Você está na página 1de 60

TRILHANDO NOVOS

CAMINHOS A PARTIR
DA INTEGRAÇÃO
CURRICULAR:
CURSO TÉCNICO EM GUIA
DE TURISMO – PROEJA

Camila Anizio de Almeida


Poliana Daré Zampirolli Pires
Antonio Henrique Pinto
TRILHANDO NOVOS
CAMINHOS A PARTIR
DA INTEGRAÇÃO
CURRICULAR:
CURSO TÉCNICO EM GUIA
DE TURISMO – PROEJA

Camila Anizio de Almeida


Poliana Daré Zampirolli Pires
Antonio Henrique Pinto
Copyright © 2020 by Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes – Depósito legal ORIGEM DO PRODUTO
na Biblioteca Nacional, conforme Decreto Nº 1.824, de 20 de dezembro de 1907. Dissertação de Mestrado: Práticas Integradoras para
O conteúdo dos textos é de inteira responsabilidade dos respectivos autores. o Ensino de Biologia na Educação Profissional de
Jovens e Adultos integrada ao Ensino Médio.

COMISSÃO CIENTÍFICA
Editora do IFES - Instituto Federal de Educação, Dra. Márcia Gonçalves de Oliveira (Ifes)
Ciência e Tecnologia do Espírito Santo Dra. Maria José de Resende Ferreira (Ifes)
Dra. Luciana Itida Ferrari (Ufes)
Pró-Reitoria de Extensão e Produção
Av. Rio Branco, 50, Santa Lúcia - Vitória, ES - CEP 29056-255
REVISÃO
Tel. (27) 3227-5564 / E-mail: editoraifes@ifes.edu.br
Camila Anizio de Almeida
Poliana Daré Zampirolli Pires
Antonio Henrique Pinto
Programa de Pós-Graduação em
DESIGNER E DIAGRAMAÇÃO
Educação Profissional e Tecnológica
Edson Maltez Heringer | edsonmaltez@gmail.com
Prédio Administrativo, 3º andar
Sala do Programa ProfEPT PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO
Av. Vitória, 1729 – Jucutuquara Programa de Pós-Graduação em Educação
Vitória - Espírito Santo – CEP 29040 780 Profissional e Tecnológica - ProfEPT

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação | (Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espíito Santo )

A447t Almeida, Camila Anízio de.


Trilhando novos caminhos a partir da integração curricular [recurso eletrônico] : curso Técnico em Guia de Turismo - Proeja / Camila Anizio de
Almeida, Poliana Daré Zampirolli Pires, Antonio Henrique Pinto. – 1. ed. - Vitória : Instituto Federal do Espírito Santo, 2020.
56 p. : il. 15,5 cm
ISBN: 978-65-86361-51-3 (E-book)
1. Educação de jovens e adultos. 2. Biologia – Estudo e ensino. 3. Guias de turismo – Formação. 4. Estudantes do ensino médio. 5. Ensino técnico
(Ensino médio). 6. Ensino profissional – Formação. I. Pires, Poliana Daré Zampirolli. II. Pinto, Antonio Henrique. III. Instituto Federal do Espírito
Santo. IV. Título.
CDD 21 – 374
Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

JADIR JOSÉ PELA – Reitor

ADRIANA PIONTTKOVSKY BARCELLOS – Pró-Reitora de Ensino

ANDRÉ ROMERO DA SILVA – Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

RENATO TANNURE ROTTA DE ALMEIDA – Pró-reitor de Extensão e Produção

LEZI JOSÉ FERREIRA – Pró-Reitor de Administração e Orçamento

LUCIANO TOLEDO – Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional

IFES - CAMPUS VITÓRIA

HUDSON LUIZ CÔGO – Diretor-geral

MÁRCIO ALMEIDA CÓ – Diretor de Ensino

MÁRCIA REGINA PEREIRA LIMA – Diretora de Pesquisa e Pós-graduação

CHRISTIAN MARIANI DOS SANTOS – Diretor de Extensão

ROSENI SILVA PRATTI – Diretora de Administração e Planejamento

ProfEPT

DANIELLE PIONTKOVSKY – Coordenadora-geral


Considerações finais 43
SUMÁRIO
Apresentação 7 Sugestões de atividades 47
Atividade 1
Fermentação artesanal de vinho .......... 47
Reino Fungi e o 9 Atividade 2
Turismo Gastronômico Momento gastronômico ........................ 48
Atividade 3
1. Conhecendo o Reino dos Fungos ........ 11 Turismo Gastronômico
nas redes sociais .................................. 50
2. Turismo de Experiência
e Gastronômico ..................................... 14
Receitas culinárias 51
3. A Sequência Didática como
prática integradora ................................ 17
recreativas
4. Sequência Didática: Fungos e o Turismo Patê de Shimeji .......................................... 51
Gastronômico em solo Capixaba ......... 21 Arroz com Cogumelos e Legumes ........... 52
Pizza de Champignon ............................... 53
• Primeira etapa
Relembrando o tema ......................... 21
• Segunda etapa Referências 54
Aproximação profissional .................. 24
• Terceira etapa
Prática de manuseio e degustação ... 28
• Quarta etapa
Visita técnica para aplicação Apêndice 1 55
profissional ......................................... 32
• Quinta etapa Questionário diagnóstico
Feedback ............................................ 39 Descobrindo o Reino dos Fungos ........ 55
O
presente material é direcionado a docentes e estudantes do Curso Técnico Integrado em Guia de
Turismo, como também aos demais atores do processo educativo, que desejarem um material di-
dático complementar à disciplina de Biologia na Educação Profissional de Jovens e Adultos. Este
material é parte do produto educacional resultante da pesquisa científica de mestrado denominada
“PRÁTICAS INTEGRADORAS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE
JOVENS E ADULTOS INTEGRADA AO ENSINO MÉDIO”, desenvolvida entre o primeiro semestre de
2019 e o primeiro semestre de 2020, para o Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e
Tecnológica do Instituto Federal do Espírito Santo – ProfEPT. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, a
partir da observação participante, acerca do ensino de Biologia na educação profissional de jovens
e adultos, inserido no Curso Técnico em Guia de Turismo no Ifes – Campus Vitória, fundamentado no
incentivo de práticas integradoras, sob a perspectiva marxista.

7
Ocorre que, o conteúdo de Biologia é bem amplo e diversificado e, dentro desse conteúdo, está o
tema problematizador dessa pesquisa: “Reino Fungi” (Fungos), que muitas vezes não é bem absorvido
por alguns alunos do público de jovens e adultos, por trazer novas terminologias e seres que eles pensam
não fazer parte de sua realidade profissional. Desta forma, o objetivo deste material é trazer o passo a
passo de uma Sequência Didática - SD, como opção metodológica de prática integradora, e ser mais
uma alternativa de pesquisa para estudantes e docentes do curso técnico em Guia de Turismo - Proeja.
Este material educativo será apresentado em quatro capítulos, onde o primeiro traz um texto introdutório
ao Reino Fungi, o segundo revela informações sobre o tema principal da pesquisa aplicado à profissão
pretendida, de forma a aproximar o tema da realidade do futuro profissional. O terceiro capítulo traz uma
breve explanação sobre a Sequência Didática como prática integradora e o quarto demonstra o passo a
passo para o seu desenvolvimento. Também apresentaremos aqui algumas curiosidades acerca do tema,
como também dicas de atividades práticas e de receitas culinárias, utilizando seres pertencentes a este
Reino, que podem ser realizadas tanto em casa quanto na escola, buscando aproximá-lo do convívio dos
estudantes da educação profissional e da aplicação na profissão pretendida.

8
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

1
CONHECENDO nome justamente por serem infecções provocadas
por esses seres vivos (AMABIS, 2016).
O REINO DOS Outros seres pertencentes ao Reino Fungi e que

FUNGOS também fazem parte da alimentação humana são os


cogumelos, que são fungos eucariontes pluricelulares
e mais complexos (AMABIS, 2016).
O Reino dos Fungos, do latim Fungi, é composto
por Fungos e Leveduras e está presente no nosso
dia a dia, em diferentes situações, algumas mais co-
Micose vem
nhecidas e outras nem tanto e, o intuito do presente
do Grego
material didático é demonstrar tais situações, de MYKÉ,
forma simplificada e contextualizada, a partir de uma “fungo”
Sequência Didática - SD.
Para iniciar, conversaremos sobre as leveduras.
As leveduras são seres eucariontes e unicelulares
mais simples e são muito utilizadas na fermentação
de pães e bebidas alcoólicas, sendo que algumas
espécies de leveduras também são utilizadas na
alimentação humana, como é o caso dos fermentos
biológicos.
Já com relação aos fungos, os processos mais
conhecidos são de decomposição de matéria viva e FIGURA 1 – Imagem animada micose.
infecção por micoses (Figura 1), que recebem esse Fonte: Png google

11
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

Você sabia
O fermento biológico é composto por leveduras da
espécie Saccharomyces cerevisiae cultivadas em
laboratório, daí vem o termo biológico, pois bio=vivo.

FIGURA 3 – Cogumelo Shimeji


Fonte: https://www.ururau.com.br/noticias/saude/shimeji-como-fazer-receitas-o-que-
e-e-beneficios/26933/

Pois bem, abordaremos na Sequência Didática,


primordialmente, aqueles cogumelos que podem ser
utilizados na alimentação do homem, sendo as espécies
mais conhecidas a Agaricus bisporus e a Pleurotus
ostreatus, popularmente conhecidos como Champignon
(Figura 2) e Shimeji (Figura 3), respectivamente.
Os fungos pluricelulares geralmente apresentam
hifas – filamentos que se entrelaçam formando uma rede
denominada micélio –, utilizadas na reprodução do cogu-
melo, por produzirem e liberarem esporos no ambiente,
FIGURA 2 – Cogumelo Champignon
Fonte: acervo da autora que darão origem a um novo cogumelo (AMABIS, 2016).

12
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

Essa estrutura que conhecemos como cogumelo


nada mais é que o corpo de frutificação deste ser vivo,
pois reúne em seu chapéu o conjunto de hifas que
possibilitará o surgimento de novos indivíduos, porém
essas hifas ainda podem ocupar um espaço muito
maior que o do corpo que vemos, pois estendem-se
por debaixo do solo e nas imediações do cogumelo
(AMABIS, 2016).
No caso de fungos que não possuem o chapéu, a
reprodução se dá por meio da liberação de esporos.
Seus esporos também podem se estender por um
espaço muito maior do que aquele que visualizamos
na colônia (Figura 4), já que são imperceptíveis a olho
nu e por isso não é recomendado consumir alimentos
FIGURA 4 – Frutas em decomposição
que estejam em um mesmo ambiente que outro já em Fonte: acervo da autora

decomposição.

ATENÇÃO! O que conseguimos visualizar na Você sabia


imagem anterior é a colônia já formada, pois os
esporos não são visíveis a olho nu. Por isso, não Os cogumelos se alimentam decompondo matéria
é recomendado consumir alimento que esteja em viva, podendo ser de qualquer tipo, porém os cogume-
contato ou próximo a outro alimento que já esteja los comercializados para o consumo humano se ali-
em decomposição, pois centenas de esporos mentam de compostos orgânicos criteriosamente se-
podem estar difundidos naquele espaço. lecionados e em locais cuidadosamente manipulados.

13
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

2
TURISMO DE Didática, é importante destacar que, em síntese, o
Turismo de Experiência era conhecido popularmente
EXPERIÊNCIA E apenas por abranger o Turismo Gastronômico, que
GASTRONÔMICO é o nome dado ao fato de uma determinada pessoa
ou grupo de pessoas procurarem visitar certas
Para a execução de uma Sequência Didática como regiões especificamente por sua gastronomia. No
prática integradora de Biologia na educação profis- entanto, a popularização desse tipo de turismo e o
sional, é necessário trabalhar, minimamente, com a avanço no desenvolvimento das atividades que o
inclusão de uma disciplina da área técnica. Como o permeia, incorporaram outros atrativos turísticos
curso aqui em questão é o de Guia de Turismo, as locais a essas visitas pontuais, aumentando
disciplinas de Hospitalidade e de Fundamentos do sua área de atuação, originando o Turismo de
Turismo foram vistas como mais apropriadas para Experiência que conhecemos hoje (GABRIELLI;
tal integração. THOMÉ, 2016).
Essas disciplinas técnicas abordam, entre outros Os atrativos turísticos mencionados acima en-
assuntos, o Ecoturismo, o Agroturismo e o Turismo volvem cultura, artesanato, natureza e gastronomia
de Experiência, temas abrangentes, que se permitem diferenciados, que proporcionam aos seus visitantes
serem associados e aplicados ao conhecimento cien- experiências únicas de vivenciar atividades típicas
tífico abordado na disciplina de Biologia e no tema daquele determinado lugar. Dessa forma, o Turismo
Reino Fungi, como constataremos mais à frente, no Gastronômico se enquadra também no Turismo de
capítulo 4. Experiência, quando considerado que a gastronomia
Para uma breve abordagem acerca desses e os adornos que a compõe tenham atraído aquele
ramos do Turismo, que serão tratados na Sequência visitante (GABRIELLI; THOMÉ, 2016).

14
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

A exemplo do Turismo Ecológico do Pantanal, o clima frio e têm alto valor econômico e gastronômico
Turismo de Experiência nos vinhedos chilenos ou para seus apreciadores (HENRIQUES; GARRIDO;
mesmo o Turismo Gastronômico europeu, muito MOUTINHO, 2013).
difundidos e reconhecidos por todo o mundo por seu
potencial nesse ramo, nós também dispomos do
Agroturismo nas propriedades rurais capixabas, que
recebem seus hóspedes com instalações rústicas,
comidas típicas e acolhimento “caseiro” (Figura 5).
Abarcado pelo Turismo Gastronômico europeu
está a “caça às trufas” (Figura 6), que trata-se de
uma atividade turística específica em determinadas
regiões italianas ou francesas, onde os participantes
desbravam uma mata fechada, em busca de belas
e saborosas trufas. Trufas são fungos que crescem
em simbiose com as raízes de algumas árvores de
FIGURA 5 – Produtos do Agroturismo
em Venda Nova do Imigrante- ES
Fonte: http://descubravendanova.es.gov.br/

Simbiose é uma relação


ecológica entre indivíduos de
espécies diferentes em que
ambos dependem um do outro
para sobreviver.

15
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

Nesse sentido, foram feitos levantamentos e pes-


quisas bibliográficas em materiais do ramo turístico e
também em matérias específicas, divulgadas pelas
prefeituras nas revistas e telejornais locais, consta-
tando que está ocorrendo um aumento significativo
do cultivo de algumas espécies de cogumelos comes-
tíveis nas regiões de montanha do Espírito Santo, re-
gião esta conhecida por atrair muitos turistas, sendo
os cogumelos pertencentes ao tema problematizador
“Reino Fungi” (ARAÚJO et all, 2016; FIDELIS, 2018).
Essa informação corrobora com a ideia de desen-
volvimento de uma prática integradora significativa
FIGURA 6 – Banner para divulgação da “caça às Trufas” na Itália
Fonte: <https://www.guiagphr.com.br/noticias/roteiro-promovido-pelo-hotel-saint- para a apropriação do conhecimento do profissional,
andrews-leva-clientes-para-caca-as-trufas-na-italia/>
ainda em formação.

Partindo do pressuposto de que o profissional de


Guia de Turismo deve estar atualizado com as infor-
mações turísticas, ambientais e culturais do local em
Você sabia
que atue, é primordial buscar informações sobre o
Existem profissionais de turismo que trabalham
ecoturismo capixaba, no que tange o tema proposto,
com Agroturismo e Turismo de Experiência em solo
para o desenvolvimento da Sequência Didática aqui capixaba e esse mercado só tende a aumentar!
tratada (PPC Guia de Turismo - Ifes).

16
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

3
A SEQUÊNCIA participação e dedicação do estudante no momento
das práticas educativas e sua correta associação
DIDÁTICA e aplicação na profissão pretendida, para assim

COMO PRÁTICA auxiliar na apropriação do conhecimento e no de-


senvolvimento de capacidades e competências, que
INTEGRADORA permitam um melhor desempenho e posicionamento
crítico na sociedade.
Toda Sequência Didática - SD, como alternativa de Para que assim ocorra, é importante ressaltar que
prática integradora na educação profissional, deve antes de planejar os métodos e objetivos da SD como
envolver ao menos um conteúdo tido como propedêu- prática integradora, se faz necessário uma pesquisa
tico e outro da linha técnica e deve ser iniciada com mais detalhada sobre o que é a integração curricular
uma introdução ao conteúdo a ser tratado, ainda que e quais as bases epistemológicas que a sustentam.
seja em forma de revisão (ARAÚJO, 2013). Como dito lá na apresentação, no início deste mate-
Com a aplicação da Sequência Didática espera-se rial, a integração curricular aqui tratada é embasada
promover a integração curricular entre as disciplinas no ideal de promover educação científica a partir da
de Biologia, Hospitalidade e de Fundamentos do integração entre disciplinas básicas, técnicas e a
Turismo, assim como associar os temas abordados futura vida profissional do estudante em formação,
na disciplina de Biologia com a rotina profissional assim fundamentada na ótica da formação integral
do estudante, contribuindo para o desenvolvimento de Gramsci e do trabalho como princípio educativo
de novas técnicas de apropriação e aplicação do de Marx (RAMOS, 2008).
conhecimento. Também busca-se estimular o posi- Para iniciar o planejamento das intervenções e
cionamento crítico frente as situações cotidianas e a a metodologia a ser adotada, sugere-se que seja

17
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

estabelecido o responsável condutor das atividades, (APÊNDICE I), contendo quatro perguntas fechadas
que deverá fazer um levantamento do conhecimento e três abertas, que deve ser lido e explicado minucio-
prévio dos estudantes sobre o tema escolhido ou samente, enfatizando que os estudantes respondam
mesmo opte pela participação deles para a escolha sem o pensamento de acerto ou erro, mas valori-
do tema, visando aplicar uma atividade que tenha zando a experiência anterior de cada um. Outras
sentido em seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 2008). atividades para levantamento prévio dos estudantes
No caso do estudo que originou este material também podem ser utilizadas, a critério do professor.
didático, a escolha do tema se deu a partir de reuniões Para elaboração do questionário, foi observado a
com os profissionais responsáveis pelas disciplinas abordagem mais usual de questões diretas, buscan-
envolvidas, concomitante a um levantamento do sempre simplificação de termos e uma linguagem
bibliográfico, assim como pesquisas em meios de de fácil entendimento, de forma a reduzir o tempo e
comunicação locais, que trazem informações cada a complexidade dispensada à interpretação da per-
vez mais atualizadas sobre o turismo capixaba, pois, gunta e priorizando as respostas com foco no que o
tratando-se de uma integração curricular que envolve estudante pode contribuir, pedindo-lhes que assina-
uma área de atuação profissional em constante lem a que corresponde melhor a sua opinião, além de
renovação e atualização, como no caso do turismo, as perguntas abertas serem usadas na interpretação
é imprescindível que conteúdos difundidos no meio qualitativa dos dados (LAVILLE E DIONNE, 1999).
social local façam parte do levantamento bibliográfico
científico para a realização da SD como uma prática
integradora significativa (Figura 7).
Já o conhecimento prévio dos estudantes foi
indicado através de um questionário diagnóstico

18
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

FIGURA 7 – Estudantes do Proeja na Visita Técnica em Pedra Azul - ES


Fonte: acervo da autora 19
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

Para refletir

Práticas integradoras no Proeja


De acordo com Ramos (2008), a educação não deve ser voltada apenas para as necessidades do mercado,
mas deve propiciar aos sujeitos acesso aos diferentes conhecimentos construídos historicamente pela
humanidade, assim como a mecanismos de escolhas para a construção de caminhos para a produção
da vida. Esse caminho é o trabalho! O trabalho deve ser entendido como princípio educativo da produção
humana, mas também deve ser levado em consideração sua real importância como práxis econômica, já
que o desenvolvimento de uma atividade remunerada financia o modo de vida do trabalhador, principalmente
no público atendido pelo Proeja.
Como o Proeja é desenvolvido na educação básica, integrado ao Ensino Médio, possui, em seu
currículo base, disciplinas propedêuticas- como é o exemplo da Biologia – e também disciplinas técnicas
correspondentes a sua área de atuação profissional, o que desperta a necessidade de um ensino a partir
da integração curricular. Para Ramos (2010), a integração curricular não se fundamenta na extinção
das disciplinas curriculares. Em uma educação integrada é preciso entender que a categorização de
disciplinas não deve ser descartada ou substituída, porque fazem parte de uma construção histórica do
conhecimento, a partir das quais se podem construir novos conhecimentos. Ramos (2008) ainda defende
que “Os conteúdos de ensino são conceitos e teorias que constituem sínteses da apropriação histórica
da realidade material e social pelo homem” (p. 114).

20
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

4
SEQUÊNCIA
DIDÁTICA: FUNGOS
E O TURISMO
GASTRONÔMICO
EM SOLO
CAPIXABA
Após as reuniões de planejamento, levantamento dos camente, com objetivos e metodologias previamente
assuntos que permeiam o mercado turístico capixaba determinados por eixo temático. Assim, neste mate-
e a coleta de dados acerca do conhecimento prévio rial todas as práticas realizadas contaram com um
dos estudantes, tratados no capítulo anterior, é tema em comum: Fungos e o Turismo Gastronômico
possível iniciar a fase de aplicação da Sequência no Espírito Santo, onde o conhecimento adquirido
Didática - SD como prática integradora, tendo poderá ser aplicado em ambas as disciplinas eleitas
como objetivo integrar a disciplina de Biologia na integração curricular.
e as disciplinas técnicas de Hospitalidade e de A Sequência Didática foi planejada e construída
Fundamentos do Turismo. para ser realizada em cinco etapas, sendo cada etapa
Segundo Araújo (2013), uma sequência Didática realizada em duas aulas de 50min, com exceção da
é um conjunto de atividades organizadas sistemati- quarta e quinta etapas, explicadas a seguir:

21
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

Materiais necessários:
PRIMEIRA ETAPA • Equipamentos audiovisuais ou imagens im-
Relembrando o tema
pressas em tamanho A3 para facilitar a visua-
AULAS: 02
lização em grupo.
Objetivos:
• Retomar pontos importantes do conteúdo a ser Problematização:
abordado; Momento de retomar o conteúdo da atividade
• Introduzir novas informações sobre o tema aplicada para levantamento do conhecimento prévio
proposto. dos estudantes, no nosso caso, um questionário diag-
nóstico, como forma de relembrar o que já foi apren-
dido sobre o tema, sempre buscando familiarizar os
estudantes com os termos e processos biológicos
que nos cercam e também na busca de aproximar
o grupo, deixando livre as participações (Figura 8).
Na presente Sequência Didática, foi possível
observar o interesse dos estudantes em participar
da atividade (Figura 9), que não se intimidaram em
expor suas respostas, sempre enfatizando a livre
manifestação de respostas e dúvidas, de maneira
assistida, como forma de valorizar os conhecimentos
anteriores e incentivar uma discussão crítica sadia,
que permita troca de experiências entre os partici-
FIGURA 8 – Primeira etapa da SD
Fonte: acervo da autora pantes (ZABALLA, 2009).

22
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

É importante nessa fase trazer os nomes e termos todos os questionamentos e ajudar esclarecer as
científicos de forma mais simplista, deixando evidente dúvidas que possam surgir sobre o tema, ao longo
ao estudante que muitos processos rotineiros em sua da pesquisa, promove o debate crítico.
vida estão contidos no conteúdo de Biologia e, alguns Sugere-se aqui que seja feito deixando livre a
destes, podem envolver o Reino dos Fungos. Também participação dos estudantes, porém buscando não
é importante apontar, de forma objetiva e evidente, fugir ao tema proposto.
a diferença entre estes e o Reino Monera, pois há
grande chance de equívoco entre fungos e bactérias.
O ideal é que se faça essa abordagem se aprovei-
tando das dúvidas que os estudantes tragam e que
não fique engessado no tema central, mas se abra
espaços para abordar os mais diversos processos
comuns no dia a dia do estudante, como:
• Fungos e a decomposição de alimentos;
• Fungos que são pragas em lavouras;
• Fungos que processos infecciosos em
animais e em humanos;
• Fungos do bem em relações ecológicas
sustentáveis;
• Fungos e Doenças Sexualmente
Transmissíveis - DST´s.
Esse momento inicial, por ser mais dinâmico e FIGURA 9 – Participação de estudante
flexibilizado, além de contribuir para responder a Fonte: acervo da autora

23
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

SEGUNDA ETAPA
Aproximação profissional

AULAS: 02
Objetivos:
• Abordar de forma mais pontual a relação entre
o tema proposto e a profissão pretendida;
• Aproximar os estudantes da realidade a ser
trabalhada nas etapas subsequentes de forma
contextualizada e interativa.
• Familiarização com os nomes e termos que
envolvem o tema.
Materiais necessários:
• Equipamentos audiovisuais, podendo alternar
entre imagens e vídeos.

Problematização:
Aprofundamento em espécies de fungos que
fazem parte da rotina social do indivíduo e também
daquelas espécies que são mais utilizadas na culi-
nária capixaba (Figura 10), demonstrando que há
diversas espécies de cogumelos na natureza, mas
FIGURA 10 – Segunda etapa da SD
nem todos são passíveis de consumo, como forma Fonte: acervo da autora

24
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

de contextualização do conteúdo, por entender que questão de tudo ser feito de forma planejada e acom-
estes podem vir a fazer parte da rotina do futuro pro- panhada, não sendo de igual consumo os cogumelos
fissional em formação. que podemos visualizar na natureza, estando no solo
Aqui neste caso, é importante destacar as es- ou em troncos de árvores.
pécies de fungos que fazem parte da alimentação
humana, em todos seus aspectos, tanto como atrativo
Lembre-se de sempre passar as
turístico e culinário como é o caso das trufas, quanto
informações de forma contextualizada
nas dietas mais restritivas vegetarianas ou aquelas
e integrada aos eventos que envolvem
desprovidas de carne, onde a principal fonte de pro- um profissional de Guia de Turismo.
teína acaba sendo os cogumelos (Figura 11).
Pode-se abordar os processos biológicos que en-
volvem os fungos e leveduras na produção dos mais
sofisticados queijos, que atraem turistas e apreciado-
res (gorgonzola, blue cheese, brie...), na fermentação
de pães e bebidas popularmente consumidos e os
efeitos desses processos de fermentação no organis-
mo humano, assim como a decomposição de alguns
alimentos e sua relevância para a preservação do
ecossistema. Destaque para a relação dos fungos
na decomposição de matéria viva e a maneira como
se é feita a produção de cogumelos para o consumo
humano, com o controle de nutrientes do solo e da
FIGURA 11 – Exemplos de alimentos produzidos com adição
temperatura e umidade do ambiente, enfatizando a de fungos e leveduras

25
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

Também é possível abordar a relevância de se


conhecer os processos biológicos, clima predomi-
nante e os ecossistemas característicos da região a
ser visitada, quando investido na profissão de Guia
de Turismo, como forma de enriquecer a atuação
profissional e de como esse conhecimento pode
funcionar como diferencial na hora da “comerciali-
zação” de seu serviço (Figura 12). Trazemos essa
abordagem comercial por entender que, na atual

26
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

sociedade capitalista em que vivemos, não basta


vivenciar ideologias formativas e abandonar a ques-
tão econômica que permeia a rotina dos estudantes.
O futuro profissional que ali está, almeja condição
social e econômica que a profissão pretendida
poderá oferecer-lhe, basta no entanto, abordá-la de
forma integrada e reflexiva
Além disso, pode ser retomado, ainda que super-
ficialmente, o conteúdo de Turismo de Experiência,
visto nas disciplinas técnicas envolvidas na proposta
de integração curricular e sua relação com o Turismo
Gastronômico e o Reino dos Fungos, tratado aqui
neste material no capítulo 2, corroborando com a
ideia de integração defendida por Ramos (2008) e
também sugerida nas Diretrizes Curriculares Nacio-
nais, de promover educação científica a partir da
integração entre disciplinas básicas, técnicas e a
futura vida profissional do estudante em formação,
a partir do uso de imagens, vídeos e reportagens
retirados da internet.

FIGURA 12 – Estudantes conhecendo novos ramos da profissão


Fonte: acervo da autora

27
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

e sem a cobrança ou peso muitas vezes atribuído à


TERCEIRA ETAPA aula prática, de que deve-se aplicar naquele momen-
Prática de manuseio e degustação
to apenas o conhecimento adquirido em aula teórica,
AULAS: 02 como se uma vivesse em função da outra. (ARAÚJO;
Objetivos: FRIGOTTO, 2015)
• Desenvolver prática de contato direto com Durante a prática deve ser explicado como foi feito
algumas espécies de fungos utilizados na ali- o preparo dos alimentos (sugestões de receitas ao
mentação, a partir do manuseio e degustação; final deste material), já que é preciso higienizá-los
• Possibilitar aos estudantes conhecer profunda- com cuidado antes do consumo (Figura 14), o que
mente o tema que estão aprendendo e assim pode ser feito em outro ambiente se na sala de aula
despertar uma maior aproximação e possibilitar não houver suporte para tal. Também abordar super-
a apropriação para utilização futura. ficialmente como é feita a comercialização desses
Materiais necessários: produtos, para fins de contextualização.
• Cogumelos higienizados para consumo; Essa fase não objetiva mais a disseminação de
• Descartáveis. novas informações, mas é reservada para discussão
do conteúdo que foi visto, descontração do grupo e
Problematização: viabilização da degustação dos cogumelos estuda-
A terceira intervenção, que objetiva o manuseio e dos, pois acredita-se que quanto mais o indivíduo
degustação dos cogumelos Shimeji e Champignon, conhecer sobre determinado tema ou produto,
é um bom momento de descontração e troca de ex- melhor será sua desenvoltura para tratar com mais
periências, onde todos podem contribuir de alguma propriedade sobre o assunto. Isso também porque,
forma (Figura 13), o que torna a aula muito agradável se tratando de estudantes trabalhadores já inseridos

28
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

FIGURA 13 – Terceira etapa da SD


Fonte: acervo da autora

29
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

no mercado de trabalho (em outras profissões) e que


muitas vezes não lhes sobre renda para investir em
experiências gastronômicas, poder proporcioná-los
acesso aos cogumelos abordados como atrativo tu-
rístico na localidade em que possivelmente atuarão,
pode contribuir para sua aprendizagem profissional
e para a construção de memórias afetivas.
Nessa fase todos podem interagir e participar,
provando os cogumelos e emitindo sua opinião
abertamente, como também trazendo relatos de ex-
periências anteriores que forem ligadas ao tema, para
construção de uma discussão fundamentada entre
os presentes (Figura 15). Segundo Kuenzer (2007),
também é papel da escola e, consequentemente,
do docente o incentivo e desenvolvimento de ações
que valorizam o trabalho coletivo, considerando ser
fundamental para participação do sujeito na vida
social e produtiva.

FIGURA 14 – Preparação do shimeji para consumo


Fonte: acervo da autora

30
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

FIGURA 15 – Estudantes na degustação e manuseio dos cogumelos


Fonte: acervo da autora

31
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

Problematização:
QUARTA ETAPA Após o estudo de obras renomadas, estudiosos
Visita técnica para aplicação profissional da área da educação profissional e Mártires da
formação humana, como Marx e Gramsci, a quarta
Objetivos:
etapa é aqui entendida como a fase mais importan-
• Realizar atividade de culminância da Sequên-
te da Sequência Didática, por poder proporcionar
cia Didática e aplicabilidade do que foi estu-
uma experiência que poucos dos presentes já tivera
dado em sala de aula sobre o conhecimento
oportunidade de vivenciar e também por envolver
científico em Biologia;
um momento de interação e cooperação entre os
• Demonstrar na prática a abordagem dos fungos
estudantes, além da contextualização e aplicabilidade
como atração do Ecoturismo e Turismo Gas-
de tudo o que foi tratado em sala de aula. Trata-se
tronômico nas montanhas capixabas. da visita técnica à propriedade Vivenda Verde, que
• Integrar os conteúdos das disciplinas técnicas na produz e comercializa cogumelos do tipo champig-
prática de um profissional de Guia de Turismo; non paris, localizada na Rota do Lagarto em Pedra
• Estimular a interação social entre os estudantes Azul - ES, local conhecido por seu elevado potencial
e o debate crítico de diferentes assuntos fora turístico e que recebe muitos destes t uristas para fins
do ambiente formal de aprendizagem; ecológicos e gastronômicos (Figura 16).
• Contribuir para a formação integral dos estu- Vale ressaltar que o roteiro da visita deve ser
dantes, através de conteúdos e espaços que planejado colaborativamente pelos docentes das dis-
permeiam a vida social deles; ciplinas envolvidas, de forma a aproveitar o máximo
• Proporcionar aos estudantes momentos diversi- que aquela visita pode proporcionar aos estudantes
ficados de aprendizagem que contribuam para nas diferentes áreas de conhecimento, sempre de
sua formação física, intelectual e emocional. forma integrada, é claro!

32
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

FIGURA 16 – Estudantes no Parque Estadual Pedra Azul - ES


Fonte: acervo da autora

33
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

Aqui, o roteiro foi planejado para iniciar com aco-


lhimento e informações básicas na Casa do Turista
(Figura 17), atividade rotineira dos profissionais que
atuam naquela região, por ser ponto de apoio da
Prefeitura de Domingos Martins, no início da Rota
do Lagarto e finalizar na produção de cogumelos
Vivenda Verde, com algumas paradas estratégicas
no percurso, para que os estudantes pudessem
conhecer os pontos turísticos e estabelecimentos
comerciais destinados a esse fim.
Não podemos esquecer que muitos estudantes
atendidos pelo Proeja iniciaram bem cedo no merca-
do de trabalho, por necessidades familiares, sociais
ou mesmo por falta de oportunidade de prosseguir
com suas atividades escolares.
Sob essa ótica e, considerando que o trabalho
como princípio educativo de Marx é uma coluna
de sustentação do autorreconhecimento do sujeito
como ator importante na construção do processo
produtivo da sociedade e da superação da dicotomia
do trabalho manual e trabalho intelectual, a integra-
ção curricular no momento da visita técnica nessa

34
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

Sequência Didática, por mais que possa parecer


complexo e trabalhoso para quem a organiza, é uma
janela de libertação para muitas mazelas interiores
daqueles sujeitos que serão contemplados e também
abarca as mais diferentes atribuições sociais de um
indivíduo, quando observada a formação integral do
sujeito.
Outrossim, a Visita Técnica se mostra uma ex-
celente complementação pedagógica para todo o
conhecimento adquirido pelo estudante durante o
curso, visto que no Curso Técnico em Guia de Tu-
rismo as Visitas Técnicas são exigência para apro-
vação do curso pelo Ministério da Educação - MEC,
o que comprova mais uma vez sua relevância para
a formação profissional. Tal proposta metodológica
baseia-se em Araújo e Frigotto (2015), que promove
a apropriação do conhecimento histórico-crítico e

FIGURA 17 – Estudantes sendo recepcionados na Casa do


Turista em Pedra Azul - ES
Fonte: acervo da autora

35
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

científico-tecnológico, através do posicionamento samente explicados antes que aconteça, de forma a


crítico do estudante, utilizando-se do conhecimento não deixar dúvidas sobre seu propósito, pois enten-
intelectual adquirido durante a formação profissional demos que qualquer pessoa, em atividade estudantil
e promovendo sua participação direta em cada etapa num ambiente diferente do habitual, pode desfocar
desenvolvida, colocando-o como ator dos processos sua atenção da finalidade proposta e não alcançar
sociais e culturais que o envolvem e retirando-o da os objetivos traçados para tal.
posição de mero expectador expectador, conformado Chegando na produção de cogumelos Vivenda
com sua condição passiva. Verde, destino final da visita técnica, os relatos de
A partir da visita técnica abre-se caminhos para experiência externados pelo proprietário do estabe-
os sonhos e desenvolve-se novas estratégias de lecimento deixaram o grupo extasiado e deslumbrado
aprendizagem, colocando o estudante como centro por ver como um jovem senhor lida com seu trabalho
do processo e demonstrando na prática a importân- diário e o amor e dedicação dispensado a essa ativi-
cia dele para o processo educativo e para o meio dade e ao tratamento com o próximo, transparecendo
profissional em que será inserido. É fundamental ser aquele trabalho muito além do que um emprego
destacar no momento dessa prática, que tal contextu- ou uma fonte de renda (Figuras 18 e 19).
alização não se justifica apenas pela capacitação do No momento da recepção, o proprietário explicou
estudante como profissional, mas de sua formação como foi sua trajetória de vida, desde o cultivo e
como trabalhador, que conhece todos os meios que comercialização de hortaliças, deixado parcialmente
abarcam sua profissão e compreende sua posição de lado por conta dos altos impostos e custos de
política e social nesses meios. transporte, até o cultivo de cogumelos, que além
Para isso, é fundamental que a visita técnica de propiciar renda, atrai turistas e com eles, novas
tenha seus objetivos e trajetos apontados e cuidado- experiências.

36
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

FIGURA 18 – Estudantes na produção FIGURA 19 – Estudantes recebendo orientações na propriedade Vivenda


de cogumelos Verde em Pedra Azul - ES
Fonte: acervo da autora Fonte: acervo da autora

37
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

Com toda paciência, ele conduziu o grupo por em sala de aula ao longo do curso, a partir dos relatos
sua propriedade, demonstrando os processos que de experiência do proprietário.
envolvem o cultivo dos cogumelos, como também Note, os relatos provenientes deste estudo e
abrindo as portas de sua produção. Abrir as portas, descritos neste material, demonstram a relevância
neste caso, de forma literal, pois os cogumelos de- da realização de visita técnica na complementação
vem ser mantidos em local escuro e com umidade da aprendizagem e como instrumento de integração
elevada, além de todo o cuidado para não haver e aplicação de conhecimento em um curso técnico
contaminação do ar e do solo. Com certeza essa foi de Guia de Turismo para jovens e adultos, porém é
uma experiência enriquecedora, por aplicar o conte- necessário reconhecer que nem todos têm a opor-
údo de Biologia estudado durante o desenvolvimento tunidade de realizá-la. Ainda assim a Sequência
da SD juntamente como aprendizado de todas as Didática não deve ser desconsiderada como prática
particularidades de um cultivo de cogumelos, além integradora se não houver a possibilidade de execu-
do conhecimento sobre os vegetais que também são ção de uma visita técnica, podendo essa metodolo-
cultivados em sua horta. Percebemos assim que, gia ser adaptada de acordo com a criatividade e as
despretensiosamente, naquela breve aula informal, condições reais de cada um.
foi abordado o desenvolvimento em todas as áreas
da formação humana, quando embasada na visão
de Gramsci.
Dentro do galpão onde se cultiva os cogumelos
foi possível visualizar os processos biológicos, até
então estudados na teoria, associados aos processos
econômicos que envolvem o meio turístico, discutidos

38
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

dades realizadas em sala de aula e a visita técnica


QUINTA ETAPA (quando houver), conferindo unicidade ao processo.
Feedback
Sugere-se que, neste momento, seja proposta
a avaliação e validação da SD como proposta me-
Objetivos:
todológica, que aqui neste caso, foi feita em forma
• Problematizar as situações vivenciadas ao
de roda-de-conversa, onde a pesquisadora reuniu o
longo da pesquisa;
grupo para uma entrevista coletiva, com o objetivo de
• Avaliar a influência do desenvolvimento da SD
avaliar a aprendizagem dos estudantes, discutir sobre
na apropriação do conteúdo em questão.
a influência daquela visita técnica na formação do fu-
turo profissional em Guia de Turismo, como também
Problematização: das demais intervenções realizadas anteriormente,
Para a quinta etapa da Sequência Didática (após com o mesmo fim.
a visita técnica ou da quarta etapa da SD que não Também é possível realizar outras atividades de
envolva visita técnica), deve ser destinado um mo- validação como por exemplo: oficinas de memória,
mento para avaliação da metodologia como também jogos de perguntas e respostas, produção textual
para confraternização entre os participantes (MON- ou audiovisual com relato de experiência dos estu-
TEIRO, 2018). dantes, apresentação de seminário em grupo, entre
Nesse caso, é importante aproveitar a oportuni- outras. Fica a critério do responsável pela execução
dade de todos estarem reunidos em grupo para fazer da Sequência Didática, de acordo com o tempo e
o fechamento da atividade, retomando os pontos espaço disponíveis para tal.
principais e dando sentido a metodologia adotada,
para que não fiquem pontos soltos entre as ativi-

39
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

Sugere-se também um momento de descontração, podendo ocorrer até mesmo um lanche coletivo, como
foi feito no caso desta pesquisa. Importante ressaltar que, caso haja esse interesse, é imprescindível que o
grupo seja informado antes para que possa se organizar, sempre objetivando a formação integral do estudante,
nas mais diversas áreas em que está inserido em seu cotidiano (Figuras 20 e 21).

FIGURA 20 – Momento
“roda de conversa”
Fonte: acervo da autora

40
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

FIGURA 21 – Estudantes e proprietário da produção de cogumelos em Pedra Azul - ES


Fonte: acervo da autora

41
Infográfico - Sequência Didática

Elaborado pela autora (2020)


E
speramos que este material seja uma nova oportunidade de dinamizar o processo educativo e que
as informações e relatos trazidos em seus capítulos sirvam como um fôlego de renovação para
suas ideias.
Constatou-se com o desenvolvimento deste estudo que o conhecimento prévio dos estudantes sobre
os conteúdos selecionados para serem trabalhados de forma integrada na pesquisa, que envolvem
a disciplina de Biologia e as disciplinas técnicas de Hospitalidade e de Fundamentos do Turismo foi
complementado, pois, após as entrevistas finais, feitas no momento de “roda-de-conversa”, os relatos
dos estudantes foram de enriquecimento profissional e aumento no campo de visão e de aplicação dos
conhecimentos e habilidades que possuíam sobre as diferentes disciplinas abordadas e outras mais
que compõem sua grade curricular.
Esses relatos também valorizam muito a realização de visitas técnicas como campo de integração
entre as disciplinas e de diversificação dos instrumentos didáticos e metodológicos que podem ser

43
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

desenvolvidos para maior envolvimento, participação Assim, a conclusão do presente estudo é de que
e aprendizado dos estudantes, sendo que, para maior a prática aqui aplicada contribuiu positivamente para
aproveitamento da atividade e do tempo, o roteiro da a apropriação do conhecimento de Biologia, através
visita deve ser planejado colaborativamente pelos da integração das disciplinas envolvidas, e também
docentes das disciplinas, de forma a aproveitar o para a inclusão social dos estudantes, promovendo
máximo que aquela visita pode proporcionar aos a consolidação da consciência crítica do trabalhador
estudantes nas diferentes áreas de conhecimento, como transformador social, capaz de alcançar dife-
sempre de forma integrada, é claro! rentes níveis intelectuais e financeiros da sociedade
Constatou-se também que a Sequência Didática, capitalista atual, se assim o desejar. Todavia, mesmo
prática educativa utilizada como instrumento meto- com os resultados positivos acerca da utilização da
dológico, pode contribuir significativamente para a Sequência Didática como prática educativa integra-
construção do conhecimento que se almeja alcançar, dora para o ensino de Biologia na educação profis-
por direcionar as atividades com objetivos bem de- sional de jovens e adultos, constatou-se que nem a
terminados, a partir do diagnóstico do conhecimento disciplina de Biologia ou mesmo o tema trabalhado
prévio e das dificuldades do grupo, sempre de forma foram os maiores motivadores para participação dos
contínua e interligada para não interromper a linha de estudantes, mas sim a possibilidade de diversificar
raciocínio do estudante. Sobre essa prática também os momentos de aula, além da possibilidade de
pode-se coletar relatos dos envolvidos quanto ao conhecer novos pontos turísticos locais e, principal-
resultado positivo de sua aplicação para a compre- mente, a descoberta de novos ramos profissionais
ensão do tema proposto de forma contextualizada e de atuação.
a efetividade dessa ferramenta como fortalecimento Denota-se com isso a importância de se inserir
do conhecimento adquirido para aplicabilidade na atividades diversificadas que promovem a integração
fase da visita técnica. entre diferentes disciplinas, como forma de aumentar

44
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

o significado que o estudante tem para com aquela


informação e, consequentemente, a compreensão
da relação entre sua trajetória escolar com sua fu-
tura profissão e sua participação social, para assim
possibilitar uma aprendizagem efetiva do profissional
em formação (Figura 22). Para refletir...
Para o final deixamos algumas sugestões de ati- Caro leitor, desejamos enfatizar que esta
vidades práticas e de receitas culinárias recreativas pesquisa envolveu o ensino em toda sua
que podem ser feitas individualmente ou em grupo. complexidade, buscando abordar desde o
conhecimento científico até as experiências de
convívio social e emocional dos estudantes.
Sob essa ótica, as etapas aqui descritas,
planejadas sob o fundamento de que a
metodologia não deve se esgotar na lógica
formal de investigação científica, deixa claro a
necessidade de acrescentar-lhe outra lógica, que
permita abranger o objeto em sua totalidade. Os
processos que pertencem a essa metodologia
envolvem a Praxis, onde é possível produzir
o conhecimento novo a partir da mediação
do empírico, sem, para isso, isolar os fatos
(FRIGOTTO, 2008).

FIGURA 22 – Retorno após trabalho realizado


Fonte: acervo da autora

45
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

SUGESTÕES Materiais:
1 cacho grande de uvas bem maduras
DE ATIVIDADES 1 litro de água
1 embalagem de fermento biológico (leveduras)
2 recipientes plásticos
ATIVIDADE 1 Bexiga
Fermentação artesanal de vinho
Açúcar
O objetivo dessa atividade é compreender o
processo de alimentação dos fungos e leveduras, Metodologia:
geralmente utilizado para fermentação de bebidas Bata metade do cacho de uvas com 500 ml de
alcoólicas, que pode ser um atrativo no turismo de água no liquidificador para formar um suco e coloque
experiência (Figura 23). numa garrafa plástica, acrescente metade do fer-
mento biológico, uma colher rasa de açúcar e cubra
com uma bexiga.
No outro recipiente coloque a outra metade do suco
de uva, o fermento biológico e cubra com uma bexiga.

Pontos a destacar:
Observe que no recipiente com açúcar há dilata-
ção da bexiga, pois as leveduras ali acrescentadas

FIGURA 23 – Cacho de uvas e taça de vinho branco


Fonte: acervo da autora

47
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

alimentam-se do açúcar e esse processo gera como ATIVIDADE 2


produto álcool e gás carbônico. Aponte a diferença Momento gastronômico
nos dois casos e aborde a influência do açúcar na O objetivo dessa atividade é compartilhar e dife-
produção de bebidas alcoólicas. rentes receitas culinárias que envolvam cogumelos,
A bexiga é para demostrar a produção de gases, de forma a promover confraternização entre os par-
que no caso das massas, infla e “cresce”, sendo o ticipantes, que podem ser estudantes ou grupo de
álcool evaporado pela alta temperatura do forno. turistas em guiamento.
A sugestão é que se faça no fim da semana, pois Algumas receitas podem ser encontradas logo
a mistura precisa descansar pelo menos três dias, nas próximas páginas deste material ou em pesquisa
abrigado da luz e do calor, até começar esboçar rápida em sites de busca na internet (Figura 24).
resultado. É importante enfatizar que no caso das
bebidas alcoólicas comercializadas, são adotados
alguns cuidados específicos e acrescentados tam-
bém outros ingredientes.

FIGURA 24 –
Culinária como
base o cogumelo
Fonte: acervo da autora

48
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

Materiais: Pontos a destacar


Cogumelos in natura para manuseio • Oportunidade de degustação aos presentes;
Cogumelos higienizados para consumo • Contextualização do conteúdo estudado ou do
Descartáveis local visitado (em caso de guiamento);
• Diferença no sabor, textura e coloração de
Metodologia: acordo com as espécies. Pode ser feito uma
Separe algumas unidades de cogumelos para associação aos vegetais, para ratificar que
serem manuseadas e o restante higienize e prepare “cogumelo não é tudo igual!”.
para consumo (Veja alguns exemplos de receitas nas
próximas páginas)
Execute as atividades em espaço amplo para que
todos consigam visualizar o preparo e ouvir as infor-
mações passadas ou, caso não haja espaço apro-
priado, prepare-os em outro ambiente e filme para
que depois seja disponibilizado ao grupo. Organize
os que forem para consumo em pratos descartáveis
e disponha sobre uma mesa grande, onde todos
possam se servir e deixe o momento de degustação
livre para conversas paralelas, como forma de des-
contração e confraternização.

49
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

ATIVIDADE 3 Materiais:
Computador ou celular com acesso à internet
Turismo gastronômico
nas redes sociais Metodologia:
O objetivo dessa atividade e descobrir diferentes No caso de grupo escolar, reunir os estudantes no
ramos do turismo que podem estar em destaque na laboratório de informática ou mesmo na sala de aula
região onde você mora ou nas adjacências, além de ou em algum outro ambiente aberto da escola que
aproximá-lo das redes sociais, importante ferramenta tenha acesso à internet e seja possível utilizar o celu-
para o turismo na atualidade (Figura 25). lar. Deixe claro os objetivos da atividade e quais infor-
mações e páginas de internet podem ser acessadas;
Para todos os casos, busque em páginas abertas
nas redes sociais por #turismogastronomico #turismo-
deexperiencia e o gerenciador da página disponibili-
zará as informações e imagens mais próximas de sua
localização e/ou mas mais visitadas nos últimos dias.

Pontos a destacar:
• A partir dessa busca você poderá descobrir
como está sendo feito o trabalho nessa área
do turismo na sua região como também poderá
ter novas ideias para inovar em sua profissão;
• Apontar os locais mais visitados por turistas
com essa finalidade e quais os produtos ali-
mentícios mais consumidos por eles;
FIGURA 25 – Turismo nas redes sociais • Veja se algum dos produtos destacados envol-
Fonte: instagram vem os seres do Reino Fungi.

50
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

RECEITAS CULINÁRIAS RECREATIVAS


PATÊ DE SHIMEJI
Nível de dificuldade: Leve

Ingredientes:
250g de shimeji seco in natura
200g de creme de leite
Sal e temperos a gosto

Modo de preparo:
Lave bem o shimeji em água corrente e cozinhe
por aproximadamente 05 min em água de sal até
você perceber que ele adquiriu uma textura mais
borrachuda.
Bata ele em velocidade leve no liquidificador ou
mixer apenas para triturar e acrescente creme de
leite e temperos.
Está pronto para servir com torradas! (Figura 26)

FIGURA 26 – Patê de Shimeji


Fonte: acervo a autora

51
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

ARROZ COM COGUMELOS E LEGUMES


Nível de dificuldade: Moderado

Ingredientes
200g de arroz cru
50g de shimeji in natura
50g de champignon em conserva
100g de legumes picados
100g de queijo muçarela
200g de creme de leite
Alho e sal a gosto

Modo de preparo:
Refogue o arroz com alho, legu-
mes e o shimeji até dourar, depois
acrescente 500ml de água e deixe
cozinhar em fogo baixo. Após a água
secar verifique se o arroz está cozido
e acrescente o creme de leite, cham- FIGURA 27 – Arroz com cogumelos e legumes
Fonte: acervo a autora
pignon picado e o queijo, se não tiver
cozido, coloque mais um pouco de água e espere secar (Figura 27).
Esse arroz pode ser servido como acompanhamento de alguma carne ou mesmo como prato principal.

52
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

PIZZA DE CHAMPIGNON
Nível de dificuldade: Leve

Ingredientes:
Massa pronta para pizza média
100g de molho de tomate
200g de muçarela
200g de presunto
100g de champignon
cortado perpendicularmente
100g de azeitonas picadas

Modo de preparo:
Espalhe 4 colheres de molho de
tomate pronto sobre a massa e cubra
com a muçarela e o presunto, depois
espalhe o champignon e a azeitona.
Agora é só assar por 15 minutos em
fogo médio (Figura 28).

FIGURA 28 – Pizza de Champignon


Fonte: https://boaforma.abril.com.br/culinaria-saudavel/pizza-tres-queijos-com-champignon/

53
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

REFERÊNCIAS HENRIQUES, Joana Gorjão; GARRIDO, Nelson; MOUTI-


NHO, Vera. Trufas, os diamantes da cozinha que atraem
turistas. Jornal eletrônico P. 2013 <https://www.publico.
pt/2013/06/30/mundo/video/trufas-os-diamantes-da-cozinha-
AMABIS, J. M. 2016. Biologia. Vol. 2. Editora Moderna Ltda. -que-atraem-turistas-20130628-173032>.
São Paulo. INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Projeto de
ARAÚJO, D. L. O que é (e como faz) sequência didática? Curso Técnico Integrado em Guia de Turismo na modalidade
Entrepalavras, Fortaleza – ano 3, v.3, n.1, p. 322-334, jan/ Proeja. Vitória/ E.S.
jul 2013. KUENZER, Acácia Zeneida. Ensino médio e profissional: as
ARAUJO, Ronaldo M. de Lima; FRIGOTTO, Gaudencio. Prá- políticas do Estado neoliberal. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
ticas pedagógicas e ensino integrado. Educação em questão. LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber:
V.52.N38.2015 manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas.
ARAÚJO, Welington Junior; et all. Análise de custo da pro- Belo Horizonte: UFMG, 1999.
dução de champignon: estudo em uma propriedade rural no MONTEIRO, Charlles. Prática pedagógica interdisciplinar no
município e Domingos Martins. Revista Científica Intelletto. Curso Técnico emPesca: um olhar sobre as ilhas costeiras
Venda Nova do Imigrante, ES, Brasil. v.1, n.1, 2016. de Piúma-ES com vistas à promoção daeducação ambiental
BRASIL. Lei no. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Es- crítica. 2018.
tabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário OLIVEIRA, Suely Marcolino Peres. Sequência didática: o de-
Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. Disponível safio desta prática pedagógica para o ensino médio noturno.
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. S.d. Paraná: 2008.
FIDELIS, Leandro. Reino dos cogumelos nas montanhas. RAMOS, Marise. Concepção do Ensino Médio Integrado.
Revista Safra ES. Disponível em:<https://www.safraes.com. Versão ampliada de “Concepção de Ensino Médio Integra-
br/reportagem-especial/reino-dos-cogumelos-nas-monta- do à Educação Profissional”. Pará: Secretaria Estadual de
nhas-1>. Acesso em 20/11/2018. Educação, 2008.
FRIGOTTO, Gaudencio. Educação e crise do trabalho: pers- ______. Possibilidades e desafios na organização do currícu-
pectivas de final de século. In: FRIGOTTO, Gaudencio (org.). lo integrado. In: Gaudêncio Frigotto, Maria Ciavatta e Marise
9. ed. – Rio de Janeiro: Vozes, 2008. Ramos (orgs.). São Paulo: Cortez, 2010.
GABRIELLI, Cassiana; THOMÉ, Poliana. Safaris gastronômi- ZABALLA, Antoni. Como trabalhar os conteúdos procedimen-
cos: turismo de experiência para foodies. Anais do Seminário tais em aula. In: ZABALLA, Antoni (org.). 2. ed. Porto Alegre:
da ANPTUR. 2016. Artes Médicas Sul Ltda, 1999.

54
TRILHANDO NOVOS CAMINHOS A PARTIR DA INTEGRAÇÃO CURRICULAR: CURSO TÉCNICO EM GUIA DE TURISMO - PROEJA

APÊNDICE I
QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO
Descobrindo o Reino dos Fungos

O Reino dos Fungos é um dos cinco reinos em c) Simples de aplicar na vida profissional:
que estão classificados e organizados todos os seres 1 - Sim ( ) 2 - Às vezes ( ) 3 - Não ( )
vivos que conhecemos.
d) Interessante:
Antes de conversamos sobre esses seres vivos,
preciso saber o quanto você já os conhece. Para 1 - Sim ( ) 2 - Às vezes ( ) 3 - Não ( )
isso vou pedir que responda umas perguntinhas, e) Fácil de usar no dia a dia:
logo aqui em baixo: 1 - Sim ( ) 2 - Às vezes ( ) 3 - Não ( )

2) Você já ouviu falar no Reino dos Fungos?


1) Assinale as características, assinalando de 1 - Sim ( ) 2 - Não ( )
1 a 3, o que você identifica quando estuda
os conteúdos de Biologia: 3) Você acha que os fungos estão presentes
no seu dia a dia?
a) Fácil compreensão: 1 - Sim ( ) 2 - Não ( )
1 - Sim ( ) 2 - Às vezes ( ) 3 - Não ( )
4) Você acredita que os fungos podem ser
b) Aulas práticas auxiliam no aprendizado: utilizados para fins de turismo?
1 - Sim ( ) 2 - Às vezes ( ) 3 - Não ( ) 1 - Sim ( ) 2 - Não ( )

55
Camila Anizio de Almeida | Poliana Daré Zampirolli Pires | Antonio Henrique Pinto

5) Caso você ache que os fungos estão presentes no seu dia a dia, me diga como eles participam
disso:
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________

6) Agora me diga, de forma bem simples, como você acha que os fungos podem estar presentes na
sua futura profissão:
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________

7) Para finalizar, me responda se você já teve contato com alguma espécie de fungo e se já passou
por alguma situação alérgica por esse motivo:
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________

56

Você também pode gostar