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Estética Capilar

e Tricologia
Material Teórico
Patologias de Couro Cabeludo e Haste

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Esp. Sandra Rojas Urquizas Moita

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Patologias de Couro
Cabeludo e Haste

• Alopecias Mais Frequentes;


• Alopecias Cicatriciais e Não Cicatriciais;
• Outras Patologias do Couro Cabeludo;
• Síntese de Patologias e Tratamentos.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Atuar sobre patologias de couro cabeludo e haste;
• Conhecer as características de patologias que possam ser tratadas em nível não
médico, sob conhecimentos fisiológicos e a correta aplicação de dermocosméticos
e eletroterapia.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Patologias de Couro Cabeludo e Haste

Alopecias Mais Frequentes


Antes mesmo de discorrer sobre as alopecias mais frequentes, devemos enten-
der o significado da palavra alopecia: derivada do grego alópekia, significa ausên-
cia ou diminuição dos fios, a qual pode acometer determinada área ou pode ser
generalizada – e um mesmo indivíduo pode ter mais de uma das quais.

Existem inúmeras alopecias que acometem o couro cabeludo e as origens ocor-


rem de diversas formas: podem ter herança genética – congênitas –, ou serem ad-
quiridas ao longo da vida. Quando são de origem congênita, o trabalho do terapeu-
ta capilar será postergar os seus efeitos, adiar o afinamento dos fios e proporcionar
maior longevidade dos cabelos do indivíduo. Quando adquiridas, podem estar rela-
cionadas a doenças autoimunes, desequilíbrios emocionais, restrições nutricionais,
agressões físicas ou químicas etc.

Entre as mais comuns, temos: alopecia androgenética masculina e feminina,


popularmente conhecida como calvície; alopecia areata, que a cada dia vem au-
mentando as estatísticas de seu aparecimento; alopecia fibrosante frontal, que é
mais comum entre mulheres menopausadas; líquem plano pilar, alopecias por
tração, eflúvios anágeno e telógeno, entre outras.

Figuras 1 Figuras 2
Fontes: iStock/Getty Images Fontes: iStock/Getty Images

Não importa a quantidade de fios, pois para cada indivíduo a percepção e o


impacto da queda dos cabelos serão percebidos de forma única – neste momento
relembramos a importância de um atendimento humanizado e personalizado.

Alopecias Cicatriciais e Não Cicatriciais


Podemos classificar as alopecias como cicatriciais e não cicatriciais, onde a prin-
cipal diferença é a possibilidade ou não de repilação.

Quando a alopecia é cicatricial ocorre a destruição da estrutura do folículo piloso


e não existe a possibilidade de repilação; enquanto a não cicatricial é uma patologia
onde existe a possibilidade de repilação – os fios voltarão a nascer e a crescer.

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Alopecias Cicatriciais
Como o próprio nome diz, indicam a cicatrização da estrutura folicular, a qual
substituída por uma fibrose devido a um ataque autoimune, onde células de defesa
de nosso organismo atacam a região do bulge, local onde se localizam as células
estaminais que originam novos fios – o nosso organismo combate algo presente
em nós mesmos. A olho nu o aspecto é do couro cabeludo liso, sem a presença
de óstios.

As alopecias cicatriciais podem ser também resultados de exposição a agentes quí-


micos, cortes ou até mesmo tração por tempo prolongado, onde, por consequência
da reparação do tecido, são deixados traços fibróticos no lugar da estrutura.

Leia o artigo intitulado Padrão dermatoscópico das alopecias cicatriciais causadas por
Explor

lúpus eritematoso discoide e líquen plano pilar, disponível em: https://goo.gl/L1MP5F,


o qual apresenta imagens de diversas alopecias e as características da dermatoscopia que
tais patologias apresentam.

Alopecia Fibrosante Frontal


Trata-se de uma das patologias mais co-
muns de causa autoimune, então associadas
a mulheres menopausadas.
Acomete a linha frontal dos cabelos com
a perda progressiva dos fios e na região mais
próxima das orelhas; é comum verificar nes-
sa condição a perda progressiva dos cílios e
das sobrancelhas. Por meio da avaliação do
tricoscópio, observamos a descamação peri-
folicular, inflamação e ausência de óstios. Figura 3
Fonte: Acervo de conteudista

Foliculite Decalvante
Neste caso, a bactéria Staphylococcus areus está presente no processo, ocasio-
nando reações inflamatórias no folículo piloso; é um tratamento prescrito por mé-
dicos, dado que em determinadas situações se faz necessário o uso de antibióticos.

Importante! Importante!

• Se o processo inflamatório não for contido, o quadro pode se agravar em algumas


áreas, provocando a formação de tufos;
• A inflamação severa promove a aglutinação das unidades pilosebáceas;
• Ocorre também uma fibrose inflamatória.

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Explor
O artigo intitulado Foliculite decalvante: o uso da dermatoscopia como ferramenta au-
xiliar no diagnóstico clínico e disponível em: https://goo.gl/56ZC8B apresenta imagens
e informações complementares sobre o tema. Ademais, leia um trecho dessa publicação
sobre tal aspecto:
A Foliculite Decalvante (DF) é uma apresentação inflamatória da alopecia cica-
tricial caracterizada por pápulas e pústulas inflamatórias perifoliculares. É res-
ponsável por aproximadamente 11% de todos os casos de alopecia cicatricial
primária. A doença foi descrita pela primeira vez por Quinquaud no século XIX.
Em 1905, Brocq e colaboradores nomearam os achados clínicos de Quinquaud
como Folliculitis decalvans. Ocorre predominantemente em adultos jovens e
de meia-idade, com uma ligeira preferência pelo sexo masculino, e parece ser
mais frequente em pessoas de origem afro-americana. A etiologia desse pro-
cesso inflamatório não é totalmente compreendida. No entanto, a colonização
do couro cabeludo por Staphylococcus aureus tem sido implicada como um fator
contribuinte. Foi sugerido que o mecanismo de “superantigênios” ou citotoxinas
que se ligam ao MHC de classe II pode desempenhar um papel na patogênese
da doença. A teoria da predisposição genética é apoiada por relatos de casos
familiares de DF. As áreas de vértice e occipital do couro cabeludo estão especial-
mente envolvidas. Geralmente, há apenas um foco da doença, que começa com
pápulas e pústulas foliculares dolorosas e se espalha para as costas. Uma grande
placa de alopecia eritematosa, espessa e endurecida aparece, com uma progres-
são centrífuga. A marca registrada da DF é o desenvolvimento de cicatrizes e
áreas de pústulas foliculares. Queratose folicular, erosões e crostas hemorrágicas
podem ser observadas. Alguns pacientes ocasionalmente relatam sangramento
espontâneo, dor, coceira ou sensação de queimação. A foliculite encapsulada
é um achado comum em pacientes com DF, caracterizada por múltiplos pelos
emergentes de um único orifício folicular dilatado (polytrichia). A história clínica
detalhada do paciente, juntamente com um exame completo de todo o couro
cabeludo, é importante para o diagnóstico. As fotos do couro cabeludo devem
ser tiradas na primeira consulta clínica.

Pseudopelada de Brocq
Alopecia cicatricial que se apresenta em pequenas partes no couro cabeludo,
caracterizado pela evolução lenta e gradual sem sinais de eritema, infecção ou des-
camação. Aparecem manchas branco-marfins e afetam principalmente mulheres
de vinte a quarenta anos de idade e dificilmente atingem grandes áreas e os cabelos
podem ser removidos com facilidade do couro cabeludo.

Líquem Plano
Alopecia cicatricial caracterizada pela presença de descamação perifolicular
e destruição de folículos pilosos. Inicialmente aparecem pápulas associadas à
eritema e descamação, atrofia e cicatrizes subsequentes. É considerada uma
doença autoimune.

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Alopecia por Tração
Tal quadro se desenvolve quando o indivíduo – neste caso, sendo mais comum
em mulheres – utiliza com muita frequência ou por um longo período acessórios
que promovem tração constante como, por exemplo, alongamentos, tranças e
“rabos de cavalo” muito presos.

Você conhece a famosa modelo Naomi Campbell? É presença certa ao tema em diversos
Explor

sites que divulgam imagens da alopecia de tração causada pelo uso constante de exten-
sões capilares.

Eis as características mais comuns dessa alopecia:


• Ocorre aumento na linha frontal;
• No caso de alongamentos, pode ocorrer em toda a borda do couro cabeludo;
• Acontece um afinamento progressivo nas áreas de maior tração;
• Poderá haver melhora caso as medidas adequadas sejam realizadas o quan-
to antes.

Alopecias Não Cicatriciais


Basicamente resultam na perda de cabelos e/ou pelos, sem atrofia folicular. Sig-
nifica que se o fator causal for percebido e tratado, torna-se possível cuidar dessa
disfunção e ter uma repilação da área com ausência dos fios.

Ademais, é importante lembrar que:

Independentemente da disfunção, é contra os princípios éticos prometer a cura;


• Quanto antes forem iniciadas as medidas terapêuticas ao controle da causa,
melhor será o resultado;
• Não confunda “não cicatricial” com “melhoria certa”, afinal, dependendo do
fator causal podemos ter perda crônica ou genética, ou ainda as duas condi-
ções associadas;
• Em alguns casos, deve-se estabelecer parcerias com outros profissionais da
Saúde para que os recursos possam ser mais significativos e abundantes.

A seguir conheceremos a alopecia mais recorrente em nosso dia a dia.

Alopecia Androgenética
A palavra androgenética vem de andro – ação dos andrógenos –, mais ge-
nética – herança poligênica –; é a forma mais comum de alopecia, podendo
ser encontrada em ambos os sexos, apresentada de modo variável, sendo leve,

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moderada ou grave; ademais, pode ser herdada tanto do pai quanto da mãe ou
até pular gerações.

O organismo humano possuí o hormônio testosterona, que quando sofre a


ação da enzima 5 alfa reductase, transforma-se em Dihidriotestosterona (DHT),
ligando-se ao andrógeno que provoca a queda capilar.

Figuras 4 Figuras 5
Fontes: iStock/Getty Images Fontes: iStock/Getty Images

As suas características clínicas são as seguintes:


• Afinamento crônico e progressivo dos cabelos, chamado de miniaturização,
causando perda qualitativa e quantitativa dos fios;
• Hiperprodução das glândulas sebáceas devido ao aumento dos andrógenos;
• Mudança de coloração dos fios, acometidos pela AGA;
• Aumento de pilificação em outras áreas do corpo, tais como dorso, tórax,
braços, pernas e barba;
• Existem amplos relatos da presença
de prurido na região da calvície, de-
vido ao aumento de mastócitos na
área, que produz e libera histamina,
causando esse prurido;
• Diminuição da fase anágena e au-
mento da etapa telógena.

A literatura trabalha com tabelas que


demonstram os graus de calvície. Apre-
senta, então, escalas validadas de forma
acadêmica e referencial para estudos e
pesquisas, sendo a mais utilizada denomi-
nada escala de Hamilton – Norwood.
A seguir veja, segundo essa tabela, o pa- Figuras 6
drão masculino de perda dos cabelos: Fontes: iStock/Getty Images

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Explor
Podemos mensurar o impacto da perda dos cabelos em cada indivíduo? Como fica a autoestima?

Figuras 7
Fontes: iStock/Getty Images

Alopecia Androgenética Masculina


Desencadeada também pelo fator genético que causa o afinamento da fibra e,
consequentemente, a densidade dos fios; costuma começar no final da adolescên-
cia ou início da fase adulta, de modo que a evolução ocorre de maneira mais inten-
sa próximo aos trinta anos de idade. É facilmente identificada pelo seu padrão, o
qual se manifesta no topo e na região frontal.

Alopecia Androgenética Feminina


Pode ocorrer em qualquer fase da vida, sendo mais comum após os quarenta
anos de idade ou no início da menopausa, pois nessa etapa os hormônios estão
em desordem; pode estar associada também a alterações endócrinas que tenham
predominância da testosterona. Na mulher, o nível normal de testosterona é cerca
de 1%, de modo que qualquer índice acima desse patamar causa distúrbios na pele
e no pelo.

Por conta da produção de estrógenos, diminui a ação dos andrógenos causado-


res da queda capilar. Quando a mulher entra na menopausa, os níveis de estrógeno
caem, favorecendo o aumento de testosterona, provocando a ação da 5 alfa redu-
tase – que se transforma em di-hidrotestosterona.

As mulheres possuem seis vezes mais aromatase, fato raro em mulheres com
padrão de calvície tão acentuado quanto nos homens. Outro fato estatisticamente
comprovado é observar o alto índice de mulheres com síndrome do ovário poli-
cístico e hiperplasia adrenal, que tenham algum padrão de Alopecia Androgené-
tica (AAG).

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Assim como a masculina, a calvície feminina é classificada em padrões validados


de forma acadêmica e chamados de escala de Savin.

Figuras 8
Fontes: iStock/Getty Images

Diagnóstico
O diagnóstico é realizado por meio de uma ficha ade anamnese detalhada, mais
exame físico, tricoscopia digital e exames laboratoriais onde são verificadas as taxas
hormonais e exclusão de outras causas, tricograma, teste genético e, em alguns
casos raros, biópsia. Tal atuação diagnóstica, conforme visto na Unidade anterior,
é executada por diferentes profissionais.

O tricologista não médico e o terapeuta capilar podem realizar a ficha de ana-


mnese, sendo que alguns exames físicos e a tricoscopia – ou videodermatoscopia
– são solicitados e analisados pelo tricologista, quem prescreve orientações medi-
camentosas e procedimentos invasivos.

Alopecia Areata (AA)


A alopecia areata ou pelada é uma doença que acomete aproximadamente 2%
da população; é caracterizada por placas circulares de ausência de pelos, geralmen-
te ocorre de forma repentina e não apenas no couro cabeludo, mas também em
outras áreas do corpo, tais como barba e sobrancelha.

É considerada autoimune onde as células de defesa atacam o folículo, causan-


do queda capilar. Alguns fatores podem ser associados ainda ao aparecimento da
alopecia areata: a ordem genética que, em 20% dos casos de AA, manifesta-se em
eventos similares na família e está associada a doenças congênitas.

Fatores imunológicos têm indicação de associação à AA por serem encontrados


altos níveis de linfócitos -T ao redor dos folículos da área afetada, constatando-se
associação com urticária e vitiligo.

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Pode afetar indivíduos de ambos os sexos, mas parece ter preferência pelo gê-
nero masculino, sendo encontrada em qualquer idade, embora com picos entre 15
e 29 anos; é causada por fatores emocionais, igualmente observada após traumas
físicos, particularmente encefálicos.
AA não tem repercussão sistêmica – sem sintomas. Nos quadros em que acomete
menos de 40% do couro cabeludo, tende a ser autoeliminada, ocorrendo a repilação
em mais ou menos um ano. Uma característica evidente durante a repilação é ob-
servar que no início os cabelos repilam brancos, depois voltam à coloração normal.

Figuras 9
Fontes: iStock/Getty Images

Diagnóstico
Existem ainda algumas classificações de alopecia areata, vejamos:
• Pelada decalvante: considerada a mais grave, pois compromete áreas múlti-
plas, as quais posteriormente se juntam;
• Pelada em coroa ou ofíase: forma mais clássica encontrada em crianças;
possui prognóstico desfavorável, iniciando na nuca e progredindo para frente
pela orla do couro cabeludo;
• Total: quando atinge todo o couro cabeludo;
• Universal: quando atinge todos os pelos do corpo;
• “Maria Antonieta”: rara porque torna todo o cabelo branco em pouco tem-
po, sem haver significativa perda dos fios.

Eflúvio Telógeno
É um tipo de queda capilar que acomete tanto homens como mulheres. Costu-
ma estar associado a situações do dia a dia às quais muitos não dão importância,
mas que influenciam no crescimento capilar, interrompendo-o e comprometendo
excessivo número de fios entre a chamada fase telógena.

Observações:
• Ocorre uma mudança dos fios da fase anágena à telógena em curto intervalo
de tempo;

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• Perda quantitativa dos números de fios no couro cabeludo;


• Inicialmente pode ser confundido com alopecia androgenética – calvície;
• Pode ocorrer por mudanças drásticas no organismo;
• É possível a normalização da queda e a reposição pilosa se o fator causal for
controlado;
• Eflúvio agudo até onze meses – acima disto é considerado crônico;

Apesar de afetar ambos os sexos, as mulheres são mais agredidas por essa dis-
função devido às oscilações hormonais.

Figuras 10
Fontes: iStock/Getty Images

Eflúvio Anágeno
Trata-se da queda que dura, em geral, de uma a quatro semanas, causada pelo
processo de inibição da divisão celular folicular, provocando a inibição súbita da
produção de cabelos e queda generalizada, sem sintomas prévios, onde a recupe-
ração dos cabelos ocorre com a parada da agressão.

É comumente observada em pacientes que passaram por quimioterapia, mas


também pode ser constatada em pessoas que sofreram envenenamento por
arsênico, sais de tálio ou substâncias semelhantes, defeitos na produção de hormô-
nios associados a síndromes de cushing, hipotireoidismo, diabetes de tipo 2 e oca-
sionalmente de tipo 1, deficiência extrema de ferro, cobre, biotina, ácidos graxos
essenciais, vitamina C ou drogas.

Figuras 11 Figuras 12
Fontes: iStock/Getty Images Fontes: iStock/Getty Images

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Outras Patologias do Couro Cabeludo
Seborreia
A seborreia é uma patologia de couro cabeludo com características simples,
sendo muito comum, pois se trata de excesso de oleosidade com ausência de infla-
mação ou descamação, associada a problemas hormonais, ambientais, climáticos
e/ou nutricionais.

Dermatite Seborreica
A dermatite seborreica é uma patologia que acomete não apenas o couro cabe-
ludo, mas também algumas áreas do rosto, tais como sobrancelhas, abas do nariz
e atrás das orelhas, podendo aparecer também no tórax.

Tratam-se de placas de descamação com vermelhidão por haver um processo


inflamatório na região. A pele torna-se áspera, de modo que a descamação será
seca ou gordurosa, fina ou grossa, podendo variar ainda de cor do acinzentado ao
amarelado; além disso, em alguns casos é relatada a presença de prurido.

Dermatite Seborreica do Lactente


Esta dermatite surge no recém-nascido e é caracterizada por uma descamação
gordurosa e aderente, podendo atingir o tronco, a nuca, face, axila e as regiões
genitais; contudo, tende a melhorar gradativamente.

Caspa
É uma descamação fina, assintomática e que em alguns casos apresenta prurido;
mas, na verdade, o principal fator é o desconforto social por ser antiestética – a
participação de fungos é secundária.

Figuras 13 Figuras 14
Fontes: iStock/Getty Images Fontes: iStock/Getty Images

Psoríase
Trata-se de uma doença autoimune, multifatorial e que tem como característica
lesões descamativas elevadas com bordas bem definidas e um eritema vermelho

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brilhante que pode afetar o couro cabeludo e todo o resto do corpo, inclusive unhas
e articulações.

Essa descamação se manifesta pelo desequilíbrio na proliferação celular – au-


mentada –, comprometendo o processo de queratinização da célula, fazendo com
que chegue ainda mole na camada córnea. Situações de estresse, traumas, altera-
ções metabólicas e endócrinas são fatores associados.

Podendo desencadear surtos, acomete a ambos os sexos, causando grande im-


pacto na vida social do indivíduo.

Figuras 15 Figuras 16
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Foliculite
É uma infecção que ocorre nos folículos, causando pápulas. Pode se manifestar
em qualquer parte do corpo que tenha estrutura folicular, sendo causada por bacté-
rias ou fungos. Comumente apresenta prurido, vermelhidão e dor.

Pitiríase Amiantácea
Doença considerada autoimune, conhecida como pseudotínea amiantácea;
trata-se de uma síndrome clínica que acomete o couro. De fácil reconhecimento
por apresentar forte descamação que se adere ao cabelo – fazendo com que fique
aderido ao couro cabeludo –; quando essas placas de descamação são removidas,
o cabelo tende a sair junto com facilidade.

Tricoses
São afecções dos pelos, afetando a haste capilar e caracterizadas por alterações
qualitativas e quantitativas; têm origem congênita por má formação, transmissão
genética, ou ainda adquirida, podendo ser causadas por escovação, ato repetitivo
de pentear, superaquecimento, danos químicos e/ou radiação ultravioleta. Nas al-
terações qualitativas estão incluídos distúrbios pigmentares e displasias pilosas; as
quantitativas incluem alopecias, hipertricoses e hirsutismo.

Quando a causa é genética não existe tratamento – a não ser manipular os ca-
belos com cuidado.

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Tricorrexe Nodosa
Refere-se a uma ruptura na haste capilar em forma de pincéis justapostos devido
a fatores externos que fatalmente romperão os cabelos; a característica observada
a olho nu corresponde a pontos brancos pela haste.
Explor

Tricorrexe Nodosa, disponível em: https://goo.gl/Awah2M

Tricoptilose
Popularmente conhecida como pontas duplas, pode ser resultado da tricorrexe
nodosa, caracterizada por cabelos frágeis, quebradiços e bifurcados, resultado do
desgaste das cutículas que expõem as fibras do córtex.

Figuras 17
Fontes: iStock/Getty Images

Triconodose
Caracterizada pela presença de nós pela haste e que podem estar em qualquer
parte da fibra, relacionáveis ao desgaste mecânico, tiques nervosos, podendo atingir
até mesmo pelos pubianos, sendo mais comum em cabelos crespos ou muito finos.

Molinetrix
Doença rara, autossômica dominante, que produz cabelo com diferença de diâme-
tro, determinando um padrão de rosário e comumente surgindo na infância. Dada a
fragilidade, os fios são curtos e as fraturas acontecem nas hastes. As porções dilatadas
ocorrem em intervalos regulares, sendo que na parte mais estreita não há medula.

Buble Hair
Resultado de superaquecimento da fibra capilar por meio de instrumentos de ca-
lor, tais como piastra ou secador. Podem ser observadas microscopicamente bolhas
no interior da fibra – esse processo ocorre quando a água no interior dos fios eva-
pora de forma rápida, causando lesões significativas no interior da fibra, podendo
danificar de modo severo o córtex e a medula.

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UNIDADE Patologias de Couro Cabeludo e Haste

Explor
Buble Hair, disponível em: https://goo.gl/aCgRjA

Hisurtusmo
É o aumento da quantidade de pelos na mulher em locais usuais ao homem, tais
como queixo, buço, abdome inferior, ao redor dos mamilos, entre os seios, glúteos
e na parte interna das coxas.

Hipertricose
Pode afetar tanto os homens como as mulheres.

Nessa doença, os pelos crescem por todo o corpo, mesmo em áreas que não
costumam ter cabelos.

Tricodinia
Ocorre quando o paciente manifesta desconforto, dor ou aumento da sensibili-
dade do couro cabeludo.

Tricoglifos
Conhecidos popularmente como redemoinhos, ou seja, grupos de cabelo for-
mando imagem de espiral.

Tricoptilomania
Ato compulsivo de extrair cabelos, embora pelos de outras regiões também pos-
sam estar envolvidos. É uma dermatocompulsão comum em crianças, produzindo
áreas de alopecias consequentes à manipulação contínua e patológica dos cabelos.

Tricofagia
É uma compulsão que consiste em arrancar os pelos e ingeri-los. Pode ser de
qualquer área pilosa – não somente do couro cabeludo –, tais como sobrancelhas,
cílios, pelos dos braços, das pernas, axilas, ou até mesmo pelos pubianos. Em
casos extremos, é necessário fazer cirurgia para a remoção dos novelos que se
formam no estômago e/ou intestino.

Importante! Importante!

Nem todos os indivíduos que arrancam os próprios pelos – tricotilomania – sofrem


de tricofagia.

Como efeito, essa doença causa baixa autoestima nos indivíduos; em casos mais
avançados esses podem vir a utilizar perucas como ferramentas de camuflagem.

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Síntese de Patologias e Tratamentos
Existem várias patologias que podem acometer o couro cabeludo e cabelo, entre
as quais temos as alopecias – cicatriciais ou não –; e algumas que causam processos
inflamatórios na pele do couro cabeludo, assim como o aumento de oleosidade,
processos descamativos e que comumente apresentam prurido.

A maior parte dessas patologias apresenta mais de um sintoma e/ou sinal carac-
terístico, de modo que para tratar tais enfermidades contamos com vários recursos
terapêuticos, tais como aromaterapia, eletroterapia, fototerapia e expedientes cos-
méticos, sendo elegidos os recursos e a frequência de tratamento de acordo com a
necessidade de cada indivíduo e protocolo totalmente personalizado.

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UNIDADE Patologias de Couro Cabeludo e Haste

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Tratado das doenças dos cabelos e do couro cabeludo
PEREIRA, José Marcos. Tratado das doenças dos cabelos e do couro cabeludo. São
Paulo: DiLivros, 2016.

 Vídeos
Palestra “LED e laser na alopécia capilar” - Dra. Caroline Cervi
https://youtu.be/rVh4ns4uVIM
Alopecias Cicatriciais: Foliculite Decalvante
https://youtu.be/xZ7W5iHVRjk
Dermatology - Alopecia: By Najwa Somani M.D.
https://youtu.be/DvnJ6qZkaBA

 Leitura
Queda de cabelo induzida pelo stress
https://goo.gl/4s5mTy
Pitiríase amiantácea: aspectos clínicos e dermatoscópicos e microscopia de tufos capilares
https://goo.gl/JncJiW
A Brief Overview of the Role of Drugs and Novel Methodologies on the Stability and Growth of Hair Follicles: An
Approach Towards Hair Regeneration
Uma breve visão geral do papel das drogas e novas metodologias na estabilidade e
crescimento dos folículos capilares: uma abordagem para a regeneração capilar
https://goo.gl/N6v3Fr

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Referências
ARRUDA, L. H. F.; CAMPBELL, G. A. M.; TAKAHASHI, M. D. F. Psoríase. [S.l.:
s.n.], 2001.

DECICO, J. E.; FURLAN, F. Revisão – alopecias cicatriciais primárias. Scarring


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ESTRADA, B. et al. Padrão dermatoscópico das alopecias cicatriciais causadas


por lúpus eritematoso discoide e líquen plano pilar. Anais Brasileiros de Derma-
tologia, v. 85, n. 2, p. 179-183, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
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HALAL, J. Tricologia e a química cosmética capilar. São Paulo: Cengage Le-


arning, 2011.

LEITE JUNIOR, A. C. Como vencer a queda capilar. São Paulo: Caeci Edito-
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MULINARI, F. Revisão/alopecias: avaliação inicial. RBM, v. 69, ago. 2012. Dis-


ponível em: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_mate-
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PEREIRA, J. M. Eflúvio telógeno após dermatite de contato no couro cabelu-


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