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Parques Sonoros
Parques Sonoros
PARQUES
SONOROS
da Educação Infantil
Paulistana
Sonia Larrubia Valverde; Alessandra Arrigoni; Ivone Mosolino; Juliana Manso Presto;
Patrícia da Silva; Rosangela Gurgel Rodrigues; Viviane de la Nuez; Vitor Helio Breviglieri;
Lissa Marchesini dos Santos.
A música como linguagem precisa ser explora- Na busca de uma nova forma de trabalho, ou ao
da nas Unidades de Educação Infantil a fim de menos uma boa reflexão sobre esta temática na
proporcionar aos bebês e crianças a expressão formação, a Divisão de Educação Infantil selecionou
do seu imaginário e o prazer de descobrir e pesquisadores e estudiosos que ajudam a pensar
inventar novos sons. Essas experiências possi- como acrescentar maiores desafios para os bebês
bilitam que as crianças explorem e vivenciem e crianças e a compreender melhor toda a musica-
situações de um processo criativo musical por lidade que envolve as crianças bem pequenas.
meio da exploração dos sons do ambiente, pes-
quisando, criando, imaginando, individualmente Na Educação Infantil da Rede Municipal de Ensi-
ou em grupos, sons e objetos sonoros constru- no de São Paulo temos professoras que trabalham
ídos com diferentes materiais do cotidiano e com as crianças pequenas nos Centros de Educa-
reciclados. Outro aspecto a considerar é a for- ção Infantil (CEIs), nas Escolas Municipais de Edu-
mação in lócus nos horários coletivos para as cação Infantil (EMEIs), algumas delas nos territórios
professoras das Unidades Educacionais. Nesses dos Centros de Educação Unificado (CEUs), nos
momentos busca-se ressignificar e problemati- Centros Municipais de Educação Infantil (CEMEIs)
zar conceitos de música, instrumentos musicais e nas Escolas Municipais de Educação Bilíngue para
e escuta musical no trabalho desenvolvido com Surdos (EMEBS), instituições que atendem crianças
os bebês e crianças. entre zero e cinco anos. A maioria destas profis-
sionais da infância recebe uma formação inicial que
não contempla as linguagens artísticas e a lúdica.
“...Ele é muito legal e ele nasceu Diante disso, a formação das professoras da primeira
pra ser legal” (Criança de EMEI) infância precisa ser pensada no sentido de aprimorar
olhos e ouvidos para a escuta de bebês e crianças,
respeitando a sua música nada convencional, porém
Os pontos de partida para a formação são: muito séria e que resulta numa paisagem sonora,
que vai se construindo ao longo da vida.
• As experiências das professoras como pes-
quisadoras, com assessoria de um formador Nesta construção, os bebês e crianças mostram
ou de um arte educador com especialização autonomia para escolhas e seleções de sons, des-
em música. de que não sejam tolhidas disso. Ou seja, quando
as professoras compreendem este barulho das
• A revisão das práticas cotidianas da Unida- crianças, acabam por ajudá-las a “afinar seus ou-
de Educacional, identificando que a música vidos”, termo utilizado por Schafer (1991). Nes-
está presente em muitos momentos além te contexto, as professoras precisam conhecer
dos cantos, dos momentos de eventos, na as propriedades dos sons, experimentar a escuta
cantoria nos horários de entrada, de refei- dos ambientes internos e externos e assim come-
ções e de atendimento ao calendário esco- çar a compreender os sons da infância.
lar, apresentando outras possibilidades do
trabalho com a linguagem musical para as O convite deste Projeto é para que todos os
crianças pequenas. adultos exercitem suas escutas dos sons a sua-
• Assegurar, aos docentes nas Unidades inscri- • Estar disponível para trabalhar nas Unidades Edu-
tas, estratégias artístico-pedagógicas que valo- cacionais atribuídas, de acordo com os horários
rizem, ressignifiquem, divulguem e promovam de JEIF das Unidades;
A proposta do Projeto Parques Sonoros leva para Nas andanças e encontros realizados pela Coor-
dentro das Unidades de Educação Infantil a músi- denadoria Pedagógica – COPED/ Divisão de Edu-
ca, o lúdico, a formação das professoras e a inter- cação Infantil - DIEI nas Unidades Educacionais
venção sonora nos espaços internos e externos selecionadas para implantação do Projeto Parques
da Unidade, numa ação conjunta de toda a equipe Sonoros, foram se desvelando de forma simples as
escolar, com a ajuda de um formador que se dedi- ações, experiências e encantamentos dos olhares,
ca a cada Unidade onde atua, durante os horários falas e imagens de todos os envolvidos.
coletivos, viabilizando o estudo para as professo-
Dessa forma, a organização do tempo e dos es-
ras e discussões e reflexões sobre as ações que
paços nas Unidades deve privilegiar as relações
acontecem dentro da sala com os pequenos e, aos
entre os bebês e as crianças com a mesma idade
poucos, vão saindo e se tornando instrumentos e
e também de faixas etárias diferentes, suas esco-
brinquedos do lado de fora. É uma ocupação dos
lhas e autonomia, a acessibilidade aos materiais, o
espaços com brinquedos sonoros construídos
deslocamento pelas salas e outras dependências
por diferentes atores, sobretudo as crianças.
da instituição e fora dela. (São Paulo, 2014a)
Referências
AKOSCHKY, Judith. Cotidiáfonos: instrumentos so- nº 01/13: Avaliação na Educação Infantil: aprimorando os
noros realizados com objetos cotidianos. Buenos Aires: olhares. São Paulo: SME / DOT, 2014a.
Ricordi, 2001.
SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Dire-
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares toria de Orientação Técnica. Programa Mais Educação
Nacionais para a educação Infantil. Brasília: MEC, 2009. São Paulo. São Paulo: SME/DOT, 2014b.
BRITO, Teca A. Música na educação infantil. 2.ed. São SCHAFER, Murray. Ouvido pensante. São Paulo: Ed.
Paulo: Peirópolis, 2003. Unesp, 1991.
DELALANDE, François. Le condotte musicali. Bologna SEDIOLI, Arianna. Il libro dei giochi sonori. Trento (ITA):
(ITA): Clueb, 1993. Nicolodi, 2005
SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. ZOCCATELLI, Barbara (Org.). I giochi musicali dei piccoli.
Diretoria de Orientação Técnica. Orientação normativa Bérgamo (ITA): Ed. Junior, 2003. p.49-90. (Quaderni Operativi).
Para a construção dos Parques Sonoros foi neces- Um dos objetivos deste projeto foi ampliar o con-
sário, por meio da formação das professoras, que- ceito de música, proporcionando escutas musicais
brar, romper com o conceito tradicional de música, e de sons de todas as fontes locais e externas às
onde ela só acontece por meio do canto de reper- Unidades, trazidas pelas professoras e pelas crian-
tórios midiáticos e da cultura popular. O que se ças, além de repertório instrumental e musical de
quer com este projeto é ressignificar o conceito de diversos gêneros.
música, trazendo a música instrumental, as constru-
ções e criações de brinquedos sonoros, o princípio Outro objetivo importante foi o de estender
da organização dos sons indo além da sinfonia, da o olhar de todos para os espaços e sons das
canção, da afinação, entre outras concepções. Unidades, refletir sobre as possibilidades so-
noras e instrumentais que podem ser constru-
Partimos da frase:“Tudo é música” que quer dizer ídas por meio da formação in loco. O resulta-
onde há som existe música. Hermeto Paschoal, do disso serão os brinquedos e instrumentos
multinstrumentista, compositor brasileiro autor criados para cada espaço educativo envolvido
desta frase, diz que podemos fazer música com com o projeto.
tudo. Com isso amplia-se o conceito de música,
porque se levam em consideração os sons produ- Faz parte deste projeto o acompanhamento
zidos por diferentes fontes com a participação de de SME de todo o processo que ocorre nas
todos: bebês, crianças, professores e grupo escola Unidades, desde os encontros de formação de
em geral, tornando o ambiente sonoro/musical. professores até a construção e manutenção
Formador do Projeto Parques Sonoros desde 2015. Músico e educador social, compositor,
instrumentista, artista plástico, é um dos fundadores, músico compositor e luthier do Grupo
Experimental de Música – GEM.
EMEI Armando de
Arruda Pereira
conhecimento para todos, tanto como o desen- um campo conceitual em desenvolvimento, pode
volvimento motor, social, afetivo, cognitivo, cultu- assumir vários formatos e suportes. De qualquer
ral e intelectual. forma, desenvolve a função de encantamento com
música, assim como possibilita o reaproveitamen-
É a realização de um espaço onde as crianças com- to sonoro do ambiente, seja ele urbano ou rural.
põem música em tom de liberdade e brincadeira.
Desenvolvem o conhecimento musical da maneira Música, som, luthieria, instrumentos musicais, brin-
mais natural possível. quedos, fontes sonoras, artes visuais, escultura,
paisagem sonora... Todas essas artes e conceitos
Do mesmo modo, é uma oportunidade de expe- devem ser unificados em um único olhar para que
riência com a música para aqueles que não têm possamos proporcionar a profunda experiência
acesso, estímulo ou interesse à prática musical, de um parque sonoro.
independente da faixa etária. Aproxima o público
leigo do intelectual, assim como aproxima a brin-
cadeira do conhecimento. Referências
SCHAFER, R.M. A afinação do mundo. 2. ed. São Paulo:
Para a educação musical brasileira, assim como
Unesp, 2011
para muitos lugares do mundo, o parque sonoro
é uma linguagem nova, tanto no campo acadêmi- SCHAFER, R.M. O ouvido pensante. 2. ed. São Paulo:
co quanto no campo lúdico e didático. Como é Unesp, 2011
centram seus métodos e práticas no elemento a reflexão teórica e atividades práticas com obje-
primordial que constitui a música: o som. São tivo de problematizar os conceitos sobre música
práticas que envolvem percepções auditivas, em sala de aula para bebês e crianças da Educação
apropriação e criação sonora. Infantil. Assim, tem dentre seus objetivos ampliar
as possibilidades de brincadeiras e a apreensão de
A partir desse pressuposto, proponho algumas conceitos específicos da linguagem dando ênfa-
questões para nortear nossa discussão: como se a experiências lúdicas com música, vivenciar a
proceder para que o som seja percebido e vi- exploração de diversos sons, perceber conceitos
venciado pelos bebês e pelas crianças? O que musicais e sugerir proposições para mudança de
enfatizar para que o ato de ouvir se torne pra- olhares com relação aos objetos do cotidiano e
zeroso para crianças em um mundo tão ruidoso ao espaço físico da escola.
e cada vez menos pensado para nossos ouvidos?
Como as crianças conseguem perceber os sons Desta forma, o projeto absorve em seu aconte-
que nos rodeiam? Nossas práticas musicais com cimento a construção de variados objetos que
as crianças podem trazer à tona a experiência produzem sons. Os primeiros estímulos que en-
sonora de diversas formas? corajo os educadores a realizarem são as práti-
cas de atividades sobre percepção sonora. Desde
muito cedo é possível estimular o contato dos be-
Ouvir? Claro que ouço! Será? bês e das crianças com a diversidade sonora que
nos rodeia e as práticas de exploração dos sons
O projeto Parques Sonoros proporciona aos edu- com objetos diversificados são primordiais para
cadores da Rede Municipal de Ensino de São Paulo
• atividades de percepção da intensidade8 dos Dedico esse capítulo à distinção entre a brinca-
sons: cantar ou tocar variados tipos de mate- deira exploratória e a brincadeira construtiva,
riais ou instrumentos da bandinha. O educa- acreditando ser uma a conseqüência da outra, e
dor deve utilizar gestos para demarcar os sons sabendo que, na verdade, não ocorrem separa-
que deseja maior ou menor intensidade. damente, nem são compartimentos estanques.
O objetivo dessa distinção é facilitar ao leitor
• atividade de recriação da paisagem sonora9: entender a dialética entre o espontâneo e o or-
Após a audição da paisagem sonora da escola, ganizado, o caótico e o ordenado presente nas
sala de aula e entorno, o educador deve propor brincadeiras infantis; além disso, nas atividades
que as crianças criem diversas paisagens so- de expressão, esses dois momentos (de ex-
noras em grupos. Elas mesmas ou o educador ploração pura e simples e de construção mais
podem sugerir locais: rua movimentada, estádio elaborada e sofisticada) também acontecem de
de futebol, floresta, cidade pequena, escritório, forma integrada para a criança (MACHADO,
2007, p. 59).
8 Intensidade: a intensidade de uma onda sonora depende da
amplitude dessa onda, assim os sons podem ser fortes ou fra- Dentro do projeto, a exploração dos objetos es-
cos. Na escrita musical a intensidade é representada pelos pontaneamente foi essencial para que as crianças
sinais de dinâmica.
percebessem o som, para que em um processo
9 O termo paisagem sonora advém do conceito de soundscape, posterior pudessem exercer atividades relaciona-
proposto por Murray Schafer e denomina a sonoridade do
mundo que está a nossa volta. das à pulsação, ao ritmo e à melodia.
Referências
EMEI
PARQUES SONOROS Aparecida
da Educação Candida
Infantil Paulistana 37
Sons daqui, descobertas acolá
Por Márcia Moraes
EMEI Antonia de
38 OliveiraSONOROS
PARQUES Mota de
daAraújo
Educação Infantil Paulistana
Foto: Maria Conceição
“As crianças gostam de explorar os sons das canecas soras que se mostravam arrojadas para expe-
nos momentos de alimentação.” rimentar novas práticas e observar com olhos
atentos as descobertas das crianças. Uma pro-
“No momento de escovação de dentes, após o almoço,
sempre raspam as escovas nas grades, gostam muito fessora de CEI criou um varal sonoro, pendu-
de fazer isso!” rou no meio da sala um fio e nele vários tipos
de papéis e outros materiais, convidando as
Muitas dessas explorações eram trazidas e, algumas crianças para explorarem o espaço e os sons,
delas, mencionadas como situações inadequadas, criando uma cena rica para a experimentação
em que precisavam dar limites aos bebês e às crian- sensorial.
ças, e justificavam:
Uma outra professora de EMEI propôs uma
“Não podemos deixar que façam tanto barulho, experiência com caixas de papelão ao perce-
elas atrapalham os outros grupos”. ber o interesse do grupo de crianças pelas
caixas de bolacha encontradas no refeitório
O interesse pela produção de sons e pelas sono- da Unidade. Incluiu em seu planejamento uma
ridades do ambiente por parte dos bebês e das vivência musical com este material convidan-
crianças era evidente no cotidiano das Unidades do as crianças a descobrirem possibilidades
Educacionais, e a questão trazida por mim era: — sonoras com elas, permitindo que percutis-
Em que momentos permitimos que os bebês e as sem com as mãos, com baquetas, chamando
crianças explorem os objetos e produzam sons? atenção para as mudanças de intensidade e
Podemos planejar situações onde isso seja o foco? timbre, explorando o som e o silêncio.
A partir dessas conversas, algumas iniciativas nessa Esses são alguns dos exemplos de iniciativas
direção começaram a aparecer e para minha sur- que aconteceram durante o projeto de forma-
presa, no decorrer do trabalho, algumas professo- ção e que evidenciam as mudanças de olhar
ras criaram uma espécie de reco-reco nas grades e práticas provocadas por essa ação educati-
de uma das Unidades, pequenos tocos de madeira va. Acredito que todos os envolvidos foram
foram presos com fios de nylon, oferecendo uma tocados, sensibilizados por esta formação e
brincadeira sonora às crianças. as crianças, com certeza, valorizadas em suas
ações e interesses, olhadas em suas diferenças
Outras ações começaram a aparecer, iniciati-
e potencialidades.
vas simples de algumas professoras e profes-
Formadora do Projeto Parques Sonoros desde 2015. Graduada em Música, saxofonista pela
FAAM-FMU e pós-graduada em educação musical pela faculdade Cantareira.
P ara onde vai tudo o que “achamos” que joga- relacionar canções, vivenciar parâmetros musicais,
enfim inúmeras possibilidades.
mos fora? O que podemos criar com aquilo que
no momento não me serve?
Estas ideias surgiram no decorrer das formações por
O Parque Sonoro apresenta a possibilidade de intermédio das professoras e coordenadoras, pela
criar, inventar, destruir e reconstruir com o auxilio disponibilidade de renovar e aguçar a criatividade.
de bebês, crianças, profissionais e comunidade, para
fins recreativos, diversão, movimento, descoberta Abaixo seguem sugestões:
de sons, ritmos e timbres de forma organizada ou
• Construção do brinquedo – pião
não, tendo como princípio a exploração.
• Observação do desenho que o pião regis-
Com esta proposta – Parque Sonoro - a música
tra no papel
vai além do conceito preestabelecido pela siste-
matização da harmonia, melodia e instrumentos • Reprodução do movimento do pião e relação
tradicionais, o parque torna-se uma exploração com um som corporal ou vocal, além da vi-
constante do som e do silêncio partindo do cor- vência dos parâmetros de altura e intensidade.
po e passando por canos de PVC, colheres, grãos,
pedras, conchas, metais, além da observação de • Brincadeira cantada: o pião entrou na roda
objetos para a transformação do movimento que
o mesmo faz e realização de uma releitura com Importante refletir sobre as inúmeras possibilida-
o nosso corpo. des que podemos encontrar e realizar com obje-
tos do cotidiano partindo, sempre da descoberta
Pensando nisso, trago como exemplo minha pro- e exploração para depois sugerir algo.
posta inicial nas formações: o que fazer com CD,
canetinha, fita crepe e papel? Quando se apresenta um objeto, um som, um
movimento pronto, tira a possibilidade de trazer
Podemos montar uma cena, um brinquedo, pro- realização e sensacões que seria possível pela des-
duzir sons, criar ritmos, reproduzir movimentos, coberta autonoma.
geramos muito movimento. Nesses dois anos, os A maior observação das professoras foi em rela-
resultados alcançados superaram as expectativas. ção às crianças. Identificaram que o celular anu-
lava o escutar e o olhar delas, principalmente,
A seguir apresentaremos dois relatos que deixa- quando as crianças estavam brincando e fazendo
ram marcas em nossos corpos e memórias. suas experimentações.
Em um encontro com as professoras, lemos o tex- Essas rodas foram tão significativas que em algu-
to de Otto Lara Rezende – Ver vendo. O texto mas Unidades Educacionais ajudaram a unir mais
retratava coisas que deixamos de ver e observar o grupo. A importância delas foi mencionada na
no nosso cotidiano. avaliação final.
Após a leitura e reflexão, fizemos uma roda e nos pro- Um outro relato foi num encontro com as crianças.
pusemos a observar, a olhar nos olhos, a perceber o Fui fazer uma atividade rítmica onde apresentava
ritmo fisiológico de cada um e dar um abraço. A ver- o pandeiro e algumas formas de tocar, depois dis-
gonha tomou conta. Muitos relatos. Vários detalhes tribuí vários pandeiros para tocarem de diversas
que não haviam sido observados. A pinta enorme na formas. Observava o jeito diferente que um tocava
boca da coordenadora que trabalha há 10 anos na es- e chamava atenção de todos para tentarmos tocar
cola, o abraço aconchegante da amiga, a carência e ti- como ele.
midez. Em um dos encontros uma professora chorou.
Só queria um abraço. Forte, como é forte. Acabando a atividade, as professoras mostraram
alguns instrumentos, peguei a cuíca e comecei
As professoras pediram para fazer a roda de ob- a tocar. A sala já estava “dispersa”, ouvindo o
servação e de abraço. som da cuíca eles pararam. Perguntaram: que
Formador do Projeto Parques Sonoros desde sua implantação em 2014. Pedagogo, músico,
carnavalesco, cantor e violinista.
EMEI Antonia de
48 OliveiraSONOROS
PARQUES Mota de
daAraújo
Educação Infantil Paulistana
Comunicar Arte
Uma das maiores qualidades do homem é a
capacidade de comunicar emoções, sensações,
ideias e, por esse ato de comunicação, o ho-
mem pode se relacionar com outros homens,
longe e perto no tempo e no espaço. Para se
comunicar, o homem inventou, criou símbolos,
e a criação de símbolos é uma de suas mais an-
tigas faculdades primárias, mas é um processo
fundamentalmente humano que se mantém o
tempo todo. Esse processo compreende fanta-
sias, objetivos, consciências de valores, percep-
ção de vida, ideologia, estereótipos, etc...
A arte é considerada como instrumento e meio cipar da formação artística como parte essencial
de comunicação. Interessa à vida e à educação do do processo educativo pode significar a diferença
homem sob diversos aspectos. entre um indivíduo criador e flexível e um outro
que tenha dificuldades no estabelecimento de re-
Cada homem é um indivíduo dotado de um lações com seu meio.
conjunto de sentidos e de uma série de qualida-
des que lhe são próprias. Deduz-se, então,que O homem que não teve a oportunidade de tocar
cada um possui uma visão diferente das coisas um instrumento, ver objetos, assistir a peças tea-
e que seu testemunho será pessoal, uma inter- trais ou se deixar envolver pelo seu meio se fecha
pretação única. em si mesmo.
A relação entre o artista e seu meio é um dos Todas as linguagens artísticas se fundamentam em
ingredientes básicos de uma experiência artística uma série de símbolos básicos. A música, a pintu-
ou de criação artística. ra, a literatura, o cinema, e outras linguagens que
implicam abstrações têm vida própria. Mas quan-
O homem aprende através dos sentidos. A capa- do as estudamos a fundo, e as aprendemos, essas
cidade de ver, sentir, ouvir, cheirar e provar pro- abstrações atuam como um caleidoscópio voltado
porciona formas pelas quais o homem realiza uma para nós mesmos. A arte permite ao homem per-
interação com seu ambiente, que é proporcional à ceber certas relações fundamentais. A arte não
sua oportunidade de aprendizagem. registra apenas os fatos históricos sociais, políti-
cos, físicos de sua existência. Ela transcende esta
A importância de garantir acesso, contato com
realidade objetiva dos fatos, somando-lhe a expe-
importantes obras e ter oportunidade de parti-
O indivíduo tem sempre que propiciar condições experiências cotidianas. Experiências estas que
para um relacionamento crítico e ativo com o sa- podem ser resgatadas por vários ângulos - que,
ber produzido em cada realidade e, assim, cada partindo do presente vivenciado, refletido e sis-
vez mais, abrir caminhos no sentido do conheci- tematizado, buscam a apreensão de outras rea-
mento a ser produzido. lidades no tempo e no espaço, também a partir
de um referencial que dimensiona a relação com
Não se trata apenas de reforçar as ideias e o o passado histórico.
conhecimento já estabelecidos. Mas aprofun-
dar, como ensina Henri Matisse, no texto Com É importantíssimo trabalhar, vivenciar, buscar,
Olhos de Criança, “Para tomar um exemplo, pesquisar e articular um referencial teórico
penso: nada é mais difícil para um verdadeiro atento às várias possibilidades - sejam elas
pintor do que pintar uma rosa, porque, para fa- culturais, intelectuais, políticas, econômicas
zê-lo é-lhe preciso primeiro esquecer de todas - que se abrem no cotidiano, ultrapassando
as rosas pintadas”. o exercício da dominação e da resistência,
para constituir e reconstituir as formas de
Assim, o homem - para evoluir na sua existência - organização do social.
tem de superar todos os entraves historicamente
colocados, interpretando os fatos de forma que É importante dar espaço para “ver onde não
lhe seja mais satisfatória e significativa. Assim, ele existe o real”, o poder imaginar, desenhar, foto-
poderá experienciar o movimento de viver con- grafar espaços e depois fazer croquis para co-
forme e não conformado com o seu tempo. Isso locar à disposição os objetos sonoros, instala-
pode incluir tanto a assimilação de estereótipos ções sonoras. A descoberta do Parque Sonoro
(por exemplo os heróis ou os mitos), como o sendo conduzida por olhares sensíveis, levando
aprofundamento das questões que se refletem a criança a descobrir possibilidades de explo-
no seu cotidiano. Por isso mesmo, a ideia de que rar, brincar e fazer arte transformam ambien-
a construção da história é feita por sujeitos em tes, criam novas disposições de objetos, cores e,
diferente momentos. consequentemente, a manipulação dos objetos
sonoros e o convívio social. Sempre haverá di-
O levantar questões colocadas pelo presente, ferentes Parques Sonoros, instalações, objetos
vivido como espaço de tensões e conflitos, que sonoros construídos, diferentes maneiras de
se manifestam em múltiplas e variadas dimen- comunicar arte, de encantar através dos senti-
sões, tem como pressuposto trabalhar com as dos, pois são singulares os grupos de formação,
O próximo passo foi amarrar as garrafas num bar- das suas atividades e como incorporou brincadeiras
bante na altura das crianças para que realizassem a e experimentações realizadas ao longo da formação
pintura. Disponibilizamos as tintas para que cada uma até a “festa” que o parque sonoro provocou:
escolhesse sua cor preferida.
O parque sonoro tem grande representatividade para
Num outro momento, disponibilizamos vários tipos de mim e tenho certeza que para todos da escola.
materiais que pudessem emitir sons dentro da garrafa,
como: pedra, areia, conchinha, arroz, macarrão, etc. Colo- Eu tentei utilizar os conhecimentos adquiridos na for-
camos em bandejas no chão para que cada criança es- mação e levá-los para a sala de aula. Pensei em como
colhesse o que gostaria de colocar dentro da sua garrafa. aplicá-los com uma turma tão numerosa, mas com
boa vontade encontramos alternativas e comecei a di-
Depois que cada criança finalizou sua garrafa, deixa- vidir as crianças em grupos menores.
mos elas explorarem novamente da forma que quises-
sem, foi uma alegria geral. A turma do Infantil II (tem entre 5 e 6 anos) já apre-
sentava grande interesse por atividades relacionadas à
Para finalizar, amarramos todas as garrafas num música, o que me deixou muito feliz!
bambolê em formato de um espiral e penduramos
na sala, mas não ficou muito bom, então decidimos O primeiro passo foi realizar atividades que possibili-
amarrar na roda de bicicleta, pois ficava mais firme. tassem que as crianças voltassem a atenção aos sons
que existem em nosso ambiente, para isto, bastou fa-
A cada momento que as crianças passavam por elas zer uma roda e conversar a respeito, falando sobre
tiravam diversos tipos de sons. Foi uma atividade muito ruídos agradáveis, desagradáveis e ouvir seus relatos.
divertida e produtiva.
Na sequência exploramos alguns sons produzidos
com o corpo, e também utilizamos algumas canções
O Parque Sonoro é popular do Barbatuques.
Na EMEI Antonio Figueiredo do Amaral, região cen- Fizemos uma atividade chamada “Bola Sonora” na
tral da cidade, a professora Alexandra nos conta como qual em roda cada criança, na sua vez, segura uma
bola imaginária e joga para outro colega emitindo um
todo o projeto contribuiu para diversificar a rotina
Também distribuí instrumentos convencionais e levei Muitas crianças elegeram seus objetos sonoros favori-
o violão, cada criança em determinado momento tos e o aluno Luís Mário relatou: “O parque ficou mais
da música “O caramujo e a Saúva” deveria tocar bonito! Temos que tocar os instrumentos com cuidado
seu instrumento representando um personagem da para não estragar!”.
canção. Foi uma atividade muito bacana onde cada
um tinha que esperar sua vez e o momento exato Só tenho a agradecer a oportunidade de trabalhar um
para tocar seu instrumento. conteúdo tão rico que é a música nas suas diferentes
formas e poder levar até as crianças esses momentos
Outra atividade interessante foi a partir de uma música tão prazerosos.
Celta, King of the Fairies, apresentada pela formadora
Claudia, onde as crianças divididas em dois grupos dança- Podemos constatar que em todos os relatos há um
vam ao som de cada instrumento realizando movimentos cuidado por parte das professoras em propiciar
de acordo com a intensidade de cada um. Foi lindo! movimentos de arte e música na escola, cada uma
do seu jeito, com seu olhar atento e vigilante sobre
Houve uma dinâmica em que as crianças em roda fa- sua turma. Elas procuraram perceber possibilidades,
lavam em voz alta as sílabas do seu nome e para cada
criar e transformar atividades que atendessem às
sílaba elas faziam um som ou movimento com o corpo.
vontades das crianças a partir da exploração sonora.
Muito divertido e exige muita atenção.
Certo dia levei para a sala alguns objetos que já haví- Recriaram o símbolo da festa no brincar, na alegria
amos produzido para os parques sonoros e apresentei e no fazer coletivo. Dessa maneira, introduziram
cada um, deixei as crianças manipularem, explorarem a linguagem musical de forma lúdica como a festa
à vontade, sempre relembrando os cuidados necessá- propõe. Nas produções das crianças trouxeram
rios para sua preservação. ações coletivas para o cotidiano nas quais implica
a concentração de afetos e emoções em torno
Em outro momento utilizamos a mesma canção do “O dos objetos celebrados e comemorados e cujo
Caramujo e a Saúva” só que sem o violão e utilizan- objetivo principal é a simbolização da unidade na
do os objetos sonoros construídos para os parques. Foi participação ativa dos participantes.
sensacional, pois as crianças, já familiarizadas, utiliza-
ram cada objeto no momento certo da canção. Fizeram da exploração dos sons uma “festa” po-
pular! E como disse a aluna Larissa:
As crianças já tinham acesso aos instrumentos musi-
cais convencionais, a escola tem uma variedade deles, “popular é uma coisa que todo mundo gosta”!
tais como: flauta, tambor, agogô, chocalho, guizo, triân-
gulo, reco-reco, entre outros, contudo o grande desafio
era introduzir na rotina escolar os instrumentos cons- Referências
truídos a partir de objetos do cotidiano.
SCHAFER, M. Exploração sonora, São Paulo: Melhoramentos, 1992.
Após a instalação dos objetos sonoros na área exter-
JANSCSO I; KANTOR I. (Org.). Cultura e Sociabilidade na
na da EMEI, as crianças puderam explorá-los livre-
América Portuguesa. São Paulo, EDUSP, 2001. v.II
mente e apreciá-los.
ILARI, Beatriz S. Em busca da mente musical. Curitiba: Ed.
Foi uma grata surpresa vê-los tão envolvidos com este UFPR, 2011
projeto, valorizando cada instrumento, mostrando para
GOLDSCHMIED, Elinor; JACKSON, Sonia. Educação de 0 a 3
seus familiares no horário de saída e muito orgulhosos. anos: o atendimento em creche. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2006.
Formado em Música pela FMU e pelo EMESP (ULM). Pós-graduado em Jornalismo Cultural pela
FMU. Formador do Projeto Parques Sonoros desde 2015.
Naquele momento, aquela formação possibilitou sujeitos que estão diariamente com os bebês e
aos professores a experiência de se tornarem au- crianças podem decifrar os milhares de códigos
tores, pesquisadores, experimentadores. Caracte- e linguagens indecifráveis para aqueles que não
rísticas que nós professores precisamos manter participam deste universo.
vivas ao longo de nossa carreira, principalmente
quando estamos com nossos pequenos, para que Também é assim com as canecas nos momentos de
eles também se sintam empoderados em viver alimentação. Como dito anteriormente, este obje-
experiências e descobrir por meio delas as lingua- to tão singelo é um brinquedo potente, capaz de
gens do mundo e para o mundo. salvar o mundo no imaginário dos bebês e crianças.
Como foi divertido, como os risos saíam frouxos Quem, ao caminhar nos corredores das Unidades,
dos rostos atentos ao que estava acontecendo, nunca ouviu o som produzido pelas canecas quan-
como os corpos se mexiam. Aqueles professores do os bebês e crianças as batem na mesa, as dei-
antes distantes da mesa, sentados nos sofás, colo- xam cair no chão, batem caneca com caneca, co-
cavam-se mais próximos, desejando se aproximar locam próximas de suas bocas e descobrem que
daquela experiência tão mágica e viva que as cane- sua voz fica diferente, mais grossa ou a colocam
cas de leite com achocolatado, café ou suco foram em suas orelhas e descobrem que podem escutar
capazes de produzir. melhor e se encantam imaginando tantas coisas
possíveis de realizar com aquele objeto, mas que
adultos não podemos compreender?
Onde estão as canecas
no refeitório? Cabe a nós, educadores, entender que o encan-
tamento com as descobertas de nossos bebês e
crianças nos inúmeros espaços por nós planejados
Tantos momentos ricos e singulares são vivi-
é a alegria da aprendizagem.
dos nas Unidades Educacionais que apenas os
cena me trazia de novo? Também sou professora recriar, construir, desconstruir e narrar num pro-
da infância. Que diferença senti na expressão de cesso em que são sujeitos de sua aprendizagem
Clara Lua que não tivesse sentido antes com os exercendo portanto a autoria.
bebês e crianças com os quais estive? Concluí que
a mudança estava na minha escuta e olhar sobre Se partimos do pressuposto que os bebês e as
os fazeres dos bebês e das crianças. crianças são sujeitos sociais, históricos e culturais
que se constituem na interação com o outro e
A poética daquele momento estava nas “escutas” que com a cultura, precisamos olhar para eles e elas
fiz daquela fala e do contexto compreendendo que com olhar sensível e atento as suas diversas for-
o que ele me dizia carregava muitos signos e signifi- mas de expressão que se manifestam por meio de
cado, na corporeidade da Clara Lua que se colocava gestos, balbucios, toques, palavras, choros, sorri-
por inteiro na relação com os objetos, tornando seu sos. Entender o que estes sujeitos nos dizem de
corpo uma extensão dos “cotidiáfanos”, ao mesmo corpo inteiro possibilita a organização da ação pe-
tempo em que imaginava e criava um contexto de faz dagógica organizando tempo, espaços e materiais
de conta no qual ela era “uma banda”. Desta maneira, que potencializem as expressões, descobertas,
se expressar e interagir de corpo inteiro demonstra hipóteses e criações pelos bebês e crianças e, ao
as possibilidades de produção das culturas da infância mesmo tempo, assegure contemplar seus saberes,
no contexto da Educação Infantil. desejos, necessidades e vontades.
Acompanhar as ações desenvolvidas no Projeto O Projeto Parques Sonoros visa contribuir com
Parques Sonoros permitiu um olhar ampliado a formação das educadoras e dos educadores
sobre a ação de formação in lócu que gera uma para que compreendam a concepção de infância
mobilização e envolvimento de toda equipe da proposta, bem como seu papel nesse contexto,
Unidade Educacional, dos bebês e das crianças sendo empoderadas e encorajadas a exercer
familiares/responsáveis, com o propósito de cons- uma prática pedagógica coerente, na qual tam-
trução de um projeto integrado no qual o prin- bém empoderem e encorajem os bebês e as
cipal interesse é possibilitar que bebês e crianças crianças em suas brincadeiras, em seus fazeres e
possam brincar, se expressar, experienciar, criar, em suas interações.
todas as ideias das crianças. As famílias e a comu- Marcamos no dia da Festa de Aniversário de
nidade depositavam suas doações de objetos em 12 anos do nosso CEU Aricanduva, um dia da
uma caixa, em frente à secretaria. O material era família... um dia para a família trazer todo seu
selecionado e cada turma de crianças se apro- carinho, boa vontade para concretizar o quintal
priava do que precisava, o restante era encami- sonoro. O clima não ajudou... muito frio e chuva.
nhado aos adultos que ficaram responsáveis por O espaço do quintal sonoro era parcialmente
tudo que crianças não podem fazer: pintar com coberto, então pensamos no pior... mais uma
tinta a óleo, usar ferramentas de corte e/ou pesa- vez a força das crianças mobilizou os adultos de
das. As contribuições do Genésio (formador da nossa comunidade que compareceram, mais de
SME), assim como as experiências anteriores da 70 famílias com adultos, adolescentes e crianças
escola possibilitaram a construção de uma infini- para realizar a ideia de nossos meninos e meni-
dade de objetos sonoros. nas. Num dia de chuva e frio, famílias e crianças
montam este espaço e o transformam em vida,
Tudo pronto, ideias organizadas, é hora de chamar cores e sons, um espaço antes esquecido e pou-
os adultos pra ajudar, e foi o que fizemos! co atraente aos olhos de nossos pequenos e pe-
quenas, assim nasce nosso “Quintal Sonoro”.
Texto elaborado pela gestão e equipe docente da EMEI Prof.ª Rumi Oikawa
74CEI Navegantes
PARQUES SONOROS da Educação Infantil Paulistana
Foto: Daniel Cunha
CEI Navegantes
E m 2014, iniciamos algumas práticas envolvendo a Outro ponto positivo foi a união do grupo neste
projeto. Foram construídos vários instrumentos
construção de um parque sonoro em um ambiente
que era pouco explorado. Junto às crianças do CEI, e cada qual feito por equipes de professoras.
construímos bateria com panelas, sinos com chaves, Muitas colaboraram em vários projetos, inte-
garrafas com objetos diversos. Porém, por motivos grando outros grupos, trocando experiências
da não apropriação destes objetos por todas as e motivando as mais resistentes. Esse projeto
crianças que frequentavam o espaço, logo nos pri- apresentou um grande feito, no tocante a unir
meiros dias, os instrumentos construídos foram des- as professoras num mesmo objetivo. A avalia-
truídos e acabou sendo abandonada a ideia. ção feita por todas foi positiva neste aspecto,
resultando muita satisfação na concretização do
Em 2015, o CEI foi contemplado com a possibilidade projeto sonoro em nosso CEI.
de aprimorar esse projeto com assessoria da arte
educadora Silvana. Durante o ano, uma vez por se- Em relação ao bebês e às crianças, foi um sucesso
mana, no horário do PEA, compartilhávamos expe- desde a confecção até a exploração dos instru-
riências e novos conhecimentos sobre o parque so- mentos, pois após 6 meses, muitos instrumentos
noro e construímos paulatinamente os instrumentos ainda estão no local, sendo manuseados e explo-
sonoros com sucata, com a participação dos bebês rados pelos bebês e pelas crianças, sempre com
e das crianças na elaboração e, por conseguinte, a olhar de surpresa para algo novo que ocorre. É
apropriação por elas, por meio do manuseio e da claro que a manutenção é necessária e ocorre
exploração, antes de colocar por definitivo no local. constantemente. Alguns instrumentos já foram
descartados, pois desgastaram com o uso e alguns
Dessa vez foi um sucesso, desde a pesquisa pelos estão sendo apenas reformados nos pontos que
materiais que seriam explorados, mudando nosso desgastam. O ponto positivo é que temos vários
olhar para as possibilidades que estes possuem, no instrumentos em uso e o parque sonoro se tor-
que tange à produção de sons diversos, na elabo- nou mais um espaço de exploração e experiências
ração e construção dos instrumentos. no CEI pelos bebês e pelas crianças.
Gilberto e Daniela
CEI Silva Covas
Com os objetos nem tanto porque já está A importância da nossa participação foi de
bastante presente em casa o uso destes ob- mostrar que a participação da família é pos-
jetos. Mudou a relação dele com a escola, o sível, dá um alento, uma motivação de que as
fato de ele ver a nossa participação, a nossa coisas vão acontecer. No nosso caso somos
presença, o fato de entrarmos na escola e professores e agora pais então sabemos o
conversarmos com as professoras e não ape- quanto precisamos de cooperação. As profes-
nas deixarmos ele no espaço, ele vê a nossa soras estão tão gratas de estarmos ajudando,
relação, isso mudou a aceitação dessa nova ficam sem saber como agradecer.
rotina. Foi uma construção muito importan-
te, a relação dele com a escola ficou melhor, A inauguração do parque foi surpreenden-
uma relação de confiança. te, uma experiência nova, conseguimos
trazer um amigo violonista e nós fomos
Nas primeiras semanas ele chorava participar juntos.
quando nós deixávamos ele, você sai
com o coração apertado. Eu gostaria de incentivar os pais e as famí-
lias e dizer ao corpo docente e gestão que
Hoje, assim que a mãe deixa o Miguel na nós conseguimos fazer. É muito simples se
porta da sala, ela percebe que ele faz o papel pensarmos nas questões da investigação
de acolhedor dos amigos. sonora, não desistam, vamos buscar esta
energia para realizar os Parques Sonoros
Com a nossa presença constante, conhece- e outros Projetos.
mos as outras crianças e as outras professo-
ras. Na rua nós passamos cumprimentando
as crianças, os pais. Ele percebeu que o uni-
verso foi se expandindo ele conhece outras
crianças, outras professoras.
CEI Celso Daniel - DRE Itaquera CEU Casa Blanca - DRE Campo Limpo
CEI Chácara Dona Olívia - DRE São Miguel Paulista CEU CEI Jaçanã - DRE Jaçanã/Tremembé
CEI Cidade de Genebra - DRE Butantã CEU CEI Quinta do Sol - DRE Penha
CEI Cidade Tiradentes - DRE Guaianases CEU CEI Uirapuru - DRE Butantã
CEI Conjunto Habitacional Texina - DRE São Miguel Paulista CEU Cidade Dutra - DRE Capela do Socorro
CEI Goiti - DRE Itaquera CEU Curuçá - DRE São Miguel Paulista
CEI Jardim Colonial - DRE São Mateus CEU EMEI Carlos Olivaldo de Souza Lopes Muniz DR - DRE
CEI Jardim Hercília - DRE Penha São Miguel Paulista
CEI Jardim Luso - DRE Santo Amaro CEU Jaguaré - DRE Pirituba/Jaraguá
CEI Jardim Maia - DRE São Miguel Paulista CEU Jambeiro - DRE Guaianases
CEI Jardim Matarazzo - DRE Penha CEU Navegantes - DRE Capela do Socorro
CEI Jardim Rincão - DRE Pirituba/Jaraguá CEU Parelheiros - DRE Capela do Socorro
CEI Jardim Rosely - DRE São Mateus CEU Parque Veredas - DRE São Miguel Paulista
CEI Jardim Três Marias - DRE Penha CEU Paulistano - DRE FÓ/Brasilândia
CEI José Adriano Marrey Junior - DRE Capela do Socorro CEU Pera Marmelo - DRE Pirituba/Jaraguá
CEI Maria José de Souza - DRE FÓ/Brasilândia CEU Perus - DRE Pirituba/Jaraguá
CEI São Jorge Arpoador - DRE Butantã CEU Rosa da China - DRE São Mateus
CEI Silvia Covas - DRE Ipiranga CEU São Mateus - DRE São Mateus
CEI Suzana Campos - DRE Ipiranga CEU Sapopemba - DRE São Mateus
CEI Vanda Maria Rodrigues dos Santos - DRE Capela do Socorro CEU Tiquatira - DRE Penha
CEI Vereador Cantidio Nogueira Sampaio - DRE Jaçanã/Tremembé CEU Três Lagos - DRE Capela do Socorro
CEI Vila Brasilândia - DRE FÓ/Brasilândia CEU Três Pontes - DRE São Miguel
CEI Vila Chuca - DRE Itaquera CEU Vila Formosa - DRE Itaquera
CEI Vila Missionária - DRE Santo Amaro CEU Vila Rubi - DRE Capela do Socorro
CEI Wilson Abdala - DRE Ipiranga EMEI Alberto de Oliveira - DRE Ipiranga
CEU Água Azul - DRE Guaianases EMEI Angelo Martino de Oliveira - DRE Ipiranga
CEU Alvarenga - DRE Santo Amaro EMEI Anhanguera - DRE Santo Amaro
CEU Aricanduva - DRE Itaquera EMEI Antonieta de Oliveira Mota de Araujo - DRE São Mateus
CEU Atlântica - DRE Pirituba/Jaraguá EMEI Antônio Figueiredo do Amaral - DRE Ipiranga
CEU Azul da Cor do Mar - DRE Itaquera EMEI Aparecida Candida dos Santos de Jesus - DRE São Mateus
CEU Butantã - DRE Butantã EMEI Armando de Arruda Pereira - DRE Ipiranga
PARQUES
SONOROS
da Educação Infantil
Paulistana