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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM

INFORMÁTICA E GESTÃO LOURDES CARVALHO NEVES BATISTA

Aluno (a): Disciplina: Língua Portuguesa


Professor (a): Misael Abreu Data: Turno: noturno
Ensino: PROEJA - Médio Série: Módulo III – Técnico em Agropecuária Unidade: I

Respostas esperadas

Atividades

Leia o texto a seguir.

PORTAS ABERTAS

J. J. Camargo

No final do século 20, sob o impacto ainda não completamente avaliado da


informação instantânea, a banalização do sofrimento alheio implantou a indiferença como a
doença comportamental da sociedade, chamada moderna e pretensamente mais
desenvolvida.

E este século, ainda na infância, o que nos reservará?

Apostaria na burocracia como a chaga que, no fim desse tempo, será identificada
como o grande mal.

A necessidade de regular o processo de desenvolvimento social e impor o


cumprimento de normas estabelecidas criaram a figura do burocrata. Até aí tudo bem, como
antídoto da anarquia ele era mesmo indispensável.

Mas, em algum momento, fomos perdendo o rumo, desvirtuando funções e


corrompendo metas. Criamos o monstro que passou a acreditar que quem fiscaliza é mais
importante do que quem faz. Também aqui o problema é universal. Porém, curiosamente,
onde menos se oferece bem-estar aos indivíduos, mais prosperam os atestados, as
segundas vias, as fichas corridas, os códigos e as firmas por reconhecer.

Na área da saúde, uma senha pode ser a barreira entre a vida e a morte. O
burocrata, soberano na sua obtusidade, parece imperar sem constrangimentos e sem
remorsos.

Rodolfo Livingstone, um famoso arquiteto argentino, teve uma ideia inteligente.


Depois de ser fustigado por exigências absurdas, resolveu reagir. Entrou numa cabine de
fotos 3 x 4 e bateu várias com caretas insanas. Depois de selecionar a mais maluca delas,
plastificou uma carteira cheia de carimbos, inclusive do Ministério da Saúde. No crachá, um
texto paralisante: “O portador não é responsável por seus atos. É inofensivo, mas não deve
ser contrariado. Está filiado ao movimento Portas Abertas.”

A partir daí, as portas se escancaram para ele em repartições públicas, bancos,


cartórios e aeroportos. Ninguém se animou a incomodar um tipo de agressividade potencial
imprevista. Ainda que o crachá diga o contrário. A burocracia, determinada a enlouquecer as
pessoas normais, se descobriu incapaz de manejar a loucura dos outros. Bem pensado.

Caderno Vida, Zero Hora, 07/12/2012

1. De acordo com o texto,

(A) há necessidade de impor o cumprimento de normas no serviço público, evitando a


anarquia, e dando ao burocrata a função máxima dentro do órgão, que lhe permite
extrapolar seus limites.
(B) a administração da coisa pública segue uma rotina inflexível que, no lugar de
ajudar o cidadão, complica-lhe a vida.
(C) somente na área da saúde a burocracia incentiva os atestados, as segundas-vias e as
fichas corridas.
(D) é necessário regular de forma mais rígida o processo de desenvolvimento social, criando
um sistema de controle burocrático eficiente.
(E) a sociedade moderna, pelo comportamento que apresenta, é caracterizada como a mais
desenvolvida.

2. Identifique o referente dos seguintes pronomes, ou seja, diga a que(m) os pronomes se


referem (substituem):

a) ele (4º parágrafo): o burocrata


b) sua (6º parágrafo): o burocrata
c) delas (penúltimo parágrafo): fotos 3 x 4 (com caretas insanas)
d) seus (penúltimo parágrafo): o portador (do crachá)
e) ele (último parágrafo): Rodolfo Livingstone (famoso arquiteto argentino)

Leia a tira a seguir.

3. A intenção da tira é

(A) satirizar, através de uma analogia.


(B) evidenciar o cuidado com os animais.
(C) mostrar a relação amigável entre os personagens.
(D) sugerir nomes aos animais.
(E) demonstrar a criatividade da personagem.
Comentário: Satirizar significa “criticar por meio de sátira”, que é um ato, dito ou escrito de
ironia, troça ou zombaria. A tirinha satiriza a burocracia por meio de uma analogia (nesse
caso, a lentidão da tartaruga é comparada à lentidão que a burocracia causa).

4. Pelo conhecimento de mundo do leitor, depreende-se que o motivo pelo qual Mafalda
colocou o nome Burocracia na tartaruga foi

(A) pelo tamanho da tartaruga.


(B) pela origem da tartaruga.
(C) para reverenciar a burocracia.
(D) pelas características comuns que ambas apresentam.
(E) porque gostava do nome.

Comentário: Tanto a burocracia quanto a tartaruga são conhecidas pela lentidão.

5. No primeiro balão, Miguelito diz a Mafalda: "A Susanita disse que você tem uma tartaruga
e eu vim ver". Nesse enunciado, Miguelito suprime uma palavra facilmente subentendida no
contexto. Qual é essa palavra?

A palavra tartaruga.

Comentário: Se tivéssemos que repetir a palavra na frase, esta ficaria assim: “A Susanita
disse que você tem uma tartaruga e eu vim ver [a tartaruga]”. Felizmente, a língua dispõe de
diversos mecanismos para impedir repetições de palavras e, assim, evitar tornar cansativo
um texto. Um desses mecanismos é a elipse (omissão de um termo facilmente identificável);
outro são os pronomes (palavras que substituem nomes, mas sem serem nomes).

6. Caso Miguelito quisesse deixar claro o nome, mas sem repeti-lo, poderia empregar um
pronome. Como ficaria a frase com esse pronome:

a) na variedade popular?

A Susanita disse que você tem uma tartaruga e eu vim ver ela.

Comentário: Na variedade popular, os pronomes do caso reto de 3ª pessoa (ele, ela, eles e
elas) podem ocupar a posição de objeto (complemento) verbal.

b) na variedade culta?

A Susanita disse que você tem uma tartaruga e eu vim vê-la.

Comentário: Na variedade culta, apenas pronomes oblíquos podem ocupar a posição de


complemento verbal não preposicionado. Para completar um verbo com pronomes de 3ª
pessoa, devem-se usar: o, a, os e as - e suas variações: lo, la, los e las. Por isso, o uso
correto, na norma culta, é: vê-la.

7. No último quadrinho, a expressão aquele nome retoma uma palavra expressa


anteriormente. Qual é essa palavra?

Burocracia (o nome da tartaruga).


Comentário: nesse caso, a palavra burocracia deve ser escrita com inicial maiúscula –
Burocracia –, pois se trata de um nome próprio (o nome da tartaruga).

8. Após a leitura dos dois textos, é correto afirmar que

(A) ambos pertencem ao mesmo gênero textual, pois são humorísticos.


(B) o primeiro é uma reportagem e o segundo, uma charge.
(C) existe uma intertextualidade de conteúdo entre eles, isto é, tratam do mesmo
assunto.
(D) somente no primeiro há uma crítica contundente a um aspecto da vida em sociedade.
(E) os dois têm posições antagônicas em relação ao assunto que abordam.

Comentário:

Alternativa A: Incorreta. Os textos pertencem a gêneros diferentes: o primeiro é um artigo


de opinião (tipo de texto dissertativo-argumentativo onde o autor apresenta seu ponto de vista
sobre determinado tema) e o segundo, uma tirinha (narrativa breve que mistura linguagem verbal
e não verbal e se estrutura em poucos quadrinhos). Além disso, não é porque dois textos são
humorísticos que eles sejam necessariamente do mesmo gênero (por exemplo: as piadas e os
memes são humorísticos, mas são gêneros distintos).

Alternativa B: Incorreta. Como vimos, o primeiro texto é um artigo de opinião, e o segundo,


uma tirinha.

Alternativa C: Correta. De fato há uma relação de intertextualidade de conteúdo, pois ambos


os textos falam sobre a burocracia.

Alternativa D: Incorreta. Em ambos os textos podemos ver críticas fortes a um aspecto da


vida em sociedade: a burocracia.

Alternativa E: Incorreta. Conforme vimos na alternativa C, os textos abordam o mesmo


assunto.

9. A análise dos textos mostra que, entre outras funções, os pronomes

(A) fazem referências aos nomes, evitando sua repetição e contribuindo para a
continuidade do texto.
(B) indicam o tempo em que ocorrem as ações.
(C) detalham as circunstâncias da ação verbal.
(D) nomeiam seres.
(E) expressam quantidade exata de pessoas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa
determinada sequência.

Comentário: Esta é, de fato, a função básica dos pronomes: fazer referências aos nomes,
evitando sua repetição e contribuindo para a continuidade do texto.

Veja quais são as classes de palavras descritas nas outras alternativas:


(B) indicam o tempo em que ocorrem as ações. O verbo indica uma ação e essa ação está
localizada no tempo. A indicação de tempo, no entanto, não é exclusiva dos verbos. Os
advérbios também podem indicar tempo.
(C) detalham as circunstâncias da ação verbal: advérbio.
(D) nomeiam seres: substantivo.
(E) expressam quantidade exata de pessoas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa
determinada sequência: numeral.

10. Você concorda com a interpretação que os textos dão para a burocracia? Expresse, de
forma fundamentada, sua opinião. (Mínimo: 5 linhas)

Para responder a esta questão era necessário, em primeiro lugar, compreender o conceito
de burocracia, compará-lo às visões apresentadas nos textos (artigo de opinião e tirinha) e,
a partir daí, emitir uma opinião fundamentada a respeito dessa realidade. Antes de tudo, a
burocracia é uma organização caracterizada por regras e procedimentos explícitos que
garantem a execução da administração pública. No entanto, ela acabou adquirindo uma
conotação negativa, pois quase sempre está associada à lentidão e à ineficiência nos
processos. Vocês deveriam dizer, então, até que ponto a burocracia é tolerável, como ela
chegou a esse ponto (de ser associada àquelas características) e como seria possível
resolver esse impasse.

Erros comuns (Veja se é o seu caso ou não):

● Fugir do tema: tratar de um assunto totalmente diferente;


● Tangenciar o tema: tratar de assuntos relacionados (administração pública, saúde,
ineficiência estatal), mas não relacionar ao tema principal, que é a burocracia;
● Não contextualizar a discussão nem fundamentar o ponto de vista defendido: dizer
“sim” e qualquer outra frase.

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