pode se afirmar que o aproveitamento total de um animal de alta qualificação
depende de sua capacidade como reprodutor.
A reprodução é a atividade mais complexa, dependendo de vários fatores, como:
formação e descida de óvulos dos ovários, ardor sexual no momento da nidação do óvulo,
formação e conduta dos espermatozóides, fecundação, implantação e desenvolvimento do
embrião e, finalmente o parto e/ou a postura. Todos esses segmentos são de grande
importância e comandados, sobretudo, por hormônios de alta complexidade.
Ultimamente os estudos em reprodução dos animais domésticos tomaram impulsos
consideráveis, face aos grandes avanços no campo da fisiologia, da patologia, da tecnologia
e conservação do sêmen e na transferência e cultivo de embriões e no aproveitamento de
doadoras de alta capacidade genética, objetivando utilizá-las positivamente no
melhoramento genético na produção animal. Mas recentemente as técnicas de indução
hormonal em peixes permitiram um grande avanço no desenvolvimento da piscicultura.

41
Toda vez que se fala em reprodução, estará falando em fertilidade, que é a maneira
de externar a boa capacidade de reprodução. A fertilidade está sempre representada por
número de animais nascido por estação, intervalo entre parto (duração entre dois partos
(IEP)), período de serviço (período do parto a uma nova concepção), número de ovos
produzidos, números de ovos eclodidos, ou mesmo produção de óvulos, fertilidade dos
óvulos, número de larvas por desova, entre outros.
Exemplos:

42
De uma maneira geral, as animais fêmeas mantêm seus ciclos estrais durante todo o
ano, como a vaca, a búfala, a porca e algumas raças de ovinos e caprinos. Tendo em vista
que algumas espécies ou raças têm uma época que concentra suas atividades reprodutivas
em determinado período do ano, conhecido como reprodução estacional (Sazonalidade
reprodutiva). Este caso é notável a interferência da luminosidade nas atividades fisiológicas
reprodutivas, podendo algumas espécies ser estimuladas quando a luminosidade diminui
(Fotoperíodo Curto- Outono/Inverno (Maioria das Raças de Ovinos e Caprinos)) ou quando a
luminosidade aumenta (Fotoperíodo Longo – Primavera/Verão (Aves e Equínos). Além da
relação entre a sazonalidade de produção natural de alimentos.
Especificamente, dependendo da reprodução, está a produção de ovos nas aves,
cujos conhecimentos científicos do setor alcançaram tais níveis que a maior ou menor
produção de ovos não é o problema primordial. Os maiores obstáculos são aqueles ligados
ao manejo, conforto, nutrição e sanidade.

Ex. Porque as aves diminui a postura na quaresma?


Nos peixes e répteis (Desova com Fecundação Externa), por terem seu metabolismo
influenciado pela temperatura da água, a reprodução naturalmente ocorre na época quente
do ano (Primavera/Verão), ou seja na época das chuvas.

Peixes- Piracema-Migração dos peixes na época das cheias, rio acima, para desova

4.1.2. Lactação

A lactação é uma atividade fisiológica própria das glândulas mamárias cujos produtos
(Colostro e leite) são os primeiros alimentos necessários para a preservação da vida nos
mamíferos.
Sobre a função leiteira, grandes esforços foram efetuados (principalmente na vaca),
para atingir produções extraordinárias (acima de 10 ton./vaca/lactação). Tais esforços no
melhoramento genético são surpreendentes, sobretudo se considerarmos a intensa
atividade fisiológica da produção de leite, pois, para a produção de 30 kg, há necessidade de
que o úbere circulem cerca de 7 toneladas de sangue (exemplo da vaca).

43
A mama é uma glândula de secreção externa (exócrina) semelhantes àquela como as
sudoríparas e sebáceas, sendo todas de formação embrionária do tipo cutâneo. A função de
secreção de leite é divida em três fases: Iniciação da Produção; Manutenção da Produção; e
Expulsão (descida) do leite. Todas estas são de alta complexidade, resultantes (sobretudo
as duas primeiras) de fatores genéticos e ambientais.

Figura. Fisiologia da glândula mamária

44
Figuras. Correlação das Fases da Lactação com as Condições Corporais
Curva de Produção durante a Lactação
Produção média diária

40

30
nº1
(L leite)

20 nº2
nº3
10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Periodo de Lactação(meses)

Figura. Genótipo e Fase de Desenvolvimento na Produção de Leite

Nem todos os animais têm sistema mamário iguais. Entre os animais produtores de
leite, destaca a vaca e a búfala que possui 4 glândulas de formação independente, enquanto
a cabra e a ovelha possuem duas. Os eqüídeos (Égua, Jumenta) também possuem dois
pares. Porém existem espécies mais prolifiticas com grande número de glândulas mamárias,
como exemplo podemos destacar a porca, cachorra e a gata.
Vaca e Búfala Ovelha, Cabra e Égua

45
A dependência hormonal da lactação está inicialmente ligada a estrógenos e à
progesterona, no que diz respeito a fase inicial, somada à prolactina hipofisária, bem como a
hormônios séricos adrenais e da tiroxina, tudo aliado a comandos nervosos cuja ação pode,
inclusive, impedir a expulsão do leite.
Vários condicionamentos de ordem fisiológica e ambiental são responsáveis pela
alteração da quantidade de leite produzida, bem como pela sua composição,
independentemente de fatores genéticos de base orgânica.
Assim, a quantidade e a qualidade de leite produzido podem variar de acordo com a
etapa de lactação, fase da gestação, idade, presença de cio, bem como tamanho e
conformação do úbere dos animais. O ambiente pode ser responsável por alterações devido
a alimentação, temperatura, luminosidade e umidade, bem como acometimento de
enfermidades.
Exemplos:

4.1.3. Crescimento

A produção de leite, independentemente de seu aspecto econômico voltado para a


alimentação humana, tem importância decisiva no aumento e na manutenção dos rebanhos
mamíferos domésticos, dele dependentes na fase inicial de vida. Animais que não foram
bem alimentados no primeiro período de vida não terão um acréscimo satisfatório e
conveniente devido à má formação óssea e muscular em idades próprias. Nos ovíparos,
como peixes e aves possuem o saco vitelínico para nutrir o recém-nascido nas primeiras
horas ou dia de vida.
Entende-se por crescimento o aumento correlativo da massa corporal,
comparativamente ao espaço de tempo. A superfície corporal, oferecendo peles de maior
extensão é uma conseqüência do maior desenvolvimento do volume corporal e da eficiência
da atividade fisiológica de crescimento. O crescimento contínuo da parte pilosa do
tegumento é fato primordial para o aproveitamento da lã (ovinos), plumas e penas (aves).
Nos animais domésticos e suas raças, existem acentuadas diferenças na velocidade
de crescimento, como conseqüência do meio ambiente (trato e alimentação) e da sua
disposição genética. Para a evolução do crescimento são necessários fatores ligados a
herança.
Alta produção de hormônios específicos, como tiroxina, insulina, testosterona
e o próprio hormônio de crescimento;
Atividade das epífises ósseas;
Síntese de proteínas ao nível do fígado e da musculatura;

Devemos entender que a atividade de crescimento está relacionada com uma


determinada fase de vida, ou melhor, o animal adulto, embora aumente o seu peso corporal,
não é considerado incluído como em crescimento quando aumenta seu peso.
O aumento do peso e da massa corporal devido ao acúmulo de tecido adiposo, cuja
produção se acentua após o crescimento real, não deve ser levado em conta. O crescimento
verdadeiro ocorre nos músculos e ossos, entendendo-se que se encerra após a calcificação

46
das epífises. Assim, não é considerada a “engorda” como crescimento, muito embora na
prática, seja de certa forma difícil fazer tal distinção.

Figura. Curva de crescimento animal (sigmóide)

1- Fase de Crescimento Gestacional (Pré-Natal)


2- Fase de Crescimento Acelerado (Pós- Natal)
3- Início à Puberdade – Fase de mudanças comportamentais e corporais
4- Maturidade Sexual – Fase de crescimento desacelerado- Desenvolvimento corporal-
Início as atividades reprodutivas – (1ª a 3ª cria)
5- Animal Adulto- Ponto de estabilização (3ª a 7ª cria)
6- Animal Velho - Ponto de inflexão

O crescimento tem sido expresso por representações gráficas, nas quais compara o
peso em relação à idade. Tais representações formam curvas do tipo sigmóide. Quando o
peso do animal atinge de 40 a 50% daquele que alcançará a idade adulta, diz que alcançou
a puberdade, faixa em que há uma sensível aceleração do crescimento, em vista do
desenvolvimento da musculatura e do tecido adiposo, sendo nesta fase (e idade) onde o
peso é considerado o mais econômico para o abate dos animais ou aptos à reprodução (65
a 70% do Peso Adulto), quando a partir de então, verifica-se que a curva de crescimento
tende a se manter reduzida até sua estabilização (para os mamíferos – as fêmeas entre a 1ª
e 3ª reprodução), quando se torna adulta (da 3ª até por volta da 7ª reprodução) e na velhice
começa a declinar lentamente, vinda a ocorre a morte.
A composição corporal pode ser observada na figura abaixo, em que os tecidos são
formados ao mesmo tempo, porém existem fases onde há maior desenvolvimento de
determinado tecido, em que podemos observa a fase de vida dos animais, e principalmente
atender as suas exigências nutricionais.

47
Figura. Curva de desenvolvimento dos tecidos corporais

Quanto a questão de eficiência nutricional e econômica podemos utilizar do exemplo


a criação de frangos de corte, onde observa que o ganho de peso reduz à medida que
aumenta o ganho de peso, mostrando a fisiologia estabelecida na curva sigmóide de
crescimento, enquanto o consumo torna-se maior a medida que o animal cresce, pois
aumenta as necessidade de nutrientes para manter sua composição e vida.

Desempenho Nutricional em Frangos de Corte

250

200
Gramas/ dia

150 Ganho g/dia


100 Consumo g/dia

50

0
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
Idade ( dias)

Figura. Desempenho Nutricional de Frangos de Corte

Tendo em vista que o maior gasto na criação de animais refere-se a alimentação, os


estudos busca abater os animais quando eles terminam a fase de desenvolvimento muscular
e inicia o desenvolvimento do tecido adiposo, onde a parti de então a eficiência alimenta
tende a reduzir a níveis anti-econômicos, pois já não tem eficiência considerável para
48
crescimento e necessitarão de muito alimento para produzir pequenas quantidade de massa
corporal

Eficiência alimentar em funcão da Idade/PesoVivo

100
90
Eficiência Alimentar

80
70
60
50
40
30
20
10
0
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
Idade (dias) Idade (dias)

Eficiência Alimentar Ganho/Consumo*100

Figura. Relação entre Tamanho e Precocidade

Estes conhecimentos preliminares são muito valiosos para o entendimento científico


da exploração dos animais produtores de carne ou leite, independente da espécie.

49
Curva média de crescimento das principais espécie de peixes comerciais

50
4.1.4. Locomoção

Ultimamente, o estudo da locomoção tem sido mais considerado, sobretudo em


decorrência dos esportes hípicos nos tempos atuais.
A locomoção, conseqüência da movimentação do organismo animal é uma troca do
estado de equilíbrio provocada de maneira deliberada, cuja regulação e duração determinam
as formas de progressão.
De maneira simples, pode se definir a locomoção, como: ato ou faculdade de
transladar-se de um lugar para outro em progressão contínua, partindo de uma postura
inicial de equilíbrio.
Entre as diversas espécies animais, o cavalo, tem sido aquela que despertou maior
interesse no estudo da função locomotora, evidenciando características que tornarão esta
espécie o protótipo de utilização racional dos movimentos e, consequentemente, da sua
potencia motora. Partindo deste conhecimento, têm-se feito as devidas comparações para o
melhor entendimento de outras espécies, como o jumento, o burro, bois, búfalos, cães, entre
outros.
A locomoção requer atividades coordenadas e integradas de muitos sistemas,
solicitando a interveniência de vários órgãos bob o comando do sistema nervoso central.
Os seguimentos envolvidos na locomoção estão agrupados em: Ativos e Passivos.
Os ativos são referentes à musculatura, que constitui a base funcional das atividades
locomotoras, pois são os músculos que provocam os movimentos orgânicos e espaciais,
atendem as solicitações para flexão, extensões e aduções de acordo com suas
especializações.
Os passivos são os ossos e suas ligações, cartilagens, bainhas tendinosas, bolsas
sinoviais e tendões. Os ossos, no conjunto, constituem o principal componente; permitem a
resistência à tração e à pressão, formado, por intermédio do esqueleto, uma estrutura
estável, que vem facilitar a força da muscular durante os movimentos.
Grande parte dos conhecimentos da atividade locomotora está voltada para estudo
das peculiaridades e características próprias de cada tecido, de maneira a ter uma
fundamentação biológica para o estudo da mecânica dos movimentos.
Quando em repouso, os animais têm somente que enfrentar o equilíbrio entre a força
da gravidade e seu posicionamento, durante a movimentação, têm que harmonizar a força
vertical com a horizontal (ou propulsiva e ainda forças de lateralidade, cujo conjunto em
harmonia provoca a locomoção. Vale salientar que nesse conjunto de forças, devem ser
considerados a morfologia e o peso corporal, tamanho do pescoço, da cabeça e da calda,
destacando-se, no conjunto, os membros.
A dinâmica corporal representa os chamados movimentos locais e com
deslocamento. Os movimentos locais são aqueles que não aparecem na locomoção,
portanto sem deslocamento, como: Decubitar, levantar e escoicear. Os movimentos com
deslocamento constituem o próprio ato da locomoção, engloba todo um processo dinâmico,
ou seja, a andadura, cuja posição, elevação, lançamento, apoio e resistência dos membros
envolvem comprometimento da cintura pélvica, cintura escapular e coluna vertebral,
provocando o deslocamento do cento da massa corporal e, consequentemente do
gravitacional, gerando as diversas formas de deslocamento. Constitui, este deslocamento, o
passo (rápido, comum, reduzido e de carga), o trote (curto, médio e de corrida), o galope
(curto, médio e de corrida), e a marcha (meia marcha e marcha rápida). Existem, ainda, os
movimentos espaciais, como recuar, saltar, escalar, e nadar.

51
Figuras. Cavalos em Locomoção

Figura. Estrutura do Equino, Suíno e Bovinos

4.2. Classificação das Utilidades

Ao serem considerados as atividades fisiológicas aproveitáveis na produção animal,


bem como o destino do produto, podemos classificá-las em:

 Produção de alimentos;
 Produção de derivados não comestíveis;
 Alimentos para animais;
 Trabalho e esporte;
 Elemento científico;
 Elemento decorativo e de companhia

52
4.2.1. Produção de alimentos

A necessidade vital do homem nas suas etapas primitivas fez com que os alimentos
fossem procurados dentro do seu próprio meio e, como vimos, os animais caçados
constituíram um fator por demais importante nos elos evolutivos da espécie humana.

Carne, Vísceras e Toucinhos: Incontestavelmente, o homem, no seu estágio inicial,


comia a carcaça e as vísceras dos animais abatidos, crus ou putrefados, sem nenhum
artifício, inclusive o da cocção, o qual só apareceu depois da descoberta do fogo. A
necessidade de manter a vida útil dos alimentos, preservando-os contra as alterações
provocadas por agentes químicos, físicos e biológicos, e sua conseqüente deteriorização,
levou o homem a ser instalado a desenvolver técnicas simples, como a salga, até os mais
sofisticados, como a liofilização.
São considerados carnes as massas musculares dos animais abatidos os pescados,
abrangendo mamíferos, répteis, aves e peixes. As vísceras são definidas genericamente
como os órgãos internos com características comestíveis, excetuando-se as glândulas
apoterápicas, principalmente, e suas coleções de secreções. O toucinho é constituído pelo
panículo adiposo subcutâneo dos animais.
As carnes, vísceras e toucinhos são considerados resfriados, quando mantidos em
torno de 0°C, enquanto só serão considerados congelados quando mantidos a temperaturas
inferiores a 10°C. Carnes, vísceras e toucinhos salgados são produzidos devido a uma
técnica muito antiga pela intervenção do cloreto de sódio que, ao absorver a água, provoca a
desidratação parcial dos tecidos. Quando submetido a processos físicos, como o calor (sol
ou estufa), e mesmo com prensagem final, considera-se que são produtos desidratados. A
defumação é um processo em que o calor produzido de madeiras especiais (nunca
resinosas), além da desidratação, impregnam os tecidos de odores característicos. A
produção de enlatados é uma conseqüência da esterilização, à vácuo, de carne em geral,
acondicionadas em recipientes próprios já destinados diretamente à comercialização.

Carne

Carcaça de Ovinos

53
Principais Cortes da Carcaça de Ovinos/ Caprinos

Carcaça de Bovino Carte bovino-Picanha

54
Carne de Frango e seus Cortes e aproveitamento comerciai

Carne e os principais cortes de Suínos

55
Carne de Peru

Carne de Jacaré

Carne de Rã Rã pronta para consumo

Peixe Pintado Peixe pronto para consumo

Vísceras

56
Toucinho

Toucinho de Porco

Derivados da Carne: Material resultante do aproveitamento final de carne, vísceras,


gorduras e aponeuroses, miscigenados ou não (inclusive com o uso de condimentos),
recipientes de vidro, bisnagas e laterais, defumados ou esterilizados à vácuo ou liofilizados,
sempre destinados à alimentação humana. Aqui são classificados os embutidos, patas,
enlatados diversos, banhas, óleos de mocotó, bem como vergas, tendões e medulas
transformadas em gelatina comestível.

Lingüiça Polpa de carne Peixe defumado

57
Leites: Definido como o produto proveniente da ordenha de animais de exploração
láctea e obtido após a fase colostral. O leite, para ser mantido na sua integridade biológica,
deve e pode ser submetido a um dos inúmeros processos de conservação existentes, como:
pasteurização (quando submetidos a temperaturas de 72°C por 20 minutos, provocando a
eliminação da flora bacteriana termolábel, principalmente a patogênica), esterilização
(quando a temperatura é elevada a 142°C, ficando exposto por apenas 2 a 4 segundos, é
eliminado toda flora do leite), condensado (quando parcialmente desidratado, ao qual é
adicionado açúcar), fermentado (quando a ele são juntados germes pré-selecionados e
cultivados em laboratório, tendo sido anteriormente pasteurizado, podendo, neste caso, ser
a ele acondicionados materiais que alterem o seu sabor), em pó ou desidratado (quando a
água é retirada na sua quase totalidade por processo industrial de temperatura elevada e
vácuo intenso.

Derivados do Leite: Subprodutos resultantes do aproveitamento parcial e da


decomposição dos integrantes do leite, destacando-se: creme (o resultado da retirada da
parte sólida, composta por gordura e proteínas), manteiga (obtida da parte gorda do leite),
queijo e caseína (obtidos da matéria protéica, resultando uma parte líquida, o soro, ao qual
pode ser juntado ao soro obtido do creme, formando a ricota.

58
Queijos do Leite de Cabras

Ovos: São considerados, genericamente, os de galinha, podendo ser comercializados


os de outras aves domésticas, como codornas, cocar, patos, marrecos. Independente de sua
classificação pelo peso, podem ser consumidos frescos, refrigerados e transformados em
conservas pela desidratação, salga ou transformação em pastas.

Ovos: Galinha e Codorna Ovos de Galinha e de Codorna embalados

Mel e correlatas: Retirado de insetos da família Apidae, criados especialmente para


essa finalidade, é classificado de acordo com a sua coloração, sendo comercializados
naturais, ou após centrifugação ou prensagem.

Favo de Mel Mel em embalagens

4.2.2. Produção de derivados não comestíveis

Quase todos eles obtidos como subprodutos de matadouros, são destinados ao


preparo de material não reservado à alimentação humana ou mesmo animal

59
Seda: Produto obtido do casulo de inseto do bicho-da-seda, com ampla utilização na
indústria de confecções.

Lã, Pêlos, Cerdas e Crinas: À exceção da Lã de carneiros, cabras e coelhos criados com
esta finalidade, são recolhidos após o abate dos animais e submetidos ao tratamento de
lavagem e reservados para inúmeras finalidades industriais, como: colchões, colchas,
pincéis, etc.

Lã de Ovinos Abatidos Lã de animais Tosquiados

Roupas e Casacos de Lã de Ovinos


Chifres e Cascos: Materiais formados de tecidos córneos utilizados para artesanatos (ex.
berrante) ou após submetê-los ao fogo são triturados para formação de adubos.

Peles e Couro: Conceitua-se pele como sendo o resultado da esfola do animal, logo
após o abate (pele fresca, salgada e/ou seca), e entende-se como couro a pele que sofreu
tratamento especial, curtimento e outras técnicas conforme demanda industrial.

60
A pele e vendidas para curtumes, que trabalham e retiram o couro para vender para
empresas especializadas em produzir diferentes produtos à base de couro

Pele de Caprinos

Chapéu Cinto Calcados (Butina)

Arréio / Sela Bolsas

61
Couro de Jacaré e Bota feita do seu couro

Couro de Avestruz e Bota de Couro de Bovino e Avestruz

Couro de Tilápia Couro de Tambaqui

Gorduras não comestíveis: Obtida após a fusão de partes de tecido não destinado à
alimentação, chamados genericamente de sebos e graxas.

Penas e Plumas: Recolhidas em matadouro de aves, geralmente são transformadas


em farinha para adubo, ou na confecção de espanadores, colchões e travesseiros, enquanto
outras como as de Pavões, Faisões, Perus, Avestruzes, podem ser destinado à indústria de
confecções (Ex. Trajes do carnaval – Rio e SP).

62
Pena de Faisões

Bile e Cálculos Biliares: Também subproduto da matança, tem larga aplicação na


indústria farmacêutica, de cosméticos (como fixadores de perfumes) e na química em geral,
aproveitados, inclusive, na confecção de vernizes e lacas especiais.

Produtos Opoterápicos: Empregados largamente na indústria farmacêutica, obtidos


de animais abatidos e retirados em condições muito especiais, dos quais são aproveitados
desde o a pele de rã, plasma sanguíneo (soro antiofídico), bem como tireóide, supra-renais,
pâncreas, hipófise, testículos e ovários, cuja aplicação farmacêutica (hormônios) e
facilmente identificável.

Enxertia com pele de rã

Adubo orgânico: Resultante do aproveitamento dos excretos naturalmente


recolhidos, a ele pode ser juntados vários resíduos de matadouros que se prestem para tal,
havendo, muitas vezes, necessidade de tratamento industrial.

4.2.3. Alimentos para animais

Sempre subprodutos, principalmente da indústria de carne que, completamente


processados, destinal- se a alimentação animal. Neste caso são consideradas as farinhas
de carne, de sangue, de ossos e a tancage (a qual é o conjunto dos resíduos das demais).
Acrescenta na indústria de leite, o soro integral e o soro do leite em pó, e a raspa do leite em
pó.

Farinha de Carne e Ossos de Aves Farinha de Peixes

4.2.4. Trabalho e Esporte

São inúmeros os animais dos quais é aproveitada a força motriz (a expressão


utilizada é mecânica – cavalo de força – tem aqui sua origem). Pode se situar em animais de
carga, de tração, de sela, ou juntando todas estas situações em uma única, da qual o cavalo
63
sempre representa a melhor imagem. A guarda e o aproveitamento do faro dos cães é uma
utilidade muito explorada. Dentro desta mesma linha, podemos considerar os animais dos
quais o homem aproveita sua força, agilidade, e inteligência para promover em esportes ou
entretendimentos. Outra forma muito utilizada no cães, principalmente em criações, de
ovinos como cães pastores, e de bovinos, cães são muito utilizados para manejo do gado.

Burro Apicultor Burro Garimpeiro

Cavalo de Tração Boi de Tração

Cão Pastor Gato controlando (predador) ratos

4.2.5. Elemento científico

Trata-se de uma forma de serviços prestados a humanidade por intermédio da ciência


e da tecnologia, em que o coelho e a cobaia se destaca como animais que são utilizados
largamente em pesquisas laboratoriais, visando o desenvolvimento e a preservação da
própria espécie humana. Neste grupo podem ser nominadas, também, inúmeras espécies
selvagens, criadas com o mesmo objetivo.

64
4.2.6. Elemento decorativo e de companhia

Não considerados como de exploração econômica, entretanto, de comercialização


muito proveitosa. São criados com esse objetivo principalmente aves, como o pavão, o cisne
e certas raças de galinhas, bem como o gato e o cão. Os cães guias de cegos são
utilíssimos, não só como animais de companhia, sobre tudo pelo serviço a que são
destinados. Também podemos citar os gatos que além de servir de companhia, tem função
de controlar ratos. Outra modalidade de criação que tem se destacado é a criação de peixes
ornamentais, principalmente consorciados com algumas aves, em diversos ambientes,
especialmente bosques, parques, entre outros.

Casal de Pavões Casal de Cisne Casal de Faisões . .....Ganso

Cães e Gatos Peixes ornamentais

65
5. FATORES LIMITANTES À PRODUÇÃO ANIMAL

A produção animal depende de vários fatores, podendo ser simplificado em dois


grandes fatores, o genético e o ambiental (meio ambiente em que vive o animal), sendo
que qualquer um destes fatores pode limitar o desempenho produtivo do animal.

PRODUÇÃO = (GENÓTIPO + AMBIENTE)



FENÓTIPO

O fenótipo é a expressão do potencial genético, ou seja, são todas as características


visíveis, palpáveis e mensuráveis no animal, formado através da união do genótipo com o
ambiente.
Sendo que o genótipo, ou seja, a carga genética do animal é puramente hereditária e
o meio ambiente o grande responsável pela resposta de como será o animal.
Podemos dizer que o meio ambiente é um dos grandes responsáveis pela
produtividade animal, pois, aliado à herança genética (genótipo), expressa no fenótipo
(morfologia externa) do indivíduo seu potencial genético de produção.

FENÓTIPO = POTENCIAL GENÉTICO (GENÓTIPO) + AMBIENTE

5.1. Genético

E notável, que a maior evolução e melhoramento na criação de animais ocorreram


nas regiões temperadas, destacando a Europa e E.U.A, e quando estes animais foram
transferidos para as regiões tropicais, apresentaram menor capacidade produtiva que
animais existentes nos trópicos, que mesmo sendo menos produtivo foram ao longo do
tempo adaptados a produzir sob condições limitantes, por isso, procuraram-se melhorar os
índices zootécnicos dos animais nos trópicos, principalmente com a introdução de raças de
clima temperado para serem criadas puras e passando por um processo de aclimatação ou
mesmo sendo utilizados em cruzamentos com os animais nativos e adaptados.

66
Alguns destes animais, por terem sido selecionados e melhorados em regiões
temperadas, sentiram muita dificuldade de se aclimatarem nos trópicos, resultando em
mortes ou redução drástica na produção em função dos rigores climáticos, e como
modificavam sua capacidade produtiva ao longo do tempo devido à aclimatação adaptativa
foram sendo selecionados os indivíduos mais produtivos.
Estas modificações produtivas influenciadas pelo ambiente passaram a serem
estudadas, por pesquisadores e cientistas, na Bioclimatologia e Melhoramento Genético
Animal.
Produtividade x Adaptabilidade (Resistência e Rusticidade)

Figura. Nível de produção de duas raças em diferentes ambientes

Figura. Progresso Genético

67
5.2. Ambiente – Situação de criação de animais nos trópicos

McDowell (1972) publicou que no geral, as melhores condições para a criação dos
animais homeotérmicos adultos seria a de uma temperatura (amena) entre 13 -18ºC; uma
umidade relativa de 60 a 70%; a velocidade do vento de 5 a 8 Km/h e a radiação solar com
incidências das encontradas na primavera e no outono (conforto térmico); solos férteis (boa
produção de alimentos), sem parasitos e bactérias patogênicas (animais saudáveis) ().
Estas condições são praticamente impossíveis de acontecer em climas tropicais,
obrigando o homem a evoluir e ter maior responsabilidade direta sobre os animais e
principalmente nas conseqüências mais acentuada nas criações mais tecnificada (sistemas
intensivos), principalmente relacionados a três fatores ambientais que merece destaque, ou
seja, instalação (conforto), alimentação e sanidade.
Neste contexto, o conhecimento de outras ciências, como o meio ambiente,
especialmente a geografia interagindo com a biologia, química e física, tem permitido o
homem aplicar técnicas que melhora a resposta dos animais nos trópicos. Melhorando o
desempenho significativamente à medida que melhora as condições ambientais.

 Instalações – As instalações destinadas ao abrigo dos animais de criação devem ser


construídas (↓) para diminuir os efeitos das variações ambientais, facilitando as ações das
atividades fisiológicas em função do bem estar dos animais.
 Alimentação – Alimentos em quantidade e qualidade são extremamente importantes
aos animais. Como a produção é variável e sazonal, faz necessários a produção,
conservação e armazenamento de alimentos para período de escassez. Além da
suplementação mineral.
 Saúde – Grande parte das enfermidades que acometem os animais é perfeitamente
controlável pela ação do homem, através de melhorias no ambiente de criação e adequando
as condições de maneira preventiva.

5.3. Interação: Solo-Clima- Planta-Animal-Homem

O solo, interagindo com o clima, permite o desenvolvimento vegetal que certas


espécies animais utilizam como fonte alimentar. Essas reações em cadeia se interagem
sucessivamente devendo ser estendida para incluir o homem. Este, ultimamente, tem
demonstrado sua particular capacidade intelectual não só de explorar como também de
controlar, pelo menos parcialmente, o seu ambiente.
A temperatura, umidade relativa a níveis de radiação solar, predominantes nas
latitudes tropicais, geralmente estão acima da faixa ideal de conforto para a ótima eficiência
do desempenho animal, no entanto apresenta condições favoráveis para desenvolvimento
dos principais vegetais utilizados como alimento para os animais e/ou para o homem. Em
virtude disso, buscam-se caminhos de modificar o impacto do meio sobre as atividades
zootécnicas e com a potencialização da produção de alimentos (forragem, grão/cereais).
Daí a compreensão do modo pelo quais os diversos fatores do meio físico influem
sobre o animal, tanto direta como indiretamente através de suas interações, é de extrema
importância.

Exemplos:

68
6. MELHORAMENTO GENÉTICO BÁSICO

FENÓTIPO = POTENCIAL GENÉTICO (GENÓTIPO) + AMBIENTE

Estes fatores limitantes de produção são fundamentais a criação de animais, sendo


que neste tópico abordaremos alguns conhecimentos sobre a origem dos genes dos
animais, e a transmissão destes genes através da reprodução e os resultados expressos em
índices zootécnicos e no exterior dos animais, no qual são importantes ferramentas no
processo de melhoramento genético animal.
É importante relembrar que o corpo de um animal (indivíduo), é um conjunto de
sistema, formado por vários órgãos, que é constituído de tecidos, que são compostos por um
gigantesco número de células vivas, microscópica, cada uma dessa célula possui em seu
interior um núcleo, no qual está o DNA, que é uma estrutura onde o código genético do
animal está armazenado, o gene.

Gene – Célula – Tecido – Órgão – Sistema – Indivíduo


Neste código está cifrada de forma muito complexa informações sobre a constituição
física que vão determinar maior ou menor capacidade de crescer, engordar, reproduzir ou
produzir leite. Todos os animais têm o código armazenado em todas as suas células.
O óvulo que é a célula reprodutiva da fêmea carrega em seu interior as informações
genéticas materna. O espermatozóide que é a célula reprodutiva do macho carrega em seu
interior as informações genéticas paterna.

Quando ocorre o acasalamento entre o reprodutor e a matriz há uma combinação dos


códigos dos dois animais na formação do novo indivíduo, nessa concepção metade das
informações genéticas da mãe se combina com metade do pai, misturando (fusão) suas
características.

69
ou

O ovo formado na concepção tem o núcleo com os genes do novo ser vivo, ele
começa a se dividir e as células que surge vão se diferenciando, formando novos tecidos
com diferentes funções, até ter um novo ser vivo completo. Cada célula desses tecidos
contém uma cópia do DNA no seu núcleo.

O animal formado herdou característica da mãe e do pai que se recombinaram, e


podem ter herdado boa conformação física, e também maior capacidade de engorda, pode
inclusive ter herdade a capacidade de transmitir a seus descendentes mais capacidade de
engorda.
Neste contexto é importante entender dois conceitos fundamentais:
Raça - Segundo Kronacher, raça é um conjunto de animais da mesma espécie, em função
da origem apresentam caracteres morfológicos, fisiológicos e econômicos semelhantes.
Diferindo dos demais indivíduos da espécie, e que em idênticas condições de meio são
capazes de gerar filhos iguais ou parecidos (características hereditárias), tanto em seu
aspecto externo como em suas funções orgânicas que permitem separá-los dos demais
indivíduos da mesma espécie.
Cruzamento - Do ponto de vista do melhoramento genético, cruzamento refere-se ao
acasalamento de animais pertencentes a raças diferentes. Os produtos de cruzamentos
denominam-se mestiços ou cruzados (F1) e os acasalamentos entre mestiços chama-se
mestiçagem.
Caso o acasalamento seja de animais pertencentes à mesma raça, as crias
obrigatoriamente deverão ser semelhantes a raça dos pais. No entanto se acasalarem
animais de raças diferentes, e devido à mistura dos genes, as crias poderão sair com
características morfológicas, fisiológicas e econômicas bem diferentes dos pais, podendo ser
mais parecido com um do que o outro.

6.1. Pirâmide Zootécnica

Ao longo dos tempos alguns produtores foram selecionando alguns animais com
características semelhantes (Apuração dos Genes) e formando as raças (Maior homozigose-
AA ou aa), no qual chegou-se a uma diversidade enorme de raças espalhadas por todo o
mundo, onde cada raça tem sua característica que torna adequada a diferentes meios de
produção.
Independente da espécie ou raça, o processo de melhoramento genético têm o
formato de um pirâmide, onde no ápice ficam os animais extremamente selecionados de
uma determinada raça, sendo considerados, animais de elite, e por isso são
supervalorizados, no qual são responsáveis em reproduzir descendentes, que irão cruzar
com animais multiplicadores melhorados, que serão responsáveis por produzir animais que
irão melhorar os rebanhos de menor valor comercial. No qual são os chamados de rebanho
comercial, destinados a produzir alimentos à população em geral, e por estar na base da
pirâmide, torna-se o grande responsável por toda estruturação da pirâmide genética, com

70
reflexo direto em toda cadeia produtiva que pertence a espécie, tipo ou raça, Variedade,
Linhagem.
Ex. Espécie Tipo Raça Variedade Linhagem
↓ ↓ ↓ ↓ ↓
Ex. Bovina Corte Nelore Mocha Big Ben
Ex.: Bovina Leite Holandesa Malhada de Preto Mimosa
Ex.: Ovino Carne Santa Inês Mick Tyson
Ex.: Ovino Lã Merino Australiano Filler
Ex.: Aves Carne
Ex.: Ave..................Postura
Ex.: Suíno Carne
Ex.:Suíno...............Banha

É importante destaca que o processo de melhoramento genético é contínuo, pois o


rebanho considerado elite no momento, já foi um rebanho comercial, de baixo desempenho,
e aos poucos foram surgindo animais com desempenho superiores, atingindo status de
multiplicados de menor desempenho, no qual foram selecionados até tornarem
multiplicadores superiores, que ao realizar maior pressão, extrai indivíduos de alto
desempenho, sendo considerado elite, no qual pode ser cruzado com animais elite
superiores, melhorando mais os seus descendentes. Esse processo é contínuo e as vezes
muito demorado, mas a medida que realiza a pressão de seleção, consequentemente
aumenta seu valor no mercado.

Figura. Pirâmide dos rebanhos de elite, multiplicadores, comercial.

71
6.2. Melhoramento Genético

O objetivo do melhoramento é conseguir fazer que os animais de um rebanho tenham


cada vez mais características positivas de produção. Podendo adquirir através de técnicas
que vão interferir no processo de reprodução, em especial na escolha dos reprodutores.
Para que ao longo do tempo as características positivas sejam maiores que as negativas.
Estas técnicas basicamente consistem na identificação dos melhores indivíduos,
determinarem a taxa de utilização desses indivíduos dentro da população de forma a
aumentar à freqüência dos genes favoráveis a produção, afim de que a partir de gerações
em gerações vai acorrendo um ganho genético nos descendentes, refletindo posteriormente
em produtividade.
Em toda propriedade ou plantel, existe animais que se destacam, sistematicamente
apresentam mais férteis, e se desenvolvem mais que outros em um mesmo manejo e
ambiente. Por outro lado existem animais que se comportam exatamente o contrário, anos
após anos são exatamente os menos produtivos, apesar de receber o mesmo manejo e
condições ambientais que os mais produtivos. Isso se deve a constituição física dos animais
que está diretamente relacionado à sua genética.

6.2.1. Seleção

Seleção é o processo no qual um determinado indivíduo de uma população é


escolhido para produzirem descendentes. Ou seja, selecionar é identificar, classificar,
descartar os piores animais e/ou manter os melhores.
Pode-se observar que podemos realizar a seleção de forma direta ou indireta:
Seleção direta - onde escolhemos os melhores e descartamos os piores.
Seleção indireta – onde escolhemos os piores para descartar e consequentemente ficarão
os melhores.
Ex.: No lote têm 100 animais
Quero comprar 10 animais–Seleciono 10 animais, então indiretamente descartei 90 animais.
Quero comprar 90 animais–Descarto 10 animais, então indiretamente selecionei 90 animais.

No entanto a seleção deve ser baseada em parâmetros zootécnicos, no qual


diferentes critérios são observados e utilizados. Estes critérios são variados em função da
pressão de seleção e dos objetivos que deseja obter.
A pressão de seleção deve ser maior na parte superior à inferior da pirâmide genética.
Além de ser maior nos machos (pois têm maior capacidade de deixar descendentes).

Parâmetros Zootécnicos

Os processos de seleção para promover o melhoramento genético deve ser baseada


em parâmetros zootécnicos, no qual podemos utilizar da simples escolha do animal pela sua
aparência externa ou principalmente pelos resultados zootécnicos, que também
denominamos de índices zootécnicos.
O estudo do exterior e o julgamento são baseados no fato de que há uma correlação
entre a forma e a função nas diversas classes de animais domésticos. Este ponto de vista é
aceito pelos selecionadores do passado, serviu de base para a seleção fenotípica.
A escolha dos animais domésticos, com base na forma e aparência, tem sido utilizada
a centenas de anos. O conjunto de característica externa dos animais, próprias de cada
raça, levou o estabelecimento de padrões raciais à instituições de registros genealógicos,
através das associações de raças, que se encarregam de preservar e melhorar tais
72
características, procurando ajustá-la às tendências funcionais e de mercado, de cada uma
das raças, através dos registros seletivos.
A seleção genealógica, posteriormente, desempenhou importante papel uniformizador
e fixador, especialmente depois que a produção consangüínea passou a ser empregada
intensivamente.
Genealogia
Linhagem Paterna Indivíduo Linhagem Materna
Tetravós Trizavós Bisavós Avós Pai Filho Mãe Avós Bisavós Trizavós Tetravós
Participação da composisão sanguínea (Genética)
3,13% 6,25% 12,5% 25% 50% 100% 50% 25% 12,5% 6,25% 3,13%
Indivíduos na Geração por Linhagem
16 8 4 2 1 1 2 4 8 16
50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00% 50,00%
Quadro Genealógico

Na 5ªGeração os animais são considerados puros (31/32), pois sua composição sanguínea já está muito
próxima dos 100%

73
A seleção genotípica, mais tarde ainda, promoveu um melhoramento genético mais
rápido e seguro, alicerçada em novos conhecimentos a respeito da herdabilidade e em mais
eficientes meios de verificação da produção, como controle leiteiro, além da prova de
progênie, e provas zootécnicas.
As características econômicas dos animais domésticos são de natureza poligênica,
isto é, são controladas por um grande número de pares de genes que afetam a expressão
destas características. Assim sendo os indivíduos são avaliados pelos seus fenótipos, no
caso, por qualquer característica que podem ser observadas ou mensuradas.
Para que os genes possam provocar o desenvolvimento de uma característica, é
necessário que disponham de ambiente adequado. Por outro lado, as modificações que o
ambiente pode causar no desenvolvimento de uma característica são limitadas pelo genótipo
do indivíduo. No entanto, e preciso reconhecer que a variabilidade observada em algumas
características pode ser causada pelas diferenças gênicas entre os indivíduos. Por isso é
que quando numa pista de julgamento, deve-se dar preferência para o animal com melhor
desempenho em relação aos seus contemporâneos, seja no controle de desenvolvimento
ponderal, conformação muscular e/ou controle leiteiro, pois como não há maneiras de se
comparar os meios a que todos os concorrentes estavam expostos, tem-se a certeza de que
o animal que apresentou os melhores índices teve maior expressão genética das
características avaliadas naquele momento, traduzidas pelo fenótipo apresentado.
È verdade que, muitas vezes a conformação e a capacidade de produção herdam
independente; não é raro encontrarem-se animais bem conformados e com baixa produção
e vice-versa. Todavia, a seleção contínua e racional, o acasalamento de bem conformado
com bons produtores, através de gerações de descendentes, assim como a constante
eliminação de indesejáveis, torna sempre maior a correlação entre a forma e função, dentro
das raças especializadas.

Seleção pela avaliação do exterior e/ou tipo (forma e função)

Está forma de seleção está muito relacionada às características das diferentes raças
e da finalidade da exploração. Onde, dizemos que Tipo é a soma de característica
morfológica (exterior) que indica a função econômica predominante desempenhada pelo
animal (produtivo, racial, sexual).
É o ramo da zootecnia que estuda a conformação externa dos animais domésticos,
apreciando as belezas e defeitos, para a conseqüente avaliação do mérito de cada
indivíduo. Podendo também definir como estudo da morfologia externa dos animais em
função de suas atividades econômicas. Para esse estudo se requerem noções gerais de
Anatomia e Fisiologia.
A apreciação dos animais com base no seu exterior se apóia na existência de uma
associação entre a forma do indivíduo e a função por ele desempenhada. Essa correlação
entre forma e função resulta em última análise no tipo.
Está técnica muito utilizada no dia-a-dia têm muita importância prática, pois nem
sempre é possível ter dados que comprove a eficiência de um ou outro animal, mas dá uma
noção do potencial do animal, por isso interessa principalmente no ponto de vista do
melhoramento do rebanho. Só se pode melhorar alguma coisa quando se conhece bem.
Permitir identificar e característica racial dos animais e reconhecer os atributos morfológicos
de importância econômica. Sendo muito utilizado nas transações comerciais. Pois, toda vez
que o animal é comprado ou vendido entra em cena o seu julgamento, ou a apreciação dos
seus méritos e especialidade de produção, e com isso a sua valorização.

 Composição Corporal ou do Peso (Osso/Músculo/Gordura)


 Estrutura Óssea e Aprumos;
 Estrutura Muscular e Distribuição do Peso;
74
 Estrutura das Glândulas Mamárias; Aparelho reprodutor (Masculino e Feminino)
 Estrutura e Coloração da Pele, Pêlos, Lã, Penas;
 Característica adaptativa ao ambiente;
 Características comportamentais (etológicas): Docilidade, Ausência de Vícios

Seleção pela avaliação dos índices zootécnicos


 Relacionados aos aspectos reprodutivos
 Controle da reprodução: Fertilidade; Parição; Intervalo de partos;
 Habilidade materna (Alimentação e/ou Cuidados maternos);
 Prolificidade;
 Taxa de Sobrevivência;
 Idade a primeira reprodução (Cobrição ou Acasalamento/Parto/ Postura); Precocidade
sexual;
 Relacionados ao desempenho produtivo:
 Ganho em Peso, Peso ao Nascer; Peso aos Desmame, Peso ao Abate ou Cobertura;
 Velocidade de ganho em peso até determinada época;
 Produção de Leite por dia ou por lactação;
 Produção de Ovos por ciclo;
 Relacionados ao aspecto sanitário
 Ausência de doenças, principalmente doenças crônicas;
 Resistência a parasitos internos ou externos

Controle do rebanho para registros zootécnicos


Para identificar e avaliar os indivíduos, é fundamental a utilização da escrituração
zootécnica, com a coleta de dados para posteriormente serem analisados detalhadamente.
Para um bom controle é fundamental a identificação individual dos animais, fichas de dados
do indivíduo, entre outros.
Para fêmeas são interessantes os seguintes dados:
Nº do animal
Data de nascimento
Data e peso a desmama
Data e peso na época de cobertura ou inseminação
Data de parto
Outros registros
Para machos são interessantes os seguintes dados:
Nº do animal
Data de nascimento
Data e peso a desmama
Data e peso a puberdade
Data e peso de abate
Com essas informações é possível, verificar a média e conhecer através dos filhos
(as) as melhores matrizes e reprodutores (genitores), e fazer a pressão de seleção que
busque os objetivos de produção do criador.

6.2.2. Cruzamentos zootécnicos

Apesar dos grandes avanços dos últimos anos em novas biotécnicas que, sem
dúvidas, irão contribuir como importantes ferramentas para o melhoramento animal, suas
incorporações ao sistema produtivo são gradativas e geralmente lentas. Além disto, o
desenvolvimento de novas metodologias de avaliação do mérito genético dos animais, o
melhor conhecimento das vantagens e desvantagens de cada raça e os resultados já
alcançados com seleção e cruzamentos indica que esta forma tradicional, utilizando-se ou
75
não ferramentas avançadas, continuará sendo, por bom tempo, meio seguro de se produzir
animais mais produtivos e eficientes, que venham compor sistemas de produção comercial
mais competitivos .
O cruzamento tem sido utilizado em diversas espécies de animais domésticos como
forma de produzir carne, leite ou ovos. É um termo utilizado quando a produção de
determinada geração de indivíduos envolve o acasalamento de duas ou mais raças. O
cruzamento raças de animais explorados economicamente tem como objetivos:
 Apurar uma raça ou formar novas raças (Bimestiço Sintético ou Composto)
 Complementaridade de raças (Produtividade x Adaptabilidade): Complementar uma a
outra (efeito aditivo) – (Combinação de méritos genéticos de diferentes raças em um
único indivíduo);
 Potencializar o desempenho pela heterose ou vigor híbrido (refere-se a superioridade
dos mestiços em relação a média pura de seus pais- A heterose é mais eficiente quanto
maior distância de origem das raças além de ser maior na primeira geração, caindo
pela metade a cada geração);
 Possibilidade de incorporação de material genético desejável de forma rápida;
 Usar machos produtivos e menos adaptados em fêmeas adaptadas e menos produtivas;
 Corrigir manejo e proporcionar maior flexibilidade no sistema de produção

6.2.3. Cruzamento X Seleção

O fato do cruzamento se constituir em uma forma rápida, e muitas vezes econômica,


de produzir comercialmente, não elimina a necessidade, nem diminui a importância, da
seleção como método de melhoramento genético a ser realizado concomitantemente. Pois,
as raças puras melhoradas são, na verdade, elementos fundamentais ao sucesso do
cruzamento. E a seleção, além de fundamental na melhoria das raças puras, tem de ser
componente essencial em um programa de cruzamentos. Onde os cruzamento sem seleção
resultará em vantagens facilmente superáveis pela seleção em raça pura

DESEMPENHO X TEMPO
Tendências de desempenho em populações puras e mestiças relacionadas ou não e,
a combinação de cruzamentos e seleção após o nível inicial de heterose ter sido atingido
pelo cruzamento.

Adaptado de Warwick & Legates (1979).

76
6.3. Sistema de Cruzamentos

Sistema
de
acasalamento

Simples Alternados
ou e/ou Absorventes
Industrial Triplo

6.3.1. Cruzamento absorvente

Cruzamento Absorvente da Raça

♀ B X ♂ A

♀½ A X ♂A

♀¾ A X ♂A

♀ 7/8 A X ♂ A

♀ 15/16 A X ♂ A

♀ 31/32 PC (Puro por Cruza)

Objetivo principal: Apurar uma raça para formar um plantel com menor custo inicial

77
6.3.2. Cruzamento Simples ou Industrial

A (100%) x B (100)

Mestiço (F1)
( ½ A-50% + ½ B-50%)

Objetivos principais: Complementação de


Raças e Ganho em Heterose
Relação- Produtivo X Adaptado
Mito Exigente X Menos exigente
Mais Sensível X Mais Rústico

6.3.3. Cruzamento Triplo ou Tri-Cross

A (100%) x B (100%)

Mestiço (F1) x C
( ½ A-50% + ½ B-50%) x C -100%

Mestiço (F2) ou Tri cross
(¼ A-25% + ¼ B-25% + ½ C-50%)

Complementara raças com a união das característica de mais de duas raças em um animal
e manter a heterose elevada
Exemplo:
Vaca comum – Touro Holandês – Touro Gir (Geração 0)
– Touro Jersey
50 %

(Geração 1)
50 %
25 %

(Geração 2)

50% 25%
12,5%
(Geração 3)

78
6.3.4. Cruzamento Alternado

Forma uma Raça Sintética ou Alternar as raças para manter a relação entre Produtividade x
Adaptabilidade

Período possível para sair de um rebanho Comum e chegar a um rebanho Puro por Cruza
Depende do Ciclo reprodutivo de Cada Espécie

Exemplo da espécie Ovina


Qual tempo para formar um PC
G (Geração) = IPG (Idade à Primeira Gestação) + PG (Período de Gestação)

G1=5m G1=5m

G 2 = 12 + 5 = 17 m G 2 = 10 + 5 = 15 m

G 3 = 12 + 5 = 17 m G 3 = 10 + 5 = 15 m

G 4 = 12 + 5 = 17 m G 4 = 10 + 5 = 15 m

G 5 = 12 + 5 = 17 m G 5 = 10 + 5 = 15m

PC= 73 m / 12 m = 6 PC= 65 m / 12m = 5.4

79
Exemplo com Bovino

Exemplo com Suínos

Exemplo de Aves

80
7. BIOCLIMATOLOGIA APLICADA A PRODUÇÃO ANIMAL

7.1. Conceitos Sobre Bioclimatologia

Bioclimatologia é a ciência que estuda a influência do ambiente (efeito do clima) sobre


a produção animal. Tornando-se importante em função do ambiente influir na reprodução,
ganho em peso, produção de leite, lã e ovos. Esta influência é mais marcante quando a
produção animal é feita em ambientes naturais, sobretudo em pastagens (a campo) na
produção de herbívoros. E em ambientes artificiais mais modernos.
Segundo, Baccari Junior (1986) é o ramo da climatologia e da ecologia que trata dos
efeitos do ambiente físico sobre os organismos.
Titto (1998) diz que é uma ciência que busca entender as relações entre os
elementos climáticos e a fisiologia animal, para buscar superação de barreiras
(limitações) imposta pelo meio ambiente sobre a expressão do potencial genético dos
animais vivos.
Pereira (2005) relata que é uma ciência multidisciplinar que visa vincular o clima e
seus elementos físicos com o bem estar animal na perspectiva de oferecer condições de
conforto ambiental capazes de permitir a expressão plena do genótipo.
MacDowell sugere que seja o estudo das inter-relações das ciências diretas e
indiretas entre o ambiente geofísico e geoquímico da atmosfera e os seres vivos em
geral (animais e plantas). Busca estudar o comportamento dos animais sob as
condições tropicais, elementos e fatores climáticos, que afetam a desempenho dos
animais, buscando sempre possibilitar uma zona de conforto próximo do ótimo para a
criação.
Toda a fauna (animais) da terra está perfeitamente adaptada aos seus ecossistemas
e os animais, quando deslocados do seu habitat para ambientes diferentes, reagem de
forma diversificada nas diferentes espécies. E por buscar de forma econômica e rentável a
exploração dos animais domésticos faz se o uso do conhecimento do problema e das
técnicas que busquem o maior conforto dos animais para uma boa produção.

7.2. Efeitos do Clima

O clima atua sobre os animais de duas formas: direta e indireta. Isso ocorre devido a
ação isolada ou interação dos fatores climáticos que modificam os elementos ou variáveis
climáticas.

Efeito Direto:

Ocorre principalmente pela ação dos elementos climáticos sobre os animais, tais
como, a radiação solar, a temperatura do ar, e a umidade do ar. Esta ação se relaciona
principalmente com as funções orgânicas envolvidas na manutenção da temperatura normal
do corpo e influenciando em todo o metabolismo e fisiologia.

 Radiação - ↑ raios solares ↑ da luminosidade e ↑temperatura ↑estresse térmico.


 Temperatura – É considerada mais importante, sua ação incide de maneira
considerável nos animais homeotérmicos (mamíferos e aves) e pecilotérmicos (peixes,
anfíbios e répteis).

81
 Luminosidade – Importante na influência reprodutiva de algumas espécies
(Fotoperíodo Reprodutivo (Aves, Égua e Ovinos), no Crescimento e Florescimento
Vegetativo.
 Precipitação e Umidade – ↑ Raios solares ↑ Luminosidade ↑ Temperatura e ↑
Evaporação ↑ Umidade ↑ Nuvens ↑ Chuvas.
 Vento – manifestação da atmosfera em movimento. ↑ a perda de calor e melhora a
sensação térmica. Por outro lado, ↑ disseminação de agentes infecciosos e outros
componentes que predispões ao surgimento de doenças, principalmente junto à
poeiras.

Efeito Indireto:

Dá-se através do solo (Fertilidade do solo – Disponibilidade de nutrientes para


desenvolvimento de plantas e pH do solo – Produção ideal próximo à neutralidade (6,0 a
6,5), nos cerrados, geralmente são ácidos (4,0 a 4,5), havendo necessidade de correção) e
a interação do clima para o desenvolvimento da vegetação (alimentos).
Neste aspecto vegetativo, os elementos climáticos mais importantes são a
precipitação/umidade, temperatura e luminosidade, que controla a quantidade e a qualidade
dos alimentos vegetais indispensáveis à nutrição e criação animal.

Além disso, o clima quente e úmido favorece o aparecimento de doenças infecto-


contagiosas e parasitárias (Endoparasitos e Ectoparasitos – ↑ Climas tropicais, ↑ Épocas
de maiores temperaturas e umidades (Chuvas-Primavera/Verão)), que atingem à saúde
animal e, conseqüentemente, o seu desempenho produtivo.

82
A ilustração citada por Muller, Bonsma e McDoweel, na forma de uma “roda de
carreta”, explica melhor a influência dos efeitos diretos e indiretos do clima sobre os animais

Na “Roda de Carreta” de Bonsma, o homem funciona como eixo, o animal como cubo
e o manejo como lubrificante que facilita a rotação do cubo em torno do eixo. O meio
ambiente é representado pelo aro e, os raios, que ligam o cubo ao aro, correspondem aos
diversos elementos ou variáveis ambientais. As interações possíveis entre estes elementos
são representados pelas flechas concêntricas. Nas regiões temperadas as condições
ambientais são consideradas satisfatórias para o desempenho animal, pois as interações
dos elementos climáticos propiciam uma situação de conforto, proporcionando um
funcionamento harmônico da “roda”.
Nas zonas tropicais, a atuação dos elementos climáticos, de forma mais intensa,
isolados ou em interação, faz com que a ação do raio sobre o cubo seja tão forte, que este
se rompe, provocando um desequilíbrio entre o meio ambiente e o animal e, como
conseqüência, uma redução na produtividade e até mesmo, em casos mais graves, a morte
83
do animal. A ilustração mostra, de forma bastante clara, a necessidade de se conhecer os
efeitos diretos e indiretos do clima sobre o animal, para que se possa interferir no meio com
o objetivo de melhorar a desempenho produtivo do animal.

7.3. Por que existem diferentes tipos de climas?

A Terra recebe energia do Sol, na forma de radiação. Nosso planeta é quase esférico,
e a quantidade de luz que recebe depende do ângulo que os raios solares formam com a
superfície da Terra.
O Equador e os Trópicos recebem maior quantidade de luz, por isso são zonas de
clima quente. Ao contrário, as zonas polares recebem muito pouca radiação e por isso são
zonas de clima frio. Entre as zonas tropicais e polares,estão as zona temperada com clima
intermediário.

No Geral, é fácil de observar que quanto mais se distância da linha do equador (maior
latitude), mais a temperatura reduz. Assim, a distinta incidência dos raios solares sobre a
superfície faz com que a Terra apresente cinco zonas climáticas.
Na zona tropical a temperatura é relativamente alta todo o ano; nas zonas polares há
frio em todos os meses do ano; porém, nas zonas temperadas, as mudanças na temperatura
e na duração do dia e das noites são marcantes durantes as diferentes estações. Ou seja,
na zona tropical e polar há pouca variação de TºC, sendo alta em zonas temperadas.

84
Fatores Climáticos: Movimento de Translação e Rotação

A terra executa em torno do sol um movimento de translação, percorrendo uma


trajetória chamada órbita terrestre. Considerando o Sol imóvel no espaço (Galileu Galilei),
verifica-se que a órbita terrestre tem a forma de uma elipse (bola de futebol americano ou
um olho), com o Sol ocupando um dos focos. A terra ocupa uma translação completa com
aproximadamente 365 dias e 6 horas (6 horas/ano x 4 anos = 24 horas = 1 dia- Ano Bisexto-
Fevereiro com 29 dias). Nesse movimento ela ora se aproxima do sol (1º de Janeiro)
denomina-se periélio e o mais afastado (1º de Julho), afélio.

Solstícios: Cada hemisfério recebe o máximo de radiação solar durante seu solstício de
verão. Nesse mesmo dia, o hemisfério oposto recebe o mínimo da sua radiação anual: é o
solstício de inverno.
Equinócios: Ambos os hemisférios, recebem exatamente a mesma radiação nos equinócios
da primavera e do outono.

O eixo de rotação terrestre é inclinado. Por isso, o número de horas de radiação que os
Hemisférios Norte e Sul recebem varia ao longo do ano e isso influencia diretamente e todos
os elementos climáticos.

Figura: - Inclinação dos raios solares mostradas Figura: Iluminação dos pólos. Note que o polo norte
para o início do verão no hemisfério norte e permanece iluminado e o polo sul no escuro, mesmo
início do inverno no hemisfério sul. que a Terra complete uma rotação

85
Estações do ano e seus Elementos Climáticos.

Nas criações deve-se conhecer e estar atentos as estações do ano e às variações dos
elementos ambientais, no qual podemos dividir as estações em:
 Verão(22/12): Solstício de Verão-Dia mais longo do ano:Dia>Noite
 Outono(21/03): Equinócio de Outono-Duração do Dia = Noite
 Inverno(21/06):Solstício de Inverno - Dia mais curto do ano: Dia<Noite
 Primavera (23/09): Equinócio de Primavera-Duração do Dia = Noite

Para facilitar a memorização vamos chama as estações de VOIP – onde podemos recordar
lembrando que na Primavera (Plantamos) os Vegetais (alimento) que desenvolvem muito
neste período, para que no Outono (os animais estejam bem e Gordo e não Fiquem igual um
Palito no Inverno mostrando as costelas, e podendo até Padecer na Primavera causando
Prejuízo ao Produtor,

V O I P verão outono inverno primavera

7.4. Ação da Temperatura nos Animais

Na Bioclimatologia (logia (estudo); climato (do efeito do clima); bio (vida)) aplicada a
Zootecnia a temperatura é o elemento climático de maior influência, no qual discutirmos
mais aprofundado.
MacDowell (1975), informou que a temperatura, a umidade do ar e os níveis de
radiação solar prevalecentes na região inter-tropical, que geralmente são superiores ao ideal
de conforto para a expressão de boa produtividade na criação de animais. Assim, para que
86
se obtenha pleno êxito na criação das espécies domésticas, é necessário que se conheçam
bem as relações entre os animais e o ambiente climático, o que torna a compreensão dos
mecanismos de termorregulação essencial em Zootecnia.

 Homeostasia – Manutenção do equilíbrio físico - químico nos animais

A temperatura (TºC) de um tecido é um dos principais fatores que afetam sua


função.
A função corpórea resulta de processos físico-químicos sensíveis à alteração
na TºC.
Os animais utilizam várias estratégias para regular a TºC de seus tecidos.
Quando a temperatura corporal (TºCC) ↓ muito ↓ processos metabólicos.
Quando a TºCC ↑ muito (38 a 45ºC) ↑ a desnaturação de proteínas.

 Dependo da estratégia para regular a TºCC, os animais são classificados


como Pecilotérmicos e Homeotérmicos

 Pecilotérmicos ou Ectotérmicos

São animais de sangue frio e sua TºCC varia com a do ambiente ;


Peixes em Geral, Anfíbios (Rã) e Répteis (Jacaré, Lagarto, Cobra);
São animais com baixa taxa metabólica com reduzido fluxo energético,
necessitando complemento energético do ambiente, no entanto são animais mais lentos;
Porém, esse fato permite reduzir a taxa metabólica e sobreviver a longos
períodos de escassez de alimentos;
Usam métodos comportamentais para impedir alterações significativas na
TºCC.

 Homeotérmicos ou Endotérmicos

São animais de sangue quente e sua TºCC NÃO varia com a do ambiente;
Os Mamíferos (Homem, Bovinos, Ovinos, Eqüinos, Suínos) e Aves em geral
são exemplos de homeotérmicos;
São animais que apresenta alta taxa metabólica e fluxo energético,
proveniente dos alimentos, o que faz serem animais mais velozes;
Conseguem manter a TºCC constante na presença de alterações
consideráveis da temperatura ambiente, pois possuem mecanismos fisiológicos
controladores;
Embora a manutenção de uma temperatura constante permita que os
mamíferos sobrevivam em uma ampla diversidade de ambiente e permaneça ativo durante
a época fria do ano, isso não é isento de custo, sendo este custo adquirido
basicamente da energia dos alimentos, tornando-os muito mais exigentes em
comparação aos animais pecilotérmicos;
Os homeotérmicos precisam manter um alto índice metabólico para obterem o
calor necessário para manter a temperatura corpórea;
Isso requer um alto consumo de energia e, portanto, a procura quase
constante por alimentos.

87
7.5. Regulação da Temperatura.

Os animais homeotérmicos apresentam variações térmicas na temperatura corporal


(TºCC), pois, está diretamente relacionada com a taxa metabólica, no qual é variável em
diferentes fases fisiológicas no decorrer de sua vida. Ou seja, animais que tão
metabolizando ou produzindo mais, teoricamente tende a apresentar a TºCC mais elevada
Como exemplo, podemos citar diferentes grupos etários, categoria, estágio fisiológico
T°C Corporal
Jovens (Recém-Nascido > Crescimento) > Adultos;
Fêmeas > Machos; Gestantes > Vazias;
Estro > Início da Gestação < Final da Gestação,
Final da Gestação < Parto
Lactação > Secas.

A manutenção da TºCC se efetua, sob controle do SNC, mediante ajustes fisiológicos


e comportamentais, exigindo que a produção e a perda de calor pelo organismo sejam
equivalentes (HARDY, 1981).

 Centro regulador (SNC) - Hipotálamo (termostato normal) ajustado pelas


reações Termogênicas e Termolíticas.
 Através de célula termoreceptora em contato com o meio externo (ambiente), informa ao
centro hipotalâmico, que ativa os órgãos fisiológicos para regular a taxa metabólica e os
mecanismo fisiológicos.

88
7.5.1. Transferência de calor no corpo

Como os tecidos são maus condutores, o calor é transferido mais efetivamente pelo
sangue. O calor produzido principalmente nos músculos é eliminado através da pele e das
vias respiratórias, sendo necessário que seja distribuído pelo corpo.
O sangue capta o calor da parte central do corpo (produzido pelos órgãos ativos) e
transfere para as pares mais frias do corpo (periferia-Tecido epitelial – Pele (externa) e vias
aéreas (interna)).
Mesmo quando a temperatura ambiente está elevada, o fluxo sangüíneo aumenta de
duas formas (1º as arteríodas dos leitos vasculares cutâneos se dilatam, resultando em
aumento do fluxo capilar e 2º Abrem-se a anastomose arteriovenosas dos membros, orelha
e focinho, o que aumenta bastante o fluxo sangüíneo total ao longo do membro, na direção
da temperatura central).
Em caso de estresse pelo frio ocorre um vasoconstrição dos leitos vasculares
cutâneos e fechamento das anastomoses arteriovenosas, de maneira que a temperatura da
pele cai, resultando em menor perda de calor a partir da pele e redução no gradiente das
temperaturas ao longo do membro
A pele é o local de maior perda de calor por transferência para o meio ambiente que
geralmente tem a temperatura inferior a 38°C. O sangue arterial aquecido vai à superfície, é
resfriado e volta ao centro corporal diminuindo a TºC interna.

O aumento do fluxo sangüíneo para a pele eleva a temperatura cutânea e, portanto,


intensifica a perda de calor (Vasodilatação), enquanto uma redução do fluxo sanguíneo
cutâneo diminui a perda de calor (Vasoconstrição).
89
7.5.2. Balança de equilíbrio térmico ou Conforto Térmico

O equilíbrio térmico está relacionado ao que chamamos de conforto térmico e


refere-se à situação em que o balanço térmico é nulo.
A TºCC dos animais deve estar equilibrada para que tenha um melhor conforto
térmico e consequentemente uma melhor produção, para isso deve-se ter um equilíbrio
entre a quantidade de calor produzida e absorvida do ambiente e a quantidade de calor
perdida para o ambiente.

 Termogênese – Produção de calor ou ganho de calor – Endógeno + Exógeno


O calor corpóreo para manter a temperatura provém do metabolismo energético e de
fontes externas.
 Calor endógeno:
Metabolismo (Conversão de Energia química (alimentos) em calórica que é eliminada)
Esforço físico – atividade física – combustão na contração muscular.
Tremores da derme pela musculatura lisa em decorrência da contração muscular.
A energia química consumida (especialmente pela oxidação de gorduras) nos tremores
surge como calor.
 Calor exógeno:
Os animais obtêm calor a partir do ambiente quando: Exposto a fonte que irradiam calor
e quando a TºC Ambiente > TºC da Superfície Corporal
Ex.Exposto à luz solar ou é colocado junto a objetos sólidos mais quentes que seu corpo.

 Termólise – Perda de calor - Irradiação; Convecção; Evaporação; Condução.

90
Na Zona Termo Neutra, cerca de 75% do calor que perde o organismo, se dissipam
por condução, convecção e radiação. Quando a temperatura do ambiente fica muito
elevada, a evaporação e o principal meio para perda de calor.

A água é um dos mais importantes nutrientes, particularmente para os animais


mantidos em climas quentes, pois exerce efeito no conforto térmico pelo resfriamento direto -
desde que a água esteja em temperatura inferior à do corpo - e serve como veículo primário
de transferência de calor através da evaporação, cutânea e respiratória.
Também é importante ressaltar que elevadas temperaturas associadas a uma alta
umidade do ar dificultam muito a dissipação de calor pelo animal, seja por meio da
respiração ou da transpiração (LALONI, 1997.)

Condução - para superfícies mais frias com que o animal esteja em contato. Ou seja,
o calor corporal é transferido quando o corpo está em contato com uma superfície mais fria.

91
Como os animais não costumam repousar sobre superfícies frias por longos períodos,
a condução não é em geral, uma das formas principais de perder calor. Contudo, há
algumas situações em que a perda condutiva de calor pode ocasionar hipotérmia.
Principalmente para recém-nascidos, onde deve providenciar isolamento térmico ou uma
fonte de calor. Como exemplo, observa-se que nos leitões recém nascidos podem perder
muito calor quando ficam sobre um piso de concreto frio. Já os suínos adultos se refrescam
por condução chafurdando em poças de lama fria.

Radiação - a superfície corpórea imite irradiação infravermelha para um objeto ou


ambiente mais frio. É a transferência de energia térmica de um corpo a outro através de
ondas eletromagnéticas.
Todos os objetos sólidos emitem radiação eletromagnética invisível na faixa infravermelha.
Quando essas emissões se chocam com outro objeto, algumas são absorvidas e, portanto,
transferem calor. Embora todos os objetos emitam calor radiante, a transferência do
mesmo se dá dos objetos quentes para os frios. È importante lembrar que a perda de calor
radiante pode ocorrer mesmo quando o animal está rodeado por um ambiente
termicamente neutro ou aquecido. Pode haver perda de calor de um animal para as
paredes sem isolamento de uma instalação, mesmo que o ar no ambiente esteja aquecido.

Convecção - à medida que o ar ou a água em volta são aquecidos pelo corpo.


Ocorre perda de calor por convecção quando um líquido é aquecido pelo corpo. A
quantidade de calor perdida por convecção depende do gradiente térmica (diferença de
temperatura) entre a pele (superfície) do animal e o líquido que o circunda; um gradiente
térmico maior resulta em maior troca (perda) de calor.
Na convecção natural, o ar ou a água aquecido (a) a partir da superfície corpórea do
animal aumenta seu volume, porque é menos denso (a) que o líquido mais frio.
Na convecção forçada, o líquido mais frio se move sobre a superfície cutânea por
meio de uma brisa ou corrente de ar, ou simplesmente porque os membros ou o próprio
animal estão em movimento. A convecção forçada é mais eficiente que a natural como forma
de perder calor, porque o gradiente térmico é mantido pela renovação constante do ar ou
água mais frio(a).
Animais jovens ou pequenos deixados em um lugar frio podem perder bastante calor
corpóreo por convecção, devendo ser protegido de tais situações. A pelagem é importante
no controle térmico, pois tem a capacidade de aprisionar o ar e prejudica a convecção. A
espessura da camada de pêlo pode alterar-se em decorrência da piloeração (elevação dos
pêlos) e pelo crescimento de uma pelagem mais densa no inverno.
A espessa camada de gordura presente nos mamíferos também constitui um isolante
térmico. Há redução da área da superfície corpórea quando o animal se enrosca sobre si
mesmo ou se aninha com outros animais, também reduz a perda de calor por convecção.

Evaporação - é a transferência de energia térmica quando a água contida no suor, na


saliva e nas secreções respiratórias é convertida em vapor d’água.

92
A perda de calor por evaporação torna-se cada vez mais importante à medida que a
temperatura ambiente ultrapassa a do corpo. A eficiência da evaporação diminui conforme a
umidade relativa aumenta e o ar fica mais saturado com vapor d´agua.
Há perda de valor por evaporação continuamente, devido à difusão de água através
da pele e pela perda de vapor d´água das vias respiratórias. Essa perde de água é
obrigatória, porém, em condições de estresse térmico, o resfriamento evaporativo pode
aumentar bastante, porque as glândulas sudoríparas são ativadas ou o animal começa a
ofegar.
O ofego é uma forma de aumentar a evaporação pelas vias respiratórias. O ofego
ocorre junto à freqüência ressonante do sistema respiratório, de modo que o trabalho da
respiração é minimizado e não se acrescenta à perda de calor. O aumento da salivação em
em alguns animais, como, suínos e cães acentua a perda de calor por evaporação,
Em eqüinos e bovinos, a sudorese é a principal forma de perda de calor por
evaporação. Os ovinos suam, mas o ofego também importância considerável. O cão perde
calor quase totalmente por ofego.

o Excreção - há perda de pequenas quantidades de calor através da urina e das fezes.

7.5.3. Comportamento e termorregulação em animais domésticos

Os animais nem sempre estão em equilíbrio térmico ou conforto térmico e quando a


temperatura corporal começa a sair desta zona de conforto, tornando se crítica, o animal
ativa e utilização de várias reações fisiológicas e comportamentais para mantê-la dentro de
seu conforto, e isso ocorre com um gasto energético proporcional ao desconforto que causa
o estresse térmico, seja por frio ou por calor (SILVA, 1998).
Gonyou (1991), explica que os animais devem, dentro dos limites impostos pelos seus
genes, ajustar seu metabolismo, através de reações fisiológicas e comportamento para
mostrar respostas adequadas às diversas características e condições do ambiente.
Animais endotérmicos reagem ao serem submetidos a diminuição (↓) da temperatura,
ativando processos fisiológicos que promovem uma redução (↓) da perda e/ou uma
elevação (↑) da produção de calor corporal.
Animais endotérmicos reagem ao serem submetidos a aumento (↑) da temperaturas,
ativando processos fisiológicos que promovem um elevação (↑) da perda e/ou uma
redução (↓) da produção de calor corporal.
Titto (1998) diz que há uma faixa ideal de conforto térmico para os animais e, acima
ou abaixo desse intervalo, elas passam a uma condição de tolerância (Homeotermia) ao
calor ou ao frio. Porém, quando o limite de tolerância ao calor (Hipertermia) ou ao frio
(Hipotermia) é ultrapassado, o animal entra numa zona de estresse térmico, e que este
estado permanecer ao extremo por um período muito longo pode levar o animal à morte.
Segundo Baccari (1998), a maior influência do estresse pelo calor sobre a produção
ocorre pela redução no consumo de alimentos - matéria seca para limitar o metabolismo e
produção de calor endógeno. Com isso a redução de ingestão de alimentos aliada o gasto
93
energético proveniente dos alimentos para regulação da temperatura faz com que os
animais sobre estresse de calor seja a principal limitação de altas produtividades nos
trópicos.
A adequação do ambiente térmico traz benefícios à produção animal, aumentando a
produtividade e a eficiência na utilização de alimentos. Portanto é importante o homem crie
meio que proporcione conforto aos animais, principalmente através do planejamento de boas
instalações rurais. Pois os animais também gostam de “abrigo (casa), comida e água
fresca”,
Figura. Dinâmica da termorregulação em animais homeotérmicos sob variação da
temperatura do ambiente (adaptado de Hafez,1973).

94
8. ALIMENTOS E NUTRIÇÃO

Fenótipo ↔ Produção = Genética (Herança) + Meio ( Clima + Alimentação + Sanidade)


Como alimentação, devemos entender o ato dos animais ingerirem, transformarem,
assimilarem e utilizarem certos materiais de composições e propriedades definidas. A esses
materiais usados na manutenção da vida e produtividade dos animais chamamos alimentos
A capacidade de ingestão, transformação, assimilação dos alimentos dependerá das
características inerentes ao mesmo e das espécies que o recebem. Com relação às
características inerentes aos alimentos podemos citar tamanho da partícula, fatores
antinutricionais, palatabilidade, densidade, textura, disponibilidade, equilíbrio entre proteína e
energia ou outros nutrientes, entre outras. Já as características inerentes aos animais estão
mais relacionadas às funções morfofisiológicas de cada espécie, adaptação ao clima, fase
ou estádio da vida produtiva, grau de especialização genética, entre outras. Portanto para
maior entendimento deste processo faz-se necessário o conhecimento do sistema digestivo
das diferentes espécies, as características físicas e químicas que influenciam na
degradabilidade e digestibilidade dos alimentos mais utilizados na nutrição, bem como os
requerimentos nutricionais dos animais domésticos, nos seus diferentes estádios produtivos.
A ciência da nutrição integra conhecimentos bioquímicos e fisiológicos relacionando o
organismo animal com o suprimento alimentar de suas células.
O objetivo final da nutrição animal é de transformar recursos alimentares de menor
valor nutricional em alimentos para o consumo humano, de melhor valor biológico. Para
alcançar este objetivo foi necessário o desenvolvimento dos conhecimentos envolvendo os
alimentos e o organismo animal.

8.1. Importância dos Alimentos à Nutrição dos Animais

Lavoisier (Químico Francês) mudou o pensamento das pessoas com a famosa frase:
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Exemplificando que ninguém
consumia diretamente o capim, mas indiretamente todos consumiam o capim transformado
pelos animais em carne e/ ou leite.
Isso fez Baudement (1848) definir que os animais domésticos é uma máquina viva
transformadora e valorizadora de alimentos, e por isso deveria ser dado cuidado e
alimentação correta, dando origem aos estudos da zootecnia.
No entanto, o Brasil demorou a entender isto, sendo considerado como mau
produtor, engatilhando na quantidade e qualidade dos seus produtos, que geralmente era
proveniente de sistemas extensivos e de animais tardios, velhos, mal alimentados e de baixo
padrão genético.
Porém através dos estudos, destacando no início a Secretaria da Agricultura de Minas
Gerais (1936), que após diagnosticar os gargalos e entraves da pecuária brasileira,
apresentou medidas para melhorar a atividade, com bases na: ALIMENTAÇÃO +
GENÉTICA. De lá para cá as coisas mudaram significativamente, a nutrição animal evoluiu
bastante e assim adquiriu grande complexidade, devido ao constante progresso das ciências
que formam a sua base.
Na criação e exploração dos animais, a alimentação é importante pelas influências
direta e indireta que exerce sobre a capacidade de desempenho produtivo e nos resultados
econômicos de forma individual ou coletiva.
No aspecto produtivo destaca os efeitos sobre: a reprodução e melhoramento
genético, no crescimento e produção propriamente dita (carne, ovos, secreção de leite,
desenvolvimento da lã, trabalho muscular), e essencial para a saúde e bem estar dos
95
animais. No aspecto econômico destaca que a alimentação correta contribui para a
produção mais econômica e eficiente, no qual corresponde aproximadamente entre 50 a
80% dos custos totais de produção animal.
Isso nos leva a obter conhecimentos básicos dos nutrientes e dos valores nutricionais
dos alimentos. Bem como, do sistema digestivo e das exigências nutricionais das principais
espécies de interesse zootécnico. Pois estes conhecimentos são fundamentais para o
melhor aproveitamento dos alimentos ingeridos, reduzindo os desperdícios e os custos
operacionais na formulação. Além disso, abre as possibilidades de buscar alternativas de
aproveitamento de alimentos que não atendem a exigências das diferentes peculiaridades
alimentares de maiores interesses econômicos, em especial o ser humano.
Não se deve esquecer, que uma ração perfeitamente equilibrada, para produzir o
máximo resultado, depende da influência exercida sobre os animais pelos outros fatores
limitantes: condições ambientais; capacidade genética; estado sanitário. Envolvido por
manejo realizado pelos homens técnicos habilitados com a produção animal. E neste
contexto alimentar é que abordaremos alguns conhecimentos afim de o técnico faça entrar e
sair produtos para a vida.

8.2. Composição do Organismo Animal

Orgânicos–C, H, N e O: corresponde a 95-97% Peso corporal Vazio do animal(PCVA);


Inorgânicos – 40 minerais: corresponde de 3-5 % PCVA
Elemento Concentração no corpo animal
Porcentagem (%) Grama (g)
Oxigênio 65,0 45.500
Carbono 18,0 12.600
Hidrogênio 10,0 7.000
Nitrogênio 3,0 2.100
Sub-Total 96,0 66.700
Cálcio (Ca) 1,5 1.050
Fósforo 1 700
Potássio 0,35 245
Enxofre 0,25 175
Sódio 0,15 105
Cloro 0,15 105
Magnésio 0,05 35
Sub-Total 3,45 2.415
Ferro 0,004 3
Manganês 0,0003 0,2
Cobre 0,0002 0,1
Iodo 0,00004 0,03
Sub-Total 0,00454
Outros 0,5545
Total 100 69.480
Animais e suas exigências

96
8.3. Informações Gerais Sobre Sistema Digestivo dos Animais

Funções do aparelho digestivo


O trato gastrointestinal e suas glândulas associadas servem três funções
fundamentais, nas quais:

- DIGESTÃO - as substâncias nutritivas de uma forma complexa são transformadas em


substâncias simples.
- ABSORÇÃO – atravessa a parede intestinal entrando no sistema linfático ou sangüíneo
- EXCREÇÃO - os resíduos não aproveitados são eliminados.

A digestão é um processo complexo que envolve a ação de uma série de fatores


responsáveis pelo funcionamento normal do trato gastrointestinal, que são:

Fatores mecânicos - Apreensão, mastigação, deglutição, motilidade gástrica, intestinal e


fecal.
Fatores secretórios - Corresponde à atividade das glândulas digestivas (salivares,
gástricas, intestinais, pâncreas, fígado).
Fatores químicos - Atividade de enzimas, ácidos e substâncias tamponantes (bicarbonatos,
fosfatos, sais biliares, etc.).
Fatores microbiológicos - Processos fermentativos.
Fatores hormonais - Hormônios produzidos nas diversas secreções do trato gastrointestinal
que controlam todo o processo digestivo.

O alimento que entra pela boca é transportado até o estômago através do esôfago por
contrações rítmicas e gravidade. O estômago funciona como reservatório temporário do
alimento além de uma ação química sobre o alimento, como o caso dos monogástricos. Para
os ruminantes, além de reservatório, ocorre fermentação biológica com degradação dos
nutrientes neste compartimento. A digestão dos carboidratos solúveis nos suínos se inicia
durante o processo de mastigação. Já nas aves, existe um processo fermentativo no nível
de inglúvio, que começa o desdobramento de alguns nutrientes. O intestino delgado
representa o principal sítio da digestão e absorção, onde ocorre a maior quebra dos
carboidratos, proteínas e lipídeos, além de grande absorção de minerais e vitaminas neste
segmento de aves e suínos. O intestino grosso funciona basicamente como receptor e
excretor dos resíduos dos alimentos não digeridos nos segmentos anteriores, que ainda
podem sofrer fermentação anaeróbica com produção de ácidos graxos voláteis e vitaminas
do complexo B e K. No entanto, a principal função do intestino grosso seria de reduzir a
umidade dos resíduos proporcionando grande recuperação de água e eletrólitos.
O estômago é um dos principais órgãos do trato gastrointestinal. Nos ruminantes, o
estômago compreende quatro compartimentos: os pré-estômago (contendo o rúmen, retículo
e omaso), e o estômago verdadeiro, o abomaso.
Nos animais ruminantes, a estrutura da mucosa dos compartimentos do rúmen,
retículo e omaso é semelhante a estrutura da mucosa da região esofágica do estômago dos
monogástricos e da primeira parte do abomaso. Nestes compartimentos, não existem
secreções, e predomina a presença de microorganismos (bactérias, fungos, leveduras,
protozoários) responsáveis pela “digestão microbiana”, fundamental no suprimento de
nutrientes para o animal, especialmente substrato para produção de energia.
A degradação física do alimento é a principal função da primeira parte do trato
digestivo dos ruminantes, que vai desde os lábios até a ligação omaso-abomasal.
Esta degradação, contínua e efetiva, é dividida em dois processos principais: a
mastigação, que ocorre durante a ingestão do alimento e, a ruminação e fermentação
microbiana, favorecida pela maceração através do atrito no rúmen-retículo.
97
Nos animais ruminantes, devemos diferenciar os processos que ocorrem nos pré-
estômagos e no estômago verdadeiro: Nos pré-estômagos ocorre o armazenamento do
alimento, a digestão microbiana (fermentação) e absorção de determinados produtos; No
abomaso, ocorre o processo de digestão química e enzimática.
O fenômeno da ruminação do conteúdo ingerido há algum tempo, é um dos
destaques mais característicos de animais ruminantes. A ruminação envolve a regurgitação
da ingesta para o retículo-rúmen e remastigação dos sólidos acompanhados por insalivação
e re-deglutição do bolo. O interesse em alimentar ruminantes somente com dietas fibrosas,
tem reforçado a atenção no grau de trituração obtida durante a ingestão e ruminação.

Resumo do processo de digestão

O processo de digestão compreende a ingestão do alimento com sua hidrólise no


trato gastrointestinal, a atividade das glândulas acessórias e excreção dos resíduos não
absorvidos. Um grande número de processos químicos e físicos estreitamente relacionados
e sob controle dos sistemas nervoso e hormonal, faz parte da digestão.
Os alimentos contêm os nutrientes essenciais aos animais, na generalidade são
consumidos pelos animais sobre formas complexas e para que possam ser absorvidos pelo
organismo devem passar por processos de transformações que convertem esta composição
complexas em substâncias mais simples (unidade básica) para que ocorra a absorção
através das membranas celulares, tais transformações em conjunto constituem a digestão
(digerir), e de acordo com a natureza são definidas as ações em mecânicas e químicas.

Processos Físicos – Redução do tamanho e transporte do alimento

Compreendem apenas as ações mecânicas que ocorrem ao longo do tubo digestivo,


que começa na boca e vai até o ânus. Iniciando na ingestão do alimento, que envolve desde
a captura à deglutição até a eliminação pelo ânus.
Esta captura e deglutição envolvem vários órgãos, às vezes algumas espécies
utilizam da mastigação e outras não. Na boca, pode conter lábios que auxilia na captura,
mas às vezes o bico nas aves faz este papel. A língua ajuda a direcionar o alimento aos
dentes e/ou faringe, os dentes cortam, rasgam, quebram, ou trituram os alimentos para que
reduza o tamanho para serem ingeridos, além de ser fundamental para aumentar a
superfície de contato para atuação das enzimas digestivas. Quando o alimento forma um
pequeno bolo alimentar na boca ele é conduzido com ajuda da língua para a faringe para
que ocorra a deglutição (engolir) do alimento.
Após deglutir o alimento o transporte é realizado involuntariamente através dos ductos
digestivo por movimentos peristálticos. Passando pelo esôfago, estômago (químico e/ou
físico), intestino delgado (duodeno, jejuno e ílio), intestino grosso (colo, ceco, reto) até serem
excretados pelo ânus.
Nos animais poligástricos têm outros compartimentos estomacais (Rúmen, Retículo e
Omaso) que não libera enzimas digestivas, mas serve como uma câmara de fermentação,
para armazenamento de alimentos e ambiente favorável para atuação de microrganismos
que digere a fibra dos alimentos. Nas aves existe o papo para armazenamento e a moela,
conhecida como estômago físico, para triturar o alimento devido à ausência de dentes.
O tamanho do intestino delgado varia de acordo com os hábitos alimentares. Um
animal carnívoro apresenta um tamanho relativo do intestino menor do que os animais
considerados herbívoros, devido à dificuldade na digestão das fibras. Um intestino maior
permite um tempo mais prolongado da digestão, o suficiente para ação enzimática, realizada
por microorganismos simbióticos.

98
O intestino grosso de alguns animais monogástrico apresenta o ceco bastante
desenvolvido, onde realiza a digestão das fibras, tornando particularidades destes animais
monogástricos herbívoros alimentarem de fibras.

Processos Químicos - Atuação das enzimas digestivas

Local de Atuação
Enzima Local de produção Substrato Produtos
secreção do PH
Ptialina Glândulas salivares Boca Neutro Amido Dissacarídeos
Pepsina Estômago Estômago Ácido Proteínas Peptídeos
Tripsina Pâncreas Duodeno Básico Proteínas Peptídeos
Lipase Pâncreas/Intestino delgado Duodeno Básico Lipídeos Ác.Graxo Glicerol
Amilase Pâncreas Duodeno Básico Amido Dissacarídeos
Dissacaráses Intestino delgado Intestino delgado Básico Dissacarídeos Monossacarídeos
Peptidase Intestino delgado Intestino delgado Básico Peptídeos Amino Ácidos
Observações importantes:

Na boca existem glândulas salivares que produz a saliva que é rica na enzima ptialina
que atua na digestão do amido.
O estômago (Abomaso) secreta pepsinogênio que, em contato com ácido clorídrico
(HCl), transforma-se em pepsina que é a enzima ativa para iniciar a digestão das
proteínas.
O fígado participa dos processos digestivos, produzindo os sais biliares (“fel”) que
fica armazenada na vesícula biliar e aos poucos vão sendo secretada no duodeno
(intestino delgado). Os sais biliares, sintetizados no fígado a partir do colesterol,
ajudam na manutenção do pH alcalino e agem como emulsificantes que separam os
glóbulos de gordura e dá a lípase maior área de superfície de contato para agir.
O Pâncreas produzir várias enzimas pancreáticas que atua especificadamente em
diferentes substratos. As secreções biliares e pancreáticas neutralizam os ácidos
gástricos e fornecem enzimas para hidrólise de amido, proteína e gordura.

8.4. Comparação das Características do Sistema Digestivo dos Animais

8.4.1. Classificação animal de acordo com o tipo de alimentação

De acordo com o tipo de alimentação, os animais classificam-se em:


A) Carnívoros: São aqueles animais cuja alimentação é de origem animal. O cão e o gato
são carnívoros por excelência. O trato gastrointestinal é proporcionalmente curto em relação
ao comprimento do corpo (relação 1:5), sua alimentação consiste basicamente de alimentos
ricos em nutrientes de alta digestibilidade.
B) Herbívoros: São aqueles animais cuja alimentação é de origem vegetal. Dentre estes,
destacam-se o cavalo, bovino, ovinos, caprinos e o coelho. Os herbívoros apresentam no
tubo digestivo segmentos ampliados (estômago, intestino grosso), que são particularmente
importantes para a decomposição dos componentes da parede celular (celulose,
hemicelulose, etc.)
C ) Onívoros: Os onívoros são colocados em posição intermediária, pois sua alimentação
pode ser tanto de origem vegetal quanto animal. O homem e o suíno são considerados

99
representantes desta classe. O trato gastrointestinal dos onívoros é consideravelmente mais
longo do que o dos carnívoros, e já apresenta diferenciação.
Nos animais carnívoros e onívoros, a digestão é basicamente química (enzimática).
O suíno adulto, em condições de campo, pode ter um pouco de digestão microbiana. Nos
herbívoros a digestão é microbiana e enzimática.

8.4.2. Classificação animal de acordo com o sistema digestivo

Monogástrico; Monogástrico herbívoro; Poligástrico (Ruminantes).

Componentes básicos ou partes do aparelho digestivo das diferentes espécies.


Compreende o aparelho digestivo (também chamado por alguns pesquisadores como
trato gastrointestinal), todos os órgãos, desde a boca até o ânus e algumas glândulas
acessórias, conforme tabela abaixo.

Tabela . Componentes do aparelho digestivo das diferentes espécies.


PARTE HOMEM SUÍNO BOVINO EQUINO AVES
Boca + + + + Bico, não tem
dentes.
Faringe + + + + +
Esfincter Grico- + + + + +
faríngeo
Esofago + + + + + e papo (inglúvio)
Cardia + + + + +
ESTOMAGO Simples Simples Rúmen Simples Proventrículo
Retículo Moela
Omaso
Abomaso
Piloro + + + + +
INTESTINO + + + + +
DELGADO
Duodeno + + + + +
Jejuno + + + + +
Ileo + + + + +
Valvula + + + + +
Ileo-cecal
INTESTINO + + + + +
GROSSO
Ceco Apendice + + + +
Colon (Colo, + + Ceco e Apresenta 2 Ceco,
Ascendente, Colo sendo que o colo é
transversal e desenvolv pequeno ou não tem
descendente) ido
Reto + + + + +
Esfincter anal + + + + ?
interno e
externo
Anus + + + + Cloaca
GLÂNDULAS AUXILIARES : Salivar; Fígado (Vesícula Biliar); Pâncreas

100
Monogástrico

Os monogástricos apresentam apenas um estômago, embora tenha preferências


alimentares diversificada são muito semelhantes. No qual, incluem neste grupo os Répteis,
os Peixes, os Suínos, as Aves, e o próprio ser humano, no qual faremos inúmera analogias
que comparações para facilitar o entendimento.

Figura ilustrativa de um peixe Componentes do sistema digestório humano

Figura - Desenho esquemático do aparelho digestivo dos suínos e aves


101
 As aves apresentam características particulares:

Figura - Desenho esquemático das particularidades do aparelho digestivo das aves

Na figura acima pode-se notar a presença do papo (10) cuja função é armazenar
alimento. Isto ajuda, por exemplo, a alimentação de filhotes e em aves migratórias, serve de
reserva de alimento. Outra característica importante nas aves é a presença de um estômago
com ações mecânicas fortes, denominado moela. A moela contém pequenas pedras que
auxiliam na trituração dos alimentos para suprir a falta de dentes.

Monogástrico herbívoro

São os monogástricos com capacidade efetiva de digerir fibra, entre eles, destaca os
Coelhos, as Capivaras, e os Eqüídeos que são representados pelos Eqüinos (Cavalo),
Mures (Burro), Azininos (Jumento), além de outras espécies selvagens como Elefantes,
Veados, entre outros.
São monogástricos evoluídos no aproveitamento de fibras, através do
desenvolvimento do CECO, no intestino grosso.

Figura. Sistema digestivo do Equíno

102
Si

Figura. Sistema digestivo do Coelho (herbívoro) comparado com Carnívoro,

A figura acima esquematiza um estômago composto encontrado em animais monogástricos


herbívoros e dos poligástricos que são os ruminantes.

Poligástricos ou ruminantes

Os poligástricos ou ruminantes apresente a principal característica de ter quatro


compartimentos estomacais, neste grupo estão presente as espécies de Bovinos, Bubalinos,
Ovinos e Caprinos.

103
Utilizar vegetais como alimento tem algumas grandes vantagens, pois além de serem
abundantes, os vegetais não saem correndo. Em contrapartida, o conteúdo nutricional da
matéria vegetal é menor que o dos tecidos de animais, e como as células vegetais possuem
uma parede celular constituída do polissacarídio celulose (composto de unidades de
glicose), os herbívoros devem digerir esta parede celular para melhor aproveitar o conteúdo
nutricional presente no citoplasma das células. Os Mamíferos não possuem celulase, a
enzima que digere a celulose, então para que possam aproveitar de forma satisfatória os
alimentos de origem vegetal, é necessário que viva de forma simbiótica com microrganismos
produtores de celulase presentes em seus aparelhos digestórios, em câmaras de
fermentação ou no ceco intestinal.

Informações sobre o sistema digestivo do ruminante

Nos ruminantes, as transformações mecânicas se operam por meio da mastigação,


deglutição, regorgitamento, ruminação e a motilidade gástrica e intestinal.
As transformações químicas são devidas à ação de enzimas, bactérias, protozoários
e substancias químicas.
Os poligástricos apresentam quatro compartimentos, sendo os três primeiros
desprovidos de glândulas (aglandular) que funcionam como uma câmara de armazenamento
e fermentação, no qual a primeira porção, rúmen ou pança, encontram-se inúmeras
bactérias e protozoários que secretam enzimas para digestão do alimento e convertem os
produtos da digestão em ácidos orgânicos (AGV), vitaminas, metano (CH4) e gás carbônico
(CO2). Do rúmen ou pança, o alimento continua sofrendo fermentação e passando para o
retículo ou barrete, que de tempos em tempos, sofrerá uma grande contração (através de
um peristaltismo esofágico invertido) e retornará (regurgitado) à boca para nova mastigação(
ruminação ou remastigação) e é engolido (deglutição) novamente. Após a deglutição o do
bolo alimentar que irá diretamente para o terceiro estômago denominado de omaso ou
folhoso, onde é triturado e ocorre absorção de água. Como as partículas já estarão
pequenas, passará por um pequeno orifício (piloro), chegando ao quarto segmento
denominado de abomaso ou estômago químico/verdadeiro (glâdular), semelhaste aos
monogástricos, onde ocorre a digestão de proteínas e de microrganismos que se desenvolve
e morrem constantemente nesta câmara fermentativa. Por fim, o alimento passa para o
intestino delgado, onde continuará sendo digerido e absorvido, a fim de terminar a digestão
de outras substâncias por enzimas secretadas pelo próprio animal, semelhante aos
monogástricos.
A parte (fração) não digerida é excretada na forma de fezes. Sendo a quantidade
diretamente relacionada a quantidade ingerida e não-digerida, que está diretamente

104
relacionada ao teor de fibra na dieta, especialmente a lignina que é um composto
indigestível.

Figura. Esquema mostrando o aparelho digestório de um ruminante típico.

Poligástricos – Ruminantes em fase distinta.

Jovem- Em desenvolvimento Adulto- Rúmem altamente desenvolvido

105
Os animais ruminantes jovens têm pouca eficiência no aproveitamento de alimentos
de maior complexidade, especialmente as fibras, pois nascem com a o sistema digestivo
imaturo e com as câmeras fermentativas (Rúmen, Retículo, Omaso) pouco desenvolvido.
Esse desenvolvimento ocorre gradativamente, e deve ser estimulado com a ingestão de
concentrados e volumosos, para desenvolver as papilas ruminais e o tamanho/ volume do
rúmen, respectivamente.

Crescimento do estômago dos ruminantes - bovinos e ovinos


Idade Peso Vivo (PV) Rúmem-Retículo Omaso Abomaso
Semanas (Kg) % % %
Bovinos
Nascimento 23,9 35 14 51
4 32,6 55 11 34
8 42,9 65 14 21
12 59,7 66 15 19
Adulto 325,4 62 24 14
Ovinos
Nascimento 5,7 32 8 60
4 14,4 62 5 33
8 21,5 77 5 18
16 38,9 72 6 22
Adulto 61,6 73 9 18
Adaptado de Lyford, Jr., 1988.

Parâmetros para observações do Trato Gastro Intestinal (TGI) de diferentes espécies

Capacidade Relativa do TGI de alguns animais


Capacidade Relativa (%)
Animal Estômago I.Delgado Ceco I.Grosso
Poligástrico Herbívoro Bovino 71 18 3 8
Ruminante Ovino 68 20 2 10
Herbívoro Eqüino 9 34 16 45
Monogástrico Onívoro Suíno 29 34 5 32
Carnívoro Gato 70 15 - 15

Capacidade alimentar do aparelho digestivo de alguns animais


Animal Capacidade alimentar (litros)
Estômago I.Delgado Ceco-Cólon
Bovino 252 66 37
Eqüino 18 63 129
Suíno 8 9 10

106
8.5. Composição e Classificação dos Alimentos

8.5.1. Análise bromatológica dos alimentos

Alimentos com teor de umidade ≤20%, seus resultados das análises freqüentemente
estão expressas na matéria natural. Geralmente os alimentos concentrados para
suplementação animal, denominado equivocadamente por ração, expressa em seus níveis
nutricionais do produto um máximo de 12% de Umidade (água). As reduções de umidade
permitiram uma conservação maior evitando a formação de bolores causados por fungos
que liberam substâncias tóxicas (toxinas) aos animais.
Os demais alimentos úmidos (aquosos) são expressos na matéria seca, devido à alta
quantidade de água que pode limitar consumo por enchimento do órgão responsável(papo,
estômago químico, ou rúmen). No processo de ensilagem de volumosos úmidos, que
requerem de 28-32% de MS, para uma boa fermentação desejável e conservação do
alimento.
Os resultados de análises de alimentos mais comuns que os laboratórios apresentam
a composição química em quantidade percentual de: MS, MM, PB, EE, FB, FDN.
Um dos métodos empregados é modelo de Weend

107
8.5.2. Classificação dos alimentos

Segundo Morrison, podemos classificas os alimentos da seguinte forma:

Alimentos volumosos: São aqueles alimentos de baixo teor energético, com altos teores
em fibra, com muita ou pouca água. Normalmente possuem menos de 60% de NDT e
apresenta mais de 18% de fibra bruta (FB) ou acima de 35 % FDN, e podem ser divididos
em secos (ex. Fenos) e úmidos (ex. Silagem). São os de mais baixo custo na propriedade.
Os mais usados para os herbívoros são as pastagens (gramíneas e leguminosas),
capineiras (capim elefante), silagens (capim, milho, sorgo), cana-de-açúcar, bagaço de cana
hidrolisado; fenos de gramíneas e leguminosas, palhadas de culturas, e cascas de certos
grãos e sementes.

Alimentos concentrados: São aqueles com alto teor de energia, normalmente com mais
de 60% de NDT, e apresenta menos de 18% de FB ou inferior a 35% FDN, sendo divididos
em:
Energético: Alimentos concentrados com menos de 20% de proteína bruta (PB);
origem vegetal - milho, sorgo, trigo, arroz, melaço, polpa cítrica; origem animal - sebos e
gordura animal;
Protéicos: Alimentos concentrados com mais de 20% de PB; origem vegetal - farelo
de soja, farelo de algodão, farelo de girassol, soja grão, farelo de amendoim, caroço de
algodão; origem animal - farinha de sangue, de peixe, carne e ossos (sendo esta última
atualmente proibida pelo Ministério Agricultura para uso em ruminantes).

Outros alimentos
Minerais: São substâncias inorgânicas, essenciais na dieta animal. São necessários em
quantidade relativamente pequenos, comparados à energia e a proteína.
Principais fontes de minerais: Alimentos (animal, vegetal, mineral, etc., água e ar; Cinzas ,
óxidos, carbonatos e sulfatos).
Compostos de minerais usados na alimentação animal: fosfato bicálcico, calcário, sal
comum, sulfato de cobre, sulfato de zinco, óxido de magnésio, etc.

108
Minerais no Organismo Animal (Superior): Orgânicos – C, H, N e O: corresponde a 95-97%
Peso corporal Vazio do animal(PCVA); Inorgânicos – 40 minerais: corresponde de 3-5 %
PCVA.
Vitaminas: Compostas das vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis; A, B, C, D, E, K
Aditivos: compostos de substâncias com função não nutritiva adicionada a um alimento,
geralmente em pequenas quantidades, para melhorar sua aparência, sabor, textura,
conservação ou como antibióticos, hormônios, probióticos (promotor de crescimento),
prebióticos, antioxidante, corantes, etc.
Outros: São aqueles que não se classificam nos itens anteriores (TEIXEIRA, 1998; MELLO,
1999). Exemplo disso é a água e a uréia.

8.5.3. Composição de alguns alimentos mais utilizados

Tabela 3:composição básica dos alimentos mais utilizados nas rações bovinas (MS).
Alimento PB PDR Psol NDT EE FDN Ca P
Silagem milho 7.0 5.2 3.5 59.0 2.5 53.0 0.30 0.17
Silagem sorgo 6.7 4.8 4.0 55.0 1.0 54.0 0.28 0.18
Cana –de- açúcar 3.1 2.1 1.5 57.0 0.5 62.0 0.08 0.05
Soja grão 42.0 31.5 18.5 94.0 18.0 14.0 0.27 0.66
Farelo soja 51.0 33.0 10.0 83.0 1.7 15.0 0.29 0.67
Casca soja 12.5 8.5 2.2 66.0 1.7 70.0 0.55 0.12
F. algodão 30.8 17.5 6.2 77.0 0.8 32.0 0.17 0.95
F:algodão 41.8 24.5 8.4 79.0 1.0 27.0 0.18 1.00
F. amendoim 50.5 40.4 16.6 76.0 2.3 14.0 0.26 0.445
P.cítrica 7.1 3.0 1.9 71.0 1.4 24.0 1.61 0.12
F. trigo 17.7 13.7 5.2 80.0 2.8 50.0 0.13 0.88
F. arroz 14.4 8.7 5.8 77.5 1.3 33.0 0.11 0.68
C.algodão 23.0 15.6 9.2 82.0 17.0 52.0 0.27 0.65
F.girassol 31.0 25.0 9.3 70.0 2.5 47.0 0.23 0.72
Milho grão 9.6 5.5 1.2 90.0 3.8 9.2 0.02 0.28
Sorgo grão 10.9 5.6 1.3 80.0 3.2 18.0 0.03 0.28
MDPS 4.5 2.0 0.6 65.0 1.5 40.0 0.01 0.18
F.Glúten milho 23.5 18.0 11,5 83.0 1.0 50.0 0,22 0.95
Glúten milho 65.0 28.0 2.6 85.0 4.0 15.0 2.30 0.35
Uréia 282.0 282.0 282.0 - - - - -

109
Editor:Horácio Santiago Rostagano.-2.ed-Viçosa:UFV,Departamento de Zootecnia,2005.186 p.
Tabela 1 - Composição química dos alimentos para aves e Suínos (na matéria natural)
NUTRIENTES

FÓSFORO DISP.

(HEM+CEL+LIG)
MATÉRIA SECA

FDA-(CEL+LIG)
ENN( Glicose+
E.E. GORDURA
P. DIDESTÍVEL

MET.SUÍNOS
P.DIGESTÍVEL
ORGÂNICA

PROTEINA

MET.AVES
ENERGIA
MATÉRIA

MATÉRIA
MINERAL

FB-(CEL)
CÁLCIO

SUÍNOS

Energia

Energia
BRUTA

BRUTA
AMIDO
Amido)
AVES

FDN-
ALIMENTO % kcal/kg
Caseína 91,35 88,75 2,6 2,6 0,7 84,21 82,48 82,53 0,8 3,74
5210 3529
Leite-Soro em pó 93,49 87,04 8,45 0,75 0,68 12,05 11,09 0,9 74,09
3675 3322
Leite-Desnatado-pó 93,93 86,23 7,7 1,17 0,68 33,62 31,98 0,73 51,88
4163 3502
Açúcar 99,93 99,79 0,14 99,79
4008 3831 3737
Amido 87,69 87,69 87,69 87,69
3821 3625 3520
Óleo Soja 99,60 99,6 99,6 9333 8790 8300
Gordura 99,60 99,6 99 9282 8681 8228
F.Sangue 92,79 89,35 3,44 0,23 0,22 82,8 65,41 59,28 0,48 6,07 5134 3067 2986
F.Víceras Aves 93,90 82,3 11,6 3,64 1,88 55,3 45,74 45,68 20,57 6,42 5343 3682 4106
F.Víceras Suínos 92,93 65,4 27,52 7,64 4,78 44,5 38,86 34,98 14,57 6,33 4006 2114 3735
F.Carne e Osso 35% 92,65 50,46 42,19 15,02 7,92 35,04 25,84 24,42 13,4 1,66 3122 1778 1618
F.Carne e Osso 55% 93,28 67,37 25,91 8,46 4,18 54,58 44,75 44,21 9,8 2,99 4017 2710 2580
F.Carne e Osso 60% 94,07 72,3 21,76 7,54 3,18 60,1 49,28 48,98 10,49 1,72 4341 2872 2798
F.ALG.30% 89,09 83,72 5,38 0,23 0,29 29,80 22,71 22,94 1,28 29,55 3,00 41,70 30,79 23,09 4130 1666 1996
F.ALG.38% 89,99 83,71 6,27 0,46 0,35 39,45 31,06 32,55 1,39 28,80 4,00 29,53 16,97 14,08 4166 1943 2323
F.SOJA 45% 88,59 82,69 5,90 0,24 0,18 45,32 41,65 40,79 1,66 30,29 12,38 13,86 8,16 5,41 4079 2256 3154
F.SOJA 48% 88,21 82,49 5,72 0,31 0,21 47,90 44,13 43,59 1,40 28,91 3,00 14,93 12,28 4,27 4164 2302 3253
F.Glúten Milho 60% 90,95 89,40 1,55 0,03 0,15 60,35 56,13 56,13 2,57 25,41 14,34 16,39 8,63 1,07 5047 3696 3929
Farelo de Trigo 88,00 83,20 4,79 0,14 0,33 15,52 12,11 12,01 3,46 54,56 31,35 40,59 13,85 9,66 3919 1824 2242
Farinha de Trigo 86,93 86,47 0,47 0,11 0,02 12,26 11,45 14,40 1,70 76,50 72,51 2,65 1,80 1,34 3775 3503 3624
Arroz Quirera 88,04 87,07 0,97 0,04 0,05 8,47 7,86 7,46 1,22 76,83 74,45 14,28 7,43 0,55 3846 3507 3491
Farelo de Arroz 89,30 80,48 8,82 0,11 0,32 13,24 10,28 9,86 14,81 44,55 22,70 21,30 12,58 7,88 4394 3143 3111
Milho 87,11 85,84 1,27 0,03 0,08 8,26 7,19 6,73 3,61 72,24 62,48 11,75 3,54 1,73 3925 3381 3340
Sorgo 87,97 86,59 1,39 0,03 0,09 9,23 7,94 7,48 3,00 72,05 60,79 10,03 5,90 2,30 3928 3192 3348
Mandioca 87,67 84,07 3,6 0,2 0,03 2,47 1,14 0,87 0,59 75,59 67,85 11,75 4,27 5,42 3621 2973 3020
Milheto 89,64 88,06 1,58 0,03 0,08 13,1 12,09 9,7 4,22 66,55 63,29 19,33 9,66 4,19 3894 3168 2872
110
8.5.4. Relações entre diferentes exigências nutricionais

NUTRIÇÃO ANIMAL

ÁGUA

ENERGIA

PROTEÍNA

MINERAIS

VITAMINAS

Lei de Mínimo - O fator limitante interfere na máxima produção


Imagine que a nutrição é como um barril formado de tábuas que corresponde os
nutrientes essenciais para o animal expressar sua capacidade de produção, porém todos os
nutrientes devem atender a necessidade do animal para a produção ocorrer no nível
máximo, caso falte algum nutriente que esteja em menor quantidade, este nutriente será
considerado o fator limitante.
Observando neste exemplo o barril pode verificar que a ordem crescente dos fatores
limitantes é: Energia, Proteína, Minerais, Fósforo, Sódio, Selênio, Zinco, Vitamina. Observa
também que este barril (animal) está sendo alimentado, e à medida que fornecer todos estes
nutrientes limitantes a animal estará nutrido.

Relação da curva de crescimento e da composição corporal

111
Variação da dieta de acordo com o desenvolvimento dos animais

Suínos
Fases
Unid. Inicial Crescimento Terminação
Peso Vivo Kg 15 a 30 30 a 50 50 a 70 70 a 100 100 a 120
Peso Médio kg 22,5 40 60 85 110
Ganho de Peso kg/dia 0,57 0,76 0,86 0,87 0,81
Consumo Kg/dia 1,03 1,96 2,68 3,19 3,52
C.A Kg/kg 1,79 2,59 3,11 3,67 4,35
PB % 17,35 15,8 14,3 12,71 11,6
Ca % 0,72 0,63 0,55 0,48 0,45
P % 0,4 0,32 0,28 0,25 0,24

Frango

Pré-Inicial Inicial Crescimento 1 Crescimento 2 Terminação


Frango
1a7 8 a 21 22 a 33 34 a 42 43 a 46
Idade Média dias 4,00 14,50 27,50 38,00 44,50
Peso Médio Kg 0,12 0,44 1,25 2,07 2,52
Ganho g/dia 18,5 40,5 74,1 82 80,6
Consumo g/dia 22,2 60 130,2 170,3 190
Conversão(C.A.) kg 1,20 1,48 1,76 2,08 2,36
Eficiência(E.A.) % 83 68 57 48 42
EM Kcal/Kg 2925 2980 3050 3100 3150
PB % 21,85 20,65 19,1 17,74 16,97
Ca % 0,931 0,878 0,81 0,751 0,717
P disponível % 0,466 0,439 0,405 0,374 0,357

Exemplo com Aves de Corte


Desempenho Nutricional em Frangos de Corte
250
200
Gramas/ dia

150 Ganho g/dia


100 Consumo g/dia

50
0
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
Idade ( dias)

112
TABELAS PARA AVICULTURA DE CORTE
Tab. 27 - Exigências Nutricionais de frangos de Corte Machos de Desempenho Médio
Pré-Inicial Inicial Crescimento 1 Crescimento 2 Terminação
1a7 8 a 21 22 a 33 34 a 42 43 a 46
Idade Média 4,00 14,50 27,50 38,00 44,50
Peso Médio Kg 0,124 0,463 1,33 2,198 2,675
Ganho g/dia 19,6 45,8 77,6 87 85,7
Consumo g/dia 23 65,8 134,5 178,4 196,1
Eficiência(E.A.) % 85 70 58 49 44
Conversão(C.A.) kg 1,17 1,44 1,73 2,05 2,29
EM Kcal/Kg 2950 3000 3100 3150 3200
PB % 22,04 20,79 19,41 18,03 17,24
Ca % 0,9391 0,884 0,824 0,763 0,728
P disponível % 0,47 0,442 0,411 0,38 0,363
Relação Ca:P 2,00 2,00 2,00 2,01 2,01
Tab. 30 - Exigências Nutricionais de frangos de Corte Fêmeas de Desempenho Médio
Pré-Inicial Inicial Crescimento 1 Crescimento 2 Terminação
1a7 8 a 21 22 a 33 34 a 42 43 a 46
Idade Média 4,00 14,50 27,50 38,00 44,50
Peso Médio Kg 0,123 0,442 1,189 1,874 2,228
Ganho g/dia 18,9 41,7 63,3 65,3 63
Consumo g/dia 22,5 61,1 117,5 148,6 159,8
Eficiência(E.A.) % 84 68 54 44 39
Conversão(C.A.) kg 1,19 1,47 1,86 2,28 2,54
EM Kcal/Kg 2950 3000 3100 3150 3200
PB % 20,98 19,9 18,74 17,53 16,86
Ca % 0,891 0,839 0,781 0,723 0,691
P disponível % 0,448 0,421 0,391 0,362 0,345
Relação Ca:P 1,99 1,99 2,00 2,00 2,00

EXIGÊNCIA PARA AVES DE REPOSIÇÃO E POSTURA


Tabela 35 pág. 100- Exigências Nutricionais de Aves de Reposição Leves
de acordo com o Nível Energético da Ração
Fase Inicial Cria Recria
Idade(semanas) Semanas 1a6 7 a 12 13 a 18
EM(Kcal/Kg) (Kcal/Kg 2900 2900 2900
PB % 18 16 14
Ca % 0,94 0,83 0,8
P disponível % 0,44 0,39 0,31

Tab.42 - Exigências Nutricionais de Galinha Poedeiras Leves ( g/ave/dia)


Nutriente Poedeiras Leves
Proteina Bruta 16,5
Cálcio 4,02
Fósforo Disponível 0,375
Peso Corporal(kg) 1,47 1,6 1650
Ganho, g/dia 1,5 0,5 0
Massa do Ovo,g/dia 55 50 45

Tab 45 - Exigências Nutricionais(%) de Galinhas Poedeiras Leves de acordo com


a produtividade, a Energia Metabolizável e o Consumo de Ração
Peso Corporal Kg 1,47 1,6 1,65
Ganho g/dia 1,5 0,5 0
Massa do Ovo g/dia 55 50 45
Exigência de EM Kcal/kg 304 303 297
Consumo de Ração g/dia 105 108 110
Nutrientes
EM da Ração Kcal/Kg 2900 2800 2700
Proteina Bruta % 15,71 15,28 15
Cálcio % 3,83 3,72 3,66
Fósforo disponível % 0,36 0,35 0,34
Reação Ca:P 11 11 11

113
Exemplo com Suíno

Desempenho de Suínos
3
2,5
2
1,5
Kg

1
0,5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Idade (semanas)
Ganho Kg/dia Consumo Kg/dia

TABELAS PARA SUINOCULTURA


EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE SUÍNOS EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE SUÍNOS
Tab.71 pág.149 - Exigências Nutricionais de Suínos Machos
castrados Tab.74 pág.152 - Exigências Nutricionais de Suínos Fêmeas
de Alto Potencial Genético com Desempenho Médio de Alto Potencial Genético com Desempenho Médio
Fases Fases
Unid. Inicial Crescimento Terminação Unid. Inicial Crescimento Terminação
15 a 30 a 50 a 70 a 100 a 15 a 30 a 50 a
Peso Vivo Kg 30 50 70 100 120 Peso Vivo Kg 30 50 70 70 a 100
Peso Médio kg 22,5 40 60 85 110 Peso Médio kg 22,5 40 60 85
Ganho de
Peso kg/dia 0,616 0,825 0,96 0,996 0,953 Ganho de Peso kg/dia 0,613 0,805 0,914 0,931
Consumo Kg/dia 1,051 1,81 2,494 3,25 3,571 Consumo Kg/dia 1,108 1,76 2,48 2,64
E.A % E.A %
C.A Kg/kg C.A Kg/kg
Nutrientes Nutrientes
EM Kcal/kg 3230 3230 3230 3230 3230 EM Kcal/kg 3230 3230 3230 3230
PB % 18,13 16,82 15,43 13,83 12,39 PB % 18,5 17,55 16,45 15,01
Ca % 0,72 0,63 0,55 0,48 0,45 Ca % 0,72 0,63 0,55 0,48
P disponível % 0,4 0,32 0,28 0,25 0,24 P disponível % 0,4 0,32 0,28 0,25
Relação Ca:P 2 2 2 2 2 Relação Ca:P 2 2 2 2

Tabela 79 - Exigências Nutricionais de Suínos na Fase de Gestação e Lactação


de Acordo com o Nível Enérgético e o Consumo de Ração
Gestação Lactação
Marrãs Porcas Marrãs Porcas
Exigência EM Kcal/Kg 6340 7000 15000 18500
Nível EM da Ração Kcal/Kg 3020 3040 3330 3100
Consumo Kg/dia 2,099 2,303 4,505 5,968
Nutriente
Energia Metabolizável Kcal/kg 3020 3040 3330 3300
Proteina % 14,3 12,4 19,0 18
Cálcio % 0,71 0,7 0,85 0,8
Fósforo disponível % 0,38 0,37 0,45 0,43

114
8.5.5. Formulação de Rações

EXEMPLO - 01
Formule um concentrado com 19% de PB, com 5% Núcleo
1ºPasso: Correção da PB Quantidade em % da Mistura Total 100
Quant. em % de Inclusão do Núcleo 5
Quantidade em % Para Correção 95
Correção da PB 19 %PB em 95 %Mistura
x %PB 100 % do Pearson
xé=a 20 % de PB no Quadrado de Pearson
Ingredientes disponíveis Ingredientes % da Mistura
Mistura %PB Exigida % 95
F.Soja 46 12 Partes de F.Soja 31,58 30
20
Milho 8 26 Partes de Milho 68,42 65,0
Sub-Total 38 Partes de FS e M 100 95,0
Tabela para Mistura Final Batida(kg) Valor da batida
Mistura Inclusão %PB %PB EM (kcal/kg) 500
F.Soja 30,00 46 13,8 677 150 111
Milho 65,00 8 5,2 2198 325 97,5
Núcleo 5 0 0 25 75
Total 100,00 19,0 2874 500 283,5
Valores dos Ingredientes
Ingredientes F.Soja Milho Núcleo R$/Kg 0,567
Valor R$/ kg 0,74 0,30 3

115
EXEMPLO - 02
Formule um concentrado com 19% de PB, com 5% Núcleo, utilizando mais de 3 ingredientes
1ºPasso: Correção da PB Quantidade em % da Mistura Total 100
Quant. em % de Inclusão do Núcleo 5
Quantidade em % Para Correção 95
Correção da PB 19 %PB em 95 %Mistura
x %PB 100 % do Pearson
xé=a 20 % de PB no Quadrado de Pearson
Ingredientes disponíveis Ingredientes % da Mistura
Mistura 1 %PB Exigida Partes % 95
F.Soja 46 30 Partes de F.S 83,33 79,17
40
Sorgo 10 6 Partes de Sorgo 16,67 15,83
Sub-Total 36 Partes de FS e S 100 95,0
Mistura 2 %PB Exigida % 95
F.Algodão 38 2 Partes de F.A. 6,67 6,33
10
Milho 8 28 Partes de Milho 93,33 88,67
Sub-Total 30 Partes de FA e M 100 95,0
Ingredientes %PB Exigida Partes % % Final
M 1 - F.S. + Sorgo 40 10 Partes da M1 33,33 26,39
20 5,28
M 2 - F.A. + Milho 10 20 Partes da M2 66,67 4,22
59,11
Sub-Total 30 Partes da M1+M2 100,00 95,00
Ingredientes % %PB PB EM(kcal/Kg) EM(kcal/Kg)
F.Soja 26,39 46 12,14 2256 595,3
Sorgo 5,28 10 0,53 3192 168,5
F.Algodão 4,22 38 1,60 1943 82,0
Milho 59,11 8 4,73 3192 1886,8
Núcleo 5,00 0 0 0 0
Sub-Total 100,00 PB 19 EM(kcal/Kg) 2733

116
9. SANIDADE

Como já mencionado anteriormente, a produção animal depende dos fatores genético


e ambiental, dentre os fatores ambientais, a sanidade é limitante na exploração animal,
causando prejuízos econômicos de forma direta e indireta. Então, para o animal expressar
sua capacidade genética ele deve estar bem nutrido, confortável, sem estresse, e
principalmente saudável, ou seja, ausente de qualquer doença ou enfermidade que
comprometa expressar seu potencial genético.
È importante destacar o grande trabalho e avanço da medicina veterinária, que é a
formação habilitada em cuidados com a saúde dos animais, entre outras. Portanto, este
material foi extraído de livros voltados ao conhecimento da saúde dos animais, e nos traz
informações sobre os aspectos sanitários em geral das principais espécies de interesse
zootécnico, para que possamos ter um conhecimento abrangente e generalizado sobre a
saúde dos animais, para que possamos adotar medidas que potencialize a saúde e minimize
a entrada ou disseminação de doenças, bem como, saber identificar um animal com sinais,
sintomas ou comportamentos anormais, que pode ser de alguma doença, para que
possamos informa ao veterinário, entender as recomendações e princípios de prevenção,
tratamento e cuidados a serem seguidos, bem como, utilizar as principais técnicas e
administrar medicamentos nas principais vias de aplicação, receitado pelo profissional
habilitado a esta função, ou seja, os profissionais Médicos Veterinários.

9.1. Introdução à Sanidade

No centro-oeste que têm uma densidade populacional ainda baixa associada às


condições edafo-climáticas do cerrado, os episódios de enfermidades são relativamente
moderados, porém bastante variável, devido as diferentes espécie, raças e sistema prdutivo.
No entanto, em geral predomina algumas enfermidades, destacando as doenças:
parasitárias (as verminose e cocidioses ou eimeriose); infecto-contagiosas (mastite,
pneumonia, diarréias, clostridioses, brucelose, podridão de cascos,) as nutricionais
(timpanismo, intoxicação, hipocalcemia, e fotossensibilização).
As enfermidades que atacam podem ser evitadas, adotando-se os programas e/ou
recomendações básicas de alimentação, instalações confortáveis e higiênicas e boas
práticas de manejo sanitário.
O criador deve concentrar seus esforços na adoção de medidas preventivas,
estabelecendo um programa de controle de parasitas internos e externos bem como um
esquema básico de vacinação associado a medidas gerais de higiene e desinfecção das
instalações. Com isso evita-se os tratamentos que oneram sobremaneira os custos de
produção, reduz-se o índice de mortalidade, principalmente de animais jovens e se alcança
alvos de produção e produtividade que justifiquem a exploração economicamente rentável.
Nexte contexto sanidade abrange uma série de atividades técnicas, conduzidas para
manter as condições de saúde dos animais, as quais são influenciadas pelo meio ambiente,
pelo genótipo e práticas de manejo, entre outras causas.
A manutenção da saúde de um rebanho tem início com uma adequada educação
sanitária das pessoas envolvidas e com uma correta alimentação dos animais. Assim, um
rebanho bem alimentado tem maior probabilidade de estar saudável, e resiste melhor às
doenças. Por outro lado, uma deficiência nutricional aumenta o índice de doenças e de
mortalidade no rebanho. Portanto, os animais devem ser bem nutridos para permanecerem
saudáveis.
Desta forma, entenda-se que “bem nutrido” é o animal que ingere alimentos com
qualidade e em quantidade suficientes para atender suas necessidades de mantença e de
produção.

117
A saúde dos rebanhos também recebe influência das instalações. Quando
construídas de forma adequada, proporcionam conforto e proteção, facilitam o manejo e
contribuem para manter a saúde dos animais.
O produtor e demais pessoas que lidam com os animais devem estar familiarizados
com o comportamento desses animais, de forma a reconhecer imediatamente qualquer
desvio de suas condições normais, para tomar as medidas corretas na hora certa. No
entanto vamos iniciar com fatos históricos.

Informações históricas

Falar em sanidade é arrepiante e tem histórias de origens biblícas: como exemplo.


 Abraão disse ao rei: nossos rebanhos fertilizaram suas terras sedentas, e agora quer
dobrar(1/4 p/ ½) os impostos, porque somos férteis... (Fertilizantes naturais: fezes rica
em nutrientes para os vegetais e microorganismo em geral (bonzinho(benéficos) e/ou
malvado (maléficos)).
 Isac filho de abraão disse ao seu filho: “ ...jacó, leve os animais á pastorear em
pastagens novas e saudáveis...” (Hábito de pastejo: plantas jovens, tenras,
geralmente próximo ao solo e às larvas infectantes de parasitos sobem até 15-20 cm
na planta)
 Os animais eram intinerantes como os nossos patriarcas (Intinerante: nunca dormiam
ou pastejavam em um mesmo local, reduzindo o contato com agentes cusadores de
doenças, com isso a imunidade adquirida naturalmente ficava prejudicada
 Geralmente apresentam instinto gregários e unidos (Instinto gregário: rápida
disseminação de doenças);
 Moisés falou a um de seu seguidores: “...entes animal se feriu nas colinas, vamos
abate-lo e consumir sua carne, antes que os vermes o faça (Ferida- Porta de entrada
e ambiente ideal para entrada e para desenvolvimento de microrganismo patogênicos
e de larvas de alguns insetos que causa bicheiras ou miíases).
 Davi: “tocava harpa para expulsar os espíritos maus dos animais” (Conforto, bem
estar, e sem estresse, são fundamentais para saúde dos animais)

9.2. O Fenômeno da Imunidade

O corpo animal vivo comtém todos os componentes necessários para sustentar a


vida. Ele é quente, úmido, repleto de nutriente. Como resultado, o tecido animal é
extremamente atrativo a uma vasta variedade de microrganismo. Isso pode ser facilmente
observado quando um animal morre. Ele começa a exalar mal cheiro quano ocorre invação
microbiana. No climas quentes, isso pode ser muito rápido.
Os tecidos dos animais vivos e saldáveis são resistentes a invasão microbiana devido
a muitos mecanismos de defesa interligados. De fato, a sobrevivencia de um animal
depende do sucesso da defessa contra a invação microbiana.
Caso algum microrganismo utrapasse e entra no animal, é essencial que o corpo
expulse o invasor que pode causar doenças ou reduzir a capacidade do animal sobreviver.
Pelo fato de a resistencia à infecão ser um fator crítico, o corpo não pode contar com um
único mecanismo de defesa. Para ser efetivo e confiável , múltiplos sistemas de defesa deve
estar disponíveis. Alguns sistema devem ser efetivos contra diversos invasores. Outros são
específicos. Alguns irão atuar na superfície do corpo para eliminar invasores. Outros agirão
profundmente dentro do corpo para destruir organismos que vencerão os mecanismos de
defesa externos. Alguns irão defender contra bactérias, outros contra vírus, e até contra
grandes invasores, como vermes parasitários e insetos.

118
As defesas do corpo provêm de um sistema complexo de mecanismo sobrepostos e
interligados para que juntos possam destruir ou controlar grande parte dos invasores. Uma
falha nessas defessas pode desenvolver uma enfermidade que podera ressultar em morte.
Os microrganismo de interesse na sanidade são aqueles achados em associação
com animais, já que podem às vezes ser perigosos e pode causar doenças (patôgeno). No
entanto, é importante destacar que somente uma pequena porção é patogênica, ou seja que
pode invadir os tecidos ou danificá-los. A capacidade de causar doença é variada e
denomina de virulência, podendo ser altamente virulento ou com baixa virulência, alguns
organimos de baixa virulência só chega a causar doença se penetrar em dose muito alta ou
em caso das defesas imunes do corpo estiverem prejudicadas, ou seja, quando o animal
estiver debilitado ou suprimidos. Esses são conhecidos como patôgenos oportunistas. Como
exemplos podemos citar: bactérias, tais como a Pasteurella hemolytica, que raramente
causam doenças em animais saldáveis e normais.

9.2.1. Defesas do corpo

Imunidade Inata

O corpo apresenta múltiplas camadas de defesa (barreiras físicas). A pele é a


primeira e mais óbvia barreiras físicas contra a invasão de microrganismos, além de proteger
contra ressecação e a sua descamação contínua renova as células junto com à liberação de
ácido graxos (sebo) permite o pH baixo para desenvolvimento de microrganismo. Pois
nessas condições já reside microrganismos benéficas que exclui outras bacterias e fungos.
Se essa flora da pele for perturbada, essas propriedades protetoras serão reduzidas. E
comum observar animais forçados a permanecer em pé na água ou na lama mostrar
aumento na frequencia de infecções podais (de casco) à medida que a pele encharca,
distruindo sua estrutura e alterando a flora residente em resposta a alterações no ambiente
local. Se ala sofrer algum dano, o processo de cicatrização assegura que será reparada
muita rapidamente, mais enquanto isso a porta fica aberta e suceptível.
Nas outras superfícies corpóreas interna, como as membranas mucosas do intestino
e do trato respiratório são pelo menos 200 vezes maiores em área que a pele, as defesas
simples inclue o processo de autolimpeza, lacrimejamento, mucose e cilios permite o fluxo
119
do muco na trato respiratório (junto com a tosse e o espirro), o fluxo de fluído no trato
gastrointestinal (o vômito e diarréia). A presença de uma flora normal e condições
anaeróbicas estabelecida também elimina muitos invasores potenciais, isso pode ser vista
com maior efeito no intestino de herbívoros, onde é essencial não somente para o controle
de patôgenos potenciais, mas para a propria digestão das fibras contida nos alimentos. No
estômago, o pH baixo tem efeito bactericidade e virucida. Porém alguns alimentos como o
leite são tampões potentes que impede redução do pH a níveis baixos, porém o ácido lático
tem enorme poder bacteriostático.
O fluxo urinário no sistema urinário é importante, pois esse processo de lavagem e o
pH baixo da urina geralmente proporcionam uma proteção adequada. Nas fêmeas adultas,
a vagina é revestida por um epitélio escamso composto por células ricas em glicogênio.
Quando estas células descamam, proporcionam um substrato para lactobacilos, que, por
sua vez, geram uma grande quantidade de ácido lático, que protege a vagina contra uma
invasão.
A glândula mamária utiliza vários mecanismos de defesa. Em um animal não lactante,
um tampão de ceratina bloqueia o orifício da teta e assim impede a entrada de bactérias
patogênicas. Em um animal lactante a ação de lavagem do leite ajuda a evitar a invasão e
proporciona a expulsão dos já instalados, enquanto o próprio leite contém muitas
substancias antibacterianas (chamadas de lacteninas). Além disso o leite contêm IgA
sistetizada na glândula mamária que fica associada aos glóbulos de gordura do leite. Essas
células constitue uma fonte de anticorpos contra potógenos intestinais
As barreiras físicas, embora muito úteis, não podem ser completamentes efetivas por
si só. Com tempo e persitência, um invasor por fim irá supera obstáculos físicos. A segunda
camada de defesa, portanto, consiste em mecanismos químicos e celulares de defesa
coletivamente (geral) conhecidos como sistema imunoinato (imunidade inata).
Esse sistema conta com o fato de que muitos microrganismo invasores são
quimicamente diferentes dos componentes normais do copo. Dessa maneira os animais tem
enzimas que pode digerir a parede celular de bactérias e desencadear a sua destrição.
Outro aspecto da imunidade inata é a habilidade do corpo de mobilizar suas defesas, e
focalizar os mecaninmo de ligação, ingestão e destruição do material estranho por um
processo conhecido como fagocitose (Invasor – antígeno x Defensor - anticorpo) no local
onde ocorre a invasão bacteriana que causa dano ao tecido e faz desenvolver a inflamação,
que aumenta o fluxo sanguíneo e acúmulo de célula (macrófagos) que irá atacar, captura e
destruir partículas estranhas como a maioria dos invasores bacterianos e outros
microrganismos. Essas células são chamadas de leucócitos ou glóbulo brancos do sangue
(neutrófilos e monócitos) formados na medula óssea e migrão para a corrente sanquínea
e para o interior dos tecidos, que podem destruir a maioria dos organismos invasores e
impedir que espalhem a áreas não infectadas pelo corpo. Porém, após sua curta vida
(poucos dias) morrem e são novamente substituidos por novas células, num processo
constante da medula óssea.
A inflamação é a resposta do tecido a pesença de microrganismo ou uma lesão. É um
mecanismo protetor vital, já que corresponde ao meio pela qual as células fagocíticas e as
moléculas de defesa, tais como os anticorpos ganham acesso aos locais de invasão
microbiana ou de danos teciduais. As celulas fagocitárias são facilmente encontradas no
sangue. Devem emigrar para o interior dos tecidos para destriur os invasores. Essas
grandes moléculas não podem deixar os vasos sanguíneos normais , mas podem escapar
para o interior dos tecidos nos locais de inflamação. A inflamação consequentemente
proporciona um mecanismo através do qua os mecanismos-chave protetores são
focalizados numa localizada região do tecido. Portanto, localiza e elimina os invasoes e
ajuda a iniciar o reparo do dano tecidual.

Imunidade Adquirida
120
Se todo o material estranho que entra no corpo fosse totalmente ingerido, digerido e
destruido pela células fagocíticas, não haveria nehuma nessecidade de estímulo para uma
resposta imune. Entretanto, alguns antígenos (invasor) devem persistir para desencadear
uma resposta imune, por outro lado se todo o material estranho que entrasse em contato
com um corpo dessencadease uma resposta imune, então o sistema se sobrecaregaria na
tentativa de responder a cada estímulo estranho.
O sistema inuno adquirido tem receptores específicos antigênico e aprende o
processo e reconhecimento de cada invasor específico e crião célular de memória (Linfócitos
B e T) que quando encontrá-los novamente responde mais rápido e eficiente. Esse tipo de
resposta adptativa é função do sistema imunoadiquirido. Como um animal desenvolve
imunidade específica a um invasor, as chances de sucesso na invasão por um organismo
serão menores.
O sistema imunoadquirido é extraordinariamente um sistema de defesa efetivo. Pode
reconhecer invasores estrangeiros, destruí-los e reter em sua memória esse encontro. Se
um animal encontrar o organismo pela segunda vez , o sistema imune responde mais rápido
e eficientemente. Uma razão para essa complexidade é a defesa do animal a uma ampla
variedade de microrganismos.
Anticorpos específicos são formado primariamente no órgão do timo, baço,
linfonodos, que são formadores de células T e B.

9.2.2. Tipos e procedimentos de Imunização: Imunização Passiva e Ativa

Existem dois métodos básicos pelos quais pode-se tornar um animal imune a uma
doença infectocontagioso. Um método chamado de imunização passiva, que produz uma
resistencia temporária por meio de uma transferência de anticorpos de uma animal
resistente para um susceptível. Esses anticorpos passivamente transerido confere uma
proteção imediata, mas, como são gradualmente catabolizados, essa proteção diminue e o
receptor finalmente fica susceptível a uma reinfecção. O outro método chamado de
imunização ativa, que envolve a administração de antígenos em uma animal de maneira que
ele responde por meio de montagem de uma rsposta imune protetora. A reimunização ou a
exposição a uma infecção resultará em uma resposta imune secundária.
A desvantagem da imunização ativa é que a proteção não é conferida imediatamente
(prevenção), como a imunização passiva (proteção imediata ou tratamento). No entanto,
uma vez estabelecida, ela possui uma duração longa e é capaz de reestimulação.

121
Exemplo. Imunidade Passiva e Ativa em Suínos

Exemplo. Imunidade Passiva e Ativa em Equínos

Resposta imune dos animais recém-nascido

Após se desenvolver no ambiente estério do útero, os mamíferos nascem em


ambiente rico em microrganismo. Os filhotes dos animais domésticos são capazes de
montar resposta imune ao nascer. No entanto, qualquer resposta imune montado por um
animal recém nascido deve ser uma resposta primária com um período de intervalo
prolongado e concentrações baixas de anticorpos. Portanto, a menos que seja
providenciada uma assistencia imunologica, os animais recém-nascidos pode ser mortos por
organismos que apresentam pouca ameaça para um adulto. Essa assistência imunológica é
proporcionada pelos anticorpos transferido da mãe para o seu descendente através do
colostro.

Imunidade Passiva

122
Transferencia de Imunidade de Forma Natural da Mãe para o Descendente

Mamíferos : Secreção e composiçõ do colostro e do leite

O colostro representa as secreções acumuladas da glândula mamária nas últimas


semanas de gestação junto com proteinas ativamente transferidas a partir da corrente
sanguínea, sob a influência dos estrógenos e progesterona. É, portanto, rico em IgG e IgA,
mas também contém um pouco de IgM e IgE. Além de ser repleto de linfócito e células T,
esses linfócitos colostrais podem permanecer por até 36 horas no intestino de recém-
nascidos, e alguns penetram na parede intestinal e vão para a circulação sanguínea,
contribuindo com a proteção dos récem-nascidos, principalmente contra bactérias
enteropatogênicas comum, como é o caso da E.Coli que causa diarréia e morte neo-natal
Esse tipo de imunidade passiva é fundamental no primeiro mês de vida dos
mamíferos depois o organismo começa a adquirir imunidade ativa.

Absorção de Colostro: Os animais jovens que mamam logo após o nascimento


levam o colostro para o interior do seu trato gastrointestinal. Nesse animais jovens o nível de
atividades proteolíticas no trato digestivo é baixo e é posteriormente reduzido por inibidores
da tripsina no colostro. Portanto, as proteínas colostrais não são degradadas e utilizadas
como fonte de alimento, mas, em vez disso, atingem o intestino delgado intactas. A
imunoglobulina do colostro se conjuga com um receptor especializados nas células epiteliais
intestinais dos recém-nascidos que faz a pinacitoce, e absorve estas imunoglobulinas que
vão para a circulação sistêmica egarantindo aos récem-nascido uma transfusão massiva de
imunoglobulinas materna.
Os animais domésticos diferem na na duração da permeabilidade intestinal. Em geral
a permeabilidade é maior imediatamente após o nascimento e declina após 6 h, sendo
mínima após as 24 h do nascimento. A alimentação feita através do colostro tende a
acelerar este fechamento, enquanto o retardo da alimentação resulta em um ligeiro retardo
do fechamento. Animais que não mamarão normalmente possuem níveis baixos de
imunoglobulinas no seu soro.

Imunidade Ativa- Vacinação de animais jovens : Pelo fato dos anticorpos maternos
passivelmente derivados inibirem a síntese de imunoglobulinas neonatais, eles impedem o
sucesso da vacinação em animais jovens. Essa inibição deve persistir por muitas semanas à
meses, e sua duração depende da quantidade de anticorpos transferido e da espécie
animal, mas geralmente fica em torno de 4 a 8 semanas de vida, onde já inicia os protocolos
de imunização ativa específica (Vacina).

Aves: Imunidade passiva no pintinho

As aves recém-eclodidas emergem do ambiente estério, o ovo, e como os mamíferos,


exigem uma assitência imunológica temporária. As imunoglobulinas (IgG) do sangue da
galinha são facilmente transferidas para a gema, enquanto o ovo ainda se encontra no
ovário. As medida que o ovo desce do oviduto a IgM e IgA das secreções ovidutais são
adquiridas junto com a albumina (clara). O pintinho recém-eclodido não absorve todo o seu
anticorpo do saco vitelinico até cerca de 24 horas após a eclosão.

Transferência de Imunidade Passiva de Forma Artificial

Imunização Passiva- Soro: A imunização passiva com soro, reque que os anticorpos
sejam produzidos em um animal doador ( geralmente desenvolvido em equínos) por meio de
uma imunização ativa e que esses anticorpos sejam administrados a animais susceptíveis
123
para conferir proteção imediata. O papel mais importante se dá na proteção contra
organismos toxigênicos, tais como, o Clostridium tetani e o C. perfringens. Os soros
produzidos dessa forma são conhecido como imunoglobulinas e são comumente produzidos
em equínos jovens por uma série de injeções imunizantes (toxóides). As toxinas de
clostridios são proteínas que podem ser desnaturalizadas e assim se tornarem não toxicas
por tratamento com formaldeído, passando ser chamadas de toxóides. A imunoglobulina
tetânica é administrada nos animais para conferir proteção imediata contra o tétano. Outo
soro comumente empregado na pecuária, é o soro antiofídico polivalente, elaborado com o
mesmo procedimento do soro anti-tetânico, porém o antígeno é o veneno de diferentes
espécies de cabras pesonhentas.

Imunidade Ativa

Ambiente natural

No próprio ambiente existe inúmeros microrganismo, sendo alguns deles patogênicos,


de baixo, médio e alto risco de levar o animal a morte. Naturalmente é o maior ativador do
sistema imune, pois constantemente o animal está em contato com o ambiente em que vive.
Porém, dependendo do patógeno e na quantidade (ambiente contaminado) em contado com
o animal pode trazer sérios prejuísos, tanto individualmente com atinguir todo um rebanho.

Vacinação e Vacinas

A vacinação foi comprovada nos últimos 120 anos ser o método mais eficiente e
efetivo no controle de doenças infecciosas. A erradicação da varíola, a eliminação da cólera
suína e da brucelose da América do Norte, e o controle de doenças como a febre afosa,
raiva, entre outras, não seria possível sem o uso de vacinas. Contudo, a vacinação não é
sempre um procedimento inócuo, e seu uso deve ser acompanhado de uma avaliação
cuidadosa dos riscos e benefícios do procedimento.
Dois critérios principais devem ser comtemplados para determinar se a vacinação
deve ser utilzada para controlar uma doença específica. Em primeiro lugar, deve-se
estabelecer que o sistema imune pode proteger contra a doença em questão. Em algumas
doenças como a anemia infecçiosa equina, a resposta imune é responsável por muito dos
processos patológicos. Em outra infecções, tais como a febre aftosa nos suínos e a peste
suína, pode-se induzir uma imunidade protetora muito fraca ou nenhuma imunidade, no caso
da aftosa do suíno não previni por muito tempo, no máximo 3 meses, sendo a resposa
imune inferior a infecção natural.
Em segundo lugar , antes de se usar uma vacina, devemos nos certificar de que os
riscos da vacinação não excedam os riscos associados à chance de contrair a doença
propriamente dita. Dessa forma, o uso da vacina deve ser inapropriado contra uma doença
que é rara e ou contra uma doença que não esteja associada a alta morbidade. Também
deve utilizar outros meios e procedimentos disponíveis de controle ou tratamento.
A imunização ativa possui vária vantagens importantes comparada à imunização
passiva. Essas vantagens incluem o prolongado período de proteção e a recuperação e o
reforço dessa resposta protetora por meio de injeções repetidas do antígeno ou pela
exposição à infecção.
Uma vacina ideal para imunização ativa deve, portanto, conferir forte imunidade
prolongada, e não deve ter efeitos colaterais adversos. Essa imunidade deve ser conferida
tanto ao animal imunizado como ao feto gerado por ele. Deve também ser barata, estável,
adaptável à vacinação em massa, e teoricamente deverá estimular uma resposta imune
distinguível da infecção natural de forma que a imunização e a eradicação possam ocorrer
simutaneamente.
124
Vacinação e Vacinas

Vacinação contra dois antígenos

125
9.3. Cuidados Sanitátio

Devemos ter uma sére de cuidados com a sanidade dos animais, sendo para isso
importante saber identificar a situação do animal ou do rebanho através de sinais ou
sintomas que permitem fazer a diferençiação entre animais saudáveis e doentes, e tomar as
medidas necessárias para evitar a morte do animal ou mesmo a disseminação da doença
por todo o rebanho, , bem como controlar a doenças e verificar os fatores que predispôs ao
surgimento da doença e que tome as medidas para que novas doenças não venha acometer
o rebanho.

9.3.1. Diferençiação entre animais saudáveis e doentes

Respostas sistêmicas à Invasão

Quando ocorre uma inflamação ou danos teciduais em qualquer lugar do corpo, o


animal também responde fabricando novas proteínas e montando uma série de resposta que
ajudam a proteger o corpo como um todo. Essas respostas sistêmicas incluem o
desenvolvimento da febre (alevação da temperatura corporal), neutrofilia (elevação dos
neutrófilos sanguíneos), tetargia (tremores), bem como a produção de muitas novas
proteínas que funcionam nas defesas do hospedeiro e são importantes componentes do
sistema imune.
A invasão microbiana estimula a produção de macrofágos que produz citocinas, estas
agem no cérebro elevando a temperatura corpórea, induzindo sono e suprimendo o apetite,
por isso é comum os sintomas de depressão e perda de apetite. Além disso, estas citocinas
provoca alterações metabólicas, agem na musculatura esquelética para potencializar o
catabolismo proteíco e mobilizar reservas de aminoácidos disponíveis, servindo para
aumentar a produção de anticorpos. Estas citocinas também age na medula óssea,
estimulando a liberação de neutrófilos na circulação sanguínea, causando uma neutrofilia.
Em função das mudanças no metabolismo, na própria fisiologia , e no próprio
comportamento do animal, torna-se possível identificar vários sintomas ou sinais clínicos que
indica que o animal pode estar doente.

Sinais de Saúde de Doença


Normal: 37 a 39ºC,
TºC Corporal Alta: acima de 40ºC (Febre)
podendo ir a 40ºC
Freqüência Respiratória
Normal. Acelerada
Batimentos Cardíacos
Alimentação Normalmente Inapetência,Anorexia
Ruminação Normal Parada(Atonia)
Pastosas, Líquidas, Gelatinosas,
Fezes Normais
Fétidas, Escuras, Sangue
Urina Amarelo e Cheiro Normal Alterada:Cor escura ou Vermelha

126
Ásperos,Secos,Sem Brilho,
Pêlos Lisos com Brilho
Arrepiados,Quebradiços, Queda
Olhos “Vivos” e Brilhantes Tristes e Fundo
Conjuntiva Rosa ou Vermelho Vivo Clara à Branca
Isola, Fica para Trás, Diferente do
Instinto Socável, Ativo e Gregário
Normal e do Grupo

Animais quando saudáveis apresentam:

 Vivacidade e altivez;
 Apetite normal, selecionando e ingerindo os alimentos com avidez;
 Pêlos lisos, sedosos e brilhantes;
 Temperatura corporal variando de 38,5 a 40,5º C;
 Fezes de consistência firme;
 Urina de coloração amarelada, odor forte e em volume dentro da normalidade;
 Processo de ruminação presente (para ruminantes);
 Boa condição corporal e porte compatível com a idade e a raça

Alguns sinais e sintomas que podem indicar doenças:

 Tristeza e isolamento do rebanho;


 Diminuição, ausência ou depravação do apetite (comer terra, ossos, etc).
 Pêlos arrepiados, ásperos e sem brilho ou queda dos pêlos;
 Temperatura corporal acima de 40,5º C – febre:
 Fezes de consistência pastosa, mole ou diarréica, com mau cheiro, com sangue ou
coloração escura;
 Urina de coloração escura, vermelha e com cheiro diferente;
 Condição corporal de magreza, porte atrofiado.

Identificação diária

Fundamental: O olho e a percepção são dons de Deus, seja bastante tranqüilo, devagar e
observe melhor os animais.

Melhores Locais e Horários

Na hora que fornecer alimentos, na área de descanso ou no pátio, na hora de conduzir as


instalações, no início e final do dia.

127
128
9.3.2. Prevenção, Controle e Tratamento de doenças

Após conhecer os principais sintomas entre os animais saudáveis e doentes é


fundamental que busque medidas que evite o aparecimento da doença, através da
prevenção. Porém, a prevenção apenas ajuda ou minimiza o risco do animal adoecer, isto
não impede que animais venham a adoecer, e neste caso outras medidas deve ser
realizadas, ou seja, o tratamento do animal doente. É importante destacar que algumas
ienfernidades sempre existiram e impossíveis de erradicar, mas é importante que controle
sua ação sobre os animais, destacando as doenças parasitárias.

“previnir é melhor do que remediar”


“remediar para cura e salvar”
“isolar para não disseminar e contaminar”
“Controlar para não prejudicar e não proliferar”

MEDIDAS PREVENTIVA

RELAÇ
RELAÇÃO ENTRE RESISTÊNCIA E SURGIMENTO DE DOENÇ
DOENÇA

ALTA ALTA
A

MÉDIA B MÉDIA

BAIXA C BAIXA

IMUNIDADE SUSCEPTIBILIDADE

SITUAÇ
SITUAÇÃO A: O ANIMAL APRESENTA IMUNIDADE ALTA, COM RESISTÊNCIA ORGÂNICA
ORGÂNICA EM
FUNÇ
FUNÇÃO DAS CONDIÇ
CONDIÇÕES FAVORÁ
FAVORÁVEIS DE NUTRIÇ
NUTRIÇÃO, SEM ESTRSSE, HIGIENE E MEDIDAS
PREVENTIVAS. SAUDÁ
SAUDÁVEL E EFICIENTE

SITUAÇ
SITUAÇÃO B: FALHAS DE MANEJO: SANITÁ
SANITÁRIO E / OU NUTRICIONAL. FASE FISIOLÓ
FISIOLÓGICA OU
SITUAÇ
SITUAÇÃO ESTRESSANTE. REFLEXO NO DESEMPENHO. SURGIMENTO DE DOENÇDOENÇA SUBCLÍ
SUBCLÍNICA

SITUAÇ
SITUAÇÃO C: A DOENÇ
DOENÇA SE MANIFESTA CLINICAMENTE. O ORGANISMO APRESENTA
IMUNIDADE BAIXA, SURGINDO AS DOENÇ
DOENÇAS OPORTUNISTA.
NORMALMENTE OCORRE BAIXA IMUNIDADE EM CORDEIROS E OVELHAS NO PER IPARTO, OU
ALGUMA CONDIÇ
CONDIÇÃO ESTRESSANTE.

129
Adotando programas e / ou recomendações básicas:

 Alimentação: Animais bem nutridos, ou seja, com alimentação equilibrada e de boa


qualidade dificilmente adoencem;
 Instalações higiênicas, desinfetadas e confortáveis: Baixa contaminação no ambiente
e animais com mínimo de estresse garantindo um conforto animal favorecem a
sanidade do rebanho;
 Boas práticas de manejo sanitário: Vacinações (calendário) e Vacinação estratégicas
específica por categorias susceptíveis, que merecem atenção especial (periparto,
lactantes, animas jovens e quando apresentar sintomas clínicos);
 Controle de parasitos- internos e/ou externos (manejo de pastagens, seleção de
animais resistentes, tratamento estratégico);
 Limitar presença de animais não desejáveis, que podem ser um possível veículo
transmissor de doenças (pombo, rato, mosca, entre outros);

Exemplos:

 Higiene – Limpeza e Desinfecções das Instalações

Limpeza periódica das instalações (por varredura, raspagem ou lavagem) e dos


equipamentos (bebedouros e procedendo-se a troca periódica da água; dos comedouros
ante do fornecimento de alimentos); Recolhimento das fezes para esterqueiras ou
composteira, e potencializar o aproveitamento do adubo orgânico na agricultura; Manter o
ambiente sempre limpo e seco para evitar a alta contaminação e/ou desenvolvimento de
organismos patogênicos.
A desinfecção de Piso; Materiais e Equipamentos; Reservatório de água são muito
importante, e vários produtos são utilizados, como, Cal Virgem (desidratação de microrganismo);
Vassoura de fogo (queima microrganismos esparulados); Desinfetantes químicos (mata a
maioria dos microrganismos) Ex: Creolina, Benzocreol, Fenol, Amônia Quartenária, Iodo
concentrado(Ler bula do desinfetante).

OUTROS CUIDADOS EVENTUAIS

QUARENTENA: A quarentena é uma recomendação muito importante na criação de


animais, mas com pouca utilização ou aplicação na prática. Onde os as animais adquiridos
devem ser isolados e ficar em observação por um período de aproximadamente 40 dias
(entre 30-60 dias) com o objetivo principal de conhecimento do estado sanitário dos animais,

130
e certificar-se de que os mesmos não são portadores de doenças, que dependendo pode ser
fatal a contaminação do rebanho inteiro.

ISOLAMENTO OU ENFERMARIA: Os sistemas de criação devem ter uma área afastada do


centro de manejo ou de maior circulação e concentração de animais, para o isolamento e
tratamento dos animais doentes de doenças infecto-contagiosas para evitar que está doença
espalhe por todo ambiente e para os demais animais. No entanto deve ter o cuidado para
não isolar o animal do tratador e dificultar o tratamento, e só retornar este animal ao rebanho
quando estiver completamente curado.

Descarte: É um procedimento utilizado para retirar do rebanho animal com: Doenças


crônicas; Seqüelas irreversíveis; Improdutivo, Animais Susceptíveis. O descarte pode ser por
meio do abate ou sacrifício. Em caso de abate esperar a cura e o período de carência do
medicamento utilizado, e no caso de sacrifício o animal

MEDIDAS CURATIVA

TRATAMENTOS – Oneroso (Caro), eficiente no início da doença, e devemos realizar o


tratamento até a cura completa, para salvar o animal e não permitir que a doença volte mais
forte e o microrganismo crie resistência ao principio do medicamento utilizado. Dependendo
da doença deve isola o animal ou sacrificá-lo para evitar a disseminação da doença para os
demais.
Para tratar um animal, deve ter vários conhecimentos que se completam, lembrando
que a recomendação do tratamento e indicação profissional dos produtos deve ser baseada
na orientação de médico veterinário. Porém a utilização, uso e aplicação do produto pode
ser feito pelo próprio produtor. No entanto faz necessário conhecer as principais vias de
aplicação dos produtos, no qual veremos adiante.

9.3.3. Principais enfermidades em ruminantes

A seguir apresentaremos de forma sucinta as principais doenças que acometem a


principais espécies de ruminantes, mostrando o quadro clínico para sua identificação, com
destaque para as medidas profiláticas recomendadas para manter a saúde e a produção do
rebanho.

TIPOS DE ENFERMIDADES PARASITÁRIAS


ENDOPARASITOS ECTOPARASITOS

131
Helmintos Protozoários Carrapatos
Nematóides Eimeriose(Coccidiose) Mosca-do-Chifre
Cestóides Berne
Trematódeos Míiases (bicheiras)
Oestrose (bicho de cabeça)
Sarna (Ácaros)
Pediculose (Piolhos)

TIPOS DE ENFERMIDADES/DOENÇAS
INFECCIOSAS DIVERSAS

Vírus Bactérias AlimentaçãoI ManejoI Intoxicação

Febre Aftosa Mastite Hipotermia


Raiva Pneumonia (Pasteurelose) Timpanismo
Diarréias (Campilobacteriose,
Ectima Intoxicação por uréia
Salmonelose)
Clostridioses
(Enterotoxemia ou Morte Súbita,
Toxemia da Gestação
Tétano, Butulismo, Gangrena
Gasosa).
Pododermatite Fotossensibilização
Ceratoconjuntivite Urolitíases ou cálculos renais

Doenças Parasitárias

A relação entre algumas espécies de organismos, muita das vezes são desarmônicas,
podendo esta ser da forma parasitária, onde o parasito é beneficiado do seu hospedeiro, que
fica prejudicado. Dependendo do nível de infestação (externo) ou infecção (interno) pode
comprometer severamente o desempenho do animal e caso não seja controlado pode levar
a morte ou mesmo deprimir o animal, tornando-o fracos e vulneráveis a doenças
secundárias.
Os parasitos geralmente passam por um ciclo de vida dividido em dois períodos, sendo
um período de vida livre (no ambiente) e um período de vida parasitária (no hospedeiro),
obtendo seus nutrientes para desenvolvimento e reprodução. Muitos trabalhos tem
mostrados que a maioria (95-97%) está presente no ambiente e apenas uma pequena
minoria (3-5%) está no hospedeiro, então fica difícil erradicar, porém é possível controlar
estrategicamente a população de parasitos, atuando de forma direta e indireta, de acordo
com o ambiente e o animal, e sem dúvida o manejo é muito importante neste controle.
Veja o exemplo abaixo, com controle estratégico de verminose em bovinos

132
No meio rural existe vários parasitos com diferentes meios de sobrevivência, no entanto
destacaremos algumas de grande importância na pecuária para melhor explicação e
entendimento deste fator limitante na produção animal.

Verminose

A verminose é uma doença que ataca os animais e é uma das principais causas de
baixo desempenho, morbilidade, mortalidade nos animais. É causada por vermes que se
localizam no trato digestivo do animal, onde se fixam e sugam o sangue do mesmo. Os
principais helmintos identificados incluem: Haemonchus contortus, Strongyloides papillosus,
Cooperia sp., Oesophagostomum columbianun, Oesophagostomum venulosum,
Trichostrongylus colubriformis, Trichostrongylus axei, Skrjabinema ovis, Trichuris sp., e
moniezia sp. Quando o animal tem grande número de vermes, fica magro, fraco, sem
apetite, com o pelo arrepiado e sem brilho e em alguns casos com a “papada inchada”
(edema submandibular) e diarréia.
Para atenuar os prejuízos causados pela verminose, o criador deve desverminar
periodicamente o rebanho.
Recomenda-se também desverminações nas seguintes ocasiões e adoção de outras
medidas auxiliares:
um mês antes ou logo após o parto, pois fêmeas lactantes
promovem maior disseminação de ovos nas pastagens;
com maior intensidade, a partir de um mês de idade;
ugar todo animal de compra antes de incorporá-lo ao rebanho;

ou através de coprocultura
(verificação de quais parasitos e verificação da eficiência dos princípios ativos) para
evitar a resistência dos vermes;

os animais adultos dos jovens;

Exemplos de Doença Causada por Endoparasitos (parasitos internos

133
Larvas móveis de vermes, nas pastagens Fundamentação para manejo de pastagens
em condições ideais de umidade e
temperatura

Outro método para orientação do tratamento anti-helmíntico é a observação da coloração da


mucosa ocular. Quando esta se apresenta pálida deve-se proceder a vermifugação. Este
método é conhecido como FAMACHA.
Endoparasitos
Alta susceptibilidade à parasitos
Baixa resistência à
doenças
Hemoncose

Tabela - Informações do cartão FAMACHA©

134
Resistência dos nematódeos aos anti-helmínticos
Consiste na habilidade de algumas cepas de parasitas sobreviver à ação das doses
de uma droga, em geral, letal para a maioria dos indivíduos da mesma espécie. A utilização
inadequada e indiscriminada de anti-helmínticos tem reduzido a eficiência no combate aos
parasitos, pelo aparecimento ou seleção de populações de parasitas resistentes aos
diferentes grupos químicos utilizados no tratamento dos animais.

Recomendações gerais para a utilização de anti-helmínticos


Estas medidas visam reduzir o desenvolvimento e a disseminação de nematódeos
resistentes:
Os anti-helmínticos, conhecidos também como vermífugos, devem apresentar alta
eficiência com baixo risco de intoxicação e grande segurança para fêmeas em gestação.
Devem possuir amplo espectro de ação, isto é, apresentar ação sobre todos os vermes
adultos e formas imaturas, tanto dos vermes gastrintestinais quanto dos vermes pulmonares;
Os anti-helminticos de largo espectro são classificados em quatro grupos conforme o
mecanismo de ação sobre os nematódeos ou vermes.

Quadro - Classificação dos anti-helmínticos


Grupo Princípio Ativo Produtos Comerciais Disponível

Albendazole Ricobendazole, Albendathor, Aldazol,


Benzimidazóis
Oxfendazole Systamex
Febendazole Panacur
Tetramisol Tetramisol
Imidazotiazóis
Levamisol Citec, Protall , Ripercol
Salicilanilidas Closantel Clorantel, Diantel, Zuletel , Rentec
Ivermectina Ivomec, Ivotan, Imectin, Altec,
Cloramectina -
Avermectinas Abamectina Lancer, Duotin
Moxidectin Cydectin
Doramectin Dectomax

Não fazer uso contínuo e freqüente de vermífugos com nomes comerciais diferentes
se o ingrediente ativo for o mesmo ou pertencerem ao mesmo grupo; A mudança freqüente
da classe química do vermífugo ou do princípio ativo pode provocar o desenvolvimento de
resistência múltipla dos vermes;
Fazer a alternância de vermífugo anualmente, utilizando produtos de denominação
técnica diferente é necessário para evitar a criação de cepas resistentes;
Separar os animais em lotes com mesmo peso para facilitar a aplicação ou se
possível pesar individualmente os animais e aplicar a dose conforme o peso, evitando
administrar doses acima ou abaixo do necessário;
Seguir o calendário de estratégico preconizado pela pesquisa-extensão para a região;
Verificar a presença de parasitas resistentes através de exames laboratoriais;
Além disso, é importante selecionar animais com maior resistência aos nematódeos.
Evitar excesso de manejo que cause estresse e traumatismos nas ovelhas em
gestação.
Coccidiose ou Eimeriose

135
É uma enfermidade comum em rebanhos que permanecem entabulados. Ataca animais
de qualquer idade, porém é mais comum em animais jovens. Doença causada por um
protozoário do gênero eimeria e tem sua ocorrência amplificada pela falta de higiene geral,
contaminação de água por fezes com oocistos, concentração das crias em ambiente úmido,
bem como sobrelotação nas instalações e nas pastagens por animais das diversas
categorias.
Os sintomas incluem diarréia fétida, falta de apetite, desidratação, perda de peso e
crescimento retardado, podendo levar à morte. Nos animais adultos, esta doença é
ocasional (condições de estresse).

O controle da doença é feito pelo isolamento e tratamento dos doentes com


medicamentos à base de sulfa (Sulfonamidas) por via oral (Ex: Coccifin®), durante dois a
três dias.
A prevenção se faz mantendo-se as crias separadas dos animais adultos, pois estes
são portadores da doença e constituem uma fonte de infecção para os animais jovens;
fazendo-se a limpeza diária dos alojamentos e bebedouros e evitando-se umidade nas
instalações, criando condições que favoreça a ventilação e evaporação da umidade.


O uso de cocciostáticos como salinomicina na dose de 1 mg / kg misturada ao leite ou
ração dos 14 a 210 dias de vida de cabritos e cordeiros é recomendado como medida
preventiva em sistemas intensivos de criação. Outro cocciostáticos é monesina sódica
(ionóforos) a pode ser incorporado no concentrado. No mercado é fácil de encontrar o
Rumensin® a 10 % de monesina sódica, podendo utilizar na quantidade de 300 a 400 g
Rumensin® por tonelada de concentrado.

136
Ectoparasitos

Carrapato

Mosca-do-Chifre/ Berne
Oestrose
Os ectoparasitos que acometem os caprinos e os ovinos são os piolhos mastigadores
(Bovicola) e sugador (Linognathus), os ácaros (Psoroptes caprae e demodex caprae)
causadores de sarnas e as larvas de moscas (Cocchliomya hominivorax), que causam
prejuízos pelos danos na pele dos animais afetados. As medidas para o controle das
pediculoses e das sarnas contemplam:

137
Foto à direita, achados de Oestrus ovis, em um corte transversal da cabeça de um ovino
Miiases
A miíases (bicheira) é causada pela larva da mosca “varejeira” (Cocchliomya
hominivorax), que põe seus ovos nas feridas frescas. Depois de algumas horas, as larvas
saem dos ovos e penetram nos tecidos vivos onde se alimentam e crescem por
aproximadamente uma semana. Em seguida, caem no solo onde se transformam em
moscas, completando assim seu ciclo de vida. Durante o período em que as larvas
permanecem na ferida, vão comendo a carne do animal chegando a causar grandes
estragos. O animal fica irritado, observando-se inquietação, perde o apetite, emagrece e se
não for tratado pode morrer. Como medida preventiva, proceder à desinfecção da pele após
ocorrência de traumatismos, tais como: brincagem, castração, corte do cordão umbilical e ou
da cauda, além da higienização das instalações para evitar moscas. Para tratar miíases já
instalada, retirar todas as larvas da ferida e usar um produto repelente e cicatrizante.
Miíases (bicheiras)
Miíases (bicheira) Orelha- Brinco grande e Castração
• Bicheira no umbigo
Mal cura do umbigo ao nascer
• Bicheira na cauda
Diarréia com sangue e
substrato para
Mosca colocar
Ovos-Larvas

Piolho
Sarna

138
9.4. Principais Produtos e sua Utilização na Sanidade Animal

È importante saber manusear os principais produtos utilizados na sanidade dos


animais, e para isso devemos tomar conhecimento de algumas informações sobre seu uso,
e utilizaremos várias bulas dos principais produtos disponíveis do mercado, tendo uma
orientação sobre sua indicação e contra-indicação, princípio ativo, dosagem utilizada,
período de tratamento e carência, vias de aplicação, restrições, entre outros.
Nesta parte exemplificaremos com alguns produtos mais utilizados e destacando as
vias de aplicação e os equipamentos necessários.

9.4.1. Administração de medicamentos

É muito comum no dia-a-dia das propriedades a necessidade de aplicação de


injeções nos animais para prevenir ou mesmo curar doenças. Existem diversas vias de
aplicação que se utilizam conforme o tipo de medicamento (fármaco) a ser utilizado, pois a
via precisa ser compatível com a forma de absorção, concentração e com o tempo
necessário para que ela atinja o local desejado. As vias mais comuns de administração dos
medicamentos são as formas: injetável, oral, tópica, vaginal, intraperitoneal e intramamária.
Em função da importância dessa prática, descrevem-se a seguir regras práticas de
aplicação:

INJETÁVEIS

1. Subcutânea, também chamada hipodérmica (SC)

139
A injeção subcutânea, como o próprio nome diz, deve ser dada debaixo da pele, sem
atingir vasos sanguíneos e músculos. Pode ser aplicada em qualquer parte do corpo. A
região compreendida atrás ou à frente da pá, que todos conhecem como paleta, é uma área
fácil de ser atingida, e apresenta maior segurança para o aplicador. Para que a injeção seja
melhor aplicada, recomenda-se dobrar a pele, para atravessar a agulha com maior
facilidade. Ao sentir que atravessou a pele injeta-se o conteúdo da seringa, depois retira-se
a agulha e pressiona-se o local com um algodão embebido em álcool iodado. É usada para
aplicação de vacinas e alguns medicamentos. Doses maiores que 10 ml devem ser
aplicadas em diferentes locais. As agulhas mais utilizadas são curtas e de pequeno calibre,
variando de 15x10, 15x15, 10x10 a 10x15.

2. Endovenosa (IV ou EV)

De todos os tipos de injeções, é a que proporciona ação mais rápida do medicamento:


é aplicada diretamente na corrente circulatória (direto no sangue). É a via preferencial para
administração de soros (Solução Fisiológica, Hidratantes, Fortificantes, etc.). Os melhores
locais de aplicação são as veias jugular (pescoço) e mamária (barriga).
Normalmente, os produtos vêm acompanhados dos materiais necessários para
realizar a medicação (equipo e agulha descartáveis). Alguns medicamentos anestésicos,
utilizados em intervenções cirúrgicas, também podem ser aplicados IV – lentamente (Ex:
Xilasina, nome comercial Rompum)

3. Intramuscular (IM)

É a injeção aplicada dentro do músculo. As agulhas para esta aplicação são maiores
(calibre 40x12 para adultos e 30x8 para bezerros). Deve-se tomar cuidado com o tamanho
da agulha porque, se for uma injeção a ser aplicada em um bezerro, pode o tamanho da
agulha ser de tal forma que atravesse todo o músculo e a aplicação seja fora do local ideal.
Os melhores locais de aplicação são a região glútea (garupa), o músculo da tábua do
pescoço e na parte detrás da coxa, justamente os mais volumosos.

4. Intradérmica (ID)

Como o nome diz, deve ser aplica da dentro da pele, isto é, não chega a atingir a
região debaixo da pele. Esta aplicação é muito específica, somente usada para testes
alérgicos, como é o caso do exame de tuberculose. É uma aplicação que deve ser realizada
pelo médico veterinário.

5. Intra – Ruminal

A injeção intra-ruminal é bastante específica e é aplicada dentro do rumem


(estômago). A aplicação desse tipo de injeção deve ser atribuição do veterinário ou de
pessoal habilitado. Como é uma aplicação de risco pode provocar grandes problemas, como
infecções dentro da barriga do animal (peritonite).

6. Intraperitonial

É uma injeção que deve ser aplicada com muito critério pois pode trazer problemas
sérios de infecções dentro da barriga (peritonite). Ela é aplicada dentro da barriga, sem ser
dentro dos intestinos. É uma aplicação que deve ter a orientação do médico veterinário ou
pessoa bem treinada.

140
Outras vias de administração:

Oral – via utilizada na administração de alguns vermífugos, complexos vitamínicos.


Nestes casos deve-se ter o cuidado para que o medicamento não ingresse no trato
respiratório, o que pode provocar pneumonia por aspiração e até matar o animal por asfixia.

Tópica – utilizada para aplicação de pomadas (Ungüento) para cicatrização de ferimentos


na pele, Sprays (matabicheiras) para tratamento de miíases, aplicação de carrapaticidas por
pulverização, etc.

Vaginal – via utilizada para aplicação de certos antibióticos indicados para tratamento de
metrites e/ou vaginites, como por exemplo na aplicação de velas uterinas realizada via canal
vaginal. Ex: GENTRIN infusão intra-uterina (sulfato de gentamicina 300 mg; cloridrato de
bromexina 150 mg e nitrofurazona 100 mg); GINOVET tabletes efervecentes (cloridrato de
tetraciclina 1 g e nitrofurazona 150 mg)

Intra-mamária – esta via é utilizada na aplicação de medicamentos para tratamento e


prevenção de mastite. Inicialmente esgota-se o úbere completamente, depois introduzimos
uma sonda adaptada a uma seringa contendo o medicamento no orifício da teta. Já existem
no mercado produtos especiais para aplicação intra-mamária, que vêm acondicionados em
aplicadores prontos para aplicação. Deve-se ter o cuidado para evitar traumatismos no
interior dos tetos. Exemplo de alguns medicamentos: MASTICLOR (cloranfenicol 200mg e
deltahidrocortizona 5 mg) MASTICILIN (3.000.000 UI penicilina); MASTITEC 250;
MASTIZONE (cefoperazone sódico 250 mg); GENTOCIN MASTITE 150 mg e 250 mg;
MASTIFIN (gentamicina 150 mg); ANAMASTIT S (vacas secas); ANAMASTIT L-200 (vacas
em lactação).
9.4.2. Solução antissépticas

 Tintura de iodo a 10%


Fórmula: 100 g de lodo ressublimado + 60 9 de lodeto de potássio + 50 ml de água
potável + 950 ml de álcool absoluto.
A formulação pronta pode ser adquirida em lojas de produtos hospitalares.
Indicações:
Desinfetar feridas de abscessos drenados;
Tratar o umbigo de recém-nascidos;
Tratar as lesões causadas pela pododermatite (Mal dos cascos);
Curar escoriações da pele e miíases (bicheiras).
 Álcool lodado
Fórmula: 100 ml de tintura de iodo a 10% + 900 ml de álcool comum. Indicações:
Desinfecção da pele no local de aplicação de medicamentos;
 Solução de Permanganato de Potássio
Fórmula: 30 g de permanganato de potássio + 1000 ml de água potável Indicações:
Tratar e desinfetar as lesões da boqueira e outros ferimentos.
 lodo Glicerinado - solução 1:1
Fórmula: 50 ml de Tintura de iodo a 10% + 50 ml de glicerina Indicações:
Aplicar nas tetas de vacas após a ordenha
Tratar lesões de causadas pelo ectima ou boqueira e pele em reconstituição por
fotossensibilização.
 Solução de Sulfato de Cobre a 5% e 10%
Fórmulas: 5% = 50 g de sulfato de cobre em 950 ml de água potável 10% = 10 kg de
sulfato de cobre em 100 litros de água; Indicações:

141
Prevenir e tratar as lesões causadas pela pododermatite (mal dos cascos);
Solução indicada para uso coletivo em pedilúvio ou tratamento individual.
 Solução de sulfato de Zinco a 5% e 10%
Fórmula: 5% = 50 g de sulfato de zinco + 950 ml de água potável
10% = 10 kg de sulfato de zinco em 100 litros de água Indicação:
Prevenir e tratar as lesões causadas pela pododermatite ou mal dos cascos.
 Solução Mista
Formula: 5 kg de sulfato de Zinco + 4 kg de sulfato de cobre + 1 lata de creolina + 2
litro de Formol Estabilizado + 95 l de água.
* Usar no pedilúvel
Solução Desinfetante
Formula :Iodo 200 ml + 100ml de Biocid + 100 ml de álcool + 100 ml de água.
Desinfetar pisos e Tratar casco
 Soluções para desinfecção das instalações
Creolina : Anti-Séptico e Germicida
Dosagem: 2-4% de Creolina dissolvida em água

9.4.3. Vacinas

Aftosa
Raiva
Brucelose
Polivacina (Clostridioses)
Pneumoenterite ou Paratifo

9.4.4. Anti-parasitários

9.4.5. Antibióticos

9.4.6. Outros

142
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

143
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOMINGUES, O. Introdução à Zootecnia. 3. ed. Rio de Janeiro, MA/SIA, 1968. 392p.

DOMINGUES, O. Elementos de Zootecnia Tropical. 5. ed. São Paulo, Nobel, 1981. 143p.

FERREIRA, A.S.; PINTO, R. Formação do Zootecnista para o Próximo Milênio. In:


NASCIMENTO JÚNIOR, D.; LOPES, P.S.; PEREIRA, J.C. Anais dos Simpósios da
XXXVII Reunião Anual da SBZ. Viçosa: SBZ, 2000. 325 P., p. 339-352.

FONSECA, J.B. O ensino da Zootecnia no Brasil: dos primórdios aos dias atuais. In:
MATTOS, W. R. S. et al. (Ed.). A Produção Animal na Visão dos Brasileiros. Piracicaba:
FEALQ, 2001. 927 p., p. 15-39.

PEIXOTO, A.M. História da Sociedade Brasileira de Zootecnia. 3.ed. Piracicaba: SBZ,


2001. 202p.

TORRES, G.C. de V. Bases para o Estudo da Zootecnia. Salvador, UFBA, 1990. 464p.,
p.217-319.

TIZARD, IRAN R. Imunologia Veterinária: Uma Introdução. 6.ed. São Paulo: Roca, 2002.
532p.

STORER, T.I.; USINGER, R. L.; STEBBINS, R.C. et al. Zoologia Geral. 6. ed. São Paulo,
Nacional, 1986. 816 p.

144
ANEXOS

Estrutura Óssea
Esqueleto das Classes de animais domésticos

145
146
Estrutura Muscular

147
Tipo = Forma e Função

Conformação em 3 cunhas

Conformação: Tipo Corte (Paralelepípedo) e Tipo Leite (Cunha)

Exterior dos animais

148
149
150
Aprumos

151
152
Defeitos

Figura. Lordose Sinfose Escoliose

153
GLOSSÁRIO

Grupamentos zootécnicos

A terminologia técnica normalmente empregada em veterinária e zootecnia é usada


de certo modo pelos criadores, deve ser perfeitamente conhecida de forma a evitar
contradições e dúvidas sobre o assunto.
Os termos mais utilizados e que devemos entender são:
Indivíduos, Espécie, Gênero, Raça, Variedade, Sangue, Linhagem,Rebanho, Plantel,
População, Reprodutor, Matriz e Cria.
Indivíduo: unidade biológica básica dos seres vivos. Constitui-se do animal isolado
em relação a sua própria espécie a a outras.
Espécie: é o grupamento de indivíduos suficientemente diferenciados de outros para
merecer um nome comum entendendo que terão seus produtos nascidos semelhantes a do
acasalamento e gerando descendestes férteis.
Gênero: está ligado ao conceito de espécie e quando estas apresentam
características comuns.
Raça: tem sido o agrupamento considerado mais importante no aspecto zootécnico. É
o conjunto de indivíduo de mesma espécie, com origem comum, finalidade econômicas
definidas e gerando descendentes com mesma característica de produtividade.
Variedade: variação da raça original que não são mantidas todas as características
comuns e gerais. É definida por um ponto particular.
Sangue: o conceito sangue está ligado ao conceito de herança. Na prática, ao
chamar-se um animal de “puro sangue” refere-se ao indivíduo registrado e o termo pode ser
entendido como puro de origem.
Linhagem: é o grupamento de indivíduos descendentes direto de um genitor ou
mesmo genitora, sendo muitas vezes um animal relacionado a descendência de um
ancestral.
Rebanho: Conjunto de famílias ou linhagens criadas dentro de um mesmo ambiente e
sujeitas as mesmas condições de trato, alimentação e nutrição.
Plantel: grupo de animais pertencentes a um mesmo criador, geralmente formados de
indivíduos e parentes entre si sujeitos ao mesmo tipo de trato, alimentação e seleção.
População: conjunto de indivíduos que ocupam a mesma região e pertencentes a
mesma espécie.
Reprodutor: Animal do sexo masculino encarregado da perpetuação da espécie,
inclusive por inseminação artificial (IA)
Matriz: animal do sexo feminino reservado a perpetuação da espécie, inclusive por
inseminação artificial, ou transferência de embriões.
Cria: refere-se aos animais lactantes e dependentes das matrizes.
O processo de formação de uma espécie e o que a determina está ligado a fatores
genéticos, bioquímicos, morfológicos, sexuais e ecológicos.
Genéticos: animais que pertencem à mesma espécie e possuem o mesmo número
de cromossomos.
Bioquímicos: composição protéica idênticas, assim como reações químicas e
fisiológicas.
Morfológicas: a semelhança entre os indivíduos (anatomia)
Sexuais: animais que pertencem à mesma espécie reproduzem livremente na
natureza escolhendo animais para gerarem seus semelhantes.
Ecológicas: Ambiente favorece a adaptação dos indivíduos com características
vitoriosas ao meio onde o animal vive.

154
Raça é definida como agrupamento de animais de mesma espécie e origem, com caracteres
morfológicos, fisiológicos e econômicos comuns e transmissíveis hereditariamente sob
condições ambientais e de exploração ideais.
Raça é definida como certo número de animais da mesma espécie, vivendo em condições
semelhantes, com a mesma aparência exterior, as mesmas qualidades produtivas, cujos
caracteres reaparecem em seus descendentes tal como existiam em seus antepassados.
A pureza racial é um conceito convencional, resultante da existência de um "pedigree", de
um registro oficial do animal. As raças podem ser puras racialmente, mas geneticamente são
parcialmente puras.
A pureza genética de uma raça pode ser atingida para alguns caracteres, devido à
dificuldade de se atingir alto grau de homozigose para todos os genes.
Raça Primitiva - Raça natural de determinada região, formada por seleção natural,
submetida ou não, posteriormente à seleção artificial. Ex.: Bovinos Schwyz.
Raça Derivada - Raça que provém de outras, ditas primitivas ou naturais, por variabilidade
espontânea ou cruzamento (Derivada sintética). Ex.: Raças bovinas Santa Gertrudis,
Canchim, Pitangueira.
Raça Nativa - Raça natural ou mesológica, formada em determinada região por seleção
natural, acompanhada ou não de ação seletiva e conservadora do homem. É dita "nativa
melhorada" quando sujeita à seleção artificial, no sentido de seu melhoramento genético,
com aperfeiçoamento econômico. Ex.: Raça caprina Moxotó.
Raça Exótica - Raça introduzida em região diferente da região de origem. Ex.: Raça bovina
holandesa, no Brasil.
APTIDÃO ECONÔMICA: Considera-se a aptidão produtiva da raça. Ex.: Raças bovinas
leiteiras; Raças de caprinos para abate; Raças de aves para postura; Raças de suínos tipo
carne.
ÁREA GEOGRÁFICA: Por "área geográfica da raça" entende-se o espaço territorial onde
vivem e se aclimaram indivíduos da raça, em estado de pureza ou em alto grau de sangue; e
por "berço da raça" entende-se o local onde a raça se definiu e formou, daí se dispersando
para outras regiões, nas quais se aclimou.
VARIEDADE: Principalmente em raças cosmopolitas, é possível formar-se grupamentos de
indivíduos em diversos locais, mais ou menos isoladamente, e que apresentam distinções
sensíveis, de modo a permitir certas diferenças entre a raça e os novos grupamentos. Essa
variação limitada a certos caracteres pode ser provocada ou mantida pelo criador visando
um melhor rendimento. Assim, se constituem, dentro da raça, as variedades ou sub-raças.
Essa diversificação pode basear-se em atributos zootécnicos ou em caracteres sem valor
econômico como pelagem, conformação craneana, etc.
FAMÍLIA: Conjunto de descendentes de um casal, direta e colateral, até a quinta geração.
LINHAGEM: Constituída pelos descendentes "diretos", a partir de um genitor macho ou
fêmea. Os descendentes devem apresentar, com notável fixação, certos traços ou
qualidades adquiridos por herança biológica daquele antepassado comum. Em geral, é
usado o macho, por gerar muito mais descendentes no mesmo espaço de tempo.
LINHAGEM PURA: Decorre de atributos fixos e puros nos descendentes diretos a partir de
um determinado genitor.
SANGUE: Sob o ponto de vista zootécnico, é a parte hereditária. Os animais de mesmo
sangue pertencem à mesma raça ou descendem dos mesmos antepassados, isto é,
possuem antepassados comuns.
MISTURA DE SANGUE: É uma alusão a cruzamentos de animais de raças diferentes.
FORMA: É o conjunto de animais cuja herança ainda é uma incógnita. A fixação dos
caracteres não está comprovada. É um termo geral, servindo para designar um grupo que
ainda não pode ser considerado raça.

155
POPULAÇÃO: É um grupamento qualquer de indivíduos, considerado do ponto de vista
numérico, desde que vivam em determinada área geográfica comum.
INDIVÍDUO: É a unidade indivisível. O indivíduo nunca é totalmente igual a outro de mesma
raça, variedade ou família, porque um se torna portador de características diferentes da
herança biológica dos antepassados. Mesmo sendo irmãos há sempre um meio de distinguí-
los, pois as variações se fazem notar. Quanto mais fixa e homogênea for a raça, menos
diferenças são notadas. Nos gêmeos univitelinos e clones há alto grau de igualdade.
GENÓTIPO: É o indivíduo considerado segundo sua origem genética ou sua herança
biológica. O genótipo é uma combinação acidental de heranças que têm origem no passado
e seu futuro na eternidade. No melhoramento animal, o que mais interessa é o genótipo,
pois na conservação ou melhoramento da raça o genótipo precisa ser conhecido, pois, este
passa às novas gerações. No genótipo está a garantia da permanência da raça, da sua
fixação ou de seu aperfeiçoamento.
FENÓTIPO: É a expressão exterior do genótipo sob a influência de determinadas condições
de ambiente. O fenótipo é efêmero, passageiro e morre com o animal. Ao explorador de
animais o que mais interessa é o fenótipo, seus caracteres raciais expressos
somaticamente, suas finalidades zootécnicas.

TERMOS EMPREGADOS NA NUTRIÇÃO/ALIMENTAÇÃO

Alimentos – Produto que contém nutrientes, são substâncias que podem ser ingeridas,
digeridas e assimiladas, contribuindo assim para manutenção e a produção do animal. O
alimento é qualquer produto de origem natural ou artificialmente preparado que, quando
corretamente usado, apresenta valor nutritivo.
Alimentação - Fornecimento ou ingestão de alimentos.
Nutriente – É o constituinte dos alimentos, sua composição química em geral, assim como
certas substâncias, que contribuem para manutenção da vida do animal: carboidratos,
graxas, proteínas, vitaminas, minerais etc.
Nutrição–Fornecimento de todos os nutrientes exigidos para satisfação das necessidades
dos animais
Exigência Nutritiva – quantidade de cada nutriente requerida por determinada espécie e
categoria animal, para desempenho normal.
Ração – Definida como a quantidade total de alimentos consumido pelo animal em 24 horas.
Refeição – É à parte da ração distribuída e consumida de cada vez.
Dieta – É o que o animal ingere em 24 horas, capaz de cobrir ou não suas necessidades.
Indica os componentes de uma ração, ou seja, é o ingrediente alimentício ou mistura de
ingredientes, incluindo a água.
Ração Balanceada – É a mistura de alimentos calculada para satisfazer as necessidades
diárias de um animal, incluindo todos os nutrientes necessários, nas quantidades e
proporções devidas.
Ingredientes – componentes de uma mistura de alimentos, mesmo não nutrientes.
Digestão – processo de desdobramento do alimento em substância simples que possam ser
absorvidas pelo organismo.
Hidrólise - reação química de substância complexa em água, resultando em outras mais
simples.
Degradação ou Degradabilidade - Maior ou menor facilidade de um alimento se decompor
por ação enzimática; expressão mais relativa ao meio ruminal.
Nutriente Digestível - É a fração de um nutriente que pode ser digerida e aproveitada pelo
organismo. Aplicada aos constituintes orgânicos dos nutrientes.
Coeficiente de Digestibilidade – Valor percentual de um nutriente de um alimento que é
digerido ( ou absorvido).

156
Eficiência alimentar – quantidade de produto animal por uma quantidade unitária de
alimento (kg de produto / Kg de ração)*100 .
Conversão Alimentar – Capacidade de um alimento se converter em uma unidade de
produto animal (Kg de ração/ Kg de produto.
Biodisponibilidade biológica – pode ser definida como a porção de um nutriente presente
no alimento que é absorvida pelo animal e utilizada nas funções biológicas.
Equivalente protéico – Potencial de uma substância nitrogenada não-protéica (NNP) que
se converte em proteína pelo organismo, com base em seu teor de nitrogênio multiplicado
pelo fator de conversão de 6,25.(N x 6,25= EP).
Micotoxinas – Toxina produzida por fungos. Exemplo: bolor, fermentação de concentrados
úmidos.
Oxidação – União de uma substância com oxigênio, aumentando a valência positiva,
decréscimo de valência negativa. Exemplo: rancificação de gorduras.
Núcleo - processo ou material relativo à mistura uniforme de nutrientes macronutrientes
minerais e Premix (microminerais, vitaminas, aditivos).
Premix – processo ou material relativo à mistura uniforme de micros nutrientes –
microminerais, vitaminas, aditivos.

TERMOS EMPREGADOS EM ANÁLISE DOS ALIMENTOS (BROMATOLOGICA)

Matéria Orgânica (MO): MO = MS + H2O: representa o alimento total.


Matéria Seca (MS): MS = MO - H2O representa o material isento de água, obtida através da
secagem no sol ou na estufa.
Matéria Mineral (MM): MM = MS-MO: representa a matéria inorgânica (elementos minerais),
determinada através da incineração da amostra em mufla a 550ºC até obter cinza bem clara,
indicando ausência de matéria orgânica.
Proteína Bruta (PB): representa a fração nitrogenada (compostos nitrogenados) dos
alimentos, obtida através da determinação do nitrogênio total multiplicado pelo fator 6,25.
Considera-se que em média toda proteína tem 16% de nitrogênio (16/100 = 6,25).
Extrato Etéreo (EE): representa o teor de óleo ou gordura dos alimentos e substâncias
solúveis no EE, como pigmentos essenciais e algumas vitaminas (ADE e K). As gorduras ou
lipídios são substâncias insolúveis em água, mas solúveis no éter, clorofórmio, benzeno e
outros solventes orgânicos chamados de extratores. Na dieta de ruminantes não se deve
ultrapassar a 5% de EE, pois impede os microorganismos entrar em contato direto com a
fibra, provocando redução na digestão da fibra e na queda de consumo animal.

157
CARBOIDRATOS
Fibra bruta(FB): corresponde ao carboidrato total subtraindo do extrativo não
nitrogenado(CHO sol.) Expressa basicamente o teor de celulose (atualmente pouco usual –
Erro de Weend).
Fibra insolúvel em Detergente Neutro (FDN): representa a quantidade total de fibra na
forragem expressada pela parede celular, composta por, “pectina”, celulose, hemicelulose e
lignina. Níveis elevados de fibra de forragem limitam o consumo de matéria seca, que
resultam no não-atendimento às exigências nutricionais e em maior demanda de alimentos
concentrados. Valores ideais de FDN : > 25 e < 50%.
Fibra insolúvel em Detergente Ácido (FDA): avalia a digestibilidade da parede celular,
através dos componentes celulose (baixa digestibilidade) e lignina (indigestível), sendo
utilizada para estimar a densidade energética da forragem. Portanto, silagem contendo
níveis inferiores de FDA apresenta maior concentração energética. Valores ideais de FDA
inferior a 30%. A lignina constitui a fração indigerível da porção fibra e limita a digestibilidade
da FDN de forragens. Baixos níveis de lignina na silagem são desejáveis, não devendo
passar de 5%. Em silagem de milho e de sorgo os níveis de lignina variam entre 3% e 8%.
Lignina: é um composto fenólico de alto peso molecular, não carboidrato, de extrema
importância na avaliação da digestibilidade dos alimentos.

Nutrientes Digestíveis Totais (NDT), utilizado para expressar a quantidade de energia


fornecida pelo alimento. Representa a soma dos nutrientes que tem energia multiplicada
pelos coeficientes de digestibilidade específica. A nova metodologia proposta pelo NRC
(2001), permite calcular o NDT através dos dados de composição do alimento, pelo
somatório da digestibilidade dos carboidratos não fibrosos (dCNF),
Proteína Bruta (Proteína Digestiva) e Digestibilidade da FDN (dFDN), conforme fórmula:
NDTa (%) = dCNF + dPBf + (dEE x 2,25) + dFDN- 7

Por cálculo determina-se:

158
CHOtt = 100 - (PB+EE+MM) - Água
ENN(extrativo não nitrogenado)
ENN = CHOtt - FB
CHOs = CHOtt - FDN
CNF= 100 – (PB+FDN+EE+MM)
Hemicelulose=FDN-FDA
Celulose = FDA – Lignina

TERMOS EMPREGADOS REFERENTE ÀS FORRAGENS E MANEJO FORRAGEIRO

Forragem (Forage ou Herbage): partes comestíveis das plantas, exceto os grãos, que podem servir na
alimentação dos animais em pastejo, ou colhidas e fornecidas. Também definida como a biomassa de plantas
herbáceas, exceto os grãos, geralmente acima do nível do solo, mas incluindo raízes e tubérculos comestíveis.
Dossel ou relvado (Sward): população de plantas herbáceas, caracterizada por um hábito de crescimento
relativamente baixo, e uma cobertura do solo relativamente uniforme, incluindo tanto a parte aérea como
órgãos subterrâneos.
Massa de forragem (Forage mass ): quantidade - massa ou peso seco - total de forragem presente por
unidade de área acima do nível do solo (preferencialmente, mas não obrigatoriamente). Medida de caráter
pontual, normalmente expressa em kg MS/ha.
Acúmulo de forragem (Forage accumulation): aumento na massa de forragem de uma área de
pastagem durante um determinado período de tempo.
Forragem disponível (Available forage): porção da massa de forragem, expressa como peso ou massa por
unidade de área, que está acessível para o consumo dos animais. Este é um termo não recomendado uma vez
que "forragem" é uma entidade definida e a "porção da massa que está disponível para consumo" é algo
hipotético e sujeito à controvérsia da especulação, mesmo quando um resíduo pós-pastejo é usado como
referência. Pode ocorrer, por exemplo, de parte da forragem abaixo do resíduo ser consumida antes que a
altura média do resíduo seja atingida. Os termos "forragem disponível" e "disponibilidade de forragem" são
frequente e erroneamente usados como sinônimos de "massa de forragem". Também é comum o uso de
"crescimento" como sinônimo
de acúmulo. "Acúmulo" é o resultado líquido do balanço entre crescimento (síntese de novos tecidos vegetais),
que soma massa, e os processos que subtraem massa (senescência e morte de tecidos) da comunidade
vegetal. Alguns autores, para maior clareza, usam o termo "acúmulo líquido", embora, pela definição, isso seja
redundante.
Pastagem (Pasture): um tipo de unidade de manejo de pastejo, fechada e separada de outras áreas por cerca
ou outra barreira, e destinada à produção de forragem para ser colhida principalmente por pastejo.
Piquete (Paddock): área de pastejo correspondente a uma sub-divisão de uma unidade de manejo de pastejo
(e.g., uma pastagem), fechada e separada de outras áreas por cerca ou outra barreira.
Freqüência de corte ou pastejo: refere-se ao intervalo de tempo entre os cortes ou pastejos sucessivos.
Desfolhação: é a remoção, por corte ou pastejo, das partes aéreas de uma planta(colmo, folhas, flores e
sementes).
Modificações botânicas: são alterações da população de cada espécie de plantas de uma pastagem.
Persistência: é a habilidade de uma planta sobreviver numa pastagem.
Palatabilidade: é uma expressão que indica a aceitabilidade de uma planta, ou parte de uma planta, pelo
animal em pastejo.
Capacidade de suporte (Carrying capacity): a máxima taxa de lotação que proporciona determinado nível de
desempenho animal, dentro de um método de pastejo, e que pode ser aplicada por determinado período de
tempo sem causar a deterioração do ecossistema. A capacidade de suporte é flutuante entre anos e dentro de
anos, e pode ser abordada e discutida dentro de estações ou de períodos do ano. A capacidade de suporte
média de uma pastagem, geralmente se refere à média de vários anos, ao passo que a capacidade de suporte
anual geralmente se refere a um ano específico. Sendo um reflexo da produtividade do pasto, a capacidade de
suporte é melhor apreciada em função de níveis de adubação, principalmente a nitrogenada.
Oferta de forragem (Forage allowance): relação entre o peso (matéria seca) de forragem por unidade de
área e o número de unidades anima is (ou "unidades de consumo de forragem", definidas como um animal com
uma taxa de consumo de forragem de 8 kg MS/dia) em um ponto qualquer no tempo. Uma relação quantitativa
e instantânea entre forragem e animal. O inverso de "pressão de pastejo”.
Disponibilidade de forragem: é a quantidade de forragem presente numa pastagem e que está disponível
para o animal.
Pressão de pastejo (Grazing pressure): relação entre o número de unidades animais ou unidades de
consumo de forragem e o peso (MS) de forragem por unidade de área, em um ponto qualquer no tempo. Uma
relação animal-forragem. Deve ser preterido em favor de "oferta de forragem".

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Superpastejo: é a situação em que há excesso de animais por forragem produzida. É uma das principais
causas da degradação das pastagens, pois, em virtude do grande número de animais, o superpastejo reduz o
vigor das plantas e sua capacidade de rebrotação e de produção de sementes. Isto acontece porque a
intensidade com que o animal promove o pastejo é aumentada, podando as plantas cada vez mais próximas do
nível do solo, reduzindo a quantidade de resíduo vegetal (forragem não consumida) que cai ao solo e passa a
constituir fonte de nutrientes que são reaproveitados pelas plantas forrageiras, o que se conhece como
reciclagem de nutrientes. A conseqüência desses efeitos do superpastejo sobre a pastagem será menor
produtividade e menor capacidade de competição com as invasoras e gramíneas nativas.
Subpastejo: é a situação em que há sobra de forragem produzida. Se o manejo for incorreto, mesmo em um
solo de alta fertilidade natural ou adubado intensivamente, ocorrerá a degradação da pastagem. E importante
sabermos que da MS total de uma forrageira, somente 5 a 10% são nutrientes minerais (N, P K, Ca, Mg, S, Cu,
Zn, Bo, Mo, Fe, Mn) ou seja, todo o esforço em termos de conhecimento científico, de investimentos em
adubações, em indústrias de corretivos e fertilizantes, entre outros, etc. é realizado para fornecer apenas 5 a
10% do total de forragem que queremos produzir. Os restantes 90 a 95% são apenas carbono (C), hidrogênio
(H) e oxigênio (O) que constituem a matéria orgânica propriamente dita e pode-se dizer que esta é a principal
fração influenciada pelo manejo das pastagens.
Taxa de lotação (Stocking rate): relação entre o número de animais ou de unidades animais (UA) e a área da
unidade de manejo por eles ocupada, durante um período específico de tempo (uma estação de pastejo, um
verão, etc.).
Densidade de lotação (Stocking density ): relação entre o número de animais ou de unidades animais (UA) e
a área da unidade de manejo por eles ocupada, medida num ponto específico do tempo (portanto, uma medida
instantânea). Também chamada de taxa de lotação instantânea.
A diferença entre taxa de lotação e densidade de lotação está na janela de tempo usada para definir as duas
grandezas. Considere-se, por exemplo, uma pastagem de 1 ha ocupada por quatro UA durante toda a estação
de pastejo (por exemplo, 180 dias de verão). A taxa de lotação é 4 UA/ha. Se essa pastagem for dividida em 4
piquetes de 0,25 ha e o lote de 4 UA permanecer 10 dias em cada um deles, voltando ao mesmo piquete após
30 dias, a taxa de lotação durante os 180 dias de pastejo continua sendo 4 UA/ha, mas a densidade de
lotação, expressa pontualmente, é de 4 UA em 0,25 ha ou 16 UA/ha.
Degradação de pastagens: termo usado para designar um processo evolutivo de perda de vigor, de
produtividade e da capacidade de recuperação natural de uma dada pastagem, tornando-a incapaz de
sustentar os níveis de produção e qualidade exigidos pelos animais, bem como o de superar os efeitos nocivos
de pragas, doenças e invasoras
Sistema de pastejo (Grazing system ): combinação integrada entre os componentes animais, planta, solo, e
fatores ambientais, mais o método de pastejo, com o objetivo de se atingir metas específicas.
Na literatura nacional é frequente o equívoco de autores que escrevem "sistema de pastejo", querendo dizer
"método de pastejo". Também é comum o uso incorreto de "pastoreio" (que é o ato, geralmente humano, de
conduzir o rebanho ao pasto) como sinônimo de "pastejo" (ato, do animal, de colher forragem com a boca).
Método de pastejo (Grazing method ): procedimento ou técnica de manejo do pastejo, idealizada para atingir
objetivos específicos. Referente à estratégia de desfolha e colheita pelos animais.
Lotação contínua (Continuous stocking): método de pastejo onde os animais têm acesso irrestrito a toda a
área pastejada, sem sub-divisão em piquetes e alternância de períodos de pastejo com períodos de descanso.
Frequentemente (e erroneamente) expressa por "pastejo contínuo".
Pastejo contínuo: é caracterizado quando numa pastagem sempre há animais para pastejo.
Lotação rotacionada (Rotational stocking ): método de pastejo que utiliza subdivisão de uma área de
pastagem em dois ou mais piquetes que são submetidos a períodos controlados de pastejo (ocupação) e
descanso. Também conhecido como "pastejo rotacionado", este um termo não recomendado, uma vez que o
que é "rotacionado" (movimento este que nem sempre é óbvio) é a lotação (ocupação) e não o pastejo.
Pastejo rotacionado: é o pastejo intermitente, intercalando-se períodos de descanso e pastejo

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