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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE


CAMPUS CEDETEG
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA

BEATRIZ OLIARI MORETO

CINTIA KAMINSKI

EDUARDA COUTINHO ALVES DE LIMA

JOÃO GUILHERME PETTER MITTELSTEDT

TAYNARA GABRIELR RIBEIRO PIANO

THÁSSIA MARIA RIBEIRO DE MORAES

ATLAS DE DISSECÇÃO DO CÃO


ANATOMIA TOPOGRÁFICA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

GUARAPUAVA

2019
2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE


CAMPUS CEDETEG
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA

BEATRIZ OLIARI MORETO

CINTIA KAMINSKI

EDUARDA COUTINHO ALVES DE LIMA

JOÃO GUILHERME PETTER MITTELSTEDT

TAYNARA GABRIELR RIBEIRO PIANO

THÁSSIA MARIA RIBEIRO DE MORAES

ATLAS DE DISSECÇÃO DO CÃO


ANATOMIA TOPOGRÁFICA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

Trabalho apresentado para avaliação na


disciplina de Anatomia Topográfica dos
Animais Domésticos da Universidade
Estadual do Centro Oeste. Disciplina
ministrada pelos professores Laís Werner
e Rodrigo de Souza.

GUARAPUAVA

2019
3

Sumário

1. Introdução ...................................................................................................... 7

2. Desenvolvimento ........................................................................................... 8

2.1. Região da Cabeça ..................................................................................... 9

2.1.1. Fichas Anatomotopograficas ......................................................................... 11

2.1.1.1. Região Frontal ...................................................................................... 11

2.1.1.2. Região Parietal ..................................................................................... 12

2.1.1.3. Região Temporal .................................................................................. 13

2.1.1.4. Região Auricular ................................................................................... 14

2.1.1.5. Região Nasal Dorsal e Lateral ............................................................. 15

2.1.1.6. Região das Narinas ............................................................................. 16

2.1.1.7. Região Oral .......................................................................................... 16

2.1.1.8. Região Mentoniana .............................................................................. 17

2.1.1.9. Região Orbital....................................................................................... 18

2.1.1.10. Região Zigomática ............................................................................. 19

2.1.1.11. Região Infraorbital .............................................................................. 20

2.1.1.12. Região Articulação Temporomandibular ........................................... 21

2.1.1.13. Região Massetérica ........................................................................... 22

2.1.1.14. Região Maxilar ................................................................................... 23

2.1.1.15. Região Mandibular ............................................................................. 24

2.1.2. Localização de Estruturas.................................................................................. 25

2.1.3. Casos Clínicos ................................................................................................... 27

2.2. Região do Pescoço ............................................................................................... 34

2.2.1. Fichas Anatomotopograficas ............................................................................. 35


4

2.1.1.1. Região Cervical lateral ......................................................................... 35

2.1.1.2. Região Cervical dorsal ......................................................................... 36

2.1.1.3. Região Cervical ventral ........................................................................ 37

2.1.1.4. Região Parotídea ................................................................................. 38

2.2.1.5. Região Faríngea................................................................................... 39

2.2.1.6. Região Laríngea .................................................................................. 40

2.2.1.7. Região Traqueal ................................................................................... 41

2.2.1.8. Região Pré-escapular ......................................................................... 42

2.2.2. Localização de Estruturas.................................................................................. 43

2.2.3. Casos Clínicos ................................................................................................... 44


2.3. Região do Tórax ................................................................................................. 51

2.3.1. Fichas Anatomotopograficas ............................................................................. 52


2.3.1.1. Região Interescapular .......................................................................... 52

2.3.1.2. Região Costal ....................................................................................... 53

2.3.1.3. Região Dorso Costal ........................................................................... 54

2.3.1.4. Região Lombar .................................................................................... 55

2.3.1.5. Região Hipocondríaca ......................................................................... 56

2.3.1.6. Região Abdominal lateral ..................................................................... 57

2.3.1.7. Região Inguinal .................................................................................... 58

2.3.1.8. Região Xifóidea .................................................................................... 59

2.3.1.9. Região Umbilical .................................................................................. 60

2.3.1.10. Região Púbica .................................................................................... 61

2.3.1.11. Região Esternal ................................................................................. 62

2.3.1.12. Região Pré-esternal .......................................................................... 63


5

2.3.2. Localização de Estruturas.................................................................................. 64

2.3.3. Casos Clínicos ................................................................................................... 66


2.4. Região do Membro Torácico ............................................................................. 72

2.4.1. Fichas Anatomotopograficas ............................................................................. 74


2.4.1.1. Região escapular ................................................................................. 74

2.4.1.2. Região da articulação escapuloumeral ............................................... 75

2.4.1.3. Região tricipital ..................................................................................... 76

2.4.1.4. Região do braço ................................................................................... 77

2.4.1.5. Região do olécrano .............................................................................. 78

2.4.1.6. Região do cotovelo............................................................................... 79

2.4.1.7. Região do antebraço ............................................................................ 80

2.4.1.8. Região do carpo ................................................................................... 81

2.4.1.9. Região do metacarpo ........................................................................... 82

2.4.1.10. Região da articulação metacarpofalângica e articulação interfalângica


proximal ....................................................................................................................... 83

2.4.1.11. Região ungueal .................................................................................. 84

2.4.2. Localização de Estruturas ....................................................................... .......85

2.4.3. Casos Clínicos .................................................................................................. 87

2.5. Região do Membro Pélvico ............................................................................... 93

2.5.1. Fichas Anatomotopograficas ............................................................................. 95


2.5.1.1. Região da articulação coxofemoral/ da pelve .................................... 95

2.5.1.2. Região da coxa .................................................................................... 96

2.5.1.3. Região do joelho ................................................................................. 97

2.5.1.4. Região da perna ................................................................................... 98


6

2.5.1.5. Região do tarso .................................................................................... 99

2.5.1.6. Região do metatarso .......................................................................... 100

2.5.1.7. Região da articulação metatarsofalângica ........................................ 101

2.5.1.8. Região da articulação interfalângica proximal .................................. 102

2.5.1.9. Região ungueal .................................................................................. 103

2.5.1.10. Região poplítea ................................................................................ 104

2.5.2. Localização de Estruturas................................................................................ 105

2.5.3. Casos Clínicos ................................................................................................. 106


2.6. Região da Cauda e Períneo .............................................................................. 114

2.6.1. Fichas Anatomotopograficas ........................................................................... 115

2.6.2. Localização de Estruturas................................................................................ 116

2.6.3. Casos Clínicos ................................................................................................. 116

2.7. Região da Cavidade ............................................................................................ 121


2.7.1. Fichas Anatomotopograficas ........................................................................... 123

2.7.2. Casos Clínicos ................................................................................................. 124


3. Referências ........................................................................................................... 132

1.Introdução

A Anatomia Topográfica é de extrema importância na Medicina Veterinária. Essa


traz o estudo de cada região anatômica do animal e suas particularidades, nos
possibilitando então, trabalhar com grande parte das estruturas corporais, como
ossos, musculatura, artérias, veias e inervação, além de toda a cavidade interna
envolvendo os órgãos.
7

Dessa forma, o trabalho desenvolvido pelo grupo ao decorrer do semestre foi


guiado pelas aulas teóricas de dissecação do Professor Dr. Rodrigo Antonio Martins
de Souza e práticas da Professora Ma. Lais Cristine Werner, com orientações do
Antônio Carlos Oliveira. Assim sendo estruturado no Atlas, o qual tem como objetivo
apresentar as técnicas e procedimentos realizados no cão, resultando em uma
apresentação clara das estruturas corpóreas.

O cadáver usado para a dissecação é de um animal de grande porte, sem raça


definida. O mesmo estava fixado no formol e continha látex em artérias e veias.

2.Desenvolvimento

Na primeira aula de anatomia topográfica foi ressaltada a importância dos


equipamentos de proteção para a segurança durante o manuseio e dissecção do
cadáver do cachorro, sendo os principais itens o jaleco, luvas, máscara e óculos de
proteção. E ainda foi dado início ao processo de tricotomia do cachorro, que consiste
na raspagem dos pelos, feito no antímero esquerdo do Alfredo (nome escolhido pelo
grupo para o cadáver).
8

Após a raspagem dos pelos foi realizado o rebatimento da pele do cachorro,


iniciando-se pela incisão ventral na linha mediana, começando logo abaixo do lábio
inferior (região mentoniana) e seguindo até o início da cauda, onde os desvios do
pênis e testículos foram feitos para o lado esquerdo, e seguiu medialmente nos
membros torácicos e pélvicos terminando com a incisão em circunferência
palmar/plantar ao carpo/tarso. Na cabeça as incisões foram feitas circundando
orelhas, olhos, nariz e lábios do antímero esquerdo.

2.1 Região da Cabeça


9

Fig. 1 – Sub-regiões da cabeça do cão. Vista lateral esquerda.

A cabeça tem um grande papel no organismo, é ela quem abriga o cérebro,


permite a alimentação, visão, olfação, audição, dentre outras funções.

A cabeça foi a primeira região que foi dissecada. O primeiro procedimento feito
no cachorro Alfredo foi a tricotomia completa para que se pudesse fazer as incisuras
e a dissecação. Depois da tricotomia, foi feito uma incisão na linha mediana, exceto
em algumas áreas que foi incisado ao redor dessas estruturas como, narina, lábio
superior e inferior, pálpebras, e base da aurícula. Após o rebatimento da pele da
cabeça, foi incisado o músculo platisma no ângulo da boca e posteriormente rebatido
até o dorso do pescoço para poder ser feita a limpeza das demais estruturas da
cabeça.

Na região dorsal da cabeça foram incisados o musculo frontal, interescutular e


cervicoescutular para poder ter acesso aos músculos temporal, occipital,
interparietoescutular e interparietoauricular. Na região nasal foi incisado perto da
região oral o músculo levantador nasolabial para ter acesso a estruturas mais
profundas, como o músculo canino, as veias dorsal do nariz, lateral do nariz, angular
do olho e labial superior. E também o nervo facial ramo bucal dorsal e infraorbitário
ramos nasais externos e labiais superiores.
10

Na região ventral foram incisados o músculo milo-hióideo e o músculo mentoniano


para visualizar o forame mentoniano com os nervos mentonianos saindo dele, e o
músculo gênio-hióideo. Nas outras estruturas da cabeça foi feito uma boa limpeza e
dissecação para uma boa visualização das estruturas.

2.1.1 Fichas Anatomotopograficas


2.1.1.1. Região Frontal
11

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme, tela subcutânea), fáscia


muscular, musculatura, nervos, vasos, periósteo e osso.

Limites Limitada ventralmente pelos seios frontais, osso palatino,


osso esfenoide e osso vômer (órgão vômeronasal).
Rostralmente limitada pelo osso nasal e músculo orbicular do
olho. Lateralmente limitada pelas órbitas oculares, pelo osso
parietal e pelo arco zigomático.

Vascularização A.temporal profunda e superficial

V. angular do olho, v. oftálmica dorsal externa, v. temporal


profunda

Linfonodo mandibular

Musculatura M. frontal, m. temporal, fibras do m. elevador do ângulo medial


do olho

Osteologia O. frontal

Inervação N. frontal, ramo palpebral do n. auriculopalpebral

2.1.1.2. Região Parietal


12

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme, tela subcutânea), fáscia


muscular, musculatura, nervos, vasos, periósteo e osso

Limites Limita-se caudalmente pelo osso occipital, rostralmente pela


sutura coronal e lateralmente pelas orelhas e pelo osso
temporal. Dorsalmente não possui limitação, pois é o ápice da
cabeça do cão.

Vascularização A. temporal superficial e profunda

V. temporal superficial e profunda

Linfocentro mandibular

Musculatura M. interescutular, m. escutuloauricular superficial acessório, m.


occipital, m. cervicoescutular, m. escutulocutâneo superficial
dorsal

Osteologia O. interparietal, o. parietal

Inervação Ramos do n. auriculopalpebral

2.1.1.3. Região Temporal


13

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme, tela subcutânea), fáscia


muscular, musculatura, nervos, vasos, periósteo e osso.

Limites Rostralmente pela órbita ocular, caudalmente pelas orelhas.


Limita-se ventralmente pelo músculo masseter, processo
zigomático do osso temporal e processo frontal do osso
zigomático. Dorsalmente limita-se pelos ossos frontal e
parietal.
Vascularização A. auricular rostral, a. temporal superficial, a. temporal rostral
profunda

V. auricular rostral, v. temporal profunda, v. temporal


superficial

Linfocentro mandibular

Musculatura M. zigomático auricular, m. temporal, m. retrator do ângulo


lateral do olho

Osteologia O. temporal

Inervação Ramo zigomático do nervo auriculopalpebral, n. temporal


profundo, n. auriculopalpebral

2.1.1.4. Região Auricular


14

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme, tela subcutânea), cartilagem


auricular, cartilagem escutiforme, fáscia muscular superficial,
nervos, vasos, periósteo e osso.

Limites Caudalmente se limita pelo músculo zigomaticoauricular,


músculo esfíncter profundo do pescoço, parte intermediária e
músculo zigomático. Rostralmente pelo músculo temporal e
osso parietal. Ventralmente pelo músculo parotidoauricular e
dorsalmente pelo ápice da orelha.
Vascularização Ramos da a. occipital, a. auricular caudal e rostral, ramos da
a. temporal superficial

V. auricular rostral e caudal, v. auricular profunda, v. auricular


lateral, v. auricular intermédiária

Linfocentro mandibular
Musculatura M. interparietoauricular, m. retroauricular, m. parietoescutular,
m. cervicoescutular superficial, m. escutulocutâneo superficial
dorsal, m. zigomático auricular, m. cervicoauricular profundo,
m. escutuloauricular superficial acessório

Osteologia O. parietal, o. temporal

Inervação N. vestibulococlear, n. auriculopalpebral, n. auricular caudal,


médio e rostral, n. auricular rostral interno

2.1.1.5. Região Nasal Dorsal e Lateral


15

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


muscular superficial, músculo, fáscia profunda, nervos,
vasos, periósteo, osso e cavidade oral.

Limites Dorso caudalmente pelo osso e músculo frontal e linha


mediana que une as comissuras nasais dos olhos.
Ventralmente pelo osso maxilar e incisura nasoincisiva e
cranialmente pelo muflo nasal.

Vascularização A. nasal, ramo dorsal da a. infraorbitária, a. lateral do nariz,


a. dorsal do nariz, a. malar

V. nasal dorsal, V. nasal lateral, v. angular do olho, v. labial,

Linfonodo mandibular

Musculatura M. levantador nasolabial, m. canino, m levantador do lábio


superior, m. bucinador, porção do m. elevador do ângulo
medial do olho

Osteologia O. nasal

Inervação N. infraorbitário e ramos, ramo bucal dorsal do n. facial,


ramos do n. maxilar

2.1.1.6. Região das Narinas


16

Estratigrafia Epiderme queratinizada, derme

Limites Limitada dorso caudalmente pelo osso nasal e ventro


caudalmente pelo osso maxilar juntamente com o m.
levantador nasolabial. Ventralmente limitada pelo
osso incisive

2.1.1.7. Região Oral

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea),


fáscia muscular superficial, músculo, fáscia
profunda, periósteo, osso e cavidade oral

Limites Dorsalmente se limita ao palato duro e rostralmente


aos lábios superior e inferior. A limitação medial é a
cavidade oral e lateralmente os músculos bucinador
e orbicular da boca.

Vascularização Ramos da a. facial

V. labial superior, v labial inferior

Linfonodo mandibular, linfocentro mandibular

Musculatura M. orbicular da boca, porção do m. bucinador parte


oral

Osteologia O. maxilar, o. mandibular

Inervação Ramo bucal ventral do n. facial, ramo bucal dorsal do


n. facial, ramos labiais superiores do n. infraorbitário

2.1.1.8. Região Mentoniana


17

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


muscular superficial, músculos, fáscia profunda, periósteo e
osso.

Limites Limita-se dorsalmente pelo músculo orbicular da boca, e


caudalmente na inserção do músculo digástrico.

Vascularização A.submental, V. labial inferior, v. arco hioidea, v. submental

Linfocentro Mandibular, linfonodo mandibular

Musculatura M. milohióide, m. mentoniano

Osteologia O. mandibular

Inervação Ramo bucal ventral do n. facial, n. mentoniano

2.1.1.9. Região Orbital


18

Estratigrafia Cílios, pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea),


pálpebras superior e inferior, globo ocular e mucosa ocular

Limites Limitação dorsal pelo músculo frontal, caudalmente pelo osso


temporal, ventralmente pelo osso zigomático e rostralmente
pelo osso nasal e músculo levantador nasolabial

Vascularização A. temporal superficial, a. temporal rostral profunda, a.


palpebral superior lateral

V. angular do olho, v. oftálmica interna, ventral e dorsolateral,


ramo da v. facial, v. temporal superficial,

Linfocentro parotídeo e retrofaríngeo

Musculatura m. orbicular do olho, porção do m. levantador nasolabial,


internamente, m. retrator do bulbo ocular, m. reto dorsal,
ventral, lateral e medial, m. oblíquo dorsal e ventral, m.
retrator do ângulo lateral do olho, m. levantador do ângulo
medial do olho

Osteologia O. zigomático, o. lacrimal

Inervação N. oculomotor, n. facial, n. lacrimal, n. zigomático, ramo


palpebral ventral do n. auriculopalpebral, internamente n.
óptico

2.1.1.10. Região Zigomática


19

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme, tela subcutânea), fáscia


muscular, musculatura, nervos, vasos, periosteo e osso

Limites Dorsalmente pelo osso temporal, ventralmente pelo osso


maxilar. Caudalmente pela articulação temporomandibular e
rostralmente pela órbita ocular
Vascularização A. temporal superficial, a. temporal profunda

V. temporal superficial, v. temporal profunda, ramos da v.


maxilar

Linfonodo mandibular, linfonodo facial

Musculatura M. zigomático

Osteologia O. zigomático.

Inervação Ramo zigomático do n. auriculopalpebral, n.


auriculopalpebral, ramo transverso da face do
n.auriculopalpebral, plexo facial.

2.1.1.11. Região Infraorbital


20

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


muscular, músculos, periósteo e osso.

Limites Limita-se ventralmente pela crista facial, dorsalmente pela


linha abaixo do músculo orbicular do olho. Medialmente pela
margem lateral do osso nasal e lateralmente pela margem
óssea da órbita

Vascularização A. temporal superficial, a. temporal profunda rostral

V. angular do olho, v. oftálmica interna, ramos da v. facial, v.


temporal superficial

Linfocentro mandibular e parotídeo, linfonodo facial

Musculatura Porção do m. levantador nasolabial, porção do m. orbicular


do olho.

Osteologia O. zigomático, o. lacrimal, processo zigomático do o. frontal

Inervação N. facial, n. oculomotor, n. lacrimal, n. zigomático, ramo


palpebral ventral do n. auriculopalpebral

2.1.1.12. Região Articulação Temporomandibular


21

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


muscular, músculos, nervos, vasos, periósteo e osso.

Limites Dorsalmente no processo coronoide, ventralmente no


processo condilar e crista muscular. Rostralmente osso
zigomático, caudalmente processo zigomático do osso
temporal

Vascularização Ramos da a. temporal superficial e carótida externa, ramos


da a. temporal superficial

V. temporal profunda e superficial, v. auricular rostral

Linfocentro mandibular

Musculatura Porção do m. retrator do ângulo lateral do olho, m


zigomático auricular, m. temporal

Osteologia O. temporal, porção do o. mandibular

Inervação N. auriculo palpebral, ramos zigomático do n.


auriculopalpebral, n. temporal profundo

2.1.1.13. Região Massetérica


22

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


muscular superficial, músculos, fáscia profunda, nervos,
vasos, periósteo e osso.

Limites Dorsalmente pelo osso zigomático, ventralmente pelo


ângulo da mandíbula, rostralmente pelo osso maxilar.
Caudalmente se limita na articulação temporomandibular e
medialmente na fossa massetérica.

Vascularização A.angular da boca, ramos da a. maxilar

V. maxilar, v. facial profunda, v. linguofacial

Linfocentro mandibular

Musculatura M. esfíncter profundo do pescoço parte palpebral, m.


masseter, porção do m. zigomático, porção do m. platisma

Osteologia O. Mandibular

Inervação N. auriculotemporal, ramo comunicante do n.


auriculotemporal

Vísceras Específicas Ducto parotídeo

2.1.1.14. Região Maxilar


23

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea),


folículos pilosos fáscia muscular superficial, músculos,
fáscia profunda, nervos, vasos, periósteo e osso.

Limites Rostralmente pela cavidade oral nas porções das


comissuras labiais e região das narinas. Dorsalmente
pela região infraorbitária e parte do m. levantador
nasolabial. Ventralmente limita-se no músculo orbicular
da boca.

Vascularização A. dorsal do nariz, a. lateral do nariz

V. lateral do nariz, v. dorsal do nariz, v. angular do olho

Linfonodo mandibular, linfonodo facial

Musculatura M. levantador nasolabial, m. levantador do lábio


superior, porção do m. bucinador, parte do m. platysma

Osteologia O. maxilar, o. etmoide

Inervação Ramos nasais externos do n. infraorbitário, n. labial


superior, ramo bucal dorsal do n. facial

2.1.1.15. Região Mandibular


24

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea),


folículos pilosos, fáscia muscular superficial, músculos,
fáscia profunda, nervos, vasos, periósteo e osso.

Limites Rostralmente encontra-se o mento, caudalmente há o m.


masseter e dorsalmente há a região buccal.

Vascularização V. arco-hióide

Linfonodo mandibular

Musculatura M. masseter, m. milo hioide e m. digástrico

Osteologia O. mandibular

Inervação N. facial- r. bucal ventral


25

2.1.2. Localização de Estruturas

Fig. 2 - Musculatura e outras estruturas da cabeça. Músculo platisma e levantador nasolabial rebatido.
Vista lateral esquerda da cabeça.

Fig. 3 – Musculatura e outras estruturas. Músculo milo-hioideo rebatido. Vista ventral esquerda da
cabeça.
26

Fig. 4 - Musculatura da cabeça. Vista dorsal esquerda da cabeça.

Fig. 5 – Veias e inervação da cabeça. Músculo platisma e levantador nasolabial rebatido. Vista lateral
esquerda da cabeça.
27

Fig. 6 – Estruturas da orelha. Vista lateral esquerda da cabeça.

2.1.3. Casos Clínicos

NEOPLASIAS MELANOCÍTICAS CUTÂNEAS EM CÃES

Neste relato de caso foi analisado 19 casos (lesões) de melanoma cutâneos e


42 lesões de melanocitoma. Os melanocítomas não tem predisposição sexual, nem
idade. Neste caso os cães mais acometidos foram Schnauzer e Doberman, em
seguida os SRD.

A maioria apresentou a neoplasia na região palpebral. Esses tumores


melanociticos se originam dos melanocitos e melanoblasto. Na pele são encontradas
na camada basal da epiderme.

Diante disso constatou-se que houve 39 casos de neoplasias melanocíticas


cutâneas benignas, sendo observado o acometimento de cães desde um ano até 15
anos de idade, sendo na maioria dos casos (29 cães) ocorreu entre seis e onze anos
de idade, não havendo predisposição para sexo. A cor das lesões que prevaleceu foi
preta em 31 dos casos e a consistência era firme. O aspecto da lesão sendo a forma
nodular a mais observada, seguida pela papular e tumoral. Esse estudo mostrou que
28

a maior parte das lesões se apresentava solitária, com alopécia, firme a palpação
enegrecida, não ulcerada, não aderida, com diâmetro médio de 1,2 cm.

No presente trabalho, apesar de possuir muitos casos, não se teve o


seguimento clínico de todos os casos conhecido, mas sendo a grande parte
apresentou a neoplasia melanocíticas cutânea benigna. Portanto apresentou alguns
casos que resultaram em morte pela progressão natural da doença ou quando
decidido por eutanásia, porém em alguns casos que foi descoberto no início teve um
bom prognóstico e a cura com tratamento cirúrgico.

OTITE POR MALASSEZIA EM CÃO

Animal canino, fêmea de 15 anos de idade sem raça definida, foi atendido no
Hospital Veterinário da Universidade de Cruz Alta (HV-UNICRUZ) após uma
briga com cães de rua e possuía alguns ferimentos na região de cabeça e
pescoço. Com a realização do exame físico constatou-se a pele escura,
alopecia em alguns locais e cheiro rançoso, além de pequenas lesões com
sangramento leve, sendo que os ouvidos estavam sujos, com secreção e forte
odor.

A higienização dos ferimentos foi com solução clorexidine 0,2% após foi usada
a pomada composta com gentamicina, sulfanilamida, sulfadiazina e vitamina A.
O curativo fora fixado com ataduras. Como medicação sistêmica empregou-se
meloxican, 0,2mg/kg, cloridrato de tramadol, 2mg/kg, enrofloxacina 5mg/kg,
metronidazol, 15mg/kg.

O exame citológico foi positivo para M. pachidermathis. A partir do resultado do


citológico iniciou-se o tratamento tópico com ceruminolítico e uma solução
otológica composta de: tiabendazol, sulfato de neomicina, dexametasona e
cloridrato de lidocaína, junto à tratamento sistêmico com intraconazol durante
1 mês, inicialmente.

As otites externas e as dermatites ocorrem por causas multifatoriais, estas


provocam alterações de pH, umidade, temperatura, o que facilita a
multiplicação de agentes secundários e oportunistas dificultando a eficácia do
tratamento (NOBRE, 1998). Essa enfermidade pode ser classificada quanto a
29

evolução aguda ou crônica, pelo tipo de secreção presente ceruminosa e


purulenta e ainda conforme o agente etiológico em bacteriana, fúngica ou
parasitária (MUELLER, 2007).

SIALOCELE ORBITÁRIA EM PITT BULL

Foi atendido no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária e Zootecnia da


Universidade Federal do Goiás, um cão Pitt Bull, macho, 13 anos de idade, com
histórico de protusão da terceira pálpebra em olho direito, há cerca de 40 dias. Como
parte do processo de diagnóstico, foi realizado o exame oftalmológico, e este revelou
protusão da terceira pálpebra, exoftalmia, estrabismo divergente e teste de
retropulsão manual negativo. Havia reflexo á ameaça, e também os reflexos
fotopupilares direto e consensual. A pressão intraocular constatada foi de 25 mmHg,
havia discreto edema corneano e catarata imatura.

Observou-se também, na região temporal direita um, aumento de volume de


consistência flutuante e indolor á palpação. O exame realizado na cavidade oral,
revelou um aumento de volume flutuante, superfície avermelhada e macerada,
localizada caudalmente ao último molar da maxila direita.

Com relação ao olho esquerdo, este apresentava-se dentro dos parâmetros


esperados, com exceção de catarata imatura. Por meio da técnica transcorneal e com
uso do aparelho Logiq, acoplado a transdutor linear multifrequencial, foi realizado
exame ultrassonográfico. Este revelou estrutura de parede hiperecóica, com conteúdo
predominantemente anecóico localizado em região temporal de órbita ocular, o que
sugeriu presença de estrutura cística. Outra estrutura semelhante foi observada em
região nasal na órbita ocular semelhante a saliva, também foi verificada a presença
de sangue. A citologia do conteúdo revelou filamentos mucosos abundantes, parcas
células epiteliais de hemácias. Diante dos achados apresentados, o diagnóstico
definitivo foi sialocele zigomática.

Com a drenagem do conteúdo salivar houve a remissão imediata dos sinais


clínicos. Porém, quatro semanas após o procedimento o paciente apresentou recidiva
e foi então, indicada a excisão cirúrgica da glândula zigomática.

O protocolo anestésico constou de medicação pré-anestésica com morfina


0,3mg/kg e midazolan 0,15mg/kg por via subcutânea e a indução foi realizada com
30

propofol 4mg/kg por via endovenosa e a manutenção por anestesia inalatória com
isoflurano em circuito semi-fechado.

O animal foi posicionado em decúbito lateral esquerdo, para realização da


sialonedectomia. A região temporal direita foi submetida a ampla tricotomia e á
antissepsia com clorexidine a 2%. Para acesso a glândula salivar zigomática, foi
utilizada uma modificação da técnica de orbitotomia lateral. Após isolamento do sítio
cirúrgico com panos de campo estéreis, foi realizada incisão cutânea que se iniciou
1cm abaixo do aspecto mediano da pálpebra inferior direita, se estendeu
dorsolateralmente tendo como base a borda superior do arco zigomático, e terminou
3 cm além do limite caudal do arco.

O tecido subcutâneo foi cuidadosamente dissecado de modo a permitir a


transecção dos músculos orbicular do olho e retrator do ângulo do olho, e do ligamento
lateral orbital. Este último que foi então rebatido dorsalmente e foi feita uma dissecção
caudorostral dos tecidos orbitários, o que permitiu a observação da sialocele e da
porção dorsal da glândula zigomática. Retraiu-se a glândula dorsalmente, o cisto foi
drenado e a parte dorsal da glândula foi removida.

Após, houve a aproximação dos tecidos orbitários dissecados, a sutura do


ligamento orbital lateral, dos músculos seccionados, bem como do tecido subcutâneo
e da pele posteriormente.

No pós-operatório foram utilizados meloxicam na dose de 0,1mg/kg por via oral


a cada 24 horas durante três dias, dipirona na dose 500 mg/kg por via oral a cada oito
horas durante cinco dias, cloridrato de tramadol na dose de 3mg/kg por via oral a cada
oito horas durante cinco dias, amoxicilina na dose de 20mg/kg por via oral a cada oito
horas durante 10 dias e curativo com pomada oftálmica á base de tobramicina a cada
oito horas, bem como o uso do colar elizabetano. Após cicatrização e remoção dos
pontos cirúrgicos, o paciente foi acompanhado por dois anos e não foi observada
recidiva da sialocele.

SARCOIDE EM EQUINO
31

No dia 22 de novembro de 2009, foi encaminhado ao Setor de Clínica e Cirurgia


de Grandes Animais do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia de Garça - SP um equino de nome Apache com aproximadamente 8 anos
de idade, pesando 310 kg, castrado, sem raça definida de pelagem pampa de negro
e branco. O animal permanece em pastagem junto com outros equinos, recebe
alimentação de pastagem e ração própria para equinos e água “ad libitum”.

Descrição do caso: O proprietário relatou que três animais apresentaram o


crescimento de verrugas, e foram tratados com 10 aplicações intramuscular (IM) de
10 mL de clorobutanol. Dois animais apresentaram regressão das verrugas e não
apresentaram mais problemas. Entretanto, o Apache lesionou a verruga da face e
começou a apresentar aumento de volume de crescimento rápido e a partir disso
apresentar perda de peso durante 6 meses. Ao exame físico foi observado aumento
de volume e lesão ulcerada na região do olho esquerdo na pálpebra inferior com
aproximadamente 10 cm de diâmetro, a palpação da pálpebra superior notou-se
presença de nódulos de consistência firme não ulcerados, de aproximadamente 5 cm
de diâmetro , aumento de volume no linfonodo pareotídeo esquerdo e demais
linfonodos normais, mucosas normocoradas, tempo de preenchimento capilar de 2
segundos, frequência cardíaca 36 bpm, temperatura de 36,4ºC, desidratação 5% e
frequência respiratória de 12 mpm. No setor de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais
do Hospital Veterinário da FAMED/ACEG, foi colhido sangue e encaminhado ao
laboratório de análises clínicas da propria instituição para a realização do hemograma,
cujo resultado estava dentro da normalidade para todos os parâmetros analisados
(hemograma, leucograma e plaquetas).

Realizou-se a requisição de exame histopatológico, enviando para o exame a


massa retirada próxima à comissura medial do olho esquerdo. No laudo
histopatológico o diagnóstico dos cortes histológicos da massa corada pela técnica da
hematoxilina e eosina e visualizada na microscopia óptica na objetiva de 10
apresentou: áreas densamente celularizadas compostas por células fusiformes
irregulares dispostas e áreas menos densas onde predominaram células neoplásicas
com aspecto estrelado, acantose epidermica, hiperplasia pseudoepiteliomatosa da
camada epidérmica e proliferação dos fibroblastos, confirmando o diagnóstico de
sarcoide equino.
32

No dia 24 de novembro de 2009 o animal foi submetido a anestesia geral


inalatória e cirurgia para a excisão da massa, por meio da técnica da
eletrocauterização e arrancamento. Após o procedimento cirúrgico a ferida cirúrgica
do animal recebeu tratamento com sulfato de cobre no intuito de cauterizar,
permanecendo assim a ferida com aspecto seco. Após a cirurgia o animal recebeu o
tratamento medicamentoso a base de antibiótico e antinflamatório.

Essa massa removida foi enviada para exame histopatológico no mesmo dia.
Animal recebeu tratamento terapêutico com antinflamatório fenilbutazona na dose de
4,4 mg/kg sendo administrado 7,0 mL por via intravenosa durante 4 dias e
antibioticoterapia a base de enrofloxacina 10% na dose de 5 mg/kg sendo
administrado 15 mL por via intravenosa durante 10 dias. O animal apresentou rápida
recuperação cirúrgica, permanecendo até o dia 28 de novembro de 2009 sob cuidados
do Hospital Veterinário de Grandes Animais recebendo tratamento medicamentoso e
curativo da ferida cirúrgica, assim recebendo alta do Hospital e continuidade do
tratamento pelo proprietário em sua propriedade.

Segundo o proprietário até o dia 30/10/2010 o animal não havia apresentado


recidiva. Após um ano da cirurgia no dia 28/11/2010 nos deslocamos até a
propriedade onde mora o proprietário do animal e pedimos sua permissão para
fotografar o animal para encerrar este trabalho. Mas o proprietário nos comunicou que
não seria possível, pois, o animal havia sido furtado no dia 30/10/2010, porém o
proprietário relatou que o animal não apresentou nenhuma recidiva da neoplasia, além
de obter ótima cicatrização da ferida cirúrgica não permanecendo nenhum tecido que
pudesse representar a neoplasia.

RESSECAÇÃO DO CANAL AUDITIVO LATERAL

A cirurgia de ressecção do canal auditivo lateral é uma opção de tratamento


para doenças de ouvidos em cães e gatos, ela eleva a drenagem e promove melhorias
na ventilação do canal auditivo, essa cirurgia é adequada para animais com
hiperplasia mínima do epitélio do canal auditivo ou com pequenas lesões neoplásicas
do aspecto lateral do canal vertical. Não deve ser executada em animais com
33

obstrução ou estenose do canal auditivo horizontal, otite média concorrente ou em


pacientes com hiperplasia epitelial grave.

Começando com a tricotomia no lado da face em que haverá a cirurgia e nos


dois lados do pavilhão auditivo. Lavagem do ouvido para a remoção de todos os
resíduos que podem haver na região. Deixar o animal em decúbito lateral com
elevação da cabeça e aprontar a assepsia do pavilhão auricular e do pelo envolta.
Ajeitar o campo cirúrgico adequadamente, posicionar um fórceps no canal auditivo
vertical para demarcar a sua extensão ventral. Marcar o meio do comprimento do
canal auditivo vertical. Incisar duas vezes paralelamente na pele a lateral do canal
auditivo vertical, sendo que devem ser abrangidas do trago centralmente até o local
marcado, essas incisões devem ter 1,5 vez o comprimento do canal auditivo vertical.
Continuar a incisão ligando centralmente as incisões e rebater o pedaço de pele
dorsal, evidenciando a parede cartilaginosa lateral do canal auditivo vertical.

Na dissecação deve-se tomar cuidado com o nervo facial e a glândula parótida.


Cortar o canal vertical com tesouras Mayo, posicionando sua lâmina na incisura pré-
trágica ou no trago na face cranial do conduto auditivo externo, prosseguir com o corte
ventralmente ao nível do canal horizontal. Reproduzir o corte na incisura intertrágica,
sempre observar o prolongamento das incisões para garantir o tamanho ideal para o
escorredor. Rebater o flap cartilaginoso distalmente e averiguar a abertura do canal
horizontal. Eventualmente, a abertura pode ser aumentada, abrindo dois cortes
pequenos nos lados cranial e caudal. Para a realização do escorredor, resseca-se a
metade distal da aba da cartilagem e remove a aba da pele, caso necessário, marcar
a cartilagem no lado ventral do escorredor para o manter na configuração horizontal,
mas somente o ligamento entre as abas horizontais e verticais já é eficaz. Por fim,
adicionar suturas de monofilamento absorvíveis ou não absorvíveis (3-0 ou 4-0) a
começar do tecido epitelial da pele. Iniciar a sutura da abertura do canal horizontal e
então a sutura do escorredor. Finalizando com as suturas dos lados cranial e caudal
da parede medula do canal auditivo vertical na pele.
34

2.2. Região do Pescoço

Fig. 7 –Regiões do pescoço. Vista lateral esquerda do pescoço.

O pescoço faz a conexão da cabeça ao tronco, desde o plano transverso entre


o atlas e o occipital e se estende até o ombro. Ele contém dois órgãos importantes
para a passagem de ar e passagem de alimento, a traqueia e o esôfago,
respectivamente. Algumas das funções de seus músculos são a projeção e retração
da cabeça e do pescoço lateralmente, flexão do pescoço, fixação do pescoço, flexão
ventral e lateral do pescoço, elevação e inclinação lateral do pescoço.

No cachorro foi feito uma incisão ventral na pele do pescoço para a mesma ser
rebatida e começar a dissecação no Alfredo, foi então realizada a limpeza das
estruturas do pescoço, feito uma incisão do músculo braquiocefálico porção
35

clidocefálica e outra incisão no músculo braquiocefálico porção clidomastoide para


poder rebater o músculo e ter melhor visualização das estruturas abaixo dele. No
músculo esplênio a incisão foi feita dorsoventralmente para a visualização dos
músculos semiespinal, complexo e biventre.

2.2.1. Fichas Anatomotopograficas


2.1.1.1. Região Cervical lateral

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, musculatura,


vértebras cervicais, além de nervos, vasos sanguíneos e
linfáticos.

Limites Cranialmente a delimitação está com a região da cartilagem


auricular próximo a asa do atlas. Caudalmente o limite é a
região escapular. Dorsalmente até a linha da região cervical
dorsal porção dorsal do m. omotransverso. Ventralmente limite
com a região cervical ventral (região laríngea e traqueal).

Vascularização Tributárias da veia jugular externa, A. e V. cervicais profundas

V. omobraquial, A. e V. vertebral, V. intervertebral

Linfocentro cervical superficial

Musculatura M. esplênio, M. serrátil ventral cervical, M. braquiocefálico, M.


cleidocefálico, M. cleidomastoide, M. esternocefálico, M.
esternoccipital, M. esternomastoide, M. omotransverso, M.
intertransversário, M. esfíncter superficial do pescoço, M.
escaleno, M. longuíssimo do pescoço, M. longo da cabeça.

Osteologia Atlas (C1), Axis (C2), C3, C4, C5, C6.

Inervação N. cervicais (C2, C3, C4, C5), N. acessório ramo ventral.


36

2.1.1.2. Região Cervical dorsal

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, musculatura,


ligamento nucal, vértebras cervicais além de nervos, vasos
sanguíneos, vasos linfáticos.

Limites Cranialmente a delimitação está com a região da articulação


atlantoccipital, junto ao músculo cervicoauricular profundo
maior. Caudalmente o limite é a região escapular. Dorsalmente
a rafe tendinosa mediana dorsal. Ventralmente limite com a
região cervical lateral.

Vascularização V. auricular caudal, tributárias da veia jugular externa, A. e V.


vertebral

Drenada pelo linfocentro cervical superficial

Musculatura M. esplênio, M. romboide (M. romboide da cabeça e M.


romboide do pescoço), M. cleidocefálico, M. cleidobraquial, M.
cleiomastoide, M. trapézio cervical, M. esfíncter superficial do
pescoço, M. biventre, M. complexo.

Osteologia Atlas (C1), Axis (C2), C3, C4, C5, C6.

Inervação N. Hipoglosso ramo muscular, Ramos cutâneos cervicais dos


nervos cervicais, N. occipital maior.
37

2.1.1.3. Região Cervical ventral

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, musculatura,


cartilagens da faringe, laringe, traqueia, além de nervos,
glândulas, vasos sanguíneos e vasos linfáticos.

Limites Cranialmente rostal a veia arco hióide. Caudalmente o limite é


rostral a região pré esternal, do manúbrio do esterno.
Dorsalmente até a linha da região cervical lateral dorsal a V.
jugular externa. Ventralmente limite com a linha ventral do
pescoço.

Vascularização V. jugular externa, A. tireóidea cranial, V. jugular interna, A.


carótida comum, V. arco hioide, V. tireóidea caudal, V. cervical
ascendente

Linfocentro cervical superficial. Linfonodo mandibular,


retrofaringeo.

Musculatura M. esternohioideo, M. esternocefálico, M. esternomastoide, M.


esternotireoide, M. cricotireoideo, M. esfíncter superficial do
pescoço, M. hioglosso, M. traqueal, M. tirohióide

Osteologia O. hioide.

Inervação N. frênico, N. vago, N. laríngeo recorrente, N. cervical (C1).

Vísceras Cartilagem tireoide, Cartilagens traqueais (anel traqueal),


Específicas
Cartilagem cricoide, Ligamento cricotraqueal, Ligamentos
traqueais, Glândula tireóidea, Esôfago, Traqueia,
38

2.1.1.4. Região Parotídea

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


muscular, músculos, glândula parótida, glândula mandibular,
nervos, vasos, periósteo e osso.

Limites Ventralmente pela linha que acompanha a veia jugular


externa. Rostralmente limitada pela articulação
temporomandibular. Caudalmente pelo osso occipital e
dorsalmente pelo meato acústico externo

Vascularização Ramos da a. temporal superficial, a. maxilar

V. maxilar, v. auricular rostral

Linfocentro mandibular

Musculatura M. platisma, m. parótidoauricular, m. masseter

Osteologia O. mandibular, o. occipital, atlas

Inervação Ramo ventral do primeiro n. cervical, ramo bucal dorsal do n.


facial, ramo bucal ventral do n. facial

Vísceras Glândula salivar parótida.


Específicas
39

2.2.1.5. Região Faríngea

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, musculatura,


cartilagens da faringe, nervos, vasos sanguíneos e
linfonodos.

Limites Limita-se cranialmente e ventralmente na região ventral ao


ângulo da mandíbula, dorsalmente ângulo da mandíbula e
caudalmente ao limite da região laríngea.

Vascularização A.laríngea cranial

V. lingual, V. facial, V. arco-hióide.

Linfocentro mandibular

Musculatura M. milo-hióideo, M.esterno-hióideo, M. platisma.

Osteologia O. palatino

Inervação Ramos no N. facial.

Vísceras Faringe, órgão comum ao sistema respiratório e digestório


Específicas
40

2.2.1.6. Região Laríngea

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, musculatura,


cartilagem da laringe, vasos sanguíneos e linfonodos.

Limites Limitada dorsalmente pelo ângulo da mandíbula,


cranialmente pela linha da R, faríngea, limita-se ventralmente
no pescoço e caudalmente pelo limite da R. traqueal ou
ventral do pescoço.

Vascularização A.carótida comum

V. arco-hióide

Linfocentro mandibular

Musculatura M. platisma, M.esterno-hióideo

Osteologia O. hióide

Inervação N.cervical l r. ventral, N. cervical ll r. ventral

Vísceras Laringe
Específicas
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2.2.1.7. Região Traqueal

Estratigrafia Fáscia muscular superficial, fáscia profunda, músculo, nervos


( r. bucais ), vasos, pele, composta de epiderme, derme e tela
subcutânea, pelos, periósteo e osso.

Limites Limita-se cranialmente pela cartilagem tireóide da laringe,


caudalmente pelo manúbrio do O. esterno, dorsalmente pelo
M. longuíssimo do pescoço e ventralmente pelo M. esterno-
hióideo.

Vascularização A.carótida comum, A. tireóidea cranial

V. tireóidea caudal, V. jugular interna, V. tireóidea crania

Linfocentro cervical profundo

Musculatura M. esterno-hióideo, M. esternotireóideo, M. esternocefálico,


M. longuíssimo do pescoço, M. longuíssimo da cabeça

Osteologia Órgão formado por anéis de cartilagem

Inervação N. laríngeo recorrente, Tronco vagossimpático.


42

2.2.1.8. Região Pré-escapular

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, musculatura,


nervos, vasos sanguíneos e linfonodos.

Limites Limita-se dorsalmente pela R. dorsal do pescoço,


cranialmente pelo limite da R. lateral do pescoço,
ventralmente pela R. da traqueia e caudalmente pela
escápula.

Vascularização A.cervical superficial, A. carótida comum

V. cervical superficial

Linfonodos cervicais superficiais e linfonodos cervicais


profundos caudais

Musculatura M. serrátil ventral cervical, M.braquiocefálico porção


mastóide, M. omotransversário

Osteologia C6 e C7

Inervação N. acessório, N. cervical V r. ventral


43

2.2.2. Localização de Estruturas

Fig. 8 –Músculos e outras estruturas do pescoço. Vista lateral esquerda do pescoço.


44

Fig. 9 – Músculos e outras estruturas do pescoço. Músculo Esplênio, Braquicefalico, Omotransverso, e


Esternocefalico rebatidos. Vista lateral esquerda do pescoço.

Fig. 10 – Músculos e outras estruturas do pescoço. Músculo Omotransverso rebatidos. Vista lateral
esquerda do pescoço.

2.2.3. Casos Clínicos


45

TRATAMENTO DE DOENÇA DE DISCO INTEVERTEBRAL EM CÃO COM


FISIOTERAPIA E REABILITAÇÃO VETERINÁRIA

A doença do disco intervertebral (DDIV) é a causa mais frequente de lesão


medular em cães. Aproximadamente 15% das discopatias acometem a região cervical
em cães, tendo a dor o sinal clinica mais evidente. A DDIV cervical é a segunda
desordem do gênero mais comum em cães com acometimento do disco
intervertebral. Pode haver vários sinais clínicos como, fraqueza muscular,
espasticidade dos membros do mesmo lado do corpo (hemiparesia), e passando pela
debilidade de todos os membros (tetraparesia) até chegar na paralisia dos quatro
membros (tetraplesia). Os tipos de hernia de disco em caes são na maioria, a causa
é oriundo de uma extrusão do disco, ao invés de uma protusão. E pode ocorrer em
três sentidos: dorsal, ventral ou lateral, no entanto o sentido dorsal é o mais
comumente encontrado.

O diagnóstico preciso somente pode ser realizado através de exames


complementares como, diagnóstico por imagem, a mielografia, radiografia, tomografia
computadorizada e a ressonância magnética, embora os dois últimos itens não serem
pouco utilizados por conta do preço do exame, e da pouca disponibilidade desses
equipamentos em hospitais veterinários, e claro da disponibilidade financeira do
proprietário.

O tratamento vai depender do quadro clinico do animal e como ele se apresenta


diante do exame neurológico e físico. Então vai variar de acordo com a gravidade e
consiste basicamente em medicamentosa ou cirúrgica, no entanto se associada com
fisioterapia e reabilitação veterinária possibilitam efeitos benéficos desejáveis. As
principais formas de tratamento são os conservadores que consistem em tratamento
clínico e reabilitação, ou cirúrgica, como a descompressão ventral, fenestração de
disco, hemilaminectomia e também a laminectomia dorsal. Os tratamentos que sem
auxilio das técnicas de fisioterapia e reabilitação pode ter êxito, mas a recuperação
pode ser muito mais longa, e em muitos casos os cães apresentam recidiva. As formas
de fisioterapia podem ser alongamentos, massagens, mobilização articular,
eletroestimulação, laser terapêutico, termoterapia, cinesioterapia, e hidroterapia.

Neste relato de caso foi atendido um animal da espécie canina, sem raça
definida (SRD), fêmea, com aproximadamente seis anos de idade e pesando 15,2
46

Kg, no dia 30 de outubro de 2012, com o quadro clínico: cabeça baixa, orelhas
para trás, pescoço rígido, dificuldade de locomoção, espasmos dos músculos da
coluna cervical, hiporexia, vocalização e outros sintomas indicativos de dor aguda.
De acordo com o histórico do animal, vivia em apartamento com piso de textura lisa e
submetida ao convívio com escadas por aproximadamente três anos. Porém a
paciente tinha a rotina de descer e subir escadas do prédio de 3 andares três vezes
ao dia. A paciente foi encaminhada para o exame radiográfico onde foi constatada por
meio da projeção latero-lateral a redução de espaço intervertebral entre C5 e C6,
sugestivo de hérnia de disco, e uma calcificação entre C3 e C4. Foi então escolhido o
tratamento clínico com fisioterapia e reabilitação. O tratamento fisoterapico foi
determina em três fases de acordo com a progressão da paciente. Ao final da terceira
etapa a paciente não apresentava mais déficit proprioceptivo e nenhum outro sintoma
indesejável, mas com ressalva de uma manutenção a cada 15 dias.

No presente relato, foi verificado que, para a paciente, o repouso nas duas
primeiras semanas foi imprescindível para uma boa recuperação e para o sucesso do
tratamento. O que fica claro a importância da associação da fisioterapia nesses casos
de hérnia de disco cervical para a recuperação do paciente, e deve se levar em conta
a gravidade, as causas dos sinais clínicos, a progressão da doença, a cooperação do
animal e do proprietário no processo de reabilitação.

MIOLOPATIA CERVICAL ESTENÓTICA


A mielopatia cervical estenótica é uma afecção caracterizada pelo
estreitamento do canal medular das vértebras cervicais, causando compressão na
medula espinhal. Essa alteração resulta geralmente de má formação das vértebras
cervicais durante o desenvolvimento do animal. Distúrbios nutricionais estão
diretamente relacionados com o desenvolvimento da síndrome. A influência de fatores
genéticos também é descrita como fator etiológico. Apesar de ser uma doença
ortopédica, ela se manifesta por meio de sinais nervosos, resultantes da compressão
da medula.

Foram atendidos, no Hospital de Clínicas Veterinárias da Faculdade de


Veterinária-UFPel, sete equinos da raça Puro Sangue Inglês, cinco machos e duas
fêmeas, sendo que quatro deles de mesma filiação paterna. Seis animais tinham entre
18 e 24 meses e um 4 anos de idade, e apresentavam incoordenação motora e ataxia.
47

Os equinos eram oriundos de dois criatórios situados no sul do Brasil e recebiam


alimentação à base de grão de aveia a 1,5% do peso vivo, em criação semiextensiva,
com pastagem consorciada de azevém, trevo-branco e cornichão. Foi realizado o
exame clínico geral, não sendo detectadas alterações sistêmicas. Nos exames do
sistema músculo esquelético e nervoso, foram observadas reações de dor à flexão
ventral do pescoço, ataxia caracterizada por posicionamento assimétrico dos
membros, andar trôpego e cambaleante, e paresia caracterizada por arrastamento
das pinças do casco, principalmente dos membros pélvicos. Um dos animais
demonstrou hiporreflexia na extremidade distal dos quatro membros.

Para confirmar o diagnóstico, foram executadas radiografias simples com


incidência laterolateral e vistas posições neutra, flexionada e estendida, para a
avaliação do diâmetro sagital mínimo do canal vertebral cervical. Os animais
receberam acepromazina (0,1 mg/kg) por via endovenosa como medicação pré-
anestésica e trinta minutos após foram anestesiados com xilasina (1,1 mg/kg)
associada à cetamina (2,2 mg/kg), também por via endovenosa, para facilitar o
procedimento, sendo mantidos em decúbito lateral com a cabeça e pescoço no plano
sagital. Realizaram-se quatro projeções: occipital – C1, C1– C3, C3–C5 e C5–C7,
mediante um aparelho de RX Siemens fixo. O regime radiográfico utilizado variou de
45 Kv/60mAs a 75 kV/64mAs, mantendo a distância foco-filme em 100 cm. Utilizou-se
filme 35 cm x 43 cm, para que mais de duas vértebras fossem projetadas ao mesmo
tempo, além de facilitar a avaliação do alinhamento das vértebras cervicais.
Empregaram-se colimadores e foco luminoso para centralizar o feixe central do raio
X. O diâmetro sagital mínimo das vértebras foi medido diretamente na radiografia e
comparados com os dados publicados por MAYHEW (1999). Empregou-se a
mielografia para a confirmação do diagnóstico, uma vez que a administração de
contraste no espaço subaracnoideo define com maior precisão os locais de
compressão e consequente estenose da medula espinhal. Para esse procedimento,
fez-se necessária a anestesia geral, posicionando o animal em decúbito lateral. Foram
administrados 50 ml do meio de contraste Iopamidol via espaço atlanto-occipital, com
uma agulha 80 x 1.2 mm, alcançando o espaço subaracnoideo, conforme descrito por
MAY et al. (1986). A cabeça do animal foi elevada a um ângulo de 15° e mantida nessa
posição durante cinco minutos após a administração do meio de contraste,
48

assegurando o fluxo caudal. Procedeu-se à avaliação nas posições neutra, flexionada


e estendida com incidência laterolateral.

Dois desses animais demonstraram quadro de incoordenação severa com


dificuldade em se manter em estação, optando-se pela eutanásia.

HIPERTIREOIDISMO FELINO

A produção e secreção exagerada de T4 conduz a uma disfunção orgânica


multissistêmica, chamada de hipertireoidismo. O hipotireoidismo tem mais ocorrência
em gatos e com frequência está relacionado à Hiperplasia adenomatosa das tireoides,
mas pode acometer cães também. Apesar da causa do hipertireoidismo felino ainda
ser desconhecida, algumas suspeitas são associadas a imunoglobulinas circulantes,
estimulantes das tireoides, dietas bociogênicas e causas virais.

O tratamento pode ser efetuado com a aplicação de fármacos antitireóideos de


longo prazo, iodo-131 ou cirurgia para remoção das glândulas afetadas (Trepanier,
2007). Para o tratamento cirúrgico, primeiro deve-se avaliar questões como doenças
renais e cardíacas e a idade do felino.

Na cirurgia de tireoidectomia pode haver complicações como hemorragia


intraoperatória, pode afetar o fornecimento de sangue da paratireoide ou
paratireoidectomia e danos aos nervos laríngeo recorrente (Radlinsky, 2007). O
procedimento deve ser conduzido com cuidado, para evitar toda complicação que
envolva a remoção ou lesão das glândulas paratireoides, caso aconteça a remoção
da glândula, ela deve ser realocada em um músculo próximo, para haver a
revascularização e ela volte a ser funcional. É indicado o procedimento em duas
etapas para impedir um problema de hipocalcemia, onde retira-se um lobo da tireoide
e a paratireoide associada é reinserida dentro da musculatura adjacente, entre duas
e três semanas após esse procedimento, o outro lobo da tireoide é retirado e a
paratireoide associada é reinserida como a outra. Observa-se o risco diminuto de
hipocalcemia após a cirurgia, porém a condição de passar por dois procedimentos
anestésico deve ser analisada como um risco adicional.
49

LACERAÇÃO DE TRAQUEIA EM CÃO

Uma cadela, sem raça definida, de 7 anos de idade e pesando 6,7 kg, foi
atendido após briga com outro cão onde apresentava lesões por mordedura,
especialmente na região cervical. O animal estava consciente e responsivo, eupneico,
com mucosas acianóticas, porém levemente hipocoradas, frequência cardíaca de 140
bpm, sem estertores à ausculta do tórax e da traqueia e com discreta hemorragia nos
ferimentos cutâneos provocados pelas mordeduras. Durante a manipulação para
tricotomia e antissepsia das lesões cutâneas, houve hiperpneia devido o estresse e
da dor na região afetada pelo trauma, além da formação de bolsões subcutâneos na
região ventral cervical com escape de ar através dos ferimentos, diagnosticando-se o
quadro de laceração traqueal por trauma penetrante. Diante da possibilidade de
ocorrência de pneumotórax associado à lacerações em traqueia, procedeu-se a
toracocentese exploratória, constatando-se o não comprometimento da pressão
negativa intrapleural. O animal foi internado e medicado com ácido tranexâmico na
dose de 50 mg/kg por via intravenosa (IV) e, posteriormente, com 25 mg/kg, IV, QID,
durante 24 horas. Foram aplicadas, ainda, compressas frias para hemostasia nas
lesões. Foi instituída terapia com tramadol (4 mg/kg, IV, TID), meloxicam (0,1 mg/kg,
IV, SID), dipirona (25 mg/kg, IV, BID) e ceftriaxona 40 mg/kg, IV, BID) e tratamento
tópico das lesões com iodopovidona (Povidine®) e pomada a base de gentamicina,
sulfanilamida, sulfadiazina, ureia e vitamina A (Vetaglós®).
Como o animal apresentou enfisema subcutâneo na região ventral do pescoço,
foi realizada uma bandagem compressiva, para reduzir o espaço morto. Após 24
horas, observava-se a ocorrência de enfisema subcutâneo localizado na região ventral
da mandíbula e na parte dorsal da cabeça. Então, a bandagem foi expandida também
para a região da cabeça. O enfisema evoluiu para uma formação discreta na região
direita do tórax, mais concentrada na região axilar. Expandiu-se a bandagem
compressiva para, além de pescoço e cabeça, a região torácica. Após 36 horas não
foi notado aumento do enfisema subcutâneo.
O animal recebeu alta após 48 horas de internação, com evolução clínica
favorável e sem alterações respiratórias, sob recomendação de retorno após 24 horas
para reavaliação do quadro clínico. O tratamento pós-hospitalar foi realizado com
tramadol (4 mg/kg, VO, TID, por 5 dias), meloxicam (0,1 mg/kg, VO, SID, por 3 dias),
dipirona (25 mg/kg, VO, BID, por 3 dias), cefalexina (30 mg/kg, VO, BID, por 8 dias),
50

metronidazol (25 mg/kg, VO, BID, por 7 dias) e manutenção da bandagem


compressiva.

INSTABILIDADE ATLANTO-AXIAL EM CANINO

Foi realizado no Hospital de Pequenos Animais da FZVA- PUCRS- Campus


Uruguaiana atendimento de um Yorkshire terrier, macho, de 9 meses, pesando 1,2kg.
Cujo qual, apresentava quadro clínico de intensa dor e rigidez na região cervical,
quadro este que evolui durante um mês aproximadamente, com ataxia, queda e andar
em círculos para a esquerda.

Obteve-se informação na anamnese de que o paciente convivia diariamente


com crianças, no exame clínico observou-se que o animal apresentava relutância para
flexionar a cabeça e quando forçado ao movimento, apresenta dor intensa. Através
de exames radiológicos pode-se constatar a subluxação atlanto-axial.

O animal foi submetido a técnica de abordagem dorsal para redução aberta de


luxação atlanto-axial, através de incisão cutânea na linha mediana dorsal, iniciando
em nível da protuberância occipital se extendendo caudalmente até o nível da terceira
ou quarta vértebra cervical. Posterior ao rebatimento dos músculos paraespinhais, foi
seccionada a fáscia atlanto-axial, o que permitiu acesso ao espaço epidural.
Procedeu-se a passagem de fio de aço dobrado sob o arco dorsal do atlas e fixação
na espinha dorsal do axis por meio de dois orifícios, formando uma amarra dupla. Para
fechamento muscular e da pele foi feito uso de poliamida 4-0b.

Já no pós-operatório foi realizada terapia com dexametasonac na dose


0,25mg/kg/IM a cada 24 horas durante três dias. No exame radiológico pós-operatório
imediato foi possível observar uma redução no espaço entre C1 e C2. O paciente
também fez uso de um colete cervical adaptado de tala emborrachada, o qual
mantinha sua cabeça e pescoço estendidos por um período de três semanas, para
sua maior segurança.

Ao final deste período o animal não apresentava crises de dor, já flexionava a


cabeça espontaneamente, caminhava com menor grau de ataxia, sem quedas e sem
andar em círculos.
51

Pelo acentuado grau de subluxação entre as vértebras espinhais C1 e C2


verificado no exame radiológico e pela conservação de grande parte da função motora
pelo animal pode-se reforçar o diagnóstico clínico da presença de hipoplasia do
processo odontóide do axis. Tendo em vista que há descrições que em casos de
ausência do dente normal do axis o animal pode conservar uma função motora
significante a despeito do considerável deslocamento espinhal entre atlas e axis.

Existe a possibilidade de que, nesse caso específico, fatores congênitos e


traumáticos estejam associados, uma vez que, o animal encontrava-se sempre com
crianças e que estas o incluíam frequentemente em suas brincadeiras.

A aplicação de colete cervical no pós-operatório foi de fundamental importância,


pois evitou a flexão do pescoço e consequentemente pressões sobre a área operada.
A técnica de fixação atlanto-axial pela abordagem cirúrgica dorsal utilizando fio de
aço, foi eficaz na correção da instabilidade cervical permitindo uma recuperação
motora satisfatória e a eliminação dos quadros de algia cervical.

2.3. Região do Tórax

Fig. 11 –Regiões do tronco. Vista lateral esquerda do tronco.

O tórax é um conjunto de músculos, órgãos, articulações, ossos e diversas


outras estruturas, localizadas entre o pescoço e o diafragma. Trata-se de uma região
52

de grande importância, pois na caixa torácica estão abrigados a maioria dos órgãos
vitais, por isso estão protegidos pelas costelas e esterno.

Para dissecção do tórax foi feito a incisão no músculo transverso do abdômen,


onde foi possível evidenciar o peritônio. Na maioria dos cães dissecados, essa incisão
é feita em três músculos, são eles: músculo oblíquo externo do abdome, músculo
interno do abdome e por sua vez músculo transverso do abdome. Como o músculo
romboideo se situa profundamente sob o musculo trapézio, o qual se insere na face
medial da parte dorsal da escápula, foi necessário fazer uma incisão no local de
inserção para poder rebater o músculo trapézio porção torácica, para que se possa
ver o músculo romboideo.

Foi ainda feita a incisão nos músculos intercostais, juntamente com os ossos
costais. A fim de evidenciar artérias e veias intercostais que se localizam caudalmente
aos ossos costais, e ainda foi possível a visualização de um dos lobos do pulmão,
bem como a pleura que recobre cavidade internamente. Outra incisão foi realizada na
fáscia toracolombar e musculatura composta pelos músculos transverso espinhal,
longuíssimo e iliocostal, após essa incisão, deve se quebrar as vértebras para assim
conseguimos visualizar a medula.

2.3.1. Fichas Anatomotopograficas


2.3.1.1. Região Interescapular

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, músculos,


ossos.

Limites O limite cranial se dá por uma linha imaginaria traçada


entre as margens craniais das escápulas. O limite caudal é
feito por uma linha imaginaria traçada entre os processos
ancôneos das escápulas. Lateralmente, o limite é feito por
uma linha imaginaria traçada entre as margens craniais e
caudais das escápulas.

Vascularização A. subescapular, a. cervical profunda, ramo cutâneo da a.


subscapular

V. cefálica, v. subescapular, v. cervical profunda,


53

Linfonodo axilar e linfonodos cervicais

Musculatura M. trapézio porção cervical

Osteologia Última vértebra cervical e primeira vértebra torácica

Inervação N. subescapular, n. supraescapular, n. radial, n. axillar

2.3.1.2. Região Costal

Estratigrafia O limite cranial fica na primeira costela e o caudal fica na


oitava costela. Dorsalmente se dá pela linha imaginaria
que une os processos transversos das vértebras torácicas.
Ventralmente situa-se na margem lateral do músculo
peitoral profundo.

Limites Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, músculos,


vasos sanguíneos, nervos, costelas, pleura e vísceras.

Vascularização Ramos cutâneos da a. subescapular, a. toracodorsal, aa.


Intercostais, ramos superficiais das aa. intercostais, a.
torácica lateral, , rr. Superficiais das Aa. Intercostais
Ramos cutâneos da v. subescapular, v. toracodorsal, vv.
Intercostais, v. torácica lateral.
54

Linfonodos torácicos, linfonodo esternal

Musculatura M. cutâneo do tronco, m. grande dorsal, m. escaleno


médio, m. peitoral profundo, mm. intercostais externos,
mm. intercostais internos, m. reto do tórax, m. serrátil
ventral torácico, m. escaleno dorsal

Osteologia Ossos costais

Inervação Nn. Intercostais, N. toracodorsal, n. torácico longo, n.


torácicos laterais

2.3.1.3. Região Dorso Costal

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


muscular, músculos, nervos, vértebras torácicas, canal
vertebral, medula espinal
Limites O limite cranial é feito pela linha que liga a margem caudal
das escápulas. Caudalmente é limitada pela ultima
vértebra torácica. Dorsalmente pela linha que liga os
processos espinais das respectivas vértebras. O limite
ventral é feito pela linha imaginaria que liga os processos
transversos das vértebras torácicas.

Vascularização Ramos da a. intercostal, aa. Torácicas

Vv. Intercostais, vv. Torácicas


55

Musculatura M. cutâneo do tronco, m. trapézio porção torácica, m.


serrátil dorsal, m. iliocostal, m. longuíssimo do tórax, m.
elevador costal.

Osteologia Vertebras torácicas

Inervação Ramos dos nn. Intercostais e torácicos

2.3.1.4. Região Lombar

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


muscular, músculos, nervos, vértebras torácicas, canal
vertebral, medula espinal e peritônio

Limites Cranialmente limitada pela última vértebra torácica e


caudalmente pela primeira vértebra caudal. O limite dorsal
se compreende pela linha que une os processos espinais
das vértebras lombares e o limite ventral se dá pela
linhaque une os processos transversos das vértebras
lombares.

Vascularização Aa. Lombares, A. ilíaca circunflexa profunda


56

Vv. Lombares, v. ilíaca circunflexa profunda

Linfonodo aórtico lombar, linfonodos ilíacos mediais e


lindonodo hipogástrico

Musculatura M. longuíssimo do abdome, m. psoas menor, m. psoas


maior, m. iliocostal lombar, m. oblíquo interno do abdomen

Osteologia Vértebras lombares

Inervação Nn. Lombares, nn. Ilio hipogástrico cranial e caudal, n.


ilioinguinal

2.3.1.5. Região Hipocondríaca

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, músculos,


costela, nervos, vasos, peritônio parietal, vísceras.

Limites Cranialmente limitada pelo plano transverso que passa


pelo processo xifoide. Dorsalmente tem limite na fáscia
toracolombar e caudalmente limitada na décima terceira
costela.

Vascularização A.abdominal cranial, aa. Intercostais

Vv. Intercostais

Linfonodo celíaco
57

Musculatura M. oblíquo externo, m. obliquo interno, m. serratil ventral


porção torácica, m. grande dorsal

Osteologia Costelas

Inervação Nn. Intercostais, ramos ventrais dos nn. Torácicos, n.


costoabdominal

Vísceras Específicas Baço, fígado, estômago, vesícula biliar, rins, intestino

2.3.1.6. Região Abdominal lateral

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, músculos,


vasos sanguíneos, peritônio, omento maior e vísceras.

Limites Limitada dorsalmente pelas vértebras lombares, região


lombar e pilares do diafragma, ventralmente limitada pelo
músculo reto do abdome com suas aponeuroses e pela
região umbilical. Cranialmente fazendo limite com a região
hipocondríaca e caudalmente com a região inguinal.

Vascularização A.Ilíaca circunflexa profunda, a. abdominal cranial, a.


epigástrica
58

V. epigástrica, v. ilíaca circunflexa superficial

Linfonodo torácico

Musculatura M. oblíquo externo e oblíquo interno do abdome, m.


transverso do abdome, m. iliocostal

Osteologia O. coxal, costelas, vértebras lombares

Inervação Nn. Lombares, n. ilioinguinal, n. ilio-hipogástrico, n.


cutâneo femoral lateral, n. frênico, n. reto abdominal, nervo
costo abdominal

Vísceras Específicas Jejuno, ceco

2.3.1.7. Região Inguinal

Estratigrafia Pelo, epiderme, derme, tela subcutânea, fáscia muscular,


musculatura, nervos, vasos, periósteo e osso.

Limites Limita-se cranialmente por uma linha imaginária que segue


ventralmente da última vértebra lombar, caudalmente pelo
M. sartório e pelo limite da região femoral. dorsalmente
pelo O. ílio e ventralmente faz sua limitação com a região
prepucial.

Vascularização A.circunflexa ilíaca profunda e A. testicular


59

V. circunflexa ilíaca profunda.

Linfonodo inguinal superficial

Musculatura M. oblíquo externo do abdome parte abdominal, M. oblíquo


interno do abdome parte abdominal

Inervação Nn. lombares, ramos cutâneos laterais, N. lombar ramo


ventral

2.3.1.8. Região Xifóidea

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, músculos,


vasos, peritônio, periósteo e osso

Limites Cranialmente limitada pelo processo xifoide do esterno,


caudalmente pelo músculo diafragma. O limite ventral
compreendido pela linha alba e o dorsal pela aponeurose
abdominal

Vascularização A.Torácica interna, a. axilar, a. epigástrica cranial


superficial
60

V. torácica interna, v. axilar, v. epigástrica cranial


superficial

Linfonodo esternal

Musculatura M. reto do tórax, m. peitoral profundo, m. intercostal


interno, m. transverso do toráx, m. diafragma

Osteologia O. esterno

Inervação Nn. Intercostais, nn. Torácicos

Vísceras Específicas Estômago, fígado, vesícula biliar

2.3.1.9. Região Umbilical

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia superficial do tronco,


muculos, fáscia profunda do tronco, aponeuroses, vasos,
peritônio, vísceras

Limites Limitada cranialmente pela cartilagem xifoide e


caudalmente limitada pela porção mais cranial da região
púbica. Limitada ventralmente pela linha alba.
61

Vascularização A.umbilical, a. ilíaca circunflexa, a. ilíaca interna, ramos


das aa. epigástricas superficiais

V. ilíaca circunflexa, ramos das v. epigástricas superficiais

Linfonodo inguinal superficial

Musculatura M. reto do abdome, m. transverso do abdome, m. oblíquo


externo do abdomen

Inervação N. femoral cutâneo lateral, n. ilioinguinal, n.


iliohipogástrico, n. genitofemoral

Vísceras Específicas Jejuno

2.3.1.10. Região Púbica

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, músculo,


vasos, peritônio.

Limites Cranialmente limitada pela porção mais caudal da região


umbilical. O limite caudal é feito por uma linha traçada entre
62

o limite ventral da região abdominal lateral e a linha alba.


E a limitação ventral é feita pela linha alba.

Vascularização A.prepucial, a. pudenda externa

V. pudenda externa, v. prepucial

Linfonodo inguinal superficial

Musculatura M. oblíquo externo do abdome, m. oblíquo interno do


abdome, m. transverso do abdomen

2.3.1.11. Região Esternal

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, músculos, vasos,


osso.
Limites Dorsalmente limitada por uma linha traçada horizontalmente
entre o manúbrio do esterno e a décima terceira costela. O limite
63

ventral é uma linha que inicia-se no manúbrio do esterno e


acompanha a curva do osso esterno ventralmente, até a décima
terceira costela.
Vascularização A. toracodorsal, aa. intercostais
V. toracodorsal, vv. Intercostais
Linfonodo cervical superficial
Musculatura M. peitoral profundo, mm. Intercostais internos e externos, m.
reto do tórax, m. peitoral superficial porção transversa, m.
transverso do tórax

Osteologia O. esterno

Inervação Nn. Intercostais, Plexo braquial, tronco vagossimpático

2.3.1.12. Região Pré-esternal

Estratigrafia Pelos, pele, tela subcutânea, fáscia muscular, músculos,


vasos, periósteo, osso .
64

Limites Caudalmente limitada pelo manúbrio do esterno e


cranialmente limitada pela união das linhas das fossas
jugulars.
Vascularização A.axilar, a. carótida comum

V. jugular externa, v. jugular interna, v. cefálica

Linfonodo cervical superior

Musculatura M. esternocefálico, m. esternohioide, m. cleidocefálico do


m. braquiocefálico, m. peitoral superficial porção
descendente e parte cranial da porção transversa do m.
peitoral superficial

Osteologia Úmero e manúbrio do esterno

Inervação Plexo braquial, tronco vagossimpático, ramos ventrais dos


nn. Cervicais VI e VII

2.3.2. Localização de Estruturas


65

Fig. 12 –Músculos e outras estruturas do tronco. Rebatido os músculos cutâneo do tronco e trapézio
parte torácica. Vista lateral esquerda do tronco.

Fig. 13 –Músculos e outras estruturas do tronco. Rebatido os músculos cutâneo do tronco, trapézio
parte torácica, grande do dorso, oblíquo externo e janela no músculo transverso do abdômen. Vista
lateral esquerda do tronco.
66

Fig 14 – Musculatura e outras estruturas do tronco do cão. Foi feita uma janela na região abdominal
lateral para exposição da musculatura interna e vísceras.

Fig. 15 –Músculos e outras estruturas do tronco. Rebatido os músculos cutâneo do tronco, grande do
dorso, oblíquo externo, reto do abdômen e janela no músculo transverso do abdômen. Vista lateral
esquerda do tronco.
67

2.3.3. Casos Clínicos

ASPECTOS PATOLÓGICOS DE 155 CASOS FATAIS DE CÃES ATROPELADOS


POR VEÍCULOS AUTOMOTIVOS

Hoje há muitos relatos de atropelamentos de animais por veículos automotivos,


o que contribui significativamente para estatísticas de morte de cães, porem há
poucos estudos sobre os aspectos patológicos. Neste artigo é relatado o caso de 155
animais, no qual em cento e trinta e oitos casos haviam lesões que explicavam a morte
ou pela decisão da eutanásia, essas lesões incluíam traumatismo espinhal-medular,
ruptura de órgãos parenquimatosos, ruptura de órgãos ocos, fratura das costelas com
laceração de órgãos parenquimatosos, além da ruptura do diafragma com
deslocamento de vísceras abdominais para a cavidade torácica.

Neste artigo foram revisados todos os protocolos de necropsia de cães


referentes a um período de quarenta anos arquivados no LPV da UFSM. Foram
coletados apenas informações dos caes que foram para necropsia que morreram
espontaneamente ou pela eutanásia.

Dos 155 casos, 43 apresentaram traumatismo espinhalmedular no qual 33 teve


fratura de vertebras. Em todos esses casos não foram observadas havia lesão na
medula espinal como, hemorragia, ruptura da dura-máter, compressão medular pelo
fragmento ósseo e laceração. Em 33 casos que havia fratura vertebral, dezenove
ocorreram na região torácica. Dos 40 casos que ocorreu ruptura de órgãos
parenquimatosos, em seis ocorreu a morte devido ao colapso pulmonar decorrente do
acumulo de sangue na cavidade torácica (hemotórax) e a perda da pressão negativa
intratorácica.

Diante disso, é visto frequentemente casos fatais por atropelamento por


veículos automotivos na rotina da clínica e patologia veterinária, no entanto é feito
poucos estudos sobre esses casos. Estudos como esses ajudam os médicos
veterinários e alertam sobre o que podem encontrar quando chegar um animal por
atropelamento, no qual se vier com vida, auxilia no prognostico e do possível
tratamento cirúrgico.
68

INSUFICIÊNCIA RENAL EM CÃO

Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade de Cruz Alta, um canino,


da raça Poodle, macho, com aproximadamente 10 anos de idade e pesando 7,8 kg.
O proprietário queixou-se que o animal apresentava vômito há três dias, dor
abdominal, apatia e anorexia. Ao exame clínico as mucosas estavam normocoradas,
temperatura retal de 39 ºC e abdômen tenso à palpação. Paciente apático e com
abdômen distendido. O paciente foi encaminhado para internação. Foram coletadas
amostras de sangue para hemograma e bioquímico (alanina aminotransferase (ALT),
fosfatase alcalina (FA), uréia e creatinina). Também foi realizada urinálise.

No hemograma observou- se linfopenia e na série vermelha anemia


normocítica normocrômica. No perfil bioquímico FA apresentava valor de 164,69 U/L
sendo que os valores de referência são de 20 a 156 U/L, creatinina 5,42 mg/L sendo
que os valores de referência são 0,5 a 1,5 mg/L e uréia apresentava o valor de 181,04
g/L sendo que o normal seria 21,4 a 59,92 g/L. Deste modo, observa-se claramente
que todos os valores bioquímicos do referido paciente estavam alterados, em especial
os parâmetros de função renal. Foi coletada urina para realização de EQU. A
avaliação apresentou os seguintes resultados: densidade baixa (1014), proteinúria (+)
e sedimento inativo. O paciente foi tratado com amoxicilina, 1ml/20kg, cloridrato de
metoclopramida 0,5 mg/kg, cloridrato de ranitidina 2mg/kg e brometo de N-
butilescopolamina associado com dipirona sódica, além de fluidoterapia. No dia
seguinte foi coletada nova amostra para realização de um novo exame para avaliação
do perfil renal onde os dados estavam mais elevados quando comparados ao dia
anterior, uréia (197,57 g/L) e creatinina (8,54 mg/L). Após os resultados dos exames
serem avaliados chegou-se ao diagnóstico de IRC. No quinto dia de internação o
animal veio a óbito, sendo então encaminhado para necropsia. Nos rins encontraram-
se acentuada degeneração e necrose tubular com proliferação de tecido conjuntivo e
nefrite intersticial mononuclear multifocal, sendo então lesões compatíveis com IRC.
A IR tem correlação positiva com a idade do animal, sendo que o diagnóstico da
doença se dá com maior freqüência nos cães entre 6 e 7 anos de idade e nos gatos
entre 7 e 8 anos. Aparentemente a IR é mais comum em gatos que em cães. Exames
de rotina devem ser realizados em animais com idade susceptível a doença para que
se possa diagnosticar a IRC precocemente (BELLODI, 2008, p. 12 e 44). Conforme o
autor citado acima a etiologia da IRC pode ser congênita, familiar ou adquirida. Sendo
69

que a suspeita das causas congênitas ou familiares é evidenciada de acordo com a


raça, história familiar, idade de surgimento da afecção ou da IR, ou através de achados
radiológicos ou ultrassonográficos, como por exemplo, a patologia renal policística dos
gatos. Já a IR adquirida pode resultar de lesões glomerulares, tubulares, intersticiais
e ou da vasculatura renal, que podem ser devido a fatores pré-renais como fluxo
reduzido e hipertensão sistêmica, fatores renais como glomerulonefrite e pielonefrite
e pós renais como obstrução do trato inferior. O aspecto clínico da DRC é diferente
do que ocorre na IRA, pois a DRC se desenvolve ao longo de um período de meses
a anos, seus sintomas são relativamente leves para a magnitude da azotemia, alguns
sinais clínicos presentes são: perda de peso, polidipsia, poliúria, má condição
corporal, anemia não regenerativa, rins pequenos e de formato irregular (GRAUER,
2010, p.657). Complicações gastrintestinais se encontram entre os sinais clínicos mais
comuns e importantes da uremia. Anorexia e perda de peso são achados inespecíficos
comuns que podem preceder outros sinais de uremia. O apetite do paciente pode ser
seletivo para certos alimentos, a perda de peso decorre de ingestão calórica
inadequada, dos efeitos catabólicos da uremia, e de mal- absorção intestinal de baixa
intensidade característica da gastrenterite urêmica, o vômito é mais um achado
freqüente pelos efeitos das toxinas urêmicas, a gastrite urêmica pode ser ulcerativa e
ocorrer hematemese (POLZIN, 1997, p. 2396).

Os sinais clínicos apresentados no caso não são sinais específicos sendo que
a suspeita só se deu quando foram realizados exames complementares. No presente
caso não foi possível a realização da hemodiálise pelo fato do alto custo e de somente
ser oferecida em grandes centros. A IRC é uma doença grave, que se não tratada ou
tratada tardiamente, pode levar o paciente a morte. Os exames laboratoriais, como
hemegrama, testes bioquímicos séricos e urinálise, auxiliam o médico veterinário de
forma significativa no diagnóstico clínico desta enfermidade, além de permitir o
acompanhamento quadro do paciente frente a terapia adotada.

PITIOSE CUTÂNEA EM EQUINOS

Relatados quatorze casos de pitiose cutânea em eqüinos do município de Uruguaiana,


Rio Grande do Sul, entre 1995 e 2000. Haviam lesões na região distal dos membros
pélvicos que macroscopicamente se caracterizavam por granulomas subcutâneos,
70

ulcerados e com exsudação sero-sanguinolenta. Microscopicamente as áreas eram


irregulares de necrose circundadas por infiltrado inflamatório constituídas por
eosinófilos, neutrófilos, macrófagos e abundante tecido fibrovascular. Foi obtido de 10
biópsias e 4 necropsias de equinos submetidos ao Setor de Patologia Veterinária do
CAMPUS II-da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em
Uruguaiana, RS. Com o diagnóstico confirmado para pitiose, os equinos receberam
de 7 a 10 doses de imunoterápico, Pitiumvac, com intervalo de 7 dias. Observou-se
no exame histológico áreas irregulares e eosinofílicas de necrose associada. Havia
presença de infiltrado inflamatório constituído por eosinófilos, neutrófilos, macrófagos
e marcada quantidade de tecido fibrovascular. Na coloração de Grocott, as hifas,
estruturas ramificadas, ocasionalmente septadas, marrom-escuras, de paredes lisas
e paralelas com tamanhos entre 6 e 10µm.

Em todos os animais estudados, as lesões situavam-se nas porções distais dos


membros, principalmente dos posteriores e na região ventral do abdômen. Essas
áreas são mais afetadas por serem mais susceptíveis a lesões traumáticas e por ficar
em contato com a água no momento em que os animais entram nos açudes, lagoas e
banhados para beber água ou pastar a vegetação que brota nesses locais. (SALLIS,
2003).

TRAUMA TORÁCICO EM CÃES- RELATO DE CASO

Foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária-


FAMED- Garça/SP, um cão da raça Teckel, 3 anos, macho, com histórico de briga
com outro animal.

O animal apresentou no exame físico, ferimento perfurante com laceração da


musculatura intercostal entre o quinto e o sexto espaço intercostal lateral direita, e na
lateral esquerda entre o quarto e o quinto espaço intercostal na região medial do tórax,
epistaxe, estertor pulmonar, taquipnéia, taquicardia e dor.

Foi realizado exame radiológico do tórax, neste foi possível constatar que não
havia presença de fratura de costelas, encaminhando o animal a cirurgia emergencial
de reparação torácica.
71

Para medicação pré-anestésica foi administrado cloridrato de tramadol na dose


de 4mg/kg (IM). Na indução, foi utilizada máscara de isoflurano até que o paciente
perdeu os reflexos protetores. E, na manutenção, intubação endotraqueal com
isoflurano e oxigênio a 100%.

Na cirurgia utilizou-se padrão de sutura simples separado nos espaços


intercostais, em ambos os lados com nylon. No subcutâneo, o padrão de sutura foi
Cushing, com nylon também. Na pele, o padrão de sutura foi Wolf separado com
nylon. Ao fim da cirurgia foi realizada toracocentese, para retorno da pressão negativa.

Quinze minutos após o procedimento da toracocentese, o animal apresentou


parada cardiorespiratória, foi realizada massagem cardíaca com administração de
adrenalina intravenosa e intracardíaca, com auxílio de ventilação artificial. No entanto
o animal veio a óbito após 20 minutos.

NEOPLASIA DA PAREDE TORÁCICA

A neoplasia da parede torácica pode afetar as costelas, os músculos ou a


pleura. Condrossarcomas são tumores que se desenvolvem nas cartilagens, e os
osteossarcomas se desenvolvem nos ossos. Os tumores primários das costelas têm
elevada taxa de metástase, sendo difíceis de acometer gatos e cães, as neoplasias
mais comuns são osteossarcoma e depois condrossarcoma, tendo o início dos
tumores na articulação costocondral. No esterno, tumores primários e metastáticos
são pouco relatados.

O tratamento clínico de animais com tumores nas costelas ou no esterno é uma


forma de aliviar a dor, mas para um tratamento efetivo deve-se fazer uma ressecção
cirúrgica dos tumores da parede torácica, observando que se feita ressecções totais,
em bloco ou mais costelas necessita de uma reconstrução cirúrgica para a
continuidade das costelas, não é indicado a retirada de mais de seis costelas. Apesar
da possibilidade de geração de uma fístula secundária a aderências, a tela sintética é
uma solução para ser utilizada como preenchimento dos defeitos, pode-se diminuir a
complicação do uso do implante, cobrindo com um músculo bastante vascularizado.
Caso o tumor seja muito grande, já a necessidade de constituir o retalho com um
músculo e com a pele. Em cães, a esternectomia parcial ou completa pode ser efetiva
72

na cura da neoplasia primária do esterno, mesmo com uma possível desestabilidade,


o cão não demonstra uma irregularidade de função respiratória significativa ou
permanente.
73

2.4. Regiões do Membro Torácico

Fig. X –Regiões do membro torácico. Vista lateral esquerda do membro torácico.

O membro torácico assim como o membro pélvico surge como um broto,


que se origina na superfície ventrolateral do corpo do embrião jovem e
em uma altura que corresponde a origem dos nervos aos quais mais tarde
serão supridos por ele. A principal diferença entre o broto do membro
pélvico e o do membro torácico, e que o broto torácico surge antes, e
continua com essa vantagem até mesmo depois do parto em cães e outros
animais que nascem bastante imaturos, que suprem suas necessidades
motoras apenas com os membros torácicos.

No início de sua formação, o broto é composto de uma massa de mesênquima,


o frouxo tecido conjuntivo embrionário, recoberta por ectoderma. O ectoderma se
74

transforma na epiderme, incluindo seus derivados; o mesênquima se diferencia para


formar tecidos esqueléticos, músculos e tendões, fáscias e vasos sanguíneos. O broto
do membro se alonga e forma uma placa, esta será a mão, enquanto isso sua parte
mais proximal adquire um formato colunar.

Atualmente, admite-se que os músculos dos membros se desenvolvem nos


brotos. Certas células mesenquimatosas, no exterior do denso núcleo axial, se
diferenciam em células musculares precursoras (mioblastos); essas células se
multiplicam por mitose, enquanto o recrutamento mesenquimatoso continua. Esses
mioblastos formam, então, miócitos, ou células musculares, por um processo de
maturação no qual os núcleos aumentam em número e migram para a periferia da
célula. O número final de células musculares parece, na maioria das espécies, ser
estabelecido muito antes do nascimento. O crescimento final dos músculos, portanto,
depende de um aumento no tamanho dos elementos existentes.

Os nervos do membro geralmente crescem de ramos ventrais de nervos


espinhais, geralmente C6-T2. Os músculos, apenas com exceção daqueles muito
pequenos são supridos por ramos de mais de um segmento espinhal.

A incisão foi feita nos locais de inserção dos músculos Superficial do Pescoço
e Profundo do Pescoço, geralmente é preciso que se faça a incisão na fixação
somente do primeiro desses músculos, porém no nosso cachorro foi preciso incisar o
Músculo Profundo do Pescoço pois seu local de inserção estava muito “espalhado”, e
não permitiria o acesso à região medial do membro.
75

2.4.1. Fichas Anatomotopograficas


2.4.1.1. Região escapular

Estratigrafia Pelo, epiderme, derme, tela subcutânea, fáscia muscular,


musculatura, nervos, vasos, periósteo e osso.

Limites Proximalmente é limitada pela cartilagem da escápula,


distalmente é limitrada pelo processo hamato da escápula, e
lateralmente pela margem cranial e caudal da escápula.

Vascularização A.subescapular cutânea, a. circunflexa caudal do úmero, a.


circunflexa caudal do úmero, a. axilo braquial, a. axilar, a.
cervical superficial, a. toracodorsal, a. circunflexa cranial do
úmero

V. subescapular cutânea, v. circunflexa caudal do úmero, v.


axilo braquial, v. axilar, ramos cutâneos da v. toracodorsal

Linfonodo axillar

Musculatura M. supraespinal, m. infraespinal, m. deltoide com as porções:


escapular e acromial, m. redondo maior, m. redondo menor,
M. subescapular, m. supraescapular, m. coracobraquial, m.
grande dorsal, m. braquicefálico

Osteologia O. escápula

Inervação Ramo cutâneo do n. lateral torácico, n. cutâneo cranial lateral,


n. radial, nn. T1, T2, C8, C7, C6, n. músculocutâneo, n.
supraescapular, n. subescapular, n. braquiocefálico
76

2.4.1.2. Região da articulação escapuloumeral

Estratigrafia Pelo, epiderme, derme, tela subcutânea, fáscia,


camada muscular superficial, nervos e vasos,
camada muscular profunda, periósteo e osso.

Limites Proximalmente é limitada pelo processo hamato e


distalmente pelo colo do úmero.

Vascularização A.subescapular, a. axillar

V. subescapular, v. axilar, v. umeral circunflexa, v.


suprascapular

Linfonodo axilar, linfonodo pré-escapular

Musculatura M. supraescapular, m. supra- espinhoso, m. bíceps


braquial, m. coracobraquial, cabeça longa do m.
tríceps braquial e m. deltóide com a porção acromial
e escapular

Osteologia O. escápula, o. úmero

Inervação N. toracodorsal, n. axilar, n. supraescapular, n.


subescapular e n. radial e n. músculo cutâneo
77

2.4.1.3. Região tricipital

Estratigrafia Pelo, epiderme, derme, tela subcutânea, fáscia


muscular superficial, musculatura, fáscia muscular
profunda, nervos, vasos, periósteo e osso.

Limites Limita-se proximalmente pela margem caudal da


escápula e lateralmente, cranialmente pela
articulação escapuloumeral, distalmente pelo
olécrano e limita-se caudalmente no braço.

Vascularização A.toracodorsal, ramos da A. braquial

Ramos da V. braquial.

Linfonodo axilar

Musculatura M. tríceps braquial cabeça longa, M. tensor da fáscia


do antebraço, M. intercostobraquial e M. grande
dorsal.

Osteologia Margem caudal do úmero, margem caudal da


escápula e porção caudal da articulação
escapuloumeral.

Inervação N. intercostobraquial, N. toracodorsal, N. cutâneo


caudal do antebraço
78

2.4.1.4. Região do braço

Estratigrafia Pelo, epiderme, derme, tela subcutânea, fáscia superficial,


camada muscular superficial, nervos e vasos, camada
muscular profunda, periósteo e osso.
Limites É limitada proximalmente pelo colo do úmero, distalmente
pela crista do úmero, lateralmente pela face cranial e caudal
do úmero.

Vascularização A.subescapular, a. braquial, a. recorrente ulnar, a. colateral


ulnar
V. subescapular, v. braquial, v. cefálica, v. axilobraquial, v.
colateral ulnar
Linfonodo axilar, linfonodo acessório
Musculatura M. tríceps cabeça longa, m. tríceps cabeça lateral, m. tríceps
cabeça acessória, m. braquial, m. bíceps, m. tensor da fáscia
do antebraço, m. coracobraquial e m. ancôneo

Osteologia O. úmero

Inervação N. radial, n. peitoral cranial, n. supraescapular, n.


subescapular, n. ulnar, n. axilar, n. mediano, n.
músculocutâneo e n. toracodorsal
79

2.4.1.5. Região do olécrano

Estratigrafia Pelo, epiderme, derme, tela subcutânea, fáscia


superficial, camada muscular superficial, nervos e
vasos, cama muscular profunda, periósteo e osso.

Limites Limitada pela margem caudal do olecrano e pelo


processo ancôneo lateralmente, proximalmente pela
tuberosidade do olecrano e distalmente pelo processo
coronoide.

Vascularização A.transversa do cotovelo, a. radial superficial, a.


colateral ulnar

V. colateral ulnar

Linfonodo axilar

Musculatura M. tríceps (cabeça lateral e longa), m. ancôneo, m. flexor


radial do carpo cabeça ulnar e m. tensor da fáscia do
antebraço.

Osteologia O. Ulna

Inervação N. cutâneo caudal antebraquial, ramo anastomótico do


n. musculocutâneo, n. ulnar.
80

2.4.1.6. Região do cotovelo

Estratigrafia Pelos, epiderme, derme, tela subcutânea, fáscia superficial,


camada muscular superficial, nervos e vasos, camada
muscular profunda, periósteo e osso.

Limites Proximalmente se limita pela crista do úmero, distalmente


se limita logo abaixo da cabeça do radio e lateralmente e
limitada pela face cranial do radio e corpo da ulna.

Vascularização A.antebraquiail cranial superficial, A. antebraquial


superficial, a. cranial, a. radial superficial, a. recorrente
ulnar, a. cubital transversa, a. braquial superficial, a. ulnar

V. antebraquial cranial superficial, v. mediana, v. ulnar

Linfonodo axilar, linfonodo axilar comum

Musculatura M. tensor da fáscia do antebraço, m. bíceps do braço, m.


braquial, m. extensor radial do carpo, m. flexor ulnar do
carpo, m. flexor profundo dos dedos, m. pronador redondo
e m. tríceps braquial

Osteologia O. radio, o. ulna

Inervação N. antebraquial cutâneo caudal (ulnar), n. radial (ramo


superficial), n. mediano.
81

2.4.1.7. Região do antebraço

Estratigrafia Pelo, epiderme, derme, tela subcutânea, músculos,


artérias, nervos, veias, periósteo e osso.

Limites Proximalmente é limitada pela tuberosidade do radio,


distalmente é limitada pela tróclea do radio,lateralmente
pelo corpo da ulna e face caudal do radio.

Vascularização A.radial superficial, a. interóssea comum, a. profunda do


antebraço, a. antebraquial superficial e a. mediana, a. radial

V. cefálica, v. cefálica acessória, v. mediana, v. radial

Linfonodo axilar, linfonodo acessório

Musculatura M. flexor digital profundo (cabeça umeral), m. flexor digital


superficial, m. flexor ulnar do carpo, m. extensor radial do
carpo, m. pronador redondo, m. flexor profundo dos dedos,
m. flexor radial do carpo, m. tensor da fáscia do antebraço,
m. ulnar lateral, m. abdutor longo dos dedos, m. extensor
comum dos dedos, m extensor lateral dos dedos, m.
pronador quadrado, m. extensor digital I e II, m.
braquiorradial

Osteologia O. radio, o. ulna

Inervação N. cutâneo caudal do antebraço, n. cutâneo lateral do


antebraço, n. cutâneo media do antebraço, n. radial, n.
ulnar e n. mediano
82

2.4.1.8. Região do carpo

Estratigrafia Pelos, epiderme, derme, tela subcutânea, músculos, artérias,


nervos, veias e osso.

Limites O limite proximal é na superfície articular para osso carpo e o


processo estiloide da ulna pela extremidade distal do rádio.
Seu limite distal é feito pelos ossos do metacarpo.

Vascularização A. mediana, a. colateral ulnar

V. cefálica, v. cefálica acessória, v. colateral ulnar, v. cubital


mediana

Linfonodo axilar, linfonodo axilar acessório

Musculatura M. extensor radial do carpo, m. flexor ulnar do carpo,


m. flexor profundo dos dedos, m. pronador redondo, m.
abdutor longo do dedo I, m. extensor digital comum, m.
extensor digital lateral, m. separador largo do dedo I, m. flexor
radial do carpo, m. extensor ulnar do carpo, m. abdutor do
dedo V, m. flexor digital curto, m. flexor digital longo

Osteologia Parte distal do o. rádio e o.ulna, o. intermédio do carpo, o.


ulnar do carpo, o. acessório do carpo, o. I, II, III e IV cárpicos

Inervação N. radial, n. ulnar, n. mediano

Estrutura acessória Retináculos extensor e flexor


83

2.4.1.9. Região do metacarpo

Estratigrafia Pelo, epiderme, derme, tela subcutânea, músculos, veias,


artérias, nervos, tendões, periósteo e osso.

Limites O limite proximal da região é feito pelos ossos do carpo (I, II,
III e IV) e seu limite distal é pelas falanges proximais e pelos
ossos sesamóides.

Vascularização A.digital palmar comum I, II e III, a. interóssea caudal, a.


palmar medial

V. digital dorsal comum I, v. digital dorsal comum

Linfonodo axilar, linfonodo axilar acessório

Musculatura M. abdutor do dedo I, m. flexor profundo dos dedos, m.


extensor curto lateral dos dedos, m. interósseo, m. quadrado
plantar, m. peroneal curto, m. superficial flexor dos dedos, m.
extensor digital I e II, m abdutor e flexor digital V

Osteologia Oo. Metacárpicos I, II, III, IV, V, oo. sesamóides proximais e


distais

Inervação N. mediano, n. ulnar ramo superficial, n. radial superficial, n.


digital palmar comum, ramo palmar do n. ulnar, ramo
superficial do ramo palmar do n. ulnar
84

2.4.1.10. Região da articulação metacarpofalângica e articulação interfalângica


proximal

Estratigrafia Pelos, epiderme, derme, tela subcutânea, músculos, artérias,


nervos, veias e osso

Limites Limitada proximalmente pelos ossos metacárpicos, e


distalmente pela extremidade da garra.

Vascularização A.palmar comum dos dedos, a. digital palmar própria,

V. digital própria, arco venoso digital

Linfonodo axilar, linfonodo axilar acessório

Musculatura Mm. flexores superficiais dos dedos, mm. profundos dos


dedos, m. Interósseo e m. extensor lateral dos dedos

Osteologia Falanges proximais, médias e distais

Inervação Nn. digitais e n. palmar comum dos dedos


85

2.4.1.11. Região ungueal

Estratigrafia Tegumento palmar, coxins (digitais, carpais e metacarpais),


ligamentos, tendões e ossos.

Limites Proximalmente é limitada pela a articulação interfalângica e


distalmente pelas garras na região mais distal do membro
torácico.
Vascularização Aa. digitais dorsais próprias (axiais e abaxiais), aa. digitais
palmares próprias (axiais e abaxiais), aa. digitais palmares
comuns, a. da falange distal

Vv. digitais (dorsal própria, digitais palmares e laterais), redes


venosas de malha larga (leito capilar proveniente da derme
parietal e solear)

Linfonodo axilar, linfonodos cervicais superficiais

Musculatura M. abdutor longo do dedo I (inserção), mm. Extensores e


flexores da articulação do dedo (inserção), m. extensor digital
comum (inserção com tendão longo no processo extensor da
falange distal).

Osteologia Falanges distais, garra, crista unguicular óssea, coroa e


ossos sesamóides distais.

Inervação N.radial, ramos do m. ulnar e m. mediano


86

2.4.2. Localização de Estruturas

Fig. X –Músculos e outras estruturas do membro torácico. Músculo trapézio porção torácica rebatido.
Vista lateral esquerda do membro torácico.
87

Fig. X –Músculos e outras estruturas do membro torácico.

Fig X. -Estruturas do membro torácico esquerdo do cão. Vistas dorsal e palmar.


88

Fig. X – Musculatura, inervação e vascularização do membro torácico do cão. Vista


medial esquerda com ênfase no plexo braquial

2.4.3. Casos Clínicos

MASTOCITOMA CANINO: ESTUDO RETROSPECTIVO.

Foi realizado um estudo retrospectivo dos casos de mastocitoma canino,


atendidos pelo Serviço De Oncologia Do Hospital Veterinário “Governador Laudo
Natel” (HVGLN) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV),
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Câmpus de Jaboticabal, no período de
janeiro de 2001 a junho de 2004.
Neste estudo retrospectivo sobre mastocitoma cutâneo foram analisados 49
cães, sendo 28 machos e 21 fêmeas, de idade entre 2 a 17 anos, de diversas raças,
a maioria deles eram, mestiços, boxer e teckel, com idade entre 6 a 9 anos. O
mastocitoma pode ser dividido em três graus, neste caso onze animais apresentavam
grau I, dez com grau ll, nove com grau lll e 19 com grau não determinado. Os exames
89

complementares que foram usados para dar o diagnóstico de mastocitoma foi citologia
aspirativa que permite um diagnóstico preciso, e histopatológica faz se cogente para
determinação do grau histológico e delineamento apropriado para o tratamento. O
tratamento escolhido foi cirurgia e associados ou não a quimioterapia a escolha do
proprietário. Acredita-se que provavelmente a incidência dessas neoplasias se deve
a maior longevidade desses animais. Quanto ao sexo as possibilidades de ter
mastocitoma são relativamente iguais.

De acordo com o estudo cães com idade entre oito a nove anos são os mais
acometidos. Cães mestiços, boxer e teckel são mais acometidos e tendem a
apresentar maior tempo de evolução e maior sobrevida. O mastocitoma canino pode
e tende a acometer diversas regiões, que no caso observa-se menos tempo de
sobrevida após o diagnostico.

LESÃO TRAUMÁTICA PLEXO BRAQUIAL

O presente relato se refere a um animal da espécie felina, fêmea, da raça


Bengal, de 2 anos e meio idade que vive em apartamento cuja sacada é telada. Tal
animal apresenta histórico de ter ficado com o membro torácico esquerdo preso na
tela após ter tentado caçar um passarinho. O proprietário alega que quando a gata
está sentada sobre os posteriores, o membro anterior esquerdo se apresenta
entortado. Após radiografia foi diagnosticado lesão do plexo braquial esquerdo e hiper-
flexão das articulações nos dígitos II, III, IV e V.

Depois de dois meses foi observado que o membro anterior direito também se
apresentava encurvado ao andar. O animal em questão sofreu lesão traumática do
plexo braquial, provavelmente devido á tração brusca do membro torácico, detectada
clinicamente. O diagnóstico final foi lesão leve do plexo braquial esquerdo, com
ruptura axonal e posteriormente uma segunda lesão que acometeu o plexo braquial
direito. Porém, devido a esse grau, ocorreu regeneração espontânea da área
lesionada. Após 5 meses de tratamento fisioterápico seguindo um protocolo de
exercícios de alongamento dos membros anteriores 3 vezes ao dia, associado com
uma tala adaptada, a gata voltou a andar normalmente. A fisioterapia foi recomendada
90

para acelerar o retorno da função dos membros, evitando-se atrofia, além de


recuperação da postura e locomoção.

FRATURA DA ESCÁPULA

Fraturas da escapula não tem grande ocorrência pela razão do osso ser envolto
por grandes músculos que fazem a sua proteção, quando há a fratura, geralmente são
observadas outras lesões ocorridas juntas, como lesões torácicas e fratura de
costelas. As fraturas são classificadas de acordo com o local em que a escápula foi
lesionada, o quão comprometido foi a superfície articular e as estabilidade. Para as
fraturas fechadas, o tratamento com bandagem de Velpeau e exercício adequado
deve ser o suficiente para a consolidação. Fraturas da superfície articular são mais
complicadas, tendo de ser tratadas com redução aberta, alinhamento anatômico e
fixação rígida da fratura.

Fraturas extra-articulares instáveis e intra-articulares são tratadas


cirurgicamente, com a fixação feita por placas, parafusos, que promovem uma fixação
mais estável, fio ortopédico e de Kirschner. Para a maneira da fixação deve ser levado
em consideração o local da fratura e o score de avaliação.

POLIDACTILISMO UNILATERAL INCOMUM EM EQUINO

A polidactilia é um defeito genético caracterizado pela duplicação parcial ou


completa de um dígito, sendo rara em equinos e sua causa ainda não foi esclarecida.
Entretanto, quando ocorre, está relacionada à má formação congênita da falange.

O relato abrange a observação de exames físico, radiográfico e


ultrassonográfico, a ocorrência de polidactilia unilateral, com características
incomuns, em um equino macho de nove anos de idade. O animal, com um histórico
de claudicação intensa, apresentava, desde o nascimento, divisão completa do dígito
do membro torácico direito, com simetria entre as duas porções distais. Ao exame
radiográfico, identificou-se a presença de dois dígitos separados e de dimensões
91

semelhantes, sendo esta uma manifestação incomum de polidactilia na espécie


equina.

O animal, macho inteiro, da raça Campolina, foi atendido no Setor de Clínica


Médica e Cirurgia de Grandes Animais do Hospital Veterinário da Univiçosa com um
histórico de claudicação e alteração física congênita do membro torácico direito. No
exame físico, observou-se escore corporal 2, comportamento e parâmetros vitais
normais. A alteração física consistiu na presença de dois dígitos completos, de
dimensões semelhantes, a partir da articulação metacarpofalangeana do membro
torácico direito, com hiperextensão das articulações interfalangeanas proximal e
distal. O animal apresentava deformidade dos cascos, com extensão das pinças,
limitação de movimentos distais à articulação metacarpofalangeana, hipotrofia
muscular em todo o membro e claudicação grau III. Ao exame radiográfico, nas
projeções dorsopalmar e lateromedial, identificou-se a presença de apenas um osso
III metacarpiano e dois sesamoides proximais, como em animais normais, mas as
falanges proximal, intermédia e distal, além dos sesamoides distais, apresentavam-se
em duplicata, formando dois dígitos separados; a mesma alteração foi observada na
projeção posteroanterior. As falanges evidenciavam deformidade e reações de
osteólise e proliferação óssea, principalmente na segunda falange, e sinais de fusão
nas articulações interfalangeanas proximal e distal.

O exame ultrassonográfico evidenciou a presença dos tendões flexores


superficial e profundo, ligamento acessório do tendão flexor digital profundo e
ligamento músculo-interósseo com características normais. Alterações
ultrassonográficas evidentes consistiram em áreas de maior ecogenicidade,
compatível com excesso de tecido conjuntivo fibroso e áreas hipo ou anecoicas
compatíveis com acúmulo de líquido e vasodilatação.

HEMIMELIA BILATERAL DE RÁDIO EM CANINO

Um canino, fêmea, sem raça definida, com 30 dias de idade e 1,3 kg,
apresentando deformidade nos membros torácicos desde o nascimento, sendo
observados sinais de claudicação e dificuldade de apoio, foi atendido no HOVET-
UFMT.
92

Em conversa com o proprietário, o mesmo relatou que a progenitora do animal


havia recebido contraceptivos durante o período da gestação, porém, os demais
filhotes da ninhada não apresentavam alterações aparentes. Ao exame físico foi
observado apoio lateral dos membros torácicos, que se apresentavam flexionados.

Foi realizado exame radiológico nas projeções craniocaudal e mediolateral de


membros torácicos e laterolateral de tórax, que revelou a ausência bilateral do rádio,
aumento da distância entre o carpo e a ulna, densidade óssea normal. Também foi
possível observar um discreto aumento do coração, este que se apresentava globoso.
A recomendação ao proprietário foi que mantivesse o animal em repouso até o
completo desenvolvimento ósseo para uma reavaliação e estabelecimento do
tratamento adequado.

Passados nove meses o animal retornou para reavaliação, pesando 8,9 kg. As
alterações encontradas no exame físico foram arritmias cardíacas, presença de calos
de apoio, atrofia muscular dos membros acometidos pela hemimelia e ausência de
dor á palpação. Um novo exame radiológico foi realizado e além da agenesia bilateral
dos rádios, observou-se também angulação acentuada da ulna direita e discreta da
ulna esquerda no sentido cranial, fusão dos ossos cárpicos das fileiras proximal e
distal, luxação escapuloumeral bilateral e presença de estrutura óssea com limites
bem definidos e formato retangular articulada com as escápulas.

Como os relatos do proprietário confirmavam uma boa qualidade de vida do


animal, optou-se pelo tratamento conservativo dos membros. A amputação não foi
cogitada, visto que a hemimelia se apresentava bilateralmente, forma raramente
encontrada em pequenos animais. Foi recomendada a castração e ambiente com piso
macio.

Possivelmente esta anomalia está relacionada a fatores hereditários,


ambientais ou a combinação de ambos, uma hipótese deste caso é a administração
de contraceptivos durante o período gestacional da progenitora do animal, já que
diferentes agentes teratogênicos como radiação, vacinas e drogas durante a gestação
podem tornar os filhotes vulneráveis a malformações congênitas. Outra possível
causa seriam defeitos vasculares, onde a vasculogênese precede normalmente a
condrogênese e a mielogênese, sugerindo que uma vasculogênese anormal, poderia
93

resultar na hemimelia, além de justificar a arritmia e as alterações na conformação


cardíaca apresentadas pelo paciente.

Como os casos de hemimelia são raros, existem poucos estudos sobre o


assunto. Daí a necessecidade de estudos mais aprofundados na área.
94

2.5. Região do Membro Pélvico

Fig. X –Regiões do membro pélvico. Vista lateral esquerda do membro pélvico.

O membro pélvico tem grande importância no organismo, principalmente na


locomoção e equilíbrio. O primeiro procedimento neste membro, foi a tricotomia para
pudéssemos fazer incisuras e iniciar as dissecações, após isso incisamos uma linha
na parte medial da perna. Após o rebatimento da pele, iniciamos a dissecação da
musculatura caudal da coxa onde há 4 músculos principais: músculo bíceps femoral,
o maior e mais evidente, músculo bíceps femoral que se insere na tuberosidade
calcanear. O músculo semitendineo, músculo semimembranáceo possui dois ventres
e o músculo abdutor crural caudal, é delgado, muito fino que se origina na
tuberosidade isquiática e se insere na margem cranial da tíbia.

Já na região da musculatura medial da coxa, dissecamos os adutores, m. sartório, que


apresenta uma porção cranial e uma caudal – duas fitas musculares, m. gráscio,
amplo e delgado e o m. pectíneo, músculo pequeno fusiforme, com tendão longo e
95

estreito. Na musculatura cranial trabalhamos com o músculo vasto lateral, vasto


medial e vasto intermédio, onde todas as porções têm inserção na tuberosidade da
tíbia e são inervados pelo nervo femoral.

Na região lateral do membro, limpamos e dissecamos músculos responsáveis pela


abdução do membro, como o músculo glúteo superficial, glúteo médio e o profundo
que é encoberto pelo glúteo médio, o qual foi incisado. Na musculatura cranial da
perna, encontramos os músculos: tibial cranial, extensor longo dos dedos, fibular
longo, extensor lateral do dedo e fíbular curto. Já na musculatura caudal da perna o
m. gastrocnêmio, m. flexor superficial dos dedos, tendão calcâneo comum, com
inserção na tuberosidade calcanear e o m. flexor profundo dos dedos fica aderido na
parte caudal da fíbula e se insere nos dedos.

2.5.1. Fichas Anatomotopograficas


2.5.1.1. Região da articulação coxofemoral/ da pelve

Estratigrafia Pelo, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), tecido


adiposo, fáscia muscular, músculos, veias, artérias, nervos,
96

periósteo, ossos, ligamentos, cartilagem articular, cápsula


articular, cavidade articular, líquido sinovial.
Limites Compreende a articulação sinovial do tipo esferoide
existente entre a fossa acetabular no o. coxal (limite dorsal)
e a cabeça do o. fêmur (limite ventral).
Vascularização A.circunflexa femoral lateral, a. glútea caudal, a. obturadora
V. circunflexa femoral lateral, v. glútea caudal, v. obturador
Linfocentros poplíteo e inguinal
Musculatura M. glúteo superficial, m. glúteo intermédio, m. glúteo
profundo, m. tensor da fáscia lata, m. bíceps femoral, m.
piriforme (apenas carnívoros), m. vasto lateral, m. vasto
medial, mm. gêmeos, m. quadrado femoral, m. obturador
externo, m. obturador interno, m. adutor
Osteologia Cabeça do o. fêmur e acetábulo do o. coxal
Inervação Nn. glúteos, n. femoral, n. isquiático

Componentes Ligamento da cabeça do fêmur, ligamento acessório da


articulares cabeça do fêmur (equinos)

2.5.1.2. Região da coxa


97

Estratigrafia Pelo, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), tecido


adiposo, fáscia muscular, músculos, veias, artérias, nervos,
periósteo e osso.
Limites De forma proximal, o limite dessa região encontra-se na
porção ventral dos oo. pube, ísquio e ílio, enquanto
distalmente se dá pela porção basal da patela. Cranialmente
nota-se a lâmina cranial do m. sartório e caudalmente o m.
semitendíneo.
Vascularização A.femoral, a. femoral caudal distal, a. femoral circunflexa
lateral, a. glútea caudal, a. femoral circunflexa lateral – ramo
descendente, a. circunflexa ilíaca superficial
V. femoral, v. femoral caudal distal, v. femoral circunflexa
lateral, v. glútea caudal, v. femoral circunflexa lateral –
tributária descendente, v. circunflexa ilíaca superficial
Linfocetros poplíteo e inguinal.
Musculatura M. vasto lateral, m. vasto intermédio, m. vasto medial, m. reto
femoral, m. sartório (lâminas cranial e caudal), m.
semitendíneo, m. membranáceo, m. abdutor crural caudal, m.
tensor da fáscia lata, m. grácil, m. adutor magno, m. adutor e
m. pectíneo.
Osteologia O. fêmur.
Inervação N. femoral, nn. femorais cutâneos caudal e lateral, n.
isquiático,

2.5.1.3. Região do joelho


98

Estratigrafia Pelo, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), tecido


adiposo, fáscia superficial, retináculos, ligamentos,
periósteo, osso, coxim patelar adiposo, cartilagem articular,
cápsula articular, meniscos, cavidade articular e líquido
sinovial.
Limites Da mesma forma que na região da articulação coxofemoral,
essa se restringe as articulações, neste caso, que existem
entre o o. patela e o o. fêmur (do tipo gínglimo) e também
entre o o. tíbia e o o. fêmur (do tipo condilar).
Vascularização A.descendente do joelho, a. safena
V. descendente do joelho
Linfocentro poplíteo
Musculatura M. bíceps femoral, m. sartório, m. semimembranáceo
Osteologia O. patela, oo. sesamoides do gastrocnêmico, epífise distal
do o. fêmur e epífise proximal do o. tíbia, além da cabeça
da fíbula.
Inervação N. safeno, n. cutâneo sural lateral, n. femoral

Componentes Ligamento patelar, ligamentos cruzados cranial e caudal,


articulares ligamentos colaterais medial e lateral, ligamento
intermeniscal.

2.5.1.4. Região da perna


99

Estratigrafia Pelo, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), tecido


adiposo, fáscia muscular, músculos, veias, artérias, nervos,
periósteo e osso.
Limites Cranialmente é delimitada pelo próprio o. tíbia, caudalmente
acompanha o tendão do calcâneo e o m. abdutor crural caudal.
A epífise proximal da tíbia e os maléolos delimitam essa região
em comprimento.
Vascularização A.tibial cranial, a. safena e a. tibial caudal (de forma
insignificante), a. poplítea
V. safena lateral e medial
Linfocentro poplíteo.
Musculatura M. gastrocnêmico, m. poplíteo, m. flexor digital superficial, m.
flexor digital profundo, m. fibular longo, m. tibial cranial, m.
bíceps, m. extensor longo dos dedos, cabeça lateral do m.
flexor profundo dos dedos, m. flexor superficial dos dedos, m.
abdutor crural caudal
Osteologia O. tíbia, o. fíbula, o. sesamóide poplíteo
Inervação N. isquiático, n. safeno, n. fibular, n. tibial, n. cutâneo sural
caudal e n. cutâneo sural lateral

2.5.1.5. Região do tarso


100

Estratigrafia Pelo, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


superficial, músculos, veias, artérias, nervos, periósteo,
ossos, retináculos, tendões e ligamentos.
Limites Delimitada pelos ossos do tarso. Na sua porção mais
proximal estão a tuberosidade do calcâneo, processo
coracoide (ainda no calcâneo) e tróclea do talo. Distalmente
encontra-se os ossos do tarso (1, 2, 3 e 4 – variável entre
as espécies).
Vascularização A.safena – ramos caudal e cranial, a. tibial cranial e a.
dorsal do pé
V. safena lateral – tributárias caudal e cranial, v. tibial
cranial e v. fibular
Linfocentro poplíteo
Musculatura M. fibular longo, m. extensor curto lateral e medial dos
dedos, m. interósseo, m. adutor do dedo V
Osteologia O. talo, o. calcâneo, o. central do tarso, o. társico 1, o.
társico 3, o. társico 4
Inervação N. fibular profundo, n. fibular superficial, n. plantar lateral e
n. plantar medial

Componentes Ligamentos colaterais lateral e medial


articulares

2.5.1.6. Região do metatarso


101

Estratigrafia Pelo, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


superficial, músculos, veias, artérias, nervos, periósteo,
ossos, tendões e ligamentos.
Limites Seus limites são as respectivas articulações que os oo.
metatársicos apresentam, com o tarso e com as falanges
proximais.
Vascularização A.tibial cranial, a. dorsal do pé, aa. metatársicas dorsais, aa.
metatársicas plantares
V. tibial cranial, v. safena lateral
Linfocentro poplíteo
Musculatura M. extensor longo dos dedos, m. interósseo, m. flexor
profundo dos dedos, m. flexor superficial dos dedos e m.
adutor do dedo V
Osteologia O. metatársico I, o. metatársico II, o. metatársico III, o.
metatársico IV e o. metatársico V
Inervação N. fibular profundo, n. fibular superficial, n. plantar lateral e n.
plantar medial

2.5.1.7. Região da articulação metatarsofalângica


102

Estratigrafia Pelo, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


superficial, músculos, veias, artérias, nervos, periósteo,
ossos, tendões e ligamentos.
Limites Compreende a região da articulação entre os oo.
metatársicos e as falanges proximais. Dorsal e
plantarmente estão os sesamóides dorsais e proximais,
respectivamente.
Vascularização A.tibial cranial, a. dorsal do pé, aa. metatársicas dorsais, aa.
metatársicas plantares, a. safena lateral
V. tibial cranial, v. safena lateral
Linfocentro poplíteo
Musculatura M. extensor longo dos dedos, m. flexor superficial dos
dedos, m. flexor profundo dos dedos, m. extensor lateral
dos dedos
Osteologia Epífise distal do oo. metatársicos II, III, IV e V, oo.
sesamóides dorsais, oo. sesamóides proximais e epífise
proximal das falanges proximais
Inervação N. fibular profundo, n. fibular superficial, n. plantar lateral e
n. plantar medial

Componentes Ligamentos colaterais lateral e medial


articulares

2.5.1.8. Região da articulação interfalângica proximal


103

Estratigrafia Pelo, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


superficial, músculos, veias, artérias, nervos, periósteo,
ossos, tendões e ligamentos.
Limites Assim como a anterior, resume-se no espaço de articulação
entre dois ossos, no caso as falanges proximal e média.
Vascularização A.safena, aa. digitais dorsais comuns, aa. digitais plantares
comuns
V. safena lateral, vv. digitais dorsais comuns, vv. digitais
plantares comuns
Linfocentro poplíteo
Musculatura M. extensor longo dos dedos, m. flexor superficial dos
dedos, m. flexor profundo dos dedos.
Osteologia Epífise distal da falange proximal e epífise proximal da
falange média.
Inervação N. digital dorsal comum II, III, IV e V

Componentes Ligamentos colaterais lateral e medial.


articulares

2.5.1.9. Região ungueal


104

Estratigrafia Unha, pelo, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), coxim


digital, periósteo e osso.
Limites Pode-se dizer que é uma das regiões mais periféricas do
animal, compreende a última falange e a unha ou casco – de
acordo com a espécie.
Vascularização Aa. digitais dorsais comuns, aa. digitais plantares comuns
Vv. digitais dorsais comuns, vv. digitais plantares comuns
Linfocentro poplíteo
Osteologia Falange distal
Inervação N. digital dorsal comum II, III, IV e V

2.5.1.10. Região poplítea


105

Estratigrafia Pelo, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), tecido


adiposo, fáscia muscular, músculos, veias, artérias, nervos,
periósteo e osso.
Limites Essa região compreende a porção caudal e proximal da
perna, delimitada pelos oo. tíbia e fíbula, além do m.
gastrocnêmico.
Vascularização A.poplítea, a. safena
V. poplítea, v. femoral caudal distal
Linfocentro poplíteo
Musculatura M. poplíteo, m. gastrocnêmico, inserção do m. semitendíneo
Osteologia O. sesamóide poplíteo, o. tíbia, o. fibula
Inervação N. fibular e n. tibial
106

2.5.2. Localização de Estruturas

Fig. X –Músculos e outras estruturas do membro pélvico. Vista medial do membro pélvico esquerdo.
107

Fig. X –Músculos e outras estruturas do membro pélvico. Vista caudal do membro pélvico.
108

Fig. X –Músculo e outras estruturas do membro pélvico. Vista lateral esquerda do membro pélvico.

2.5.3. Casos Clínicos

DIAGNÓSTICO RADIOGRÁFICO DAS DOENÇAS ARTICULARES PÉLVICAS DO


CÃO
A técnica radiográfica é usada rotineiramente para dar um diagnóstico com
maior precisão das doenças pélvicas em cães. A displasia coxofemoral e a necrose
asséptica da cabeça do fêmur são as que mais acomete essa região, apresentando
então características radiográficas e clinicas específicas. Segundo Froes (2011)
geralmente a necrose asséptica da cabeça do fêmur atinge os cães de raças
pequenas, e a displasia coxofemoral atinge cães de raças de médio a grande porte
(apud GAMBARDELLA, 1996, p.933-937; RISER, 1996,p.924-932).
109

De acordo com Froes (2011) a etiologia da necrose asséptica da cabeça do


fêmur não é definida muito bem. Esse processo pode começar de forma espontânea,
no entanto, alguns autores dizem ter caráter hereditária a causa. Mesmo sendo
contraditória a causa, como (trauma, infecção, anormalidades vasculares), as
alterações patológicas se devem a necrose isquêmica da epífise proximal do fêmur,
com isso há tamponamento dos vasos levando isquemia da região. Uma das
características clínicas há claudicação unilateral ou bilateral. Com isso o animal
apresenta-se com esse sinal clínico usualmente entre quatro a dez meses de idade.
Nos casos crônicos é observado uma atrofia muscular do membro afetado (apud
GAMBARDELLA, 1996).

Ainda de acordo com Froes (2011) as técnicas radiográficas mais utilizadas


são: o exame radiográfico convencional, e o exame radiográfico com o distrator
articular. Independente da técnica escolhida, é de suma importância e necessário à
anestesia geral, e sempre que possível administrar relaxadores musculares para o
melhor posicionamento correto do animal. Para que consiga um bom diagnóstico é
imprescindível um exame de boa qualidade radiográfico, com posicionamento ideal e
isso só de faz anestesiando mesmo o paciente (apud ALLAN, 2007; SMITH &
GREGOR, 1993).
Neste estudo algumas imagens de casos de displasia coxofemoral e necrose
asséptica da cabeça do fêmur foram mostradas, para ressaltar a importância do
exame radiográfico nesses acometimentos do membro pélvico.

LUXAÇÃO BILATERAL CONGÊNITA DE PATELA

Um espécime bovino, do sexo feminino, com 18 dias de idade e da raça Jersey,


foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia -Universidade de São Paulo. Sua história clinica relatava que o animal
nascera de parto não acompanhado, apresentando dificuldade de se manter em
estação desde o nascimento, devido a um problema nos membros posteriores. Foram
feitas tentativas de tratamentos medicamentosos, porém não houve resposta
satisfatória.
110

No momento da admissão, a avaliação geral do animal demonstrou ausência


de alterações das funções vi tais e do apetite, Ao exame físico foi possível observar a
incapacidade do animal de sustentar-se em estação, mantendo-se somente em
decúbito esternal com os membros posteriores dispostos lateralmente e fletidos. Ao
posicionar o bezerro em estação com auxilio, notava-se o encurvamento acentuado
da coluna, com rebaixamento da porção pélvica, manutenção dos membros
posteriores com marcada flexão da articulação fêmur-tíbio-patelar e apoio em pinça.
Além disso, apresentava clara atrofia de musculatura dos membros e incapacidade
de deambulação. Na palpação dos membros posteriores verificou-se mobilidade
anormal nas articulações coxo-femoral e fêmur-tíbio-patelar. Nesta última, foi possível
promover movimento de lateralidade das patelas, redutíveis pela extensão dos
membros, com retomo à posição anormal quando se lhes fazia a flexão. Ao exame
radiográfico, observou-se posicionamento ectópico da patela confirmando o
diagnóstico e, portanto, a presença da luxação lateral da patela em ambos os
membros posteriores.

Realizou-se o tratamento cirúrgico por meio da fixação da patela, usando-se a


técnica de sulcoplastia. No período pós-operatório notou-se a impossibilidade de o
animal realizar movimentos completos de flexão e extensão da articulação fêmur-tíbio-
patelar. Diante da incapacidade do paciente de manter-se em posição quadrupeda e
realizar a adequada deambulação, optou-se pela eutanásia. Da mesma forma que foi
relatado por Leitch e Kotl ikoff (1980), a idade jovem do animal afetado com o
acometimento de ambos membros posteriores confirmam a origem congênita do
problema. A posição de agachamento (sentado sobre os membros posteriores) e a
dificuldade de se manter em estação apresentados pela bezerra afetada foram
também descritas por Leitch e Kotlikoff(1980), demonstrando que a lesão ocorreu
bilateralmente. A palpação, que permitiu a detecção dos movimentos de lateralidade
da patela, associada aos achados clínicos já descritos, permitiram a caracterização
do quadro de luxação de patela com o seu deslocamento lateral, completo e
permanente.

O exame radiográfico complementou a avaliação física, confirmando o


diagnóstico e auxiliando na identificação dos contornos ósseos para a realização do
procedimento cirúrgico. Segundo Arighi e Wilson (1993) a cirurgia para zx
csacorreção da luxação de patela pode ser feita utilizando-se procedimentos de
111

estabilização (mais frequentes) ou reconstrutivos, como o efetuado no presente relato


pelo uso da técnica da sulcoplastia da tróclea femoral. Este último método também é
citado por outros autores como Leitch e Kotlikoff (1980) e, mais recentemente, por
Ducharme (1996), que destacam que procedimentos que envolvem intervenção em
estruturas ósseas apresentam resultados pouco satisfatórios quando comparados
àqueles que envolvem procedimentos em tecidos moles. Apesar de Garlick e
Thiemann (1993) terem obtido bons resultados em um potro com luxação bilateral de
patela, no presente relato os resultados alcançados com a cirurgia utilizando a técnica
da sulcoplastia foram insatisfatórios, uma vez que não se verificou a recuperação dos
movimentos de extensão e flexão, assim como a boa qualidade de deambulação, que
representariam o sucesso do procedimento.

CONTRATURA DO QUADRÍCEPS

A contratura existe quando a estrutura da unidade músculo-tendão normal


acaba sendo substituída por tecido fibroso, gerando o encolhimento funcional do
músculo ou tendão em questão. E causando o movimento incomum nas articulações
adjacentes. A contratura do quadríceps é observada geralmente após a cirurgia de
fratura distal do fêmur em cães jovens, causada pela estabilização inadequada da
fratura, trauma de tecido em excesso na cirurgia e/ou imobilização do membro
prolongado com o joelho.

Essa miopatia é possivelmente consequência da associação de trauma


muscular, formação de calo ósseo rápido e imobilização de membros, uma solidez
muscular se progride pelo fator de ter aderências fibrosas entre os quadríceps e os
calos da fratura, há ainda a produção de aderências entre a cápsula da articulação e
do fêmur distal, restringindo a utilização dos membros e gerando atrofia do
quadríceps. Caso a doença esteja mais evoluída, há atrofia óssea, da cartilagem do
joelho, fibrose intra-articular e ocasional análise da articulação do joelho. A contratura
do quadríceps pode ser desenvolvida de 5 a 7 dias depois da imobilização em
extensão, sendo assim a prevenção deve ser feita, após essa imobilização, em 24
horas da cirurgia da fratura do fêmur distal. Para o tratamento deve-se adicionar
amplitude de movimento passivo diversas verses durante o dia, crioterapia e
massagem para diminuição do edema. Os exercícios para incentivar o suporte do
112

peso podem iniciar em torno de 3 dias depois da cirurgia, contendo caminhada com
coleira e terapia aquática.

ESTENOSE GRAVE DO CANAL PÉLVICO TRATADO COM HEMIPELVECTOMIA


PARCIAL BILATERAL EM CÃO

Foi atendido pelo setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais do Hospital


Veterinário Governador Laudo Natel da Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias/UNESP -Campus de Jaboticabal, um cão, poodle, fêmea, de sete meses
de idade e 3,9 kg, com histórico de acidente automobilístico, o proprietário relatou que
no dia anterior o animal havia sido atropelado, e desde então não se locomovia.

No exame físico foi constatada a presença de fratura de pelve por meio de


palpação, também notou-se a presença de lesão no nervo isquiático em membro
pélvico esquerdo, por ausência do reflexo flexor de retirada, além de presença no
mesmo membro de nocicepção profunda na face medial do membro e ausência da
mesma na face lateral.

O exame radiográfico foi realizado nas projeções ventrodorsal e laterolateral na


pelve, com isso foi possível constatar a presença de fratura bilateral múltipla de pelve
grave. Foi realizado também exame ultrassonográfico, para avaliação dos órgãos
internos, mas foi constatada apenas a presença de fezes nos intestinos. Devido a
gravidade do quadro clínico o animal foi submetido também a exame radiográfico
contrastado (enema baritado), para comprovar a integridade da porção final do
intestino grosso. O tratamento ambulatorial do paciente no mesmo dia foi composto
por fluidoterapia com ringer lactato, cloridrato de tramadol 4 mg/kg/IV, cefazolina 30
mg/kg/IV e ranitidina 2,2mg/kg/IV. Também foi realizada a passagem de sonda uretral,
para que fosse possível retirar a urina. Foram feitas dosagens de alanina
aminotransferase (ALT) e creatinina, além de hemograma e avaliação cardiológica.
Os parâmetros fisiológicos estavam dentro do considerado normal para a espécie.

A cirurgia para correção de pelve foi realizada no dia seguinte. O protocolo


anestésico foi composto por morfina 0,5 mg/kg/IM como medicação pré-anestésica,
indução anestésica com propofol/IV (dose-efeito) e manutenção com isoflurano diluído
em oxigênio. Depois de adequada tricotomia, o paciente foi posicionado na mesa
113

cirúrgica em decúbito lateral direito e foi realizada antissepsia do campo operatório


com gluconato de clorexidine a 2% e álcool a 70%, seguida de fixação dos campos
cirúrgicos.

O corpo ilíaco direito foi reduzido e seis parafusos foram inseridos sendo quatro
no fragmento ilíaco proximal e dois no distal. Ato contínuo a fratura foi reduzida e
colocado cimento (polimetilmetacrilato PMMA) sobre os parafusos. Para minimizar o
termo necrose óssea conduzida pelos parafusos utilizou-se solução fisiológica
refrigerada. A síntese muscular e subcutânea foi realizada com fio absorvível
monofilamentado em padrão simples interrompido e zigue zague respectivamente. No
tecido cutâneo utilizou-se padrão simples separado com fio inabsorvível sintético
(náilon).

O animal foi reposicionado na mesa cirúrgica em decúbito lateral esquerdo e


da mesma forma como já descrito para o antímero direito, foi realizado o
procedimento, diferindo apenas na quantidade de implantes.

No pós-operatório, foi realizada a terapia sistêmica com cloridrato de tramadol


4mg/kg/8 horas/10 dias/VO, lisador 1 gota/kg/8 horas/ 10 dias/VO e ranitidina 2,2
mg/kg/12 horas/10 dias/VO. No exame radiográfico pós-operatório pode-se observar
um bom alinhamento e redução do foco de fratura. A troca de curativos foi realizada
pelo proprietário, devidamente orientado fez a limpeza e troca de curativo três vezes
ao dia.

Segundo o proprietário, passados 12 dias da cirurgia o animal já deambulava


normalmente com o membro pélvico direito, o que não ocorria com o membro pélvico
esquerdo, isto por consequência do comprometimento neurológico.

Dois meses após o procedimento, o proprietário relatou que o animal tentava


defecar, mas não apresentava normoquesia e normoúria e negou qualquer histórico
de novo trauma. No exame clínico foi possível observar certa lateralização para o lado
direito. O paciente foi submetido a um novo exame radiográfico contrastado, e neste
foi possível visualizar cólon descendente e reto repletos de conteúdo fecal. Também
foi possível observar desvio do ílio direito para o lateral esquerda e ílio esquerdo para
medial de forma que o canal pélvico estava estenosado.
114

Deste modo optou-se por uma nova cirurgia, denominada hemipelvectomia


parcial caudal bilateral. Utilizando-se do mesmo protocolo anestésico da primeira
cirurgia.

O animal foi colocado em decúbito dorsal e a antissepsia realizada como


descrito no primeiro procedimento. Após colocação dos panos de campo incisou-se a
pele paralela à sínfise púbica. Os músculos ventrais ao púbis foram rebatidos e os
forames obturadores identificados. Na hemipelve direita realizaram-se duas
osteotomias com auxílio de serra oscilatória pneumática. A primeira osteotomia foi
realizada no púbis próximo ao acetábulo, a segunda no ísquio caudalmente ao
acetábulo. Os remanescentes ósseos foram divulsionado com parcimônia dos tecidos
moles devido à intensa fibrose local. Na hemipelve esquerda a osteotomia foi feita no
ílio, cranialmente ao acetábulo. Ato contínuo, a ligamento da cabeça do fêmur foi
rompido e assim como no lado direito após delicada divulsão, os fragmentos ósseos
foram removidos. Optou-se pela remoção do acetábulo e a colocefalectomia pelo
mesmo acesso em detrimento ao desvio do acetábulo para o canal pélvico, e também
devido ao membro já estar afuncional devido à lesão isquiática.

Após contatação da normalidade do trânsito fecal pelo canal pélvico, deu-se


início a síntese, a linha alba e o subcutâneo foram suturados com fio absorvível
sintético monofilamentado em padrão simples interrompido e zigue zague
respectivamente. No tecido cutâneo utilizou-se padrão simples separado com fio
inabsorvível sintético (náilon). As camadas teciduais do acesso da hemipelvectomia
seguiram de forma idêntica ao acima citado.

No atendimento de retorno, o proprietário relatou que o paciente já apresentava


melhoras significativas, como por exemplo, defecação e micção com facilidade,
também deambulava com o membro pélvico direito normalmente, porém continuava
com impotência funcional do esquerdo.

SÍNDROME DA CAUDA EQUINA EM CÃO

O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso de um cão, macho, boxer,
10 anos, 32 kg, atendido no Hospital Veterinário. O animal perdeu a força nos
membros posteriores, e a incapacidade de realizar a posição de defecação. No exame
115

neurológico constatou-se paresia ambulatória proprioceptiva, déficit de propriocepção


em membros posteriores direito e esquerdo, teste de saltitar diminuído em membros
posteriores, fraqueza muscular com leve atrofia em membros posteriores, sem
alteração em nervos cranianos.

Na região lombossacra, foi observada espondilose deformante e esclerose de


placas terminais vertebrais entre L7-S1 e espondilose deformante entre T12- 13, L1-
2 e L2-3. Constatou-se espondiloses ventrolaterais deformantes entre L7-S1
promovendo a diminuição dos forames intervertebrais, mais acentuadamente a direita
com processo degenerativo dos corpos vertebrais, espondilose ventrolateral
deformante entre T12-13, L1-2, L2-3, L3-4, L6-7 com processo degenerativo dos
corpos vertebrais.

O tratamento conservativo a base de cloridrato de tramadol, dipirona,


predinisona, gabapentina e amitriptilina. Solicitou-se retorno do animal após 30dias do
início do tratamento associado à fisioterapia.
116

2.6. Região da Cauda e Períneo

A cauda, ou rabo, é um prolongamento na parte posterior do corpo de


muitos animais. Naqueles que têm espinha dorsal, a cauda é uma extensão da
espinha e tem ossos. Em animais sem espinha dorsal, a cauda não possui ossos.
Existem varias utilidades para a cauda, como locomoção e proteção por exemplo.

Na dissecção realiza-se um corte na linha mediana da cauda, e também um


corte circular na metade dela, para a pele ser rebatida, após feito isso deve se limpar
os músculos, veias e artérias retirando a gordura.

O períneo é a região do tronco situada caudalmente a pelve, é uma região


ímpar e compreende uma série de planos que fecham caudalmente a pelve e rodeiam
o canal anal e o urogenital. Para a obstetrícia compreende a massa
musculoconjuntiva, situada entre o ânus e a vulva. Compreende as porções finais do
trato digestório e urogenital.

Foram feitas incisões na linha mediana ventral, a qual se estendeu dorsalmente


a perna até próximo a região do ânus, onde foi realizada uma incisão circundando-o.
Feito isso, iniciou-se o rebatimento da pele, e retirada da tela subcutânea a fim de
evidenciar os músculos, bem como a vascularização sanguínea existente.
Dorsalmente ao ânus seguiu-se a incisão que prosseguiu ventral a cauda, para que
nela também fosse possível a visualização de músculos, e da porção final da medula
denominada cauda equina.
117

2.6.1. Fichas Anatomotopograficas


Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia
muscular, músculo, vértebras caudais, nervos, vasos
sanguíneos e linfáticos.

Limites Cranialmente delimita-se com a região sacral, na primeira


vertebra caudal (cd1), caudalmente ao fim da cauda.

Vascularização A.caudal lateral

V. caudal lateral

Linfonodo sacrais

Musculatura M. coccígeo, m. elevador do ânus, m. esfíncter anal externo,


m. intertransversários dorsais da cauda, m. retrococcígeo, m.
sacrocaudal ventral, m. sacrocaudal ventral lateral

Osteologia Vértebras caudais

Inervação N. sacral
118

2.6.2. Localização de Estruturas

Fig. X –Músculo e outras estruturas da cauda. Vista dorsal da cauda.

2.6.3. Casos Clínicos

ESTENOSE LOMBOSSACRA DEGENERATIVA

A estenose lombossacra degenerativa (ELD) é um transtorno compressivo da


cauda equina ocasionado pela protrusão dos tecidos de sustentação (anel do disco
intervertebral, cápsula dos processos articulares, ligamento interarqueado) para o
interior do canal vertebral. Cães com ELD têm sacralização da vértebra lombar,
quando a vértebra L7 manifesta regularmente um aspecto segmentado como a do
sacro, e lombarização, quando o sacro apresenta semelhanças as vértebras
lombares. As vértebras com malformação que têm características de dois tipos
vertebrais diferentes são chamadas de vértebras de transição.
119

A patogênese da ELD causa uma degeneração tipo II e a protrusão


subsequente do disco intervertebral L7-S1 para o interior do canal vertebral. Com
regularidade encontra-se outras variações degenerativas na junção lombossacra,
indício de um desequilíbrio crônico. Algumas modificações degenerativas também
podem desencadear a compressão da cauda equina como o colapso do espaço do
disco intervertebral em L7/S1 e a subluxação das facetas articulares de L7/S1; o
aspecto craniodorsal do sacro pode ser deslocado ventralmente ao aspecto
caudodorsal da vértebra L7; hipertrofia e invaginação do ligamento interarqueado e
pode haver hipertrofia das estruturas de tecido mole e a formação de osteófitos em
associação aos processos articulares de L7/S1.

Não há razão explicada para a ELD, mas em cães de raças grandes, como o
Pastor Alemão, vértebras de transição na junção lombossacra foi relacionado ao
desenvolvimento da ELD, sendo que cães com vértebras de transição tem oito vezes
mais chances de ter ELD do que cães sem essa condição nas vértebras.

Como tratamento da ELD, é realizada uma terapia clínica composta de repouso


forçado e medicação anti-inflamatória/ analgésica, indicada para cães com sinais
únicos de hiperestesia. A cirurgia é a alternativa quando o paciente apresenta déficits
neurológicos e quando a dor persiste após a terapia não cirúrgica. A cirurgia é feita
com a técnica de laminectomia dorsal sobre o espaço intervertebral L7/S1, com
frequência junto à remoção do tecido mole hipertrofiado. Caso necessite, procede-se
ao alargamento do forame intervertebral L7/S1 ou retirar as facetas articulares se for
evidente a compressão da raiz nervosa L7.

CAUDECTOMIA PARCIALTERAPÊUTICA EM CÃO COM MIÍASES RECORRENTES

Segundo Cezario et al. (2017) a caudectomia é uma técnica utilizada há quase


dois mil anos em algumas raças de cães, pois de acordo com a opinião geral da
população é que impediria a raiva, e alegavam que a amputação da cauda poderia
ser de grande valia para aumentar a velocidade, fortalecer as costas e evitar que
fossem mordidos durante lutas (apud Morton,1992). Ainda de acordo com Cezario et
al. (2017) no Brasil a caudectomia foi proibida para fins estéticos, além de ser
considerada multilação, mas em casos de indicação clínica terapêutica é permitida
(apud BRASIL,2008).
120

Foi atendido na Clínica Escola da Universidade Tuiuti do Paraná, um macho da


raça Dogue Alemão, 52 kg, de três anos de idade com histórico de lesões devido a
traumas repetitivos e miíases recorrentes na cauda há aproximadamente dois anos.
Com isso animal foi encaminhado para o serviço de cirurgia da mesma clinica para
realizar o procedimento de caudectomia parcial terapêutica. No procedimento
terapêutico foi realizada a tricotomia e pré-antissepsia, o animal foi posicionado em
decúbito ventral. Foi realizado torniquete cranial para reduzir o sangramento, em
seguida foi feita a incisão de pele em formato de “V” na região dorsal e ventral de
cauda proximal, divulsionando o subcutâneo até uma articulação cranial à incisão,
ligadura das quatro artérias da cauda e a desarticulação das vértebras, sutura de
aproximação em padrão Sultan na musculatura. Após o procedimento foi
recomendado o uso do colar elisabetano, além da limpeza do local da cirurgia e
medicação pós-operatória.

Diante deste estudo, fica claro a importância da caudectomia quando é


indicada e realizada terapeuticamente para o bem-estar do animal, e prevenindo
miíases na região da cauda como neste relato de caso.

HIPOSPADIA PERINEAL EM UM CÃO- RELATO DE CASO

Em atendimento no Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal


do Rio Grande do Sul (HCV-UFRGS), um canino, macho, sem raça definida, 8kg, com
histórico de suspeita de hermafroditismo e presença de um orifício, logo abaixo do
ânus, pelo qual urinava. Incontinências e infecções urinárias, bem como interesse
sexual diante de fêmeas da mesma espécie, também foram relatadas pela
proprietária.

Foi observado no exame físico, um meato uretral localizado ventralmente ao


ânus, além de severas alterações no prepúcio, escroto e pênis, este último
apresentava-se subdesenvolvido e com desvio ventral, o prepúcio estava incompleto
na região ventral, e o escroto estava dividido.

O canino foi submetido a exames de triagem, tais como: hemograma completo,


que apresentou discreta leucocitose, os demais parâmetros mantiveram-se dentro dos
valores de referência; A urinálise realizada evidenciou infecção no trato urinário
inferior, pelo acentuado número de leucócitos e bactérias visualizados no exame do
121

sedimento; Testículos ectópicos no subcutâneo e ausência de alterações nos demais


órgãos abdominais inspecionados foram constatados na ecografia abdominal,
também não foi visualizado tecido ovariano, e como o paciente não apresentava sinais
clínicos compatíveis com a patologia da qual a proprietária suspeitava, descartou-se
a possibilidade de se tratar de um caso de hermafroditismo; A uretrocistografia
retrógrada, com contraste positivo, confirmou a ausência de uretrapeniana
cranialmente ao seu meato próximo ao orifício anal.

Com a confirmação de hipospadia perineal, o paciente foi encaminhado para a


realização dos procedimentos cirúrgicos de amputação peniana e prepucial total, e de
orquiectomia dos testículos retidos no subcutâneo.Não ocorreu realização de
uretrostomias.

O paciente obteve excelente recuperação no pós-operatório, recebendo


antibioticoterapia, analgésicos, anti-inflamatório e limpezas diárias dos pontos e da
região perineal. Após 10 dias o animal retornou ao hospital para revisão clínica e
remoção dos pontos cutâneos. Passados 30 dias, foi feita uma nova revisão clínica e
o paciente apresentou completa cicatrização da ferida cirúrgica.

LESÃO EM EXTREMIDADE DE CAUDA EM BOVINOS NELORE MANEJADOS EM


SISTEMA SILVIPASTORIL

Este relato de caso tem por objetivo descrever um caso clínico de perda de
extremidade de cauda em bovinos Nelore na cidade de Sertanópolis/PR, pertencente
à região metropolitana de Londrina, aos 23º 03' 31"S, e 51º 02' 11"W, altitude de 361
m e clima subtropical úmido, apresentando chuvas bem distribuídas durante o ano,
verões quentes e invernos secos (IBGE, 2016). No dia 29/03/2015, início do outono,
86 animais foram manejados de uma área de pastagem exclusiva de Urochloa
brizantha para outra área de sistema silvipastoril (consórcio Urochloa brizantha e
Eucalyptus sp) com 45,6 hectares e sem divisão. No dia 02/04/2015, quatro dias após
entrada na pastagem, observou-se dois animais sem a extremidade da cauda (perda
da vassoura da cauda), e quatro dias depois (06/04/2015, oito dias após a entrada
dos animais na pastagem) mais quatro animais apresentaram lesões de cauda,
totalizando seis animais afetados. Nenhum outro sinal clínico foi observado nos
animais acometidos. Neste momento optou-se por retirar os animais da referida
pastagem. Os animais acometidos foram tratados, por 3 dias, com tintura de iodo a
122

10% para a cauterização dos tecidos vivos e hemorrágicos e após este período, 2
animais que ainda apresentavam hemorragias recorrentes passaram por um processo
de caudectomia parcial. Após a retirada dos animais da pastagem, nenhum animal
novo foi observado com sinal clínico.

O sistema integrado de produção silvipastoril, com espécies de eucalipto em


ambiente de pastagem, gera um microclima que propicia o crescimento do cogumelo
Ramaria flavo-brunnescens, que é tóxico ao ser ingerido pelos animais, podendo
causar uma enfermidade chamada de “mal do eucalipto”. Nos últimos anos, os
sistemas integrados de produção, como o silvipastoril, vêm se difundindo
grandemente por todo o Brasil. O cogumelo R. flavo-brunnescens somente vegeta em
áreas com a presença de eucalipto, durante os meses de janeiro a junho, o que
determinou o nome da enfermidade (“mal do eucalipto”) e sua ocorrência sazonal.
Embora esta enfermidade seja bastante conhecida no Rio Grande do Sul, sua
ocorrência na região norte do Paraná ainda não havia sido relatada. O princípio ativo,
embora não identificado, é descrito como acumulativo, podendo provocar hiperemia
da borda coronária do casco e da conjuntiva ocular, hifema e opacidade da córnea,
arrasamento do epitélio lingual, além da perda dos pêlos da extremidade da cauda
(Barros, 2005). Alguns animais perdem o estojo córneo dos cascos e chifres, podendo
também apresentar aborto (Santos, 1993). Em decorrência do aparecimento agudo
dos sinais clínicos e de suas características, este caso pode se tratar de intoxicação
por Ramaria sp, servindo de alerta aos profissionais da área veterinária, pois até o
momento não há relato do “mal do eucalipto” na região norte do Paraná.

CAUDECTOMIA COMO CAUSA DE ABSCESSO EM COLUNA VERTEBRAL EM


OVINOS

O caso trata-se da morte de três ovinos do cruzamento das raças Texel com Sulfolk,
entre 30 a 45 dias de vida, sendo dois machos e uma fêmea. Ocorreu no município
de Caarapó, Mato Grosso do Sul, na fazenda Recreio no mês de agosto de 2015.
Foram realizadas técnica de caudectomia por anel de borracha. Três semanas após
a colocação dos anéis, três ovinos dois machos e uma fêmea, apresentaram um
comportamento diferente de outros. Após a queda da cauda, desenvolveu-se uma
ferida com exposição da porção caudal da coluna vertebral.

Segundo o proprietário três ovinos apresentaram dificuldade em caminhar,


desequilíbrio do trem posterior, febre, anorexia, emagrecimento seguindo de não
conseguir se manter em pé e óbito. Foi feito o tratamento sintomático com o uso de
antibiótico Oxitetraciclina- 52 A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e
Agrárias Produção/construção e tecnologia, edição especial, 2018 Terramicina LA, na
123

dose de 1 ml para cada 10kg de peso vivo. Aplicado duas doses com intervalo de três
dias, sem resultados esperados. Um dos animais foi levado ao departamento de
patologia da Unigran (Centro Universitário da Grande Dourados) para ser feito a
necropsia, na qual foi encontrado o abcesso na coluna vertebral.

2.7. Região da Cavidade

Fig. X –Cavidade aberta. Vista lateral esquerda.

A importância da cavidade para manutenção da vida é notória, visto que ela


abriga importantes órgãos, dentre eles órgãos vitais como coração e pulmões. Seus
limites laterais são as costelas juntamente com músculos intercostais internos e
externos, seguindo mais caudalmente, já no abdome propriamente dito, seu limite é o
flanco do animal, composto pelos músculos transverso do abdome, oblíquos
abdominais interno e externo e grande dorsal. Seu limite caudal é a própria pelve
óssea.
124

A cavidade comporta as vísceras que fazem parte dos sistemas


cardiorespiratório, digestório, linfático, nervoso e também urogenital. Assim sendo,
pode-se concluir que o conjunto de tórax e abdome dá origem ao que conhecemos
como cavidade. Seus limites laterais são bem vascularizados, para garantir um bom
fluxo sanguíneo. Sua inervação interna é composta por nervos calibrosos.

Evolutivamente os animais possuem uma grande vantagem quando


comparados ao ser humano, a qual permitiu que os animais conseguissem proteger
mais a cavidade, deixando a parte que é protegida apenas por musculatura em sua
face ventral. Diferentemente do que acontece no ser humano, onde as paredes
cavitárias ficam todas expostas oferecendo um maior risco a vida do indivíduo.
125

2.7.1. Fichas Anatomotopograficas

Estratigrafia Pelos, pele (epiderme, derme e tela subcutânea), fáscia


muscular, músculos, peritônio, pericárdio, pleura, vasos,
nervos, glândulas, vísceras.

Vascularização A.aorta, aa. Mesentéricas, aa. intercostais, a. ilíaca externa,


a. renal, a. ilíaca circunflexa profunda, a. subclávia, aa.
vertebrais, a. carótida comum

Vv. vertebrais, v. cava cranial vv. intercostais, v. ilíaca


externa, vv. mesentéricas, v. costocervical, v. renal, v. ilíaca
circunflexa profunda

Musculatura M. diafragma, mm. Intercostais internos, m. psoas maior, m.


ilíaco

Osteologia O. esterno, vértebras torácicas, costelas, vértebras lombares

Inervação Nn. Intercostais, n. vago, n. frênico

Vísceras Pulmão, coração, estomago, baço, fígado, rins, intestino


Específicas delgado, intestino grosso, ureteres, vesícula urinária, vesícula
biliar, omento maior e omento menor Lig. gastroesplênico, lig.
hepatoesplênico, lig. vesical mediano, ligg. vesical laterais,
ligg. redondo da vesícula, lig. falciforme, ligg. triangulares
direito e esquerd, ligg. coronário direto e esquerdo, lig.
hepatorenal, lig. hepatogástrico, lig hepatoduodenal
126

2.7.2. Casos Clínicos

HIPERPLASIA MAMÁRIA

Uma gata, siamesa, com nove meses de idade, nulípara e peso de 2,8 kg, foi
apresentada com histórico de redução do apetite e aumento de volume de todas
cadeias mamárias. Segundo a proprietária, o crescimento do tecido mamário iniciou
dois dias após a administração de uma única dose, de um mL, via subcutânea, de um
contraceptivo à base de acetato de medroxiprogesterona. As glândulas mamárias
aumentaram progressivamente até um mês após a aplicação do contraceptivo. O
animal foi submetido ao exame clínico de rotina e no sistema reprodutor foram
enfatizadas as glândulas mamárias, observando os parâmetros relacionados a
localizações das lesões, dimensões, consistência, sensibilidade dolorosa, secreções
e alterações cutâneas.

Em virtude da anamnese e do exame físico, foi estabelecido o diagnóstico


presuntivo de hiperplasia mamária. Coletou-se amostra sangüínea para a confecção
de hemograma completo e dosagem sérica de progesterona. Contudo, não foi
possível a execução de biópsia incisional do tecido mamário. Optou-se pela realização
de protocolo terapêutico com a administração de antiinflamatório não-esteroidal
(meloxicam, 0,1mg/kg, a cada 24 horas, durante quatro dias, via oral) e aplicações
tópicas, a cada 12 horas, durante cinco dias, de gel com ação analgésica,
antiinflamatória e antiedematosa, à base de cloridrato de lidocaína, prednisolona,
solução de escina e dimetilsulfóxido (DM-Gel®, Vetnil, Louveira, SP). Em seguida,
realizou-se a terapêutica específica, com o antiprogestágeno aglepristone (Alizin®,
Virbac Saúde Animal, São Paulo, SP), 10mg/kg, a cada 24 horas, durante cinco dias,
via subcutânea. A administração do fármaco foi realizada lentamente na região
escapular, alternando os locais de aplicação. Para melhorar a difusão do produto, em
virtude do seu veículo oleoso, seguiu-se massagem local depois da injeção do
medicamento.

O animal foi examinado semanalmente e posteriormente submetido à


ovariossalpingo-histerectomia. Durante a avaliação das glândulas mamárias,
127

constatou-se hiperplasia simétrica em todas as cadeias. Essas possuíam consistência


firmeelástica, sinais cardeais do processo inflamatório (como hiperemia, hipertermia,
edema, sensibilidade dolorosa), além de cianose e telangiectasia local. Não foram
observadas áreas de ulceração e/ou necrose, porém verificou-se uma região de
erosão na glândula torácica esquerda. A compressão manual do tecido mamário
demonstrou ausência de secreção. O felino em questão também apresentou sinais de
desconforto, dificuldade de locomoção, estado nutricional ruim, apatia e acentuada
hiporexia. A dificuldade de deambulação provavelmente era decorrente do extenso
volume mamário, que pode chegar a quase um terço do peso total do animal
(VASCONCELLOS, 2003). Em situações extremas, o animal não consegue
permanecer em estação (SOUZA et al., 2002).

Os sinais clínicos inespecíficos, como apatia e hiporexia, já foram observados


por outros autores (MACDOUGALL, 2003; LORETTI et al., 2005) e provavelmente
estariam relacionados da dor decorrente da inflamação associada à hiperplasia
mamária. Os valores hematológicos e da progesterona sérica encontravam-se
normais. A normalidade do nível da progesterona é explicada pelo fato de as
concentrações séricas desse hormônio estarem aumentadas apenas em cerca de 1/3
das gatas acometidas. Portanto, esse não é um método diagnóstico sensível para a
hiperplasia mamária felina. Por ocasião do diagnóstico, esse indicador
freqüentemente está normal (NORSWORTHY, 2004). Não se realizou biópsia
incisional, em virtude da morbidade em que se encontrava o paciente, além do quadro
clínico ser bastante sugestivo de hiperplasia mamária. Essa justificativa fundamenta-
se na explicação dada por JONHSTON et al. (2001), de que a biópsia de hipertrofia
mamária difusa em gatas jovens, usualmente, não é recomendada, porque o histórico,
o exame físico e sinais característicos confirmam o diagnóstico. Após terapia
sintomática, à base de antiinflamatório e de analgésico, o animal apresentou
normorexia e discreta regressão do volume mamário e consistência mais elástica,
uma vez que houve redução dos sinais da inflamação. Porém, a hiperplasia mamária
persistia. Por isso, foi iniciado o tratamento com o aglepristone. Conforme SOUZA et
al. (2002), de modo geral, o tratamento para gatas afetadas por hiperplasia mamária
consiste na retirada do estímulo hormonal, seja endógeno ou exógeno, através da
ovariossalpingo-histerectomia ou suspensão do medicamento à base de
progesterona. Porém, a maioria dos contraceptivos administrados nos felinos é de
128

depósito, como o acetato de medroxiprogesterona, que pode manter efetivo o seu


nível sérico por seis meses (LORETTI et al., 2005). E pelo fato de raramente ocorrer
involução espontânea da hiperplasia mamária, torna-se fundamental a administração
de fármacos antiprogestágenos, como o aglepristone. Já a partir do terceiro dia da
administração do medicamento, observou-se que a glândula mamária mostrava-se
flácida, com consistência mais elástica e menor volume em relação aos dias
anteriores. Também se constatou maior distância entre os pares de glândulas
mamárias hiperplásicas, uma vez que, antes do início do tratamento, a distância entre
eles correspondia apenas a discretos sulcos.

No dia da última aplicação do aglepristone, verificou-se intensa redução do


volume mamário assim como consistência de maior elasticidade, além da acentuada
distância entre os pares mamários hiperplásicos.A posologia realizada foi semelhante
à usada por WEHREND et al. (2001), ao administrarem o aglepristone para o
tratamento da hiperplasia mamária felina. Durante todo o tratamento com o
aglepristone, a gata apresentou-se normoréxica, normotérmica e com aumento
progressivo de peso corporal. Não foram observadas reações no local do sítio de
aplicação ou efeitos sistêmicos. WEHREND et al. (2001) também não constataram
nenhum efeito colateral com o uso do aglepristone em sete felinos acometidos por
hiperplasia mamária. Após nove dias do início do tratamento, o felino foi reexaminado
e apresentava redução visível de todas as glândulas mamárias, além de maior flacidez
e consistência mais elástica quando comparada às avaliações anteriores.
Transcorridos 23 dias da primeira dose do aglepristone, observou-se regressão
completa de todo o tecido mamário, WEHREND et al. (2001), ao utilizarem o
aglepristone para o tratamento da hiperplasia mamária felina, verificaram remissão
completa da hiperplasia no período de três a quatro semanas. Já SANTOS et al.
(2003) constataram involução completa do tecido mamário no 14° dia. Porém, houve
recorrência do processo no tratamento preconizado por SANTOS et al. (2003), que
justificaram o quadro em função de terem sido utilizadas apenas duas aplicações, ao
invés de quatro ou cinco em dias consecutivos, como proposto por WEHREND et al.
(2001). Assim, após a total remissão da hiperplasia mamária, a gata foi submetida à
ovariossalpingohisterectomia.

A realização dessa cirurgia visa prevenir futuras aplicações de contraceptivos


ou a ocorrência de ciclos estrais subseqüentes. Observou-se que os ovários possuíam
129

vários folículos, com aproximadamente um mm de diâmetro, e não apresentavam


corpos lúteos. O útero revelou-se normal, porém, encontraram, em um animal, um
discreto espessamento da parede dos cornos uterinos e uma superfície endometrial
difusamente áspera e enrugada. No 12° dia pós-cirúrgico, foi retirada a sutura cutânea
da cirurgia. Neste momento observouse normalidade do tecido mamário e o animal
encontrava-se bem clinicamente. A utilização de progestágenos sintéticos na espécie
felina é contra-indicada, uma vez que pode desencadear a ocorrência de hiperplasia
mamária. Apesar de ser uma condição benigna, ela pode adquirir um caráter
emergencial em determinadas situações, tornando-se necessário o uso imediato de
fármacos como o aglepristone, que demonstrou ser uma opção de tratamento eficaz,
segura e bem tolerada no presente relato.

HERNIOPLASTIA ABDOMINAL COM IMPLANTE DE CENTRO FRÊNCICO


HETERÓLOGO EM FELINO- RELATO DE CASO

No serviço clínico-cirúrgico veterinário da Universidade Federal do Mato


Grosso, foi atendida uma gata, sem raça definida, adulta, 3,1kg, com histórico de
aumento súbito e posteriormente progressivo de volume abdominal, há cerca de três
meses tendo estabilizado nas últimas duas semanas. Durante o exame físico, através
de palpação foi observada a inexistência de musculatura ventro-lateral esquerda, com
relaxamento abdominal em quase toda sua extenção, sendo possível a percepção
digital das alças intestinais, e durante ausculta não foi constatada alteração cardio-
respiratória.

O exame radiográfico na projeção lateral esquerda-direita e ventrodorsal


evidenciou que a silhueta abdominal estava assimétrica e extremamente aumentada.
Posteriormente a paciente foi submetida a tricotomia e a medicação pré-anestésica
com associação de midazolam 0,3mg/kg/IV e cloridrato de cetamina 6,0mg/kg/IV e
ainda ampicilina sódica 20mg/kg/IV. Uma vez intubado, a manutenção foi com
halotano em oxigênio a 100%.

Foi realizada a laparotomia pré-retro-umbilical mediana, constatando-se que o


conteúdo herniário estava redutível. A musculatura abdominal do lado direito havia
sofrido afastamento da linha mediana, enquanto que no lado esquerdo o afastamento
130

dos músculos reto do abdome, oblíquos abdominais interno e externo e transverso


do abdome tinha sido muito mais intenso, com retração muscular próximo ao músculo
psoas maior. Sendo assim, foi possível confirmar a hérnia abdominal em dois terços
do abdome.

Como não havia oportunidade de reaproximação das bordas musculares,


optou-se pelo emprego de um substitutivo para a musculatura retraída, para isso foi
escolhido o centro frênico equino conservado em glicerina 98%. Depois de hidratado
durante 30 minutos, e recortado dentro das proporções necessárias foi dado início a
sutura com fio de nylon 3-0, com padrão de sutura sobreposição de Mayo, mantendo
contato entre a superfície de implante e a subderme através de pontos simples
interrompidos. De maneira preventiva também foi realizada
ovariosalpingohisterectomia.

No pós-operatório foi realizada limpeza da ferida cirúrgica com anti-séptico,


remoção dos pontos da dermorrafia em oito dias, manutenção da atadura compressiva
abdominal durante duas semanas, com restrição de movimentos.

ULTRA-SONOGRAFIA ABDOMINAL E PÉLVICA EM CÃES DA RAÇA GOLDEN


RETRIEVER SADIOS, PORTADORES E AFETADOS PELA DISTROFIA
MUSCULAR PROGRESSIVA
A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é um tipo de distrofia muscular em
humanos caracterizada por uma doença genética ligada ao cromossomo X. A raça
golden retriever portador da distrofia muscular (GRMD) tem sido intensamente
estudado e considerado o modelo mais representativo para a doença observada em
humanos.Como forma de verificar anormalidades em órgãos internos nesses animais,
foi realizado o exame ultra-sonográfico de 24 cães golden retriever saudáveis,
portadores e afetados pela distrofia muscular. Ao exame ultra-sonográfico do GRMD
teve como diagnostico aumento hepático de moderado a severo, incluindo os vasos
hepáticos e seus ramos e aumento de ecogenicidade da vesícula biliar e vesícula
urinária. Com isso, esperamos que o exame ultra-sonográfico compusesse em um
procedimento útil no acesso de órgãos abdominais em cães afetados pela distrofia
muscular.
131

Essa pesquisa teve que passar por aprovação da Comissão de Bioética da


Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-
USP). Neste estudo foram utilizados 24 cães da raça golden retriever entre fêmeas e
machos, filhotes e adultos, portadores e afetados pela distrofia muscular progressiva.
Esses animais eram provenientes do canil experimental Golden Retriever Muscular
Dystrophy (GRMD - Brasil) do Departamento de Cirurgia. Dentre os 24 animais
avaliados, quinze deles eram filhotes com seis meses de idade e nove eram adultos
entre dois e cinco anos de idade. Entre os filhotes, quatro eram sadios (duas fêmeas
e dois machos), cinco portadores (fêmeas) e seis afetados (machos). Entre os adultos,
quatro eram sadios (duas fêmeas e dois machos), quatro portadores (fêmeas) e um
afetado (macho). Todos os animais desse estudo eram mantidos sob cuidados
médicos veterinários, alimentação, higiene e recreação permanente.
De acordo com estudos de alguns autores, os estudos demonstraram
alterações em órgãos internos musculares e parenquimatosos, tanto em indivíduos
com Duchenne, como em animais com distrofia muscular. Foram obtidos resultados
semelhantes neste experimento. De modo igual, neste trabalho foram observadas
alterações marcantes da ecotextura e padrões de tamanho, dimensões e volume das
estruturas abdominais e pélvicas.
Portanto o exame ultra-sonográfico constituiu-se em uma técnica não-invasiva,
rápida, de fácil acesso e sensível na identificação de modificações de ecogenicidade
parenquimal de órgãos abdominais e pélvicos, em cães afetados pela distrofia
muscular.

DESLOCAMENTO DE ABOMASO À ESQUERDA EM BOVINO

O deslocamento de abomaso é uma doença multifatorial que afeta principalmente


vacas leiteiras de alta produção no período pos parto, sendo acarretada por inúmeras
condições, sejam elas genéticas, nutricionais, raça ou estresse. Entretanto, pode
também ocorrer em bezerros, touros, novilhas (Dirksen et al., 1993, Riet-Correa et al.,
2007).

Animal da espécie bovina, fêmea de sete anos de idade, com 600kg com
produção média diária de 25kg leite e tendo o último parto a 14 dias. Foi atendido pelo
setor de Clinica Médica de Ruminantes da União de Ensino do Sudoeste, município
132

de Dois Vizinhos – PR. Sendo a queixa principal do proprietário a apatia e


emagrecimento progressivo desde o parto. Animal encontrava-se em um sistema
intensivo com fornecimento diário de ração 22% de proteína (12 Kg/dia), silagem de
milho (35 Kg/dia) e piquete de capim tifton (Cynodon dactilon)

Durante o exame observou-se abaulamento do abdome na região ventral


esquerda, sensibilidade dolorosa na palpação do abomaso, fezes reduzidas e
amolecida, enoftalmia bilateral e desidratação branda (5%). Referente a auscuta,
obteve-se movimentos ruminais diminuídos e sons claros metálicos e agudos
provenientes do abomaso.

Realizou-se a técnica de abomasopexia com laparotomia pelo flanco esquerdo


com o animal em estação. Como protocolo sedativo utilizou-se 0,05mg/kg de Xilazina
(agonista dos receptores alfa 2 adrenérgicos, com a finalidade de promover a
tranquilizaçāo e miorelaxamento) na dose de 0,05 mg/Kg pela via endovenosa. Optou-
se também pela anestesia epidural, utilizando 30 mg de Lidocaína 1% (3ml) e o
bloqueio loco-regional em L invertido, utilizando Lidocaína 800 mg (80ml).

HEMOPERITÔNIO

Hemoperitônio ou hemoabdome é o acúmulo anormal de sangue na cavidade


peritoneal, é relacionado a diversas doenças, a sua causa mais frequente é de
traumas, por veículos, quedas, chutes. E em seguida as neoplasias, como exemplo a
neoplasia esplênica, são causas de hemoabdome não traumático. Algumas doenças
malignas estão relacionadas ao hemoperitônio, como neoplasias benignas, doença
hepatobiliar primária, dilatação vólvulo-gástrica, torção esplênica, torção de lobo do
fígado e intoxicação com antagonistas da vitamina K.

O paciente com hemoabdome deve ser colocado na fluidoterapia assim que


diagnosticado, transfusões sanguíneas podem ser necessarias, portanto deve ser
providenciado um doador compatível. Pode ser colocado uma bandagem justa ao
abdome ou tentar controlar o sangramento com uma compressa, caso seja
hemorragia arterial ou hepática é provável a necessidade de cirurgia. Outra terapia
auxiliar no tratamento é a de oxigênio via cateter nasal ou gaiola de oxigenação, ela
133

deve ser adicionada para otimizar a oxigenação tecidual. Se o paciente estabilizar


após o tratamento clínico, talvez não precise realizar o procedimento cirúrgico.

O tratamento com cirurgia é recomendado quando não se sabe a origem do


sangramento, ou não for possível parar a hemorragia, ou ainda quando for necessário
retirar a neoplasia intra-abdominal. Deve ser feito uma incisão normal para cirurgias
abdominais, a sucção pode ser necessária para retirar o sangue da cavidade e
determinar os locais de sangramento. Os rins, o fígado e o baço têm de ser avaliados
com cautela para verificar se há possíveis lesões, caso haja sangramento excessivo
no rim, uma nefrectomia poderá ser feita, e no baço se considera a esplenectomia
também. Agente coagulantes ajudam no controle do sangramento do fígado, porém
caso seja muito intenso e o agente coagulante não resultar, a hepatectomia é uma
alternativa.
134

3. Referências

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