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FACULDADE CESMAC DO SERTÃO

PHILIP BARROS TENÓRIO

“BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO OU BANDIDO


BOM É SUJEITO RESSOCIALIZADO?”: avanços e
dificuldades da ressocialização dos presos no Estado de
Alagoas.

PALMEIRA DOS ÍNDIOS – AL


2019.2
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PHILIP BARROS TENÓRIO

“BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO OU BANDIDO


BOM É SUJEITO RESSOCIALIZADO?”: avanços e
dificuldades da ressocialização dos presos no Estado de
Alagoas.

Trabalho de curso apresentado como requisito


final, para conclusão do curso de Direito da
Faculdade Cesmac do Sertão sob a orientação
do professor Dr. Flávio Santos da Silva.

PALMEIRA DOS ÍNDIOS – AL


2019.2
REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC
SETOR DE TRATAMENTO TÉCNICO

T289b Tenório, Philip Barros


"Bandido bom é bandido morto ou bandido bom é sujeito
ressocializado?" : avanços e dificuldades da ressocialização dos sujeitos
criminais no Estado de Alagoas / Philip
Barros Tenório - Palmeira dos Índios : 2019.
28 f.

TCC (Graduação em Direito) - Centro Universitário


CESMAC, Palmeira dos Índios - AL, 2019.

Orientador: Flavio Santos da Silva.

1. Ressocialização. 2. Prisão. 3. Alagoas. 4. Sistema.


5. Crise. I. Silva, Flavio Santos da. II. Título.

CDU: 343.848-058.56

Bibliotecária: Keila Jaciele Vieira dos Santos – CRB/4 - 2246


4

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a Deus por ter me dado tudo de que necessito


inclusive a vida que sem ela nada disso seria possível. A minha família que
sempre me deu forças e todo o apoio indispensável para que tudo
transcorresse da melhor forma possível, não podendo deixar de mencionar o
nascimento do meu filho que me deu um incentivo a mais nessa reta final para
concluir essa etapa tão especial de minha vida.
Agradeço aos professores que sempre estiveram à disposição
auxiliando em meu aprendizado, agregando uma bagagem imensurável de
conhecimento, tendo que ressaltar em especial nesse processo a importância
do meu Orientador bastante competente, Professor Dr. Flavio Santos da Silva,
por toda disponibilidade, auxílio e responsabilidade para a construção deste
trabalho.
A todos os professores desta instituição que acompanharam o meu
desempenho, por todo conhecimento riquíssimo que foi proporcionado para a
minha vida profissional. A esta universidade, direção e coordenação por toda
organização e oportunidade de me fazer crescer profissionalmente.
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“BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO OU BANDIDO BOM É SUJEITO


RESSOCIALIZADO?”: avanços e dificuldades da ressocialização dos presos
no Estado de Alagoas.

“GOOD BANDIT IS BANDIT DEAD OR GOOD BANDIT IS SUBJECT RE-


SOCIALIZED?”: Advances and difficulties in the resocialization of prisoners in
the State of Alagoas.

Philip Barros Tenório


Graduando do curso de Direito da Faculdade do Sertão.
E-mail: philiptenorio736@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Flavio Santos da Silva
E-mail: flavio.cesmac2018@gmail.com

RESUMO

O objetivo da pesquisa é enfatizar a tamanha importância da ressocialização dos presos no


Estado de Alagoas, fazer um estudo do processo de ressocialização dos detentos, quais as
dificuldades vivenciadas atualmente no cárcere brasileiro. Tendo por base os noticiários,
jornais, televisões, e pesquisas, o Sistema Penitenciário Brasileiro ainda se encontra em
situação preocupante e é perceptível que mesmo com o tempo e com as leis que existem, a
pena privativa de liberdade no Brasil, ainda permanece sem alcançar sua principal finalidade. A
ressocialização por sua vez é um instituto criado recentemente com a Lei de execução penal e
infelizmente é algo que não é totalmente eficaz, se encontra em processo fragilizado
necessitando de um total apoio do Estado. Desta feita, o presente artigo terá seu
desenvolvimento através de uma pesquisa teórica. O objetivo geral do trabalho é buscar
alternativas para a melhoria da ressocialização dos detentos utilizando como critério as
legislações que já mencionam o referido instituto.

PALAVRAS-CHAVE: Ressocialização. Prisão. Alagoas. Sistema. Crise.

ABSTRACT

The objective of the research is to emphasize the importance of resocialization of prisoners in


the State of Alagoas, to study the process of resocialization of detainees, what are the
difficulties currently experiencing in Brazilian prison. Based on the news, newspapers,
televisions, and research, the Brazilian Penitentiary System is still in a worrying situation and it
is noticeable that even with the time and the laws that exist, the deprivation of liberty penalty in
Brazil still remains unreachable. its main purpose. Resocialization, in turn, is an institute recently
created under the Criminal Enforcement Act, and unfortunately it is not fully effective and is in a
fragile process requiring full state support. This time, this article will have its development
through a theoretical research. The general objective of this work is to look for alternatives to
improve the re-socialization of detainees using as a criterion the laws that already mentioned
the institute.

KEYWORDS: Release. Prisoners. Alagoas. System. Crisis.


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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7

1 – REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 9


1.1 – O método punitivo e sua gênese na história humana......................................... 9
1.2 – O ESTADO e seus limites sociais .................................................................... 13
1.3 – Ressocialização: o desafio no sistema prisional brasileiro .............................. 16
1.4 – Disciplina ou ressocialização ............................................................................ 15
1.5 – Sistema prisional e a ressocialização do preso ................................................ 17
1.6 – Prisão ............................................................................................................... 18

2 – RESSOCIALIZAÇÃO NO BRASIL E EM ALAGOASERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.


2.1– secretaria de ressocialização e inclusão social e o sistema penitenciário
de Alagoas ....................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
2.2 – Análise do processo de ressocialização e seus impactos ................................ 21
2.3 – GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO: lucro versus ressocialização ........ 24

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 25

5 – REFERÊNCIAS ................................................................................................... 28
7

INTRODUÇÃO

No Brasil, em 2016, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública1 divulgou


que 60%, dos brasileiros possuem concordância que “Bandido bom é bandido
morto”, a pesquisa adverte que esse é o panorama nacional da população
brasileira. Em 2015, os brasileiros, admitiram que para resolver esse tipo de
violação social, o melhor caminho era a pena de morte, deste modo,
impediriam o retorno da bandidagem, ao nosso convívio social. Essa visão, de
um sentimento repressivo punitivo persiste, também, nos anos de 2017 (51%),
2018 (50%), conforme o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística -
IBOPE.

No entanto, o nosso trabalho é uma corrente, contrária a essa forma de


sentimento, porque, advogamos que “BANDIDO BOM É SUJEITO
RESSOCIALIZADO”. Destarte, o nosso objeto de estudo, apresentar uma
abordagem sobre o tema, com o foco a ressocialização dos presos no Estado
de Alagoas e seguido de um arcabouço teórico e prático no cenário brasileiro e
na Lei de Execução Penal - Lei 7210/84 | Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984.
A grande complexidade do assunto estudado esteve simplesmente em ligação
com a realidade do sistema penitenciário brasileiro e a crise que está
enfrentando, uma vez que, o Estado trata o condenado, bem como o preso
provisório, como o indivíduo que deva ser castigo pelo crime que este cometeu
e não de reeducá-lo ao convívio social.

Vale destacar que, o que está acontecendo nos dias atuais é


simplesmente uma violação aos direitos humanos, uma vez que o Estado é o
responsável pela liberdade do indivíduo e para aqueles que estão
encarcerados, como previsto na SEÇÃO VIII (Da Assistência ao Egresso), no
“Art. 25. A assistência ao egresso consiste: I - na orientação e apoio para
reintegrá-lo à vida em liberdade.”

É, também, responsável pela educação e tratamento humanizado, sem


qualquer tipo de diferenciação e crueldade. O tema em questão é algo que

1
Disponível em: https://examedaoab.jusbrasil.com.br/noticias/401711699/bandido-bom-e-
bandido-morto-dizem-60-dos-brasileiros. Acessado em agosto de 2019.
8

ganhou bastante atenção por se tratar de uma temática que está relacionada
aos direitos humanos fundamentais que estão positivados pela Constituição
Federal de 1988, e que jamais deveriam ser violados.
Nesse sentido, o objetivo da pesquisa foi o de enfatizar a importância da
ressocialização dos presos no Estado de Alagoas, entre avanços e suas
dificuldades vivenciadas atualmente no cárcere brasileiro.
Para o jurista Carvalho Filho (2002: p. 45), “(...) o Estado tem o dever
de punir e proibir, porém o sistema que existe serve tão somente para manter
o sujeito de alta periculosidade distante da sociedade.” Destarte, esse
indivíduo é direcionado a uma penitenciária, encarcerado em uma cela,
eliminado de todo convívio social, como uma maneira de punição pelo crime
praticado não favorecendo em nenhuma hipótese, a oportunidade de
ressocializar esse indivíduo, uma vez que o ambiente experimentado na
prisão é permeado de pura violência, disputas de sobrevivência, torturas e
tratamento desumano por parte dos outros presos e também pela ineficiência
do Estado, neste caso, o brasileiro.
Esses fatos, portanto, suscitaram o nosso interesse nesse tema e nos
alertaram para observar alguns questionamentos no que tangem a nossa
pesquisa: Seria, por conseguinte, bandido bom é um bandido morto ou bandido
bom é banido ressocializado? E, quais, são os avanços e dificuldades da
ressocialização dos presos no Estado de Alagoas?

Assim, a ressocialização é algo trazido pela Lei de Execução Penal, em


seu art. 1º “Execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado.” Com base neste primeiro
artigo da legislação, pode ser analisado o duplo objetivo da execução penal,
isto é, dar cabimento e concretização daquilo que foi determinado
criminalmente além de proporcionar ao castigado, circunstâncias efetivas para
que ele consiga apoiar mais uma vez ao meio social e assim não voltar a
praticar novos delitos.

É certo que, a ressocialização têm o pressuposto de proporcionar


dignidade, tratamento humano, preservação da integridade e a autoestima do
9

prisioneiro. Transferir o cidadão para uma consultoria psicológica, projetos de


profissionalização no âmbito mercadológico e vantagens que contribuam para
que os direitos essenciais indispensáveis do preso sejam realizados e
priorizados.
A metodologia utilizada para a elaboração do trabalho foram pesquisas
bibliográficas, constituição, legislações, artigos, para construir um levantamento
histórico referente ao tema em questão. E, para aprofundar a referida pesquisa
utilizamos informações de alguns sites online, tais como, Jusbrasil
(https://www.jusbrasil.com.br/home), Globo (https://www.globo.com/), UOL
(https://www.uol.com.br), GazetaOnline (https://www.gazetaonline.com.br), não
menos importante citações doutrinárias acerca da problemática.

1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 O método punitivo e sua gênese na história humana.

De acordo com Harari (2018: p.13), “os humanos surgiram na África


Oriental há cerca de 2,5 milhões de anos, a partir de um gênero anterior de
primatas chamados Australopithecus, que significa “macaco do Sul””. Esses
primeiros humanos (homens e mulheres), que habitaram o planeta terra para
manter sua sobrevivência criaram, ou melhor, dizendo, instituíram através de
suas convivências os sistemas de punições para um controle social. Esse
sistema consistiu das guerras entre os diversos grupos existentes, e também,
uma forma de punir atos considerados pelos clãs como ato inflacionário de
maus antecedentes. Assim, esse modelo veio, sendo aperfeiçoado até a nossa
contemporaneidade.

Deste modo, tendo em vista, o desequilíbrio dos “Homo Sapiens”


perante a sociedade, surgiu a necessidade da criação das penas, como uma
forma de controlar as relações humanas e sociais proveniente dos seus
conflitos em comunidades. Nesse sentido, Gabriel Anitua (2008: p. 98), no
princípio, o Homo Sapiens pode compreender que a convivência em grupos
possibilitava a conservação e com o progressivo aumento das sociedades, era
essencial a realidade de alguma norma para assegurar a esses cidadãos a paz
na sociedade, uma vez que para isso é indispensável que haja o afastamento
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de deveres, direitos e obrigações comuns a cada pessoa para impedir o


transtorno da sociedade e os conflitos.
Nas primeiras normas das sociedades, como o Código de Hamurabi, o
Código de Manu e Lei das XXII Tábuas, não existiam a prisão como algo que
fosse considerado recurso privativo de liberdade para que houvesse o
“pagamento” da pena, pois, as aplicações penais eram mais rígidas, ou seja,
iam alterando de pena de morte para castigos físicos, insulto. E o local físico
prisional possuía a obrigação de proteger o preso somente até a oportunidade
de aplicação da sentença, dessa forma, o cárcere de forma duradoura, nem era
cogitado.
Nesta esfera de discussões e a luz dos ensinamentos de Bitencourt
(2011, p. 46):
A Antiguidade desconheceu totalmente a privação de liberdade,
estritamente considerada como sanção penal. Embora seja inegável
que o encarceramento de delinquentes existiu desde tempos
imemoriais, não tinha caráter de pena e repousava em outras razões.

Entretanto, diante dos ensinamentos de Bitencourt (2011), o que pode


ser entendido é que não existia nenhuma responsabilização em ressocializar o
condenado na população, visto que, as condenações quase sempre
correspondiam a castigos físicos, o a pena de morte.
Na época da Idade Média, a prisão se mantém como um local em que
se é mantido o aprisionado para cumprir sua pena. A privação da liberdade
prossegue com a continuidade de ter um pressuposto protetivo, cabível
somente para os que foram subordinadas as mais terríveis torturas impostas
por uma população interessada a castigos bárbaros e ensanguentados.
Ressalta-se, que a história da civilização determina logo o início da
geração, o homem se tornou um risco para seus congêneres, razão pela qual
os grupos sociais sempre tiveram normas que adquiriam quando era
castigado aquele que cometia os atos que eram diferentes a seus interesses.
Pois, se tratava de um assunto de manutenção particular do próprio grupo
que era instituir uma condenação que tivesse a capacidade de impossibilitar
condutas que levavam em risco a sua existência.
11

No entanto, com base nas pesquisas do doutrinador Bittencourt,


(2011), demonstram que na vigência dos séculos XVI e XVII, multidões de
necessitados começam a praticar crimes para buscar a subsistência de vida, e
as ações que infringiam a lei se acrescentava cada vez mais.
Após essa movimentação, foi que veio a se desenvolver essa
concepção da ressocialização do aprisionado, embora aparecesse em uma
circunstância ainda corrompida de castigos rigorosos e penas capitais. Com
isso, as políticas sociais aproveitavam como ferramenta a violência e como
procedimento de aperfeiçoamento ao castigo, o banimento e a execução. Com
as mutações socioeconômicas foi mantida toda a rigidez penal para derrotar a
criminalidade.
No caso em análise, elucida o doutrinador Gomes (2009, p. 168):

Para fazer frente ao fenômeno sociocriminal, que preocupava as


pequenas minorias e as cidades, dispuseram-se elas mesmas a
defender-se, criando instituições de correção (grifo do autor) de
grande valor histórico penitenciário.

Essas prisões funcionavam perante a convicção de que uma


organização direcionada ao trabalho e numa dura disciplina se tornaria
bastante aceitável para a recapacitação do apenado. Então, a concepção de
ressocialização se iniciava na averiguação da regeneração do presidiário, e a
aptidão da pena privativa de liberdade prendia corpo, embora durasse
parâmetro bastante rigoroso na condenação, na utilização da pena e na
observância do preso.
Pois, bem, a ressocialização é algo bastante relevante para o indivíduo,
pois, possui a finalidade de reeducar o preso condenado ou provisório, para
que este, não venha depois cometer novos crimes, e que possa viver
dignamente em sociedade. Com fulcro na Constituição Federal vigente, o
processo de ressocialização é de responsabilidade do Estado, tendo em vista
que se trata da educação do indivíduo. O art. 205 CF/88, tem a seguinte
redação:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
12

Assim sendo, com fulcro no referido artigo da CF/88, é direito de todos, e


dever do Estado assegurar essa educação a cada cidadão, abrangendo
também aqueles que se encontram em cárcere, com sua liberdade privada.
Assim, nesse contexto educacional das prisões, tendo em vista a clara
obrigatoriedade de oferta da educação escolar, é nítido e perceptível com base
nos noticiários, revistas e televisões, enxergar que o sistema prisional brasileiro
está vivenciando um procedimento de prevaricação, desgaste, que fica
qualificado pela violência, e possui como objetivo lutar contra a criminalidade.

Todavia, as organizações das prisões se representam mais como


acúmulo de indivíduos, ou seja, um local em que é uma ferramenta de castigo
para aqueles acusados. Neste sentido, destaca Foucault (2010, p. 131) “a
prisão, longe de transformar os criminosos em gente honesta, serve apenas
para fabricar novos criminosos ou para afundá-los ainda mais na
criminalidade”.

Então, a afirmação do autor está voltada para o ponto negativo das


prisões, onde tem sua base na situação atual vivenciada, pois enfatiza que a
prisão é algo que ao invés de melhorar e reeducar o indivíduo que está ali
cumprindo pena, se trata de algo que ao entrar, o cidadão piora de
comportamento. Em contrapartida Silva (2006 p. 124) preconiza que:

É preciso propiciar a estes sujeitos reverem sua visão e inserção


do/no mundo e favorecer uma vivência destituída de opressão e
violência nas mais diversas instâncias sociais. Há, ainda, nesse
processo educacional, a necessidade de conhecimento dos
encarcerados, no sentido de lhes possibilitar uma progressiva
melhoria como seres humanos.

Contudo, o autor faz menção à importância dos direitos humanos,


alegando que a ressocialização, é de suma relevância para cada pessoa
mantida em cela, pois se trata de um direito deles, e que se isso fosse de fato
cumprido como mandam as normas brasileiras, tudo seria diferente,
melhorando assim o comportamento destes.
13

1.2. O ESTADO e seus limites sociais

A desigualdade social é claramente presente, embora essa


desigualdade tenha sido abolida pelas normas, até mesmo por nossa lei maior,
onde versa em seu corpo, sobre a igualdade de todos sem distinção, no meio
social infelizmente isso ainda é uma tarefa muito difícil por existir pessoas com
sua opinião formada. O Estado tem sua parcela de culpa nesse aspecto, uma
vez que a chamada desigualdade não é novidade, é algo que durou por muitos
anos e ainda hoje existe.
Nesse delineamento, a ausência do Estado com a população trouxe uma
desigualdade social sem tamanho, e com ela, uma marginalização que
ocasionou consequências e resultados gravíssimos. É de ver-se que a extrema
violência está presente em grande parte da população pobre, ausência das
coisas básicas, como saúde, educação, dignidade, são os problemas mais
enfrentados pelas pessoas.
A violência só tem aumentado, a assistência do Estado permanece
escassa, a assistência que é seu dever é de suma relevância para a população
brasileira, poder proporcionar e oferecer soluções para sanar ou ao menos
mitigar esse problema atual existente.
O Estado tem o dever de assegurar as garantias dos presos da melhor
forma possível. A ressocialização ultimamente tem sido um problema para os
presídios, tendo em vista a situação em que os presídios se encontram nos
dias atuais. Ocorre que o sistema prisional infelizmente não está se adequando
com as normas contidas na Lei de Execução Penal e nem tampouco com o
princípio da dignidade humana trazido pela Constituição da República
Federativa do Brasil.
Infelizmente, essa violação aos direitos humanos não é novidade, desde
o século XX, a ausência de vagas nas celas já era problema. Entretanto, pode
ser observado que o Estado não está cumprindo seu papel como de fato
deveria, ou seja, obedecer às leis em vigor. Nos dias atuais, e durante os
últimos anos, o que mais é noticiado pela mídia é que as pessoas da sociedade
não se importam com o indivíduo que cumpre pena, para elas não existe
ressocialização e terceirização, “tudo que eles passam ainda é pouco”, isto é
“bandido bom é bandido morto”, ditado popular com inúmeros significados.
14

Seguindo esse delineamento, tendo em vista uma pesquisa realizada no


dia 02 de novembro de 2017, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
mostra que 60% dos brasileiros, concordam com a referida frase “bandido bom
é bandido morto”, na parte discordada apenas foram computados 34%, e 6%
não optaram. Pois bem, com base nos dados recolhidos pelo Instituto
Datafolha, a maioria das pessoas que concordaram são aquelas maiores de 60
anos e as pessoas pertencentes aos municípios com poucos habitantes. Com
fulcro nas informações, afirma o presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima
“o resultado representa um pedido de socorro da sociedade, que vê a
segurança pública com muitas falhas. Setenta e seis por cento têm medo de
morrer assassinado, e 64% acreditam que policiais são caçados pelo crime.”
Portanto, observar que o Estado tem o dever de agir e trazer soluções
para a melhoria da dignidade de cada indivíduo é meramente possível e claro,
mas buscar as medidas para que isso seja solucionado é uma dificuldade
sempre presente. Logo, o que deve ser colocado em prática é a criação de um
poder público, a criação de projetos que possuam a finalidade de desempenhar
uma melhor educação para crianças e jovens do ensino público.
Por outro lado, no âmbito da saúde, fazer as distribuições dos
medicamentos e aparelhos sempre, trazer profissionais excelentes para atuar
na área e por fim, manter e melhorar os programas que visam tirar a população
da miséria, ou seja, os programas de renda, como o bolsa família e os
benefícios sociais, o da minha casa minha vida e os outros dessa natureza.

1.3 Ressocialização: O desafio no sistema prisional brasileiro.

O sistema penitenciário brasileiro está presenciando uma dificuldade


imensa nos dias atuais. Esse problema não nada recente é algo em que
apareceu há alguns anos e mesmo com as leis vigentes a pena privativa de
liberdade permanece sem conseguir alcançar sua finalidade no país. Anota-se
que ressocializar o preso não é uma tarefa tão fácil, e sim proporcionar os
meios essenciais para que eles possam reintegrá-lo à sociedade, é procurar
entender os motivos que o levaram a cometer crimes, dar uma chance de
mudar para ter um futuro melhor sem pensar nas coisas feitas no passado.
15

Pois, bem, infelizmente com a superlotação existente dentro das


penitenciárias brasileiras, a violência é bastante visível dentro das celas, o
desrespeito, e claro que o excesso de detentos em cela colabora para o
crescimento do grande problema dos cárceres brasileiros. Acerca disso, à luz
do que ensina Assevera Szafir (2010, p. 24):

Todos os cidadãos, mesmo ao que não militam na área penal,


deveriam ir ver in loco, por maior que fosse a minha capacidade
descritiva, não conseguiria provocar o horror que a visão desses
lugares inspira.

Salienta-se que as celas que foram feitas para comportar uma


quantidade X de dententos, vêm ultrapassando o limite cabível, comportando
mais do que de fato deveria ser e por essa razão, o indivíduo que ali se
encontra começa a passar por situações desagradáveis, devido ao aperto da
sala e a consequência são doenças por conta do mau cheiro que se expande
pelo local. Ocorre dessa forma, uma afronta ao princípio da dignidade humana,
tão resguardado por nossa Lei Maior.

Assim, Greco (2009, p. 07) afirma que :

O ser humano possui valores inalienáveis que não podem deixar de


ser observados pelo Estado, encarregado de manutenção da paz.
Embora sejam poucos os direitos tidos como absolutos, pois que nem
mesmo a vida e a liberdade o são, a exemplo da do que ocorre com a
pena de morte, nos casos de guerra declarada e a pena privativa de
liberdade. [...].

O autor menciona que todo ser humano tem direitos fundamentais que
são intocáveis e irrenunciáveis e que necessitam de uma atenção especial do
Estado, em virtude da violação destes. Ocorre que por mais que sejam
protegidos, o doutrinador nos ensina que por mais que estes sejam tão
amarados, a regra de proteção foge, que é no caso de pena de morte se
houver guerra declarada, daí o direito à vida e a liberdade encontram-se
ameaçados.
Através de uma reportagem trazida pela emissora rede globo e
publicada no site oficial, G1, neste ano corrente 2019, o Estado de
Pernambuco foi considerado o Estado que tem a maior superlotação
carcerária, no qual, é cabível 11.767 presos, e o total nas celas estavam de
16

32.781. Logo, os prisioneiros ficam um por cima do outro, empilhados em um


local pequeno, ombro a ombro, as celas extremamente lotadas que por muitas
vezes é preciso dormir em redes que são improvisadas, naquele momento,
presas ao teto da cela, apertando quatro pessoas em uma única beliche.
Nesta modalidade, com base nas notícias, o que vem ocorrendo dentro
do sistema carcerário no Brasil, é uma autêntica ofensa aos direitos
fundamentais de cada ser humano, que ao promulgar a Constituição Federal
de 1988, o princípio dignidade da pessoa humana passou a ser considerado
como um dos essenciais e basilares para cada cidadão.

1.4 Disciplina ou Ressocialização

A filosofia iluminista motivou a criação do Estado democrático de direito,


no qual faz parte de um processo para diferenciar o sistema jurídico e político.
Os autores Beccaria, Carrara, Romangnosi e Feuerbach reconhecem
fundamentos que estruturam os princípios penais do Estado liberal do direito.
Assim, o argumento do poder punitivo encontrou através da filosofia utilitária
algumas finalidades de penas.
Cumpre observar preliminarmente que no final do século XIX, o discurso
criminológico positivista e a sua versão correcionalista enriqueceram as
racionalidades das penas ao projetar a sansão penal como ferramentas de
prevenção especial, de maneira positiva como também na modalidade
negativa. No âmbito negativo da prevenção especial, a pena seria para
distanciar o criminoso da sociedade.
Noutro giro, a prevenção especial positiva é aquela que se inspira na
oportunidade de reintegração social, ou seja, a ressocialização do indivíduo
para o convívio social.
Nessa esteira, pondera o autor Anitua (2007, p. 401):

O modelo ressocializador estabiliza-se como programa jurídico que


capta racionalidade concorrente do poder punitivo ao longo do século
XX, na esteira da transição do Estado Liberal de Direito ao Estado
Intervencionista, especialmente do pós-guerra.
17

O autor se refere ao modelo ressocializador, onde, estabelece como um


programa jurídico que compreende o poder punitivo. Então, várias
racionalidades punitivas encontraram terreno abundante no sistema político.
Cabe ressaltar que foram criadas oficinas industriais dentro das
instituições prisionais que tinha a finalidade de oportunizar um lugar apropriado
para a reintegração social do preso, atendendo os pressupostos regionais das
unidades. As metas do Pronasci eram acompanhadas por um Plano Diretor,
criado pelos Estados e Distrito Federal para exibir aqueles resultados
conseguidos no Programa.
Contudo, as práticas das pessoas que são envolvidas nas atividades
penitenciárias apresentam conflitos de outras racionalidades punitivas,
principalmente a retribuição e a prevenção geral negativa como bem
apresentada. Os obstáculos para atender às obrigações técnicas do Governo
Federal para a dispensa de recursos e a ausência de habilitação técnica das
burocracias estaduais intensifica a instrumentalização das políticas idealizadas
pelos gestores.

1.5. Sistema prisional e a ressocialização do preso

A atualidade enfrentada no sistema prisional é dolorosa como já


mencionado no decorrer do texto. Na situação em epígrafe, a Lei de Execução
Penal Brasileira, embora exista não pode ser considerada tão eficaz assim, isto
porque o Estado tem as penas como um meio de castigar o indivíduo por aquilo
que ele cometeu. O sistema de ressocialização no Brasil é longo, pois o que
mais se vê são os cárceres abarrotados e um sistema escasso, deixando o
preso em situação de crueldade.
No ordenamento jurídico brasileiro é preocupante a situação, o Estado
tem o dever de oportunizar o condenado, condições dignas dentro das celas,
procurar de todas as formas preservar os seus direitos sem que exista nenhum
tipo de violação. A ressocialização é pressuposto indispensável entro do
presídio, pois o indivíduo precisa ter outra visão ao sair daquele ambiente e
não cometer mais crimes. Conforme o jurista Nery Júnior (2016, p.164):
18

Presos e direitos humanos. Tanto quanto possível incumbe ao Estado


adotar medidas preparatórias ao retorno do condenado ao convívio
social. Os valores humanos fulminam os enfoques e
segregacionistas. A ordem jurídica em vigor consagra o direito do
preso ser transferido para o local em que possua raízes, visando a
indispensável assistência pelos familiares.

Com base nos ensinamentos do autor, é perceptível a tamanha


preocupação com os direitos humanos, no qual afirma que é de competência
do Estado criar medidas para que o condenado possa voltar de outra forma
para a sociedade, o ordenamento jurídico brasileiro traz tanto na Constituição
Federal como também nos tratados internacionais, na Lei de execução penal
os direitos dos presos e eles devem ser respeitados.

1.6 Prisão

A prisão é denomina a ação de prender alguém que obviamente praticou


algum crime, restringindo assim sua liberdade, mantendo em cárcere, para que
este venha a pagar pelos seus atos. Importante ressaltar que a prisão consiste
em: prisão preventiva, prisão temporária, prisão provisória, prisão em flagrante
e prisão domiciliar. Essas são as modalidades mais discutidas.
Entretanto, existem dois tipos de prisão à chamada detenção e a
reclusão. Dessa maneira, a detenção é aplicada aos crimes menos grave, ao
passo que a reclusão é para os crimes de maior potencial ofensivo. Sua
finalidade é preservar a garantia da ordem pública e a proteção de cada
cidadão.

2. RESSOCIALIZAÇÃO NO BRASIL E ALAGOAS

A ressocialização foi ser criada através da Lei de Execução Penal, lei n.


7.210/74, que possui como objetivo a recuperação das pessoas encarceradas
para que ao saírem da penitenciária, eles saiam prontos e aptos para a
convivência no meio social. Os presídios no Brasil como também no estado de
Alagoas estão passando por situações aprazíveis, isso é mostrado pelo próprio
sistema prisional, chegando a ser preocupante, no qual por maioria das vezes
é perceptível a ausência de condições mínimas suficientes para se cuidar da
restauração desses indivíduos.
19

Desta feita, através dos dados colhidos pela TV gazeta, em abril de


2019, na cidade de Maceió – AL, a superlotação cresceu de 91,4% de presos,
ultrapassando assim a quantidade cabível por cela. É certo que em todo país
as prisões estão com 70% acima do que deveria ser normalmente e claro, isto
contribui bastante para o comportamento dos presos.

2.1. Secretaria de Ressocialização e inclusão social e o Sistema penitenciário


de Alagoas.

No que se refere ao Sistema Penitenciário de Alagoas por volta de 1995


tinha sua administração através do Departamento de Justiça da Secretaria de
Segurança Pública. Com a instituição da Lei n° 5.676, no mesmo ano (Diário
Oficial do Estado de 5 de fevereiro de 1995) foi sancionada a Secretaria de
Justiça (SEJUS), que possuía como objetivo acompanhar o Governo do Estado
nas ações, coordenação e aplicação da política do governo no que tange à
ordem jurídica, assistência ao menor infrator, à gerência dos presídios, e
centros psiquiátricos judiciários, à defesa do consumidor e o vínculo existente
entre o Poder Executivo e o Poder Judiciário.
A secretaria de ressocialização e inclusão social estar por dentro de todo
cotidiano do sistema prisional, possuindo como finalidade transparecer a todos
os interessados os atos desenvolvidos pelas políticas públicas para trazer uma
melhoria ao sistema. Na área da ressocialização, tendo em vista as
informações encontradas no site da referida secretaria, todos os presos
trabalham, estudam e até fazem exercícios físicos, contribuem com atividades
religiosas, enfim. Nesta mesma linha, destaca o Chefe da instituição prisional
Eduardo Gouveia (2019):

Um dos primeiros benefícios de visitas é desconstruir mitos que


existem em torno do sistema prisional, dos presos e servidores,
mostrando uma realidade diferente do que se pensa geralmente.
Dessa forma aproximamos os meios acadêmicos os convidando a
fazer parte da proposta de reintegração social, que deve ser
obrigação de toda sociedade civil organizada. Outro ponto importante
é o de aflorar a discussão em torno do programa desenvolvido no
NRC, em especial, no meio acadêmico, objetivando a construção de
novas ferramentas de trabalho com os reeducandos e difundindo
também a proposta do Núcleo Ressocializador para todos,
20

consolidando-o como uma das alternativas efetivas de políticas


concretas de ressocialização no país.

O chefe da referida instituição, comenta acerca das visitas, ressaltando a


importância destas, para que toda dúvida possa ser sanada e todo comentário
de “ouvi dizer”, acabe, pois, neste momento de ressocialização, de acordo com
Gouveia, os apenados se reeducam, participando de trabalhos, de meios que
os capacitem para que ao voltarem para a sociedade, consigam enxergar um
novo convívio social. A Secretaria de ressocialização e inclusão social é
responsável por administrar 8 (oito) instituições penitenciárias. Das oito
unidades, sete são localizadas na Capital de Maceió-AL e uma no interior de
Alagoas, em Girau do Ponciano.
Através de dados e notícias colhidas e informadas pela TV gazeta do
Estado de Alagoas, os presídios se encontram abarrotados, mais de 500
presos foram transferidos para outras cidades, no dia 28 de março do ano
corrente. O ato de transferência dos presos é de total responsabilidade da
Secretaria de ressocialização e inclusão social (Seris). De acordo com a Seris,
os apenados foram divididos entre a casa de custódia e penitenciária de
segurança, as duas na Capital.
Com base nas informações prestadas pelo supervisor da central de
monitoramento eletrônico de encarcerados, a finalidade essencial dessa
transferência é deixar as instituições prisionais com uma maior segurança.
Assim, afirma “com este remanejamento, vamos evitar que outros presos sejam
cooptados por qualquer organização criminosa.”
Ressalta-se que o indivíduo ao sair da prisão não consegue ser visto
pela sociedade como alguém “normal”, pois infelizmente o meio social é uma
tarefa bastante difícil de ser encarada, embora o trabalho e os estudos sejam
encarados como algo eficiente nas prisões, poucos são os detidos que
estudam e que trabalham.
Nesse delineamento, a ressocialização surgiu com a intenção de trazer a
dignidade, readquirir a autoestima do condenado ou provisório, trazer
orientação e possibilidades para que haja um crescimento íntimo, além de criar
e desempenhar projetos que absorvem interesse profissional, e várias outras
21

maneiras de incentivá-lo e com ela os direitos essenciais do detido para ser,


assim, priorizados.
Nesta linha de pensamento o doutrinador Renato Marcão, (2005, p. 01)
comenta:
A execução penal deve objetivar a integração social do condenado ou
do internado, já que adotada a teoria mista ou eclética, segundo o
qual a natureza retributiva da pena não busca apenas a prevenção,
mas também a humanização. Objetiva-se, por meio da execução,
punir e humanizar.

O autor aponta que a execução penal deverá ter a finalidade de


ressocializar o apenado, por ser adotado no Brasil a teoria mista, também
denominada e trazida pelo autor como eclética, pois a pena possui a principal
característica retributiva de humanizar e prevenir e através da execução deverá
objetivar tanto a punição como também, a humanização.

2.2 Análise do processo de ressocialização e seus impactos.

A ressocialização, como já mencionado na referida pesquisa, possui


como função cuidar do preso e atender as dificuldades vivenciadas para que
ele possa voltar para a sociedade de outra forma. Assim, o processo é
constituído por três pilares considerados essenciais, quais sejam: Educação;
Capacitação profissional; Trabalho.

Com base nesses três pilares formados pelo jurista José Antônio Boche
no ano de 2004, eles têm como alvo trazer o desenvolvimento de forma ampla
da escolaridade do aprisionado, para que haja uma apreciação íntima e após,
coloca-lo no mercado de trabalho, ainda em seu cumprimento de pena. Desta
maneira, o autor Boschi (2004, p. 42), explica:

A educação, por ser um direito de todos e obrigação do Estado,


conforme descrito na CRFB/1988, é um direito fundamental para a
concretização da liberdade e que será utilizada para o bem comum.
Deste modo, os estabelecimentos prisionais buscam elevar a
escolaridade dos apenados, pois uma parcela significativa possui
baixa escolaridade ou nenhuma (ensino fundamental) e outros não
possuem o ensino médio completo.

O autor ressalta a importância da educação por ser um direito


fundamental, amparado pela Constituição Federal de 1988. Então, refere-se
22

sobre a preocupação do Estado, em buscar a ampliação da escolaridade


dentro do sistema prisional, tendo em vista que aqueles que ali se encontram
possuem baixa escolaridade, que uma grande quantidade sequer possui o
ensino fundamental.

Em contrapartida, o doutrinador Albergaria (1996, p. 140), possui o


pensamento divergente acerca da educação dos apenados e comenta: “[...] a
reeducação ou escolarização de delinquente é educação tardia de quem não
logrou obtê-la em época própria [...]”. Pois bem, no caso em análise,
Albergaria não concorda com a reeducação do preso, pois acredita que se trata
de algo sem nexo que deveria ter sido conquistada em outra época.
Ocorre que a Constituição Federal vigente cominado com a Lei de
Execução Penal (LEP), traz em seu corpo a educação do preso. Pela CF/88, é
encontrado em seu art. 225, determina que a educação é um direito de todos
sem quaisquer exceção e dever do Estado. Já pela LEP, tipifica em seu art. 41,
VII, a assistência educacional do encarcerado.
Por outro lado, Beccaria (2012, p. 120), tem seu pensamento que os
presos possuem uma visão diferenciada dos homens em liberdade sobre a
prática do mal. Para ele, o preso dentro do cárcere se sente como um escravo
devendo fazer tudo o que tem que ser feito sem nenhum tipo de recompensa.
O pensamento do autor bate de frente com a CF/88 e com a LEP, uma vez
que, está positivado pela legislação a proteção a dignidade dos presos, no qual
todos devem ser tratados de maneira igualitária e que seus direitos devem ser
respeitados.
Assim, a Lei de Execução Penal, garante em seu artigo 1º que o Estado
tem o dever de propiciar a harmonia e dignidade do condenado ou interno.
Assim, é possível a percepção da crise atual do sistema penitenciário
brasileiro, principalmente no âmbito da ressocialização. Nessa esfera, vem
apresentando grandes fragilidades. Para essa afirmação, basta o exemplo dos
presos reincidentes, isto é, se de fato o processo de ressocialização fosse
eficaz e cumprisse seus efeitos, os cidadãos que já tinham praticados crimes,
não praticariam novos delitos. Com essa reincidência percebe-se a falha do
processo de ressocialização.
23

No que se refere ao trabalho executado através dos apenados, salienta


o professor Felipe Souza (2014, p. 61):

Além do trabalho, deve-se humanizar o sistema penitenciário, torna-lo


um lugar ressocializador, em que os presos possam cumprir as
sanções que lhe foram impostas de forma digna, e este ponto é o que
vem sendo mais negligenciado, mais deixado de lado, pois hoje no
Brasil a prisão é massacrante que lhe marca profundamente. Então a
falta desses fatores acaba levando ao principal indicar do fracasso da
ressocialização, a reincidência e deve-se ter a consciência de que a
falta da ressocialização, a ausência desse amparo ao detento, ao
internado e ao egresso podem fazer com que estes passem
contínuas vezes pela penitenciária.

Com isto, é notório que o trabalho dentro do sistema penitenciário é algo


de grande relevância, pois os presos podem cumprir sua pena com o mínimo
de dignidade, que é um dos fatores ultimamente mais debatidos por grande
ofensa a este direito fundamental. Com base ainda nos ensinamentos do autor,
a prisão em nosso país se encontra desumana, e com essa percepção de
todos, isto torna mais dificultável ainda a ressocialização. Ou seja, a falta de
auxílio para o preso, bem como a pessoa interna, pode trazer consequências
de práticas de novos delitos.
Pois bem, o indivíduo após cumprir pena, retorna a sociedade por muitas
vezes pior do que o que era antes. Segundo o Dr. José Arruda “Quanto maior a
pena, maior a probabilidade de reincidência”. O jurista se posiciona e alega que
quanto mais tempo o cidadão passa dentro de uma cela, todos os criminosos
que nela entrar, vão se tornar seus companheiros o que facilita sua volta ao
mundo do crime. É certo que o pensamento do jurista vai de encontro com a
veracidade, e maior será a criminalidade.
É importante enfatizar que o detento precisa ser reconstruído, tendo em
vista que o encarcerado acaba perdendo alguns direitos infelizmente, como a
liberdade, por ficar o tempo todo isolado(a) em uma cela, sem convívio com as
pessoas da família, sociedade, perdendo o direito de locomoção, de
privacidade, sendo o tempo inteiro vigiados, seus comportamentos, gestos e
vários outros direitos que são perdidos. Lamentável a situação em que vivem,
tendo que conviver com pessoas que nunca viram na vida.
Contudo, o art. 5º, XLIX da Carta Magna, garante aos detentos o
respeito à integridade física e moral. Mas, como pode ser analisado é que o
24

Estado infelizmente não cumpre o que está previsto em legislação, a ausência


de políticas públicas interfere de forma direta no processo e impactos da
ressocialização do preso.

2.3 GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIARIO: lucro versus ressocialização.

No que tange a situação carcerária no Brasil e o problema atualmente


enfrentado, a cobrança sobre boas condições dentro do cárcere, só aumenta.
As condições são cruéis, as pessoas que lá vivem adoecem e chegam até a
morrer, pois não existem os cuidados especiais, com no mínimo a dignidade.
É certo que a obrigação é dever de todos os entes federativos promover
alternativas para não gerar mais criminalidade, tendo em vista que as
barbaridades desumanas.
A terceirização não resolveria o caso da superlotação e melhoria aqui
no Brasil, pois, as consequências seriam de que o Estado se afastaria de sua
responsabilidade, que seria zelar pela dignidade do preso, e entregaria para a
mão de outro administrador. Nesse aspecto, não existe soluções que seriam
vistas como eficazes para a resolução do problema, talvez, pensando por
outro lado, poderia até ficar pior, pois as celas já estão superlotadas,
poderiam ficar ainda mais, caso passasse a ser terceirizado, porque o Estado
cada vez mais estaria ausente, apenas iria cumprir com o financiamento de
um terceiro para que este fosse o responsável.
Todavia, em alguns Estados, como Minas Gerais e Espírito Santo e
outros que possuem presídios terceirizados, são em boas condições,
humano, com espaço devido, amplos, paredes em condições dignas, com
higienização e com respeito aquelas pessoas que se encontram com sua
liberdade privada. As salas de visitas são limpas, em condições prazíveis,
ninguém fica empilhado um no outro, ombro com ombro, enfim, é nítida a
diferença existente.
Contudo, a terceirização poderia ser algo fundamental nesse aspecto,
levando em consideração que a Constituição Federal, nossa Lei Maior, não
faz a mínima distinção entre as pessoas, “tratar devidamente os desiguais na
medida de suas desigualdades”, isto é, todos devem ser respeitados, tratados
com dignidade, humanidade e respeito. Garantindo a todos independente de
25

classe, raça, religião seus direitos fundamentais. Mas, o “medo” que nos
cercam está na ausência da responsabilidade estatal.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ante o exposto, o trabalho cumpriu com seus objetivos, apontando toda
dificuldade vivenciada no sistema penitenciário brasileiro e as dificuldades
enfrentadas no processo de ressocialização. Assim, de acordo com o problema
enfrentado, é necessário que exista uma busca de soluções para resolver a
questão ou ao menos mitigar, que é uma importante missão do Estado, ou pelo
menos daquele que é interessado.
Sopesados, é de total responsabilidade dos governantes encarar essa
problemática atualmente enfrentada pelo sistema prisional com tanta
complexidade e atacar de uma vez por todas as causas destas situações, que
são profundas e têm por consequência a violação aos direitos humanos.
Todavia, o sistema penitenciário necessita de auxílio político. Então, o
Estado possui a obrigação de atuar e dar essa assistência necessária. Para
isso, é preciso insistir em possibilidades penais em desvantagem da pena de
prisão, e a promoção de mudanças na política de segurança pública, para que
a atividade de capacidade policial seja deblitada e direcionada aos crimes mais
graves.
Entretanto, anota-se que no Brasil já existe uma rigidez para que
utilizem e reflitam acerca de como é relevante e indispensável à necessidade
das penas alternativas. Os crimes de menor potencial ofensivo, até mesmo
aqueles contra o patrimônio, são penalizados com prisão, havendo uma
grande mesclagem entre os presos. Logo, as cadeias penitenciárias passam
a ser as verdadeiras escolas do crime.
Assim, os Pactos Internacionais ensinam normativos que trazem o
objetivo de combater essa crise no que se refere à execução penal, sobre tudo
o grande respeito aos direitos essenciais indispensáveis e a coibição de
tratamento cruel e contrário ao princípio da dignidade humana. Todos esses
dados com base no que foi publicado pelo IFOPEN (Levantamento Nacional de
Informações Penitenciárias), no ano de 2015.
26

Pois bem, como pode ser observado no cotidiano, é que os presos ao


cumprir pena, voltam para a sociedade revoltados, e não passa muitos dias e
eles novamente cometem crimes e retornam as prisões, é exatamente aí onde
entra a questão da ressocialização, pois o indivíduo ao sair da penitenciária,
deveria sair sem o com pensamento que entrou, ou seja, ter sido reeducado
para que este não venha a cometer novos delitos, o que não acontece na
prática.
Contudo, uma das principais e essenciais soluções, seria que o Estado
começasse a eleger medidas educativas e ressocializadoras que possuam
como finalidade proporcionar aos detidos direções e situações humanizadas
durante o tempo que permanecerem encarcerados. Pois, não vale de nada
apenas prender, o Estado tem o dever de ofertar circunstâncias para que
esses detentos possam ser reintegrados ao meio social, mitigando a
quantidade da reincidência e, obter por consequência a reeducação do
apenado por meio da habilitação profissional, educação, atendimento
psicológico e assistência social.
Logo, através do referido trabalho é perceptível que o processo de
ressocialização do detento não está unicamente nas mãos das leis, o Estado
precisa cumprir o que está na lei, trazendo alternativas eficazes para
preservar os direitos dos indivíduos.
Contudo, salienta-se que a posição do Estado sobre essa realidade
apontada é extremamente relevante, é bastante assustadora e necessita
urgente de medidas por ser o primeiro responsável para preservar os direitos
de cada cidadão protegido. Os detentos necessitam de no mínimo o seu recinto
nas salas, para que possam se movimentar. A limpeza também é fator
essencial para que possam ter seu direito à saúde resguardado, pois, se trata
também de um direito fundamental esculpido e expresso pela Lei Maior
vigente. Portanto, é carecido ainda que o Poder Judiciário resguarde a
juridicidade consertadora no lugar da problemática política de ressocialização.
Por fim, na situação em epígrafe, o artigo 1º da Declaração Universal
dos Direitos Humanos reza que: “Todos os seres humanos nascem livres e
iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
27

agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Logo, esses direitos
devem ser extremamente protegidos.
28

REFERÊNCIAS

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