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RESUMO
Este trabalho teve como objetivo geral identificar os fatores que influenciam a prestação de
contas dos conselhos escolares. Nesse sentido, foram analisados o emprego das verbas
recebidas e se a devida Prestação de Contas obedeceu às normas e procedimentos do
programa em estudo. Foi apresentado o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e
demais programas que podem ser considerados os principais intermediadores do processo de
repasse de verbas. Através de um estudo de multi-casos, serviram como campo de pesquisa
três escolas do município de Tracuateua – PA, e utiliza-se como instrumentos de coletas de
dados a entrevista semiestruturada e a observação. Entre os resultados destaca-se a avaliação
positiva dos representantes da gestão escolar das instituições participantes em relação à
atuação dos Conselhos Escolares de suas escolas. Também se destacam as considerações dos
conselheiros em reconhecer que apesar da proposta de desenvolvimento de capacitações para
os integrantes dos conselhos escolares, é necessária uma melhor delimitação dos conteúdos
tratados nas formações, visando trazer resposta às demandas práticas da rotina tratadas pelos
conselheiros.
PALAVRAS-CHAVE: Conselhos escolares, Accountability, PDDE, Prestação de Contas.
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1 INTRODUÇÃO
A educação brasileira vem passando por grandes mudanças, e com isso o governo tem
investido na área educacional, não só em termos de volumes de recursos, mas também em
qualidade de serviços e produtos oferecidos para que os alunos tenham uma melhor qualidade
de ensino.
De acordo com o INEP (2016), a cobertura dos investimentos públicos em educação
compreende a formulação de política, manutenção e desenvolvimento do ensino, a expansão e
melhoria das escolas de diversos níveis e modalidades de ensino, dos estabelecimentos de
educação, dos programas de assistência ao estudante, entre outros.
Neste sentido foram criados programas, convênios e parcerias tanto com o setor
público quanto com o privado, como exemplo destaca-se o Programa Dinheiro Direto na
Escola (PDDE), Programa Mais Educação, Atleta na Escola, os quais têm o objetivo de fazer
com que esses recursos cheguem direto nas escolas através de seus conselhos escolares.
Oliveira (2014, p.88) afirma que
O recebimento desses recursos financeiros traz mudanças para as escolas e para a
gestão delas porque em princípio, intensifica a necessidade de novas aprendizagens
e os trabalhos. Além disso, traz a possibilidade de realização de ações que, sem tais
recursos, não podiam ser realizadas anteriormente.
Sob essa perspectiva de autonomia da escola, Lück (2009) mostra a importância da
gestão financeira imbricada nos “esforços pela democratização da educação e da gestão
escolar” e dentro “dos movimentos de descentralização da gestão e construção da autonomia
da escola”.
Em função disso os conselhos escolares tem sido alvo de questionamentos sobre seus
benefícios no processo da democratização da educação, na qualidade do ensino, na
participação do cidadão nas decisões e na sua efetivação pela gestão escolar. Segundo Verza
(2000, p. 191): “Os conselhos escolares valem enquanto instrumentos efetivos de participação
para garantir ensino público de qualidade a ser implementado no âmbito escolar”.
Neste contexto o objetivo geral do presente estudo configura-se em identificar os
fatores que influenciam a prestação de contas dos conselhos escolares. Como objetivos
específicos pretende-se conhecer a rotina de prestação de contas dos conselhos; comparar as
prestações de contas dos conselhos escolares de cada região.
Com os resultados deste estudo, espera-se proporcionar contribuições aos gestores dos
conselhos escolares de recursos do programa PDDE, ao governo e a sociedade, pois
possibilita aprimorar técnicas de aperfeiçoamento do planejamento, da participação e da
transparência para se realizar uma prestação de contas mais eficiente e eficaz.
A exigência da sociedade pela prestação de contas dos recursos públicos associada à
aprovação de leis que garantem à comunidade escolar o acesso às informações demonstra a
atualidade e relevância do presente estudo.
Quanto à estrutura do trabalho, além deste tópico introdutório, na segunda seção
desenvolve-se o referencial teórico, na terceira seção, os procedimentos metodológicos. Na
quarta seção encontram-se as considerações finais e, por fim têm-se as referências.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Os principais programas do FNDE
Novas atividades foram incorporadas ao PDDE, as escolas de educação básica
passaram a contar com o PDDE-Educação Básica, o Programa Escola Acessível, o Programa
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Ensino Médio Inovador, o Programa Atleta na Escola, o Programa Escola Sustentável, o
Programa Mais Cultura e o Programa Escola Aberta.
Os recursos que chegam às escolas sob a égide do PDDE-Educação Básica devem ser
empregados na aquisição de material permanente (carteiras, projetores, entre outros); na
realização de pequenos reparos, adequações e serviços necessários para a manutenção,
conservação e melhoria da estrutura física da escola; na aquisição de material de consumo; na
implementação do projeto pedagógico e no desenvolvimento de atividades educacionais,
conforme consta na Resolução CD/FNDE nº 10/2013.
O Programa Escola Acessível tem como objetivo promover condições de
acessibilidade à escola, seja através de recursos didáticos e pedagógicos, ou pela adequação
ao ambiente físico, como construção de rampas, sanitários, vias de acesso, instalação de
corrimão e de sinalização visual, tátil e sonora, além da aquisição de cadeiras de rodas,
recursos de tecnologia assistida, bebedouros e mobiliários acessíveis.
O cadastro e o plano de atendimento do Programa Escola Acessível estão inseridos no
Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação
(SIMEC). O Programa Escola Acessível pretende assegurar a inclusão de alunos que
necessitam de atendimento educacional especializado; é o que nos apresenta a Resolução nº
19/2013 (Brasil, 2013).
O Programa Ensino Médio Inovador-PROEMI, assim como o Programa PDE Escola,
integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação e constitui-se em uma estratégia
do governo federal para a reestruturação dos currículos do Ensino Médio.
O PROEMI pretende apoiar e fortalecer o desenvolvimento de propostas curriculares
inovadoras nas escolas de ensino médio, bem como objetiva a formação integral. É através
dos projetos de reestruturação curricular que busca articular as demandas da sociedade com as
aspirações dos estudantes do Ensino Médio, conforme o estabelecido pela Portaria nº
971/2009 (Brasil, 2009).
Programa Atleta na Escola, que teve início no ano de 2013, incentivado pelo evento da
Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016, tem como objetivo “incentivar a prática
esportiva nas escolas, democratizar o acesso ao esporte, desenvolver e difundir valores
olímpicos e paralímpicos entre os estudantes da educação básica, estimular a formação do
atleta escolar e identificar e orientar jovens talentos” (Brasil, 2013). O programa oferece a
possibilidade de escolha em diversas modalidades olímpicas e paralímpicas, como consta na
Resolução CD/FNDE nº 11/2013.
O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão – SECADI, visando à institucionalização da educação
ambiental tem como objetivo, através do Programa Escola Sustentável apoiar a
implementação de espaços educadores sustentáveis, com a promoção de uma escola
sustentável como aquela que “mantém relação equilibrada com o meio ambiente e
compensam seus impactos com o desenvolvimento de tecnologias apropriadas, de modo a
garantir a qualidade de vida às presentes e futuras gerações” (Brasil, 2014).
O repasse financeiro, por meio do PDDE, para as escolas atendidas com o Programa
Escola Sustentável, pretende promover ações voltadas à melhoria da qualidade do ensino na
adoção de critérios de sustentabilidade socioambiental na construção do currículo, na gestão e
no espaço físico escolar tornando-o espaço de educadores sustentáveis. É possível com o
recurso contratar serviços de terceiros para a realização de oficinas de formação sobre temas
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que tratem da sustentabilidade socioambiental, adquirir bens e material pedagógico, além da
aquisição de materiais de construção e bens produzidos de acordo com normas e critérios
ambientalmente sustentáveis, de acordo com o prescrito no § 3º, do Art. 2 da Resolução nº
18/2013.
Já o Programa Mais Cultura nas Escolas (PMCE), tal como o Mais Educação, é uma
ação interministerial, uma vez que conta com a atuação do Ministério da Educação, da
Cultura e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e tem como objetivo promover a
escola como espaço de circulação e produção da diversidade cultural brasileira; contribuir
com a formação de público para as artes e desenvolver atividades que promovam a
interlocução entre experiências culturais e artísticas e o projeto pedagógico de escolas
públicas. É uma ação vinculada ao Programa Mais Educação (PME) e ao PROEMI (Brasil,
2014).
As escolas participantes do PMCE foram selecionadas a partir da escolha de projetos
que contemplem a proposta do programa e que participem do Programa Mais Educação e/ou
Programa Ensino Médio Inovador. As escolas foram selecionadas no ano de 2014 e o
programa está em execução, sendo que o repasse foi feito em duas parcelas anuais. Por não ter
uma resolução própria, todas as informações sobre o PMCE são encontradas no Manual de
Orientação do Programa Mais Cultura nas Escolas.
O Programa Escola Aberta, implementado em 2005, foi instituído pela Resolução nº
52/2004, e tem como objetivo oferecer atividades de aprendizado e lazer em escolas públicas,
nos fins de semana. Com exceção do Programa PDDE-Educação Básica, do Escola Acessível
e do Escola Aberta, os demais programas utilizam a ferramenta PDDE Interativo para realizar
o planejamento dos programas.
O PDDE Interativo é uma ferramenta de apoio à gestão escolar disponível para todas
as escolas públicas do país. Ele foi desenvolvido pelo Ministério da Educação a partir da
metodologia do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) em parceria com as
secretarias estaduais e municipais de educação. Seu objetivo principal é auxiliar a comunidade
escolar a produzir um diagnóstico de sua realidade e a definir ações para aprimorar sua gestão
e seu processo de ensino e aprendizagem.
Essa definição dos programas do PDE permitiu identificar o PDDE no processo de
aprofundamento das ações da União nas escolas dos estados e municípios. Além disso,
mostrou a ampliação dessas ações e, portanto, das tarefas atinentes à gestão administrativa e
financeira nas escolas e na gestão da rede de ensino. Uma vez que todos os programas, ainda
que com objetivos diferentes, visam à melhoria do ensino, todo esse processo de aumento das
funções gestoras ocorre em detrimento do apoio à gestão pedagógica para melhorar a
execução das tarefas de gestão do ensino nas escolas. Dessa forma observa-se a importância
do PDDE para este estudo. Na próxima seção segue-se a descrição acerca do PDDE.
Ressalta-se que os conselhos escolares devem estar atentos aos prazos de prestação de
contas e observar para que as utilizações dos recursos estejam em acordo com os critérios
definidos, evitando impropriedades na sua aplicação; e consequentemente a suspensão dos
repasses dos recursos federais aos programas.
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Ainda que em acordo com a possibilidade de desenvolvimento de novas ações após o
aumento no volume de recursos financeiros recebidos nas escolas, não se pode afirmar que os
recursos financeiros que chegam às escolas tenham implicado em melhoria dos resultados
educacionais. Mas é possível afirmar que os programas educacionais que enviam recursos às
escolas da educação básica via PDDE buscam induzir a gestão escolar a repensar suas ações
pedagógicas (Oliveira, 2014).
Todos os estudos têm como objetivo evidenciar que todos têm direito a uma educação
de qualidade, e que os conselhos escolares têm melhorado bastante a qualidade educacional, e
que as escolas passaram a ser unidades executoras.
Diante dessa afirmação, observa-se que a gestão democrática escolar deve ser voltada
para a transformação dos agentes sociais – que neste caso são os alunos – por meio de ações
que envolvam as comunidades locais e escolares, visando a contribuir para a construção de
uma sociedade baseada no respeito e na melhoria na qualidade de vida (Lück, 2009).
Mesmo com todos os benefícios apontados e já reconhecidos da gestão democrática,
observa-se certa resistência por parte de alguns setores da educação na sua efetiva
implantação.
Conforme relata Lück (2009), um dos maiores desafios do gestor é conhecer os
valores, as crenças, a cultura que norteiam as ações daqueles que fazem parte da instituição
escolar, reconhecendo as medidas necessárias para que estes não se distanciem dos princípios,
diretrizes e objetivos da educação. Também deve estar ciente do seu papel na construção e
implantação da gestão democrática, sempre buscando atuar na promoção da cidadania e
valores dentro da escola.
Segundo Maia e Bogoni (2008), a presença de pais e professores nas discussões
educacionais estabelecem uma via de mão dupla, pois ora a escola estende sua função
pedagógica para fora, ora a comunidade influencia os destinos da escola.
Apesar de ser exigida uma gestão mais participativa e com planejamento na execução
do projeto, é reforçada a ideia de que os membros possam ser mais participativos
democraticamente; pois segundo Verza (2000) afirma que alguns conselhos são formados
somente para cumprirem formalidades legais, mas que na realidade não são participativos na
execução de seus projetos.
Portanto percebe-se que os conselhos escolares têm uma grande importância para a
melhoria da qualidade de ensino educacional. Pois os recursos chegam direto à escola, e
através do movimento participativo democrático e o planejamento da execução dos projetos, a
escola consegue oferecer melhores produtos e serviços a seus alunos.
O conselho escolar pode variar o seu modelo dependendo do município, porém o seu
objetivo é o mesmo: garantir a democratização e integração de todos os que compõem o
seguimento escolar. Esta perspectiva de trabalho tornou-se mais forte e presente a partir da
busca de uma gestão participativa, garantindo à escola maior autonomia. A participação no
que diz respeito à tomada de decisões em prol de melhorias, precisa de um diálogo entre todos
que compõem a comunidade escolar.
O Conselho Escolar é uma das instâncias colegiadas de gestão na escola pública, no
entanto, há muitas dificuldades para o funcionamento adequado desse órgão, que por vezes
apresenta-se como mais um instrumento burocrático e legal, deixando de exercer muitas das
atividades que lhe são pertinentes. Sendo o Conselho Escolar o órgão máximo de gestão na
escola pública é indispensável um estudo mais aprofundado a respeito de suas atribuições e a
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sua relevância para a tomada de decisões no que tange aos dados de Parâmetros e Indicadores
de Qualidade na educação.
Sobre esse assunto Verza (2000) considera que ainda vigora de forma acentuada, que
os conselhos são convocados para aprovar o que foi proposto pela escola. E que a comunidade
escolar não é chamada para discutir, debater o que foi decidido pela escola. Afirma que os
conselhos escolares cumprem função meramente legal, convocados para carimbar o que fora
decidido.
Os conselhos escolares respaldam a participação dos diferentes segmentos que
constituem a escola, auxiliando o gestor nas decisões administrativas e nos processos
pedagógicos da escola. Sobre isso Aguiar (2009) afirma que no conselho, o diretor deve estar
consciente de que é buscada uma gestão democrática, necessitando da divisão das decisões
dos seus membros.
Em relação a uma das diversas funções do conselho encontra-se a prestação de contas
dos recursos oriundos do governo federal. Os gestores educacionais em todo o país têm a
obrigação de prestar contas sobre a correta aplicação do dinheiro recebido. Antes do dever em
si, a prestação de contas é à base da transparência e do controle social, atitudes indispensáveis
ao acompanhamento dos atos de agentes políticos e administradores públicos (FNDE, 2012).
Nunes Filho (2014) em sua pesquisa buscou analisar as principais dificuldades
encontradas no cumprimento das obrigações fiscais e prestações de contas, averiguar os
procedimentos contábeis adotados e o grau de transparência, contemplando as questões legais,
e a estratégia utilizada na gestão dos recursos públicos do PDDE em uma escola no Município
de Amparo – PB. Com dados obtidos concluiu-se que a falta de informação sobre os recursos
e sua aplicação é um entrave que gera divergência entre os setores que o representam através
de seus representantes legais focando num novo sistema educacional que tem como base a
participação democrática e compartilhada com a comunidade.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia utilizada para esta pesquisa, cuja abordagem é qualitativa, utiliza,
inicialmente, o método de estudos de multi-casos e, como instrumentos para a coleta de
dados, a pesquisa bibliográfica e a realização de entrevistas semiestruturadas com conselhos
escolares das escolas das regiões urbanas, campos e colônias no município de Tracuateua, no
estado do Pará, que possuem o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE).
A opção pela pesquisa qualitativa tem como ponto de partida o modelo mais adequado
para o presente estudo, onde permitiu uma análise mais detalhada e completa, tendo em vista
que a realidade analisada e a amostragem definida possuem como sujeitos de pesquisa os
conselhos escolares setor diretamente ligado à prestação de contas do PDDE. (Gonçalves &
Meirelles 2002).
Para tal, foi utilizado o método de estudo de casos, que segundo Yan (2005) consiste
em uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo. Este método
torna-se adequado a este estudo, uma vez que a análise das condições contextuais nas quais as
unidades de análise estão inseridas é necessária para o entendimento do fenômeno estudado.
Segundo a indicação de Yan (2005) opta-se por proceder a estudo de multi-casos, com a
finalidade de ampliar os benefícios analíticos ao confrontarem-se realidades diferentes. No
caso deste estudo, três realidades diferentes.
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Neste percurso os instrumentos da pesquisa encontram apoio nas entrevistas, mais
precisamente nas entrevistas semiestruturadas, pois segundo Manzini (1991), a entrevista
semiestruturada está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com
perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias
momentâneas à entrevista.
Para as entrevistas semiestruturadas, realizadas neste estudo, foram elaborados roteiros
com o objetivo de coletar as informações necessárias para proceder a uma análise balizada
que possa contribuir com a elaboração de propostas pertinentes para a melhoria do trabalho
nos conselhos escolares e consequentemente às escolas.
Os questionamentos feitos aos colaboradores por meio da entrevista estão relacionados
à atuação diária frente ao trabalho desempenhado por eles, levando em consideração o tempo
destinado à análise das prestações de contas, assim como o conhecimento teórico sobre o
trabalho que executam.
As entrevistas contribuíram para o estabelecimento de diálogos sobre o tema
pesquisado. Buscamos destacar a percepção dos colaboradores em relação aos tópicos que
contribuem para o alcance do objetivo proposto nesta investigação, mas a abordagem sobre o
tema estudado foi abrangente. Para, além disso, consolidou-se um momento de participação
dos membros dos conselhos escolares na prestação de contas com a entidade executora,
realizadas ao longo de todo esse processo de pesquisa, que é essencialmente ativo. Portanto,
sua contribuição constituiu, de fato, importante dimensão educativa no âmbito desta pesquisa.
A seção seguinte trata da análise dos dados obtidos através dessas entrevistas com os
profissionais que atuam nos conselhos escolares.
A pesquisa de campo foi realizada em três (03) escolas da rede municipal de
Tracuateua/PA. O critério para escolha das escolas foi à localização, que buscou o fácil acesso
e a distinção de localização.
Desta forma, serviram como campo de estudo: 01 escola localizada na zona urbana no
bairro do centro, 01 escola localizada nos campos e 01 escola na colônia do município de
Tracuateua/PA conforme descrição da tabela 2.
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com a comunidade, e acreditamos que a participação do Conselho Escolar é fundamental para
isso. Estas escolas procuram realizar projetos e buscam compartilhá-los com a comunidade,
fazendo com que o conhecimento ultrapasse os muros da escola.
O perfil dos entrevistados nos aponta que todos têm formação superior. A professora
da escola E01 é formada em Pedagogia. A mesma tem 52 anos e ocupa a função de tesoureira
do conselho escolar. O coordenador da escola E02 também é formado em Pedagogia, tem 28
anos e ocupa a função de tesoureiro do conselho escolar. O professor da escola E03 é formado
em Matemática, tem 36 anos e ocupa a função de tesoureiro do conselho escolar.
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as cabeças, mas que sejam atuantes de fato, pois para ela todos os que fazem parte do
Conselho devem reconhecer que os conselheiros respondem pelos gastos da escola.
De acordo com as entrevistas, a atuação do Conselho Escolar é orientada pelo Projeto
Político Pedagógico da escola, que traz os objetivos que as instituições se lançam alcançar. Os
entrevistados informaram que o Projeto Político Pedagógico é atualizado através de
modificações realizadas anualmente, respondendo às necessidades das escolas. Ressalta-se a
fala de um dos entrevistados:
Tabela 3: Respostas dos entrevistados
Conselheira Escolar E01
[...] não adianta você ter um conselheiro cabeça de lagartixa, tudo que você diz é: “Ah, tá bom”, “É isso
mesmo”, e depois some. E também não queremos um conselho de assinar papel. O nosso conselheiro tem quem
chegar. Ele tem que saber ler o demonstrativo, né? Até isso a gente diz: “Olhe, essa planilha funciona assim...”,
para que ele possa avaliar as pastas da prestação de contas, porque não adianta você mostrar uma pasta. Ele vai
folhear assinar e ai?
Conselheira Escolar E02
[...] todo ano a gente pega aquela parte inicial e revisa e vê se vai mudar ou não o tipo de sujeito. O que a gente
modifica são algumas metas e ações. Hoje pode ser que a gente veja o PPP e verifica se a gente cumpriu uma
meta, e vê se escola não apresenta mais aquela demanda, então retira-se. Hoje possa ser que surja uma nova
demanda e precisamos atender aquela meta, sempre assim, todo início do ano, a gente faz a releitura. Toda
escola participa, mas fazemos tipo separado, não conseguimos reunir todo mundo. Quem dá o ponta pé inicial
nisso é conselho escolar na reunião de janeiro, que não é prevista no calendário porque está todos de férias, mas
na reunião de janeiro já fazemos isso
Fonte: elaborado pelos autores.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho procurou identificar os fatores que influenciam a prestação de
contas dos conselhos escolares analisar os recursos financeiros e o trabalho de gerenciamento
destes por parte do conselho escolar. Verificou-se o trabalho de uma gestão que tenta
implementação de ações democrática, partindo das tomadas de decisões, com a representação
de todos que compõem a comunidade escolar e seus segmentos.
Percebe-se que o envio para as escolas de recursos pelo Governo Federal ajudam no
custeio e manutenção da instituição escolar. O conselho escolar desempenha um papel
fundamental no que se refere à partilha das escolhas que serão feitas para decidirem como os
valores recebidos serão gastos.
Nossa análise mostrou que mesmo as escolas fazendo parte da mesma rede de ensino,
elas recebem os recursos diferenciados, pois eles são enviados de acordo com o perfil da
escola, principalmente em se tratando de recursos do Governo Federal.
Conclui-se que o gerenciamento desses recursos é fundamental em uma gestão
democrática, e que é necessário neste espaço pessoas que estejam dispostas a dialogar,
compartilhar opiniões, ficando a cargo do conselho escolar. O conselho desempenha essa
função primordial no gerenciamento, é o órgão responsável por eleger prioridades para que
seja gasto o dinheiro enviado, além de ter a função de fiscalizadora na prestação de contas.
A prestação de contas, de fato, é para ser mostrada para todos, principalmente para a
comunidade na qual a escola está inserida. Porém, o que constatamos que nenhuma, das três
escolas pesquisadas, tem esse tipo de proposta. Contudo, todas elas informam que as planilhas
estão abertas para qualquer pessoa que queira ver possa ter acesso, sendo necessário apenas
solicitar.
Constatou-se também, a extrema importância da capacitação dos conselheiros, pois,
através delas, eles compreendem o papel que representam e sua fundamental importância. As
capacitações de fato acontecem, porém, cada escola tem diferente participação, algumas são
mais ativas que outras, devido às dificuldades de comparecerem às capacitações por motivos
diversos, sendo a justificativa mais citada para o não comparecimento, o fato de muitos
representantes trabalharem e não terem tempo disponível.
Por fim, conclui-se que o conselho escolar democrático e atuante é de suma
importância para o bom gerenciamento dos recursos financeiros e para manutenção e
desenvolvimento das atividades escolares, proporcionando maior inclusão da comunidade nas
decisões que implicam a organização da escola.
6 REFERÊNCIAS
17
Adrão, T., & Peroni, V. (2007). Implicações do programa dinheiro direto na escola para a
gestão da escola pública. Educação e Sociedade, 28 (98), 253-267.
Bervian, P. A., Cervo, A.L., & Silva, R. (2007). Metodologia Científica. Brasil: Pearson
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18
Ministério da Educação. PDE – Apresentação. [201-?]. Recuperado em 21 de março de 2016,
de http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=176:apresentacao.
19
Lück, H. (2009). Dimensões da Gestão Escolar e suas Competências. Curitiba: Positivo,
Maia, B. P., & Bogoni, G. D. (2008). Gestão Democrática. Coordenação de Apoio à Direção
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Silva, J. A. (1995). Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros Editores.
Yin, R. K. (2005). Estudo de caso. Planejamento e Métodos. 3ª Ed. Tradução Daniel Grassi.
Porto Alegre. Ed: Bookman, 2005.
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