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SEED
Para a mesma autora, tal ocorre porque os membros das UEx não
conheciam a finalidade do Programa na melhoria do IDEB, como, também, por
ser apenas um recurso complementar, não é estrutural (SANTANA, 2011). Alerta
para o fato de que o recurso auxilia a escola, no entanto, “[...] seus efeitos são
muito mais no sentido de suprir as necessidades do dia a dia, do que
proporcionar uma mudança no planejamento do trabalho escolar” (SANTANA,
2011, p. 150).
Kalan (2011) analisa que o PDDE trouxe várias implicações para a
gestão escolar, um de seus legados foi a passividade e a aparente ausência dos
pais na execução do programa, em parte se deve ao excesso de procedimentos
burocráticos e o fato de os representantes nas UEx apresentarem um caráter
figurativo, desempenhado uma função espectadora, apenas acompanhando e
respaldando as discussões já tomadas pela administração da escola, no caso o
gestor (diretor).
Silva (2005), no texto Estado e Politicas de Gestão Financeira para a
Escola Pública: a autonomia da escola no PDDE, discute a concepção de
autonomia que orienta o PDDE, segundo ele é uma autonomia funcional e
operativa, visa a recentralização do poder do Estado no controle do emprego
dos recursos financeiros da escola, em especial, com a introdução da lógica
mercantil na organização do trabalho na escola e a desobrigação do Estado com
o financiamento e com a prestação de serviços nas unidades de ensino.
Essa autonomia prometida, nas considerações de Cardoso (2009) ao
instituir na escola mecanismos de descentralização dos recursos financeiros, na
forma como é instaurada, tem como consequência a focalização do aspecto
gerencial de recursos e o esvaziamento da dimensão política do Conselho
Escolar.
2. PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA (PDDE):
GERENCIAMENTO COMO MODELO PARA A GESTÃO DA
ESCOLA
1 A administração pública brasileira, até a crise dos anos 80 era baseada num modelo
burocrático, passou a ser considerado um modelo de administração lento, ineficiente e distante
dos interesses da coletividade. O modelo gerencial foi a resposta apresentada para efetivar o
controle dos resultados.
privadas, foi necessário passar a considerar “[...] o usuário do serviço prestado
pelo Estado como o dono do serviço, e não apenas o destinatário” (MOREIRA
NETO, 1998, p. 38).
Castro (2008), Queiroz et all (2016) e Peroni (2003) concordam que o
modelo gerencial de administração é orientado para a obtenção dos resultados.
É um modelo que utiliza a descentralização como estratégia e o contrato de
gestão como instrumento de controle dos gestores públicos.
Nesse sentido, as principais diretrizes desse modelo baseiam-se na
transferência de responsabilidade aos administradores, considerando o cidadão
como um cliente. Segundo Silva (2013), o foco administração gerencial enquanto
discurso é o aumento da qualidade dos serviços com a redução dos custos.
Contudo, o que se verifica segundo Peroni (2003) e Castro (2008) é a
intensificação do processo de terceirização exigindo uma competição entre os
setores público e privado. Pode-se perceber, nesse sentido, que a
performatividade é um meio de regulação que avalia o desempenho dos sujeitos
e das organizações servindo como parâmetro de produtividade ou ainda como
demonstração de qualidade.
Para Moreira Neto (1998) a transição do modelo de administração
burocrática para a administração gerencial se concretizou com a Emenda
Constitucional n. 19, de 1998, para esse autor a
[...] Emenda Constitucional n. 19 de 4 de junho de 1998, em
relação a Constituição de 1988, que, entre outros assuntos,
“modifica o regime e dispõe sobre princípios e normas da
Administração Pública, servidores e agentes políticos, controle
de despesas e finanças públicas”, vem proposta como um marco
da transformação da administração pública burocrática para a
gerencial, no contexto mais amplo da reforma do Estado
Brasileiro (MOREIRA NETO, 1998, p. 43).
Conforme a Lei 12.708/2012, nos incisos VIII e XII que dispõe sobre as
diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentaria de 2013 e da outras
providências:
Não poderão ser destinados recursos para atender as despesas
com:
VIII - pagamento, a qualquer título, a agente público da ativa por
serviços prestados, inclusive consultoria, assistência técnica ou
assemelhados, à conta de quaisquer fontes de recursos;
XII - pagamento, a qualquer título, a empresas privadas que
tenham em seu quadro societário servidor público da ativa, ou
empregado de empresa pública ou de sociedade de economia
mista, por serviços prestados, inclusive consultoria, assistência
técnica ou assemelhados (BRASIL 2012).