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Universidade Sul de Santa Catarina

Matemática

UnisulVirtual
Palhoça, 2017
Créditos

Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul


Reitor
Sebastião Salésio Herdt
Vice-Reitor
Mauri Luiz Heerdt
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Mauri Luiz Heerdt
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Diretor
Fabiano Ceretta

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços


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Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos


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Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos
Márcia Loch
Gerente de Prospecção Mercadológica
Eliza Bianchini Dallanhol
Diva Marília Flemming

Matemática

Livro didático

Designer instrucional
Rafael da Cunha Lara

UnisulVirtual
Palhoça, 2017
Copyright © Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por
UnisulVirtual 2017 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Livro Didático

Professora conteudista
Diva Marília Flemming

Designer instrucional
Rafael da Cunha Lara

Projeto gráfico e capa


Equipe UnisulVirtual

Diagramador(a)
Fernanda Fernandes

Revisor
Contextuar

ISBN
978-85-506-0156-4

E-ISBN
978-85-506-0157-1

F62
Flemming, Diva Marília
Matemática : livro didático / Diva Marília Flemming ; design instrucional
Rafael da Cunha Lara. – Palhoça : UnisulVirtual, 2017.
164 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-506-0156-4
E-ISBN: 978-85-506-0157-1

1. Matemática. 2. Funções (Matemática). 3. Logaritmos. 4. Modelos


matemáticos. I. Lara, Rafael da Cunha. II. Título.

CDD (21. ed.) 510

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul


Sumário

Introdução  | 7

Capítulo 1
Conjuntos numéricos e operações
elementares | 9

Capítulo 2
Funções e suas aplicações | 55

Capítulo 3
Funções polinomiais do primeiro e do segundo
graus | 91

Capítulo 4
Funções exponenciais e logarítmicas | 125

Considerações Finais | 159

Referências | 161

Sobre o Professor Conteudista | 163


Introdução

Prezado estudante.

No decorrer deste texto, você terá a oportunidade de vivenciar as aplicações da


matemática em diferentes áreas de conhecimento. De forma mais específica,
vamos apresentar o estudo da matemática básica e das funções matemáticas
que modelam as situações do nosso dia a dia.

A proposta do presente livro didático busca atender à sua formação de


competências e habilidades previstas de um modo geral no projeto da unidade
de aprendizagem “Matemática” integrante do projeto pedagógico do seu curso.
Observando que este livro didático integra um conjunto de outros materiais
didáticos que, em conjunto, formam as habilidades necessárias para ter a
matemática como uma área aliada na resolução de problemas do seu dia a dia
pessoal e profissional.

As situações práticas aqui apresentadas são modeladas com funções e, na


maioria das vezes, apresentam dados simulados que refletem os problemas
exemplificados.

É importante que o estudante fique atento para o fato de que lidar com os números
exige um conhecimento um pouco além da forma intuitiva que usamos diariamente.
Ao seu redor, muitos setores produtivos apresentam fórmulas e resultados
numéricos que você aceita, mas que não busca a sua compreensão ou os impactos
que podem causar na sua vida pessoal e também para a sociedade em geral.

Procure observar um pouco mais a matemática em sua vida e participe de forma


crítica e criativa na construção de uma sociedade melhor.

Elementos da História da Matemática alicerçam alguns conceitos e a tecnologia,


quando bem aplicada, ajuda-nos nos momentos considerados “braçais”, ou seja,
nos momentos em que as técnicas e os longos algebrismos levam-nos a uma
rotina em que se sobrepõem ao raciocínio e a lógica.

No primeiro capítulo, vamos trabalhar com os conjuntos numéricos e as


operações matemáticas elementares. Esta apresentação inicial tem como objetivo
fazer uma revisão dos processos operacionais da matemática que são discutidos
na educação básica e também salientar a linguagem matemática. É importante
que você observe a beleza das diversas linguagens da matemática que é igual
e utilizada por diferentes povos de nosso planeta. Caso você domine bem as
operações matemáticas, este capítulo será uma revisão.
No segundo capítulo, vamos olhar para as funções e suas aplicações. As funções
elementares são definidas e apresentadas com diferentes representações
semióticas, destacando-se sempre as linguagens algébricas e gráficas. As
primeiras aplicações já são apresentadas na forma de modelos matemáticos.

No terceiro capítulo, vamos detalhar as funções polinomiais do primeiro grau –


mais conhecidas como funções lineares – e as funções polinomiais do segundo
grau – denotadas como funções quadráticas.

Finalmente, no quarto capítulo, vamos detalhar as funções exponenciais e as


funções logarítmicas, assim como discutir as suas aplicações sob a forma de
resolução de problemas.

No decorrer das seções apresentamos uma relação de atividades formativas para


autoavaliação do seu processo de aprendizagem. Para que você possa efetivar a
sua autoavaliação, estas atividades estarão disponíveis em uma mídia digital, no
EVA da sua sala de aula virtual de estudos.

Os quadros, as tabelas e os gráficos, no decorrer do livro, cujas fontes não


estejam citadas, foram elaborados pela autora. O presente livro foi revisado,
reorganizado e ampliado a partir da seguinte obra da UnisulVirtual:

FLEMMING, Diva Marília; LUZ, Elisa Flemming; WAGNER, Christian. Matemática.


Palhoça: UnisulVirtual, 2013.

Bons estudos!

Profa. Diva Marília Flemming


Capítulo 1

Conjuntos numéricos e operações


elementares

No decorrer deste capítulo, o estudante irá desenvolver habilidades para


identificar o formalismo das linguagens matemáticas, assim como poderá fazer
uma revisão dos processos operacionais dos conjuntos numéricos. O conjunto
dos números reais é o conjunto universo a ser trabalhado neste e nos demais
capítulos do presente livro didático. Para lidar com modelos matemáticos no
contexto da resolução de problemas, é fundamental lidar com a linguagem
algébrica e, dessa forma, revisar a resolução de equações matemáticas é
fundamental para lidar com os algebrismos.

Seção 1
Introdução
Esta seção é introdutória ao presente capítulo em que vamos discutir com você
a noção de conjuntos e, em especial, os conjuntos numéricos. No decorrer deste
capítulo, vamos destacar alguns aspectos da História da Matemática para que
você compreenda que, em alguns momentos, as dificuldades de compreensão da
Matemática têm a sua origem na construção dos próprios conceitos. As descobertas
dos conceitos, a estruturação da simbologia, a formatação de situações problemas
etc. não são criações do nosso século. Tudo foi criado e construído com um esforço
individual ou em conjunto no decorrer da história da humanidade.

Portanto, quando você tiver dificuldades para compreender um conceito ou um


problema, não fique angustiado. Apenas lembre-se de que, na maioria das vezes,
é naquele ponto que muitos matemáticos, filósofos, médicos, comerciantes, entre
tantas outras profissões já caracterizadas na humanidade, ficaram horas, dias,
meses e anos buscando soluções. Esse fato é discutido na Educação Matemática
e é denotado como obstáculo epistemológico.

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Capítulo 1

Por que hoje podemos superar essas dificuldades?

A Matemática alicerçou a construção de conceitos em quase todas as áreas


de conhecimento, e você vai poder observar isso no decorrer deste livro. As
linguagens foram desenvolvidas e as tecnologias foram avançando para auxiliar
o homem no seu dia a dia. Atualmente, podemos dizer que as tecnologias
contribuíram para que a humanidade pudesse dar um passo à frente, pois
podemos utilizá-las para desenvolver o nosso raciocínio. Veja que não estamos
referindo-nos ao uso automatizado de uma calculadora ou de um computador,
estamos falando da quantidade de softwares e aplicativos disponíveis que exigem
a sua inteligência para ajudá-lo na superação das dificuldades. Você é inteligente,
não se esqueça disso!

1.1 Números e conjuntos


Você já tentou responder à pergunta: o que são números?

Todos sabem o que é um número mas, confrontados com esta pergunta, podem
sentir a necessidade de exemplificar, ou até mesmo de filosofar. Veja o que
Bentley (2010, p. ix) diz:

Vivemos em números, falamos em números e assistimos a


números para nos entreter. Números governam nossas vidas, nos
acordam, nos dizem aonde ir, como chegar lá e quando partir.
Números são juízes de tudo, avaliam e comparam com completa
autoridade e desapaixonadamente. Mas números também
mentem; podem significar qualquer coisa, menos a verdade.
Podem salvar nossas vidas, e o amor pelo tipo errado de número
talvez leve à ruína. Números podem ser nossos amigos, nossos
salva-vidas e nosso talismã. Números também podem matar.
Você é feito de números. Eu também.

Bentley (2010) não respondeu à nossa pergunta, mas mostrou seu sentimento
ou sua filosofia em relação aos números. A dificuldade para dar resposta a
essa questão ficou presente por muitos séculos. Apesar da noção de conjunto
ser conhecida desde o início dos tempos, não havia a compreensão de que a
definição do número está relacionada com a conceituação de conjuntos.

Os números são palavras e símbolos que usamos para descrever padrões, e esses
padrões estão ao nosso redor, visíveis sob a forma de conjuntos. Para contar as
suas ovelhas, o pastor das cavernas usava a comparação com pedras ou varetas.
Há registros históricos da contagem com a comparação com os dedos. Dessa
forma, não devemos proibir a contagem com os dedos, pois essa ação pode
marcar um indivíduo, criando um obstáculo didático que precisa ser superado.
Infelizmente, muitas escolas não deixam as crianças contarem pelos dedos e nem

10
Matemática

sempre se tem a compreensão de que é nesse ato que podemos torturar a vida do
ser humano por muitos e muitos anos, levando-o à aversão pela Matemática.

Por que tenho que decorar tabuada se posso fazer contas usando raciocínio lógico?

Enfim, vamos discutir por aqui muita Matemática, hoje, considerada básica, mas,
na realidade, é uma base construída no decorrer de muitos séculos.

Dessa forma, vamos tentar construir, neste texto, um roteiro com conceitos,
definições e propriedades já demonstradas, mas vamos sempre alertar para que
você busque a construção de competências e habilidades.

Procure sempre lembrar-se de que estamos diante de números que são


comparáveis com conjuntos; problemas que foram construídos historicamente
pelas curiosidades e necessidades do dia a dia e dos recursos atuais que podem
favorecer à sua compreensão da Matemática.

1.1.1 Conceito de conjuntos


Você pode formar muitos conjuntos. Se você for colecionador de alguma coisa, a
sua coleção fará parte de um conjunto. Veja como é possível escrever o conjunto
formado pelos estados brasileiros localizados na região Sul:

A = {Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul}.

Ou ainda, o conjunto dos números pares positivos:

B = {2, 4, 6, 8, 10, ...}.

O conjunto A é dito finito, pois possui três elementos, já o conjunto B é dito


infinito, pois possui um número infinito de elementos.

Perceba que, no conjunto B, usamos reticências (...) para representar os


números pares positivos maiores do que 10 que não foram explicitados. Esta
representação auxilia-nos quando se trata de conjuntos muito grandes ou mesmo
infinitos, como neste caso.

Se for necessário, um conjunto pode ser representado especificando-se a


propriedade comum dos elementos. Para os conjuntos A e B, teremos:

A = {x | x é um estado da região sul do Brasil};

B = {y | y é um número par positivo}.

11
Capítulo 1

É importante aprender a “fala matemática”. Veja como vamos falar o conjunto acima:

“A é o conjunto formado por elementos denotados por x, tal que x é um estado da


região sul do Brasil”; “B é o conjunto de números denotados por y, tal que y é um
número par positivo”.

Observe também todos os detalhes da simbologia matemática:

•• os conjuntos podem ser representados, em geral, por letras


maiúsculas;
•• a propriedade comum está descrita e usa uma letra minúscula para
simbolizar genericamente os elementos (x, y etc.);
•• conjuntos usam as chaves para mostrar de forma mais clara que
temos um agrupamento;
•• temos o símbolo “|”, que representa “tal que”, hoje já presente em
nossos teclados de computadores.

Cada membro que compõe o conjunto é chamado elemento. Um elemento


de um conjunto pode ser uma letra, um número, um nome etc. É possível
estabelecermos relações entre elementos e conjuntos usando símbolos, que
indicam se um elemento “pertence” ou “não pertence” ao conjunto. Acompanhe
o exemplo a seguir.

Exemplo: se C = { 1, 3, 5, 7, 9 }, podemos dizer que:

•• , ou seja, o número 1 pertence ao conjunto C;


•• , ou seja, o número 2 não pertence ao conjunto C;
•• , ou seja, o número 3 pertence ao conjunto C;
•• , ou seja, o número 4 não pertence ao conjunto C.

Neste exemplo, estamos praticando as relações de pertinência, ou seja, saber


dizer se um elemento pertence ou não pertence a um conjunto.

Um conjunto que possui apenas um elemento é dito conjunto unitário, e um


conjunto que não possui elementos é um conjunto vazio, representado por ou { }.

Portanto, podemos afirmar que o conjunto C não é unitário e não é vazio, pois
tem cinco elementos.

12
Matemática

1.1.2 Subconjuntos
Um conjunto A é subconjunto de um conjunto B se, e somente se, todo
elemento de A pertencer também a B.

Esta frase representa uma proposição que precisa ser analisada e escrita em uma
linguagem simbólica.

Vamos analisar a construção dessa frase, que não aparece a todo o momento em
nosso dia a dia, apesar de ela aparecer formalmente em sua mente quando você
raciocina.

Vamos observar a frase em três partes:

•• A é subconjunto de um conjunto B;
•• se, e somente se;
•• todo elemento de A pertencer também a B.

A chave da compreensão dessa frase, ou seja, o raciocínio lógico está na ligação


das duas sentenças – “se e somente se”. Essa ligação informa-nos que estamos
diante de uma condição necessária e suficiente. Assim:

A é um subconjunto de B, se constatamos que todos os elementos de A são


também elementos de B.

Como a nossa linguagem verbal pode assumir formas diferentes, também


podemos dizer que:

A é um subconjunto de B, se A está contido em B e B contém A.

Contudo, a Matemática tem a sua linguagem simbólica, que apesar de parecer


confusa inicialmente, é extremamente prática para escrever a lógica de forma
mais rápida e eficiente. Veja simbolicamente:

•• significa “A está contido em B” (todos os elementos de A são


elementos de B) ou;
•• significa “B contém A”;
•• uma seta dupla entre duas proposições representa “se e somente
se”, e demonstra que vale afirmar nos dois sentidos.

Portanto, a nossa frase completa pode ser escrita simbolicamente como:

“A é subconjunto de B A B ou B A”.

13
Capítulo 1

Os símbolos (está contido) e (contém) são denominados sinais de inclusão.


Sempre que comparamos dois conjuntos, podemos usar a relação de inclusão.
Podemos, ainda, negar essa relação de inclusão e, para tal, podemos usar o
símbolo (não está contido). Em geral, ao cortar um símbolo com um traço
diagonal, estamos indicando a negação da relação.

1.1.3 Exemplos
(1) Sejam os conjuntos A = {a, b, c} e B = {a, b, c, d, e}, podemos dizer que:

•• , ou seja, A está contido em B;


•• , ou seja, B contém A;
•• , ou seja, B não está contido em A.

(2) Sejam A = {2, 4, 6, 8, 10, 12}; B = {x | x é um número par menor que 20} e
C = {2, 4, 6 }, podemos fazer diversas afirmações, por exemplo:

•• ;
•• ;
•• ;
•• .

1.2 Operações com conjuntos


Podemos desenvolver diversas operações com conjuntos:

•• União entre dois conjuntos A e B, que pode ser representada por .


•• Intersecção entre dois conjuntos A e B, representada por .
•• Subtração entre dois conjuntos, representada por .
•• Produto cartesiano entre dois conjuntos A e B, denotado por .
•• Complementação A em relação a B, quando , é um caso
particular da subtração e pode ser representada por .

14
Matemática

1.2.1 Definições

(1) União ou reunião de conjuntos


Dados dois conjuntos A e B, chamamos de reunião de A e B ou união de A com B
o conjunto formado pelos elementos que pertencem a A ou a B.

Linguagem simbólica:
A B = {x | x A ou x B} .

Exemplo: dados A = {2, 4, 6, 8, 10, 12}; B = {x | x é um número ímpar menor que


12} e C = {2, 4, 6}, podemos dizer que:

•• A B = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12};


•• A C = A;
•• A B C = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12}

(2) Intersecção entre conjuntos


Dados dois conjuntos A e B, chamamos de intersecção entre A e B o conjunto
formado pelos elementos que pertencem a A e pertencem a B.

Linguagem simbólica:
A B = {x | x A e x B}.

Exemplo: dados A = {2, 4, 6, 8}; B = {x | x é um número ímpar menor que 12} e


C = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, podemos dizer que:

•• A B = {  } = ;
•• A C = {2, 4, 6};
•• A B C = {  }.

(3) Subtração entre conjuntos


A diferença entre os conjuntos A e B é dada pelo conjunto de todos os elementos
que pertencem a A e não pertencem a B.

Linguagem simbólica:
A – B = {x | x A e x B}.

15
Capítulo 1

Exemplo: dados A = {2, 4, 6, 8}; B = {x | x é um número par menor que 12} e


C = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, podemos dizer que:

•• B – A = {10};
•• A – C = {8}.

(4) Produto cartesiano


O produto cartesiano entre dois conjuntos A e B, denotado por , é definido
pelo conjunto formado por pares ordenados, sendo que o primeiro elemento do
par pertence ao conjunto A e o segundo elemento do par pertence ao conjunto B.

Linguagem simbólica:
A B = {(x, y) | x A e y B}.

Exemplo: dados A = {2, 4, 6, 8} e B = {x | x é um número natural, diferente de zero e


menor que 5}, podemos encontrar os pares ordenados organizados em acordo com
a definição usando os elementos dos conjuntos A = {2, 4, 6, 8} e B = {1, 2, 3, 4}.

A B = {(2, 1), (2, 2), (2, 3), (2, 4), (4, 1), (4, 2), (4, 3), (4, 4), (6, 1), (6, 2), (6, 3), (6, 4),
(8, 1), (8, 2), (8, 3), (8, 4)}

Essa operação é muito interessante em função da sua notação gráfica, pois


os pares ordenados serão usuais em diversos contextos da Matemática,
principalmente quando houver estudo das funções reais.

Na Figura 1.1 tem-se essa representação gráfica em um sistema denotado como


sistema cartesiano.

Figura 1.1 – Produto cartesiano de A = {2, 4, 6, 8} por B = {1, 2, 3, 4}

y
4
(2,4) (4,4) (6,4) (8,4)

3
(2,3) (4,3) (6,3) (8,3)

2
(2,2) (4,2) (6,2) (8,2)

1
(2,1) (4,1) (6,1) (8,1)

1 2 3 4 5 6 7 8 x

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

16
Matemática

(5) Complementação
A complementação A em relação a B, quando , é um caso particular da
subtração e pode ser representada por .

Linguagem simbólica:
CBA = B – A = {x | x B e x A}.

Exemplos

(1) Dados A = {8, 10, 12} e B = {2, 4, 6, 8, 10, 12}, podemos dizer que
CBA = B – A = {2, 4, 6, 8, 10, 12} – {8, 10, 12} = {2, 4, 6}.

(2) Quando estamos trabalhando essencialmente com conjuntos numéricos, é


usual estabelecer um conjunto como o Conjunto Universo. Nesse caso, todos os
conjuntos em estudo deverão ser subconjunto desse Conjunto Universo. Assim,
quando calculamos o complementar de um conjunto em relação ao universo,
podemos utilizar uma notação mais simples, como .

Supondo que B = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18} é um conjunto universo, temos
vários subconjuntos que estarão todos contidos em B. Por exemplo, A = {8, 10, 12};
M = {2, 10, 12, 16, 18} e N = {2, 4, 6, 8, 10}. Assim, podemos escrever:

A' = {2, 4, 6, 14, 16, 18}; M' = {4, 6, 8, 14} e N' = {12, 14, 16, 18}

1.2.2 Exemplos gerais


(1) Podemos aplicar as operações de conjuntos usando conjuntos cujos
elementos sejam letras do nosso alfabeto. Veja exemplos a seguir:

•• {a, b, c, d} {c, d, e} = {a, b, c, d, e};


•• {a, b, c, d} {c, d, e} = {c, d};
•• {a, b, c, d} – {c, d, e} = {a, b};
•• {a, b, c, d} {c, d} = {(a, c), (a, d), (b, c), (b, d), (c, c), (c, d), (d, c), (d, d) }.

(2) Dados dois conjuntos A e B, podemos ter como resultado o seguinte produto
cartesiano: A B = {(1, 1), (1, 2), (1, 3), (3, 1), (3, 2), (3, 3), (5, 1), (5, 2), (5, 3), (6, 1),
(6, 2), (6, 3)}.

Quais são esses conjuntos?

17
Capítulo 1

Para responder esta questão, basta analisar a lei de formação dos pares ordenados
e lembrar a definição de produto cartesiano: os primeiros elementos dos pares são
do conjunto A e os segundos, são do conjunto B. Assim, temos que:

A = {1, 3, 5, 6} e B = {1, 2, 3}.

Precisamos, ainda, verificar se esses conjuntos de pares ordenados, ao serem


colocados em um sistema cartesiano, apresentam uma organização retangular.
Veja a Figura 1.2.

Figura 1.2 – Produto cartesiano de A = {1, 3, 5, 6} por B = {1, 2, 3}

y
3
(1,3) (3,3) (5,3) (6,3)

2
(1,2) (3,2) (5,2) (6,2)

1
(1,1) (3,1) (5,1) (6,1)

1 2 3 4 5 6 x

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

1.3 Atividades de autoavaliação


1. Sejam os conjuntos A = {4, 9, 10} e B = {4, 7}. Verifique a validade das relações
seguintes:

a) f)

b) g)

c) h)

d) i)

e)

18
Matemática

2. Sejam A = {1, 7, 9}, B = {x | x é um número ímpar menor que 12}, C = {2, 6},
D = {1, 2, 4, 6} e E = {x | x é um número par entre 1 e 9}. Desenvolva os seguintes
itens:

a) f)

b) g)

c) h)

d) i)

e)

Seção 2
Conjuntos numéricos
O conceito de número é uma das ideias mais primitivas da humanidade e, por
incrível que pareça, já nascemos com ela. Um bebê entre seis e doze meses
já assimila agrupamentos de seres e objetos. Já consegue reunir, em um único
grupo, objetos análogos e percebe se falta algo a um desses conjuntos familiares.

Bentley (2009, p. 13) considera que os números são contemporâneos à invenção


do machado de sílex e que muito tempo passou até chegar nas formas que
conhecemos hoje: “[...] nenhum homem da caverna (ou mulher da caverna) genial
acordou uma manhã, passou a mão em uma estalagmite e começou a garatujar
`1, 2, 3` na terra”.

Para fins de padronização, criou-se uma notação comum para representar os


números. Utilizam-se os algarismos hindu-arábicos:

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9.

Apesar de ouvirmos sons diferentes, dependendo do idioma, se não houvesse


uma padronização, imagine a confusão que seria!

A seguir, vamos apresentar os conjuntos numéricos. Lembre-se de que não estamos


subestimando a sua capacidade de conhecer os números, pois temos a certeza de
que todos os dias você aplica-os na sua vida. Apenas, buscamos apresentar um
pouco a linguagem matemática e suas diversas representações, pois pode estar
exatamente neste ponto a chave do seu sucesso no decorrer dos seus estudos.

Sinta o prazer de vivenciar a construção dos números do nosso dia a dia e


também os números mais estranhos que nem sempre são visíveis para todos.

19
Capítulo 1

2.1 Conjunto dos números naturais


Neste conjunto numérico, encontram-se os primeiros números conhecidos pela
humanidade. Sua representação é dada por:

N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...}.

Perceba que esse é um conjunto infinito, pois é possível sempre acrescentar uma
unidade a cada número para que se obtenha um sucessor.

Quando utilizamos a notação N*, representamos a exclusão do zero:

N* = {1, 2, 3, 4, 5, ...}.

E por falar no zero, podemos informar que os zeros não causam dificuldades apenas
para os matemáticos – eles produzem também muitos problemas para todo o mundo.
Veja, por exemplo, em nosso calendário não existe “o ano zero” – o calendário passa
de 1 a.C. para 1 d.C. (Ano 1 antes de Cristo para Ano 1 depois de Cristo).

Você sabe contar?


Quantos dedos um computador tem?

Rooney (2012) faz essa pergunta para chamar a atenção da complexidade da


contagem quando deixamos de contar usando as nossas mãos (base 10). Nós
podemos contar em nosso dia a dia com os dedos e os computadores?

Os computadores contam em base binária e também em hexadecimal (base


16), e muitas vezes usam o símbolo “jogo da velha” (#) antes dos números
hexadecimais, por exemplo, #11 significa o 17 e #17 significa 23.

Você já comprou uma placa de memória com 512 MB? Ou um iPod com 8 GB de
armazenamento?

Lidar com a contagem não é algo fácil, mais difícil do que lidar com os números
positivos e negativos.

2.2 Conjunto dos números inteiros


Os números inteiros negativos apareceram pela primeira vez no contexto
financeiro para indicar uma dívida em dinheiro ou bens, algo bem familiar para
todos nós. Também podemos discutir naturalmente as temperaturas abaixo de
“zero grau”.

20
Matemática

Sabemos o que significa que o nosso saldo bancário está negativo. Dessa forma,
não há como negar que os números inteiros positivos e negativos são usados em
nosso dia a dia.

No decorrer deste nosso texto, vamos sempre usar a linguagem simbólica,


portanto, procure ambientar-se com as notações, pois transitar nas diferentes
representações matemáticas de um objeto de estudo é algo muito importante
para adquirir competências e habilidades para lidar com as situações-problemas
que envolvem matemática.

Notação do conjunto dos números inteiros


Z = {..., –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, ...}.

O conjunto dos números inteiros traz a preocupação relacionada com a


interpretação de um número negativo e também no contexto das regras de sinais
no contexto das operações matemáticas.

Lembre-se de que é preciso conferir significado às quantidades negativas e


reconhecer que há uma lógica diferente da ideia de contagem dos números naturais.

2.3 Conjunto dos números racionais


Além dos números naturais e inteiros, perceba que, em seu dia a dia, você utiliza
também números fracionários. Ao comer uma fatia de um bolo dividido em oito
partes iguais, por exemplo, além de ter água na boca, você pode dizer que estará
comendo uma parte do todo. Estará comendo do bolo.

No nosso sistema monetário, usamos frações decimais do real. Por exemplo:

R$ 0,50 – cinquenta centavos é a metade de um real;

R$ 0,25 – vinte e cinco centavos representam de um real.

Olhe para uma régua e perceba a existência de números entre os inteiros, por
exemplo, entre 0 e 1 temos ou entre 3 e 4, o número 3,25.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1/2 3,25

21
Capítulo 1

As frações são representadas na forma , , e formam o conjunto


dos números racionais, denotado por:

Ao escrever uma fração , , , o valor “m” é o numerador da fração

e o valor “n” é o denominador da fração. Não existe denominador igual a zero,


por uma razão muito simples: uma fração representa uma divisão, e não podemos
dividir por zero.

Lembre-se de que é importante “falar matemática”. Devemos usar a palavra “avos” (um
substantivo masculino) para falar algumas frações que possuem denominador maior do

que dez. Por exemplo, ( um onze avos).

Toda fração pode ser escrita em uma forma decimal, por exemplo:

Na prática, estamos fazendo a divisão do numerador pelo denominador. Confira


os exemplos acima usando uma calculadora ou um aplicativo de seu celular.

Algumas frações possuem representação decimal exata e outras, uma


representação decimal periódica.

Representação decimal periódica:

22
Matemática

Representação decimal não periódica ou exata:

A partir deste momento, vamos iniciar a resolução de situações-problemas para


que você não fique fazendo a famosa pergunta – “Para que estou estudando isto?”.

Veja o seguinte problema.

Em um restaurante, um garçom só sabia dividir uma pizza em dez fatias iguais. Se


Mário comeu a metade da pizza cortada pelo referido garçom, e sua namorada
comeu a quinta parte, quantas fatias sobraram?

Para saber quantas fatias sobraram, veja como é possível raciocinar:

•• se Mário comeu a metade da pizza, então ele comeu a metade de 10


fatias, ou seja, fatias;

•• sua namorada comeu da pizza, então comeu de 10 fatias, ou

seja, de fatias.

Assim, Mário e sua namorada comeram juntos fatias. Portanto, sobraram


fatias.

Existem frações com denominador igual a 1?

Todos os números inteiros são também números racionais, pois podem ser
escritos na forma de uma fração cujo denominador é igual a 1. Por exemplo:

Agora, já estamos prontos para apresentar o famoso conjunto dos números reais,
um conjunto que pode ser o universo do nosso estudo aqui neste texto.

23
Capítulo 1

2.4 Conjunto dos números reais


Para definir o conjunto dos números reais, é necessário considerar os números
que não podem ser escritos na forma de com e . Esses números

formam o conjunto dos números irracionais, que pode ser denotado por
(alguns autores usam a notação ).

São exemplos de números irracionais: , ,

É comum dizer que o conjunto dos números reais é o resultado da união do


conjunto dos números racionais com o conjunto dos números irracionais.

R .

Os números reais são representados geometricamente por uma reta numerada,


denotada por reta real. Lembre-se de que entre cada número inteiro, vamos ter
infinitos números reais.

–7 –6 –5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 6 7

Para sentir de perto a existência dos números reais que não são inteiros e
também não são frações, vivencie a experiência dos discípulos de Pitágoras –
medir a diagonal de um quadrado de lado igual a uma unidade de comprimento.

?
1

Acredita-se que os pitagóricos guardaram este segredo por muitos anos, pois
esta constatação significava a existência de seres disformes no seu mundo regido
pelos números. Hoje, já se sabe que este ser disforme é a raiz quadrada de dois
( ).

24
Matemática

Bentley (2009) apresenta alguns dados para destacar números minúsculos na


forma de frações e de frações decimais, pois esses números estão presentes em
nossas vidas. Sabemos que existe um “mundo invisível” para nós, por ser tão
pequeno que não pode ser visto pelos nossos olhos. Por exemplo, somos feitos
de trilhões de células, cada uma cerca de 100.000 vezes menor do que a nossa
altura, o que significa um tamanho aproximado entre 7 e 30 micrômetros, ou,
0,000007 e 0,00003 metro. Um átomo de hidrogênio é muito pequeno, mil vezes
menor do que um vírus, tem 0,5 angstrom, ou, 0,0000000005 metro de diâmetro.

A nanotecnologia é a tecnologia dedicada a dispositivos excessivamente


pequenos e tem aplicações na medicina, eletrônica, física, química, engenharia de
materiais, entre outras tantas áreas de aplicação.

Talvez hoje seja mais interessante discutir o tamanho dos “chips de silício”, que estão
ficando cada vez menores, do que discutir os famosos números Pi e Neperiano, mas
também não podemos esquecer desses dois famosos números irracionais.

2.4.1 O número Pi
A história do número está ligada à história da vida de muitos matemáticos da
Antiguidade. É importante relembrar, para ser justo, do nome de Arquimedes,
famoso matemático e astrônomo que nasceu em Siracusa, mais ou menos
em 287 a.C. No tempo de Arquimedes, muitos estudiosos já sabiam que o
comprimento de uma circunferência é igual a um número um pouco maior do que
três vezes o seu diâmetro.

Existe o registro histórico de várias tentativas feitas para encontrar o valor exato
desse número um pouco maior do que 3, que hoje é conhecido como número
Pi, simbolizado por .

Vários métodos geométricos demonstram que o valor do Pi é = 3,141592653...

Você pode encher a tela do seu computador com as casas decimais do número Pi.

2.4.2 O número neperiano


A origem do número e está associada à origem dos logaritmos. As tábuas de
logaritmos foram inventadas para facilitar os cálculos, pois, ao usar logaritmos,
consegue-se reduzir multiplicações e divisões em simples adições e subtrações.
O termo “neperiano” é uma homenagem ao matemático John Napier, que, em
1614, apresentou uma maneira prática para definir o logaritmo de e.

Além de servir de base para um sistema de logaritmos, o número e é um número


útil em toda a Matemática e ciências afins. Por exemplo, é muito utilizado em
Economia, Estatística, Probabilidades etc.

25
Capítulo 1

Nos dias de hoje, não se usam as tábuas de logaritmos porque as calculadoras


fazem todos os cálculos. No entanto, não se pode dispensar esse número de
nossas vidas. Vários fenômenos são modelados por uma expressão que envolve o
número e, por exemplo, o crescimento populacional, o aumento de capital e juros.

No decorrer deste livro, você vai ouvir falar muito sobre o número e, que é um
número real irracional e = 2,718281828....

A partir da descoberta dos logaritmos, sua aplicação foi rapidamente reconhecida


pela comunidade científica e seu uso espalhou-se rapidamente por várias
partes da Europa e até mesmo na China. As tabelas auxiliares surgiram assim
como instrumentos para os cálculos, como é o caso da “régua de cálculo”
(Figura 1.3), utilizada em todo o mundo, por engenheiros, por um período de
aproximadamente 320 anos. Ainda temos, nos dias de hoje, engenheiros que,
em sua formação profissional, vivenciaram o uso das “réguas de cálculo”. Estas
foram substituídas pelas calculadoras científicas.

Figura 1.3 – Régua de cálculo

Fonte: Acervo pessoal da autora.

2.5 Conjunto dos números complexos


Muita gente não aceita o termo “número imaginário” ou “número complexo” tal
como é usado em Matemática. E isso causa um grande mal-entendido! Quando
uma palavra é definida precisamente e tem apenas um significado, não há mais
razões para criticar seu uso.

Logo, um número imaginário ou complexo é uma ideia matemática precisa.

Cardano, um grande matemático do século XVI, foi o primeiro a reconhecer


a verdadeira importância desses números. Na sua obra Ars Magna, discute a
álgebra e dá especial atenção às raízes negativas de uma equação e ao cálculo
com números complexos.

26
Matemática

O conjunto dos números complexos é formado por todos os números reais e


pelas raízes de ordem par de números negativos, e pode ser representado por:

Em geral, os números complexos são discutidos inicialmente na forma algébrica,


por exemplo:

e .

Ao olhar para o par ordenado (a, b), fica simples visualizar a parte real e a parte
complexa ou imaginária do número complexo, pois:

•• a é a parte real;
•• b é a parte imaginária.

Lembre-se de que . Assim, tem-se que:

Nas próximas seções, você irá revisar as operações com os números reais, sendo
enfatizadas as diferentes representações, os algoritmos e métodos de tratamento
adequados a cada situação identificada.

2.6 Atividades de autoavaliação


1. Identifique a validade das afirmações que seguem:

a) O número dois é um número natural, inteiro, racional e pertence ao conjunto


dos reais.

b) Dizemos que dois conjuntos são disjuntos quando a intersecção entre eles é o
conjunto vazio. Diante desse conceito, podemos dizer que o conjunto dos reais
é formado pela união de dois conjuntos disjuntos: o conjunto dos racionais e o
conjunto dos irracionais.

c) A raiz quadrada de quatro é um número inteiro.

27
Capítulo 1

2. A relação de pertinência pode ser utilizada para relacionar um número com um


conjunto numérico. Verifique se são verdadeiras ou falsas as seguintes sentenças
matemáticas:

a) e)

b) f)

c) g)

d) h)

3. Investigue um extrato de conta corrente bancária e faça uma análise sob a


ótica dos conjuntos analisados.

Seção 3
Operações com números reais
A seguir, é feita uma revisão das operações no contexto dos números reais. A
estratégia adotada é uma revisão alicerçada em exemplos básicos e também
exemplos com situações práticas.

3.1 Adição e subtração com números reais


Para revisar as operações de adição e subtração com números reais, veja
inicialmente algumas propriedades válidas para a adição. Observe que estamos
genericamente considerando que a e b são números reais:

•• comutativa: ;
•• associativa: ;
•• elemento neutro: (0 é o elemento neutro da adição).

A subtração é dita uma operação inversa da adição, pois vale a relação genérica:

Nos próximos exemplos, você poderá aplicar estas propriedades em situações


que envolvem a adição e a subtração com números reais.

28
Matemática

3.2 Exemplos envolvendo adição e subtração de números reais


(1) Efetue as seguintes operações:

(a) .

É possível estabelecer uma regra prática para calcular a adição ou subtração com
números fracionários. Considere as expressões e escritas de forma que e
sejam diferentes de zero:

A ideia não é ficar mostrando fórmulas, apenas a expressão genérica apresentada


indica que estamos transformando as frações dadas em frações equivalentes com
o mesmo denominador e, portanto, vamos adicionar ou subtrair os numeradores.

(b) .

(c) .

Observe, neste exemplo, que o denominador não ficou igual a 27, mas sim igual
a 9. Isso deve-se pelo fato de podermos usar um valor menor, ou seja, o mínimo
múltiplo comum entre 9 e 3.

Com o uso das calculadoras, é usual resolver essas operações utilizando o


número escrito na forma decimal. Temos que ter alguns cuidados com as
aproximações utilizadas, pois, em contextos reais, as aproximações podem
causar impactos não desejáveis na solução.

A calculadora faz a aproximação em acordo com o número de casas que está


designado em suas opções de definição.

Veja, para o caso do uso de oito dígitos, temos:

Observe que, neste exemplo, esses números são decimais periódicos,


representados com uma aproximação de oito casas decimais.

29
Capítulo 1

(d) ou .

Observe que, neste caso, os decimais são exatos e não periódicos.

(e) .

Com uma calculadora, é possível determinar os valores aproximados para e


:

(f) .

Perceba que o número fracionário foi escrito em sua forma decimal para que a
operação fosse realizada. Uma outra opção é escrever o número decimal como
um número fracionário:

(g) Observe os exemplos:

•• ;
••

Observe, nestes exemplos, os resultados negativos. Lembre-se da importância


de conferir significados para os números negativos. Por exemplo, use a ideia de
“balanço” do tipo: crédito/débito; ganho/perda; sobe/desce; presente/futuro;
enche/esvazia etc. Assim, por exemplo, associe:

•• ao sinal "+ (mais)" o lucro e ao sinal "– (menos)" o prejuízo;


•• "–" o passado e "+" o presente.

30
Matemática

Se a operação dada tivesse contextualizada como “oito anos atrás” e “sete anos
atrás”, o resultado:

•• significa “15 anos atrás”;


•• significa “1 ano atrás”.

Observe o uso de parênteses em alguns momentos, estes são utilizados para


salientar o número negativo, use-o sempre que você achar conveniente para a
sua visualização.

(h) .

Observe que, ao lidar com “continhas”, é preciso considerar sempre a regra de


“vírgula” embaixo de vírgula”.

(2) Um mergulhador passou da profundidade de –6 m para –4 m. Neste caso, ele


subiu ou desceu? Quantos metros?

Perceba que o número –6 é menor do que o número –4. Assim, quando o


mergulhador passa de –6 m para –4 m, ele aumenta duas unidades.

Isso significa que ele subiu 2 m, pois –6 m é mais fundo do que –4 m.

(3) Imagine três pizzas de mesmo tamanho, cortadas de forma diferente: a


primeira, em duas partes; a segunda, em quatro partes; a terceira, em seis partes.
Se Joana come um pedaço de cada uma, quanto terá comido?

Para saber quanto Joana comeu, é possível representar cada pedaço usando
números fracionários:

•• 1 pedaço da primeira pizza (cortada em duas partes) = ;

•• 1 pedaço da segunda pizza (cortada em quatro partes) = ;

•• 1 pedaço da terceira pizza (cortada em seis partes) = .

Podemos escrever, .

31
Capítulo 1

Assim, Joana comeu , ou quase uma pizza inteira!

Observe que, ao fazer esta operação, usamos o procedimento de encontrar o


mínimo múltiplo comum entre os denominadores: mmc (2, 4, 6) = 12. Lembre-se
de que este processo pode ser feito por um mecanismo prático como segue:

2 4 6 2
1 2 3 2
1 1 3 3
1 1 1 2 × 2 × 3 = 12

Os números da primeira linha são os denominadores. Os números da quarta


coluna são colocados no processo, usando o critério de colocar números primos
que dividem exatamente os denominadores. Os resultados das divisões são
sucessivamente colocados nas linhas seguintes do lado esquerdo. O resultado
final resulta da multiplicação dos números primos da última coluna.

(4) Um bondoso homem doou da sua fortuna para menores carentes, e para
um asilo de idosos.

(a) Que fração de suas posses ele doou?

(b) Que fração sobrou?

Ele doou .

Se ele doou , então sobrou um inteiro menos esta fração:

As operações de adição e subtração são utilizadas em inúmeras aplicações que


envolvem a modelagem matemática. Na próxima seção, você poderá revisar as
operações de multiplicação e divisão dos números reais.

32
Matemática

3.3 Multiplicação e divisão com números reais


A revisão das operações de multiplicação e divisão envolvendo números reais
será abordada por meio de exemplos.

Veja algumas propriedades da multiplicação:

•• comutativa: ;
•• associativa: ;
•• elemento neutro: , dessa forma o número 1 é o
elemento neutro da multiplicação.

A divisão é a operação inversa da multiplicação, pois vale a seguinte relação:

ou .

Você poderá revisar esses processos operacionais por meio de exemplos dados
na seção seguinte.

Cabe, aqui, novamente relembrar que temos regras operacionais quando estamos
lidando com números positivos e negativos. Veja no Quadro 1.1 um resumo
dessas regras de sinais que são iguais para a multiplicação e para a divisão.

Quadro 1.1 – Regra de sinais

Divisão Multiplicação

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

O ideal é que você use as regras, mas tenha sempre em mente a necessidade de
conferir significados aos resultados, principalmente quando estamos diante de
situações-problema.

Além das regras de sinais, tem-se as regras auxiliares para o cálculo da


multiplicação e divisão com frações.

33
Capítulo 1

Veja a regra prática para a multiplicação que envolve frações, sendo b e d


números diferentes de zero:

Observe que, ao usar essa regra, podemos encontrar resultados passíveis de


simplificação.

Lembrando que a divisão pode ser representada por uma fração, podemos
montar a regra genérica que transforma divisão em uma multiplicação:

Observe que, ao multiplicar o numerador e o denominador de uma fração por um


mesmo fato, a fração não se altera.

Veja os exemplos na seção seguinte.

3.4 Exemplos envolvendo multiplicação e divisão de números reais


Seguem exemplos em que as operações de multiplicação e divisão são
necessárias para o desenvolvimento.

(1) Um comerciante contabiliza os seus lucros da seguinte maneira:

•• lucro sinaliza com sinal positivo;


•• prejuízo sinaliza com sinal negativo;
•• tempo futuro sinaliza com sinal positivo;
•• tempo passado sinaliza com sinal negativo.

Se esse comerciante está perdendo R$ 420,00 por dia, é possível analisar


matematicamente a situação e afirmar que:

•• o comerciante poderá, no decorrer dos próximos 12 dias, perder R$


5.040,00;
;
•• este comerciante tinha, há 12 dias, R$ 5.040,00 a mais;
.

Dessa forma, tem-se a uma contextualização que justifica o uso das regras de sinais.

34
Matemática

(2) Durante seis dias, a temperatura de uma certa região esteve abaixo de zero,
variando por volta de –18oC. Sabendo-se que a temperatura baixou o mesmo
número de graus a cada dia, quantos graus teria baixado por dia?

Para modelar esta situação, é possível escrever:

Isso significa que a temperatura baixou 3oC por dia, até que chegasse a –18oC.

(3) Analise as seguintes operações e observe os procedimentos envolvendo a


multiplicação de números reais.

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

Observe que:

•• estamos usando os símbolos “ ” e “ ” para representar a operação


multiplicação e em alguns momentos algébricos podemos inclusive
dispensar o seu uso, por exemplo: ;
•• nos itens (d) e (e), estamos usando os números reais na sua forma
decimal.

(4) Se 350 corresponde ao valor total, calcule e deste valor.

Para resolver este exemplo, basta multiplicar o valor total por suas frações:

de 350 .

de 350 .

Observe o uso da seta neste exemplo. Leia-se “implica” e tome o devido cuidado,
pois esse símbolo não representa igualdade, mas sim a equivalência.

35
Capítulo 1

(5) Um bolo foi dividido em partes iguais entre sete pessoas. Uma pessoa comeu
metade de sua fatia. Quanto do bolo ela comeu?

Uma (1) fatia representa a sétima parte do bolo ou .

A metade de 1 fatia representa do bolo, ou .

Assim, a pessoa comeu do bolo.

(6) Se no bolo do problema anterior, dividido entre sete pessoas, cada pedaço
custasse R$ 0,80, quanto custariam três pedaços do bolo?

Temos:

•• 1 pedaço do bolo R$ 0,80.

•• 3 pedaços do bolo .

Assim, três pedaços do bolo custariam R$ 2,40.

(7) Veja agora um jogo de palavras na situação apresentada no problema


histórico, criado para justificar as regras de sinal: .

“Eu tinha 3 dívidas, todas de 4 moedas de ouro. Mas as pessoas para quem eu devia
morreram. Perdi 3 vezes a dívida de 4 moedas. Assim, fiquei 12 moedas mais rico”.

“perdi 3 vezes a dívida de 4 moedas” .

(8) Analise as seguintes operações e observe os procedimentos envolvendo a


divisão de números reais.

(a) .

(b) .

(c) .

36
Matemática

Este resultado pode ser simplificado, ou seja, podemos encontrar uma fração
equivalente mais simples. Podemos, também, observar que o numerador e o
denominador são divisíveis por 5 e por 3, ou ainda, por .

Assim, .

(9) Como você poderia responder a questão: por que não existe divisão por zero?

Usando o fato de que a multiplicação e a divisão são operações inversas,


podemos formular a seguinte resposta: não podemos fazer uma divisão por zero
porque, por exemplo, não é possível dividir dois por zero: pois se ,
então . Não existe número que multiplicado por zero seja igual a 2.

(10) Os exemplos a seguir trazem um conceito muito usado em nosso dia a dia –
a porcentagem.

Após tratar das operações de multiplicação e divisão com números reais, é


possível introduzir um importante conceito, utilizado em diversas situações de
nosso dia a dia: a porcentagem.

É comum você deparar-se com expressões do tipo:


  • A inflação no último mês foi de 4% (quatro por cento).
  • A loja de eletrodomésticos está com uma promoção, descontos de 30% à vista.
  • O índice da bolsa em São Paulo está em queda de 0,2%.
Mas o que isso significa?

A porcentagem é uma forma de comparar números usando a proporção direta. É


o valor obtido quando se aplica uma razão centesimal a um valor. Como o nome
já diz, é por 100 ou sobre 100.

Indica-se a expressão por .

Para entender melhor, veja a aplicação deste conceito e analise as seguintes


situações.

(a) Calcular 10% de 500.

A razão centesimal é dada por 10% . Portanto,

10% de 500 .

37
Capítulo 1

(b) Calcular 25% de 210.

Neste caso, a razão centesimal é dada por 25% . Portanto,

25% de 210 .

(11) Qual a taxa porcentual de 3 sobre 4?

Equacione a taxa indicada como

Então a taxa é de 75%.

(12) Uma loja divulga uma promoção de 10% de desconto sobre o preço de suas
mercadorias vendidas à vista. Se uma camisa custa R$ 90,00, qual será o seu
valor com o desconto?

O desconto de 10% será sobre o valor de R$ 90,00. Assim, teremos:

10% de 90 .

Isso significa que a camisa custará R$ 9,00 a menos. Portanto, o preço a ser pago
é de R$ 90,00 – R$ 9,00 = R$ 81,00.

(13) Veja o que está no túmulo de Diofanto:

“Aqui jaz o matemático que passou um sexto da sua vida como menino. Um doze
avos da sua vida passou como rapaz. Depois viveu um sétimo da sua vida antes
de casar-se. Cinco anos após, nasceu seu filho, com quem conviveu metade da
sua vida. Depois da morte de seu filho, sofreu mais 4 anos antes de morrer.”

38
Matemática

Vamos identificar por V o tempo de vida de Diofanto, medido em anos. O tempo


de vida de Diofanto é a soma de cada uma das frações indicadas. Assim, temos:

Resolvendo a soma de frações, teremos:

Determinando o valor de V, já é possível saber que Diofanto viveu 84 anos. Veja,


no Quadro 1.2, a divisão destes 84 anos.

Quadro 1.2 – Vida de Diofanto

Menino 14 anos Até 14 anos

Rapaz 7 anos 14 aos 21 anos

Antes de casar 15 anos 21 aos 33 anos

Filho nasceu 5 anos depois de casar 33 + 5 = 38 anos

Conviveu com o filho 42 anos 38 aos 80 anos

Morreu 4 anos depois da morte do filho 80 + 4 = 84 anos

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

39
Capítulo 1

3.5 Atividades de autoavaliação


1. Efetue as operações indicadas:

a) f)

b) g)

c) h)

d) i)

e) j)

2. O salário do funcionário de uma empresa é igual a R$ 1.200,00. No mês de


suas férias, ele recebe o seu salário mais referente às férias. Quanto ele recebe?

3. Mário trabalhou sete meses em uma empresa com salário de R$ 600,00. Por

isso, recebeu a quantia igual a de um salário, correspondente à parte do 13º

salário. De quanto foi a quantia recebida?

4. Se correspondem a 180, a quanto corresponde um inteiro?

5. O tanque do carro está seco. Se pusermos 14,5 litros de combustível em


um carro que roda em média 7,14 km/l, conseguiremos chegar a um hotel 98
quilômetros distante?

6. Em uma receita de bolo usa-se 0,5 litro de leite, sendo que 0,25 dessa
quantidade vai no recheio. Que fração do litro é usada no recheio?

7. Uma mãe deu dinheiro aos três filhos, dizendo que era um terço para cada um.
O primeiro filho gastou só um terço da sua parte. Que fração do total dado pela
mãe ele gastou?

40
Matemática

8. Um clube tem 60 associados, 18 dos quais com menos de 15 anos de idade.


Esses jovens correspondem a que fração do quadro de associados?

9. Em uma aplicação financeira, tem-se rendimento igual a 1% ao mês, sendo


descontada uma taxa anual fixa, relativa à administração, igual a 5% do depósito
inicial. Se um indivíduo possui R$ 6.000,00 e aplica este dinheiro durante um ano
e meio, qual será o seu saldo final?

10. Em uma pesquisa de intenção de voto, realizada com 500 pessoas de uma
cidade, obteve-se o seguinte resultado.

Número de pessoas

Candidato A 132

Candidato B x

Indecisos 74

Calcule os valores percentuais da pesquisa realizada.

11. Um incêndio destruiu 30% da área verde em uma floresta. Se 20% desta
floresta é formada por rios e riachos e o restante, somente por área verde, qual o
percentual da floresta atingida pelo fogo?

Seção 4
Resolução de equações
Quando você está diante de um problema, pode resolvê-lo usando mais de um
caminho ou uma estratégia. Se o problema requer o uso de objetos matemáticos,
a solução pode ser obtida a partir do envolvimento de algoritmos numéricos,
resolução de equações ou sistemas de equações. Para cada situação, usa-
se a ferramenta matemática adequada, que poderá ser simples ou de nível
mais complexo, como é o caso de derivadas e integrais (objetos matemáticos
estudados no cálculo diferencial e integral).

Os problemas considerados da área econômica, em geral, são modelados por meio


de expressões algébricas, resultando fórmulas práticas. Ao aplicar os dados, você

41
Capítulo 1

fica diante de uma equação ou de um sistema de equações. É importante que, neste


momento, você faça uma breve revisão sobre a resolução de equações do 1o e 2o
graus, pois estes conceitos serão amplamente aplicados no estudo das funções.

4.1 Equação do 1o grau


A resolução de uma equação do 1o grau consiste na determinação da incógnita x,
“isolando-a” em um dos lados da igualdade. Para tal, você precisa relembrar dois
princípios.

•• Princípio aditivo da igualdade: adicionando (ou subtraindo) aos


dois membros de uma igualdade o mesmo número, a igualdade
não se altera. Em outras palavras, ao passar um número que está
somando (ou subtraindo) para o outro lado da igualdade, deve-se
inverter seu sinal.
•• Princípio multiplicativo da igualdade: multiplicando (ou dividindo)
os dois membros de uma igualdade pelo mesmo número, a igualdade
não se altera. Em outras palavras, um número que está multiplicando
passa para o outro lado da igualdade dividindo; já um número que
está dividindo passa para o outro lado da igualdade multiplicando.

É usual utilizar letras para representar os valores que uma variável pode assumir.
É comum, de forma mais tradicional, usar o termo “incógnita” para expressar o
valor que é desconhecido e procura-se saber.

4.1.1 Exemplos
(1) Determine o valor da incógnita x das seguintes equações do 1o grau:

(a) (c)

(b) (d)

Temos as soluções que envolvem a aplicação dos princípios citados em 4.1 e


algebrismos.

(a)

42
Matemática

(b)

(c)

(d)

(2) O testamento de um moribundo impõe que, quando sua esposa, que está

grávida, tiver um filho, este herdará e a viúva, dos bens; mas, se nascer uma

filha, esta herdará e a viúva, dos bens. Como devem ser divididos os bens

no caso de nascer um casal de gêmeos? (EVES, 1995, p. 314).

Este é um problema discutido na Idade Média e tem origem romana. A solução


considerada viável faz uma suposição satisfatória, pois, rigorosamente, não se
poderia solucioná-lo já que não se conhece o critério adotado pelo moribundo no
caso de filhos gêmeos (poderia, por exemplo, ser uma escolha aleatória).

43
Capítulo 1

A sugestão de solução considera que o moribundo queria deixar:

•• para um filho, o valor equivalente ao triplo do valor da viúva, pois


;

•• para uma filha, o valor equivalente a do valor da viúva, pois


.

Assim, é possível escrever a equação .

Considerando-se que a herança foi repartida para três pessoas (viúva, filho e
filha), e mantendo-se a proporcionalidade inicialmente proposta, na equação, o
valor de x representa a parte da viúva.

Para resolver a equação, é possível aplicar os princípios enunciados para a


resolução de uma equação do 1o grau. Veja.

Assim, a solução pode ser resumida da seguinte forma:

•• a viúva receberá dos bens, o que corresponde a 18,51% do total;

•• o filho recebe o triplo de dos bens, o que

corresponde a 55,56% do total;

•• a filha recebe de dos bens, o que corresponde a

25,93% do total.

44
Matemática

Observe que, para definir os percentuais apresentados, basta multiplicar as


frações obtidas por 100. Assim:

•• a viúva receberá ;

•• o filho recebe .

•• a filha recebe .

4.1.2 Atividades de autoavaliação


Resolva as seguintes equações:

1. 5.

2. 6.

3. 7.

4.

4.2 Equação do 2o grau


Para resolver uma equação do segundo grau , com , é preciso
utilizar algumas regras gerais que foram criadas para auxiliar nesses cálculos. A
fórmula mais conhecida é a Fórmula de Bhaskara.

45
Capítulo 1

O termo é denominado descriminante da equação e a partir do seu


valor podemos dizer que:

a. se , a equação terá duas raízes reais diferentes;


b. se , a equação terá duas raízes complexas
conjugadas;
c. se , a equação terá duas raízes reais iguais.

4.2.1 Exemplos
1. Resolva as seguintes equações do 2o grau:

(a) (d)

(b) (e)

(c) (f)

Vamos aplicar a Fórmula de Bhaskara ou outro procedimento mais simplificado.

(a)

Neste caso, vamos aplicar a Fórmula de Bhaskara.

46
Matemática

(b)

Observe que esta equação do segundo grau é incompleta, pois tem o valor de b igual
a zero. Dessa forma, é possível resolver sem o uso da fórmula de Bhaskara. Veja.

(c)

Aqui, vamos aplicar a Fórmula de Bhaskara.

(–3) (–3) –4 . 2 . 2 3 9 – 16 3 –7 3 7 i

3+ 7 i 3 + 7 i

3– 7 i 3 – 7 i

O descriminante desta equação , portanto, temos duas raízes


complexas conjugadas do tipo e .

(d)

É bastante comum encontrarmos a equação do segundo grau na sua forma


fatorada, como neste exemplo. Nesse caso, a resolução pode ser feita de forma
mais direta, considerando-se que cada fator pode ser igual a zero. Temos:

47
Capítulo 1

Resolvendo, obtemos:

Assim, a solução da equação dada, ou raízes são: e .

(e)

Esta é também uma equação incompleta do segundo grau. Podemos aplicar a


fórmula de Bhaskara, mas podemos, também, resolver por meios algébricos. Veja.

Assim, a solução é dada por: e .

(f)

Para resolver essa equação, é possível aplicar a fórmula de Bhaskara, mas


também podemos usar a propriedade da Soma e Produto das suas raízes para
encontrar a solução. A equação do segundo grau pode ser escrita da forma
, sendo que S é a soma das raízes e P, o produto.

No exemplo dado, vamos ter que:

S = x1 + x2 = –3

P = x1 x2 = –10

Nesse caso, é simples perceber que os valores das raízes são 2 e −5. O cálculo
pode ser feito mentalmente, principalmente quando os valores são inteiros.

48
Matemática

4.2.2 Atividades de autoavaliação


Resolva as seguintes equações:

1.

2.

3.

4.

4.3 Modelagem matemática e resolução de problemas


A criação de modelos matemáticos para analisar fenômenos naturais e sociais
e resolver problemas é inerente ao ser humano. Nesse contexto, a modelagem
matemática é uma ferramenta facilitadora e não complicadora, como muitos
dizem. Por exemplo, para fazer a previsão do fluxo de caixa de uma empresa,
podemos usar um modelo matemático.

A modelagem matemática é um processo que requer o conhecimento matemático,


mas também muita criatividade e intuição para interpretar o contexto do modelo.
Os modelos podem dar suporte à resolução de problemas reais e atualmente os
recursos tecnológicos estão facilitando cada vez mais as projeções.

Formalmente, a modelagem matemática requer algumas etapas:

1. reconhecimento da situação problema;


2. familiarização com o contexto do problema;
3. formulação de hipóteses;
4. resolução do problema em termos do modelo a ser apresentado;
5. interpretação da solução;
6. validação do modelo.

49
Capítulo 1

As etapas (1) e (2) são as que permitem o reconhecimento e a familiarização com


o problema em seu contexto. Nesta etapa, as dificuldades que podem surgir
estão associadas ao fato de estarmos ou não envolvidos no contexto ou na área
de atuação ou profissional em que o problema é aplicável.

Nas etapas (3) e (4), vamos precisar alicerçar-nos em conhecimentos matemáticos.


Para esta etapa do seu estudo, vamos usar não apenas os conceitos do presente
capítulo, mas as funções em suas diferentes representações e suas propriedades
e características. Dessa forma, vamos limitar-nos a um conjunto de situações-
problema que exige poucas ferramentas matemáticas.

É importante que todo modelo seja validado, pois o seu uso de forma adequada
vai depender desta validação. É neste ponto que muitas distorções surgem, pois
muitos modelos ainda não validados ou validados em contextos diferentes são
utilizados de forma indiscriminada na resolução de problemas.

É interessante lembrar que, em um processo de modelagem, um modelo é criado


e este modelo reduz a complexidade do problema real.

A criação de um modelo concreto sempre dá uma sensação de que a validação


é óbvia; entretanto, isso pode não ser verdade, pois o contexto não deve ser
desconsiderado. Por outro lado, os modelos ideais podem surgir a partir da
equivalência com outras situações similares e, nesses casos, a validação deve
também ser considerada, pois novamente os contextos são diferentes.

Você vai observar que vamos usar modelos já prontos e também vamos discutir
situações que requerem a efetivação do modelo. É muito usual, neste contexto,
lidarmos com diversos dados e, portanto, há uma interação sistemática entre a
matemática e a estatística.

Segue um exemplo que mostra a importância da criatividade. Você já deve ter


assistido ou ouvido falar no filme “Uma Mente Brilhante”, de Ron Howard, estrelado
por Russel Crowe; ou talvez já tenha visto nas livrarias o livro de Sylvia Nasar
com este mesmo título. Trata-se de um livro que relata a vida do matemático
e economista John Forbes Nash Junior (1928-2015). Sua vida, conhecida no
mundo por meio da literatura e divulgada no cinema, mostra-nos a genialidade e a
criatividade de um ser humano que lutou para superar a esquizofrenia.

Uma das suas brilhantes ideias está na resolução do famoso “Problema da


Barganha”, em que constata-se que com pouca matemática e muita criatividade
podemos propor grandes modelos matemáticos.

Veja alguns detalhes!

50
Matemática

O Problema da Barganha: historicamente, todos nós sabemos que a troca


sempre foi a base da economia desde que se conhece a existência do homem.
A realização de acordos tem ocorrido desde o tempo em que os reis e os faraós
trocavam ouro e carros de combate por armas e escravos. Apesar dos avanços
das teorias economistas do capitalismo, com seus compradores e vendedores,
antes da grande ideia de Nash, não tínhamos uma solução plausível.

O Problema da Barganha foi apresentado pela primeira vez em 1881, em Oxford,


por Edgeworth. Muitos discutiram, mas a fraqueza dos argumentos estava no
contexto no qual o problema apresentava-se. Ao fazerem uma barganha, as
pessoas não se comportam de maneira puramente competitiva durante todo o
tempo. Elas agem por conta própria, mas também colaboram, fazem acordos,
evidentemente visando também ao seu próprio interesse; dessa forma, filiam-se a
sindicatos, formam governos, montam grandes empresas e cartéis. Nasar (2002)
comenta que, por essa característica, os modelos de Edgeworth captaram os
resultados da competição, mas não deram conta da cooperação.

[...] as partes envolvidas na barganha agiam na expectativa


de que a cooperação lhes renderia mais do que se agissem
sozinhas. De certa forma, as partes do poder de barganha, mas
quanto a isso a teoria econômica nada tinha a dizer, e não havia
meio de descobrir uma solução no palheiro de possíveis soluções
que satisfizesse esse critério muito amplo. (NASAR, 2002, p. 110).

Estratégia de Nash: Nash seguiu basicamente um processo de modelagem. Para


prever como duas partes racionais interagem na barganha, seu ponto de partida foi
relacionar um conjunto de condições razoáveis que atenderiam qualquer solução
plausível. Depois, analisou para onde as condições definidas o levavam. A partir daí,
tem-se a aplicação de uma abordagem matemática denotada como axiomática.

A teoria de Nash parte do pressuposto de que as expectativas de cada parte


em relação ao comportamento da outra parte são baseadas nas características
intrínsecas do contexto da troca. Observe que, até este ponto, temos as duas
etapas da modelagem vencidas, ou seja, Nash já havia analisado o problema e
estava familiarizado com o contexto, inclusive já com a compreensão dos pontos
em que Edgeworth não compreendeu.

Seguindo o processo de modelagem, Nash formulou hipóteses para resolver


o problema. Por exemplo: “Um acordo resulta quando dois indivíduos têm a
oportunidade de colaborar em benefício mútuo de mais de uma maneira” e “O
modo como dividirão o ganho reflete o quanto o acordo vale para cada indivíduo”.

Para facilitar a resolução do problema, Nash busca a resposta para a seguinte


pergunta: “Que condições razoáveis uma solução qualquer tem que satisfazer?”.

51
Capítulo 1

Ao responder essa pergunta, surgem as condições para a modelagem do


problema e, com artifícios matemáticos, surge a solução para o problema e a sua
validação, com a constatação de que, ao validar os axiomas, tem-se uma única
solução que maximiza o produto das utilidades dos jogadores.

Não vamos aqui dar detalhes matemáticos, pois a ideia é mostrar que, mesmo
não seguindo intencionalmente o que colocamos hoje como etapas da
modelagem matemática, Nash seguiu formalmente as etapas da modelagem
matemática de forma muito criativa ao fazer as escolhas adequadas ao Problema
da Barganha. Na prática, ao trabalhar com modelagem, estamos sempre trilhando
as etapas citadas.

No decorrer dos demais capítulos deste texto, vamos sempre resgatar a ideia da
modelagem matemática, cabendo o destaque de que, em muitas situações reais,
as equações do primeiro e segundo grau, revisadas aqui neste capítulo, surgem
como modelos matemáticos.

Veja a situação destacada.

Encontre o preço de equilíbrio e a respectiva quantidade para a demanda e a oferta


dada pelos modelos.

Sendo x a quantidade e y o preço.

Para determinar o preço de equilíbrio e a quantidade, vamos resolver o sistema de


equações dado. Isolamos o y na segunda equação do segundo grau e
substituímos na primeira equação.

Aplicando a fórmula de Bhaskara, temos o seguinte.

52
Matemática

Como x representa a quantidade do produto, não faz sentido ser representado por
um número negativo. Assim, apenas interessa-nos o valor de .

Substituindo em uma das equações, temos o que se segue.

Portanto, os valores e representam o preço de equilíbrio e a quantidade


para as funções de demanda e oferta apresentadas.

No decorrer dos próximos capítulos, vamos discutir sistematicamente problemas


práticos que são resolvidos por meio da modelagem matemática.

53
Capítulo 2

Funções e suas aplicações

Com o estudo dos conteúdos deste capítulo, o estudante irá desenvolver habilidades
para identificar e discutir aplicações práticas que são desenvolvidas com o uso das
funções matemáticas. Os tipos de funções mais utilizadas são discutidos e exemplos
de modelagem matemática na resolução de problemas são apresentados.

Seção 1
Introdução
Você já parou para pensar onde aparecem as funções em sua vida? Mas antes
disso, você sabe realmente o que é uma função?

Você pode pensar, intuitivamente, que uma função é uma relação entre variáveis.

Assim, por exemplo, podemos dizer que a temperatura depende da umidade


relativa do ar, da localização que está sendo considerada, da altitude, da
presença de um ar-condicionado, entre outras coisas.

É possível dizer, de forma simplificada, que a temperatura é uma função destas


variáveis elencadas, ou seja:

temperatura = f (umidade relativa do ar, localização, altitude, ar-condicionado).

Esta pode ser uma função que envolve muitas variáveis.

Para entender as funções de muitas variáveis, é importante que você conheça,


em um primeiro momento, algumas funções mais simples, chamadas de funções
de uma variável. São também relações que envolvem apenas duas variáveis:
uma dita dependente e outra dita independente.

55
Capítulo 2

Existem inúmeras situações que envolvem estas funções de uma variável, por
exemplo:

•• o espaço percorrido por um automóvel depende do tempo;


•• a área de uma sala quadrada depende da medida do seu lado;
•• o custo de fabricação de um produto depende do número de
unidades produzidas.

Nesses exemplos, é possível identificar as variáveis dependentes e


independentes:

•• variáveis dependentes: espaço percorrido, área da sala, custo de


fabricação do produto;
•• variáveis independentes: tempo, medida do lado da sala, número
de unidades produzidas.

Para modelar essas situações, são utilizadas funções do tipo , sendo x a


variável independente e y a variável dependente.

1.1 Definição de função


Para definir uma função, é necessária a existência de dois conjuntos e uma
relação específica entre eles. A Figura 2.1 mostra diagramas que representam os
dois conjuntos e a relação em três diferentes situações. Observe que:

•• todos os elementos do conjunto A têm um único correspondente no


conjunto B;
•• no conjunto D, você pode ter elementos que são correspondentes
de mais de um elemento no conjunto C;
•• no conjunto F, você pode ter elementos que não são utilizados na
relação entre os dois conjuntos.

Formalmente, podemos definir função da seguinte forma.

Definição de função: sejam A e B subconjuntos do conjunto dos números


reais. Uma função é uma lei ou regra que, a cada elemento de A, faz
corresponder um único elemento de B.

56
Matemática

Linguagem simbólica:
  ou  

Figura 2.1 – Diagramas com funções

A B

Apresenta uma função de A em B: cada


1 2
(a) elemento do conjunto A corresponde a um
2 4 único elemento do conjunto B.

C D

Apresenta uma função de C em D. Pode-se


1 2
(b) dizer que 2 é imagem de 1 e 4 é imagem
0
2 4 de 0 e 2, ou f (1) = 2 e f (0) = f (2) = 4.

E F

Apresenta uma função de E em F. O


1 2
(c) 7
conjunto F tem um elemento que não é
2 4 imagem da função.

Podemos dizer que uma função definida no conjunto dos reais é uma relação
específica, pois estamos diante de um subconjunto do produto cartesiano R R.

Assim, a representação gráfica de uma função é o conjunto dos pares


ordenados e, para cada valor de x, existe um único correspondente y.

É usual identificar:

•• domínio de uma função: conjunto em que a função é definida


(conjunto A);
•• contradomínio de uma função: conjunto em que a função toma
valores (conjunto B);
•• conjunto imagem de uma função ou simplesmente imagem da
função: conjunto dos valores .

Na linguagem mais coloquial, é usual confundir as notações f com :fé


a função f: A B, enquanto que é o valor que a função assume em x.
Costuma-se falar que f (x) é a imagem de x.

57
Capítulo 2

Ao estudar funções, você vai deparar-se com formalismos nas notações


matemáticas. No caso das funções, a autoria é devida ao Leonhard Euler
(1707-1783), um escritor prolífico da história da Matemática. Sua produtividade
surpreendente não foi prejudicada quando ficou cego. Publicou 530 trabalhos
durante sua vida e teve muitos manuscritos publicados após a sua morte.

1.2 Exemplos
(1) Considere as funções apresentadas na Figura 2.1. Determine o domínio D ( f ),
o contradomínio CD ( f ) e o conjunto imagem, Im( f ). No Quadro 2.1, temos as
respostas.

Quadro 2.1 – Domínio, contradomínio e conjunto imagem das funções da Figura 2.1

(a) f : A B (b) f : C D (c) f : E F

D ( f ) = {1, 2}; D ( f ) = {0, 1, 2}; D ( f ) = {1, 2};

CD ( f ) = {2, 4}; CD ( f ) = {2, 4}; CD ( f ) = {2, 4, 7};

Im ( f ) = {2, 4}. Im ( f ) = {2, 4}. Im ( f ) = {2, 4}.

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

No decorrer do presente texto, vamos trabalhar com funções reais, portanto, os


dois conjuntos envolvidos na definição de funções são subconjuntos do conjunto
dos números reais. Neste caso, as funções são ditas reais com variáveis reais e a
representação usual é a representação algébrica da lei de formação que define a
relação entre os conjuntos, usualmente dada por .

(2) Para cada uma das funções identificadas a partir de sua representação

algébrica ou lei de formação, calcule a imagem nos pontos 1, –3 e .

(a)

Para calcular a imagem nos pontos indicados, é necessário fazer , e

. Assim, temos: ; e .

(b)

Nesse caso, vamos fazer , e . Assim, tem-se: ;

e .

58
Matemática

Veja a diferença entre a imagem e o conjunto imagem de uma função: o conjunto


imagem são todos os pontos que a função pode assumir, ou seja, todos os valores
que a variável y assume. A imagem é calculada para cada ponto identificado. Assim, é

possível calcular f (1), f (–3) ou , que serão, respectivamente, a imagem da função

no ponto 1, –3 ou .

(3) Considere a função . Pergunta-se:

(a) Qual é a imagem no ponto −1?

A imagem no ponto −1 é encontrada fazendo-se: .

(b) Existe imagem no ponto −3?

Não existe imagem no ponto −3, pois, ao fazer , vamos


encontrar uma divisão por zero, que não existe.

(c) Qual o conjunto imagem dessa função?

O conjunto imagem pode ser representado por todos os números reais exceto
o −3, ou seja, podemos representar por R–{−3}, lembrando que R representa o
conjunto dos números reais.

1.3 Atividades de autoavaliação

1. Calcule e para as funções representadas algebricamente por:

a) b)

2. A função consumo em uma certa economia é dada pela função ,


sendo que C(y) é o total de gastos de consumo pessoal, y é a renda total disponível
para gastos, e tanto C(y) quanto y são medidos em bilhões de dólares. Determine
C(0), C(50) e C(100).

3. Qual é o domínio da função .

59
Capítulo 2

Seção 2
Tipos de funções e suas representações
gráficas
As funções são utilizadas para modelar situações em várias áreas do
conhecimento. A partir do fenômeno a ser modelado, várias expressões
algébricas são estabelecidas e são categorizadas por tipos, em acordo com as
suas características.

Neste momento, você terá apenas uma visão geral dessas funções e vamos
procurar já trabalhar com exemplos práticos e com as representações gráficas
das funções dadas.

As funções que serão mais utilizadas no contexto das áreas sociais serão
retomadas nos capítulos seguintes e as suas características serão destacadas.

Quando apresentarmos as representações gráficas, vamos sempre fazer


referência ao uso de softwares livres ou aplicativos disponíveis de forma gratuita
na internet. Todavia, apesar da indicação do uso de softwares, considera-se
importante que se tenha compreensão da relação existente entre a representação
algébrica e a representação gráfica de uma função.

Se a função é dada por sua lei de formação, vamos ficar de imediato diante da
sua representação algébrica e, portanto, para fazer a sua representação gráfica,
basta formalizar um conjunto de pontos adequados de modo que tenhamos
um bom visual gráfico. Esse conjunto de pontos pode ser feito manualmente ou
usando um software, como, por exemplo, o Graph.

No Quadro 2.2, temos o cálculo de um conjunto de pontos para a função


, escolhida como exemplo e, na Figura 2.2, temos o gráfico da função
que foi construído usando o software Graph.

60
Matemática

Quadro 2.2 – Conjunto de pontos do gráfico da função y = x2 + 1

x f (x) = x2 + 1 Ponto do gráfico

−3 f (–3) = (–3)2 + 1 = 10 (−3, 10)

−2 f (–2) = (–2)2 + 1 = 5 (−2, 5)

−1 f (–1) = (–1)2 + 1 = 2 (−1, 2)

0 f (0) = (0)2 + 1 = 1 (0, 1)

1 f (1) = (1)2 + 1 = 2 (1, 2)

2 f (2) = (2)2 + 1 = 5 (2, 5)

3 f (3) = (3)2 + 1 = 10 (3, 10)

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Figura 2.2 – Gráfico da função y = x2 + 1

y
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
x
-3 -2 -1 1 2 3

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Seguem as considerações e os exemplos relacionados com os seguintes tipos de


funções:

•• função polinomial do primeiro grau;


•• função polinomial do segundo grau;
•• função polinomial de grau maior do que dois;
•• função racional;
•• função exponencial;
•• função logarítmica;
•• outros tipos interessantes.

61
Capítulo 2

2.1 Função polinomial do primeiro grau


A função polinomial do primeiro grau é definida genericamente como ou
com .

A representação gráfica deste tipo de função é sempre uma linha reta.

Lembrando que temos a liberdade de utilizar outras letras para representar as


duas variáveis envolvidas.

Exemplo

Podemos ter a função dada por .

Essa função é resultado da modelagem matemática que relaciona a temperatura


em graus Celsius (°C) com a temperatura em graus Fahrenheit (°F).

Observe as imagens dos valores em que a água congela (0°C) e em que a água
ferve (100°C).

Assim, a água congela em 32°F e ferve em 212°F.

Na Figura 2.3, tem-se a representação gráfica da função dada e os pontos em


que temos: o congelamento da água e a água fervendo.

Figura 2.3 – Gráfico da função

°F
(100,212)
200

150

100

50
(0,32)

°C
-50 50 100

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

62
Matemática

2.2 Função polinomial do segundo grau


A função polinomial do segundo grau é definida genericamente como
ou com . O gráfico desse tipo de função tem
o formato de uma parábola.

Esta função é utilizada como modelagem para situações reais em diversas


áreas de conhecimento ou em diferentes situações práticas. Em acordo com o
contexto, podemos ter a delimitação do domínio para que esta possa atender aos
dados reais.

Exemplo

Vamos supor que uma empresa que fabrica filtros de água tem um custo mensal
fixo de R$ 10.000,00 e um custo variável de dólares, sendo que x é
a quantidade de filtros fabricados e está delimitado entre zero e 40.000 unidades.

Se considerarmos as definições dadas, podemos escrever que a modelagem


do custo total mensal, em qualquer nível de produção, é dado pela função do
segundo grau:

, para .

Essa função pode ser representada graficamente, como mostra a Figura 2.4.
Observe que a parábola não será considerada na íntegra, pois temos uma
delimitação no domínio dada pelo contexto da situação prática.

Figura 2.4 – Gráfico da função

C dólares
250000

200000

150000

100000

50000

x unidades
40000 80000

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

63
Capítulo 2

2.3 Função polinomial de grau maior do que dois


Uma função polinomial pode ter qualquer grau, que é dado sempre pelo maior
expoente da variável independente. Por exemplo, genericamente temos que:

•• , com é uma função polinomial do


terceiro grau;
•• , com é uma função polinomial do
quarto grau.

Exemplo

Suponha que a função expresse o custo total de


fabricação de um produto. Como calcular o custo de cinco unidades? E o custo
de fabricação da quinta unidade?

Se você já tem a função que expressa o custo total de fabricação de um


determinado produto, pode facilmente responder as duas questões solicitadas.

O custo de fabricação de cinco unidades é encontrado quando se calcula a


imagem da função no ponto . Portanto,

Se você trabalhar com unidades monetárias em reais, a resposta é R$ 1.375,00.

Para saber o custo da quinta unidade, você precisa fazer a diferença entre o custo
de cinco unidades e o custo de quatro unidades, ou seja,

Assim, o custo da quinta unidade é de R$ 181,00.

Observe que o gráfico desta função pode auxiliar na obtenção de outras análises
(veja a Figura 2.5).

64
Matemática

Figura 2.5 – Gráfico da função

C(q)

5500

4125

2750

1375

q
5 10 15 20

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

É possível observar que o aumento do custo de produção cresce mais


rapidamente a partir de, aproximadamente, 20 unidades.

2.4 Função racional


Uma função racional é definida como um quociente entre duas funções
polinomiais. Genericamente, podemos escrever:

, sendo e polinômios e .

Exemplo

A função preço de um determinado bem é dada por . Analise o gráfico


da função de demanda, escrita como .

Para fazer o gráfico da função de demanda, escrita como , em um


primeiro momento, isola-se a variável x da função preço.

65
Capítulo 2

O gráfico da função é mostrado na Figura 2.6. Perceba que, para

analisar o gráfico da função de demanda, basta considerar os valores em que o


preço é maior do que zero, já que não faz sentido falar em preço negativo.

Figura 2.6 – Gráfico da função

x
70
60
50
40
30
20
10 P
-70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 10 20 30 40 50 60 70
-10
-20
-30
-40
-50
-60
-70

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Veja o mesmo gráfico na Figura 2.7, considerando a restrição no domínio, usando


apenas os valores em que .

Figura 2.7 − Gráfico da função demanda para valores de

x
70

60

50

40

30

20

10
P
10 20 30 40 50 60 70

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Ao analisar a representação gráfica da Figura 2.7, é possível perceber que o preço


(P) aumenta à medida que a demanda (x) diminui. Portanto, a função demanda é
decrescente. Em valores próximos de , a demanda é bem alta. Isso significa
que, com um preço baixo, a demanda tende a um valor muito alto.

66
Matemática

2.5 Função exponencial


A função exponencial é uma função real que associa a cada número x o número ax
com a > 0 e a ≠ 1.

A base a assume em algumas áreas do conhecimento valores específicos, como


é o caso da base a = e, com e 2,718 (número irracional denotado como número
neperiano). Procure não confundir uma função exponencial com uma função potência.

Observe que, na função exponenciais, a variável está no expoente e, na função


potência, a variável está na base.

Exemplo

(1) Uma aplicação tradicional das funções exponencial está no contexto dos juros
compostos. Temos:

•• se P unidades monetárias forem investidas com uma taxa de juros


anual r e os juros compostos k vezes por ano, o saldo S(t), após t

anos, será de unidades monetárias;

•• se P unidades monetárias forem investidas com uma taxa de juros


anual r e os juros compostos continuamente, o saldo S(t), após t
anos, será de unidades monetárias.

Observe que P é o investimento inicial, r é a taxa de juros por períodos, na forma


de número decimal.

Se a taxa de juros r for anual e os juros forem compostos k vezes, o ano fica
dividido em k períodos idênticos e a taxa de juros, em cada período, será de r/k.

Veja um exemplo concreto, supondo que R$ 1.000,00 sejam investidos a uma taxa
de juros anual de 6%. Calcule o saldo após 10 anos, se os juros forem compostos:

a. trimestralmente;
b. mensalmente;
c. continuamente.

67
Capítulo 2

Temos os seguintes cálculos para ter as resposta do exemplo proposto:

(a) Para calcular o saldo após 10 anos, se a taxa de juros for composta
trimestralmente, vamos usar a fórmula a seguir.

, com , , e . Assim,

(Ver Figura 2.8 e Tabela 2.1).

Tabela 2.1 – Tabela da função com

t (anos) S(t) Reais

0 1000,00

1 1061,36

2 1126,49

3 1195,62

4 1268,99

5 1346,86

6 1429,50

7 1517,22

8 1610,32

9 1709,14

10 1814,02

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

68
Matemática

Figura 2.8 – Gráfico da função com


S (t) reais
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
t (anos)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

(b) Para calcular o saldo após 10 anos, se a taxa de juros for composta
mensalmente, vamos usar a fórmula:

, com , , e . Assim,

(c) Para calcular o saldo após 10 anos, se a taxa de juros for composta
continuamente, vamos usar a fórmula:

, com , , . Dessa forma,

Observe que o valor é o limite superior possível do saldo para o


presente exemplo, independentemente da frequência com que são compostos os
juros (Ver Figura 2.9 e Tabela 2.2).

69
Capítulo 2

Figura 2.9 – Gráfico da função

S(t) (reais)
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
t (anos)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Tabela 2.2 – Tabela da função

t (anos) S(t) Reais

0 1000,00

1 1061,84

2 1127,50

3 1197,22

4 1271,25

5 1349,86

6 1433,33

7 1521,96

8 1616,07

9 1716,01

10 1822,12

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Os gráficos e as tabelas deste exemplo foram gerados de forma bastante ágil


usando o software Graph. Veja que as diferenças dos valores são bem pequenas
para este caso.

70
Matemática

2.6 Função logarítmica


Definição: dado um número real a, tal que 0 < a ≠ 1, chama-se função logarítmica
de base a a função f que associa a cada x real o número logax.

Quando a base é o número neperiano, podemos usar a notação .

Observe que as funções exponencial e logarítmica estão relacionadas


conceitualmente, pois uma é inversa da outra. Veja a relação:

com 0 < a ≠ 1 e

Na Figura 2.10, temos um exemplo gráfico.

Figura 2.10 – Gráfico da função

y
9
8
7
6
5
4
3
2
1
x
-2 -1 1 2

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

2.7 Tipos diversos


Quando estamos modelando situações reais, podemos ter diferentes funções
estabelecidas. Há situações práticas que precisam ser modeladas com funções
definidas com duas sentenças matemáticas, sendo que cada sentença pode ser
uma parte de uma função elementar já conhecida. O exemplo que segue mostra
essa situação – uma adaptação de Tan (2001).

Exemplo

Estudos estatísticos feitos pela Corporação Amoco mostram que cada vez mais
motoristas estão abastecendo seus próprios veículos, dispensando o auxílio
dos frentistas. A seguinte função fornece o valor de vendas de combustível dos
motoristas que abastecem seus próprios carros como uma porcentagem sobre o
total de vendas de combustível nos Estados Unidos.

71
Capítulo 2

A variável t é medida em anos, t = 0 correspondendo ao início de 1974.

Embora este exemplo não apresente dados atuais, nem corresponda ao contexto
da realidade brasileira, podemos utilizá-lo para fazer uma interessante análise.

Inicialmente, observe a forma como a função está apresentada: não se trata de


um exemplo do tipo dos apresentados neste texto até o momento, pois ela está
representada por duas sentenças matemáticas e cada sentença tem o domínio
bem definido.

A melhor maneira de fazermos uma análise é observar essa função graficamente


(ver Figura 2.11).

Figura 2.11 – Gráfico da função que modela venda de combustível

y%
100

80

60

40

20

t (anos)
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Antes de fazer uma interpretação sobre o contexto real, vamos observar as


características do gráfico. Podemos observar que os dados desse problema são
pontuais, portanto, no rigor matemático, teríamos apenas pontos sinalizados
para cada ano. Como o tempo pode ser considerado como contínuo em outras
unidades de medida, por exemplo, tempo medido em segundos, podemos
mostrar o gráfico como uma linha contínua, e não apenas pontos.

Outro detalhe relativo ao gráfico é a representação dos anos por números


naturais. Como foi dado que o zero corresponde ao ano de 1974, ao lidar com a
função, vamos precisar sempre trabalhar com essa relação, ou seja, 2 representa
o ano de 1976; 4 representa o ano de 1978 e assim sucessivamente.

Com uma análise visual do gráfico, é possível afirmar que, no período de 1974
até 1980, o crescimento foi acentuado e que, a partir de 1980, o crescimento
continua, mas não mais de forma acentuada.

72
Matemática

Alguns dados numéricos podem ser obtidos dentro do domínio da função que é
dado pelo intervalo [0,20] que corresponde ao período de 1974 até 1994. Assim,
podemos, por exemplo, afirmar que o percentual total de vendas de combustível
no início de:

•• 1974 é igual a 17%, pois ;


•• 1978 é igual a 41%, pois ;
•• 1994 é igual a 83,9%, pois

É importante ainda destacar que este modelo não nos permite fazer afirmações
relacionadas com períodos anteriores ao ano de 1974 ou posteriores ao ano de 1994.

2.8 Atividades de autoavaliação


1. Encontre uma função f que associa a cada número x o seu quadrado, mais o
seu dobro, mais uma unidade. Em seguida, encontre , e .

2. Calcule e para as funções representadas algebricamente por:

a) c)

b) d)

3. Usando o software Graph, trace o gráfico das seguintes funções:

a) c)

b) d)

4. Seja a função de demanda , com expresso em reais. Faça

o gráfico da função demanda e identifique graficamente e algebricamente as


quantidades demandadas se o preço for igual a R$ 10,00 e R$ 100,00.

73
Capítulo 2

5. Um estudo sobre eficiência de trabalhadores do turno da manhã de uma certa


fábrica indica que o operário que chega ao trabalho às 8 horas da manhã terá
montado, x horas após, peças do produto.

a) Quantas peças o operário terá montado às 11 horas da manhã?

b) Quantas peças terá montado entre 10 e 11 horas da manhã?

6. As vendas S (em milhões de dólares) da Avon Products, de 1998 a 2005, são


mostradas na Tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Dados das vendas da Avon Products de 1998 a 2005

t (tempo) S (vendas em milhões de dólares)

8 5212,7

9 5289,1

10 5673,7

11 5952,0

12 6170,6

13 6804,6

14 7656,2

15 8065,2

Fonte: Larson, 2011, p. 285.

a) Verifique se a função é adequada para os dados


apresentados? Observe que t representa o ano, com t = 8 correspondendo a
1998. Justifique a resposta.

b) Existe uma função linear que pode ser utilizada? Utilize um software gráfico
para ajudar na resolução (por exemplo, o Graph).

74
Matemática

Seção 3
Modelagem matemática com o uso de funções
Quando você for trabalhar com funções, é importante que reconheça as diversas
linguagens utilizadas em sua representação. Em especial, nas representações
gráficas é possível visualizar propriedades e características das funções sem a
necessidade de desenvolvimentos algébricos mais elaborados.

Representação algébrica é a lei de formação da função. Usualmente utiliza-se a


notação y = f ( x ).
Representação gráfica é o gráfico da função no sistema cartesiano de coordenadas (x, y).

Veja, a seguir, a formalização das principais propriedades e características das


funções, que serão estudadas de forma específica para cada tipo de função.

3.1 Propriedades e características gerais


A partir das representações algébricas e gráficas, podemos identificar
as propriedades e características de uma função. A identificação dessas
propriedades facilita a resolução de situações práticas, por exemplo, a
identificação de um lucro máximo; do ponto de equilíbrio, do crescimento
populacional etc.

Veja, a seguir, os itens que consideramos importantes para serem observados.

Domínio: são os valores que a variável independente pode assumir. Na


representação gráfica, é possível identificá-lo a partir da análise do eixo x. Em
muitas situações práticas, vamos ter a restrição do domínio para a adequação ao
contexto do problema real.

Conjunto imagem: são os valores que a variável y assume. Na representação


gráfica, é possível identificá-lo a partir da análise do eixo y. É importante observar
em situações reais que, sempre que o domínio tem restrição, o conjunto imagem
também deve ser revisto.

Zero ou raiz: quando igualamos a lei de formação a zero (y = 0), haverá um valor
correspondente de x. Assim, o(s) valor(es) de x tais que = 0 será(ão) o(s)
zero(s) da função. Graficamente, é o ponto em que o gráfico corta o eixo x.

Sinal da função: o sinal de uma função é dado pelo sinal da imagem da função.
Quando os valores de y assumem sinal positivo, dizemos que , ou seja, a
função assume sinal positivo. Quando os valores de y assumem sinal negativo,

75
Capítulo 2

dizemos que , ou seja, a função assume sinal negativo. Graficamente, a


função é positiva acima do eixo x e é negativa abaixo do eixo do x.

Crescimento ou decrescimento: uma função é crescente se, para dois valores


quaisquer e , com , tivermos . Uma função é decrescente
se, para dois valores quaisquer e , com , tivermos .

Exemplo

Observe, no Quadro 2.3, as propriedades e características das funções


e . Confronte os resultados com os conceitos dados e
com a representação gráfica apresentada nas Figuras 2.12 e 2.13.

Quadro 2.3 – Propriedades e características das funções e

Propriedades e f ( x ) = 2x – 5 g ( x ) = 5 – 2x
características

Domínio Esta função está definida para Esta função está definida para
todos os números reais, portanto, todos os números reais, portanto,
seu domínio é R ou o conjunto seu domínio é R ou o conjunto
dos números reais. dos números reais.

Conjunto imagem Para valores de x no conjunto dos Para valores de x no conjunto dos
reais, vão corresponder valores reais, vão corresponder valores
de y no conjunto dos reais. Assim, de y no conjunto dos reais.
o conjunto imagem é R ou o Assim, o conjunto imagem é R ou
conjunto dos números reais. o conjunto dos números reais.

Zero ou raiz Igualando 2x – 5 = 0, vamos Igualando 5 – 2x = 0, vamos


encontrar o zero ou a raiz igual encontrar o zero ou a raiz igual
a x = 5/2 . Observe este ponto a x = 5/2 . Observe este ponto
assinalado na Figura 2.12. assinalado na Figura 2.13.

Sinal da função A função é positiva para 2x – 5 > 0 A função é positiva para


ou para x > 5/2 e negativa para 5 – 2x > 0 ou para x < 5/2 e
2x – 5 < 0 ou para x < 5/2. negativa para 5 – 2x < 0 ou para
x > 5/2.

Intervalo de Esta função é sempre crescente. Esta função não tem intervalo de
crescimento crescimento.

Intervalo de Esta função não tem intervalo de Esta função é sempre


decrescimento decrescimento. decrescente.

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

76
Matemática

Figura 2.12 – Gráfico da função

y
5
4
3
2
1
(5/2,0) x
-1 1 2 3 4
-1
-2
-3
-4
-5
-6

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Figura 2.13 – Gráfico da função

y
6

1
(5/2,0) x
-1 1 2 3 4
-1

-2

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Para cada tipo de função podemos extrair características específicas como, por
exemplo, nas funções lineares, em que o crescimento pode ser estabelecido a
partir do valor do parâmetro a de . Quando a for positivo, a função é
crescente e, quando a for negativo, a função é decrescente.

3.2 Exemplos práticos


Vamos destacar aqui exemplos que são muito utilizados no contexto prático. Temos:

•• curvas de demanda e curvas de oferta;


•• ponto de equilíbrio.

77
Capítulo 2

3.2.1 Curvas de demanda e curvas de oferta


O estudo aprofundado da demanda pode ocupar muitos conceitos econômicos e
também conceitos matemáticos. Todavia, lembramos que o objetivo deste texto
é focar alguns exemplos de modelagem matemática, sem fazer aprofundamentos
teóricos das áreas específicas envolvidas.

Há várias técnicas e muitos métodos para chegarmos a uma equação de


demanda, e o seu estudo requer, em alguns casos, pesquisas inovadoras. Por
exemplo, Chow (1967) desenvolveu um estudo para discutir o crescimento da
demanda por computadores do tipo mainframes. Esse autor descobriu que a
demanda por computadores obedece a uma curva de saturação, ou seja, uma
curva que inicialmente cresce lentamente e depois apresenta um acentuado
crescimento, por fim, cresce lentamente mais uma vez, tendo-se um mercado
saturado. Há o fenômeno da externalização de difusão – uma situação em que
a demanda individual depende das aquisições feitas por outros indivíduos. Essa
externalização de difusão torna-se positiva quando os consumidores desejam
possuir um bem em parte porque os outros possuem.

Por outro lado, podemos pensar no desejo dos consumidores em adquirir bens
exclusivos ou raros como, por exemplo, obras de arte, carros esportivos com
design especial, roupas sob medida como peça única etc. Temos, assim, o
fenômeno da externalização de difusão negativa.

De forma bastante simples, a partir de um conjunto de dados obtidos por entrevistas


ou por dados do próprio mercado, é possível encontrar equações de demanda.

Caso tenhamos como variável apenas o preço, o ajuste da curva torna-se mais
simples; entretanto, se agregamos mais funções, a complexidade matemática
aumenta – mas este caso específico não será alvo do nosso estudo.

No Quadro 2.4, temos um conjunto de dados que descrevem a quantidade de


demanda de um produto A de mercado. Caso haja a consideração de que a
demanda deste produto vai depender exclusivamente do preço, podemos aplicar
um ajuste de curva aos dados apresentados.

78
Matemática

Quadro 2.4 – Dados simulados da pesquisa no mercado do produto A

Quantidade Preço unitário


(x) (p unidades monetárias)

0 25

4 24

7 23

13 18

16 15

18 12

20 9

25 0

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

É também usual usar a letra q para representar a quantidade (x). Lembre-se sempre
de que a seleção das letras a serem utilizadas nas representações algébricas são
escolhas de autores, dos professores ou do próprio estudante de matemática. Não
há obrigatoriedade de usar somente x e y para representar as funções.

A Figura 2.14 mostra o ajuste de curva feito no Graph e a função de demanda


obtida por meio do processo de modelagem ou ajuste de curva.

Figura 2.14 – Função demanda dos dados do Quadro 2.4

p unidades monetárias
24
21
18
15
12
9
6
3
x unidades
3 6 9 12 15 18 21 24

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

79
Capítulo 2

A função que modela os dados do Quadro 2.4 é do segundo grau:

Fazendo aproximação dos dados anteriormente expostos, vamos obter uma


função mais simples:

Se os dados fossem os dados do Quadro 2.5, teríamos que a função demanda


seria do tipo linear, como mostra a Figura 2.15.

Quadro 2.5 – Dados simulados da demanda de mercado

Quantidade Preço unitário


(x) (p unidades monetárias)

0 26

4 22

7 20

8 17

13 15

16 10

18 7

20 5

25 0

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Figura 2.15 − Função demanda dos dados do Quadro 2.5

p unidades
24
21
18
15
12
9
6
3
x unidades
3 6 9 12 15 18 21 24

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

80
Matemática

A função encontrada no processo de modelagem é do primeiro grau:

Com um raciocínio análogo, podemos determinar curvas de oferta, supondo


agora que x é o número de unidades de uma mercadoria ou um produto a ser
ofertado no mercado e p, o preço de uma unidade da mercadoria ou do produto.
Para uma situação econômica normal, essa curva é crescente, ou seja, quando
o preço da mercadoria aumenta, o produtor naturalmente aumenta a oferta para
tirar vantagens dos preços mais altos.

Vamos supor que o Quadro 2.6 mostre um mercado competitivo com quantidades
anuais ofertadas a diversos preços estabelecidos. Na Figura 2.16, temos o gráfico
que mostra a equação da oferta com um modelo linear.

Quadro 2.6 – Dados simulados da oferta de mercado

Quantidade Preço unitário


(x milhares) (p unidades monetárias)

14 60

16 80

18 100

20 120

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Figura 2.16 − Função oferta dos dados do Quadro 2.6

p unidades monetárias
120

100

80

60

40

20
x milhares de unidades
10 20 30

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

81
Capítulo 2

Utilizando os recursos computacionais, podemos encontrar a equação da oferta


com a função , observando que estamos considerando esta função
apenas para valores não negativos de p, portanto .

Lembramos que o limite 8 é obtido calculando:

As curvas de oferta são utilizadas para analisar situações econômicas diversas.


Por exemplo: quando os custos de produção caem, o produto aumenta, seja o
que for que ocorra com os preços de mercado. Nesse caso, a curva da oferta fica
deslocada para a direita.

3.2.2 Equilíbrio do mercado


Ao analisar a curva de demanda e a curva de oferta de forma conjunta,
observamos que estamos diante de duas funções: uma crescente e outra
decrescente. Sob a ótica matemática, é possível concluir que os gráficos dessas
funções deverão interceptar-se. Nesse caso, estamos diante de uma situação de
equilíbrio de mercado, ou seja, estamos diante da situação em que a quantidade
ofertada e a quantidade demandada são exatamente iguais.

Em mercados livres, há uma tendência de que o preço modifique-se até que


o mercado torne-se balanceado, ou seja, até que a quantidade ofertada e a
quantidade demandada sejam iguais. Teoricamente, estamos diante de uma
situação em que não há escassez nem excesso de oferta, isto é, não existe pressão
para que o preço modifique-se. Deve-se aqui destacar que esta situação faz
sentido em um mercado pelo menos quase competitivo, pois, se tivéssemos um
único produto (monopolista), a relação aqui discutida não teria sentido econômico.

Vamos supor que o Quadro 2.6 seja ampliado, como mostra o Quadro 2.7. Nesse
caso, teríamos como visualizar o equilíbrio do mercado (ver Figura 2.17). Observa-
se que, usando o recurso computacional, é possível obter também a função
demanda dada por , definida para valores de p não negativos.

82
Matemática

Quadro 2.7 – Dados simulados da demanda e oferta de mercado

Demanda Oferta Preço


(x milhares) (x milhares) (p unidades monetárias)

22 14 60

20 16 80

18 18 100

16 20 120

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Figura 2.17 – Equilíbrio do mercado

p unidades monetárias
120

100

80

60

40

20
x milhares de unidades
10 20 30

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

A análise gráfica mostra o ponto de equilíbrio como sendo o ponto (18,100).


Observa-se que esse ponto pode ser encontrado algebricamente igualando-se as
equações de demanda e oferta:

Uma aplicação similar a essa, sob a ótica da matemática, é o ponto de break-


even, denotado por alguns autores também como ponto de equilíbrio, pois
estamos diante de uma intersecção de duas funções ou equações.

A comercialização de um produto novo normalmente requer um investimento


inicial. Quando forem vendidas unidades suficientes, de modo que a receita total
compensou o custo total, a venda do produto alcançou seu ponto de break-even.

83
Capítulo 2

Exemplo

Uma empresa fabrica um produto a um custo de R$ 6,50 por unidade e o vende por
R$12,00 a unidade. O investimento inicial da empresa para produzir o produto foi de
R$ 9.350,00. A empresa alcançará o ponto de break-even se vender 1.500 unidades?

Podemos, inicialmente, encontrar as funções custo total e receita. Dessa forma,


o ponto break-even acontecerá quando a receita e o custo total forem iguais.

Temos:

Custo total = custo fixo + custo para produzir x unidades do produto.

A receita é dada por: .

Podemos, assim, encontrar o ponto break-even algebricamente, como mostrado


a seguir, ou encontrar o ponto graficamente como mostra a Figura 2.18.

Figura 2.18 – Ponto break-even

C ou R em reais
34000

Função Custo
Função Receita

20400

x unidades
1700 3000

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

A resposta para a pergunta do problema é não, pois, ao vender 1.500 unidades,


o ponto break-even ainda não foi atingido. Somente a partir de 1.700 unidades
produzidas e vendidas, a empresa passará a ter lucro.

84
Matemática

3.3 Atividades de autoavaliação


1. A quantidade demandada de um bem é de e a quantidade ofertada é
de . Calcule o preço de equilíbrio algebricamente e geometricamente.

2. Analise graficamente as características das equações que seguem, para


valores no primeiro quadrante do sistema cartesiano, e indique se elas podem
representar curvas de demanda ou curvas de oferta. Explicite a função e indique o
seu domínio e o conjunto imagem válido para situações reais.

a) c)

b) d)

3. Encontre o preço de equilíbrio para o mercado que tem como demanda e oferta
o quadro que segue.

Preço
Quantidade Demandada Quantidade Ofertada (p unidades monetárias)

70 10 1

64 18 2

54 28 3

22 54 5

4. O investimento inicial para abrir um negócio é de R$ 15.000,00. O custo


unitário do produto é de R$ 11,50 e o preço de venda é de R$ 21,00. Desenvolva
os seguintes itens:

a) determine as funções custo total e receita;

b) encontre graficamente a algebricamente o ponto de break-even;

c) calcule quantas unidades vendidas deveriam gerar um lucro de R$ 21.750,00.

85
Capítulo 2

Seção 4
Função inversa
Em muitas situações práticas, ficamos diante de equações que nos levam a uma
ou mais funções. Em outros momentos, podemos estabelecer qual variável é
a dependente. Ao lidar com essa variabilidade, é fundamental ter em mente a
conceituação matemática das funções inversas.

4.1 Definição e interpretação gráfica


Ao definirmos uma função na forma , ressaltou-se que se
trata de uma lei ou regra que a cada elemento de A faz corresponder um único
elemento de B.

Em algumas funções, para cada existe exatamente um valor , tal que


. Nestes casos, define-se uma função na forma .

A função g é dita inversa de f e é denotada por .

Nem todas as funções possuem inversa. As funções do segundo grau, por


exemplo, não possuem inversa a não ser que seja feita uma restrição conveniente
no seu domínio e contradomínio. Acompanhe com atenção os exemplos para
entender o procedimento de determinação da função inversa.

Exemplos

(1) Determine a função inversa de .

Para determinar a representação algébrica da função inversa de , troca-se


o x pelo y na função dada, lembrando que podemos escrever , ou seja,
. Assim, tem-se: .

Isolando-se a variável y, determina-se a função inversa.

Portanto, .

86
Matemática

(2) Determine a representação da gráfica função inversa de , cujo gráfico


pode ser visualizado na Figura 2.19

Figura 2.19 – Gráfico da função f (x)

y
3

1
x
-3 -2 -1 1 2 3

-1

-2

-3

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

O procedimento de trocar o x pelo y quando se tem o gráfico também pode ser


realizado. Como temos uma reta, podemos marcar os pontos que cortam os
eixos para que a reta final seja traçada. Assim, a função inversa deve passar pelos
pontos e , já que a função passa pelos pontos e . Portanto,
vamos ter uma simetria em relação à reta .

Na Figura 2.20, você pode visualizar a representação gráfica da função e de


sua inversa, representada por . Vale destacar que há um eixo de simetria
entre os dois gráficos que é dado pela reta .

Figura 2.20 – Gráfico das funções e

y
3
y=f(x)
2

1
y=f -1(x)
x
-3 -2 -1 1 2 3

-1
Reta de simetria
-2

-3

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

87
Capítulo 2

(3) Verifique a existência da função inversa de . Faça sua


representação gráfica, caso exista.

Veja, na Figura 2.21, a representação gráfica da função .

Figura 2.21 – Gráfico da função

y
8

1
x
-2 -1 1 2 3 4 5
-1

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Na função do segundo grau, é necessário realizar uma restrição no domínio, pois,


para cada , existe mais de um correspondente. Veja no gráfico que
ou .

Portanto, a função inversa só poderá ser identificada caso haja uma restrição
no domínio da função. Suponha que a função passe a ser definida como
 R. Veja na Figura 2.22 o gráfico da função.

Figura 2.22 – Gráfico da função definida de R

y
8

1
x
-2 -1 1 2 3 4 5
-1

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

88
Matemática

Graficamente, a função inversa é simétrica à função definida de


R, em relação à reta . Veja a representação gráfica das duas
funções na Figura 2.23.

Figura 2.23 – Função R, e sua inversa

1
x
-3 -2 -1 1 2 3 4 5 6

-1

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

(4) Observe graficamente que as funções e são inversas.

De fato, podemos fazer inicialmente a troca do x por y.

Aplicando a definição de logaritmo, temos:

Na Figura 2.24, podemos verificar a simetria em relação a reta .

Figura 2.24 − Funções e

y
4

1
x
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4
-1

-2

-3

-4

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

89
Capítulo 2

4.2 Atividades de autoavaliação


1. Determine a representação algébrica da função inversa de:

a) b)

2. Represente graficamente a função inversa da função . Se


necessário, faça a restrição no domínio.

90
Capítulo 3

Funções polinomiais do primeiro e do


segundo graus

Neste capítulo, voltaremos ao tema relacionado às funções polinomiais do


primeiro e do segundo graus, visando a qualificar as habilidades para a
modelagem matemática e para a resolução de problemas cuja solução requer a
identificação mais formal das características e propriedades destas funções.

Seção 1
Introdução
A estratégia deste capítulo é aprofundar um pouco mais as propriedades e
características dessas funções para facilitar a resolução de problemas práticos.

Ambas as funções citadas neste capítulo, em conjunto, compõem outras funções


para o processo de modelagem matemática de situações reais.

Cabe ainda lembrar que as funções surgiram das necessidades práticas e que
as suas diversas notações simbólicas foram criadas para facilitar uma linguagem
universal. Muitos são os matemáticos que podemos citar no contexto da História
da Matemática para discutir a simbologia e os diferentes métodos que são
trabalhados na Matemática. Por exemplo, podemos citar Leonhard Euler, entre
outros citados por Boyer (1992). Euler nasceu em Basel, na Suíça, em 15 de
abril de 1707, e morreu em 18 de setembro de 1783. Foi considerado como o
matemático mais prolífico da sua época. Seus 866 livros e artigos representam
aproximadamente um terço do corpo inteiro de pesquisa em matemática, teorias
físicas, e engenharia mecânica publicadas entre 1726 e 1800. Euler é autor de
muitas notações matemáticas, entre elas a notação que conhecemos hoje para
funções .

91
Capítulo 3

Ainda no decorrer deste capítulo, vamos usar intensamente as representações


gráficas e vai ser muito importante que você, ao final dos seus estudos, possa
afirmar positivamente a seguinte questão:

você saber ler uma representação gráfica?

As representações gráficas que trabalharemos neste capítulo são formalizadas em


um sistema cartesiano, um dos mais utilizados em nosso dia a dia. Mas lembre-
se de que, em estudos mais avançados, temos o uso de outros sistemas de
coordenadas como as polares, cilíndricas e esféricas.

Historicamente, tudo começou com os estudos de Nicole Oresme (1323-1382), bispo


de Lisieux. Oresme associava os instantes de tempo dentro do intervalo aos pontos
de um segmento de reta horizontal (chamado “linha de longitudes”), e para cada
um desses pontos erguia (em um plano) um segmento de reta vertical (“latitude”),
cujo comprimento representava a velocidade do objeto no tempo correspondente.
Ao conectar as extremidades desses segmentos, obtinha uma representação da
variação funcional da velocidade com relação ao tempo. (BOYER, 1992).

Nas seções seguintes, vamos particularizar exemplos para que você vivencie a
matemática de forma mais prática, discutindo mais formalmente no contexto de
suas diferentes representações.

Seção 2
Função do primeiro grau
Quando apresentamos de forma didática as funções do primeiro grau, na maioria
das vezes, o estudante não consegue ver a sua aplicabilidade e considera que
não encontra essa função no seu dia a dia.

Este é um grande equívoco que precisamos discutir.

Com toda a certeza, a palavra inflação é conhecida. Mas, afinal, o que é a


inflação? Atualmente, todos os países do mundo controlam a inflação. No
portal Global-rates.com (2016) encontramos dados do mundo inteiro que são
organizados em um sistema a partir de fontes fidedignas. Por exemplo, os dados
do Brasil são organizados pelo IBGE.

A inflação é calculada a partir do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e do


(Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (IHPC). No caso do Brasil, temos
o IPC que, na maioria das vezes, é considerado como o número mais importante
do país. Já o IHPC é uma unidade de medida europeia que permite uma
comparação adequada nos países europeus.

92
Matemática

Observe a Figura 3.1, que apresenta os dados do IPC do Brasil no ano de 2016, e
a Figura 3.2, que representa a Tabela IPC Brasil 2016.

Figura 3.1 – Gráfico IPC Brasil 2016

Fonte: Global-Rates.com, 2016.

Figura 3.2 – Tabela IPC Brasil 2016

Fonte: Global-Rates.com, 2016.

Se analisamos o Gráfico da Figura 3.1, vamos observar que há uma


representação semestral e os meses estão representados com unidades 01 até
10, portanto, não há uma clareza para um usuário que não domina bem a leitura
de gráficos e tabelas.

93
Capítulo 3

Vamos trabalhar esse exemplo e colocar uma visualização mais matemática.


Observe, na Figura 3.3, o gráfico que tem exatamente os dados da Tabela
apresentada na Figura 3.3.

Figura 3.3 – Gráfico IPC Brasil 2016

y
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
x
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Observe que o gráfico da Figura 3.3 apresenta as mesmas características de


tendências de crescimento e decrescimento do gráfico da Figura 3.1. Apenas,
para efeitos visuais, há um corte no eixo do y para focar a curva.

Podemos apresentar esses dados sob forma algébrica, considerando que temos
um conjunto de segmentos sinalizados e, no todo, teríamos uma função formada
por uma função definida por várias sentenças. Para achar essas funções, podemos
usar softwares, mas, no caso dos segmentos, podemos também encontrar com
cálculos manuais – que serão apresentados no decorrer desta seção.

94
Matemática

2.1 Definições
Definição: chama-se de função do primeiro grau a função que associa cada
número real x, o número real , com .

Linguagem simbólica:
f:R→R
f (x) = a . x + b sendo a, b R com a ≠ 0

Os números reais a e b são chamados de coeficiente angular e coeficiente


linear, respectivamente.

As funções do primeiro grau podem ser classificadas de acordo com os valores


assumidos por a e b, conforme representado no Quadro 3.1.

Quadro 3.1 – Classificação das funções do primeiro grau

Condição dos coeficientes Representação algébrica Nome da função

a≠0eb≠0 f (x) = a . x + b Função afim

b=0 f (x) = a . x Função linear

b=0ea=1 f (x) = x Função identidade

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Observe que a função do primeiro grau chamada de identidade é única, ou seja,


existe apenas um caso em que e .

É usual nomear a função afim de função linear, pois o termo linear indica que
o gráfico da função é uma linha reta e a função afim também é graficamente
representada por uma reta.

2.1.1 Exemplos
(1) Classifique as seguintes funções quanto ao seu tipo e identifique o coeficiente
angular e o coeficiente linear.

(a)

Função linear, pois o coeficiente linear é igual a zero. Seu coeficiente angular é
igual a (−2) e, por essa razão, o gráfico dessa função é decrescente.

95
Capítulo 3

(b)

É uma função afim, pois tem os coeficientes diferentes de zero. O coeficiente


angular é igual a ½ e o coeficiente linear é igual a (−9).

(c)

É uma função identidade, pois o coeficiente angular é igual a 1 e o coeficiente


linear é igual a zero.

(d)

É uma função afim com coeficiente angular igual a (−7) e coeficiente linear igual a 4.

(2) Escolha um número qualquer, multiplique por dois e some dez. Escreva esta
regra como uma função do primeiro grau na forma algébrica.

Escolher um número: x

Multiplicar por dois:

Somar dez:

Assim, temos: . Esta função associa cada número x ao seu dobro


mais 10.

(3) Escreva a forma algébrica de uma função f que associa a cada número a sua
metade e, do resultado, subtrai seis. Em seguida, calcule , e .

A função solicitada é dada por .

Para o cálculo das imagens nos pontos (−2), 0 e 2, temos:

96
Matemática

(4) Uma floricultura tem como principal produto buquês de rosas que são vendidos
a R$ 25,00 cada buquê. A despesa mensal com aluguel, luz e funcionários é de
R$ 2.000,00. O custo para compor cada buquê é de R$ 15,00. Escreva a função
receita, custo e lucro e calcule quantos buquês devem ser vendidos para que a
receita seja igual ao custo, ou seja, para que o lucro seja zero.

Para resolver este problema, é importante você relembrar os conceitos


relacionados com as funções de primeiro grau.

Considere x a quantidade de buquês vendidos no mês. Como cada buquê é


vendido a R$ 25,00, temos que a receita total no fim do mês é dada por , logo:

Esta é uma função do primeiro grau do tipo linear.

O custo total da floricultura é a soma do custo variável e do custo fixo. Como


gasta-se R$ 15,00 para a confecção de cada buquê, segue que o custo variável é
de . Já o custo fixo é de , logo o custo total é dado por:

Esta é uma função do primeiro grau do tipo afim.

Agora, para obter a função que nos dá o lucro total da floricultura, basta subtrair o
custo da receita, ou seja:

Essa também é uma função do primeiro grau do tipo afim.

Falta agora calcularmos a quantidade vendida para que a receita seja igual ao
custo, ou seja, para que o lucro seja zero.

Se , então . Resolvendo esta equação, temos que .

Assim, concluímos que, se a venda for inferior a 200 unidades, a floricultura


ainda está tendo prejuízo e, se a venda for maior do que 200 unidades, os lucros
começam a aparecer.

97
Capítulo 3

2.1.2 Gráfico da função do primeiro grau


No Capítulo 2, já discutimos a importância de fazermos o gráfico de uma função
usando um software ou de forma manuscrita.

Para a forma manuscrita, a função do primeiro grau é muito simples, pois já


sabemos que a forma do gráfico é sempre linear, portanto, bastam dois pontos
para traçarmos o gráfico de uma função linear ou afim.

Exemplos

(1) Represente graficamente a função .

Inicialmente, constrói-se uma tabela atribuindo valores para x e determinando os


valores de y correspondentes (ver Tabela 3.1).

Tabela 3.1 – Valores para a função

x y=x+2 (x, y)

−2 y = –2 + 2 = 0 (−2, 0)

−1 y = –1 + 2 = 1 (−1, 1)

0 y=0+2=2 (0, 2)

1 y=1+2=3 (1, 3)

2 y=2+2=4 (2, 4)

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Note que cada par ordenado corresponde a um ponto no plano cartesiano.


Assim, obtém-se o gráfico da Figura 3.4.

Figura 3.4 − Gráfico da função

y
(2,4)
4
(1,3)
3
(0,2)
2
(-1,1)
1
(-2,0)
x
-3 -2 -1 1 2 3
-1

-2

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

98
Matemática

Note que uma reta pode ser definida por apenas dois pontos. Logo, basta
determinar dois pontos para a construção do gráfico de uma função do primeiro
grau. Veja o exemplo da função identidade.

(2) Represente graficamente a função .

Na Tabela 3.2, tem-se o cálculo dos pontos da função identidade e na Figura 3.5,
o gráfico da função.

Tabela 3.2 – Dados da função y = x

x y=x (x, y)

0 y=0 (0, 0)

1 y=1 (1, 1)

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Figura 3.5 – Gráfico da função y = x

(1,1)
1

(0,0)
x
-3 -2 -1 1 2 3
-1

-2

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

(3) Encontrar a lei de formação para a função apresentada na Figura 3.1 relativa
ao IPC Brasil 2016.

Ao analisar o gráfico da Figura 3.1, podemos considerar os segmentos de reta de


cada mês, e podemos fazer também algumas aproximações como, por exemplo,
observar que, entre os meses 3 e 4, a variação é pequena, portanto, podemos
considerar este período linear. Ainda no período de 8 a 12, também é possível
fazer uma aproximação. Dessa forma, vamos considerar que a modelagem fica
como uma função definida por várias sentenças.

99
Capítulo 3

Observe que estamos fazendo a equivalência de 0 como sendo o mês de


janeiro/2016; 1 o mês de fevereiro/2016 e assim sucessivamente.

O cálculo pode ser feito manuscrito usando-se como auxiliar, para agilizar as
contas, uma calculadora, pois os dados estão em decimais com aproximação
de três casas decimais. Todavia, podemos realizar o processo de forma bem
ágil com o uso do software Graph, que vai dar-nos as funções com duas ações
rápidas para cada etapa.

Cálculo manuscrito da função:

Para obter os valores exatos do IPC, vamos usar a tabela da Figura 3.2. Temos que:

e f1(1) = 10,356.

A lei de formação é dada por . Temos que calcular os valores dos


parâmetros a e b.

A imagem de 0 é 10,706, logo . A imagem de 1 é 10,356,


logo .

Agrupando esses resultados, vamos ter um sistema de equações para resolver.


Veja.

Para resolver esse sistema, temos vários métodos. Por exemplo, temos o método
da substituição, que consiste em extrair o valor de uma variável em uma das
equações e substituir na outra.

Neste caso, o valor de b já está pronto na primeira equação, ou seja, b = 10,706.

100
Matemática

Agora, substituindo o valor de b na segunda equação.

Portanto, tem-se que e .

Logo, a lei de formação da função é dada por .

De forma análoga, podemos fazer todos os demais cálculos. Vamos usar o


software Graph para encontrar de forma mais rápida os demais resultados (ver
Flemming, 2016).

Temos:

É importante, ainda, esclarecer que, em situações como esta, é possível verificar


a possibilidade de usar a modelagem com funções polinomiais de graus maiores,
por exemplo, de grau 5.

Observe que a função definida é válida para o ano de 2016 e pode ser utilizada
para fazer comparações com dados de outros países. Entretanto, é possível fazer
algumas conjecturas para o início de 2017, supondo-se uma situação econômico-
financeira estável – o que não é uma realidade atual, ou seja, poderíamos ter uma
queda da inflação ou uma oscilação pequena, considerando-se os dados de
agosto a dezembro expostos no gráfico.

Lembre-se de que a matemática auxilia nas análises mas, quando estamos


trabalhando com modelagem, é preciso que os resultados apresentados
matematicamente sejam analisados sob o contexto das variáveis que definem os
índices e dados utilizados na modelagem.

101
Capítulo 3

2.2 Aplicações
As aplicações do estudo das funções de primeiro grau aparecem em todas as
áreas do conhecimento. Em algumas áreas, tanto as estratégias da matemática
quanto os dados estatísticos oscilam muito e, portanto, os modelos devem
ser sistematicamente revisados e analisados. Não podemos alicerçar-nos na
frase popular de que “a matemática é exata”. O que é correto afirmar é que a
“matemática é lógica” e, como tal, ela está sempre presente auxiliando-nos na
tomada de decisão.

A identificação das propriedades e características das funções auxilia na análise


de uma situação real.

2.2.1 Propriedades e características


A forma algébrica de uma função do primeiro grau leva-nos a uma série de
conclusões sobre a função, mesmo sem termos a sua representação gráfica.
No caso das funções do primeiro grau, as propriedades e características são
facilmente observáveis nas representações gráficas.

Seguem as propriedades e características da função , sendo a,


com :

(1) Representação gráfica – A função será sempre representada graficamente


por uma reta.

(2) Domínio – O domínio é o conjunto dos números reais que pode ser
representado por R, ou na forma de um intervalo . Pode ser visualizado
graficamente no eixo dos x.

(3) Conjunto imagem – É o conjunto dos números reais que pode ser
representado por R ou na forma de um intervalo . Pode ser visualizado
graficamente no eixo dos y.

(4) Coeficiente linear – É dado pelo valor de b da expressão e


graficamente é identificado pelo valor do corte da reta no eixo dos y.

(5) Coeficiente angular – É dado pelo valor de a da expressão e


graficamente pode ser observado como a tangente do ângulo que a reta faz com
o eixo dos x.

(6) Zero ou Raiz – Ponto em que o gráfico corta o eixo dos x ou o valor de x tal
que y = 0.

(7) Crescimento e decrescimento – A análise é feita por meio do sinal do coeficiente


angular. Se , a função é crescente e, se , a função é decrescente.
Graficamente, é visível quando olhamos a reta da esquerda para a direita.

102
Matemática

(8) Sinal da função – Análise da imagem da função. Como , segue

que , quando , ou e se .

Para concretizar o uso das propriedades e características citadas, vamos


apresentar alguns exemplos didáticos e outros mais práticos.

2.2.2 Exemplos
(1) Vamos analisar as propriedades e características da função
usando apenas a sua lei de formação ou sua representação algébrica.

Como é uma função polinomial do primeiro grau, a sua representação gráfica vai
ser uma reta. Temos, então, as seguintes possibilidades.

Domínio: conjunto dos números reais.

Conjunto imagem: conjunto dos números reais.

Zero ou Raiz: igual a (−2), pois:

Crescimento: a função dada é sempre crescente, pois o seu coeficiente angular


é igual a 2 > 0.

Sinal: considerando como referência que o zero da função é igual a (−2). Então,
podemos afirmar que:

•• a função é positiva para valores maiores do que (−2) ou, de outra


forma, podemos dizer que , ou a função é positiva
no intervalo ;
•• a função é negativa para valores menores do que (−2), ou de
outra forma, podemos dizer que , ou a função é
negativa no intervalo .

103
Capítulo 3

(2) Vamos analisar as propriedades e características da função representada


graficamente na Figura 3.6.

Figura 3.6 – Gráfico de uma função do primeiro grau

y
4
3
2
1
x
-3 -2 -1 1 2 3
-1
-2
-3

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Estamos diante de uma função polinomial do primeiro grau, já que estamos diante
de uma reta. Como está perfeitamente visível o corte no eixo dos x e no eixo dos
y, não precisamos fazer cálculos mais complexos para encontrar a sua lei de
formação. A reta passa pelos pontos (2,0) e (0,4). Assim, temos:

e .

ou .

Portanto, .

Domínio: conjunto dos números reais.

Conjunto imagem: conjunto dos números reais.

Zero ou Raiz: igual a 2, pois é visível que .

Decrescimento: a função dada é sempre decrescente visível graficamente,


portanto, o seu coeficiente angular será negativo.

Sinal: considerando como referência que o zero da função é igual a 2, podemos


afirmar que:

•• a função é positiva para valores menores do que 2 ou, de outra


forma, podemos dizer que , ou a função é positiva
no intervalo ;
•• a função é negativa para valores maiores do que 2 ou, de outra
forma, podemos dizer que , ou a função é negativa
no intervalo

104
Matemática

(3) Em uma indústria, verificou-se que, se o preço de uma peça fosse igual
a R$ 5,00, os clientes encomendavam 50 unidades por dia. Quando o preço
passou a ser R$ 4,50, as encomendas passaram para 60 unidades por dia. Como
podemos representar a função de demanda desta peça?

Para resolver este problema, vamos inicialmente fazer o gráfico da função


, sendo p o preço e x a quantidade ofertada. Com os dados do
problema, podemos dizer que esta função passará pelos pontos e ,
conforme mostra o gráfico da Figura 3.7.

Para esta função, vamos analisar suas propriedades e características.

Representação algébrica: para encontrar a função que modela a equação da


demanda, podemos usar um software ou usar mecanismos algébricos, como segue.

Vamos encontrar uma função linear que passa pelos pontos e .


Dessa forma, basta resolver o sistema estabelecido pela substituição desses
pontos na forma geral da função .

Podemos tirar o valor de a da primeira equação e substituir na segunda. Veja.

Para esse valor de b encontrado, temos o valor de a como sendo:

Portanto, a lei de formação desta função é dada por .

105
Capítulo 3

Figura 3.7 – Representação gráfica da função de demanda da peça

p
8
7
6
5 (50,5)
(60,4.5)

4
3
2
1
x
20 40 60 80 100 120 140
Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Domínio: a variável x assume valores que vão de 0 até 150. Portanto, temos que
os valores do domínio pertencem ao intervalo [0, 150].

Conjunto imagem: analisando o eixo vertical do gráfico, podemos perceber que a


variável p assume valores que vão de 0 até 7,5. Portanto, temos o intervalo .

Zero ou Raiz: o zero da função é o ponto cujo gráfico corta o eixo horizontal, ou
seja, o eixo x. Nesta função, isso acontece quando .

Sinal da função: esta função é positiva em (0, 150), pois seu gráfico está todo
acima do eixo x.

Decrescimento: é uma função decrescente, pois à medida em que os valores


de x aumentam, os valores de p diminuem. Dos dados do problema, podemos
mostrar que, se e , com , teremos:

(4) A quantidade demandada de um bem é dada por e a quantidade


ofertada é dada por . Qual é o preço ótimo em reais a ser cobrado
para este bem, para que toda a oferta seja demandada, ou seja, a quantidade
submetida ao mercado seja consumida?

Existem várias notações para as equações de demanda e de oferta. Observe que,


no problema apresentado, estamos usando as letras q, com índices o e d, para
representar a quantidade ofertada e demandada respectivamente.

106
Matemática

Primeiramente, veja o gráfico das duas funções, traçadas no mesmo sistema de


coordenadas na Figura 3.8.

Figura 3.8 – Gráficos das equações e

2
qd=8 – 4p

qo=–2+6p
q
1 2 3 4 5

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Perceba que essas funções interceptam-se em um ponto, que é chamado de


ponto de equilíbrio ou preço de equilíbrio. Nesse ponto, tudo o que é ofertado
é vendido; seria o preço ótimo do produto no mercado. Essa análise pode ser
feita algebricamente também. Como queremos que a quantidade demandada seja
igual à quantidade ofertada, temos:

Portanto, o preço de equilíbrio é de R$ 1,00. Para , temos . Isso


quer dizer que, se o preço do bem for de 1 real, então, se forem disponibilizadas
quatro no mercado, todas serão vendidas.

107
Capítulo 3

2.3 Atividade de autoavaliação


1. Identifique as seguintes funções de acordo com o seu tipo e justifique usando
os valores do coeficiente angular e do coeficiente linear.

a) c)

b) d)

2. Encontre a lei de formação para a função que associa a cada número x


qualquer um valor x adicionado com 2 e ao seu resultado multiplicado por 5.

3. Na fabricação de um determinado bem, verificou-se que o custo total foi obtido


a partir de uma taxa fixa de R$ 1.000,00, adicionada de um custo de produção de
R$ 500,00 por unidade. Determine a função custo total em relação à quantidade
produzida e o custo de fabricação de dez unidades.

4. Uma locadora de carros cobra R$ 150,00 pelo aluguel de um carro, mais


R$ 5,00 por quilômetro rodado. Determine:

a) o preço a ser pago para rodar 10 km;

b) o preço a ser pago para rodar 35 km;

c) a função que modela esta situação.

5. Seja , determine:

a) o gráfico de ;

b) o domínio e a imagem de ;

c) se a função é crescente ou decrescente;

d) o sinal da função .

108
Matemática

6. Uma pequena fábrica de móveis tem como seu principal produto a fabricação
de banquetas. Cada banqueta é vendida ao preço de R$ 65,00. A fábrica tem um
custo fixo mensal de R$ 5.000,00 em aluguel e máquinas, conta de luz, compra
de material e pagamento de funcionários. A mesma fábrica gasta R$ 25,00 para
fabricar cada banqueta. Determine:

a) a função receita total e o custo total;

b) a função lucro total;

c) a fábrica terá lucro ou prejuízo com a venda mensal de 500 banquetas?;

d) a quantidade que deve ser vendida para um lucro de R$ 1.000,00;

e) o lucro para a venda de 760 banquetas mensais.

7. Seja , em que x é a quantidade demandada e o preço é p. Encontre


a função receita total, esboce o seu gráfico e, em seguida, descubra o valor de x
para que a receita seja máxima.

8. Uma empresa fabrica um produto a um custo de R$ 6,50 por unidade e o


vende por R$ 12,00 a unidade. O investimento inicial da empresa para produzir
o produto foi de R$ 9.350,00. A empresa alcançará o ponto de break-even se
vender 1.500 unidades?

9. O fluxo de caixa por ação da empresa A era de $ 2,50, em 2009, e $ 2,67, em


2010. Utilizando apenas essa informação, é possível fazer uma modelagem por
meio de uma função linear? Esse modelo pode ser usado para fazer a previsão de
fluxo de caixa para anos seguintes, por exemplo, para 2013?

10. A quantidade demandada de um bem é de e a quantidade ofertada é


de . Calcule o preço de equilíbrio algebricamente e geometricamente.

11. Analise graficamente as características das equações que seguem, para


valores no primeiro quadrante do sistema cartesiano, e indique se elas podem
representar curvas de demanda ou curvas de oferta. Explicite a função e indique o
seu domínio e conjunto imagem válido para situações reais.

a) b)

109
Capítulo 3

12. O fluxo de caixa por ação de uma empresa B, em 2010, era de $ 5,22 e, em
2011, era de $9,01. Qual será a previsão para o fluxo de caixa por ação para os
anos de 2012 e 2013?

13. O investimento inicial para abrir um negócio é de R$ 15.000,00. O custo


unitário do produto é de R$ 11,50 e o preço de venda é de R$ 21,00. Desenvolva
os seguintes itens:

a) determine as funções custo total e receita;

b) encontre graficamente a algebricamente o ponto de break-even;

c) calcule quantas unidades vendidas deveriam gerar um lucro de R$ 21.750,00.

Seção 3
Funções do segundo grau
As considerações iniciais relativas às funções do primeiro grau em grande parte
são válidas para as funções do segundo grau, pois essas equações são muito
usadas na modelagem matemática, principalmente quando temos um conjunto
maior de informação.

As funções do segundo grau são também conhecidas como funções quadráticas,


e a sua representação gráfica é a curva denotada como parábola. É importante
destacar que a parábola não é uma antena parabólica, pois a parábola é uma
figura plana. Entretanto, se fizermos cortes em uma antena parabólica, vamos
encontrar circunferências ou parábolas.

As funções quadráticas são utilizadas em modelos econômicos, na física, em


diversas situações como, por exemplo, nas análises de objetos em queda livre
ou na balística. Também temos essas funções nos faróis de um carro, pois a
parábola tem a propriedade física denotada como refletora.

Ao resolver problemas que envolvem, na modelagem, uma função do segundo


grau é usual deparamo-nos com cálculos de equações do segundo grau.
Lembre-se de não confundir uma equação com uma função. Uma função
é uma relação entre duas variáveis. Por sua vez, uma equação é uma
expressão algébrica que contém uma igualdade. Ao lidar com as equações,
temos que observar os princípios aditivo e multiplicativo das igualdades, como foi
apresentado no Capítulo 1 deste nosso texto.

110
Matemática

As funções modelam dados reais e as equações auxiliam-nos nas resoluções de


questões sobre o fenômeno em análise ou na resolução de problemas.

O primeiro registro conhecido da resolução de problemas


envolvendo o que hoje chamamos de equação do 2º grau data
de 1700 a.C. aproximadamente, feito numa tábula de argila
por meio de palavras. A solução era apresentada como uma
‘receita matemática’ e fornecia somente uma raiz positiva. Os
mesopotâmicos enunciavam a equação e sua resolução em
palavras, mais ou menos do seguinte modo: qual é o lado de
um quadrado em que a área menos o lado dá 870? (o que hoje
escreve-se: x2 – x = 870). E a `receita` era: tome a metade de 1
(coeficiente de x) e multiplique por ela mesma, (0,5x 0,5 = 0,25).
Some o resultado a 870 (termo independente). Obtém-se um
quadrado (870,25 = 29,52) cujo lado somado à metade de 1 vai
dar (30) o lado do quadrado procurado. (FRAGOSO, 2000, p. 20).

Vamos, nas seções seguintes, discutir um pouco mais sobre as funções do


segundo grau ou funções quadráticas.

3.1 Definição
Chama-se de função do segundo grau ou função quadrática a função que associa
cada número real x ao número real , com a, b, c pertencentes aos reais
e .

Linguagem simbólica:
f:R→R
f (x) = ax2 + bx + c, sendo a, b e c R com a ≠ 0.

3.1.1 Exemplos
(1) São exemplos de funções do segundo grau:

(a) ;

(b) ;

(c) .

Perceba que, em algumas funções, os valores de b e c são iguais a zero. O que não
pode ocorrer é pois, assim, não caracterizaria uma função do segundo grau.

111
Capítulo 3

(2) Escreva a forma algébrica da função f que associa a cada número o seu quadrado
multiplicado por 2 e ao resultado subtrai-se 18. Encontre também , e .

A função pedida é .

Temos:

(3) Uma revendedora de doces percebeu que a equação de demanda de seu


principal produto (barras de chocolate) é dada por . A função custo é
dada por . Verifique se a função lucro é uma função quadrática.

O problema solicita que você encontre a função lucro mas, para isso, é necessário
primeiramente encontrar a função custo, já que a função lucro é dada por

A função receita é dada por , sendo p o preço do produto que, no caso


do problema apresentado, é o preço para cada barra de chocolate. Perceba que
nesta situação, o preço não é dado explicitamente, de forma fixa, pois ele varia de
acordo com a quantidade; então: ou .

Assim, a função receita é dada por:

Logo, a função lucro é:

Observe que já foi dado no enunciado do problema.

Note que a função lucro pedida é uma função do segundo grau.

112
Matemática

3.1.2 Gráfico da função do segundo grau


Vamos fazer uso de uma tabela de valores para obter a representação gráfica de
uma função do segundo grau. Você irá perceber que apenas dois pontos não são
necessários para obter a representação gráfica deste tipo de função.

Exemplos

(1) Represente graficamente a função .

Inicialmente, é necessário construir uma tabela (ver Tabela 3.3), atribuindo valores
aleatórios para x e determinando os valores de y correspondentes.

Tabela 3.3 – Pontos da função

x y = x2 – x – 2 (x, y)

−3 y = (–3)2 + 3 – 2 = 10 (−3, 10)

−2 y = (–2)2 + 2 – 2 = 4 (−2, 4)

−1 y = (–1)2 + 1 – 2 = 0 (−1, 0)

0 y = 02 – 0 – 2 = –2 (0, −2)

1 y = 12 – 1 – 2 = –2 (1, −2)

2 y = 22 – 2 – 2 = 0 (2, 0)

3 y = 32 – 3 – 2 = 4 (3, 4)

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Colocando estes pontos no plano cartesiano, obtém-se o gráfico da função


, como mostra a Figura 3.9.

Figura 3.9 – Gráfico da função

y
(-3,10) 10
8
6
(-2,4) 4 (3,4)

2
(2,0)
x
-3 -2 -1 1 2 3 4
(-1,0)

-2 (0,-2) (1,-2)

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

113
Capítulo 3

Na Figura 3.9, observe que a parábola tem simetria e, portanto, ao fazer um


gráfico com lápis e papel, é interessante colocar pontos simétricos para que o
traçado fique com mais perfeição.

Note que, a partir do gráfico, é possível analisar algumas propriedades e


características da função. Por exemplo, concavidade, pontos que cortam o eixo
dos x etc.

Todas as propriedades e características observadas graficamente podem também


ser obtidas conhecendo-se apenas a forma algébrica da função de segundo grau.
É importante que você esteja atento para usar a linguagem adequada (gráfica ou
algébrica) na resolução das diferentes situações-problema.

3.2 Aplicações
Para qualificar o estudo das aplicações das funções quadráticas, vamos
apresentar detalhes das propriedades e características desta função. Os
conceitos são similares aos da função do primeiro grau, mas temos outras
características específicas das funções quadráticas.

3.2.1 Propriedades e características


Seguem as propriedades e características da função sendo a ,
com .

(1) Representação gráfica – A função será sempre representada graficamente


por uma parábola.

(2) Domínio – O domínio é o conjunto dos números reais que pode ser
representado por R ou na forma de um intervalo . Pode ser visualizado
graficamente no eixo dos x.

(3) Concavidade − É possível saber a concavidade apenas analisando a forma


algébrica, ou seja, a parábola tem concavidade voltada para cima se e
concavidade voltada para baixo se .

(4) Simetria − A parábola apresenta simetria em relação à reta paralela ao eixo


dos y passando pelo vértice.

(5) Vértice − O vértice da parábola ocorre no ponto . Este

ponto é importante, pois ele indica o ponto de máximo ou mínimo conforme a


concavidade esteja voltada para baixo ou para cima, respectivamente. A análise
dos máximos e mínimos a partir do vértice pode ser realizada algebricamente a
partir do momento em que analisamos a função , reescrita na
sua forma canônica. Veja.

114
Matemática

Observe que, dentro dos colchetes, tem-se uma soma com duas parcelas, sendo
que a primeira parcela é sempre positiva, pois apresenta um termo elevado ao
quadrado. O segundo termo é um valor constante, pois não aparece o x. Assim,
se o valor de a é positivo, o menor valor da função (ponto de mínimo) é obtido

quando , ou seja, quando . Se calcularmos a imagem deste

ponto, vamos obter a ordenada do vértice. Veja.

Em uma rápida inspeção, é possível observar a importância do sinal do a e do


discriminante no formalismo algébrico e, consequentemente, na
identificação das propriedades e características da função do segundo grau.

(6) Conjunto imagem – É um subconjunto dos números reais que pode ser
visualizado graficamente no eixo dos y e identificado algebricamente. Se
a concavidade é voltada para cima, então a imagem são os valores de y
pertencentes ao intervalo , ou seja, . Se a concavidade é voltada
para baixo, então a imagem são os valores de y pertencentes ao intervalo ,
ou seja, . Lembrando que é a ordenada o ponto do vértice da parábola.

(7) Zero ou Raiz − São os pontos em que , o que nos leva a resolver uma
equação do segundo grau ( .

(8) Crescimento e Decrescimento − Variam de acordo com a concavidade da


parábola. Se a concavidade for para cima, o intervalo de crescimento é
e o intervalo de decrescimento é . Já se a concavidade for para baixo, o
intervalo de crescimento é quando , e o de decrescimento quando .
Lembrando que é a abscissa do ponto do vértice da parábola.

115
Capítulo 3

(9) Sinal da função − São os valores de x para o qual os valores de y são


positivos ou negativos, ou seja, analisa-se o sinal da imagem da função. Veja:

•• Parábola com , e . Neste caso, temos: sinal positivo


em e sinal negativo em .
•• Parábola com , e . Neste caso, temos: sinal positivo
em e sinal negativo em .
•• Parábola com , e . Neste caso, temos sinal positivo
em toda reta real, portanto, a função não assume valores negativos.
•• Parábola com , e . Neste caso, temos sinal negativo
em toda reta real, portanto, a função não assume valores positivos.
•• Parábola com , e não tem raízes reais. Neste caso, temos
sinal positivo em toda reta real, portanto, a função não assume
valores negativos.
•• Parábola com , e não tem raízes reais. Neste caso, temos
sinal negativo em toda reta real, portanto, a função não assume
valores positivos.

Para concretizar o uso das propriedades e características citadas, vamos


apresentar alguns exemplos didáticos e outros mais práticos.

3.2.2 Exemplos
(1) Considere as seguintes funções: e .

Determine o domínio, a concavidade e o gráfico das funções.

A função tem como domínio todo o conjunto dos números reais


e, como o valor do parâmetro a =1 é maior do que zero, a sua concavidade é
virada para cima. Veja essas características na Figura 3.10.

116
Matemática

Figura 3.10 – Gráfico da função

f(x)

2
x
-4 -3 -2 -1 1 2

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

A função tem como domínio todo o conjunto dos números reais


e, como valor do parâmetro a = 1 é maior do que zero, a sua concavidade é virada
para cima. Veja essas características na Figura 3.11.

Figura 3.11 – Gráfico da função

g(x)
4
3
2
1
x
-4 -3 -2 -1 1 2
-1

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

(2) Uma indústria prevê que o lucro total do seu principal produto, ao final do mês, é
dado pela função , sendo x a quantidade vendida em milhares e
L o ganho em milhões de reais. Encontre o valor de x que maximiza o lucro.

Note que , portanto, a concavidade é voltada para baixo, o que nos leva
a concluir que o vértice é um ponto de máximo. Para responder à pergunta da
questão, basta determinar o vértice.

117
Capítulo 3

Assim, o lucro máximo é de 0,125 milhões de reais quando forem vendidas 2,25
milhares de unidades. Veja o gráfico da função na Figura 3.12.

Figura 3.12 – Gráfico da função

L(x)
(2.25,0.125)

0.1

0.05

x
0.5 1 1.5 2 2.5

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

(3) Analise o domínio, as raízes, o vértice, o conjunto imagem, a concavidade e o


ponto de máximo ou mínimo da função . Trabalhe apenas com a
representação algébrica da função.

Domínio: o domínio de uma função do segundo grau é sempre o conjunto dos


números reais.

Raízes: para achar as raízes, resolveremos a equação a seguir.

( )

3+7

3 7 5

Assim, as raízes são 2 e −5. Lembre-se de que esses são os valores de x em que
a parábola corta o eixo dos x.

Vértice: o vértice pode ser encontrado usando-se:

118
Matemática

Conjunto imagem ou imagem da função: como o valor de a é positivo, a parábola

é virada para cima, portanto, a imagem vai ser dada por .

Concavidade e ponto de mínimo: como a é positivo, a concavidade é voltada


para cima e, portanto, o vértice é o ponto de mínimo da função, ou seja,

é o ponto de mínimo da função, sendo que o valor é o menor valor

que a função assume.

(4) Considere as equações de demanda e oferta e . Discuta o


equilíbrio do mercado usando a representação gráfica e algébrica.

Algebricamente
O equilíbrio ocorre quando a demanda e a oferta são iguais, ou seja:

ou .

Resolvendo a equação do segundo grau utilizando Bhaskara, temos:

O valor para deve ser descartado, já que não temos preço de mercado
negativo. Esses valores obtidos são as raízes da equação .
Portanto, o valor que nos interessa é .

Se analisarmos simplesmente a função , podemos afirmar que


os valores obtidos para p são os pontos, tais que o gráfico de f corta o eixo x, ou
seja, .

Graficamente
Fazendo o gráfico das duas funções (ver Figura 3.13), o equilíbrio ocorre no ponto
de interseção gráfica, que é o ponto , ou seja, quando , . Observe
que a equação de demanda é uma função do segundo grau e que a
função da oferta é uma função do primeiro grau.

119
Capítulo 3

Figura 3.13 – Gráfico do equilíbrio do mercado

3 (1,3)

p
1 2
Fonte: Elaboração da autora, 2017.

(5) Espera-se que o número de domicílios brasileiros com rádio e TV cresça de


acordo com a função para . Sendo
t o tempo medido em anos, considerando-se que 0 corresponde ao início do ano
de 2004 e f (t) é medida em milhares de domicílios, faz-se duas perguntas.

a. Quantos domicílios tinham rádio e TV no ano de 2006?


b. Se a tendência persistir, quantos domicílios terão Rádio e TV em 2012?

Este é um tipo de problema em que a função do segundo grau é obtida a partir de


dados históricos estatísticos, fazendo um ajuste de curva. Observe que a função
tem uma limitação no valor da variável t, ou seja, se t = 0 representa o ano de
2004, então t = 6 representa o ano de 2010. Essa limitação é necessária pois, no
decorrer do tempo, a função que modela um conjunto de dados e informações
pode ser alterada em função de diversas variáveis que modificam o fenômeno.

Para responder o item (a), basta calcular a imagem da função no ponto t = 2, ou seja:
54,942

Portanto, 54.942 domicílios.

Para responder o item (b), basta calcular a imagem da função no ponto t = 8,


observando que, nesse caso, estamos extrapolando os dados que definiram a
função até t = 6, portanto, a análise é uma tendência. Temos:

Portanto, 57.432 domicílios.

120
Matemática

(6) Seja . Para qual valor de x a função assume o menor valor?

Como , temos que a concavidade é voltada para cima, logo a função tem

um ponto de mínimo. Este ponto de mínimo ocorre no vértice da parábola.

Temos:

Logo, o menor valor que a função assume é e ocorre quando .

(7) Observe a função dada na Figura 3.14 e discuta todas as suas propriedades e
características. Verifique se a expressão representa a função da
figura dada.

Figura 3.14 – Gráfico de função quadrática

-2,5 x
-7 2

-14

-20,25

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

A análise a ser feita vai ficar toda alicerçada na observação da Figura 3.14.

Domínio: o domínio de função é todo o conjunto dos números reais.

Conjunto imagem: o y do vértice da função é dado. Dessa forma, temos

Concavidade: o gráfico apresenta uma parábola virada para cima, portanto, a


concavidade é voltada para cima.

Simetria: a simetria da parábola é dada pelo eixo que passa pelo vértice, ou seja,
x = –2,5 .

121
Capítulo 3

Vértice: o vértice encontra-se no ponto

Zeros ou raízes: as raízes da função dada estão representadas pelos pontos em


que a parábola corta o eixo dos x, ou seja, nos pontos −7 e 2.

Crescimento e decrescimento: a função é crescente no intervalo e


decrescente no intervalo

Sinal da função: a função é positiva no intervalo e negativa em

Ponto de mínimo: a função apresenta um ponto de mínimo no seu vértice e,


dessa forma, o valor mínimo da função é –20,25.

Para finalizar este exemplo, vamos analisar se a expressão


representa a lei de formação da função dada. Considerando-se que uma função
do segundo grau pode ser reescrita na forma , sendo
as raízes, inicialmente é possível supor que a função do gráfico é dada por
.

Para estabelecer o valor de a, basta conferir outro ponto do gráfico dado, por
exemplo, o ponto do vértice ou o ponto que está assinalado como o corte no eixo
dos y em −14, ou .

Para que essa expressão seja válida, vamos ter o valor de a igual a 1. Portanto,
confirma-se que é a forma algébrica da parábola da Figura 3.14,
ou também podemos dizer lei de formação da função dada graficamente.

3.3 Atividades de autoavaliação


1. Encontre uma função f que associa a cada número x o seu quadrado, mais o
seu dobro e mais uma unidade. Em seguida, encontre , e .

2. Seja . Analise as propriedades e características (domínio,


imagem, concavidade, raízes, vértice, crescimento e decrescimento e o sinal da
função) e esboce o gráfico de f.

3. Trace o gráfico das seguintes funções e defina o seu domínio e o seu conjunto
imagem:

a) b)

122
Matemática

4. Trace o gráfico das seguintes funções e defina as suas raízes:

a) b)

5. A função demanda de um produto é e a função custo é dada por


. Encontre o valor de x para que o lucro seja máximo.

6. Encontre o preço de equilíbrio para o mercado que tem como demanda e oferta
o quadro que segue.

Preço
Quantidade demandada Quantidade ofertada (p unidades monetárias)

70 10 1

64 18 2

54 28 3

22 54 5

7. Seja , em que x é a quantidade demandada e o preço é p. Encontre


a função receita total, esboce o seu gráfico e, em seguida, encontre o valor de x
para que a receita seja máxima.

8. Considere as equações de demanda e oferta e .

Discuta, usando a representação gráfica e algébrica, o ponto de equilíbrio.

9. Observe a função dada na Figura 3.15 e discuta o domínio, o conjunto imagem, o


vértice, a concavidade, as raízes, o sinal, o crescimento e decrescimento e o ponto
de máximo ou mínimo. Qual é a lei de formação da função dada graficamente?

123
Capítulo 3

Figura 3.15 – Parábola do exercício 9

y
32
30

20

10

x
-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6

-10

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

10. Uma pedra é atirada para cima com uma velocidade de 40m/s. A sua altura
depois de t segundos é dada por . Analise as características da função.

124
Capítulo 4

Funções exponenciais e logarítmicas

Neste capítulo, voltamos ao tema das funções exponenciais e logarítmicas,


visando a qualificar as habilidades para a modelagem matemática e resolução de
problemas cuja solução requer a identificação mais formal das características e
propriedades destas funções.

Seção 1
Introdução
O estudo das funções exponenciais e logarítmicas envolve o uso de operações
com potências e logaritmos. Sabendo da importância de ter bastante clareza
dos conceitos, optou-se por fazer, nesta, seção uma breve revisão dos objetos
matemáticos envolvidos nestas operações.

1.1 Potência com expoente natural


Observe, a seguir, os procedimentos operatórios que envolvem potências com
expoentes naturais, inteiros e racionais. Considere um número real a e um número
natural n diferentes de zero. A expressão an (potência de base a e expoente n)
representa um produto de n fatores iguais ao valor a:

FLEMMING, Diva Marília. Matemática. Palhoça: UnisulVirtual, 2017. p. 125-158.

125
Capítulo 4

Exemplos

(1) . Para n = 1, considera-se por definição que a1 = a, uma vez que não há
produto com um único fator.

(2)

(3)

(4)

(5) Ao usar números negativos, lembre-se dos cuidados com as regras de sinais
nas operações com os números reais. Recomenda-se, em alguns momentos, o
uso do número dentro de parênteses. Observe a diferença de resultados entre
e .

••
••

Assim: .

1.1.1 Propriedades das potências com expoente natural


As propriedades são muito utilizadas no momento das operações matemáticas.
Dessa forma, vamos aqui fazer uma revisão. Lembre-se de que, ao apresentarmos
a propriedade de forma genérica, com o uso de letras em vez de números,
estamos sempre considerando as condições da existência dos números reais.

Propriedade 1: para multiplicar potências de mesma base, mantemos a base e


somamos os expoentes: .

Exemplos

(1) Para calcular 23 . 24 ou , podemos fazer:

23 . 24 = (2 . 2 . 2) . (2 . 2 . 2 . 2) = 2 . 2 . 2 . 2 . 2 . 2 . 2 = 27

ou

23 . 24 = 23 + 4 = 27.

126
Matemática

(2) Observe o cálculo de :

.
Lembre-se de que o uso indiscriminado de uma calculadora pode levar à uma
notação mais visualmente “pesada”. Sempre que temos potências de valores
altos, a resposta deve ser apresentada na forma de potências.

Propriedade 2: para dividir potências de mesma base, mantemos a base e

subtraímos os expoentes: ou com .

Exemplos

(1)

ou

(2)

(3) Observe que podemos ter resultados com expoentes negativos.

ou

Podemos afirmar que: .

Como consequência, você pode observar, para , que:

e .

(4) Podemos ter expoentes nulos:

ou .

127
Capítulo 4

1.1.2 Exemplos gerais


Seguem exemplos gerais envolvendo as operações e propriedades destacadas.

(1)

(2)

(3)

(4) Observe a situação denominada potência de potência. A base é elevada a um


expoente, e todo esse número é elevado a outro expoente. Veja.

(a) ou

(b) ou

Genericamente, podemos escrever:


.

(5) Observe a diferença dos exemplos a seguir:

(a)

(b)

Assim, .

(6) Analise as seguintes operações:

(a)

(b)

Podemos afirmar que: e

ou com .

128
Matemática

1.1.3 Notação científica


Os recursos tecnológicos não abrem mão de uma notação baseada nas
propriedades das potências. Se você tem uma calculadora científica, observe o
que chamamos de notação científica.

Quando trabalhamos com números muito grandes ou muito pequenos, é


conveniente escrever em forma de potência:

•• 247.000 = 2,47 . 105


•• 100.000.000 = 108
•• 0,000 001 = 10–6
•• 0,000 123 = 1,23 . 10–4

•• 10–1 = 0,1 =

•• 10–3 = 0,001 =

•• 5 . 107 = 50 000 000

Para representar um número na notação científica, usamos o número real


pertencente ao intervalo [1,9] multiplicado por uma potência de 10. Note que o valor
do expoente da potência 10 é o número de casas que a vírgula teve que percorrer.

1.1.4 Potência com expoente racional


Para a real, b real e n inteiro positivo ímpar, temos sempre que .
Denominamos:

•• n = índice;
•• a = radicando;
•• b = raiz.
Para a e b real positivo ou nulo e n inteiro positivo par, temos sempre que

Usamos a representação da raiz n-ésima como .

Não existe raiz real de índice par de números negativos.

129
Capítulo 4

Exemplos

(1) Verifique as seguintes raízes exatas:

(a)

(b)

(c)

(2) Observe a existência das raízes:

(a)

(b) não existe

(c)

As propriedades para expoentes racionais são as mesmas das com expoente


natural, observando-se as condições para a validade das expressões no contexto
dos reais.

Vejamos um resumo:

(a) (d)

(b) (e)

(c)

Exemplos

(1) = . = = = =

(2) = = ou = . = = =

(3) = ou = = =

130
Matemática

1.2 Logaritmo
Acompanhe o nosso raciocínio!

Pense em um número, digamos 16. Agora perguntamos: a qual expoente


devemos elevar o número 2 para obter 16?

Sem muitas dificuldades, chegamos ao resultado 4, ou seja, 24 = 16.

O que acabamos de fazer foi encontrar o logaritmo do número 16 na base 2.

Apesar de um nome um pouco assustador – logaritmo –, o que se faz nada mais


é do que a busca de um expoente. Calcular o logaritmo de um número b > 0 em
uma base a > 0 e a 1 é simples, desde que tenhamos uma maneira de escrever
b como uma potência de a. Melhor dizendo, qual expoente devemos elevar a para
obter b? No nosso exemplo:

log216 = 4 pois 24 = 16.

sendo , e

O número b é chamado de logaritmando, o número a chama-se base e o x


recebe o nome de logaritmo.

Quando calculamos , note que, para qualquer base , não existe


expoente para a que nos retorne um número negativo, logo .

Note que nunca podemos calcular o , pois o número 1 elevado a qualquer


expoente é sempre igual a 1, ou seja, não conseguimos escrever qualquer número
positivo b, na base 1. Logo, obrigatoriamente, a ≠ 1.

Quando a base do logaritmo for igual a 10, não costumamos escrever a base, por
exemplo, . Escrevemos simplesmente , e fica subentendido que a
base é 10. Aos logaritmos na base 10, damos o nome de logaritmos decimais
ou de Briggs.

Aos logaritmos que utilizam a base e (número neperiano) damos o nome de


logaritmos naturais ou logaritmos neperianos. A sua notação também pode ser
diferente: ou .

131
Capítulo 4

1.2.1 Exemplos
(1) Calcule: .

Se então . Assim:

Portanto, .

(2) Calcule .

Se então . Assim,

Portanto,

(3) Calcule .

Se , então .

Portanto,

132
Matemática

(4) Verifique para qual valor de x os logaritmos abaixo existem.

(a)

A base já é um número positivo e diferente de 1, logo, a condição deve ser


estabelecida apenas para o logaritmando: x – 6 > 0 ou x > 6.

(b)

Como o logaritmando já é um número positivo, estabelecemos apenas a condição


para a base: e ou .

1.2.2 Propriedades do logaritmo


As propriedades que seguem são operatórias e utilizadas em diferentes
momentos em que o uso dos logaritmos é indicado. Lembre-se de que, ao usar
a linguagem simbólica, estamos considerando que os parâmetros literais são
dimensionados de modo que o logaritmo exista.

(1) O logaritmo do produto de dois ou mais números, em uma mesma base, é a


soma dos logaritmos desses números na mesma base.

Simbolicamente:
.

(2) O logaritmo do quociente de dois números em uma mesma base é a diferença


entre o logaritmo do numerador e o logaritmo do denominador, na mesma base.

Simbolicamente:
.

(3) O logaritmo de uma potência é igual ao produto do expoente desta potência


pelo logaritmo da base da potência, mantendo o logaritmo na mesma base.

Simbolicamente:
.

133
Capítulo 4

Como propriedades gerais, podemos ter:

(a) , pois

(b) , pois

(c)

1.2.3 Exemplos
(1) Sabendo que e , calcule .

Primeiramente, fatoramos o número , assim:

(2) Sabendo que , e , calcule .

Vamos usar as propriedades:

(3) Calcule , sabendo-se que .

Temos:

134
Matemática

(4) Entre as muitas aplicações dos logaritmos, vamos salientar um exemplo no


contexto de juros.

Uma aplicação de R$ 10.000,00 a juros de 10% ao ano rendeu um montante de


R$13.310,00. Por quanto tempo durou a aplicação?

Para resolver este problema, vamos precisar utilizar o conceito de logaritmo.

Temos:

Assim:

Para encontrar n, vamos aplicar logaritmo:

Usando propriedades de logaritmos e uma calculadora, temos:

Ou seja, o capital inicial ficou aplicado por, aproximadamente, três anos.

1.3 Atividades de autoavaliação


1. Escreva na forma de uma única potência:

a) 2–5 . 22 c) 43 . 8 . 2–5

b) d)

135
Capítulo 4

2. Calcule sem o uso de calculadora:

a) b)

3. Simplifique as seguintes expressões:

a) b)

4. Escreva na notação científica:

a) 72 000 c) 0,022

b) 0,004 d) 40000

5. Calcule os seguintes logaritmos:

a) log327 c) log10100

b) log3(1/243) d) log81

6. Determine o valor de x:

a) log(1/625)5 = x b) logx25 = 2

c) log2x = 8 d) logx(8/27) = 3

7. Sabendo que log 2 = 0,3010, calcule log 0,0002.

136
Matemática

Seção 2
Função exponencial
Vamos, agora, discutir as funções exponenciais. Observe que estas são utilizadas
para modelar o crescimento e o decrescimento populacional e, também, em
várias situações da Matemática Financeira.

2.1 Definição e exemplos


Definição: função exponencial é uma função real que associa a cada número real
x o número , com e .

Simbolicamente, temos:

Exemplos

Observe os seguintes exemplos, com as bases destacadas:

(1) , base 2

(2) , base ½

(3) , sendo a base igual a , um número irracional denominado


número neperiano.

2.2 Gráfico da função exponencial


Observe, a seguir, o gráfico das funções exponenciais. Não se esqueça de
que você deve verificar as características das funções para facilitar o esboço
de gráficos de forma manual. Neste texto, os gráficos apresentados são
desenvolvidos com o uso do software livre Graph.

Caso você faça os gráficos manualmente, vai ser interessante lembrar que, de
acordo com o valor da base, vamos ter gráficos crescentes ou decrescentes. Ao
construir a tabela auxiliar, basta lembrar a forma da curva exponencial e organizar
alguns pontos estrategicamente distribuídos no sistema cartesiano.

137
Capítulo 4

Na Tabela 4.1 e na Figura 4.1, temos o exemplo da função .

Tabela 4.1− Pontos da função y = 2x

x f (x) = 2x (x , y)

–3

–2

–1

0 (0, 1)

1 (1, 2)

2 (2, 4)

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Figura 4.1 – Gráfico da função f (x) = 2x

f(x)
5

2
1
x
-3 -2 -1 1 2 3

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

138
Matemática

Na Tabela 4.2 e na Figura 4.2, temos o exemplo da função .

Tabela 4.2 − Pontos da função

x (x, y)

–2 (–2, 4)

–1 (–1, 2)

0 (0,1)

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Figura 4.2 − Gráfico de

f(x)
5

4
3

2
1
x
-3 -2 -1 1 2 3

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

139
Capítulo 4

2.3 Propriedades e características


Valem as seguintes propriedades e características gerais para a função
exponencial com e :

•• os domínios são todos os reais;


•• a imagem é sempre positiva, excluindo o zero;
•• o gráfico passa pelo ponto (0, 1);
•• para a > 1, a função é crescente;
•• para 0 < a < 1, a função é decrescente;
•• a curva que representa essa função está toda acima do eixo dos x,
pois para todo x real.

Com um pouco de formalismo matemático, é possível provar que essas


características são gerais para as funções exponenciais.

Observe também que, ao fazer a modelagem de situações reais ou na resolução de


problemas práticos, vamos obter a função exponencial multiplicada por um fator
que é característico da situação prática. Dessa forma, a função fica definida como

e teremos adequações nas características da função que tem a forma gráfica


similar.

Exemplos

(1) Analise, com o uso de algum software, os gráficos das seguintes funções:

(a)

(b)

Na Figura 4.3, apresentamos o gráfico da função . Observe que é uma


função do tipo exponencial com uma alteração em sua lei de formação. Têm-se
as seguintes características visíveis graficamente:

•• o domínio é o conjunto dos números reais;


•• o conjunto imagem é formado por números reais positivos,
excluindo-se o zero;
•• o gráfico da função passa pelo ponto (0, 2);
•• como a base é igual a dois, portanto, maior que 1, tem-se uma
função crescente;

140
Matemática

•• como o expoente é x + 1, tem-se um deslocamento da curva


exponencial de uma unidade para cima, portanto, corta o eixo do y
no ponto (0, 2).

Figura 4.3 – Gráfico da função

f(x)
30

20

10

(0,2)
x
-4 -3 -2 -1 1 2 3

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Na Figura 4.4, apresentamos o gráfico da função . Observe que esta


é uma função do tipo exponencial com uma alteração em sua lei de formação.
Têm-se as seguintes características visíveis graficamente:

•• o domínio é o conjunto dos números reais;


•• como na lei de formação , temos o sinal de menos na frente
do termo exponencial, vamos ter agora o conjunto imagem formado
por números reais negativos, excluindo-se o zero;
•• o gráfico da função passa pelo ponto (0, −2);
•• a função ficou decrescente;
•• como o expoente é x + 1, tem-se um deslocamento da curva
exponencial de uma unidade para baixo, portanto, corta o eixo do y
no ponto (0, −2).

141
Capítulo 4

Figura 4.4 – Gráfico da função

4 f(x)

2
x
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-2

-4

-6

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Observe os gráficos das figuras 4.3 e 4.4 e as respectivas leis de formação.


Verifique que eles são simétricos em relação ao eixo dos x. Observe o impacto
que temos quando a diferença entre as leis de formação das funções dadas é
apenas um sinal.

(2) Observe e analise o gráfico das funções , e ,


apresentados em um único sistema cartesiano, na Figura 4.5.

Figura 4.5 – Gráficos das funções , e

y
4

3
x
y=3+2
2
x
y=3+1
1
x
y=3 x
-2 -1 1

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

As funções têm a mesma forma característica das funções exponenciais. O fato


de acrescentarmos uma ou duas unidades na lei de formação implicou em um
deslocamento do gráfico para cima, alterando, assim, o ponto de corte no eixo dos y.

142
Matemática

(3) Analise graficamente o comportamento de uma família de funções do tipo


, com e .

Observe, na Figura 4.6, e perceba o comportamento da família de funções


exponenciais e as características comuns aos membros da família, tais como:

•• passam pelo ponto (0, 1);


•• são duas a duas simétricas em relação ao eixo dos y;
•• o gráfico nunca corta o eixo dos x (observe que os recursos de
desenho podem causar a impressão de que algum gráfico toque o
eixo do x, mas isso não é verdade);
•• o domínio é o conjunto dos reais;
•• o conjunto imagem é o conjunto .

Figura 4.6 – Família de funções exponenciais

y = (1/10)x y
y = 5x
8 y = 10 x
y = (1/5)x 7
6
5
y= (1/2)x 4
y = 2x
3
2
y = (2/3) x y = (3/2) x
1
x
-1 1
-1

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

143
Capítulo 4

(4) Faça o gráfico da função e e compare o crescimento dos


gráficos. O que é possível afirmar?

Figura 4.7 – Gráfico das funções e

f(x)
8

4
3x
2
x3
x
-1 1
-2

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Na Figura 4.7, podemos observar os gráficos das funções solicitadas no mesmo


sistema cartesiano. Ao comparar o crescimento (ambas são funções sempre
crescentes), podemos afirmar que o gráfico da função exponencial
cresce mais rapidamente do que o gráfico da função potência . Os
comportamentos dessas funções, para valores menores do que zero, são
completamente diferentes, pois a função potência assume valores negativos.

2.4 Exemplos de aplicações


Foi possível observar, ao discutir as características e propriedades das funções
exponenciais, que elas são interessantes para modelar fenômenos populacionais
e econômicos. Vejamos, agora, exemplos práticos.

(1) A taxa de juros da caderneta de poupança é de 0,5% ao mês (creditado


mensalmente). Supondo somente este juro, se aplicarmos R$ 100,00 hoje, quanto
teremos daqui onze meses? E daqui a dez anos?

O regime de capitalização mais utilizado nas transações comerciais e financeiras


é o de juros compostos, que se baseia nos seguintes princípios:

•• ao final do 1o período, os juros incidentes sobre o capital inicial são a


ele incorporados, produzindo o 1o montante;
•• ao final do 2o período, os juros incidem sobre o 1o montante e
incorporam-se a ele, gerando o 2o montante;
•• ao final do 3o período, os juros, calculados sobre o 2o montante,
incorporam-se a ele, gerando o 3o montante; e assim por diante.

144
Matemática

De modo geral, um capital C, a juros compostos, aplicados a uma taxa unitária


fixa i, durante n períodos, produz: .

No problema dado, temos C = 100, i = 0,5% = 0,5/100 = 0,005, n = 11 na primeira


pergunta e n = 120 na segunda.

Para 11 meses, temos R$ 105,64. De fato:

Para 10 anos, ou 120 meses, temos R$ 181,94. De fato:

M = C (1 + i) n

A Figura 4.8 apresenta um gráfico da evolução do investimento.

Figura 4.8 – Gráfico de

f(x)

400

300

200

100

x
50 100 150 200 250 300 350

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

(2) Podemos criar um modelo para analisar a população de um país para um ano
específico. Para exemplificar, vamos usar os dados da população do Brasil de
1940 a 2010. Com esses dados, é possível fazer uma estimativa da população do
ano de 2017. Veja como!

145
Capítulo 4

Temos os dados da Tabela 4.3, que foram obtidos nas estatísticas mundiais
divulgadas em diferentes mídias e disponíveis no Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).

Vamos colocar esses dados em um software que tem a capacidade de dar-nos


a função exponencial que modela esse crescimento populacional. A Figura 4.9
mostra o resultado apresentado quando usamos o software Graph.

Tabela 4.3 – População do Brasil

Ano Quantidade de pessoas

1940 41.236.315

1951 54.790.134

1960 71.435.269

1970 94.784.100

1980 120.770.583

1991 151.654.998

1996 164.029.105

2007 191.741.381

2010 197.657.753

2013 203.330.481

Fonte: IBGE, 2016.

Vamos colocar esses dados em um software que tem a capacidade de dar-nos


a função exponencial que modela esse crescimento populacional. A Figura 4.9
mostra o resultado apresentado quando usamos o software Graph.

Figura 4.9 – Modelo matemático de crescimento populacional

2,4.10 8
P(t)

2,0.10 8

1,6.10 8

1,2.10 8

8,0.10 7

4,0.10 7
t
-10 10 20 30 40 50 60 70

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

146
Matemática

A função apresentada é . Observe que consideramos a


contagem do tempo a partir de 1940 e o gráfico com a seguinte correspondência:
1940 ao t = 0; 1951 ao t = 10 etc.

Para achar a estimativa da população para o ano de 2017, basta fazer:

habitantes.

É importante esclarecer que não estamos usando aqui as técnicas que permitem
a extrapolação dos dados, pois não estamos fazendo ajustes no modelo
considerando outras variáveis. Sabemos que, nas tendências geradas também
pelo IBGE ou outros órgãos geradores de dados, sempre há uma margem de erro.
Dessa forma, é preciso sempre muito cuidado e análise após um processo de
modelagem, pois não há exatidão.

Ao analisar o gráfico, podemos observar que a função gerada já está apontando


um valor acima no contexto dos três últimos dados e provavelmente o
crescimento não vai ser tão acelerado.

É possível gerar outros modelos com funções do tipo polinomial de ordem maior,
e mesmo que tenhamos um ajuste perfeito dos dados, estes podem comprometer
as tendências em anos posteriores, de forma muito mais acentuada do que a
função exponencial.

2.5 Atividades de autoavaliação


1. Esboce o gráfico das seguintes funções:

a) b)

2. Identifique se as seguintes funções são crescentes ou decrescentes:

a) c)

b) d)

3. Um capital de R$ 56,00 é aplicado, a juros compostos, por dois anos e meio, à


taxa de 4 % a.m. Qual o valor resultante dessa aplicação?

147
Capítulo 4

4. Um capital foi aplicado, a juros compostos, durante três meses, à taxa de 20 %


a.m. Se, decorrido esse período, o montante produzido foi de R$ 864,00, qual o
capital aplicado? Qual a taxa mensal (%) para quadruplicar um capital em oito anos?

5. A taxa de crescimento populacional do Brasil é de, aproximadamente, 2% ao


ano. Em quantos anos a população irá dobrar, mantendo esta taxa?

6. Uma certa máquina tem t anos de idade, seu valor de revenda é de


reais.

a) Trace o gráfico da função V. O que acontecerá ao valor da máquina quando t


crescer indefinidamente?

b) Qual era o preço da máquina nova?

c) Quanto a máquina valerá após 10 anos?

7. Supondo que exista cerca de 10 bilhões de quilômetros quadrados de terra


arável em nosso planeta e que cada quilômetro quadrado produza alimento
suficiente para 4 pessoas, alguns demógrafos acreditam que se podem produzir
alimento para, no máximo, 40 bilhões de pessoas. A população da Terra era de
aproximadamente 3 bilhões, em 1960, e 4 bilhões, em 1975. Se a população estiver
crescendo exponencialmente, quando atingirá o limite hipotético de 40 bilhões?

Seção 3
Função logarítmica
Vamos agora discutir as funções logarítmicas. Observe que estas são usadas
associadas aos modelos exponenciais. Você terá a oportunidade de observar que
isso não é por acaso. Você estudará, nesta seção, que estamos diante de funções
inversas.

A existência da inversa fica garantida, pois ambas as funções são ditas


sobrejetoras. Veja.

Se é uma função de A em B, e se para cada existir exatamente um valor


, tal que , então podemos definir uma função tal que .

148
Matemática

Para facilitar o esclarecimento de função inversa, podemos visualizar a Figura


4.10, que mostra as funções , e . Podemos observar uma
função exponencial, uma função logarítmica e a função linear . Verifique a
perfeita simetria das curvas em relação à reta .

Figura 4.10 – Função exponencial e logarítmica

f(x)
4
3
2
1
x
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4
-1
-2
-3
-4

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

3.1 Definição e exemplos


Definição: dado um número real a, tal que 0 < a ≠ 1, chama-se função logarítmica
de base a a função f que associa, a cada x real, o número logax.

Simbolicamente, temos:

Observe que é o conjunto dos números reais positivos excluindo o zero.

Formalmente, podemos definir a função logarítmica como a função inversa da


função exponencial. Assim:

Observe que e .

149
Capítulo 4

Exemplos

a) c)

b) d)

Observe que, no item (c), temos a base igual a 10 e, como é uma base bastante
utilizada, vamos usar a convenção de que . No item (d), temos
a base igual ao número neperiano e vamos usar a convenção .

3.2 Gráfico da função logarítmica


Os gráficos da função logarítmica são curvas no formato simétrico em relação à
reta quando comparados com a respectiva função exponencial inversa. Na
Figura 4.11, temos o exemplo de uma função logarítmica de base igual a dois.

Figura 4.11 – Gráfico da função

f(x)
3
2
1
x
1 2 3 4 5
-1
-2
-3
-4

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Na Figura 4.12, temos o exemplo da função logarítmica decrescente com base


igual a ½.

150
Matemática

Figura 4.12 – Gráfico da função

f(x)
4
3
2
1
x
1 2 3 4
-1
-2

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Na Figura 4.13, temos a função logarítmica de base neperiana. Observa-se que como
o número neperiano é maior do que um, portanto, temos uma função crescente.

Na Figura 4.14, vamos ter uma função do tipo logarítmica e observa-se que
o logaritmo está multiplicado por dois e o logaritmando está adicionado de
uma constante. Essas operações não mudam a forma gráfica, mas provocam
alterações em relação aos eixos coordenados.

Figura 4.13 – Gráfico da função

f(x)
2
1
x
1 2 3 4 5
-1
-2
-3
-4

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

151
Capítulo 4

Figura 4.14 – Gráfico da função

f(x)
3
2
1
x
1 2 3
-1
-2
-3

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

3.3 Propriedades e características


Temos as seguintes propriedades e características da função logarítmica
:

•• o domínio da função logarítmica é D(f) = (0, ) e o conjunto


imagem é o conjunto dos reais;
•• a função é crescente se, e somente se, a > 1;
•• a função é decrescente se, e somente se, 0 < a < 1;
•• com relação ao gráfico da função da , pode-se dizer
que a curva que representa esta função está toda à direita do eixo
dos y, já que esta função só é definida para x > 0;
•• a curva corta o eixo dos x no ponto de abscissa igual a 1, pois, se
x = 1, então ;
•• as funções e já definidas são inversas uma
da outra, o gráfico de f(x) = ax é simétrico ao gráfico da função
em relação à reta y = x.

Exemplos

(1) Analise as propriedades e características da função ,


apresentada na Figura 4.14.

Estamos diante de uma função logarítmica multiplicada pelo valor dois e com
alteração em algumas características em função da sua lei de formação.

152
Matemática

Temos:

•• o domínio é todo o conjunto dos reais, tais que ou , ou


seja, é intervalo de números reais ;
•• o conjunto imagem é o conjunto dos números reais;
•• como a base é o número neperiano, temos uma função crescente;
•• a curva passa pelo ponto (0, 0).

(2) Para analisar as funções inversas, podemos fazer os procedimentos já


discutidos no Capítulo 1. Por exemplo, vamos analisar a inversa da função
exponencial . A representação algébrica da função inversa de será
obtida com os seguintes procedimentos:

•• (trocar x pelo y);


•• para isolar a variável y, aplicamos o logaritmo na base 3 nos dois
lados da equação:

(aplicando a propriedade 3c do logaritmo)


.

Veja, na Figura 4.15, a perfeita simetria com a função .

Figura 4.15 – Gráfico das funções e

y
3
2
1
x
-3 -2 -1 1 2 3
-1
-2
-3

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

153
Capítulo 4

3.4 Exemplos de aplicações


(1) A taxa de juros da caderneta de poupança é de 0,5% ao mês (creditado
mensalmente). Supondo somente este juro, se aplicarmos R$ 100,00, em quanto
tempo haverá um saldo de R$ 135,00?

Este problema pode ser resolvido usando funções exponenciais ou função


logarítmica.

Temos:

Na Figura 4.16, podemos visualizar a função exponencial , que


modela o problema. A resposta do problema pode ser observada no próprio
gráfico, ou seja, 60 meses ou 5 anos.

Figura 4.16 – Gráfico da função

M reais

300

200

(60,135)
100

n meses
-150 -100 -50 50 100 150

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

154
Matemática

Na Figura 4.17, podemos visualizar a função logarítmica , que


modela o mesmo problema.

Figura 4.17 – Gráfico da função

n meses

300

200

100 (135,60)
M reais
-50 50 100 150 200 250 300

-100

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Veja que, se não usarmos a representação gráfica, podemos resolver o


problema usando a representação algébrica. Nesse caso, a função logarítmica é
recomendada. Veja como a função logarítmica foi estruturada.

Vamos escrever a inversa de . Basta aplicar logaritmo e explicitar o


valor de n. Temos:

Usando a calculadora, podemos obter (observe que estamos usando logaritmo na


base 10):

ou

Para responder à pergunta do problema, basta aplicar o valor R$ 135,00 para


obtermos o valor de n:

Temos, portanto, 60 meses ou 5 anos.

155
Capítulo 4

(2) Como modelar a produção de um operário em uma fábrica?

A produção de um operário em uma fábrica pode ser modelada. Por exemplo,


, sendo t o tempo em dias e k uma constante característica do
contexto no qual os dados são coletados. A partir de uma informação pontual, é
possível achar o valor de k. Por exemplo, se o operário produzir 36 unidades em
quatro dias, temos:

ou .

Podemos reescrever:

Aplicando logaritmo natural:

Assim, a função que modela é (ver Figura 4.18).

Figura 4.18 – Gráfico de

f(t)
60

40

20

t
5 10
Fonte: Elaboração da autora, 2017.

156
Matemática

(3) Em um laboratório, um determinado inseto apresenta um ciclo reprodutivo


de uma hora: a cada hora, um par de insetos gera outro par. Um par foi deixado
junto para reprodução. Depois de cinco horas, verificou-se o número de insetos
presentes. Qual o valor encontrado? Como modelar essa experiência?

Acompanhe a análise:

P0 = população inicial = 2

P1 = população após 1 hora = P0 . 2 = P0 . 21

P2 = população após 2 horas = P1 . 2 = P0 . 2 . 2 = P0 . 22

P3 = população após 3 horas = P2 . 2 = P0 . 2 . 2 . 2 = P0 . 23

P4 = população após 4 horas = P3 . 2 = P0 . 2 . 2 . 2 . 2 = P0 . 24

P5 = população após 5 horas = P4 . 2 = P0 . 2 . 2 . 2 . 2 . 2 = P0 . 25

Genericamente, poderíamos dizer que para este ciclo teríamos: Pn = P0 . 2n sendo:

•• n = número de horas;
•• P0 = população inicial;
•• Pn = população após determinado número de horas.

(4) Qual a taxa mensal (%) para dobrar um capital em dois anos?

A expressão que devemos usar para resolver este problema é:

M = C (1 + i)n

Queremos encontrar i, tal que C seja duplicado, ou seja, M = 2C. Como queremos
a taxa mensal, vamos usar n = 2 anos = 24 meses. Assim,

Portanto, temos 2,9 %.

157
Capítulo 4

3.5 Atividades de autoavaliação


1. Identifique se as seguintes funções são crescentes ou decrescentes:

a) b)

2. Determine o valor de x de tal modo que as seguintes funções logarítmicas


existam:

a) b)

3. O álcool no sangue de um motorista alcançou o nível de 2 gramas por litro


após ingerir uma bebida. Considere que esse nível decresce de acordo com a
fórmula N = 2 (0,5)t, em que t é o tempo em horas. Quanto tempo o motorista
deverá esperar, se o limite permitido por lei é de 0,8 gramas de álcool por litro de
sangue? (Considerar log 2 = 0,3).

158
Considerações Finais

Estamos finalizando esse texto e é importante relembrar as competências que


constam na proposta pedagógica do seu curso. Essas competências estão
relacionadas com a sua futura formação nas áreas de conhecimento que lidam
com conhecimentos matemáticos mais aprofundados, um pouco além do que se
trabalha na educação básica.

No decorrer dos estudos deste livro foi preciso desenvolver habilidades para
resolver situações-problema que surgem no nosso dia a dia pessoal, profissional
e nos estudos e, com toda a certeza, no seu processo de aprendizagem, muitas
horas de estudos foram dedicadas à matemática.

Para concretizar a sua aprendizagem foi necessário também o estabelecimento


de uma série de relações que o conduziram aos conteúdos e aos objetos
matemáticos do contexto das funções elementares. Foi necessária uma
aproximação com diferentes definições, propriedades e métodos específicos da
matemática, os quais lhe permitiram a construção de interpretações pessoais
e, em alguns momentos, subjetivas. Apesar de você ter a oportunidade de
compartilhar ideias com os seus colegas e com o seu professor, isto não
modificou o fato de que as suas ideias podem ter sido autênticas e importantes.

Nossa visão atual, para uma efetiva formação por competências, nos permite
colocar olhares para a diversidade, possibilitando a geração de estratégias que
promovam ao estudante o entendimento do que faz e por que o faz. Isto significa
que você pode dar-se conta de suas dificuldades e, se for necessário, pedir ajuda
para revisar ou retomar seus estudos nos aspectos mais complexos.

Você deve ter se dedicado à compreensão da modelagem matemática no contexto


elementar das funções e resolver os problemas práticos propostos. Assim, deve
ter percebido as potencialidades do formalismo da matemática na resolução
de problemas em diferentes áreas de conhecimento. É a partir da resolução de
problemas que as novas possibilidades surgem para consolidar conceitos e ideias.

A autora agradece que as sugestões de melhoria desse texto, assim, sejam


repassadas diretamente para autora visando a qualificação desse texto.

Você é um vencedor! Sucesso em sua caminhada!

Um grande abraço da autora.

Diva Marília Flemming

159
Referências

BENTLEY, P. O livro dos números: Uma história ilustrada da matemática. Rio de


Janeiro: Zahar, 2010.

BOYER, C. B. História da Matemática. São Paulo: Blücher, 1992.

EVES, H. Introdução à história da matemática. Campinas/SP: UNICAMP, 1995.

FRAGOSO, W. C. Uma abordagem da equação do 2° grau. Revista do Professor de


Matemática. São Paulo, n. 43, p. 20-25, 2° quadrimestre de 2000.

LARSON, R. Cálculo aplicado. São Paulo: Cengage Learning, 2011.

NASAR, S. Uma mente brilhante. Rio de Janeiro: Record, 2002.

ROONEY, A. A história da matemática: Desde a criação das pirâmides até a


exploração do infinito. São Paulo: M. Books do Brasil, 2012.

TAN, S. T. Matemática aplicada à administração e economia. São Paulo: Pioneira,


2005.

161
Sobre o Professor Conteudista

Diva Marília Flemming

É doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa


Catarina (UFSC). É mestre em Matemática Aplicada e graduada em Matemática,
ambos pela UFSC. Iniciou sua atuação profissional como docente de escolas
públicas da educação básica. Já atuou no ensino de disciplinas em curso de
administração na Universidade do Estado de SC (UDESC), como professora
convidada. Aposentada como professora pela UFSC, atualmente é professora e
pesquisadora na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). No contexto
do ensino de Matemática tem desenvolvido suas atividades na UNISUL com
alunos dos cursos de Engenharia e de Matemática. É autora de livros de Cálculo
Diferencial e Integral, adotados em vários estados do Brasil. Como pesquisadora,
no Núcleo de Pesquisa em Matemática e Educação Matemática (NPMEM –
UNISUL), dedica-se à Matemática e Educação Matemática com ênfase nos
recursos tecnológicos e modelagem matemática. Sua atual paixão profissional
está nos desafios da educação a distância, realizando atualmente pesquisas com
recursos educacionais abertos. Coordena na UnisulVirtual o Curso de Matemática
– Bacharelado. É autora de vários livros didáticos para a educação a distância, os
quais são utilizados na UnisulVirtual e em outras instituições de ensino superior.

163
w w w. u n i s u l . b r

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