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MATURANA, Humberto R.

– A árvore do conhecimento: as bases biológicas da


compreensão humana – Palas Athena – São Paulo, 2001.

O centro da argumentação de Maturana e Varela é construído por duas Vertentes. A


primeira como vimos, sustenta que o conhecimento não se limita ao processamento das
informações oriundas de um mundo anterior a experiência do Observador, o qual se
apropria dele para fragmentá-lo e explorá-lo. A segunda Grande linha afirma que os
seres vivos são autônomos, isto é, autoprodutores capazes de produzir seus próprios
componentes ao interagir com um meio: vivem no conhecimento e conhecem no viver.

Mas o que fazer para que o ser humano se veja também como parte do mundo natural?
Para tanto, é preciso que ele observe a si mesmo Enquanto observa o mundo. Esse passo
é fundamental, pois compreender que entre O Observador e o observado (entre o ser
humano e o mundo) não há hierarquia nem separação, mas sim cooperatividade na
circularidade. Na verdade, Maturana e Varela dão não apenas com este livro, como o
conjunto de suas perspectivas obras uma contribuição relevante a compreensão daquilo
que talvez seja o maior problema epistemológico de nossa Cultura: A Extrema
dificuldade que temos de lidar com tudo aquilo que é subjetivo e qualitativo. Página 14.

Mas temos outra limitação. Para nós, é fácil aceitar que o subjetivo e o qualitativo não
se propõem a ser superiores a objetivo e ao quantitativo; pretendem descartá-los
substituí-los mas sim manter com eles uma relação complementar. Não entendemos que
todas essas instâncias são necessárias, e que é essencial que entre elas haja um
relacionamento transacional, circularidade produtiva. Tal situação tem produzido, foi
dito, consequências éticas importantes. Parece incrível, mas muitas pessoas (inclusive
cientistas e filósofos) que o trabalho científico deve afastar de suas preocupações a
subjetividade e a dimensão qualitativa como se a ciência não fosse um trabalho feito por
seres humanos. Página 15.

Outro ponto de convergência é o que diz que, se o conhecimento não é passivo e sim
construído pelo ser vivo em suas interações com o mundo, a postura de só levar em
conta o que é observado Deixa de ser deixa de ter sentido. A transnacionalidade entre o
observador e aquilo que ele observa, além de mostrar que não é separado do outro, torna
indispensável a consideração da subjetividade do primeiro, é, compreensão de como ele
experiencia o que observa.
Maturana permanece no Chile, de onde sai periodicamente para cursos, conferências e
seminários em vários países do mundo, inclusive o Brasil aprofunda seu pensamento
sobre a Biologia do conhecimento e a respeito de sua concepção de alteridade, chama de
biologia do amor. A transacionalidade da biologia do conhecimento com a Biologia do
amor compõe a base do que ele denomina de Matriz biológica da existência humana.
Página 16.

Por outra parte, porque aquilo que este livro precisamente ira mostrar, ao estudar de
perto o fenômeno do conhecimento e Nossas ações deles surgidas, é que toda
experiência cognitiva inclui aquele que conhece de um modo pessoal, enraizado em sua
estrutura biológica, ativo pelo qual toda experiência de certeza é um fenômeno
individual cego em relação ao ato cognitivo do outro, numa solidão que (como veremos)
só é transcendida no mundo que criamos junto com ele. Página 22.

Na verdade Tais experimentos ou muitos outros similares contém de maneira capsular o


sabor da essência do que queremos dizer. Eles nos mostram como Nossa experiência
está indissoluvelmente atrelada a nossa estrutura. Não vemos o "espaço" do mundo,
vivemos nosso campo visual; não vemos as cores do mundo, vivemos nosso espaço
cromático. Sem dúvida nenhuma e como de alguma forma Descobriremos ao longo
dessas páginas, estamos num mundo. No entanto, quando examinarmos mais de perto
como chegamos a conhecer esse mundo, descobriremos sempre que não podemos
separar nossas histórias das ações biológicas e sociais a partir das quais ele aparece para
nós. O mais óbvio e o mais próximo são sempre difíceis de perceber. Página 28.

Uma explicação é sempre uma proposição que fórmula ou cria as observações de um


fenômeno, num sistema de conceitos aceitáveis para um grupo de pessoas que
compartilham um critério de validação.

A. Descrição do fenômeno ou fenômenos a explicar, de maneira aceitável para


comunidade de observadores;

B. Proposição de um sistema conceitual capaz de gerar o fenômeno a explicar de modo


aceitável para a comunidade de observadores (hipótese explicativa);

C. Dedução, a partir de b., de outros fenômenos não explicitamente considerados em


sua proposição, bem como a descrição de suas condições de observação comunidade de
observadores;

D. Observação desses outros fenômenos, deduzidos a partir de B. Página 34.


O que cientistas fazem é tentar ser plenamente consistentes e explícitos em relação a
cada uma das etapas, e deixar um registro documentado, de forma que se crie uma
tradição que vá alem de uma pessoa ou geração. Página 35.

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