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02 Julho 2021
Que reforma?
Que reforma? Ou melhor: que forma? O padre calabrês - além das exigências
expressas no Concílio Vaticano II - parte do fundamento bíblico, que oferece à
Igreja a processualidade da forma-Evangelho: seu “movimento imprevisível e
aberto ao futuro” impõe que ela permaneça atenta “aos sinais da história, mas
também aos acontecimentos existenciais e dramáticos das mulheres e dos
homens de toda cultura”.
Uma autocrítica realizada com zelo evangélico é geradora de novos laços com
as mulheres e os homens de hoje: disso provém uma carga transformadora
inesgotável, que também irrompe para fora dos limites eclesiais. Longe de ser
autorreferencial, a autocrítica provoca a Igreja “a viver com mais liberdade o
anúncio profético para o mundo”. De fato, argumenta Oliva, “só uma Igreja que
faz autocrítica em seu interno poderá ter condições de criticar profeticamente
as deficiências e as injustiças do mundo”, agindo “no mundo e para o mundo, ao
lado do humano ferido, frágil e oprimido".
Nesta mútua relação, a Igreja conforma-se a Cristo quanto mais ajuda “cada ser
humano a tornar-se cada vez mais pessoa segundo a humanidade de Jesus
Cristo”; isso em atendimento à missão salvífica da Encarnação, que integra
humanização e divinização, a favor de "todo o homem e de todos os homens
que vivem na história". É, portanto, responsabilidade profética da Igreja
“colaborar para a libertação de toda estrutura de pecado que gera injustiça e
pobreza, em favor de uma sociedade mais justa e fraterna”, mesmo ao custo de
compartilhar as perseguições dos perseguidos que precisam de justiça, para
buscar ali a própria forma mais plenamente evangélica - não somente cristã, mas
verdadeiramente crística - em vez de se adequar "a um status adquirido".
A título de exemplo, Oliva cita padre Peppe Diana e dom Pino Puglisi: “O seu
sangue faz brotar uma fecunda ministerialidade de libertação e humanização
para as Igrejas do Sul, que ainda precisam redescobri-la mais profundamente”.
Mas isso hoje deve ser estendido à defesa da liberdade e da dignidade das
“minorias ameaçadas por discriminações religiosas, políticas, sociais e sexuais”;
dando voz ao seu grito de dor, o Povo de Deus reunido eclesialmente não faria
senão o seu dever de viver a missão profética de Jesus, para "iniciar processos de
libertação juntamente com a comunidade civil".
A Igreja pode e, aliás, deve fazê-lo, e sempre com maior audácia, desde que se
deixe transformar pelo próprio Deus, que sustenta tais processos de
fraternidade, justiça e igualdade, tanto no externo como em seu interno,
sem nenhuma exclusão: “Como no céu, assim na Igreja”.
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