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Prof. Dr. Ademir J.

Petenate

1ª Edição
Sumário

Introdução 1
17
23
43
Define 59
Contrato de Projeto de Melhoria 61
SIPOC 69
Measure 75
77
85
93
97
Gráfi os de tendên ia e ausas de variação 101
Analyze
e 117
Diagrama de causa e efeito 121
Introdução ao Lean 127
Improve 142
Control 154
®

Publicado por Escola EDTI ®


Campinas São Paulo
2020
INTRODUÇÃO
Melhorar é uma
necessidade
A metodologia Lean Seis Sigma surgiu da união de duas outras Aqui, as ferramentas do Lean são
metodologias, antes conhecidas como concorrentes: o Lean, direcionadas para o mapeamento de
que nasceu na Toyota, baseado no TPS (Toyota Production processos e desenvolvimento de cultura
System), e o Seis Sigma, nascido na Motorola. de melhoria dentro de empresas. As
Ambas as metodologias vão (quando isoladas) além do que ferramentas do Seis Sigma têm foco em
é ensinado e pedido de um Black Belt. Para atender essa análise de dados e técnicas de estatística
necessidade, foi desenvolvida a metodologia Lean Seis Sigma, para auxílio em tomadas de decisões.
que incorpora as ferramentas mais úteis e focadas
em melhoria de processos.

Com a competitividade cada vez maior entre as O discurso de “sempre fiz assim e deu
empresas, projetos de melhoria ajudam a reduzir custos, certo” não garante mais a sobrevivência
problemas de qualidade e também a ajudam a encontrar das empresas e, por esse motivo,
soluções inovadoras. Necessidades que se fazem é necessário dominar um método
presentes nas organizações do cenário atual. eficiente de realizar melhorias.

2
Introdução

As Eras
da Qualidade

AC - 1750: Era dos artesãos

O artesão controla o sistema de produção. Atende a


definição de qualidade do cliente. Alta qualidade obtida
com alto custo. Mercadorias únicas.

1750 1875 1930 1950 1980 1990 2000

1750 -1950: era da produção

Transição dos métodos de produção artesanais para a produção


por máquinas. Nesse momento, acontece um impacto fantástico na
redução de custo de produção. A qualidade se torna secundária, e
controlada através de inspeções. Criação de uma estrutura gerencial
robusta, com departamentos e barreiras os separando para garantir
que esses sistemas (produção e inspeção) fossem controlados.

3
As Eras
da Qualidade

1875: Taylorismo

1875: Frederick Taylor desenvolve a primeira abordagem para


trabalhar com produtos e processos mais complexos: dividir
os trabalho em pequenas unidades de processamento. Essa
metodologia é chamada de “Administração Científica”.

1750 1875 1930 1950 1980 1990 2000

1900-1930: Fordismo

Henry Ford desenvolve o conceito de linha


de montagem e desenvolve alguns métodos
para melhorar a qualidade e produtividade,
como sistemas à prova de erros e inspeção.
Em contrapartida, o método faz aumentar os
problemas com qualidade.

4
Introdução

As Eras
da Qualidade
1930: Shewhart (cep)

Walter Shewhart (que na época trabalhava na Bell Telephones)


começa a entender que os problemas de qualidade estão
envolvidos com as variações que ocorrem nos processos.
Reconhece a existência de variabilidade em todos os indicadores
de processo e divide as causas de variação em duas categorias:
comuns e especiais. Também desenvolve um método para
identificação das causas de variação: o gráfico de controle. Outra
importante contribuição é o ciclo de Shewhart, no qual propõe
a utilização do método científico para solucionar problemas de
qualidade. Nessa época outra figura importante é o Fisher, através
do desenvolvimento de experimentos na área da agricultura. Ele
começa a desenvolver várias técnicas de análises de dados para
otimizar e planejar experimentos.

1750 1875 1930 1950 1980 1990 2000


1950 - dias de hoje: Era do
gerenciamento da qualidade:

O norte americano Deming, discípulo de Shewhart,


foi enviado ao Japão para ajudar o país a planejar
o senso de 1950. Deming começa então a interagir
com o governo e companhias, e a gestão começa a
expandir. Com isso suas ideias começam a ser usadas
para reconstruir o Japão, e o país se torna competitivo
novamente. Juran e Ishikawa também participam deste
processo. Karou Ishikawa introduz o diagrama de causa
e efeito. Com isso, em 1970, os japoneses começam a
aparecer no ocidente com produtos de boa qualidade e
com preços altamente competitivos, principalmente na
indústria automotiva.

5
As Eras
da Qualidade
1980-90: ISO, Lean, Seis Sigma ISO: Publica o primeiro manual da
É o momento histórico em que ocorrem as maiores qualidade.
transformações no ambiente da melhoria da
Lean: Em um projeto paralelo, o MIT
qualidade: Os Estados Unidos começam a perder
(com patrocínio de várias empresas
mercado para os japoneses e iniciam missões para o
automobilísticas) monta um grupo
Japão para entender como funcionava o processo de
de pesquisa para estudar o sistema
fabricação dos veículos no país.
de produção americano, japonês e
Algumas empresas se organizam para atuar junto a europeu. Deste estudo começam a
universidades, no intuito de mudar o currículo dos entender o sucesso da produção,
engenheiros adicionando termos de qualidade. baseado no sistema Toyota de
A Motorola propõe um desafio de aumentar o nível produção. O livro A máquina que
de qualidade de maneira exponencial. Com isso, um mudou o mundo é publicado e introduz
conjunto de ideias e conhecimentos adquiridos são o conceito de produção enxuta (Lean
agrupados, dando origem ao Seis Sigma. Manufacturing).

1750 1875 1930 1950 1980 1990


1990: Modelo de Melhoria, Lean Seis Sigma
Neste período, pesquisadores começam a notar que as metodologias
Lean e Seis Sigma possuem o mesmo objetivo (realizar melhorias
dentro de uma organização). Nasce então o Lean Seis Sigma.

O livro Modelo de melhoria é lançado e integra os diversos métodos


e ferramentas de melhoria em uma abordagem robusta e eficaz,
facilitando a integração e aumentando a eficiência dos programas de
melhoria.

6
Introdução

O que é
Lean Seis Sigma?

Lean LSS Six-Sigma

O que é Lean Seis Sigma?

7
O que é
Lean Seis Sigma?
Com o objetivo de trazer soluções para problemas da empresa está acima do nível 6 sigma.
existentes nas empresas, o Seis Sigma tem uma meta A cada 1 milhão de rodas produzidas,
de redução de defeitos. Em tese, para atingir o nível Seis apenas 3,4 apresentam defeitos. A
Sigma, a empresa deveria possuir 3,4 defeitos a cada 1 produção trabalha em nível 6 sigma.
milhão de oportunidades.
Esse valor foi definido a partir de um
Alguns exemplos seriam: estudo envolvendo algumas empresas
Um banco abre um milhão de contas por ano e (após referência na área de qualidade, e foi
levantamento) constatou-se que 100.000 dessas contas possível constatar que elas possuíam
tiveram algum problema com o preenchimento de dados em torno de 3,4 defeitos para cada
que demandou retrabalho, por parte da empresa ou dos milhão produzido.
clientes. Com isso, o processo de abertura de contas se O nível sigma também pode ser definido
enquadra entre os níveis 2 e 3 sigma. para outros valores, como mostra a
Uma linha de produção de notebooks observa após tabela da figura. Também é importante
alguns meses que seu rendimento de produção está em relativizar esses valores em função das
98% (ou seja, 2% dos notebooks produzidos têm algum características de cada indústria – é
defeito). O nível sigma atual da produção está entre 3 e 4 muito mais difícil ser uma empresa 6
sigma. sigma se a empresa atua na área de
Uma empresa de aviação tem, em todo seu histórico, serviços, quando comparado com uma
rendimento de 99,9999% de voos que não apresentaram empresa que atua com produção.
nenhum tipo de problema. Portanto o processo de voos

Ser uma empresa Seis Sigma demanda


que tanto a empresa quanto as pessoas
que trabalham nela estejam preparadas e
dispostas a mudar.

O desenvolvimento da cultura de melhoria contínua visa o


longo prazo e não ocorre de uma hora para a outra dentro da
empresa. Portanto, ter um método para se fazer melhorias é o
melhor caminho para desenvolver essa cultura nas pessoas,
para depois buscar a disseminação da cultura em toda a
empresa.

8
Introdução

Roteiro DMAIC

» Contrato
» VOC
» Implementar mudanças » SIPOC
» Documentar

» Monitorar

» Treinar » Mapear o processo atual

» Quantificar o desempenho do processo

» Avaliar o SM

» Desenvolver e testar mudanças


» Criticar o processo
» Analisar os riscos
» Identificar e analisar as causas
» Selecionar mudanças

9
Roteiro DMAIC

Sabemos que existem diversos métodos que auxiliam o andamento de projetos.


Para ajudar os times de melhoria a organizar um projeto Seis Sigma, foi definido como padrão o
roteiro DMAIC.

O objetivo do DMAIC é organizar (em 5 etapas) o progresso do projeto de melhoria, deixando claro
para todos que participam o que foi feito e o que está sendo feito, guiando o projeto para que tenha
início, meio e fim. Com o roteiro, a equipe tem um método de trabalho seguro e eficiente para
organizar as atividades. Como quando usamos GPS em uma cidade que não conhecemos muito
bem, é importante utilizarmos o roteiro DMAIC para estruturarmos nosso projeto Seis Sigma. Afinal,
seguindo um método temos uma maior chance de sucesso.

Nesse caso, o objetivo é facilitar e organizar a forma como serão utilizadas as técnicas ao
longo do projeto, servindo como um guia para o time.
Com o roteiro DMAIC, a equipe tem um método de trabalho seguro e eficiente para organizar
as atividades.

10
Introdução

Roteiro DMAIC

1 Define and Contain 5


the Problem of Improvement

2 Measure the 6 Standardize


Problem and Control

3 Perform Root 7 Realize and


Cause Analysis Reflect

4 Plan and Implement


Improvement

8.Close 1.Define

Control Define

7. Standardise 2. Measure

Measure
6. Control 3. Analyse

Improve
5.Check 4. Improve Analyse
Além do DMAIC, existem outros roteiros
para se realizar melhorias.
Todos com o mesmo objetivo: estruturar os
Define Map Define passos de projeto. Para o Seis Sigma, o roteiro
Process Process Process
et ss

DMAIC ficou estabelecido como padrão.


An Pr

Meas.
rg ce

al oce
Ta Pro
s

ys s

Alguns roteiros de projeto famosos geralmente


e s
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Se

th
e

encontrados em empresas são:


• Roteiro de projetos PDCA (Plan, Do, Check,
es the
M Pr
an oc

oc e

Act), não confundir com PDSA!


ag es

Pr rov

s
e s

p
th

Im

• Roteiro Kaizen de acompanhamento e processos,8


e

passos da Toyota para resolver problemas.


• Roteiro EDTI.

11
Papéis e funções dentro
do Lean Seis Sigma
Conselho de
gestão LSS

Patrocinador
(Champion)

Líder: BB ou GB
Coaching:
MBB ou BB

GB, YB ou WB

Considerando o método Seis Sigma White Belt: entende os conceitos básicos de melhoria
é geralmente usado em projetos e auxilia times na execução desses projetos. Conhece o
de melhoria (com começo, meio e Lean Seis Sigma, as etapas do roteiro DMAIC e o Modelo
fim), há a necessidade de um grupo de Melhoria.
de colaboradores qualificado para Yellow Belt: pode ser integrante em projetos Seis Sigma e
concretizar a iniciativa. lidera esforços de baixa complexidade. Conhece também
Os profissionais envolvidos nesses algumas ferramentas de mapeamento de processos e
projetos precisam ter algum nível de procura por possíveis problemas ao longo do projeto.
conhecimento, conforme o grau de Green Belt: lidera projetos de média complexidade.
dificuldade das tarefas assumidas. Geralmente recebe orientação de um Black Belt. É o
Os níveis de certificação Seis Sigma são principal responsável pela coleta de dados do projeto
divididos em faixas (belts), com cores de melhoria, entendendo a necessidade dos dados e a
diferentes, assim como no judô. maneira como devem ser coletados.
As certificações existentes são as Black Belt: orienta e treina times de melhoria.Pode
seguintes: White Belt, Yellow Belt, Green liderar projetos de alta complexidade.
Belt, Black Belt e Master Black Belt. Master Black Belt: treina e orienta BB e GB. Geralmente
Os conhecimentos exigidos para cada ajuda no desenvolvimento das estratégias dos projetos e
uma delas são: funciona como um consultor (sensei) dos projetos.

Ao longo do projeto também é necessária a presença de um patrocinador. Sua função consiste em


trazer a visão, missão e metas da companhia. Também ajuda a alinhar, identificar projetos,
recursos e a superar as dificuldades organizacionais.

12
Introdução

Estruturação para
a melhoria
Estratégia
Estrutura

Método
Está claro que algumas vezes os programas de Por isso, o apoio da alta liderança é
melhoria não trazem os resultados esperados. um fator primordial para o sucesso de
Muito desse fracasso pode ser explicado pela qualquer iniciativa de melhoria.
falta de organização das iniciativas.
Isso pode ser evitado se levarmos em Outro fator importante a ser considerado
consideração três pontos: estratégia, é a necessidade de existir uma estrutura
estrutura e método. adequada para gerenciar os projetos de
O primeiro aspecto a ser considerado é se as melhoria. Essa estrutura existe como meio
iniciativas de melhoria fazem parte da de alinhar objetivos, apoiar as iniciativas
estratégia do negócio. e gerenciar os esforços. Além disso, é vital
Em um programa de Lean Seis Sigma, as pessoas dominar as ferramentas de um método
devem dedicar tempo e esforço para atingir os reconhecidamente capaz de entregar os
resultados, e isso só acontecerá se esse programa resultados almejados com os
for considerado um tema estratégico. projetos de melhoria.

13
Eventos que ocorrem
em uma organização
Sistema Entendimento
de variação

Visão estática Visão dinâmica


Teoria do Psicologia
conhecimento

Deming, na década de 1990, sintetizou os fundamentos da ciência da melhoria em quatro pilares que
ele chamou de Sistema de Conhecimento Profundo, e no qual denota a capacidade de desenvolver
boas mudanças, as quais obtemos com a utilização desse sistema.

14
Introdução

Sistema de Conhecimento
Profundo
Os 4 pilares da ciência da melhoria:
Visão sistêmica

Teoria do Psicologia
conhecimento

W. E. Deming
Entendimento de variação

Visão sistêmica: empresas são sistemas Teoria do conhecimento (PDSA): boas


formados por processos e pessoas mudanças vêm da aplicação de conhecimento
interdependentes. Desta forma para melhorar os no processo. Para garantir o aprendizado é
resultados em um nível global são necessárias necessário uma estrutura, o que torna tudo mais
a compreensão e também a gestão dessas eficiente.
interações. Entendimento de variação: dados precisam
Psicologia: (trabalho em equipe): normalmente, ser sempre coletados. Isso é importante porque
pessoas estão envolvidas na realização das auxilia na compreensão do projeto, além de ser
atividades dentro das organizações. Cada uma ação necessária para o monitoramento das
indivíduo reage de maneiras diferentes à variações ocorridas ao longo dele, e também
implantação de mudanças propostas. Dito isso, é para ajudar no gerenciamento de todos os
necessário aplicar técnicas para trabalhar com as processos. (Além de indicar quais mudanças
pessoas e aumentar a chance de sucesso de uma devem ser realizadas para atingir uma melhora
implementação. nos processos.)

15
Conhecimento
para a Melhoria
Para melhorar processos é necessário dominar
dois tipos de conhecimento:

Melhoria

Conhecimento da
Conhecimento específico
ciência da melhoria

Conhecimento específico: Para que um projeto de melhoria tenha sucesso é preciso


Conhecimento básico das coisas que sua equipe seja formada por pessoas que possuam
que fazemos na vida, conhecimento pelo menos um dos dois tipos de conhecimento.
profissional e conhecimento técnico Pessoas com conhecimento específico contribuem com
relacionado ao processo no qual o conhecimento do processo e com ideias mais assertivas
projeto de melhoria atuará. sobre quais mudanças podem trazer melhoria.
Ciência da melhoria: Pessoas com conhecimento de melhoria auxiliam com
A interação das teorias de sistemas, métodos e na análise de dados, o que ajuda com o foco
variação, conhecimento e psicologia – do projeto e com a comprovação dos resultados obtidos.
conhecimentos esperados de um Belt
em Lean Seis Sigma.

16
ORGANIZAÇÃO
COMO UM SISTEMA
Organização como
um organograma

Grande parte das empresas tem


estrutura organizacional funcional,
ou seja, estão organizadas de acordo
com as funções exercidas pelos
colaboradores. Esta é a forma mais
comum e antiga de organizar as
empresas. Nesse tipo de modelo, a
Apesar dessa estrutura comum, as empresas trabalham
empresa é setorizada e as equipes
por processos que acabam permeando diversos setores
respondem diretamente ao gerente
da organização. Por mais que pessoas se enquadrem em
funcional. Na representação dessa estrutura,
departamentos, processos geralmente atuam por toda
é comum a utilização dos organogramas,
a empresa e estão interligados, não havendo uma única
que tiveram sua origem nas instituições
pessoa ou setor responsável.
militares para que fosse possível encontrar,
de forma mais rápida, o responsável por
determinada operação.

18
Organização como Sistema

Organização
como sistema
O mapa de processos é uma ferramenta que ajuda no desenvolvimento de uma visão da organização
como um sistema de processos interconectados (descrever “como o trabalho é feito”). Toda empresa
tem como objetivo atender uma necessidade para um cliente, e o cliente é a principal fonte de
direcionamento para o produto/serviço oferecido pela empresa. Portanto, o foco dos projetos de
melhoria é adequar processos para que o produto final atenda às especificações do cliente.
DESIGN AND
REDESIGN CONSUMER
RESEARCH

SUPPLIERS OF
MATERIAL, IFORMATION CONSUMERS
AND EQUIPMENT
DISTRIBUTION
RECEIPT AND
TEST OF MATERIALS
PRODUCTION, ASSEMBLY, INSPECTION

TESTS OF PROCESS,
MACHINES,
METHODS, COSTS

O mapa dos processos atende a quatro propósitos Benefícios:


principais: • Mostra como a organização realiza sua
• Fornece um método para ajudar os gerentes a enxergar a missão.
organização como um sistema e permitir que apliquem os • É uma ferramenta educacional
conceitos do pensamento sistêmico para focar os esforços de para os líderes desenvolverem um
gerenciamento no sistema. entendimento comum do sistema que
• Ajuda as pessoas que trabalham no sistema a perceber sua eles gerenciam e para comunicarem aos
interdependência com outros, estimulando o reconhecimento empregados, clientes e fornecedores
das interdependências na organização. como o sistema funciona.
• Direciona o foco da resolução de problemas e da melhoria • Fornece um método para focar nos
da qualidade para os processos da organização, e não apenas processos em vez das pessoas, quando
para departamentos ou pessoas. lidando com problemas.
• Fornece uma estrutura da organização que pode ser • Enfatiza as relações internas
usada para implementar vários programas e medições (por cliente-fornecedor.
exemplo, contabilidade baseada em atividades).

19
Processo

Um processo é um conjunto de causas e condições que se unem repetida-


mente em uma série de passos para transformar entradas em resultados.

Transformações

Fornecedores Entradas Resultados Clientes

S I P O C
Um processo é um conjunto de causas e A qualidade do trabalho realizado em uma
condições que se unem repetidamente em uma organização é resultado não somente do
série de passos para transformar entradas em funcionamento dos processos individuais,
resultados. mas também de quão bem esses processos se
conectam como um sistema.

20
Organização como Sistema

Processo

Ajustar plano Negociar e fechar Desenvolver


operacional novos negócios novos negócios

Desenvolver material Conduzir orientação


Desenvolver e integrar didático
Desenvolver para líderes de grupos
Preparar as de melhoria
teorias, métodos e planejamento Comunicar-se
atividades
ferramentas da ciência das atividades com clientes
Desenvolver novos nos clientes Fornecer educação e
de melhoria produtos nos clientes
treinamento

Agendamento de atividades Faturar clientes

Gerenciar controle financeiro


Planejar logística Manter sede e
de atividades equipamentos
Fazer distribuição do resultado

Para construir um mapa de processo, devemos seguir algumas diretrizes:


• Utilize verbos para descrever os processos.
• Ao construir o mapa dos processos, não perca muito tempo para distinguir se um processo é de
sustentação, direcionamento ou de suporte.
• O mapa deve descrever o que existe atualmente ou representar uma visão do sistema futuro.
• Uma estrutura 80% correta é um bom começo. O mapa dos processos deve ser melhorado conforme
sua utilização (deve ser um documento vivo).

21
MODELO DE
MELHORIA:
3 Questões fundamentais
Mudança e
melhoria
Conceito fundamental:

NEM SEMPRE
RESULTA EM:

MUDANÇA MELHORIA

REQUER
O primeiro passo para Com isso em mente, levantamos a seguir três considerações:
realizar melhorias é • Para propor qualquer mudança, precisamos ter um objetivo para o
reconhecer que nem projeto claramente definido (precisamos saber o que
toda mudança resulta queremos melhorar e por quê).
em melhoria. Apesar
disso, para melhorar, • Como nem toda mudança pode gerar uma melhoria, precisamos de
é necessário alterar o indicadores para comprovarmos quando nossa ação foi efetiva, é preciso
processo ou o sistema. estabelecer critérios (metas) para saber quando uma mudança é uma
melhoria para o propósito especificado.
• Como toda melhoria requer mudança, precisamos buscar por mudanças
durante a execução da iniciativa de melhoria, desenvolvê-las,
testá-las e implementá-las.

24
O Modelo de Melhoria: 3 Questões Fundamentais

Modelo de
melhoria
Q1 Q2

Como saberemos
O que estamos
se uma mudança
tentando realizar?
é uma melhoria?

Que mudanças podemos


fazer que resultarão
em melhoria?

Q3
Sabemos que cada Q2. Como saberemos se uma mudança é uma melhoria?
consideração leva à formulação (INDICADORES)
de uma questão que deve ser Nem toda mudança resulta em melhoria. É preciso estabelecer
respondida pelo projeto critérios para saber quando atingimos o objetivo.
de melhoria.
Para saber se uma mudança é uma melhoria quase sempre
Q1. O que estamos tentando necessitamos de dados, sejam eles observados ou formalmente
realizar? (OBJETIVO) coletados em pesquisa. O impacto das mudanças será medido
Todo esforço de melhoria deve baseado no indicador escolhido para o projeto.
ter um propósito bem definido. Q3. Que mudanças podemos fazer que resultarão em
As pessoas se motivam e se melhoria? (MUDANÇAS)
comprometem com uma
iniciativa de melhoria se elas Toda melhoria requer mudança. Se estamos interessados em
têm um foco claro. Além disso, obter melhoria precisamos alterar o processo/sistema.
as pessoas devem entender Esta questão chama a atenção para a necessidade de se
a importância do trabalho desenvolver, testar e implementar mudanças para obter melhoria.
desenvolvido. A resposta à Devemos sempre usar as três questões fundamentais.
primeira questão estabelece
objetivos para uma iniciativa Em um projeto formal de melhoria, é apropriado responder às
de melhoria. Os objetivos duas primeiras questões no início do projeto. A terceira questão é
devem ser declarados de forma respondida durante a realização do projeto, com novas propostas
breve e concisa, para orientar a de mudanças para serem testadas.
iniciativa e para manter o foco.

25
Exemplos de utilização –
iniciativas de melhoria
Exemplo 1: Melhoria em um processo de compras

Uma empresa tem um departamento


responsável por realizar compras (material
permanente, material de consumo etc.).
O departamento está recebendo uma grande
quantidade de reclamações dos usuários, a
maior parte delas relacionada com atrasos nas
compras realizadas por ela.
A diretoria da empresa decidiu realizar uma
iniciativa para melhorar o desempenho do
processo de compras.

Q1. O que estamos tentando realizar ?


Reduzir o tempo para realizar compras.

Q2. Como saberemos se uma mudança é uma melhoria?


Quando o tempo para realizar compras for significativamente reduzido.

Q3. Que mudanças podemos fazer que resultarão em melhoria?


Hoje, o tratamento das filas de pedidos segue a sequência por ordem de entrada. Poderíamos
classificar os pedidos de compra na origem conforme a complexidade e faixa de investimento, e
simplificar o processo para compras de baixa complexidade e de baixo preço, otimizando a fila de
entrada (exemplo).

26
O Modelo de Melhoria: 3 Questões Fundamentais

Atividade

Responda as duas primeiras questões do modelo


para o contexto descrito abaixo:
Em um banco há uma divisão chamada Os clientes estão reclamando da quantidade de
“Divisão Comercial para Empresas”. Essa interações com o banco e com o tempo para completar a
divisão está enfrentando dificuldades implementação dos produtos. Muitos clientes cancelam
para aumentar a lucratividade e o o processo de implementação devido a essa insatisfação,
número de clientes. procurando satisfazer essa necessidade na concorrência.
Dentro da divisão há uma área A diretoria dessa divisão resolveu realizar uma iniciativa
responsável pela implementação de para melhorar o desempenho do processo de
produtos para os clientes (empresas). implementação de produtos em empresas clientes.

Q1. O que estamos tentando realizar?

Q2. Como saberemos que uma mudança é uma melhoria?

27
Como estruturar as
questões: Q1
Q1. O que estamos tentando realizar?

Indicador do projeto Meta

Verbo no infinitivo + O que + Onde + Quanto + Quando

Aumentar/ Reduzir Local/ Área do projeto Período do projeto

Ao lidar com a primeira questão (o que queremos reali-


zar?), devemos ter em mente qual o objetivo da iniciativa
de melhoria.
Uma boa maneira de descrever o objetivo é utilizar o
modelo:
Verbo no infinitivo + O que + Onde + Quanto + Quando

Exemplo: Reduzir o custo de entregas atrasadas no setor de eletrônicos em 70% (de $1.5M para
$45K) até janeiro de 2008.

(Verbo no infinitivo + O que + Onde + Quanto + Quando)

28
O Modelo de Melhoria: 3 Questões Fundamentais

Resultados esperados
e indicadores
Cuidado: Ao estabelecer objetivos é comum as pessoas confundirem:

Objetivo do projeto com atividade Objetivo do projeto com ideia de


do projeto mudança (solução)

O momento de definição do objetivo deve receber atenção e cuidado especial, pois pode haver con-
fusões e mal direcionamento dos trabalhos dos envolvidos.

Os principais cuidados são os seguintes: Não confundir objetivo do projeto com ideia de
Não confundir objetivo do projeto com atividade mudança
do projeto. Exemplos: eliminar passos do processo, reduzir
Exemplos: coletar dados, criar uma base de classificações de itens, implementar checklist,
dados, mapear processos, fazer um diagrama de implementar dispositivo à prova de erro, reduzir
causa e efeito, etc., são atividades a serem realiza- número de etapas do processo, implementar novo
das ao longo do projeto, mas não são o objetivo. sistema de gestão (Ex: TOTVS, SAP), etc. são todas
ideias para mudanças que podem ser realizadas
durante o projeto (e podem trazer melhorias em
nosso indicador), mas não são o objetivo primário
do projeto.

29
Como estruturar as
três questões: Q2
Q2. Como saberemos se uma mudança é uma
melhoria?

Sistemas simples Sistemas complexos

Sistemas simples Sistemas complexos


No caso de sistemas simples, Em processos e sistemas mais complexos, necessitamos
podemos discernir se uma mudança mostrar se uma mudança é melhoria com evidências,
é uma melhoria apenas observando em geral utilizando dados coletados formalmente nos
informalmente o que acontecia antes processos.
e o que aconteceu depois da mudança. Ao lidar com a segunda questão (Como saberemos
Nem todo projeto de melhoria precisa que uma mudança é uma melhoria?), devemos ter em
ser complexo ou uma mudança mente a construção de um critério claro e objetivo para
grandiosa para ser um sucesso. o projeto, que será nosso indicador de projeto. Esses
indicadores formarão um sistema de feedback indicando
como as mudanças influenciam nosso processo e servirão
para comprovar os resultados obtidos com as mudanças.

30
O Modelo de Melhoria: 3 Questões Fundamentais

Como estruturar as
três questões: Q2

Baseado no exemplo do livro Modelo de melhoria décima primeira semana, foi realizada uma nova
(2011), no qual uma mudança foi projetada para medida, e o resultado obtido foi 3 minutos. A
reduzir o tempo de ciclo de uma operação. redução do tempo de ciclo de 8 para 3 minutos foi
No planejamento do teste, estabeleceu-se que considerada muito significante para o processo
a mudança seria realizada entre a sétima e a de interesse. Os dados obtidos estão no gráfico
oitava semana a partir do início do projeto. Uma da figura. Qual é o grau de convicção de que a
medida do tempo de ciclo foi realizada na quarta mudança é uma melhoria?
semana, o resultado obtido foi 8 minutos. Na

31
Como estruturar as
três questões: Q2

Com os dados do exemplo anterior, poderíamos gerar seis cenários, conforme mostrado
anteriormente. Em todos eles, o tempo de ciclo na semana 4 é de 8 minutos e de 3 minutos na
semana 11. Será que a convicção de melhoria é a mesma para o seis cenários?

32
O Modelo de Melhoria: 3 Questões Fundamentais

Como saber se uma


mudança é uma melhoria?
Quando analisamos um indicador, normalmente é necessário coletar uma
quantidade de pontos (antes e depois) para decidirmos quando uma mudança
foi uma melhoria.

• No cenário 1, a mudança é uma melhoria. Em projetos de melhoria,


• No cenário 2, a mudança não é uma melhoria. um fator importante é o
aprendizado de quanto
• No cenário 3, o indicador já vinha caindo. Não foi a nossa
atingimos nosso objetivo. Se
mudança que causou melhoria. Algo já estava acontecendo.
descobrirmos como melhorar
• No cenário 4, a mudança causou um impacto positivo e algum processo, podemos
significativo, mas não duradouro, e a melhoria não foi obtida replicar o conhecimento para
• No cenário 5, a melhoria aconteceu antes da nossa mudança. outras atividades da empresa.

• No cenário 6, agimos sobre uma causa especial, desperdiçando


recursos. Nesses casos, a ação deve ser pontual.

33
Definição operacional
de melhoria

Existem características que definem se uma mudança é uma melhoria ou não.

Uma mudança é uma melhoria quando:


• É proposital e feita de forma intencional.
• Tem impacto positivo no indicador do projeto.
• O impacto obtido é significativo.
• O resultado é duradouro.

Em esforços de melhoria precisamos, ao final do projeto, apresentar um gráfico que mostre o indica-
dor ao longo do tempo para comparar os resultados gerados pelo projeto.
Da discussão anterior, podemos criar uma definição operacional de melhoria. “Melhoria” é o impac-
to positivo, relevante e duradouro produzido por mudanças realizadas de forma intencional em indi-
cadores de projeto. Em esforços de melhoria precisamos, ao final do projeto, apresentar um gráfico
que apresente o indicador ao longo do tempo para comparar os resultados gerados pelo projeto.

34
O Modelo de Melhoria: 3 Questões Fundamentais

Como saber se uma


mudança é uma melhoria?

Antes Depois

Foram feitas mudanças?


As mudanças resultaram em melhoria?

Com as duas figuras, quão convicto você esta de que a


mudança foi uma melhoria?

35
Como saber se uma
mudança é uma melhoria?
Antes Uma semana Duas semanas
depois depois

As mudanças resultaram em melhoria?

Nesse caso, a organização da sala não se mantém, portanto não podemos considerar uma
melhoria, pois a mudança não teve resultado duradouro.

36
O Modelo de Melhoria: 3 Questões Fundamentais

Como saber se uma


mudança é uma melhoria?
As mudanças resultaram em melhoria?

Antes Uma semana depois Duas semanas depois

Três semanas depois Quatro semanas depois Cinco semanas depois

Nesse caso, temos maior convicção de que seja uma melhoria. Nunca temos certeza de que as
coisas não irão voltar para o estado anterior, mas, quanto mais dados, maior a convicção de que
manteremos o mesmo patamar do indicador.
Assim, para mostrarmos que atingimos nosso objetivo, devemos coletar dados sobre o indicador do
projeto e seguir algumas diretrizes durante esse processo.
Os dados devem geralmente cobrir um período anterior ao início das mudanças e um período
durante e após as mudanças.
Conforme mudanças forem sendo feitas no processo, o comportamento dos indicadores deve
fornecer informação para julgar se as mudanças são melhorias.

37
Como saber se uma
mudança é uma melhoria?
Melhoria não se trata apenas de medição!

“Você não pode engordar uma vaca pesando-a.”

- Provérbio palestino

Sem medição, você terá dificuldade em saber se a mudança realmente


resulta em melhoria. Porém não é só medindo que obtemos uma
melhoria. Precisamos fazer mudanças!

38
O Modelo de Melhoria: 3 Questões Fundamentais

Tipos de
indicadores

Medidas de resultado: Medidas de processo: Medidas de equilíbrio:

As mudanças estão Estamos fazendo as Contra-indicadores

levando à melhoria? coisas certas para atingir

nosso objetivo?

Indicadores de resultado: volume em estoque; contudo, aumentar o volume


Indicam se estamos atingindo nosso objetivo. de estoque também gera um grande aumento de
gastos com o estoque.
Indicadores de resultado são, em essência,
indicadores de processo; a diferença aqui é que Como exemplo, destes indicadores temos
o indicador de resultado foi o selecionado para um projeto de melhoria em um hospital em
estudar e medir os resultados do projeto. que queremos reduzir o número de infecções
hospitalares. Uma das mudanças propostas é que
diariamente uma enfermeira passe nos quartos
Indicadores de processo: realizando um checklist de assepsia dos pacientes.
Indicam se as mudanças propostas estão Neste caso, o indicador de resultado é o número de
sendo executadas. infecções hospitalares, e uma medida de processo
São todos os outros indicadores possíveis de é o percentual de quartos em que o checklist foi
serem medidos do processo selecionado e que realizado. O que estamos querendo descobrir é
podem auxiliar nas análises do projeto. que muitas vezes não estamos impactando nosso
indicador, a nossa medida de resultado, por que as
pessoas não estão realizando as mudanças.
Indicadores de equilíbrio: Então a medida de processo serve para
Indicam se estamos “piorando” outra parte do aprendermos se a nossa mudança não está
sistema para atingir nosso objetivo. funcionando ou não está sendo testada. Uma
medida de equilíbrio neste caso pode ser, por
São indicadores que não podem ser impactados
exemplo, o aumento de horas extras ou tempo de
(negativamente) pelas mudanças realizadas ao
trabalho do enfermeiro que faz esta atividade. Ou
longo do projeto. Geralmente definem as restrições
seja, não podemos com a redução do número de
do projeto.
infecções aumentar os gastos com recursos.
Ex: Pode ser bastante fácil aumentar o nível de
serviço de um distribuidor apenas aumentado o

39
Como estruturar
as três questões: Q3
Q3. Que mudanças podemos fazer que resultarão
em melhoria?
Cinco meios de gerar ideias de mudanças

Análise crítica sobre processo/ Benchmark


produto atual

Pensamento criativo

Uso de novas Uso de conceitos de


tecnologias mudança

Ao lidar com a terceira questão (Quais mudanças podemos fazer que resultarão em melhoria?),
devemos ter em mente que são necessárias mudanças no processo se desejamos melhorá-lo. Um
bom processo é aquele em que as pessoas têm facilidade de fazer as coisas certas e dificuldade
de cometer erros. Isso também vale para produtos. As ideias para obtermos boas mudanças nos
produtos e processos podem vir de cinco meios:

40
O Modelo de Melhoria: 3 Questões Fundamentais

Como estruturar
as três questões: Q3
• Análise crítica sobre processo/produto atual - desafia as barreiras do
processo/produto, análise do desempenho atual.
Mapeamento do processo.
Coleta de dados.
Entendimento de relação entre variáveis.
Balanceamento.
Retirada de atividades que não agregam valor.
• Benchmark – análise de práticas e desempenho de empresas que atuam
no mesmo ramo para comparação e para trazer ideias de mudanças.
• Uso de novas tecnologias.
Testar em pequena escala.
Utilizar para resolver causas comuns e não especiais.
• Pensamento criativo.
Sair do estágio de pensamento atual e gerar ideias através de técnicas.
• Uso de conceitos de mudança.
Utilizar uma ideia que fez algum processo funcionar bem e usar o conceito da ideia em
nossos processos.

41
MODELO DE MELHORIA:
PDSA
Modelo de
melhoria: PDSA

Conhecimento Mudança Melhoria

Lembre-se da relação entre mudança e melhoria: fazer uma melhoria é a busca de boas
mudanças.
Boas mudanças resultam da aplicação de conhecimento sobre o processo, e o conhecimento é
fruto de aprendizado.
O aprendizado das pessoas sobre os processos é realizado de forma mais eficiente e eficaz pelo uso
do método científico.
O ciclo PDSA é o componente do modelo de melhoria que guia o aprendizado.

44
Modelo de Melhoria: PDSA

Método
científico
Fases do método científico
Observar um evento
Problema

Criar uma teoria


Hipóteses e
Testar Predições
Experiência
Analisar os resultados
Experimentação

Concluir

Publicar
Em projetos de melhoria, é importante
aprendermos de maneira rápida, e uma boa
maneira de fazer isso acontecer é utilizar
o método científico. Mas como funciona o
método científico?
1. Tudo começa (e termina!) com questões.
2. O cientista sempre tem uma hipótese a
respeito de qualserá a resposta (predição).
3. Então o cientista faz um estudo
4. Analisa os resultados e....
5. Publica.

45
Método
científico
Fases do método científico

Observar um evento
Problema

Criar uma teoria


Hipóteses e
Testar Predições
Experiência
Analisar os resultados
Experimentação

Concluir

Aplicar

Nas organizações, podemos 2. Também somos capazes de fazer “predições” – baseados no


usar o mesmo método: que sabemos hoje, o que acontecerá?
1. Tudo TAMBÉM começa (e 3. Fazemos então uma coleta de dados, um teste ou
termina!) com questões. implementação.
- Quais são as causas deste 4. Analisamos os resultados e....
problema? 5. AGIMOS sobre o processo!
- Será que a minha ideia
vai funcionar?
Podemos resumir esse processo como:
- Conseguiremos atingir os
resultados esperados? A. Observar dados.
B. Criar uma teoria.
C. Testar a teoria.

46
Que mudanças podemos
fazer que resultarão
Modelo de Melhoria: PDSA em melhoria?

Modelo de
melhoria: PDSA
Executar ações em função dos Objetivo
resultados Questões e predições
Outro ciclo? Plano para coletar dados
(O que, Onde, Quando)

ACT PLAN

Completar a análise Executar o plano


dos dados
STUDY DO Observar e anotar eventos não
Comparar resultados com planejados
as predições Iniciar a análise dos dados
Resumir o aprendizado

Adaptado do livro The Improvement Guide

Para ajudar as pessoas a organizar essas No STUDY é a hora de analisar os dados e tirar
etapas nos estudos de melhoria dentro das conclusões do ciclo de acordo com as questões
organizações, é importante utilizar ciclos PDSAs. estruturadas no PLAN.
Em cada fase do ciclo, temos tarefas que nos No ACT é o momento de executar as ações
levam na direção do aprendizado. Essas tarefas aprendidas e planejar a partir destes resultados
estão descritas no ciclo PDSA acima. quais seriam os próximos ciclos de estudo.
No PLAN é o momento de definirmos o objetivo As formas mais comuns de se usar um ciclo
deste ciclo de estudo, quais questões queremos PDSA como parte de um esforço de melhoria são:
responder e para cada questão colocar uma • Coletar dados para construir conhecimento
predição. Essa predição é muito importante para para ajudar a responder qualquer uma das
aprender com as suposições que haviam antes três questões fundamentais. (Atenção: neste
do estudo. Neste momento também é a hora de caso garanta que a etapa A do ciclo seja feita. É
definir como será o plano de coleta de dados, preciso que alguma ação concreta ocorra após o
caso faça parte do plano. ganho de conhecimento.)
No DO é a hora de entrar em ação! Executar um • Testar uma mudança.
plano, a coleta de dados e observar eventos que
não eram planejados. • Implementar uma mudança.

47
Rascunho de Deming
do ciclo de Shewhart - 1985

O ciclo PDSA é baseado no ciclo Shewhart e no ciclo de Deming. A figura


mostra um rascunho do ciclo de Shewhart elaborado por
Deming em 1985.

48
Modelo de Melhoria: PDSA

Usando PDSA
em sequência
Em uma iniciativa de melhoria, ciclos Conforme os PDSAs são realizados, o conhecimento
PDSA são utilizados para entender a aumenta em direção às mudanças que resultam em
situação atual de um processo, além melhoria. A figura a seguir ilustra esse conceito.
de desenvolver, testar e implementar
mudanças (um ciclo “puxa” o outro).
Esse conceito é chamado de rampa de Ferramentas básicas para melhoria:
PDSAs. • Formulário de coleta de dados.
• Definição operacional.
• Histograma.
• Gráfico de Pareto.
• Gráfico de tendência.
• Gráfico de controle.
• Mapeamento de processos.
• Diagrama de causa e efeito.
• Planejamento de experimentos.

Ferramentas básicas para melhoria


Mudanças que
resultam em
melhoria
ACT PLAN
Aprendizado

STUDY DO

ACT PLAN

STUDY DO

ACT PLAN

STUDY DO

ACT PLAN

STUDY DO

Suposições
Teorias
Intuições
Tempo

49
PDSA:
Exemplo
Considere um projeto de melhoria com o objetivo de reduzir o tempo para
realizar compras.

Plan
Objetivo: Conhecer como se comporta a demanda para o setor de compras
Questões Predições
Como é a distribuição dos valores das A maior parte das compras está entre R$ 2.000 e
compras? R$ 3.000
Quais tipos de compras são mais frequentes? O tipo de compra mais frequente é o
“Menor preço”. Poucas compras são do tipo
“Reservado”.

Plano de coleta de dados


» De uma amostra de 200 compras realizadas nos últimos seis meses, anotar o valor e o tipo de compras.

» O Alberto é responsável por coletar os dados. Instruí-lo sobre como amostrar, anotar os valores e digitar em
uma planilha.

» A Madalena deve preparar um gráfico de frequência dos valores das compras e um gráfico de barras com
as porcentagens por tipo de compra.

Do
Coletar os dados
Observar e anotar anomalias durante o processo de coleta dos dados.

Existiam dois tipos principais de compras: Com relação aos valores, produtos com valor
• Reservado: o solicitante já havia reservado abaixo de R$ 2.000,00 não precisavam de 3
o produto e bastava executar a compra, o que orçamentos, o que sugeria um processo mais
sugeria uma compra rápida. rápido para eles.

• Menor preço: a compra seria realizada por meio de O PDSA da figura mostra um estudo da equipe
3 orçamentos, em que o de menor preço ganharia. de melhoria para entender a distribuição dos
pedidos de compras.

50
Modelo de Melhoria: PDSA

PDSA:
Exemplo

51
PDSA:
Exemplo
Foi possível perceber que a
maioria dos pedidos tinha
preço baixo e era do tipo
reservado, o que sugeria que
eles deveriam ser executados
com rapidez, e isso não vinha
acontecendo.
No ciclo PDSA seguinte,
os compradores foram
entrevistados. Eles disseram
que, mesmo para compras
do tipo reservado, cotavam
com outros fornecedores,
o que atrasava a compra.
Essa descoberta fez com que
a gerente suspendesse as
cotações para compras do
tipo reservado, reduzindo
significativamente o tempo
para realização das compras.

52
Modelo de Melhoria: PDSA

PDSA:
Exemplo
Study Act
Mais de 80% dos valores estão 1. Entrevistar os compradores para
abaixo de R$2K, sugerindo que um entender as causas de demora em

processo mais simples pode ser aquisições abaixo de R$2K.

desenvolvido para essas compras.


2. Iniciar um novo ciclo PDSA para
50% das compras é do tipo avaliar se existe diferenças no tempo

“Reservado” , contradizendo a médio de aquisição entre “Reservado” e

predição inicial. “Menor preço”.

53
Formulário para documen-
tação de PDSA em projeto
Pode ser útil em um projeto de melhoria documentar os PDSAs que foram realizados de maneira
resumida, para rápida construção da “memória” das atividades.
A figura mostra um exemplo de planilha para documentação de PDSAs.

DADOS QUE PRECISO


PERGUNTA(S) RESPONSÁVEL
COLETAR PARA
PDSA A SER(EM) (QUEM) E QUANDO APRENDIZADOS
RESPONDER À(S)
RESPONDIDA(S) PERGUNTA(S) TEREI OS DADOS

54
Modelo de Melhoria: PDSA

PDSA vs. PDCA

FASE EDTI DMAIC PDCA

Define
1 Entender
Measure
Plan

2 Desenvolver Analyze

3 Testar Improve Do

Check
4 Implementar Control
Act

Devido à grande popularização do ciclo As etapas do PDCA são as seguintes:


PDCA, existem dúvidas em relação ao Plan: defina um problema e levante possíveis hipóteses
ciclo PDSA. para as causas e as soluções.
O PDSA é um roteiro de aprendizado. Do: implemente a solução.
Vários PDSAs são realizados durante
um projeto. Utilizado para organizar Check: avalie os resultados
as atividades (coleta de dados, teste e Act: volte à etapa de planejamento se os resultados
implementação de mudanças). forem insatisfatórios ou padronize a solução se os
O PDCA é um roteiro de projeto, resultados forem satisfatórios.
alternativo ao DMAIC e útil em projetos Muitas pessoas atribuem o desenvolvimento do PDCA
de baixa complexidade (solução de ao Deming, mas ele fazia questão de diferenciá-lo do
problemas). PDSA. Em uma carta a Ronal Moen, Deming disse “não
Geralmente o ciclo PDCA é utilizado em se esqueça de chamá-lo PDSA, não o corrompido PDCA”
um tipo de projeto chamado solução de (Moen & Norman, 2010).
problemas (problemas focados, impacto
de curto prazo), enquanto o DMAIC
é utilizado em projetos de melhoria
(mudanças sistêmicas, médio/ longo
prazo).

55
Modelo de
melhoria

Que mudanças podemos


O que estamos
fazer que resultarão
tentando realizar?
em melhoria?

ACT PLAN

Como saberemos STUDY DO


se uma mudança
é uma melhoria?

O modelo de melhoria é um método eficiente e eficaz de realizar melhorias nas organizações.


Ele é composto pelas três questões fundamentais e pelo ciclo PDSA.
Flexibilidade do modelo de melhoria:
• É adaptável para diferentes níveis de formalidade.
• É útil tanto para melhoria de produtos e serviços quanto para melhoria de processo.
• É aplicável em qualquer tipo de organização.
• É aplicável em quaisquer processos ou sistemas de uma organização.

56
Modelo de Melhoria: PDSA

As três categorias de
melhoria

Reduzir ou eliminar Reduzir Aumentar as expectativas


problemas, sem significativamente dos clientes.
aumentar custos. os custos, ao mesmo
tempo que a qualidade é
mantida ou melhorada.

Um dos objetivos centrais de programas As três categorias de melhoria:


de melhoria é aumentar o valor dos • Reduzir ou eliminar problemas que surgem devido ao
produtos e serviços oferecidos não atendimento das expectativas dos clientes.
pela organização.
• Reduzir significativamente os custos, ao mesmo tempo
em que a qualidade é mantida ou melhorada.
Valor = qualidade / custo total. • Aumentar as expectativas dos clientes, fornecendo
produtos e serviços que os clientes percebem
Qualidade é a medida de como um que têm alto valor.
produto ou serviço corresponde a uma
necessidade, já custo total é a soma O modelo de melhoria que vimos anteriormente e as
do custo de etiqueta mais o custo de ferramentas que aprenderemos ao longo do curso podem
uso. Para desenvolver uma abordagem ser aplicados em cada uma dessas categorias.
efetiva de melhoria e aumentar o
valor dos produtos ou dos serviços, os
líderes devem equilibrar os esforços de
melhoria em três categorias:

57
DEFINE

59
Introdução

Objetivo
Definir e comunicar o foco e os indicadores do projeto ao grupo
de melhoria.

Atividades

Fazer o SIPOC do processo. Fazer o CONTRATO do projeto.

Na fase define, o objetivo é definir o escopo do projeto, ATENÇÃO: muitas vezes, pela pressa de
clareando para todos os envolvidos o que é esperado solucionar os problemas, as equipes
como resultado. É uma fase muito importante, pois, caso discutem superficialmente sobre
ela seja bem-feita, garante o direcionamento dos esforços os objetivos e começam os testes, e
e a energia da equipe. essa atitude muitas vezes resulta em
projetos desfocados e sem sucesso no
final.

60
Contrato de Projeto
de Melhoria
Contrato
de Projeto
O que é?

Contrato é um acordo Deve conter uma Tem o objetivo de Todo projeto Lean

entre o patrocinador e o descrição clara do alinhar o escopo Seis Sigma deve

time de melhoria sobre incômodo que se do projeto. ter um contrato.

o que é esperado do pretende aliviar.


projeto.

O contrato é um acordo entre o patrocinador e O contrato evolui. Lembre-se, poucos projetos


o time de melhoria sobre o que é esperado do se encerram sem alterações no contrato.
projeto. Ele deve conter uma descrição clara do »» O escopo muda;
incômodo que se pretende aliviar.
»» Os recursos mudam;
O contrato ajuda nos seguintes aspectos:
»» Relação custo/benefício se torna aparente e
»» Esclarecer o que se espera de você, da equipe, ajuda a focar os esforços;
e, em última instância, do Gestor do Processo;
»» Eventos externos “acontecem”.
»» Manter a equipe focada;
O contrato é importante para detalhar o
»» Abordar questões que são críticas para o projeto estabelecendo claramente:
sucesso do projeto;
»» Qual é o incômodo ou a oportunidade que o
»» Levantar possíveis problemas ou dificuldades; projeto deve atacar;
»» Iniciar o diálogo sobre questões e »»Em quais indicadores se pretende causar
responsabilidades compartilhadas; impacto e as respectivas metas;
»»Transferir o projeto do patrocinador »» As restrições;
para a equipe.
»» O time de melhoria;
»»Evita retrabalho, surpresas e frustrações no
meio do projeto.

62
���

Contrato do Projeto
de Melhoria
Patrocinador: 1 por projeto. Traz a visão Problema: qual é o incômodo?
de negócios e ajuda na superação dos Q1. O que estamos tentando realizar?
obstáculos políticos organizacionais,
O objetivo deve ser declarado da seguinte forma:
além de disponibilizar recursos para a
equipe. Geralmente é uma pessoa Verbo no infinitivo + complemento
da alta gerência. Exemplo: reduzir tempo de ciclo da operação X em 50%
Líder da equipe: 1 por projeto. Alguém em 3 meses a partir do início do projeto.
formado nas ferramentas de melhoria Q2. Como sabemos que a mudança é uma melhoria?
(normalmente um Green Belt ou Black Belt). Nessa etapa, colocamos nosso indicador, o seu
Integrantes da equipe: entre 2 a 3 desempenho atual e a meta que queremos realizar.
pessoas. Considere incluir pessoas com Business case: deve ser realizado o cálculo do ganho
conhecimento sobre o problema. esperado com este projeto. É o momento de vender o
Contexto: descreva o incômodo (ou projeto para a alta liderança.
oportunidade) que existe na organização Atividades iniciais: liste as atividades que darão início ao
e que motivou a escolha desse projeto. projeto. Por exemplo: coletar dados do indicador, mapear
Não deve conter causa ou o processo, entrevistar um cliente etc.
solução do problema.
Restrições para as atividades: quais as fronteiras a
que o projeto deve se limitar. Fronteira de pessoas,
investimento, áreas, etc.

Apresentamos, a seguir, um formulário de contrato do projeto:

Patrocinador: Business case:

Líder da Equipe:
Atividades iniciais do projeto:
Demais integrantes:

Contexto / Descrição: Restrições para as atividades:


Problema:

Q1. O que estamos Q2. Como sabemos que a


tentando realizar? mudança é uma melhoria?

Objetivos Indicadores Desempenho Meta


(O que, onde, quanto, quando) atual

63
Contrato do Projeto
de Melhoria
Aqui apresentamos como estruturar o Business case, além
de um exemplo de um projeto real:

Descrição do Problema Meta Business Case


(O que está errado?) (Quanto deve ser o impacto?) (Qual é o benefício do
impacto do negócio?)

Exemplo: A redução de entregas atrasadas de 15% para 3% irá aumentar a satisfação dos clientes
e reduzirá custos de multas contratuais em R$350.000,00 em um ano.

64
���

Contrato do Projeto
de Melhoria
Apresentaremos, a seguir, um formulário de contrato do projeto
Patrocinador: Roberto Meireles

Líder da Equipe: Paulo Eduardo Souza

Demais integrantes: Gabriel da Silva, Junior Rodrigues

Contexto / Descrição: Nossa empresa possui 42 máquinas injetoras que precisam realizar setup para

trocar o molde de injeção.

Problema: O tempo de máquina parada é considerado excessivamente alto.

Q1. O que estamos Q2. Como sabemos que a mudança


tentando realizar? é uma melhoria?

Objetivos Indicadores Desempenho Meta


(O que, onde, quanto, quando) atual

Reduzir o tempo de máquina Tempo (em horas por 500 horas 250 horas
parada para setup, na linha de semana) de máquina semanais (média). semanais.
injeção plástica, em 50% até parada para setup.
janeiro de 2015.

Business case:
Atividades iniciais do projeto
Com um custo de R$ 140,00
• Preparar um SIPOC do processo de troca de molde.
por hora de máquina parada,
• Coletar dados de tempo de parada estratificados.
a redução desse tempo de 500
(Aguardando liberação, aguardando equipe de setup,
horas semanais para 250 horas
aguardando OS etc.)
semanais irá reduzir os custos a

aproximadamente R$ 35.000,00 Restrições para as atividades

por semana ou R$ 140.000,000 Não será possível nenhum investimento (máquinas novas,
por mês. contratações etc.).

65
Contrato do Projeto
de Melhoria
Cuidados com Metas

Estreitamento do foco
Aumento de assunção de
Tenha cuidado ao aplicar metas riscos
na sua organização!

Comportamento antiético Diminuição da cooperação


Diminuição da motivação intrínseca.

Algumas possíveis Para estabelecer metas devemos considerar se elas são


consequências do uso inade- DESAFIADORAS, mas POSSÍVEIS!
quado de metas numéricas
É importante ter em mente que, para realizar um projeto de
são:
melhoria com sucesso, a equipe deve ter domínio de um método
»» Falsificar dados ou distorcer e a organização deve fornecer uma estrutura adequada (recursos).
o sistema de medição. Segundo Deming, “Atribuir uma meta para alguém sem fornecer
»» Atingir a meta em um método é uma crueldade!”.
detrimento do sistema.

66
���

Cuidados
com metas
Uma questão também importante diz respeito A definição de objetivos arrojados e
a como erros ou falhas são tratados. A Toyota, aparentemente impossíveis funciona pari passu
por exemplo, baseia-se nos resultados da com a cultura da experimentação, em que a
experimentação para aprender o que funciona recompensa real não é o êxito ou o fracasso,
e o que não funciona, mas esse processo não mas sim o conhecimento acumulado a partir de
terá êxito se os funcionários sentirem que têm diversas experiências de aprendizagem
de ocultar notícias desfavoráveis ou fabricar de alta qualidade.
resultados positivos.

Algumas frases interessantes sobre metas do Ex-CEO da Toyota:

“Os funcionários podem melhorar facilmente de 5% a


10%. Por isso eu não gosto de objetivos que podem ser
medidos como 100%, tendo eles sido completos ou não.
Prefiro definir metas desafiadoras, em que as pessoas
atingem menos, e avaliar a estratégia utilizada, ainda que
eles não tenham conseguido realizá-las a tempo.”

“Desenvolver um carro dos sonhos, que limpa o ar, evita acidentes,


torna mais saudáveis e mais felizes todos os que o dirigem e
atravessa o globo com um tanque de combustível.”

Katsuaki Watanabe, Ex-CEO da Toyota

67
���

Cuidados
com metas
Algumas formas de estabelecer metas:

Benchmark Ideias dos participantes

Observar outras organizações Os próprios participantes do projeto podem extrair perguntas, tais
que tenham realizado como: “O que seria necessário para obter uma redução de 50% no
objetivos similares é uma tempo de enviar uma encomenda?”
forma de estabelecer metas. Isso auxilia na definição das metas.

68
SIPOC
SIPOC

Objetivo Quando utilizar?


Identificar e documentar em um diagrama os Sempre que existir falta de compreensão
aspectos relevantes do processo. sobre o processo por algum integrante da
equipe ou stakeholder do projeto.

O que é?
O SIPOC é uma ferramenta usada pela O SIPOC é uma ferramenta extremamente importante,
equipe de melhoria para identificar os pois ajuda as pessoas a enxergarem suas atividades como
elementos relevantes de um processo processos, aumentando sua capacidade de encontrar
no início do projeto de melhoria. Ele oportunidades de melhoria.
aplica-se a todo tipo de trabalho, seja ele
repetitivo ou pouco frequente, e ajuda
a criar uma visão macro do processo, Segundo Deming:
definindo seus limites (pontos de início
e fim) e permitindo localizar pontos de "Se você não pode descrever o que está fazendo como
coleta de dados. um processo, você não sabe o que está fazendo."

70
���

SIPOC

O que é SIPOC?

Transformações

Fornecedores Entradas Resultados Clientes

S I P O C
Fornecedor Entradas (Input): Processo Saídas|Resultados Cliente
(Supplier): Informação ou (Process): (Output): (Customer):
Pessoas ou organi- material fornecido Série de etapas O produto ou Pessoas, empresas
zações que fornecem pelo fornecedor. que transforma serviço produzido ou outros processos
as informações ou as entradas em a ser utilizado pelo que recebem os
materiais a serem resultados. cliente. resultados do
processados. processo.

Etapas para Elaboração do SIPOC

»» Providencie um formulário do SIPOC (mostrado na página a seguir) em uma folha em branco;


»» Identifique as saídas do processo;
»» Descreva o processo em no máximo 5 ou 6 passos (sem detalhar);
»» Identifique as entradas requeridas para que o processo produza as saídas;
»» Identifique os fornecedores das entradas listadas;
»» Identifique os clientes que receberão as saídas do processo;
»» Opcional: identifique as especificações das saídas e das entradas;
»» Discuta o resultado com o patrocinador e outros interessados no projeto para validação.

71
Formulário do
SIPOC
Formulário
Fornecedores Entrada Processo Saída Cliente

Passos do Processo

72
���

Formulário do
SIPOC
Formulário
Fornecedores Entrada Processo Saída Cliente

Médico Paciente Resultado Médico

Requisição
Realizar
Laboratório Seringas Exame de
Agulhas Sangue

Álcool

Outros Materiais

Passos do Processo

Recebe paciente Preenche o


Prepara paciente Retira sangue Analisa sangue
e requisição relatório

73
Measure

MEASURE
Introdução

Objetivo
Conhecer o processo em detalhes e coletar dados.

Atividades

F azer o fluxograma I dentificar variáveis  esenvolver planos para


D
do processo. a serem medidas. coletar e analisar dados.

 erificar a estabilidade
V  alcular a capabilidade
C
do indicador que do processo.
estamos analisando.

76
Fluxograma
Fluxograma

O que é?
O fluxograma é uma ferramenta que tem diferentes utilidades, dependendo da fase do projeto:
» Conhecimento sobre o processo (MEASURE)
» Identificação de pontos de medição (MEASURE)
» Identificação de complexidades (ANALYSE)
» Desafio de atividades (ANALYSE)
» Projeto ou modificação do processo (IMPROVE)
» Padronização de procedimentos (CONTROL)

Quando utilizar?
Se o projeto tem o objetivo de melhorar um processo (fluxo), essa ferramenta provavelmente será útil.

78
Measure

Fluxograma

S I P O C

Doador é As veias do
Avaliação Doador vai Biomédico
Doador entrevistado e Doador são
é relizada para a sala de verifica as
chega preenche verificadas na
pelo médico doação veias
formulário sala de espera

Sim
Não Não
Doador Veias Saúde Doador Veias
Rejeitado OK? OK? Rejeitado OK?
Sim
Não
Sim
Doador
Rejeitado Plasma é
extraído

Na fase DEFINE, a equipe No SIPOC, o processo Na fase MEASURE,


de melhoria lista os é descrito em poucas o(s) processo(s) é (são)
processos relacionados etapas (visão macro). detalhado(s) através de
ao contrato e constrói o um fluxograma.
SIPOC desses processos.

79
Fluxograma

Para facilitar o entendimento e a comunicação, existe um padrão para a representação das


informações em um fluxograma, como é detalhado.

Simbologia utilizada:

EMITIR CHEQUE Indica que uma atividade


P/ PGTO está sendo desenvolvida.

NÃO VALOR Indica um ponto de decisão


CORRETO? no processo.

SIM

ENTREGAR Indica que um documento deu


AO CAIXA entrada ou saída do processo.

FIM Indica fim e início do processo.

Indica uma conexão com Indica o fluxo do processo.


ramificações do processo.

80
Measure

Fluxograma:
nível de detalhes
Mini

Início Início Início

Esboçar Esboçar
o texto o texto
Esboçar o texto Midi
não não
não

Foi aprovado?
Foi aprovado?
Obter aprovação
Obter aprovação Início Início
Foi aprovado? Obter aprovação Início Macro
sim sim
sim
Ligar o Ligar o Esboçar Esboçar
o texto o texto
Ligar o Esboçar o texto Início Início Início
Computador
Computador
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o texto

Fim Fim Fim

O fluxograma pode ser construído com alto ou baixo nível de detalhes, dependendo da sua
aplicação. Em projetos em que o objetivo principal é a redução do tempo, pode ser indicada a
construção de um fluxo com nível mínimo de detalhes.
Existem diversos tipos de fluxogramas. Cada um deles é elaborado para contextos diferentes.

81
Fluxograma:
Horizontal
Processo de avaliação de solicitação de empréstimo

Venda recebe Funcionário verifica Analista avalia


Início solicitação documentação solicitação

Empréstimo Sim Gera documentção


Aprovado? e libera empréstimo Fim

Sim
Não

Superintendente Excessão Analista comunica


avalia recomendação Aprovada? Não cliente

O fluxograma horizontal é o mais utilizado em atividades de melhoria. Ele mostra as relações


entre as atividades, pontos de decisão, inspeção, loops de retrabalho, complexidade, etc. Deve-se
começar pelo nível mais elevado e depois se adicionar os detalhes conforme forem necessária para
a identificação de oportunidades.

82
Measure

Fluxograma:
multifuncional
Multifuncional (desdobrado)

O fluxograma multifuncional foca nas Também pode ser útil representar quantos
unidades organizacionais, permitindo à dias o processo fica em cada etapa, facilitando
equipe compreender o fluxo do processo a identificação de gargalos.
entre os departamentos. Ele também mostra a Muitas vezes, a simples instituição de prazos
interdependência das atividades. para as atividades geram um grande impacto no
É útil para processos que não se completam tempo de processamento.
em uma única área, indicando os responsáveis
por cada etapa. Geralmente é na passagem
entre departamentos que existem grandes
oportunidades de melhoria.

83
Fluxograma:
versões de um processo
O que o gerente
pensa que é O que é realmente O que deveria ser O que poderia ser

Foque aqui durante


a fase Improve

Foque aqui durante


a fase Measure e
Analyze

Para melhorar o processo, precisamos Algumas dicas para a elaboração de um


saber exatamente o que está ocorrendo. bom fluxograma:
Por essa razão, não pergunte aos gerentes, »» Não utilize um mapeamento feito
não leia instruções operacionais ou examine no passado;
documentação. Vá a campo e veja o que
está acontecendo. »» Não mapeie o processo ideal, mas
descreva o processo como ele é hoje;
»» Inicie com uma visão macro e depois
aumente o nível de detalhes;
»» “Caminhe” pelo processo identificando as
etapas do processo e a sequência em que
elas ocorrem;
»» Construa o fluxograma usando a
simbologia apropriada.

84
Sistema de
Medição
Processo de
medição

Mundo Físico

Mundo
Comportamental  Observações
Observar
e Medições  Dados
e/ou Medir
Documentadas
Mundo
Sensorial

Sabemos que os dados são utilizados As variáveis que iremos utilizar para estudar o
tanto em atividades de manufatura quanto processo são o resultado de medições realizadas
atividades administrativas e serviços. Dados em uma determinada entrada, saída ou processo.
são observações documentadas ou resultados Essas medições contém, em maior ou menor
de uma atividade de medição. A atividade de grau, “erro” e quanto maior for esse “erro”,
medição pode ser pensada como um processo pior serão nossas decisões. Portanto é de vital
cujo output é a medida. importância a avaliação do sistema de medição.

“...O que se registra ao final de uma determinada operação de


medição é o último produto de uma longa série de operações, desde
a matéria-prima até a operação de medição propriamente dita. A
medição é, portanto, parte vital desse processo. Assim, do mesmo
modo como é vital controlar estatisticamente as outras partes do
processo, é vital controlar-se estatisticamente o processo de medição;
caso contrário, não há medida que tenha significado comunicável.”

DEMING

86
Measure

Processo de
medição

Processo de Medição - Método que Método de mensuração - Questionários,


estabelece relação entre uma propriedade e um Instrumentos etc.
valor em uma escala.

Mundo físico: Execução de uma tarefa

Medir: Tempo gasto para realizar a tarefa

Instrumento de Medição: Cronômetro

Medida: Minutos gastos na realização da tarefa

Mundo Comportamental: Realização de uma reunião

Medir: Atitude das pessoas na reunião

Instrumento de Medição: Observação

Medida: Atitude positiva, Atitude Negativa, Atitude Neutra

Mundo Sensorial: Provar um alimento

Medir: Aroma

Instrumento de Medição: Provadores

Medida: Ruim, regular, bom, excelente

87
Definição
operacional

Atividades comuns em qualidade: Questões:

Verificar se um produto é defeituoso O que é um defeito?

Contar o número de defeitos em um Como medir um defeito?

produto ou serviço
Como medir uma característica de qualidade?

Medir uma característica de qualidade

88
Measure

Definição
operacional
É uma descrição, em termos quantificáveis​​, do que medir e os passos a seguir para medi-lo de

forma consistente

»» Fornece um sentido comunicável a um conceito

»» É clara e inequívoca

»» Especifica métodos e equipamentos de medição

»» Identifica critérios precisos de decisão

Uma Definição Operacional é uma descrição,


em termos quantificáveis​​, do que medir e os
passos a seguir para medi-lo de forma consis-
tente. Sem definições precisas sobre como me-
dir uma característica de qualidade diferentes
pessoas podem chegar a diferentes resultados.
Para evitar esses problemas é necessário desen-
volver Definições Operacionais.
A Definição Operacional fornece um significado
comunicável a um conceito através da especi-
ficação de como o conceito é aplicável em um
conjunto particular de circunstâncias.

A Definição Operacional é um componente


essencial do Processo de Medição

89
Definição
operacional
Como você define estes conceitos?
» Um imposto justo

?
» Ser rico

» Ser pobre

» Estar desempregado

» Estar limpo

» Férias boas

» Chegar no prazo

» Área urbana

» Aquecimento global

» Estar contaminado

A falha no desenvolvimento de uma definição operacional leva, muitas vezes, à


confusão e mal-entendido

90
Measure

Definição
operacional

Componentes

»» Objetivo

»» Característica de interesse

»» Instrumento de medição

»» Procedimento

»» Critério

Os passos para o seu desenvolvimento são: EXEMPLO


»» Escreva uma primeira versão
Objetivo
da Definição Operacional;
Verificar se uma aeronave chegou no horário no
»» Entregue a Definição Operacional para aeroporto
Característica de interesse
alguém que não esteve envolvido na
Horário de chegada da aeronave no aeroporto
elaboração da mesma avaliar Instrumento de medição
Relógio referenciado com o relógio da torre de
e fazer sugestões;
controle
»» Revise a Definição Operacional.; Procedimento:
»» Faça com que algumas pessoas usem a O horário de chegada de um voo será o horário
em que o trem de pouso da aeronave tocar a
Definição Operacional. para coletar dados; pista de pouso
Critério
»» Analise os problemas
A aeronave está no prazo se o horário de che-
e revise a Definição Operacional ; gada for igual ao horário programado mais ou
menos 15 minutos

91
Tipos de
variáveis
Tipos de
variáveis
Variáveis

Qualitativas Quantitativas

Nominais Ordinais Contagem Contínuas

Para cada tipo de variável, será necessário Variáveis Numéricas


a utilização de uma ferramenta estatística (Quantitativa)
diferente. As variáveis podem ser:
São as variáveis que podem ser medidas em
uma escala quantitativa, ou seja, apresentam
Variáveis Categóricas valores numéricos que fazem sentido. Podem
(Qualitativa) ser contínuas ou discretas.
São as variáveis que não possuem As variáveis numéricas podem ser dividas em
valores quantitativos, mas, ao contrário, dois grupos:
são definidas por várias categorias, ou
seja, representam uma classificação dos » Contagem: são representadas por
indivíduos. Podem ser nominais ou ordinais. números inteiros. Por exemplo, número de
defeitos em peças contínuas, número de
acidentes por dia.
» Contínuas: podem receber qualquer
número dentro de uma escala, inclusive
números “quebrados”. Por exemplo,
diâmetro de uma peça, tempo de entrega
de produtos.
Na terminologia de qualidade, as variáveis
de classificação ou contagem são também
chamadas de atributos.

94
Measure

Classificação de
dados (simplificada)
Tipo de variáveis Característica Dado registrado
de qualidade
Desempenho da entrega Entrega no prazo/atrasado
Categóricas Classificação
(Qualitativo) Retrabalho Sem/Com
Arranhões Sem/Com
Mudanças Número de mudanças/projeto
Contagem Acidentes Número de acidentes/por mês

Numéricas Arranhões Número de arranhões/superfície


(Quantitativo) Tempo Minutos atrasados
Contínuas Peso Gramas
Arranhões Tamanho em cm do arranhão

Classifique cada uma das seguintes variáveis


como classificatória, contagem ou contínua

»» Número de estrelas de hotéis »» Número de telefones por domicílio


»» Q
 uantidade de calorias de um »» Número de chamadas de longa distância
produto alimentício realizadas por mês
»» Número de bolhas em uma garrafa de vidro »» Duração de cada chamada de
longa distância
»» T
 empo médio de espera para ser atendido
em um call center »» Cor do telefone utilizado com
mais frequência
»» Número de atendentes em um call center
»» Se existe uma linha conectada ao modem
»» Número de ligações perdidas em um
na residência
call center
»» Quantia gasta com livros
»» Motivos para ligações perdidas em um
call center »» Tempo gasto na livraria por mês
»» Fontes de consumo de água em »» Se é filiado a algum partido político
uma residência »» Caso seja, a que partido político é filiado
»» Consumo de água em uma residência »» Satisfação com um determinado produto

95
Custo, tempo
e informação
Não há uma única forma de medir. A decisão depende de vários fatores.
A forma de medir usual, que pode ser adequada para operações de rotina, pode não ser adequada
em projetos de melhoria.

a
Tamanho da
Tipo de variável Tempo Custo Informação por amostra para a
para medir para medir unidade medida mesma quantidade
de informação

Classificação -

Contagem

Contínua +

96
Análise da
variação
Variabilidade
e estatística
Sabemos que um produto ou serviço pode ser avaliado a partir de características de qualidade. Dois
itens produzidos nas mesmas condições não são, em geral, idênticos com respeito às características
de qualidade consideradas. Assim, a variabilidade é inerente aos processos.

A variação é inerente a
todos os processos

29
A análise da variabilidade deve ser usada como base para as ações no processo. Ações baseadas
em um correto entendimento de variação ajudam a melhorar a performance do processo.
A variação pode ser percebida através dos dados.

40

35
% entregas fora do prazo

30

25

20

15

10

5
2 4 6 8 10 12 14 16 18

Mês

Tomamos decisões diariamente baseados em nossa interpretação da variação:

» O desempenho do meu filho na escola foi melhor este mês?


» A criminalidade aumentou em minha comunidade?
» Devo vender ou comprar ações?

98
Measure

Percepção
da variação
Uma das funções de um gestor é tomar decisões
baseadas na interpretação da variação
nos indicadores.

» H
 á 3 meses, as vendas estão abaixo do previsto.
Esses dados indicam uma tendência? É
necessário agir?
» H
 á diferenças de desempenho das pessoas
na organização? Há alguém que realmente
necessita de uma assistência especial? Há
alguém que merece um reconhecimento
especial?
» O
 número de acidentes foi maior que no ano
passado. É preciso fazer mudanças no ambiente
de trabalho? Fazer uma campnha sobre
segurança no trabalho?

O gestor precisa ter habilidade para determinar se a


variação observada indica que:
» O
 correu algo especial que requer uma ação
pontual;
» A variação está dentro do “esperado”.

Algumas vezes a ação é inadequada ou


contraproducente em virtude da falta de
compreensão do conceito de causas comuns e
especiais de variação.

99
Gráfico de
Tendência
e Causas de
Variação
Característica e
Medida

S I P O C
Variáveis de Variáveis de Variáveis de
Input Processo Output

X1, X2 , ... , Xk Y

Y = f(X1, X2 , ... , Xk)

O SIPOC permite identificar as entradas, os


resultados e as macro etapas do processo.
Variáveis de estratificação:
Cada um desses elementos tem características Além das variáveis de entrada, processo e saída,
(aspecto, preferencialmente mensurável, de é importante considerar outras variáveis que
uma entrada, saída ou do próprio processo). podem ajudar a entender os problemas que
ocorrem, bem como ajustar o foco projeto.
Após identificar as entradas, as etapas do
processo e os resultados, a equipe deverá Suponha que uma empresa tem atuação em
listar as características críticas e apontar todo o território nacional e queira reduzir o nível
quais variáveis serão utilizadas para medi- de reclamações de clientes junto ao PROCON.
las. Características críticas geralmente tem Perguntas como “o nível de reclamação é
requisitos explícitos ou implícitos. o mesmo em cada estado?” ou “o nível de
reclamação depende do nível educacional do
Variáveis Y e X cliente?” ajudam no entendimento do problema
Existe uma definição na área de qualidade que e no ajuste do foco do projeto.
as variáveis medidas no resultado (output) são Uma consideração importante: muitas vezes
denotas por Y (CTQ’s - Critical to Quality). Já as não é possível estratificar uma CTQ a menos que
variáveis medidas no processo e nas entradas os dados de estratificação sejam coletados no
são denotas por X. mesmo momento em que a CTQ esteja sendo
coletada. Considere a coleta de variáveis de
Especificação: estratificação no plano de coleta de dados.
Após a identificação das variáveis, é preciso
identificar as especificações para as mesmas,
caso elas existam.

102
Measure

Gráfico de
tendência
Considere o seguinte exemplo:
O departamento de customer success de uma empresa coletou os dados de número de
reclamações semanais durante 6 meses.

O que é? Quando utilizar?

33
Uma ferramenta importante quando estudamos variação é o gráfico de tendência. Esse gráfico é
simplesmente um registro de uma medida ou característica ao longo do tempo. Ele pode revelar
ciclos, tendências ou mudanças de desempenho ao longo do tempo. Algum tipo de gráfico de
tendência deve sempre fazer parte do estudo da variação em um processo ou sistema, pois é um
gráfico simples e fácil de construir.

20
Número de reclamações

15

10

0
1-jul-18

26-ago-18
6-mai-18

3-jun-18
8-abr-18

29-jul-18

Data

»» No eixo horizontal fica a variável que representa “tempo” , e no eixo vertical a variável
sendo monitorada.

1. Para construir um gráfico de tendência, identifique a atividade que você deseja mensurar ao
longo do tempo. Exemplo: número de unidades vendidas por dia por uma empresa.
2. Defina o intervalo de tempo entre cada coleta (frequência). Exemplo: diário.
3. Faça a coleta dos dados. Registre os dados e coloque no gráfico à medida que forem
sendo coletados.

103
Análise da variação –
34
causas de variação
Considere a história de dois jovens recém-casados:

O marido mudou-se 20
para a nova casa do
15
casal três semanas
antes do casamento. Na 10
volta do trabalho para
5
casa, ele saía às 17h30
Minutos

e chegava por volta das 0


18 horas. Anotamos
durante 15 dias quantos -5
minutos antes ou depois -10
das 18 horas o marido
chegou em casa. -15

-20
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Dia

» No primeiro dia após o casamento, a esposa Qual conselho você daria para essa esposa?
ainda em férias, o marido promete chegar Talvez internar-se? E para o marido? Também
às 18 horas, mas ele chega 10 minutos internar-se, pois ele está dando resposta para
adiantado, e a esposa fica brava com a falta perguntas malucas! Achamos absurdo a relação
de pontualidade e pergunta as razões. “O desse casal, mas muitas vezes os indicadores da
trânsito estava bom hoje” ele diz. nossa empresa são analisados da
» No segundo dia, ele chega 10 minutos mesma maneira.
atrasado. Brava, ela novamente pergunta
a razão. “Peguei muitos sinais fechados”, Como já vimos, existe variação em todos os
diz ele. indicadores. Olhando o tempo de chegado do
» No terceiro dia ele chega 1 minuto atrasado marido, percebemos que ele sempre chega
e novamente ele pergunta a razão. “Foi entre 15 minutos antes ou depois das 18 horas
um pedestre que atravessou a rua e e não faz sentido perguntar as razões nas vezes
precisei esperar” em que ele chega entre esses horários.

» No quarto dia, novamente ele chega “fora”


do horário, com atraso de 5 minutos... e a
história continua...

104
Measure

Causas de variação
(Shewhart 1931)

Um conceito fundamental para o estudo Estabilidade de um processo


e melhoria dos processos, de acordo com
Quando só causas comuns atuam:
Walter Shewhart (1931), é o de que a
variação em uma medida de qualidade » O processo é dito estável (sob controle
é provocada por um desses dois tipos estatístico);
de causas: » A quantidade de variação inerente ao
processo pode ser quantificada e o processo é
previsível.
» Causas comuns: aquelas causas que são
inerentes ao processo todo o tempo, afetam Quando existem causas especiais atuando:
todos que atuam no processo e afetam todos » O processo está instável (fora de controle
os resultados do processo. estatístico).
» Causas especiais: aquelas causas que não
atuam no processo todo o tempo ou não Exemplo de fontes de variação: dirigir de
afetam todo mundo, mas que surgem devido casa até o trabalho.
a circunstâncias especiais.
Exemplos de variação de causa comum:
Esse conceito tem um altíssimo valor para
» Semáforos estarem vermelho ou verde;
todos os processos, pois é aplicado em
qualquer processo, tem alto impacto e é de » Volume de tráfego;
fácil aplicação. Foi um dos responsáveis pela » Pedestres atravessando a rua;
mudança do ambiente industrial relacionado à
» Aguardar para fazer conversões.
qualidade dos produtos, por volta dos anos 50.
Exemplos de variação de causa especial:
» Um acidente;
» Um desvio só um dia;
» Um pneu furado;
» Tráfego tranquilo por muitos não
trabalharem naquele dia.

105
Como descrever a
variação (VOP)?
Considere os dados de inventário mensal de uma empresa durante 2 anos.
» Como você analisaria esses dados?
» Qual gráfico é o mais adequado?

a
Inventário Inventário
Mês - 2017 (em mil US$) Mês - 2018 (em mil R$)

jan. 19 jan. 20
fev. 27 fev. 22
mar. 20 mar. 19
abr. 16 abr. 16
mai. 18 mai. 22
jun. 25 jun. 19
jul. 22 jul. 25
ago. 24 ago. 22
set. 17 set. 18
out. 25 out. 20
nov. 15 nov. 16
dez. 17 dez. 17

106
Measure

Como descrever
a variação (VOP)?

38

Visão Estática 25

20
Estatísticas Descritivas
Média, mediana, quartis, mínimo, máximo, Frequência 15
amplitude, desvio padrão, histograma
10

Uma maneira seria calcular estatísticas 5


descritivas e apresentar o histograma dos
dados. Isso seria como apresentar uma foto 0
14 16 18 20 22 24 26 28
do que aconteceu. Essa foto é estática, ou
Inventário
seja, não é possível identificar tendências ao
longo do tempo. Assim, essa não seria uma
boa representação desses dados.

39

Visão Dinâmica 35
30

Gráfico de tendência, gráfico de controle 25


Inventário em R$

(Gráfico ao longo do tempo) 20

15
Uma maneira melhor de apresentar esses 10
dados seria apresentar um gráfico de
tendência ou de controle ao longo do
8-abr-18
22-abr-18
6-mai-18
20-mai-18

17-jun-18

9-set-18
3-jun-18

1-jul-18
12-ago-18
26-ago-18
1-jul-18
15-jul-18

tempo. Isso permite entender a variação do


processo ao longo do tempo.
Data

107
Causas de
variação

Diferentes estratégias são necessárias para melhorar um processo estável (somente causas comuns
atuam) ou um processo instável (causas especiais também atuam).

» Processos estáveis: analise todos os dados, procure entender os problemas sistêmicos.

» Processos instáveis: procure entender o que existe de especial no momento da instabilidade.

35
30

25
Inventário em R$

20

15

10
22-abr-18

26-ago-18
9-set-18
8-abr-18

20-mai-18

17-jun-18
6-mai-18

1-jul-18
12-ago-18
3-jun-18

1-jul-18
15-jul-18

Data

O gráfico de tendência (e também o gráfico de controle) é a ferramenta indicada para identificar


as causas de variação.

108
Measure

Regras para distinção


de causas de variação
41
Gráficos de tendência: Minutos adiantados ou atrasados em relação ao especificado

Um ponto muito
20
afastado dos demais

10
Minutos

0 Sequência de oito ou
20 mais pontos abaixo
-10
ou acima da média
-20 10

Minutos
seg sex qui qua ter
0
Data
-10
-20
20 seg sex qui qua ter

10 Data
Minutos

0 Sequência de seis
-10
ou mais pontos
crescente ou
-20 decrescente
seg sex qui qua ter
Data

O gráfico de tendência pode ser usado para » Essas regras são consistentes no sentido
avaliar as causas de variação que estão de que a chance de ocorrências das mesmas
atuando em um processo. Um processo é muito baixa se o processo estiver estável.
é considerado estável quando existe uma É necessário reunir dados suficientes para exibir
“distribuição aleatória” dos pontos plotados, o comportamento do processo. Um total de 25
sem nenhum padrão claramente identificável. a 30 pontos de dados costuma ser suficiente
Se a distribuição (ou padrão) não é aleatória, o para que se formem padrões que sirvam como
processo é considerado instável ou está sob a referência para o desempenho do processo.
ação de causas especiais. Se essa quantidade de pontos não estiver
Existe um consenso entre usuários de gráficos disponível, procure tomar a melhor decisão
de tendência de que um único ponto muito com o que estiver à mão.
afastado dos demais é uma indicação de uma Observação: nem toda causa especial é
causa especial de variação. Isso se deve ao ruim. Muitas vezes ela indica uma melhora no
fato de que a ocorrência de um ponto afastado processo. Nesse caso devemos ver se é possível
dos demais tem baixa probabilidade de ocorrer incorporá-la ao processo. Além disso, o gráfico
por acaso. Outras regras foram criadas de tendência é uma ferramenta adequada para
para identificar outros tipos de causas avaliar se mudanças em um processo resultam
especiais (padrões não aleatórios nos gráficos em melhoria.
de tendência).

109
Gráfico de controle
42
42

110
110 110
110
Inventário
Inventário Mês - 2018 Inventário
Inventário
106
106 (em
(emmil US$) Mês - 2018 (em
milUS$) (emmil
milUS$)
US$) 106
106
Gastos (x1000)

Gastos (x1000)
Gastos (x1000)

(x1000)
102
102 102
102
9898 Gastos 98
98
9494 94
94
9090 90
90
8686 86
86
jan abr
jan abr jul
jul out
out jan abr jul
jan abr jul out
out jan abr
jan abr jul
jul out jan abr jul out

Mês
Mês Mês

Um gráfico de controle nada mais é um gráfico de tendência com 3 linhas de referência:


» A linha central indica a média;
» A linha superior indica o limite superior de controle;
» A linha inferior indica o limite inferior de controle.

Um dado fora desses limites é tratado como muito afastado dos demais, portanto, uma
causa especial.
» É
 importante ressaltar que esses limites de controle são calculados com base nos dados e
existe um método para isso. Assim, eles não são estabelecidos com base em uma meta ou
especificação, mas sim com base na variação histórica dos dados.

110
Measure

Regras para distinção de


causas de variação com
gráfico de controle
43
43 GRÁFICO DE CONTROLE:
MINUTOS ADIANTADOS OU
GRÁFICO DE CONTROLE:
MINUTOS ADIANTADOS OU
ATRASADOS EM RELAÇÃO A 19H15’ ATRASADOS EM RELAÇÃO A 19H15’
30 GRÁFICO DE CONTROLE: 30 GRÁFICO DE CONTROLE:
20 MINUTOS ADIANTADOS OU LSC=22.26 20 MINUTOS ADIANTADOS OU LSC=22.26
ATRASADOS EM RELAÇÃO A 19H15’ ATRASADOS EM RELAÇÃO A 19H15’
MinutosMinutos

MinutosMinutos
30
10 30
10
20
0 LSC=22.2
X=0.00 20
0 LSC=22.2
X=0.00
10
-10 10
-10
-200 X=0.00
LIC=-22.26 -200 X=0.00
LIC=-22.26
-10
-30 -10
-30
seg sex qui qua ter seg sex qui qua ter
-20 LIC=-22.2 -20 LIC=-22.2
Dia Dia
-30 -30
seg sex qui qua ter seg sex qui qua ter
GRÁFICO DE CONTROLE: GRÁFICO DE CONTROLE:
Dia
MINUTOS ADIANTADOS OU Dia
MINUTOS ADIANTADOS OU
ATRASADOS EM RELAÇÃO A 19H15’ ATRASADOS EM RELAÇÃO A 19H15’
30 GRÁFICO DE CONTROLE: 30 GRÁFICO DE CONTROLE:
20 MINUTOS ADIANTADOS OU LSC=22.2 20 MINUTOS ADIANTADOS OU LSC=22.2
ATRASADOS EM RELAÇÃO A 19H15’ ATRASADOS EM RELAÇÃO A 19H15’
MinutosMinutos

MinutosMinutos

30
10 30
10
20
0 LSC=22.26
X=0.00 20
0 LSC=22.26
X=0.00
10
-10 10
-10
-200 X=0.00
LIC=-22.2 -200 X=0.00
LIC=-22.2
-10
-30 -10
-30
seg sex qui qua ter seg sex qui qua ter
-20 LIC=-22.26 -20 LIC=-22.26
Dia Dia
-30 -30
seg sex qui qua ter seg sex qui qua ter
Dia Dia

111
Exercício 1

A diretora de recursos humanos estava examinando suas despesas com treinamento dos últimos
dois anos. Baseada nos últimos 12 meses, ela havia colocado no orçamento um custo médio de $
44
98.000,00 por mês; mas as despesas do último mês foram de $ 105.000,00. Ela queria saber o que
havia de diferente com o último mês e pediu à sua equipe para descobrir o que aconteceu, para que
pudessem evitar o problema no futuro.

GRÁFICO DE CONTROLE:
CONTROLE MENSAL COM TREINAMENTO
110
LSC=107.38
105
Gastos (x1000)

100
X=97.67
95

90
LIC=87.95
86
jan mai set jan mai set

Mês

» Os dados do último mês são o resultado de causas comuns ou especiais? Por quê?

» A diretora de recursos humanos tomou a providência adequada?

» O que ela deveria esperar que fossem seus custos mensais de treinamento?

112
Measure

Exercício 2

Uma linha de embalagem teve, em média, 4 horas de interrupções por semana, de 8 de março a
23 de agosto. Já que muitos dos problemas estavam relacionados a quedas na energia elétrica, os
45
técnicos suspeitaram de que o equipamento de proteção da rede elétrica estivesse funcionando mal.
Eles o substituíram no final de janeiro e então continuaram a coletar dados por mais oito semanas.

GRÁFICO DE CONTROLE:
TEMPO (HORAS)

6 LSC=107.38

5
Tempo (horas)

4 X=97.67
MUDANÇA
3

2 LIC=87.95

0
21-mar-18

19-abr-18

13-jun-18
12-jul-18

5-set-18

04-out-18

28-nov-18
27-dez-18

20-fev-18

20-mar-18
18-abr-18

Dia

» O novo equipamento de proteção da rede ajudou?

» Em caso afirmativo, em que semana eles tiveram seu primeiro sinal?
Há outros sinais de uma mudança no processo?

113
Exercício 3

Um fornecedor de bens de consumo acompanha os pedidos que chegam via EDI. Ele quer usar
46
esses dados para ajudar a planejar o orçamento para o novo ano. Se o processo for estável, os
gerentes poderão estimar em média quantos pedidos serão recebidos a cada dia. Mas primeiro eles
precisam saber se há quaisquer indicações de causas especiais no processo.

350

300
Nº de pedidos

250

200

150

100

50
1-fev-18
3-fev-18
5-fev-18
7-fev-18
9-fev-18
11-fev-18
13-fev-18
15-fev-18
17-fev-18
19-fev-18
21-fev-18
30-jan-18

Dia

» O
 s dados indicam a presença de causa especial ou a variação é um resultado de causas comuns?
Por quê?

» Qual o número médio de pedidos que deveriam esperar por dia?

» Qual o número máximo de pedidos que deveriam esperar por dia?

114
Measure

Exercício 4

Uma fábrica que produz cartões de plástico (cartões de crédito, cartões de identificação de seguro
médico, etiquetas de embalagem etc.) usa água de um rio próximo para refrigerar o equipamento
usado no processo de aquecimento. Eles podem reciclar a água e devolvê-la ao rio, contanto que
47
esta não contenha mais de 50 mg de impurezas. Um técnico monitora o volume de impurezas em
uma amostra que é tirada todos os dias.

GRÁFICO DE CONTROLE:
IMPUREZA

40 LSC=39.83
Impurezas (miligramas)

30

20 X=19.19

10

0 LIC=-1.45
1 4 7 10 13 16 19 22 25
Amostra

» O
 s dados indicam a presença de uma causa especial ou a variação é, toda ela, resultado de
causas comuns?

» Se há uma causa especial, qual amostra assinala isso primeiro?

115
Exercício 5

48
O gráfico abaixo apresenta o número de bagagens perdidas em um voo entre os dias 1 de março e
3 de abril.

10
Nº de bagagens perdidas

0
03-abr -18
10-mar -18
13-mar -18
16-mar -18
19-mar -18
22-mar -18
25-mar -18
28-mar -18
31-mar -18
01-mar-18
04-mar-18
07-mar-18

Dia

» Qual a amplitude de dados que deve ser esperada para perda de bagagem em um único dia?

» Existem quaisquer indicações de causas especiais?

 companhia aérea deveria usar ações de causa comum ou causa especial para responder ao
» A
número de bagagens perdidas no dia 31 de Março?

116
Analyze

ANALYZE

117
Problemas no desenvolvimento
de uma mudança
Objetivo Atividades

» Desenvolver mudanças. » Encontrar a causa raiz do problema.

Sabemos que qualquer melhoria requer mudança, mas


nem toda mudança resulta em melhoria.
O que devemos fazer para desenvolver mudanças que resultem em melhoria? Algumas mudanças
são óbvias, outras não e, para essas, precisaremos de ferramentas de análise crítica do processo,
pensamento criativo e conceitos de mudança para as encontrarmos. É muito importante salientar
que as mudanças não têm que ser necessariamente caras ou demoradas.

A frase “fazer mais do mesmo” pode englobar mais pessoas, mais


dinheiro e mais exortações. E a frase “procurar a perfeição” está
ligada à “síndrome da utopia” e à “síndrome da paralisia”.

» “Fazer mais do mesmo” » Procurar a perfeição (“síndrome da utopia”


e “síndrome da paralisia”).

118
Analyze

Comparação entre os
dois tipos de mudanças
A seguir, veremos uma lista dos tipos de mudanças.

1ª Ordem 2ª Ordem

Sistema Não é alterado É alterado

Percepção do cliente Solução do problema Melhoria

Prazo Imediato, curto Médio, longo

Mudanças de Mudanças de Algumas


primeira ordem são segunda ordem são considerações sobre
necessárias para: necessárias para: mudanças e melhoria:

» Manter a organização em » Prevenir problemas; » O importante não é o


funcionamento no dia a dia; tamanho da mudança,
» Elevar o desempenho
mas o impacto produzido.
» Manter o sistema no nível do sistema a níveis
de desempenho atual; superiores ao atual. » Grandes melhorias podem
ser alcançadas com
» Lidar com problemas.
São características das pequenas mudanças.
mudanças de 2ª ordem: » Se problemas inesperados
São características das
mudanças de 1ª ordem: » Resultam na criação de ocorrerem após uma
um novo processo ou mudança de segunda
» Realizadas rotineiramente ordem:
na modificação de um
para resolver problemas
processo existente; » Use as mudanças de
ou reagir a uma
circunstância especial; » Alteram o funcionamento primeira ordem para
do sistema e como as removê-los.
» Devolvem o sistema à
pessoas trabalham; » Use mais mudanças de
situação anterior;
» Afetam positiva e segunda ordem para
» Refletem sentidos eliminá-los.
simultaneamente
imediatamente ou em
vários indicadores de
curto prazo;
desempenho;
» Às vezes, trazem conflito
» Seu impacto é sentido a
de interesses: qualidade,
médio e longo prazo;
mas custo;
» Depois delas os clientes
» Depois delas, os clientes
percebem que uma
percebem que um
melhoria foi feita.
problema foi resolvido.
119
DIAGRAMA DE
CAUSA E EFEITO
Diagrama de
causa e efeito
O que é? Quando utilizar?

O diagrama de causa e efeito é também Antes de tentarmos criar um diagrama de


conhecido como diagrama espinha de peixe ou causa e efeito, é preciso identificar o efeito que
diagrama de Ishikawa e fornece uma conexão servirá como ponto focal da sua iniciativa. Em
visual entre o efeito observado e todos os fatores seguida, utilizaremos técnicas de brainstorm
que contribuem para ele, incentivando os para gerar causas prováveis. Uma vez concluído,
membros da equipe a visualizarem os sintomas e o diagrama de causa e efeito fornece uma base
as possíveis causas de um problema como parte sólida para as tarefas de identificar soluções ou
de todo um sistema (pensamento sistêmico). desenvolver mudanças.

Benefícios do Diagrama

Sua elaboração é muito importante, pois as partes interessadas se reúnem e organizam


conhecimentos. Além disso, ele reduz a tendência de achar uma “verdadeira” causa e funciona
como um meio efetivo para compartilhar conhecimento.

122
Analyze

Diagrama de causa
e efeito: exemplo
Para a elaboração do diagrama, siga os seguintes passos

»» Identifique o efeito a ser estudado e »» Crie sub-ramos com possíveis subcausas


coloque-o na estrutura do diagrama em para cada causa.
uma caixa do lado direito. O efeito pode ser
»» Antes de passar para uma ideia ou
positivo (objetivo) ou negativo (problemas).
causa diferente, explore cada causa ou
»» Desenhe uma espinha de peixe no quadro “ramificação” até sua conclusão, usando a
branco ou em um pedaço de papel, técnica conhecida como “Cinco Porquês’’.
apontando para o efeito.
»» Reserve tempo suficiente para esgotar essas
»» Desenvolva uma lista de possíveis causas discussões em extensão e profundidade.
e/ou fatores que contribuam para o efeito,
»» Mantenha o foco na definição do problema,
utilizando, se necessário, um brainstorming
para assegurar que a sessão não se torne
ou fluxograma do assunto que esteja sendo
muito ampla.
tratado.
»» Quando a dinâmica do grupo diminuir é
»» Os seis M’s (máquinas, métodos, meio
um bom indicador de que as ideias mais
ambiente, medição, materiais, mão de
importantes estão listadas.
obra) ou os 4 P’s (políticas, procedimentos,
pessoas e planta) são comumente »» Identifique as causas mais importantes e
utilizados como ramos iniciais. priorize-as.

Outros Quarto
sujeira
já ocupado
ja

ca

ex

acesso difícil
ne

au
rp
la

et

st

fumante
e

or
es

cobram para estacionar


TV quebrada itens faltando
falta café
ex

te
to i s
le a s

n fon
os

le
al
tr

sem alarme
de e s
ha
ó

Hóspedes
lento dieta especial insatisfeitos
serviço de quarto
r

ha
do

ar
sa
in

úc
ta

pa

le

se
o
pu


uc

nt

m
m
m

po

o
o
ca

te
uc
co

falta informação chave errada


po

pe

comida ruim
ro
o?

va

s
nã e

ta
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es

de
er

p o o lh

f a ala
da

lt a da
es
m

bagagem perdida
uc as

s
fu

m s
as

es
a

Recepção Comida

123
Os “Cinco
Porquês”
A técnica dos “Cinco Porquês” nos ajudará na Devemos sempre continuar perguntando “por
identificação da causa raiz do problema. Para que o problema ocorreu?” para descobrir níveis
cada causa, devemos perguntar “por que o adicionais de causas. Cinco não é um número
problema ocorreu?” para descobrir as causas mágico. Algumas vezes é suficiente usar dois ou
que contribuíram para o problema. três porquês.

Exemplo:

» Por que a entrega atrasou?


» Houve uma quebra do caminhão.
» Por que o caminhão quebrou?
» A mangueira do radiador quebrou.
» Por que a mangueira do radiador quebrou?
» A mangueira tinha mais de dois anos de uso.
» Por que a mangueira tinha mais de dois
anos de uso?
» Estamos atrasados com o programa de
manutenção preventiva.
Críticas ao método
» Por que estamos atrasados com a
manutenção preventiva?
A técnica dos “Cinco Porquês” possui algumas
» A equipe da manutenção esteve envolvida
peculiaridades que acabam sendo criticadas,
em um projeto especial que durou mais do
como: a tendência de parar nos sintomas
que o esperado.
ao invés de aprofundar no nível de causas; a
incapacidade de ir além do conhecimento atual
do investigador, pois não é possível encontrar
as causas que ainda não são conhecidas; a falta
de apoio para ajudar o investigador a fazer o
“porquê” correto; e o fato de os resultados não
serem repetíveis, exemplo: pessoas diferentes
utilizando os “Cinco Porquês” chegam a
diferentes causas para o mesmo problema.

124
Analyze

Causa e efeito:
6M e Observações
6 causas “comuns”

Método Mão de obra Máquina

Meio ambiente Material Medição

Teorias Testar

125
INTRODUÇÃO
AO LEAN
Lean e
o TPS
Desenvolvimento Taiichi Ohno A máquina
de teares assume a planta Crise do que mudou
mecânicos da Toyota petróleo o mundo

1896 1920 1946 1950 1970 1980 1990

Visita da família Deming e Juran Estudo sobre a


Toyoda à planta são enviados indústria auto-
da Ford nos EUA ao Japão mobilística (MIT)

Ainda quando a família Toyoda produzia teares, eles levaram os conhecimentos do controle
em 1896, eles já entendiam como desperdício a estatístico de processos, que se aliaram muito bem
utilização do ser humano para tarefas de inspeção. Na aos pensamentos de reduzir os desperdícios nas
época era necessária uma pessoa por tear, a fim de indústrias japonesas em um cenário pós-guerra.
identificar possíveis defeitos oriundos do rompimento
Em 1970, com a formação da OPEP, os países maiores
dos fios. Com essa mentalidade eles desenvolveram
produtores de petróleo passaram a controlar seu
os primeiros teares mecânicos capazes de identificar
preço, fazendo com que em um curto espaço de
a ocorrência dessas falhas, fazendo as máquinas
tempo os preços disparassem. Com a crise do
travarem para impedir a produção de defeitos. Onde
petróleo, o custo com combustível passou a ser
antes era preciso uma pessoa para inspecionar
um fator importante na escolha do automóvel. Os
a produção de cada tear, tornou-se necessário
consumidores, então, passaram a procurar carros que
ter apenas uma pessoa para corrigir as não
tivessem melhor relação de consumo por quilômetro.
conformidades de um grupo de 30 teares.
Nesse momento, a Toyota conseguiu se posicionar no
Após o término da guerra, o Japão era um país mercado, oferecendo um produto de qualidade e com
devastado e buscava sua reconstrução. Foi nessa um melhor consumo. Esse evento chamou a atenção
época que Taiichi Ohno recebeu a missão de da indústria automobilística, que encomendou
transformar a fábrica de veículos da Toyota com um estudo do MIT para analisar os indicadores de
o intuito de atingir a mesma produtividade das diversas montadoras. Esse estudo acabou por revelar
empresas norte-americanas. Para Ohno, se havia que as empresas japonesas possuíam um melhor
alguma diferença na produtividade entre japoneses desempenho. Posteriormente foi lançado o livro A
e americanos certamente seria em razão dos máquina que mudou o mundo, descrevendo como era
desperdícios. Para conter a expansão russa no a filosofia de produção da Toyota.
oriente, os EUA enviaram ao Japão os pesquisadores
É importante notar que o lean é uma jornada e não
Deming e Juran, com o objetivo de ajudar na
algo rápido de ser implantado.
reconstrução do país. Como discípulos de Shewhart,
128
OS 4P’S
Os 4 P’s e os 14
princípios do TPS
Philosophy (Filosofia)

» 1. Basear as decisões administrativas em uma filosofia de


longo prazo, mesmo em detrimento de metas financeiras de
curto prazo.

Caso Nummi

Construindo a confiança junto aos funcionários.

No início da década de 80, a Toyota e a GM Entre 1987 e 1988, ocorreu um decréscimo na


formam uma joint venture: New United Motor produção, de 75% da capacidade instalada.
Manufacturing (NUMMI). Com isso uma antiga
A decisão tomada foi a utilização da mão de obra
fábrica de caminhões da GM desativada em
para fazer eventos Kaizen, resultando na conquista
Fremont, Califórnia, é reaberta. Com um
da confiança dos funcionários e em maiores níveis
histórico de greves nessa planta, o sindicato foi
de produtividade e índices de qualidade do que em
convidado para integrar as discussões.
todas as fábricas da GM na América do Norte.

130
Analyze

Os 4 P’s e os 14
princípios do TPS
Process (processo)

» 2. Criar o fluxo de processo contínuo para » 3. Usar sistemas puxados para evitar a
trazer os problemas à tona. superprodução.

» 4. Nivelar a carga de trabalho (heijunka). » 5. Construir uma cultura de parar e resolver


Trabalhar como tartaruga, não como os problemas, obtendo a qualidade logo na
lebre. primeira tentativa.

Process (processo)

» 6. Tarefas padronizadas » 7. Usar o controle visual » 8. Usar somente


são a base para a para que nenhum tecnologia confiável
melhoria contínua e problema fique oculto. e completamente
para a capacitação dos testada que atenda aos
funcionários. funcionários e processos.
131
Os 4 P’s e os 14
princípios do TPS
People and partners (pessoas e parceiros)

»» 9. Desenvolver líderes » 10. Desenvolver pessoas » 11. Respeitar sua rede


que compreendam e equipes excepcionais e de parceiros e de
completamente o que sigam a filosofia da fornecedores desafiando-
trabalho, que vivam a empresa. os e ajudando-os a
filosofia e a ensinem aos melhorar.
outros.

132
Analyze

Os 4 P’s e os 14
princípios do TPS
Problem solving (melhoria contínua)

» 12. Ver por si mesmo » 13. Tomar decisões » 14. Tornar-se de


para compreender lentamente por uma organização de
completamente a consenso, considerando aprendizagem através
situação (Gemba). completamente todas as da reflexão incansável
ações; implementá-las (hansei) e da melhoria
com rapidez. contínua (kaizen).

133
Os 4 P’s e os 14
princípios do TPS
Philosophy (filosofia) People and partners (pessoas
e parceiros)
1. Basear as decisões administrativas em uma
filosofia de longo prazo, mesmo em detrimento 9.  Desenvolver líderes que compreendam
de metas financeiras de curto prazo. completamente o trabalho, que vivam a
filosofia e a ensinem aos outros.

Process (processo) 10.  Desenvolver pessoas e equipes


excepcionais e que sigam a filosofia da
empresa.
2.  Criar o fluxo de processo contínuo para 11.  Respeitar sua rede de parceiros e de
trazer os problemas à tona.
fornecedores desafiando-os e ajudando-os
3.  Usar sistemas puxados para evitar a a melhorar.
superprodução.
4.  Nivelar a carga de trabalho (heijunka). Problem solving (melhoria contínua)
Trabalhar como tartaruga, não como lebre.
5.  Construir uma cultura de parar e resolver 12.  Ver por si mesmo para compreender
os problemas, obtendo a qualidade logo na
completamente a situação (Gemba).
primeira tentativa.
6.  Tarefas padronizadas são a base para a 13.  Tomar decisões lentamente por consenso,
considerando completamente todas as
melhoria contínua e para a capacitação dos
ações; implementá-las com rapidez.
funcionários.
7.  Usar o controle visual para que nenhum 14.  Tornar-se de uma organização de
aprendizagem através da reflexão
problema fique oculto.
incansável (hansei) e da melhoria contínua
8. Usar somente tecnologia confiável e (kaizen).
completamente testada que atenda aos
funcionários e processos.

134
Analyze

Os 8
desperdícios
Taiichi Ohno, considerado um dos pais do Sistema Toyota de Produção, listou sete desperdícios que
podem comumente ser encontrados nas organizações e devem ser combatidos em vista de otimizar
a produção, reduzir os custos e diminuir ao máximo o Lead Time, trazendo maior responsividade e
flexibilidade às empresas.

» Além dos sete desperdícios, hoje podemos considerar um oitavo desperdício,


o desperdício intelectual, decorrente da subutilização de mão de obra, ou
seja, alocar pessoas em atividades aquém da suas capacidades.

» Superprodução: é fazer mais produto do que você consegue vender ou fazer


antes da hora. É o mais importante dos desperdícios, pois agrava todos os
outros seis. Por exemplo, você terá que transportá-lo e armazená-lo.

» Transporte: transportar peças pela fábrica. Ocorre entre etapas do processo,


entre linhas, ou para transportar para o estoque.

» Estoque: o mais clássico dos desperdícios. Pode ser na forma de matéria-


prima, WIP (não acabado) ou produto acabado.

» Movimentação: movimentação desnecessária de pessoas, seja procurando


ferramentas, ou qualquer outra movimentação que não agregue valor.

» Espera: trabalhadores parados por qualquer razão como, por exemplo, não
ter matéria-prima para operar.

» Excesso de processamento: quando processamos mais do que o cliente


enxerga como valor. Por exemplo, gastando recursos para gerar um relatório
com diversos indicadores, aumentando o tempo de entrega, quando o cliente
está interessado em apenas um dos dados presentes nesse relatório.

» Defeitos: é o desperdício de produzir refugo, pelo custo da matéria-prima e


do tempo gasto para produzir.

135
Análise
de valor
» O valor de um produto ou serviço é seu que agregam valor e também por
conteúdo inerente, segundo o julgamento atividades que não agregam valor, não
do cliente, refletindo no seu preço de sendo percebidas pelo cliente, podendo as
venda e demanda no mercado. últimas serem necessárias ou não.
» Esse valor é uma combinação de atividades » Uma produção lean visa reduzir as etapas
que agregam valor, sob a visão do cliente. que não agregam valor, eliminando as
etapas desnecessárias, preservando e
» Quando estudamos um processo, vemos
otimizando aquelas que agregam valor aos
que ele é composto por essas atividades
produtos.

É
percebido
pelo
cliente Reflete no
preço do
produto

Valor
É definido
pela ótica
do cliente

Atividade que agrega valor (AV) Podem ser separadas em três categorias:
» São realizadas para direcionar ou apoiar as
» Atividade necessária para produzir um atividades que agregam valor (financeiro,
produto ou um serviço e que adiciona valor RH, planejamento etc.).
sob o ponto de vista do cliente.
» Foram incorporadas ao sistema para:
• Detectar erros, omissões e defeitos.
Atividade que não
• Corrigir erros, omissões e defeitos.
agrega valor (NAV)
• Acomodar desperdícios no sistema como:
demoras, tempos de espera etc.
» Atividade realizada para produzir um produto
ou um serviço, mas que não adiciona valor » São puro desperdício (podem ser
sob o ponto de vista do cliente. simplesmente eliminadas).

136
Analyze

Árvore de
valor
No momento de estudar as atividades que compõem o processo, devemos classificá-las como
as que agregam valor e as que não agregam valor. Posteriormente será preciso definir as ações a
serem executadas de acordo com a classificação.

Atividade

AV NAV

Necessária
Desnecessária

Reduza essas
Acerte o fluxo atividades e sua
interferência no
fluxo de valor
Elimine

Coloque as
atividades em
uma sequência
natural

» Para aquelas atividades que agregam valor, devemos acertar o fluxo e facilitá-las, colocando-
as em uma sequência natural.
» Com relação às atividades que não agregam valor, deveremos realizar uma nova classificação,
verificando se elas são realmente necessárias para a empresa ou não. Para aquelas que não
agregam valor e são necessárias, devemos reduzir ao máximo sua interferência nas atividades
que agregam valor. Já as desnecessárias devem ser eliminadas.
» Por exemplo: as atividades de faturamento não geram qualquer valor sob o ponto de vista do
cliente, por isso em um primeiro momento podemos classificá-las como atividades que não
agregam valor. No passo seguinte, deveremos verificar se essa é ou não necessária para a
organização. Como é impossível imaginar uma empresa sem faturamento, classificamos como
necessária.

137
Tipos de atividades em um
processo – manufatura

Por mais impressionante que possa parecer, dentro das organizações a minoria das atividades são
aquelas que agregam valor. Segundo Hines e Taylor, em empresas de manufatura apenas 5% das
atividades agregam valor, ou seja, a grande maioria dos processos não gera qualquer valor sob o
ponto de vista do cliente. Daquelas que não agregam valor, 60% não são necessárias.

Atividades
necessárias que Atividades que
não agregam agregam valor (5%)
valor (35%)

Atividades que
não agregam valor
e desnecessárias
(60%)

138
Analyze

Tipos de atividades em um
processo – serviços

Ainda segundo Hines e Taylor, a situação é pior quando olhamos para o setor de serviços, onde
apenas 1% das atividades é percebido como valor para o cliente.
Sempre que avaliamos as atividade com foco no pensamento enxuto, temos como ponto de
partida crítico o valor percebido pelo cliente final. Precisamos desenvolver a habilidade de
reconhecer e identificar desperdícios, tendo coragem de chamá-los de desperdício, ter o desejo
de eliminá-los e entender que o desperdício aumenta os custos, não produz benefícios e ameaça
a saúde financeira da empresa.

Atividades
necessárias que Atividades que
não agregam agregam valor (1%)
valor (50%)

Atividades que
não agregam valor
e desnecessárias
(49%)

139
Redução do
LeadTime
É a métrica central do Sistema Toyota de Produção. O LeadTime é o tempo total de produção de
um item, desde a chegada da matéria-prima até a entrega do produto ou serviço. A redução do
LeadTime está diretamente relacionada à eliminação dos desperdícios, reduzindo o tempo em
que o produto fica em uma atividade que não agrega valor. O tempo que o produto ou subproduto
fica em estoque, à espera de processamento ou em movimentação, contribui para o aumento do
LeadTime.

» O LeadTime é o TEMPO total de PRODUÇÃO de um item,


incluindo todas as etapas produtivas e tempos de espera.
» É a métrica central do TPS.

“Tudo o que estamos fazendo é olhar desde


o tempo que o cliente nos dá uma ordem até
o momento em que coletamos o dinheiro...
E estamos tentando reduzir esse tempo
removendo os desperdícios que não agregam
valor.”

Taiichi Ohno

A redução do LeadTime traz grandes vantagens para a organização. Quando reduzimos o tempo
desde a chegada da matéria-prima até a entrega do produto, tornamos a empresa mais responsiva,
ou seja, essa empresa consegue se adaptar mais rapidamente às novas necessidades do cliente. A
redução de estoque reduz o montante de dinheiro imobilizado, melhorando o fluxo de caixa.

» É atingido por meio da » Permite a empresa ser » Traz uma grande vantagem
redução dos desperdícios. responsiva e flexível. no fluxo de caixa.

140
Analyze

A casa
do lean
A casa do lean tem por objetivo reduzir os custos por meio da
redução de LeadTime, mas para isso devemos estar bem estruturados
para que esse objetivo seja alcançado de forma consistente.

Antes de iniciarmos a implantação do lean e efetivamente buscar a redução de custos, precisamos


trabalhar na fundação, que passa por estabilizar os processos e reduzir a variação, estruturando o
trabalho de forma padronizada e organizada.

Objetivo
↓ CUSTO

JIT Jidoka
Melhoria Contínua

» Sistemas puxados » Poka-yoke


/ Kanban » Autonomação
» Operações » Andon
balanceadas no
Tempo Takt
» Redução de lead
time
» Células
» Mínimos
tamanhos de lote

Estabilidade e Baixa Variação


» Melhoria realizada por todos
» Seis Sigma
» Trabalho padrão & 5S

Completada a primeira etapa, partimos para os pilares do lean:

» O Jidoka é autonomação, ou seja, automação com o toque humano, quando as máquinas


conseguem identificar automaticamente quando estão produzindo algum tipo de defeito. Por
exemplo: os teares criados com mecanismo de baixo custo que identificavam quando algum
fio se rompia travando a máquina. Ainda nesse pilar, temos o poka-yoke, “a prova de erro” e o
andon, sinais luminosos e sonoros que indicam a presença ou não de problemas.
» No JIT, just in time, vamos trabalhar com sistemas puxados, kanbans, balanceamento de linha
visando reduzir os desperdícios de superprodução e espera, sempre visando redução de LeadTime.
141
Improve

IMPROVE
Teste de
Mudanças

129
Improve

Testar
mudanças
O Improve é o momento de testar as mudanças que foram
propostas durante o Analyse, essa etapa do roteiro
DMAIC é importante para construir aprendizado.

Nesse momento ainda são esperadas falhas, e essa é a oportunidade de aprender mais e de modo
mais acelerado sobre o processo. Não devemos procurar a mudança perfeita, pois estaremos
utilizando muitos recursos e tempo nessa busca sem nunca iniciar os testes de mudança e,
consequentemente, sem nunca implementar uma melhoria.
Nesse momento do projeto os testes devem ser realizados em ambiente prático, o que sempre
acarreta risco. Dessa forma devemos estar atentos para minimizá-los, então será necessário realizar
esses testes em pequena escala.

Falhas são esperadas Lições aprendidas

Objetivos dos Testes:

» Aumentar o grau de convicção de que a mudança resultará em melhoria.


» Decidir entre as diversas mudanças propostas, qual resultará na melhoria pretendida.
» Avaliar o impacto da mudança nos indicadores.
» Decidir se a mudança proposta funcionará no ambiente de interesse.
» Avaliar custos, impacto social e efeitos colaterais da mudança proposta.

143
Improve

Mudança como
uma predição
Uma predição é:

» Realizada em resposta a » Baseada em uma teoria. » Usualmente em termos de


uma questão. um indicador.

Está implícito em cada mudança uma predição (“dizer antecipadamente”, ”prognosticar”,


”conhecimento antecipado baseado em suposições”) de que a mudança resultará em melhoria.

Lembrando que predição é a resposta que esperamos


para uma questão com base na teoria que elaboramos
a partir do conhecimento construído durante
o projeto. Sempre que quisermos testar uma
mudança, utilizaremos a predição para avaliar
nossas teorias e conhecimento, descobrindo se
realmente estamos no caminho certo da mudança.

144
Improve

Mudança como
uma predição
Grau de convicção (alto, médio ou baixo) Quando os
resultados obtidos
forem diferentes
Para cada mudança proposta temos uma predição e um grau da predição, será
de convicção envolvido, que pode ser alto, médio ou baixo. Esse necessário avaliar e
grau de confiança está relacionado com a segurança que temos reformular a teoria.
em relação ao teste em que estamos trabalhando e no momento
de implantar essa mudança. Quanto maior o grau de convicção
mais seguros estaremos para implementar as mudanças que Esse modelo de tentativa
resultarão em melhorias. e aprendizado é muito
eficiente na construção do
conhecimento, diferença
fundamental quando
utilizamos tentativa e erro.

Mudança do modelo
tentativa e erro para
o modelo tentativa
e aprendizado.
» Avalia se uma mudança » Medida de quão seguro se
resultará em uma está com a predição.
melhoria no futuro.

O grau de convicção é impactado por dois fatores:

Evidência Similaridade entre as condições

» Evidência que suporta a predição, ou seja, » Similaridade das condições onde


comprovação da teoria com resultados que aplicamos os testes com a realidade de
corroboram as predições. implantação, já que em muitos casos
podemos realizar testes em condições
controladas que não necessariamente
serão reproduzidas na realidade.
145
Improve

Movimento: desenvolver,
testar e implementar
Nesse gráfico podemos observar como o grau de convicção de diversas propostas de mudanças se
comporta no decorrer do projeto. No eixo horizontal, temos as fases do roteiro de DMAIC, enquanto
no eixo vertical temos o grau de convicção.

alto Uma mudança


vitoriosa
Grau de convicção de que a
mudança é uma melhoria

Mudança que
necessita de mais
testes

Mudança
fracassada
baixo
Desenvolvendo Testando uma mudança: Implementando
uma mudança ciclos 1, 2, ... uma mudança

Nesse exemplo temos três propostas de mudanças, representadas pelas


linhas, e a evolução do grau de convicção no decorrer do projeto.

» A proposta que inicialmente tinha o maior grau de convicção acabou não se mostrando uma
mudança vitoriosa e foi abandonada.
» A proposta intermediária, que possui grau de convicção médio, vai nos trazendo mais
confiança à medida que vamos realizando os testes e observando que realmente funciona na
prática, até chegar o momento em que temos convicção suficientemente alta para implantar.
» A última proposta ainda não está pronta para implementação e necessita de mais testes para
que o grau de convicção aumente para levarmos essa ideia à fase de implantação.

146
Improve

Tipos de testes –
estudo antes e depois
Base de comparação histórica. Pontos
vulneráveis:
ANTES DEPOIS
50 » Ocorrência de
causas especiais
40 ao mesmo
Tempo de produção

tempo em que
30 mudanças são
feitas.

20 LSC=19.69
X=12.06
10
LIC=4.44
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25

Observação

Com a utilização do estudo antes e depois, poderemos analisar o Efeito


comportamento do processo em dois momentos distintos. Podemos Hawthorne
utilizar os dados históricos do processo para comparação com os
resultados obtidos nos testes. Devemos ficar atentos à ocorrência de
causas especiais simultaneamente ao momento do teste, já que esse O efeito Hawthorne
evento pode mascarar o resultado e a efetividade da mudança. discorre sobre o
fato de que, quando
Podemos utilizar o estudo antes e depois quando: recebem mais
atenção, as pessoas
tendem a melhorar
» Os dados encontram-se disponíveis ou podem ser coletados antes da seu desempenho.
mudança. Como nos testes
estamos direcionando
» Há pequena ameaça de eventos externos ocorrerem ao mesmo
nossa atenção para as
tempo em que é realizada a mudança.
pessoas envolvidas,
» Os dados serão coletados por um longo período de tempo após o desempenho do
realizada a mudança. processo pode ser
impactado por esse
» Há grandes impactos no indicador.
efeito e não apenas
» Não podemos isolar os grupos necessários para comparação pela mudança que
simultânea. estamos testando.

147
Improve

Tipos de testes –
comparação simultânea
Comparação simultânea

» Duas ou mais alternativas são comparadas ao mesmo tempo, mesmo espaço ou sob outras
condições similares

35
35
30
30
vendas
devendas

25
25
NOVO
NOVO
Númerode

20
20 ANTIGO
ANTIGO
Número

15
15
10
10
11 33 55 77 99 11
11 13
13 15
15 17
17 19
19 21
21 23
23 25
25

Índice
Índice

Usar aleatorização Podemos utilizar a comparação


simultânea quando:
» No estudo de comparação simultânea,
testamos todas as nossas alternativas » Duas ou mais alternativas estão sendo
de mudança ao mesmo tempo, estando, testadas.
dessa forma, todos os testes sob os
» Uma alternativa está sendo testada, mas
mesmos efeitos não controlados. Visando
eventos externos podem atrapalhar a
minimizar os impactos desses efeitos,
interpretação dos resultados.
devemos, sempre que possível, utilizar a
aleatorização. » Deseja-se acrescentar condições diversas
durante o teste de planejamento de grupo.

148
Improve

Escopo e escala
de testes
Escala Escopo

» Refere-se ao período ou número de » Por outro lado, refere-se à variedade de


eventos incluídos em um ciclo, tais como condições em que o teste ocorre. Quando
encontros com clientes. Quando você você muda o escopo de seu teste, está
aumenta a escala do teste de mudança, pensando sobre diferenças (diferentes
está pensando sobre mais (mais clientes, clientes, diferentes períodos de tempo,
mais tempo, mais eventos). diferentes funcionários).

Uma regra prática e útil ao projetar ciclos de teste inicial é construir um


teste “1:1:1”, o que significa que o teste vai envolver “um fornecedor, um
cliente, um item produzido”, como a menor unidade de teste.

149
Improve

Princípios para testar


uma mudança
Aumente a habilidade de predizer os resultados do teste.

Quando testamos, devemos construir o conhecimento sequencialmente, utilizando múltiplos ciclos


para conhecer o sistema quando afetado por mudanças sob diferentes condições, sempre tendo em
mente os riscos de falha.

Ferramentas Básicas para Melhoria


Mudanças que
resultam em
melhoria
Aprendizado

ACT PLAN

STUDY DO

ACT PLAN

STUDY DO

ACT PLAN

STUDY DO » Construir o
ACT PLAN
conhecimento
sequencialmente
STUDY DO
» Usar múltiplos
Suposições ciclos
Teorias Tempo » Testar em
Intuições pequena escala

Para aumentar a habilidade de predizer os resultados do teste:

» Coletar dados ao longo do tempo.


» Teste sob uma ampla gama de condições: construir múltiplos ciclos PDSAs para múltiplas
condições, ao invés de tentar englobar todas as condições em um único ciclo, facilitando tanto
o aprendizado quanto a execução dos testes.
» Utilizar grupos planejados: Criar grupos muitos parecidos para testar diferentes mudanças,
avaliando como cada uma impacta o indicador estudado.
» Utilizar amostras estratificadas: Testar a mesma mudança em grupos com características
diferentes a fim de avaliar o impacto em diferentes escopos.

150
Improve

Escopo e escala
de testes
Quando realizamos testes, devemos ter em mente as consequências de um teste, a escala a ser
testada e o grau de convicção na nossa mudança.

Grau de convicção no sucesso

Consequências de Baixa Alta


um teste falho

Um ciclo para implementar a


Pequena Testes de escala média
mudança

Testes de escala muito Testes de escala pequena a


Grande
pequena média

Ações a partir dos testes

Baseados nos aprendizados do teste, uma mudança pode ser:

Aprendizado no teste

Sofrer aumento de
escopo
Abandonada

Testada sob outras


Modificada
condições
Implementada

151
Improve

Matriz
Impacto/Esforço
Através da matriz de Impacto/Esforço, organizam-se as propostas de mudança de acordo com o
esforço necessário para implementar e o impacto dessa mudança no indicador do projeto. Dessa
forma, teremos como priorizar a implantação dessas mudanças, sempre começando com as
propostas de maior impacto e menor esforço, no quadrante superior direito, e implementando por
último as de menor impacto e maior esforço, no quadrante inferior esquerdo.

Impacto vs Esforço

5
Prop 4

4 Prop 1

A proposta 1
3 Prop 3 poderia ser
Impacto

escolhida, pois
2 tem alto impacto
Prop 5 e baixo esforço.
1 Prop 2

0 1 2 3 4 5

Esforço

Algumas perguntas para conduzir Algumas perguntas para conduzir


a avaliação do impacto: a avaliação do esforço:

» Os clientes notarão um benefício imediato? » Será necessário muito treinamento para


que a mudança seja implementada?
» A Mudança causará um alívio nas
pessoas que utilizam os resultados desse » Nós temos recursos para implementar
processo? a mudança (monetários/equipamentos/
conhecimentos)?
» Essa mudança irá causar impacto nas
maiores fontes de problemas identificadas » A resistência das pessoas à mudança será
nas fases anteriores do projeto? muito grande?

152
Control

CONTROL
Implementação
de mudanças

141
Control

Fase
Implement/Control
Objetivo

» Perpetuar os conhecimentos e as melhorias conquistadas


» O principal objetivo da fase Control é compilar os conhecimentos adquiridos no projeto e
documentá-los, deixando claro quais testes deram errado e quais foram adotados como
mudanças que vão gerar melhorias.
» A importância da documentação é para que o conhecimento seja propagado e mantido,
sabendo-se assim quais testes já foram feitos no processo e qual o resultado obtido.

As atividades que
devemos executar
no Control

» Realizar o plano de
implementação.
» Plano de implementação » Documentação
» Documentar o novo
sistema.
» Treinar os envolvidos.
» Monitorar o sistema.
» Estender o conhecimento
e as melhorias
conquistadas.
» Treinamento »» Monitorar
» Celebrar a conquista.

» Estender os conhecimentos » Celebrar a conquista

As atividades estão listadas em uma ordem lógica, mas


devem ser pensadas em conjunto com relação ao plano de
implementação.
155
Control

1. Realizar o plano
de implementação
5W2H

» Um método relativamente simples de gerenciamento de atividades de um projeto

O quê? Quem? Quando? Onde? Por quê? Como? Quanto?


(What) (Who) (When) (Where) (Why) (How) (How
much)

» O plano de implementação deve ser é possível ou demandaria muito tempo


documentado de forma que toda a analisar o custo de uma atividade.) A
equipe saiba quais atividades devem ser ideia é simplificar e deixar claras as
realizadas para que as mudanças ocorram responsabilidades de cada pessoa
e sejam controladas. responsável por uma atividade; e não
complicar e gastar muito tempo pensando
» A documentação pode ser escrita, feita em
na melhor maneira de preencher a tabela.
uma planilha ou com outras ferramentas,
como a mostrada no exemplo, o 5W2H. » O 5W2H, apresentado apenas na etapa
Control, é uma ferramenta extremamente
» O 5W2H apresenta sete informações
útil em diversos contextos e pode auxiliar
que ajudam a organizar a atividade (o
não só o plano de implementação, mas
“O quê?”). Uma boa prática é colocar
também, por exemplo, o início de cada
as atividades já em ordem cronológica,
PDSA, principalmente nas etapas Do e
e, sempre que for finalizada, pode ser
Study, deixando claro quem realizará as
marcada como tal.
atividades necessárias para que os dados
» Não é necessário forçar o preenchimento sejam coletados e analisados.
de todas as colunas, apenas as que mais
» O plano de implementação pode
importarem e forem capazes de ser
contemplar etapas relacionadas com todas
preenchidas. (Ex: Por muitas vezes não
as seguintes do Control.
156
Control

1. Realizar o plano
de implementação
Opções para a implementação

Alguns tipos de abordagem podem ser tomados dependendo do grau de confiança e do risco
relacionado à mudança:

“Simplesmente faça”
Quando se tem alta convicção de que a mudança trará uma
melhoria e o risco relacionado a essa mudança é baixo, pode-se
implementar a mudança rapidamente, para que os resultados
possam ser medidos e compartilhados o mais breve possível.

Paralela
Quando vamos mudar um sistema que demanda um período de
adaptação/adequação ou até mesmo em fases iniciais de teste,
é importante realizar uma abordagem paralela, mantendo o
Sistema ou processo antigo ativo enquanto o novo é testado até
que o grau de convicção aumente.

Sequencial
Use esta abordagem para implementar uma mudança ao
longo do tempo ou por local. À medida que o processo de
implementação for progredindo, faça melhorias com base no que
for aprendendo. Planeje vários ciclos PDSA para conduzir esta
abordagem e incorporar os itens a seguir em sua estratégia:
» Caminho de menor resistência.
» Impacto para melhorias maiores.
» Aprendizagem potencial.
» Disponibilidade e programação de recursos.
» Dependência entre locais.
157
Control

2. Documentar o
novo sistema
Após a implementação das melhorias, é necessário estabelecer práticas que assegurem que as
mudanças se tornarão procedimentos usuais nos negócios. Muitas empresas fazem melhorias no
trabalho e depois descobrem que as pessoas voltaram à forma antiga de fazer as coisas ou que
algum novo problema foi identificado.
» Registro das mudanças que foram implementadas.
» Organizações dependem da documentação para:

Entendimento do Educação e Comunicar mudanças Fornecer atualizações


processo treinamento para as melhores
práticas

A documentação deve: Informações importantes


na documentação:
» Deixar claro quais mudanças foram feitas e
com qual objetivo. » Etapas do processo.
» Documentar o novo sistema, deixando » Definições operacionais.
padronizadas todas as etapas do processo.
» Ferramentas utilizadas no processo.
» Auxiliar a treinar pessoas novas.
» Onde são feitas as medições de
» Auxiliar o entendimento do processo, indicadores.
agilizando para que novas mudanças sejam
Podem ser usadas aqui ferramentas como:
feitas.
fluxograma, VSM, descrição de processo padrão,
É importante que a documentação seja instrução de trabalho, layout do ambiente de
de fácil acesso, se possível que seja trabalho.
constantemente visível para todos e que seja
clara de maneira que qualquer pessoa possa
entender como funciona o processo apenas
com a leitura do documento.

158
Control

2. Documentar o novo sistema


(instrução de trabalho)
Temos aqui um exemplo de instrução de trabalho padrão.

Código do iten:
Data da última Departamento local:
Folha de IXGB2037 revisão:
instrução de Líder: Supervisor:
trabalho Nome do item:
20/10/2015 Desenvolvido por:
Base de vedação

Inspeção de qualidade Tempo WIP


Tempo
de ciclo máximo:
takt:
# Etapa Observação Tempo total:
1.500
Amostra Ferramenta 12
29 caixas

suporte de
1 6
corte

bucha de
2 4
montagem

anel de Instrumento
3 1/1 8
vedação ABC

aplicar o Com as mãos direita


4 4
selante final e esquerda juntas

Cuidar para não


5 embalar 1/1 7
esquecer o selo

A quantidade de informação e a complexidade dependem da quantidade de informação que se


deseja compartilhar e que é necessária para o processo.

Veja que no exemplo são mostrados:

» Data da última revisão (o processo é revisto com determinada frequência);


» etapas com breve descrição, em quais etapas são coletadas amostras (o termo 1/1 indica
que, a cada uma peça que passa por aquela etapa, uma é medida, ou seja, todas as peças são
medidas na etapa 3); e
» informações adicionais como tempo takt do processo e tempo de execução das etapas.

159
Control

3. Treinar os
envolvidos
O treinamento é quase sempre necessário para implementar mudanças.

» Se a mudança for uma mera extensão


do trabalho atual, então uma simples
discussão poderá ser suficiente.
» Entretanto, se a mudança for complexa,
um treinamento extensivo poderá ser
necessário.

Considere o tipo de mudança que está sendo


proposta, quem será incumbido de implementá-
la e o nível de conhecimento e experiência dos
participantes para determinar quanto tempo de
treinamento será necessário.
No treinamento deve ser explicado o porquê
das mudanças (mostrando os resultados
obtidos em testes como argumentos), quais são
as mudanças e como elas serão implementadas.

Há vários níveis de treinamento necessários


dependendo da complexidade da mudança:

» Se vamos apenas mudar uma configuração em uma máquina, por exemplo, basta informar aos
operadores sobre a nova configuração.
» Se vamos alterar as atividades ou etapas de um processo, deve-se orientar as pessoas
responsáveis sobre como essas atividades devem ser realizadas.
» Se vamos implementar um novo Sistema que diversos operadores utilizarão, todos devem
receber o devido treinamento e passar por um período de adequação do novo sistema.

160
Control

4. Monitorar
o sistema
Após as mudanças serem implementadas, é muito importante que os indicadores continuem sendo
medidos. Eles não são medidos apenas para o projeto!

Medição

A documentação adequada não garante que o processo opere como


proposto. Monitorar o processo através de indicadores é um meio
de verificar se as mudanças propostas estão sendo efetivamente
implementadas.
A medição fornece uma fonte de aprendizagem durante a implementação
e um método de manutenção após a implementação.

Gráfico de Controle

Gráficos de tendência (ou de controle) dos indicadores devem


ser utilizados para monitorar o processo depois das mudanças
implementadas.
Uma vez definidos os indicadores e como eles são medidos, é muito
importante o acompanhamento constante, mantendo os sistemas
de medição já conhecidos e com análise contínua de estabilidade
(via gráficos de controle) e outros indicadores de desempenho, como
capabilidade, PPM e DPU.
Lembre-se: Uma mudança só é uma melhoria se ela impacta seu
indicador de maneira duradoura!

Sem o controle via medição não é possível saber se a mudança foi efetiva.

É muito comum sistemas que não continuam sendo monitorados


voltarem ao que eram anteriormente!

161
Control

5. Estender os conhecimentos
e melhorias conquistadas
Aqui, deve-se pensar em todos Além disso, deve-se analisar
os testes e conhecimentos as metas e o quanto falta
adquiridos durante o projeto. para que sejam atingidas
(se ainda não foram).
» Conseguimos replicar a mudança em
outros processos/departamentos/filiais? » Conseguimos com mais tempo atingir as
metas?
» Os testes realizados podem ter resultados
diferentes se aplicados em outros » Quantas mudanças ainda seriam
processos/departamentos/filiais? necessárias?

Observações feitas durante o projeto podem auxiliar em novas propostas de projetos de melhoria
que antes não eram aparentes (quando passamos por um projeto de melhoria aumentamos nosso
conhecimento do processo, e por isso encontramos novas oportunidades).
» Encontramos novas oportunidades?
» Podemos iniciar um novo projeto de melhoria? Ou devemos esperar até que todo o plano de
implementação seja finalizado e a melhoria comprovada?
» Há mudanças que necessitam de investimento não previsto no projeto?

Oportunidades em Recomendações para Onde a gerência Quanto de melhoria


outros áreas? manter os ganhos. deveria empregar os ainda é necessário?
próximos recursos?

162
Control

6. Celebrar
a conquista
Celebre!

É hora de reconhecer os esforços da equipe que tocou o projeto de melhoria.


Mostre os retornos do projeto para todos. Isso ajuda a disseminar a cultura de melhoria contínua!

O reconhecimento é um aspecto importante da celebração e deve


reforçar as fontes intrínsecas de satisfação e motivação.

» Convidar os membros da equipe para a » Reconhecer o esforço de todos


apresentação do projeto

Recompense não só os participantes do projeto, mas também as pessoas que vão atuar no novo
processo:
» Marque uma comemoração.
» Pense em uma premiação de reconhecimento da equipe.
» Parte dos retornos do projeto podem ser divididos entre todos.

Uma pizza para todos Uma pequena


os envolvidos lembrança
163
Control

Estrutura, método
e cultura
Pense menos em discursos
motivadores e mais em mostrar
argumentos a favor da mudança.

A maioria dos especialistas na introdução de


mudanças diria que a mudança cultural leva
tempo e requer que as crenças da organização
sejam mudadas. Desafiar diretamente as Mudança da Mudança
crenças ou atitudes frequentemente criam cultura da das atitudes
resistência mais do que suficiente para bloquear companhia individuais
os esforços de mudança. Para aceitar a
mudança, a maioria de nós precisa compreender
a mudança e saber como ela nos ajuda.
Mudança do
Muitas organizações têm introduzido com comportamento
sucesso a mudança ao alterar a estrutura na
qual as pessoas trabalham.
Mostre as vantagens para todos. Sempre
haverá resistência para que mudanças
aconteçam e agora é o momento de, com Estrutura
uma nova estrutura e métodos, mudar &
pouco a pouco a visão das pessoas com Métodos
relação às mudanças.

Lembre-se

A implementação de uma cultura Lean não acontece do dia para a noite, nem em um mês, e nem
mesmo em um ou dois anos!
Ela é uma evolução contínua de processos e comportamentos em busca da cultura de melhoria e
deve ser pensada a longo prazo. A Toyota demorou décadas para se tornar uma empresa Lean!

164
Control

Pessoas e as
mudanças
“Dando-se oportunidade de escolha entre mudar e provar
que não é necessário mudar, a maioria das pessoas prefere a
segunda alternativa.”

John Galbraith

A frase de John Galbraith mostra a importância de não permitir


que a maneira anterior de se fazer as coisas seja uma alternativa.

A mudança deve:

Ser fisicamente possível Fazer sentido, ser lógica Fazer com que nos sintamos bem

A mudança no nível físico A mudança no nível lógico A mudança no nível


ocorre no mundo material. acentua a base racional, o emocional lida com o coração:
É perceptível através dos motivo para a mudança. As é afetiva e intuitiva. As pessoas
sentidos e sujeita às “leis razões para fazer mudanças têm sentimentos definidos
da natureza”. Diz respeito à e as razões para o tipo de sobre mudança. Para algumas
possibilidade de execução da mudança que se quer fazer pessoas, o que sentem pela
mudança. definem este nível lógico. A mudança será mais importante
educação, a comunicação do que as razões para a
e a análise são veículos mudança. Os sentimentos
importantes para lidar com a das pessoas com respeito à
mudança no nível lógico. mudança incluem:
Todas as pessoas afetadas » Porque precisamos
pelas mudanças devem mudar? A maneira como
Antes de dar
receber explicações sobre as temos feito isto sempre
início a uma
razões para fazê-la antes de funcionou bem!
mudança, estes
aceitarem a mudança no nível
três aspectos » Estas mudanças tornarão
lógico. Entretanto, convencer
devem ser meu trabalho mais difícil?
as pessoas a aceitar uma
considerados.
mudança pode exigir algo mais » Trata-se apenas de um
que apenas lógica. outro programa?
» Terei que fazer isto além
do meu trabalho normal?
165
Referências
Langley, G.; Moen, R.; Nolan, K.; Nolan, T.;
Norman, C.; Provost, L. (2005) The improvement
Handbook: Models, Methods and Tools for
Improvement. API
Langley, Gerald J.; Moen, Ronald D.; Nolan,
Kevin M.; Nolan, Thomas W.; Norman, Clifford
L.; Provost, Lloyd P. (2011) Modelo de Melhoria.
Mercado de Letras.
Hines, P.; Taylor, D. (2000) Going Lean. A guide
to implementation. Lean Enterprise Research
Center. Cardiff, UK.
Moen, Ronald D.; Nolan, Thomas W.; Provost,
Lloyd P. (1999) Quality Improvent through
Planned Experimentation. McGraw Hill.
Schein, E (2010) Organizational Culture and
Leadership, 4th edition, Jossey-Bass
Scholtes, P.; Joiner, B.; Streibel, B. (2003). The
Team Handbook. Oriel.
Senge, P; et. Al. (1994). A Quinta Disciplina,
Doubleday.
Wheeler, Donald J (2000) Understanding
Variation: The Key to Managing Chaos. SPC
Press.

166
A EDTI, com base em uma longa experiência de tra-
balho de consultoria em diversas indústrias, está ple-
namente capacitada para treinar e orientar equipes
em atividades de melhoria, desenvolver processos de
inovação e dar suporte à análise de dados (inteligên-
cia analítica) para subsidiar decisões de negócios.

Para permanecer no negócio e crescer as organizações


precisam canalizar esforços para produzir produtos e
serviços que os clientes desejam e pelos quais estão
dispostos a pagar. Um desafio permanente da lider-
ança é identificar oportunidades para aumentar o
valor de seus produtos e serviços sob a ótica dos
clientes e envolver seus colaboradores em atividades
que transformem as oportunidades em realidade. Isso
requer o domínio por parte da organização de um
método eficiente e eficaz de realizar melhorias.

A EDTI acredita que a formação sólida de seus consul-


tores, aliada à experiência e conhecimento do mercado,
são fundamentais para ajudar a liderança da organ-
ização na exploração de oportunidades de crescimento.

Dr. Ademir José Petenate, Sócio fundador da Escola


EDTI e Professor da UNICAMP desde 1974

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