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1 4938537947390541966
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Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão Evangélica Literária
Tradução de: Your special needs child : help for weary parents.
ISBN 978-85-8132-509-5
de filhos com deficiências – Vida religiosa. 2. Parentalidade – Aspectos religiosos –
Cristianismo. 3. Crianças – Formação – Aspectos religiosos – Cristianismo. I. Título. II.
Série.
CDD:
248.845
2) Clame ao Senhor
O que um cristão faz em uma situação como essa? Ignora a dor, porque
adultos não choram? Usa um sorriso amarelo? Simplesmente finge que está
tudo bem?
Abordagens como essas não passam nem perto daquilo que a Bíblia
defende nem são coerentes com o convite de Jesus. Deus quer que o seu povo
clame genuinamente a ele. Jesus disse: “Vinde a mim”. Ele nos chama para
trazer nossas perguntas, feridas e mesmo queixas até o seu trono de graça.
Uma passagem das Escrituras que valorizamos muito está em Salmos 61:1-
2: “Ouve, ó Deus, a minha súplica; atende à minha oração. Desde os confins
da terra clamo por ti, no abatimento do meu coração. Leva-me para a rocha
que é alta demais para mim”.
Em seu livro Soul Physicians, o conselheiro bíblico Robert Kellemen
escreve sobre a importância de se desenvolver franqueza espiritual — que
ele define como sendo contar corajosamente para si mesmo a verdade sobre
a vida, “em que fico face a face com a realidade do externo e o sofrimento do
interno”. Ele continua, dizendo: “Em franqueza, admito o que está
ocorrendo comigo e sinto o que está acontecendo dentro de mim”.1
Isso é completamente certo. Amigos, por favor, não ouçam pessoa alguma
que lhe diga que você tem de ser algum tipo de “supermãe” ou “superpai”
enquanto você cria seu filho com necessidades especiais. Um cristianismo
açucarado que nega a realidade do sofrimento nessa vida não é bíblico. Ele
não poderá sustentá-lo quando atravessar pelos desafios e provações que
estão à sua frente nessa jornada.
E quanto a você?
Você está disposto a reconhecer honestamente o peso de sua situação?
Você chegou ao entendimento de que não há problema em chorar ao
considerar as necessidades especiais de seu filho? Você consegue admitir que
está sobrecarregado e cansado? Quando você pensa sobre o modo como
reagiu a esse processo até aqui, a palavra autêntico consegue ser uma
descrição correta? Se não, o que precisa ser mudado na forma como você
conversa com Deus e com os outros sobre as dificuldades que está
encarando?
3) Aceite a Responsabilidade
Jesus não somente nos encoraja a reconhecer nossa condição
sobrecarregada e cansada, como também nos chama para fazer algo quanto a
ela. Usando uma metáfora que todos naquele dia devem ter entendido, Cristo
convidou homens e mulheres desta forma: “Venham a mim [...] Tomem sobre
vocês o meu jugo e aprendam de mim” (Mt 11:28-29). John MacArthur
explica muito bem essa metáfora.
Um jugo era feito de madeira, à mão, para encaixar no pescoço e ombros daquele animal
específico que deveria carregá-lo a fim de prevenir atritos. Por razões óbvias, o termo foi
largamente usado no mundo antigo como uma metáfora para submissão. O jugo era parte dos
arreios usados para puxar uma carroça, um arado ou uma viga de moinho, e era o meio pelo
qual o dono do animal o mantinha sob controle e o guiava em trabalho útil.3
Sim, é um jugo
Um jugo permite ao usuário realizar algo difícil. Jesus foi totalmente
transparente quando explicou que segui-lo envolveria esse tipo de submissão
ao seu plano.
Nunca se esqueça de que esse jugo é de Cristo
Uma das palavras mais importantes que Jesus falou naquele dia para seus
possíveis seguidores foi também uma das mais curtas: meu. Todo desafio que
encaramos é o que o nosso Senhor e Salvador escolheu para nós.
Recordamo-nos da manhã quando o diagnóstico de Andrew ficou mais
claro. Estávamos no Hospital Pediátrico de nosso estado e Andrew foi
conectado a todo tipo de monitores e máquinas. Ele tinha apenas algumas
semanas de vida e nós não tínhamos sequer certeza de ele sobreviveria.
Nossos corações estavam cheios de medo, dúvida, dor e incerteza. Parecia
que estávamos no meio de um furacão onde não tínhamos ideia do que iria
acontecer depois. Nossas emoções estavam à flor da pele.
Olhando para trás, somos gratos por Deus nos ter criado com a capacidade
de sentir dor de uma forma rica e profunda. Era parecido com cair de uma
motocicleta em alta velocidade e derrapar pela rodovia enquanto a pele é
esfolada. A experiência com Andrew expôs partes da nossa existência que
normalmente não eram vistas. O volume foi aumentado em todos os aspectos
de nosso ser de uma forma que apenas a dor pode fazer.
Porém também somos gratos pelo fato de Deus nos ter dado mais que
nossas emoções. Enquanto estávamos profundamente sentidos, também
tentamos obter direção mental através de pensar biblicamente sobre o que
estava acontecendo conosco e dentro de nós. Eventualmente, aquilo levou a
uma conversa mental que foi mais ou menos assim:
Uma das razões por que você pode aceitar com alegria o jugo de criar um
filho com necessidades especiais é porque aquele que providenciou essa
oportunidade é manso e humilde de coração (Mt 11:29). Como o escritor de
Hebreus explicaria depois, Jesus é o nosso compassivo sumo sacerdote,
assentado no trono da graça (Hb 4:14-16). Qualquer jugo que ele ponha sobre
nós será posto com mansidão, humildade e abundância de graça.
E quanto a você?
Você já disse ao Senhor que irá aceitar com alegria o jugo dele? Houve um
tempo definido em sua vida no qual você reconheceu o seu pecado e pôs a
sua fé na morte, sepultamento e ressurreição de Cristo como sua única
esperança de salvação? É Jesus o seu Senhor, aquele qualificado para prover
a perfeita sorte de bênçãos e provações a fim de fazê-lo mais parecido com
ele (Rm 8:28-29)?
Se não, por que não tirar um momento para aceitar o convite de Jesus de
tomar o jugo dele sobre você?
A aventura de aprender
Jesus disse que aqueles que aceitaram o jugo dele poderiam, por sua vez,
“aprender dele”. Nós dois (eu e minha esposa) podemos dizer que ter Andrew
tem sido uma oportunidade de aprendizado incrivelmente rica.
Por exemplo, nós aprendemos o poder do evangelho. As Escrituras nos
dizem que estamos unidos com Cristo em sua morte, sepultamento e
ressurreição. Pudemos entender o poder e a beleza da morte. O que quero
dizer com isso? Os desafios de Andrew algumas vezes revelaram o pecado
dentro de nossos próprios corações. Andrew não é a única pessoa em nossa
família com necessidades especiais. Quando esses pensamentos, palavras,
ações e desejos pecaminosos surgem em nossos corações e vidas, podemos
escolher condená-los à morte por causa daquilo que Cristo já fez por nós. O
privilégio de criar Andrew revelou aspectos de nossos corações e vidas que
Deus queria que identificássemos.
Felizmente, isso não para por aí, com a morte, porque o foco central do
evangelho é o túmulo vazio. Jesus está vivo, e, portanto, podemos abraçar a
nova vida que está disponível nele. Nós estamos aprendendo o que Paulo quis
dizer quando falou: “nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao
pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como
ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como
instrumentos de justiça.” (Rm 6:13). Se Jesus nos tivesse dado uma missão
mais fácil como pais, talvez não tivéssemos sido tão motivados a tomar
passos importantes no crescimento espiritual.
Nós também aprendemos sobre a suficiência da Palavra de Deus. Muitas
vezes nós não temos respostas. Mas pudemos reconhecer que essa posição de
dependência pode ser um lugar muito bom. Dizemos juntamente com o
salmista, “Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua
palavra” e “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os
teus decretos” (Sl 119: 67, 71).
Por último, nós aprendemos muitas lições sobre a suficiente graça de Deus.
Sentimo-nos como o apóstolo Paulo, quando ele pediu três vezes para que
Deus removesse seu “espinho na carne” (2Co 12:7). A resposta compassiva e
poderosa de Deus foi a seguinte:
Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De
boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de
Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições,
nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. (2Co
12:9-10)
Esse não é um jugo que nós escolheríamos para nós mesmos. Mas agora
podemos ficar profundamente gratos porque Jesus mantém suas promessas.
Todo jugo que ele oferece inclui oportunidades para aprender. Sabemos mais
sobre nós mesmos e sobre o nosso Salvador do que jamais teríamos
aprendido se essa provação não tivesse sido confiada a nós.