Você está na página 1de 87

E D U C A Ç Ã O

Clássica Cristã

ACESSÍVEL A TODOS
Jennifer Courtney, Organizadora
C lassical
onversations ®

Educação Clássica Cristã acessível a todos

Publicado originalmente nos EUA por Classical Conversations, Inc.


Título original em Inglês: Classical Christian Education Made Approachable
Copyright © 2011 by Classical Conversations® MultiMedia, West End, NC.
www.ClassicalConversations.com
All rights reserved.

1a. Edição

Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os


direitos reservados por EDiBrasil Homeschool,
dellis@classicalconversations.com, tel. (11) 98284-9523

As citações bíblicas foram extraídas da Nova Almeida Versão


Internacional (NVI), (Bíblica do Brasil), exceto indicações de outras
versões.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação


pode ser reproduzida, armazenada em sistema de recuperação
ou transmitida de nenhuma maneira nem por nenhum meio,
eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou qualquer outro, sem
permissão prévia do autor, exceto conforme previsto pela Lei de
Direitos Autorais dos EUA.

ISBN: 978-658028002-5
Conteúdo
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Inspecionando os Modelos Educacionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Educação Moderna. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Educação Cristã de Pouca Qualidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Educação Cristã de Boa Qualidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Educação Cristã de Excelente Qualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Educação Clássica Cristã. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
O Modelo Esquecido: Educação Cristã, estilo Clássica. . . . . . . . . . . . . 13
O Diferencial da Educação Clássica Cristã . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
O Modelo Acessível a Todos: O Trivium. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Como, então, haveremos de estudar?
Estágio 1: Gramática – Lançando os Alicerces . . . . . . . . . . . 22
Estágio 2: Dialética – Acrescentando as Paredes, o Telhado
e a Porta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Estágio 3: Retórica – Mobiliando a Casa com Preciosos
Tesouros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
O Modelo Acessível a Todos: O Núcleo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
O quê, então, haveremos de estudar?
As Sagradas Escrituras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Literatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Redação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Matemática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Geografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
História. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

Ciências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Latim. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Belas Artes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
O Núcleo – Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Edificando uma Casa Visando Propósitos Nobres. . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Os Arquitetos Divinamente Designados: Os Pais. . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Outro Modelo Revisitado: A Escola de Sala de Aula Única. . . . . . . . . 55
Grandes Esperanças: O Objetivo da
Educação Clássica Cristã. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
APÊNDICES
APÊNDICE A: Modelo para os Pais: O Programa
do Classical Conversations e das Comunidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
APÊNDICE B: Modelos de Grades de Horário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
APÊNDICE C: A Grade do Objetivo Educacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
APÊNDICE D: Por Que Latim?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
APÊNDICE E: Uma Lista de Recursos para Pais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
5

Introdução
As deficiências do experimento da educação moderna são
abordadas por todo canto. Parece que não passa um dia sequer
sem que os noticiários de TV a cabo foquem nos problemas
educacionais. As páginas de jornais com opinião de leitores estão
repletas de cartas de pais e de educadores preocupados. E à luz
dessas dificuldades bastante divulgadas, que vão da queda na taxa
de alfabetizados ao pobre desempenho em provas de ciências
ou matemática, os pais têm procurado alternativas para fugir da
educação pública moderna. Alguns pais cristãos optaram por
escolas particulares, enquanto outros
têm optado por manter os filhos O que é educação?
em casa para educálos. E muitos se Propriamente
encontram perdidos em meio a uma falando, não existe
miríade de currículos e ativdades o que é chamado de
extracurriculares. Muitos são os educação. Educação é
pais que tem buscado uma opção simplesmente a alma
que ofereça a seus filhos um rigor da sociedade, na
acadêmico maior que eles próprios medida que passa de
receberam e que se provou bem uma geração à outra.
1

sucedido. —G. K. Chesterton


Alguma coisa saiu errada, muito errada, em relação à educação.
Mas o quê? O que aconteceu? O que mudou de forma a gerar o
dilema educacional dos dias atuais? Tais perguntas precisam ser
feitas. A planta da educação moderna não está funcionando. Já
é hora de reconsiderarmos a arquitetura da educação moderna.
A próxima geração está em jogo. Se educação, conforme G. K.
Chesterton diz, “é a alma da sociedade, na medida que passa de
uma geração à outra”, então faríamos bem em avaliar com sobrie-
dade nossa abordagem e objetivos educacionais atuais. Nossos
processos presentes estão edificando uma casa que não tem uma
6 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

pedra angular, e por isso facilmente desaba, virando desespero. Tal


planta, se permanecer incontestada e não for reformada, transfor-
mará o que já foi pilar de uma sociedade num alicerce que ruirá. Se
Chesterton estiver correto, a civilização ocidental e a cultura cristã
correm perigo. Neste livrete, exploraremos o espectro dos modelos
educacionais que reivindicam edificar uma educação forte. Inici-
aremos pelo modelo educacional moderno e suas preocupações
com especialização e utilidade; depois, trataremos de um modelo
que se provou bem sucedido durante um longo período da história
e fornece um rigor acadêmico sempre atento ao transcendente –
o modelo cristão clássico. Definiremos Educação Clássica Cristã,
a metodologia e o conteúdo a ela associados. Por fim, consider-
aremos um método comprovado de apoio aos arquitetos divina-
mente designados – os pais – que desejam dar a seus filhos uma
Educação Clássica Cristã doméstica.
7

Inspecionando
os Modelos
Educacionais
Comecemos olhando mais de perto para o atual modelo de
educação (dos Estados Unidos), ao qual designaremos como
educação moderna. Observe o currículo e trabalho relativo a cursos
do Ensino Médio no geral e você encontrará “matérias” conhe-
cidas. Há provas com notas que atendem ao desejo de educadores
modernos quanto a resultados quantificáveis, desejo que motiva
e permeia o aprendizado moderno. As matérias são vistas isola-
damente, como compartimentos estanques. As pressuposições
subjacentes acerca da natureza do aluno e da educação estão
impregnados da cosmovisão pós-moderna.

Educação Moderna
História

Economia Ciências

EMC2 Língua

Filosofia Belas Artes

Matemática
8 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

O sucesso educacional é definido pela capacidade em regurgitar


essa informação em provas padronizadas com base em padrões
estaduais. Antes de aceitarmos tal prática, deveríamos perguntar:
“Quais são os objetivos estaduais? Como se relacionam com o
aluno? Como deveriam se relacionar com o aluno?
A natureza da educação moderna, impelida por padrões esta
duais, requer um tremendo afunilamento da educação quanto
ao empenho empregado e o foco. Como isso é feito? Afunilando
e reduzindo a educação ao que é mensurável e cognoscível pelo
estado. Dessa forma, a aplicação de provas e os históricos escolares
acabam se tornando o bezerro de ouro; o grande e poderoso
mundo de Oz se transforma na Faculdade Estadual. Pais cristãos
precisam se perguntar se é esse alicerce, de fato, que eles desejam
colocar para a alma de seus filhos. Sob um escrutínio mais crítico, o
modelo moderno parece carente, míope e de fazer arrepiar a alma.
Mas suponhamos que nós servamos ao bezerro dourado
e tremamos diante do grande e poderoso Oz. Como é que
trataríamos de conceitos como virtude e vício? Temos como
mensurar o orgulho? A integridade? A lealdade? A sabedoria? Tais
conceitos são importantes na vida de um aluno? Alguns dizem: “O
que é medido, acaba sendo realizado”. Se medidas padronizadas é
que impelem nosso sistema educacional, onde ficam os conceitos
de valor transcendente – como a verdade, a bondade, e a beleza?
O espírito humano clama “É ISSO AÍ!”- mas tristemente, o clamor do
Estado é pela avaliação do aluno.
Por isso é que pais cristãos, na esperança de encontrarem uma alter-
nativa melhor, se voltam para a educação cristã privada. Entretanto,
em muitas escolas cristãs hoje, encontramos o mesmo receio de
ficar para trás quanto aos padrões estaduais de educação, o que
conduz a um estudo segmentado de matérias, com o aluno posto
decididamente no centro do aprendizado. Em algumas escolas,
oferecer uma matéria bíblica acaba justificando a classificação de
educação“cristã”. No fundo, tal modelo não passa de uma réplica do
pensamento moderno com um acréscimo de uma bolha “bíblica”.
Será que o acréscimo de uma matéria bíblica se constitui numa
prova dos nove para a educação cristã?
9
Inspecionando os Modelos Educacionais

Educação Cristã de Baixa Qualidade


História

Economia Ciências

EMC Língua

Estudo Bíblico Belas Artes

Matemática

Além do mais, deveríamos nos perguntar se o aluno pertence


adequadamente ao referido centro de educação cristã. O núcleo
unificador da educação cristã, por sua própria natureza, precisa
transcender ao entendimento limitado do aluno. À medida que
entramos mais fundo no espectro educacional, alguns reconhecem
que o lugar do aluno não é no coração, no centro da educação – a
Deus, o Autor da criação, pertence esse lugar ao centro. Também
percebemos a introdução do escopo mais amplo das consequên-
cias das ideias e a exploração das mesmas na busca pela sabedoria
– o estudo da Filosofia. Estamos nos movendo para mais próximo
do ideal educacional, com uma Educação Cristã de Boa Qualidade.

Educação Cristã de Boa Qualidade

História
Economia Ciências

EMC
DEUS Língua

As matérias
Filosofia Belas Artes pertencem
a Deus, não
Matemática ao homem.
10 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
À medida que nos movemos rumo ao ideal da educação cristã,
reconhecemos que Deus está no centro de todo conhecimento,
e procuramos conhecer como Ele é revelado em cada disciplina
acadêmica. A Educação Cristã de Boa Qualidade procurará conhecer
os planos de Deus para as belas artes e reconhecerá que Ele criou
a matemática para um universo ordenado. Mas é aí que deve parar
a educação? Deus se auto-revela através de cada uma dessas áreas
de conhecimento; contudo, educação cristã ainda acena para que
avancemos nesse relacionamento. Uma Educação Cristã de Excelente
Qualidade vê as matérias refletindo e se relacionando de volta com
o Criador e Sustentador de todas as coisas. Podemos aprender mais
atributos de Deus estudando filosofia, história ou química? Podemos
usar nosso conhecimento para fazer o louvor jorrar? Isso se constitu-
iria numa Educação Cristã de Excelente Qualidade.

Educação Cristã de Excelente Qualidade

História
Economia Ciências

EMC
DEUS Língua

Filosofia Belas Artes As matérias


Matemática glorificam
a Deus.

A essa altura, então, teremos desenvolvido um paradigma verda-


deiramente cristão para a educação. Que elementos distintivos e
adicionais compõe uma educação clássica? Dorothy Sayers explica
as características distintivas de uma Educação Clássica Cristã:
“Quantas vezes você já topou com pessoas para
quem, uma coisa é sempre uma coisa, e outra coisa
é sempre outra, distinta de todas as demais, como se
separadas em compartimentos estanques? Possuem
esse jeitão tão acentuado que têm grande dificuldade
11
Inspecionando os Modelos Educacionais

de estabelecer conexão mental, suponhamos, entre


álgebra e ficção policial, entre o saneamento básico
e o preço de salmão – ou, de maneira mais genérica,
entre esferas distintas do conhecimento tais como
filosofia e economia, ou a química e as artes?”3
—Dorothy Sayers
“As Ferramentas Perdidas da Educação”
A observação de Sayers revela o dilema produto, assim como as
limitações existentes na educação moderna – nossa tendência é
ignorar causa e efeito e outros relacionamentos entre as matérias-
base. Dessa forma, explorando intencionalmente as partes das
matérias em relação ao todo, chegamos ao último paradigma
educacional – o modelo clássico cristão. Com Deus firmemente ao
centro, uma Educação Clássica Cristã se estende um passo adiante
da Educação Cristã de Excelente Qualidade, ao considerar como se

Educação Clássica Cristã

História
Economia Ciências

EMC
DEUS Língua

As matérias
estão unificadas
em seu
Filosofia Belas Artes relacionamento
Matemática com Deus
(Hebreus 1.3)

relacionam as matérias de economia, ciências e história e a interco-


nectividade da matemática, da língua e das belas artes.
Enquanto tratamos de como e porquê educamos nossos filhos,
consideremos o modelo cristão clássico como nosso modelo educa-
cional. Como tornamos uma planta dessas em realidade? Como
deixamos a Educação Clássica Cristã Accessível a Todos?
12 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

Primeiramente, a maior parte dos pais e professores foram


instruídos via primeiro modelo considerado – o paradigma da
educação moderna; assim sendo, precisamos de uma mudança
de paradigma. Quando o assunto é educação, é preciso informar
e transformar nossa forma de pensar. Como primeiro passo,
olharemos mais atentamente para a beleza e os benefícios de uma
educação clássica. A seguir, redescobriremos as eternas ferramentas
do aprendizado ao investigarmos e expormos acerca do Trivium.
O Trivium oferece um modelo tri facetado de gramática, dialética
e retórica que responde pelo “COMO” da Educação Clássica Cristã
– definindo o conhecimento nuclear de cada matéria, também
fornecendo ideias práticas pelo fincar de um bom fundamento.
Por fim, focaremos nos pais divinamente designados, e o papel dos
pais na educação dos filhos. Tal qual o ferro afia o ferro, pais que
buscam uma Educação Clássica Cristã precisam ser encorajados
por outros pais que pensam da mesma forma. Os programas e
comunidades Classical Conversations oferecem uma rede de apoio,
enquanto protegem o papel dos pais como primeiros educadores
de seus filhos.
13

O Modelo Esquecido:
Educação
Clássica Cristã
Para muitos leitores, a expressão educação clássica talvez evoque
imagens de filósofos trajados em togas esvoaçantes, se reunindo
em antigas praças públicas para debater ideias. Outros talvez
pensem no estudo e nas audições de música clássica, ou em um
currículo que adota o estudo cronológico de história e litera-
tura. Outro ainda poderão associar educação clássica com a
memorização de enormes conteúdos de informação. Todas essas
definições apontam para a definição mais simples do conceito
clássica: aptidões e conhecimento que resistem ao tempo e valem
ser assimilados. Tal definição pode ser completamente desen-
volvida ao contrastarmos os valores, os métodos e os objetivos da
educação moderna4 com o modelo clássico, cristão.
A cultura pós-moderna valoriza a mudança contínua. No século
passado, a tecnologia proliferou espantosamente, resultando numa
crença bastante difundida de que mudança equivale a melhoria
em toda e qualquer área. Sem avaliarmos tal alegação, acabaremos
nos curvando à ideia de que, adicionando tecnologia à sala de aula,
tal como laptops e tablets, isso automaticamente resultará numa
educação de maior qualidade.
Ao buscarmos melhorias na educação, nós instintivamente gravi-
tamos rumo ao “mais recente” e ao “melhor” em lugar de avaliar o
conteúdo qualitativamente. Tal propensão à mudança está profun-
damente arraigada nas nossas escolas atuais, quando trocam de
14 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

livros didáticos e de metodologias de ensino anualmente. Isso sorra-


teiramente adentra nossa educação domiciliar, a cada mudança de
currículo. Nós nos juntamos à tendências de mudança por medo
de que, de alguma forma, acabaremos ficando para trás – quando
o que ocorre é precisamente o contrário – o permanecer em algo
constante e fixo seja exatamente o que haverá de ser mais benéfico
ao aluno em seu aprendizado.
Em contraste com o apego pós-moderno à mudança contínua, as
Sagradas Escrituras ensinam que o próprio Deus e, portanto, Seus
preceitos e mandamentos, são imutáveis. Como Seus seguidores,
recebemos a incumbência de lembrar de Suas verdades, Seus
mandamentos e de Sua fidelidade, em lugar de sermos movidos
pelos ventos da mudança. No Antigo Testamento, os israelitas
são reiteradamente exortados a relembrar a libertação de seus
antepassados efetuada por Deus. De igual modo, as famílias cristãs
que praticam a educação domiciliar no século XXI recebem a
incumbência de transmitir as verdades imutáveis das Escrituras e a
sabedoria do Senhor à próxima geração.
Um efeito imediato do apego à mudança na educação é que nossa
cultura já não consegue concordar com as respostas a duas questões
fundamentais: “Qual é a principal tarefa da educação?” e “O que as
crianças devem aprender?” Conforme David Hicks, em seu livro
Norms & Nobility (Normas & Nobreza), adverte, “nosso fascínio pelos
recursos técnicos, pela própria natureza das coisas, subverte a
principal tarefa da educação – o cultivar do espírito humano: ensinar
os jovens a saber o que é bom, servir
“... nosso fascínio tal ideal mais que a si mesmo, repro-
com recursos técnicos ... duzir tal ideal e reconhecer que a
subverte a principal responsabilidade repousa no conhe-
tarefa de educação ... ” cimento.5 É comum essa educação
—David Hicks
Norms & Nobility moderna fascinada pelos recursos
técnicos oferecer uma gama deslum-
brante de matérias e eletivas, sepul-
tando as ferramentas de aprendizagem sob intensa burocracia e
sob os requisitos de provas padronizadas. Em contraste com isso, a
15
O Modelo Esquecido

educação clássica oferece uma missão tripla bastante clara: ajudar


os alunos a dominar um núcleo de conhecimento cuidadosamente
selecionado; ensinar e usar as ferramentas de aprendizagem; exortar
os alunos a que busquem o que é verdadeiro, belo e bom. Simpli-
ficando, a educação moderna valoriza a quantidade, enquanto a
educação clássica valoriza a qualidade.
Durante séculos na civilização ocidental, educadores e pais recon-
heceram universalmente uma base nuclear de conhecimento,
frequentemente chamada de “cânone educacional”. Os educa-
dores, dotados de um senso inabalável de propósito, norteavam
seus alunos rumo ao domínio desse conhecimento essencial que
incluía literatura, redação, matemática, geografia, história, ciência,
belas artes e Latim. O resultado final desse esforço conjunto de
professor e aluno era um indivíduo culto, amplamente dotado de
conhecimento e discernimento. Em anos recentes, tal base nuclear
de conhecimento foi sepultada ou removida completamente dos
currículos da moda que dificultam a aquisição de conhecimento. O
movimento de educação clássica visa resgatar tal núcleo perdido,
facilitando a descoberta de conhecimentos e competências atem-
porais por parte do aluno.
Quando imaginamos uma educação moderna, especialmente em
nível universitário, nós imediatamente pensamos em especializações.
Ao procurarmos conhecer uma pessoa, perguntamos, “O que você

Educação Moderna
História

Economia Ciências

Governo Língua

Filosofia Belas Artes

Matemática
16 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

cursou?” Via de regra, é a primeira pergunta que nos vem à mente. A


educação clássica resiste à especialização prematura, preparando os
alunos numa ampla gama de conhecimento de muitos assuntos, de
forma que os alunos venham a ser cidadãos bem equilibrados e bem
informados. Não é incomum chamarmos esse tipo de indivíduo de
“Homem Renascentista”, ou polímata.
Consideremos por um instante os fins Quando contemplo
contrastantes da educação moderna os teus céus e
e da Educação Clássica Cristã. Focada contemplo, obra de
somente na ciência natural e no mundo teus dedos, a lua e
material, a educação moderna nega as estrelas que ali
qualquer realidade transcendente, firmaste, pergunto:
qualquer coisa que vá além dos fatos Que é o homem,
que podem ser avaliados com nossos para que com ele
cinco sentidos. Os objetivos dessa te importes? E o
educação, portanto, estão necessaria- filho do homem
mente restritos à compreensão de para que com ele te
detalhes físicos e de como manipulá- preocupes?
los. Tal cosmovisão naturalista se opõe Salmo 8.3-4
diretamente à teologia cristã ao ignorar
as partes não-físicas do ser humano – ou seja, seu coração, sua
mente e sua alma. As Sagradas Escrituras proclamam cristalina-
mente que uma pessoa completa não é meramente um corpo, mas
sim uma união de corpo, mente, coração, e alma - partes distintas
que precisam operar harmonicamente. David Hicks explica a
tragédia da educação moderna da seguinte forma: “Quando aceita-
mos a tirania do real sobre o ideal, nós negamos o espírito humano–
o melhor da aprendizagem e o melhor do homem”.6 Enquanto a
educação moderna procura apenas e tão somente impulsionar o
aluno em direção ao objetivo utilitário de uma carreira de sucesso,
a Educação Clássica Cristã visa nutrir o ser integral, preparando-o
para participar plenamente de todos os âmbitos deste mundo e do
próximo.
Uma das formas que a Educação Clássica Cristã se dirige à pessoa
integral é fazendo perguntas atemporais como “o que é o homem
17
O Modelo Esquecido

e quais os propósitos de sua existência?” Já na época do Rei Davi,


essa era a inquirição lógica do pensamento humano. No Salmo 8,
Davi pergunta “o que é o homem para que você está consciente
dele, o filho do homem que você se importa com ele?”7 Na Grécia
antiga, Platão labutou para definir o homem com precisão. Numa
tentativa humorística de aplicar classificações animais às pessoas,
ele chamou o homem de “um bípede sem plumas”.
Infelizmente, os pós-modernistas não atentam para a ironia desse
comentário em sua corrida desenfreada para aplicar a investigação
científica a todas as áreas da vida humana. A Educação Clássica
Cristã não ignora - mas restaura - essas investigações atemporais
ligadas às questões mais importantes da vida.
A maioria das pessoas reconhece que a educação moderna está
repleta de problemas. A maioria dos críticos, no entanto, enxerga
apenas os sintomas - queda nas taxas de alfabetização, baixo
desempenho em exames de ciências e matemática, e inexistência
de competência quanto à escrita e a fala. A fim de “reparar as
ruínas”8, parece-nos mais adequado atentarmos para algumas
causas desses problemas. Devemos ir além do simples criticar o
sistema, visando oferecer uma alternativa positiva. Essa alternativa
positiva é a Educação Clássica Cristã.
A crescente frustração dos pais com a falência da educação
moderna faz com que buscassem alternativas. A educação clássica
vem ganhando força à medida que mais e mais famílias se voltam
para o ensino doméstico clássico, assim como escolas clássicas
cristãs são abertas em todo o país. O movimento de educação
clássica foi rejuvenescido pelo discurso de Dorothy Sayers aos
professores, em Oxford, 1947, intitulado “As Ferramentas Perdidas
da Aprendizagem”. Sayers lamenta, “Não é o grande defeito de
nossa educação hoje que embora muitas vezes consigamos
ensinar nossos alunos, nós falhamos lamentavelmente no objetivo
em ensiná-los a como pensar? Eles aprendem tudo, exceto a arte
de aprender”.9 Dessa forma, além de ensinar um conteúdo nuclear
de conhecimento, a educação clássica prepara os alunos para uma
aventura de aprendizado ao longo da vida, ensinando-os a pensar.
18 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

O Diferencial da Educação Clássica Cristã


Pais e educadores que desejam
transmitir uma Educação
Clássica Cristã devem
treinar os alunos a
enxergar a integração
de todos os assuntos.
Os estudantes
cristãos clássicos
devem ser treinados a
perguntar como todos
os assuntos se encaixam
e para contemplar como
as conexões entre ciência e
linguagem ou história e filosofia aprofundam nosso conheci-
mento e compreensão. Um dos principais problemas dos modelos
educacionais modernos é que eles colocam o aluno no centro da
experiência de aprendizagem e o apresentam à matemática, às
ciências, às artes plásticas e à história em bolhas distintas, como se
seu raciocínio acerca de todos esses assuntos não tivesse relação
um com o outro. Em vez disso, uma Educação Clássica Cristã coloca
Deus no centro e ensina os alunos a enxergar todo o conhecimento
como proveniente e governado por Ele, sendo, portanto, relacio-
nado. Os estudantes da civilização ocidental devem ser capazes
de conectar seus conhecimentos de artes plásticas aos eventos
tratados ontem, e depois à evidência de design no universo.
A Educação Clássica Cristã reconhece que não vivemos em um
“multi-verso”, mas sim num “uni-verso”.
19

O Modelo Acessível a Todos:


O Trivium
“Com sabedoria se constrói a casa, e com
discernimento se consolida. Pelo conhecimento
seus cômodos se enchem do que é precioso e
agradável”. Provérbios 24: 3-4
Como haveremos, então, de estudar?
O ponto culminante de uma Educação Clássica Cristã não é
um acumular de fatos desconexos adquiridos por meio de
memorização mecânica. Em lugar disso, a educação clássica
avança firme e progressivamente rumo à aquisição de sabedoria.
O projeto para construir uma alma sábia é encontrado em Provér-
bios 24:3. Nesse texto, o escritor descreve metaforicamente a alma
como sendo uma casa. Educadores clássicos fincam as bases para
a casa na primeira infância, com histórias e fatos que satisfazem a
crescente curiosidade da criança. Em outras palavras, fincamos a
base transmitindo conhecimento de fatos e princípios. À medida
que a criança amadurece, nós a instruímos na conciliação de
ideias e na compreensão do “PORQUÊ”, bem como de “O QUÊ”.
Dessa forma, as paredes e o teto da casa são firmados através da
compreensão. Finalmente, adornamos a casa com sabedoria, que
Provérbios descreve como tesouros ricos e belos.
No passado, os educadores cristãos entenderam corretamente que
sua tarefa não era a de gerar um trabalhador útil, mas um ser humano
virtuoso. Os alunos foram ensinados a procurar e a valorizar aquilo
que é verdadeiro, bom e belo acima do que é novo, proveitoso e útil.
20 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
Em lugar de concentrar todos os seus esforços em garantir uma boa
carreira para os filhos, pais e tutores deveriam projetar os materiais e
métodos educacionais de forma que se concentrem principalmente
em proteger cuidadosamente da alma da criança.
Como pode ser isto alcançado? Seguindo as tradições da Educação
Clássica Cristã. O modelo cristão clássico não se baseia na educação
de Atenas, embora os primeiros pais da Igreja tenham recuperado
alguns desses métodos para o trabalho cristão. Em vez disso,
o modelo cristão clássico que este livro procura definir é o do
Trivium medieval. O Trivium, em Latim “três estradas”, refere-se aos
três estágios do aprendizado: gramática, dialética e retórica. Esse
caminho de maturidade também corresponde ao conhecimento,
compreensão e sabedoria nas Escrituras. A mente de uma criança
progride em acumular fatos, em compreender os fatos, para fazer
escolhas sábias e virtuosas que honram a Deus.
A gramática, o primeiro estágio, corresponde basicamente
às idades iniciantes, indo até o aluno ter onze ou doze anos.
Dorothy Sayers denominou isso de estágio “Papagaio”, refletindo
a tendência natural de crianças pequenas quanto a repetirem o
que estão ouvindo e aprendendo.10 A memorização é algo natural
para esses estudantes novos em idade, sendo preparação funda-
mental para os níveis avançados de raciocínio. O educador sábio
optará por se utilizar dessas tendências naturais, fornecendo aos
alunos informações ricas e úteis para memorizar. Um estudante de
gramática, portanto, é basicamente absorvido na memorização de
fatos e princípios rudimentares de qualquer assunto.
O segundo estágio do Trivium, a dialética, aflora em crianças entre
doze e quatorze anos. Nesta idade chamada de etapa do “atrevi-
mento” por Sayers, os alunos se interessam naturalmente em
debater e a tudo questionar, desde limites políticos até às eleições
e normas estipuladas pelos pais. O que aparenta ser uma tendência
nesses alunos de argumentar, ou mesmo de replicar, não passa de
um desejo de sistematizar os próprios pensamentos e compreender
os fatos acumulados durante os anos de gramática. Em vez de
reprimir o desejo de argumentar, pais e tutores devem nortear
com sabedoria, ensinando lógica e como debater, de forma que
21
O Modelo Acessível a Todos: O Trivium
os alunos aprendam a raciocinar e a argumentar com clareza, de
forma respeitosa e persuasiva. Os pais podem direcionar os alunos
através da conciliação de conceitos principais, fazendo perguntas
que esclareçam e refinem os pensamentos, conversando sobre
uma ampla gama de conceitos na literatura, atualidades, política
e filosofia. O currículo clássico cristão complementa o crescente
desejo do aluno de pensar dialeticamente ao ensinar matérias
analíticas, como álgebra, lógica formal e técnicas de debate.
Gramática e dialética, as duas primeiras etapas da educação
clássica, prepararam o aluno para a fase da retórica. Sayers
chamou isso de estágio “poético”, homenageando, por assim dizer,
o profundo desejo dos alunos pela auto-expressão criativa. Ao
avançarem para a retórica, os alunos já armazenam um conheci-
mento nuclear e aprenderam a pensar de forma crítica a respeito
desses fatos e conceitos. Consequentemente, estarão prontos a
praticar a arte de comunicar suas ideias aos outros. A Educação
Clássica Cristã estimula essa prática através do estudo de técnicas
de comunicação oral e escrita. Isso inclui tanto a organização dos
pensamentos quanto o estilo de apresentar tais pensamentos. Ao
final dessa fase, os alunos deverão ser capazes de falar e escrever
persuasiva e eloquentemente sobre qualquer assunto que tenham
estudado.
Uma das premissas fundamentais da educação clássica é a
importância das palavras. Para o cristão em especial, isso é
particularmente verdadeiro. A Bíblia nos diz que Jesus é a
Palavra que se fez carne.
Durante a etapa dialética, ensinamos o aluno a não se deixar
enganar pelas palavras dos outros; durante etapa retórica, ensi-
namos o aluno a cativar os outros com suas palavras. Nenhuma outra
competência é tão fundamental para a divulgação do Evangelho
quanto a capacidade de falar e persuadir. Nossos alunos devem estar
sempre preparados para defender sua fé. Alunos formados pelo
ensino domiciliar clássico cristão podem usar sua mente treinada
para reaver nossa cultura e espalhar o Evangelho. Alicerçados nas
Escrituras, tais alunos, em última análise, foram aparelhados pela
sua Educação Clássica Cristã a perceber tanto as belezas.
22 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
O Trivium
Idades
Etapa Foco nas Competências
Aproximada
GRAMÁTICA 4-12 Memorizar e Recitar
DIALÉTICA 12-14 Raciocinar, Analisar e Debater
RETÓRICA 14-18 Discutir, Escrever, Falar

Estágio I: Gramática – Lançando o Alicerce


As “Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno

E
  scrituras estejam em seu coração. Ensine-as com
persistência a seus filhos”. Dt. 6:6-7a

“Guardei no coração a tua palavra para não


pecar contra ti”. Sl 119.11
As
C
 ompetências
Memorização e Recitação
O
O
  bjetivo Conhecimento

Contrariamente à imagem mental imediata evocada pela palavra,


a gramática não é sobre ensaios recheados de círculos vermelhos
indicando vírgulas, maiúsculas e palavras com erros ortográficos. O
dicionário Webster de 1828 define gramática como sendo “a ciência
do vocabulário”. Cada um dos temas nucleares - literatura, escrita,
matemática, geografia, história, ciências e as belas artes - possui
“gramática” própria - que precisa ser dominada para que o aluno
consiga estudar o assunto em profundidade.
O Método - Como o Aluno de Gramática Deve Aprender?
As crianças pequenas são naturalmente propensas à memorização.
Caso duvide disso, peça a seus filhos que cantem o ABC ou repro-
duzam um comercial de televisão recente. Deus projetou o cérebro
da criança com uma facilidade inata para memorizar, a fim de
prepará-lo para as próximas etapas da aprendizagem. Crianças
aprendem a falar Inglês (ou qualquer outra língua materna)
23
O Modelo Acessível a Todos: O Trivium
ouvindo os outros e memorizando sons e palavras. Crianças em
idade pré-escolar aprendem a ler memorizando o alfabeto e os
sons a ele associados.
Mesmo antes de saberem ler, crianças pequenas costumam
memorizar um livro ilustrado inteiro que foi lido para elas, de forma
a poderem “ler” para si mesmas. Compreender essa inclinação
natural fornece o método adequado de educação para a idade
apropriada. Já que as crianças de quatro a doze anos são hábeis
no memorizar e no recitar, a educação clássica lhes fornece um rico
conteúdo para praticar nessa faixa etária.
Desde as escolas clássicas da antiguidade até as escolas de Ensino
Fundamental dos Estados Unidos do século dezenove, todas traba-
lharam com a propensão dos alunos para memorização, promov-
endo períodos diários de recitação. Os alunos soletravam palavras,
recitavam palavras em Latim, e declamavam poesias. Alunos do
que hoje seria a 8a. série ouviam as recitações dos alunos do que
seria hoje a 7a. série (revisando, assim, o que haviam aprendido
no ano anterior). Aí, depois de recitar sua própria tarefa, os alunos
da 8a. série tinham uma prévia do que seriam suas lições futuras,
ouvindo as recitações da 9a. série. Dessa forma, todos os alunos da
sala de aula passavam por uma contínua revisão.

Estágio II: Dialética - Adicionando


Paredes, o Telhado e a Porta

As “Respondeu Jesus: ‘Ame o Senhor, o seu Deus de

E
 scrituras todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo
seu entendimento ”. Mt 22.37

“Então lhes abriu o entendimento, para que


pudessem compreender as Escrituras”. Lc 24.45
As
C
 ompetências
Pensando e questionando
O
O
 bjetivo
Compreendendo
24 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
Os discípulos de Jesus eram bons alunos de gramática. Conheciam
a lei e os profetas por meio da memorização. Quando esteve com
eles, a Palavra de Deus diz que Jesus “lhes abriu o entendimento,
para que pudessem compreender”. (Veja a página anterior.) Sob a
tutela de Jesus, os discípulos avançaram para o estágio dialético de
compreender o reino de Deus. Semelhantemente, por volta dos onze
ou doze anos, a criança passa do estágio gramatical do desenvolvi-
mento para o estágio dialético. Um aluno na etapa dialética não se
dá por satisfeito em responder à pergunta “O QUÊ?”, acumulando um
certo conteúdo de fatos. Em vez disso, está ansioso para entender os
fatos; daí começa a perguntar “POR QUÊ?”. Um aluno de estágio dialé-
tico não se contenta mais em ouvir as histórias da Bíblia sobre o Êxodo
e repetir os fatos. Em lugar disso, tem interesse na compreensão da
justiça da punição de Deus a Moisés, que negou-lhe a entrada na
Terra Prometida depois de quarenta anos aguentando um povo que
mais se parecia com um bando de crianças
“Sem dialética, o resmunguentas. Alunos da etapa dialética já
homem só pode conhecem os fatos. Agora, eles anelam por
se conhecer como um entendimento mais profundo.
uma parte e o
universo apenas O Método - Como os Alunos de Dialética
como um conjunto Devem Aprender?
de partes ...” Já que um objetivo distintivo da Educação
—David Hicks Clássica Cristã é abraçar a atividade de
Norms & Nobility pensar com clareza, não há como enfatizar
essa etapa dialética de forma exagerada. Hicks demonstra como a
dialética é primordial à educação: “Sem dialética, o homem só pode
se conhecer parcialmente e o universo apenas como um conjunto
de partes, mas com a dialética, ele se vê como parte do todo e
enxerga todas as partes em relação ao todo”.11 O estágio dialé-
tico desafia o aluno a correlacionar as partes - a compreensão das
mesmas, os conceitos e a experiência - a uma verdade, bondade, e
beleza completas e transcendentes. Essa atividade humilhante se
mostra fundamental na constituição da fornalha depuradora do
lar: uma atitude de compreensão. O estágio dialético desenvolve
a integridade das paredes, do teto e das porta da casa, permitindo
que ela isole e avalie adequadamente as miríades de conceitos que
baterão à porta, tentando entrar na casa “sem pedir licença”.
É comum os pais se sentirem desconcertados e contrariados
25
O Modelo Acessível a Todos: O Trivium
quando os alunos entram nessa fase, porque a tendência natural de
debater pode soar como rebeldia. Em lugar de ceder a tal tentação,
devemos aprender a trabalhar com o desejo que os alunos tem
de compreender, ajudando-os a aprender a fazer boas perguntas
e responder a essas mesmas perguntas, a aplicar os conceitos da
lógica formal a seu próprio raciocínio e ao raciocínio dos outros,
e a debater de forma adequada e respeitosa. Essa fase também é
confusa para os alunos, pois procuram conciliar conceitos, entender
a cosmovisão de seus pais e lidar com suas próprias crenças.
Aparelhados com as ferramentas adequadas, os pais e os alunos
podem aprender a pensar os grandes conceitos e formar juízos de
valor com relação aos mesmos. Ao desenvolver a arte do pensar e
da comunicação oral e escrita desses conceitos, esses pais e alunos
encontrarão cinco tópicos comuns12 à sua disposição. Tais tópicos,
ou formas mais profundas de pensar mais sobre um assunto, são
comumente ensinados em cursos de lógica formal e relacionados a
cursos retóricos a respeito de invenção. Os cinco tópicos comuns são:
Definição: Um modo de desdobrar o que está contido no
assunto em discussão. Faça a pergunta: “O que é x?” Ou “O
que se quer dizer com o termo x?” Um exemplo seria definir
o que se entende pelo termo evolução. Quem o usa tem em
mente a macro evolução (espécies que sofrem mutação para
outras espécies) ou microevolução (pequenas mudanças
dentro das espécies)? Essa definição possibilita o processo de
refinamento dos pensamentos.
Comparação: Uma estratégia para reunir duas ou mais
coisas, visando estudá-las mais a fundo, para encontrar
semelhanças, diferenças, superioridade ou inferioridade.
Pergunte algo semelhante a: “Como é que x se compara a
y?” Um exemplo seria um projeto em que os alunos compara-
riam liberdade e autoridade despreocupada, buscando
compreender como cada qual é limitada ou expandida por
um governo democrático.
Relação: Uma forma de pensar relacionada a causa e
efeito, bem como de outras relações. Pergunte algo
semelhante a: “O que causou x?” Um trabalho de História,
nesse caso, poderia ser assim descrito: Quais são as principais
causas da Independência do Brasil?
26 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
Circunstâncias: Uma forma de pensar relacionada
ao que é possível e o que não é possível, entre outras
ideias relacionadas a ações passadas e futuras. Formule
perguntas do tipo: “Essa ideia é possível?”, e aí, “Por que
sim ou por que não?” Por exemplo, pode-se perguntar aos
alunos se seria possível inserir o modelo clássico de ensino
no sistema escolar público. Ou então, poderia se perguntar a
eles se o sistema escolar público poderia ser banido, e em seu
lugar oferecer apenas opções privadas.
Testemunho: Buscando, a partir de fontes externas, provas
ou questionamentos a certos conceitos, e suas conclusões.
Pergunte: “O que os especialistas dizem a esse respeito?”
As fontes incluem autoridades, depoimentos, estatísticas,
máximas, leis e precedentes. No exemplo acima, do ensaio
a respeito da Independência do Brasil, os alunos teriam que
fornecer apoio à lista de causas da Independência do Brasil
com estatísticas e evidências vindas de autoridades da história.
Pais e alunos podem se valer desses cinco tópicos comuns para
refinar suas ideias acerca de uma ampla gama de assuntos relativos
à história, literatura, ciências, filosofia e eventos atuais. Através do
diálogo, os alunos aprenderão que todos os conceitos não são iguais
e que boa intenção não equivale a agir em conformidade com a
verdade. Pais sábios apresentarão ideias que conflitam diretamente
com os valores de seus lares, de forma a forçar os alunos a refinar e
defender suas convicções. Um conceito ou princípio que contiver
verdade duradoura permanecerá firme quando contestado. Se isso
não for possível, então pais e alunos deverão refinar seu entendi-
mento do assunto e reavaliar sua posição relativa ao mesmo.
Tal estágio dialético é a etapa mais negligenciada na educação
moderna das últimas duas gerações. Por que foi tão negligen-
ciado? A educação moderna é obcecada com conteúdo que pode
ser medido, em vez de dar atenção a grandes ideias que moldam
o coração, a mente e a alma - ou seja, uma apreciação pelo que é
verdadeiro, bom e belo. Educadores modernos negligenciam a
dialética pelo simples motivo de que não se pode atribuir pontu-
ação ou nota a tal exercício acadêmico. É comum cristãos negli-
genciarem o estágio dialético por uma razão diferente: medo de
ideias questionadoras que pressupomos ser uma questão de fé.
Tal pressuposição, entretanto, reflete um entendimento parcial das
Escrituras, que contém diversos exemplos de homens levantando
questionamentos a fim de buscar a sabedoria do Senhor. Na
Educação Clássica Cristã, a chave está em procurar obter uma
27
O Modelo Acessível a Todos: O Trivium
compreensão mais profunda dos princípios de nossa fé.
Pais devem buscar esse equilíbrio de forma diligente, e não negli-
genciar o aprendizado natural e importante que ocorre por meio
desse intercâmbio dialético.
Mais do que nunca, estudantes de dialética (e seus pais!) precisam
empregar tempo mergulhados em bons livros e conceitos impor-
tantes, e discuti-los com seus pais e colegas. É fundamental para os
estudantes de dialética esmiuçarem os grandes conceitos - pesando o
que de verdadeiro, bom e belo está neles contidos, descobrindo o que
é digno de imitação, rememorando os temas universais da existência
humana e do vício e da virtude. Tais alunos devem aprimorar suas
técnicas de debate estudando lógica formal e discutindo juntos os
eventos atuais. Na ciência, precisam conhecer as grandes mentes e
as grandes descobertas, apresentando tal conteúdo a seus colegas.
Alunos também devem ser desafiados a começar a estudar a fundo
o Latim - a língua que se constitui na base do vocabulário de línguas
como o Inglês e o Português – assim como o vocabulário técnico das
ciências e os clássicos da literatura e da história.

Fase III: Retórica - Enchendo a Casa com Tesouros Preciosos


As “Enquanto esperava por eles em Atenas, Paulo ficou

E
 scrituras profundamente indignado ao ver que a cidade
estava cheia de ídolos ”. At 17.16
“Antes, santifiquem a Cristo como Senhor em
seu coração Estejam sempre preparados para
responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão
da esperança que há em vocês ”. 1 Pe 3.15
As
C
 ompetências Expressão Poética
e Persuasiva
O
O
 bjetivo Sabedoria

Para a mente pós-moderna, a palavra retórica evoca a imagem de


políticos impecavelmente trajados, manipulando uma plateia ou
simplesmente mentindo descaradamente. Na visão mais benevo-
28 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
lente do termo, pensamos frases de impacto astutas ou comerciais
chamativos. Em lugar disso, deveríamos nos concentrar em resgatar
o sentido original da palavra retórica, que incluía 3 aptidões:
•  Uma apreciação pelo verdadeiro, bom e belo
•  A capacidade de falar de forma eloquente e persuasiva
•  Um caráter virtuoso
Até mesmo na Grécia e Roma pagãs, o objetivo de uma educação
clássica era cultivar cidadãos virtuosos. Como cristãos, devemos
nos esforçar ainda mais para buscar o que é verdadeiro, bom e belo,
onde descobrimos os atributos de Deus. Nossa reação será o desejo
de viver corretamente diante de Deus e espalhar o louvor por Sua
criação e Sua história.
Na viagem de Paulo a Atenas, ele procurou os filósofos gregos que
começaram a contender com ele. Paulo conhecia a cultura deles, a
ponto de entender o sistema religioso em que viviam. Por isso, ele
foi capaz de argumentar com eles, dizendo:
Então Paulo levantou-se na reunião do Areópago e
disse: “Atenienses! Vejo que em todos os aspectos
vocês são muito religiosos, pois, andando pela cidade,
observei cuidadosamente seus objetos de culto e
encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS
DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de
não conhecerem, eu lhes anuncio. Atos 17:22-23
Isto é a autêntica retórica - proclamar a verdade da melhor maneira
para que seu público seja transformado.
O Método - Como Estudantes de Retórica Devem Aprender?
Como os estudantes de dialética, os alunos de retórica precisam
investir tempo (sozinhos) encontrando importantes conceitos
e depois investir tempo juntos discutindo e conciliando essas
grandes ideias. Agora estão preparados para adentrar as grandes
conversas que têm se perpetuado através da história da humani-
dade. Em Norms & Nobility, David Hicks delineia algumas das
perguntas monumentais que moldaram tais conversas:
•  Qual é o propósito e significado da existência humana?
•  Quais são direitos e deveres absolutos do ser humano?
•  O que é o bem? E o mal?
29
O Modelo Acessível a Todos: O Trivium
•  Qual o significado da vida? Da morte?
•  O que é moralidade, se cada qualidade da vida é reduzida
ao que é conveniente ou ao que gera maior prazer?
•  O que é verdade, se todo conhecimento brota da análise
científica de dados físicos?13
Tais perguntas haverá de nortear o estudante de retórica cada vez
mais rumo à obtenção da sabedoria. À medida que amadurece,
o aluno de retórica é capaz de se digladiar com conteúdo cada
vez mais difícil em matemática, Latim, literatura, história, ciências
e artes. Ele deverá se concentrar no expressar de suas ideias via
debates, discursos, palestras, poemas e ensaios. Já que ele domina
tais assuntos, deverá ser capaz de instruir outros.
Alunos de retórica moderna podem aprimorar tais competências prati-
cando as artes incluídas nos“Cinco Cânones da Retórica”de Aristóteles.14
Os Cinco Cânones da Retórica

Inventio
Decidindo o que dizer, esboçando e planejando
(Invenção)
Dispositio Arranjar os pensamentos de maneira lógica e
(Arranjo) organizada
Elocutio Expressar os pensamentos no estilo mais
(Estilo) persuasivo no apelar ao público
Memoria
Memorizar o discurso
(Memória)
Pronuntiato
Entregar o discurso
(Entrega)
Os Cânones da Retórica são praticados através de ensaios, debates,
palestras e discursos. O estudante cristão reconhecerá tais hábitos
mentais mais claramente observando um sermão de domingo. O
pastor primeiro escolhe uma passagem das Escrituras para ensinar e
depois esboça o sermão (inventio). Ao longo da semana, ele organiza
seus pontos, transformando tudo num sermão lógico e organizado,
e acrescentando sua pesquisa de outras passagens das Escrituras e
de comentários bíblicos (dispositio). Então, le leva em conta o melhor
estilo para transmitir seu sermão à congregação (elocutio). Inicia sua
30 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
pregação com uma história ou piada, inclui os três pontos principais e
encerra com uma aplicação pessoal ou uma exortação à ação. Poste-
riormente, ele memoriza o sermão (memoria) e o prega (pronuntiato).
Alunos de retórica podem seguir o mesmo processo ao escrever um
trabalho sobre a Segunda Guerra Mundial, compondo um ensaio
convincente a respeito de Jane Eyre ou fazendo uma palestra refer-
ente à arte. Precisam ser lógicos e persuasivos ao conclamar seu
público para pensar ou viver de maneira diferente. Tais trabalhos
já não são mais os relatórios de leituras feitas ou relatórios de
história factual produzidos pelo aluno de gramática que simples-
mente resume as ações das batalhas da Segunda Guerra Mundial
ou descreve o enredo do romance. Em lugar disso, são argumentos
aprimorados e persuasivos que levam a plateia a pensar e a viver
de maneira diferente. A pesquisa sobre a Segunda Guerra Mundial
poderia argumentar que os Aliados não teriam vencido a guerra
sem as táticas do Dia D ou que o uso da bomba atômica foi justa
e necessária. O ensaio persuasivo acerca de Jane Eyre poderia
comparar e contrastar a ética de Jane com a dos leitores modernos e
avaliar quais padrões geram indivíduos e uma sociedade melhores.
Conforme descrito acima, o Trivium apresenta aos educadores e
pais um caminho claro para nortear a criança rumo à maturidade
e à sabedoria. Os objetivos e competências claramente definidas,
associadas a cada etapa, fornecem aos pais um modelo claro.
Durante a fase gramatical (idades de 4 a 12 anos), os pais podem
se concentrar no catecismo,
no trabalho de memória
que prepara os filhos
para futuros estudos
e nas histórias que
alimentam a imagi-
nações deles. Pais
de alunos de dialé-
tica (idades 12-14)
podem estruturar a
educação dos alunos
em torno de discussão,
31
O Modelo Acessível a Todos: O Trivium
debate, lógica e raciocínio para alimentar o interesse que se
aprofunda, visando o conhecimento do mundo que os cerca.
Para alunos de retórica (idades 14-18), os pais podem orientá-
los através da auto-expressão, à medida que se comunicam com
os outros. Com tais objetivos bem delineados e uma cosmovisão
bíblica que os norteia, alunos de uma Educação Clássica Cristã
estarão preparados para a doxologia enquanto “ecoam celeb-
rando” a criação de Deus.
32 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
33

O Modelo Acessível
a Todos:
O Núcleo
Ao mesmo tempo, a cultura ocidental é
enfatizada porque foi nela que a fé cristã fez os
maiores avanços. A civilização ocidental não é
sinônimo do reino de Deus, mas suas histórias
estão tão entrelaçadas que não podem ser
entendidas separadamente. Procure imaginar
uma história corretamente contada do
Ocidente sem menção do Cristianismo, ou de
uma história eclesiástica sem menção a Carlos
Magno ou a Constantino. Nós não ensinamos
a cultura ocidental de uma maneira fanática;
em vez disso, os alunos que aprendem a amar
sua própria cultura entenderão porquê outros
a amam.15
—Douglas Wilson
The Case for Classical Christian Education

O que haveremos, então, de estudar?


Nos dois capítulos anteriores, consideramos os motivos por que
pais escolheriam a Educação Clássica Cristã e como poderiam
implementar uma Educação Clássica Cristã. Em outras palavras,
tentamos responder o “POR QUÊ?” e o “COMO?”. Agora, precisamos
voltar nossa atenção para a questão do conteúdo de uma Educação
Clássica Cristã para que possamos responder à pergunta “O QUÊ?”
34 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
Francis Schaeffer, missionário e filósofo cristão, chamou sua grande
história da civilização ocidental de Como Viveremos?16 Ele apresenta
aos seus leitores uma abordagem de arte e cultura desde a Grécia
antiga e Roma, até os tempos modernos. A conclusão de seu livro
e do título são um conclamar à ação. À luz da história dos seres
humanos e da essência de nossos tempos pós-modernos, qual será
nossa resposta? Como vamos viver?
Da forma semelhante, um sistema educacional deve levar em conta
duas perguntas importantes: “O que devemos estudar?” E “Como
devemos estudar tal conteúdo?” Essas duas perguntas consi-
deram o conteúdo da educação e a metodologia para comunicá-
lo. Já analisamos a metodologia da Educação Clássica Cristã, que
é o Trivium - o método de trabalhar com as inclinações naturais do
aluno em cada estágio de sua maturidade física e espiritual. Agora
precisamos pensar no conteúdo. Infelizmente, em nossas escolas
atuais, a resposta para a pergunta “O que devemos estudar?” muda
de ano para ano e de livro-texto para livro-texto. A Educação Clássica
Cristã oferece uma alternativa a essa inconsequente paixão pela
mudança, olhando para o conteúdo que tem sido digno de estudo
ao longo dos tempos e apresentando um método de estudo que se
provou bem-sucedido por milhares de anos.
Se conceituarmos a modalidade clássica como uma forma de
ensinar os alunos de acordo com suas aptidões, então pode-
remos afirmar corretamente que tal modelo pode ser usado para
estudar qualquer coisa, da carpintaria à astrofísica. Enquanto isso
se mostra verdadeiro, é igualmente verdade que os alunos bem
instruídos precisam dominar os assuntos nucleares da literatura, da
escrita, da matemática, da geografia, da história, das ciências e das
belas artes. Existem certos livros, autores, pensadores, cientistas e
artistas com quem toda pessoa educada deve estar familiarizada.
O conteúdo adequado prepara os alunos para discernir a diferença
entre verdade e mentira, bondade e maldade, beleza e feiura. Tal
material, estudado por meio da gramática, dialética e retórica do
Trivium, é o que edifica uma Educação Clássica Cristã.
35
O Modelo Acessível a Todos: O Núcleo
As Escrituras
Uma educação que se propõe a ser “cristã clássica” deve promover
o estudo das Escrituras. Os alunos devem estar familiarizados com
as histórias da Bíblia, bem como com estudos mais profundos da
teologia. Pais de alunos da fase de gramática podem satisfazer a
curiosidade de seus alunos com uma Bíblia ilustrada para crianças,
de forma que estas se familiarizem com pessoas e eventos. Esses
anos também devem incluir muita memorização das Escrituras.
Os alunos da fase dialética apreciarão discutir questões teológicas
mais profundas, aplicando as verdades das Escrituras aos eventos
atuais. Os alunos de fase de retórica completarão esses anos ensin-
ando crianças mais novas ou talvez escrevendo seus próprios
cânticos de louvor.
O livro de Provérbios é repleto de exortações visando a busca da
sabedoria, e o Novo Testamento nos exorta a sermos transfor-
mados por meio de nosso sempre crescente conhecimento. Além
do conhecimento e da sabedoria, a Bíblia serve como um excelente
modelo de todas as formas literárias. Os Salmos fornecem belos
exemplos de poesia, o Antigo Testamento apresenta estórias narra-
tivas e história, enquanto o Novo Testamento exibe a sabedoria de
Jesus através de parábolas. Para o estudante do modelo clássico, a
Bíblia é a fonte do que é verdadeiro, bom e belo.

Literatura
Pense por um instante porque você ensina seus filhos a ler. Durante
a Reforma e os primeiros dias das colônias norte-ameri- canas, as
pessoas aprenderam a ler para que pudessem ler a Bíblia sozinhas.
A leitura é a aptidão fundamental para abrir todas as demais portas
do conhecimento. Na sociedade contemporânea, temos duas
questões de leitura a serem abordadas: uma é a alfabetização
básica (ser capaz de ler e entender as palavras contidas no texto)
e a segunda é a alfabetização cultural (ler e discutir obras de quali-
dade da literatura, história, matemática, ciências e filosofia, a fim de
compreender a própria herança cultural).
Nos primeiros anos da fase da gramática, os pais se preocupam
36 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
com a alfabetização básica. Esse é um assunto de acirrado debate
em círculos educacionais que incluem pais e educadores, enquanto
analistas monitoram as taxas de alfabetização em queda em nosso
país. Os pais que educam os filhos através do ensino domiciliar
têm uma fixação - a instrução fonética. Desde os dias dos Fenícios,
as pessoas aprendiam a ler foneticamente memorizando os sons
associados às letras, combinando as letras para formar palavras
e as palavras para formar frases. Os Estados Unidos alçaram um
breve, porém desastroso vôo para longe desse método, desde
que os educadores progressistas na década de 1950 decidiram
seguir o método conhecido como “método global”, o que produziu
gerações de leitores deficientes, fracos no soletrar.
A educação clássica propõe um retorno ao método que funciona
– . . . a fonética. Em sua maioria, os educadores cristãos em escolas
particulares e em educação domiciliar têm conseguido reimple-
mentar com sucesso a instrução consistente de leitura. Este é um
bom primeiro passo, mas devemos progredir para o segundo nível
– . . . retomar da alfabetização cultural. Uma triste realidade da vida
contemporânea é que as pessoas não lêem o suficiente. Na década
de 1980, Neil Postman comentou a respeito da mudança de uma
cultura centrada em letras para uma cultura visual. Na introdução
de Amusing Ourselves to Death, ele analisa duas profecias concor-
rentes a respeito do mundo moderno, advindas da literatura. Uma é
o mundo de 1984, de Orwell, no qual um governo totalitário reduz
a alfabetização de forma proativa, ao vetar certos livros. A outra é
Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, no qual existem tantos
entretenimentos disponíveis que é desnecessário proibir um livro
porque ninguém quer se dar ao trabalho de ler.17 Quão mais profé-
tica esta última visão soa à luz da Internet? Uma Educação Clássica
Cristã busca resgatar o amor pela leitura dos clássicos.
Estudantes norte-americanos devidamente instruídos devem
estar familiarizados com os trabalhos – entre outros - de Shake-
speare, Jonathan Swift, Jane Austen, Charles Dickens, Ralph Waldo
Emerson, Herman Melville e C. S. Lewis. Não se trata de esnobismo
intelectual. Em lugar disso, estamos apresentando nossos filhos aos
grandes mestres que moldaram o modo de pensar de nossa civili-
37
O Modelo Acessível a Todos: O Núcleo
zação. São os escritores que fizeram as melhores perguntas sobre
questões humanas e divinas, merecendo, portanto, nossa atenção.

Escrita
Assim como a Educação Clássica Cristã defende ampla leitura, educa-
dores clássicos também promovem a prática com a composição.
TODOS os grandes pensadores e líderes divulgam suas ideias por
escrito. A Era Digital põe em risco argumentos bem fundamentados
e eloquentes, reduzindo as nossas comunicações às elocuções
mais curtas e rápidas. Nossos alunos devem estar preparados para
contemplar conceitos difíceis, colocando-os por escrito para serem
partilhados com os outros. Como cristãos, devemos ensinar nossos
filhos a se expressarem por meio da palavra escrita. Mais uma vez,
somos relembrados de que a Bíblia chama Jesus de “a Palavra que se
fez carne”. Deus se revelou a nós e transmitiu Seu plano para nós por
escrito. Devemos influenciar as pessoas à nossa volta, tanto com a
palavra escrita, como com a palavra falada.
Alunos cristãos clássicos devem se atracar com a difícil tarefa de
colocar seus pensamentos no papel. Isso não significa que eles
pesquisam um certo assunto no Google ou recortam e colam alguns
parágrafos da Wikipedia. Em vez disso, eles devem ser capazes de ler
os pensamentos dos outros, raciocinar se tais conceitos são dignos ou
não, e expressar suas conclusões em um ensaio coeso. A expressão
escrita tanto desenvolve, quanto reflete, um raciocínio claro. A escrita
deve ser praticada com frequência, para que os alunos desenvolvam
clareza e estilo próprio. Tal qual um discurso apaixonado, a escrita
aprimorada convence os outros a buscar a verdade.

Matemática
Uma das habilidades perdidas na educação moderna é a facilidade
com números. Ironicamente, enquanto reconhecem a importância
ímpar da alfabetização, nossos sistemas educacionais modernos
não ensinam a alfabetização básica. A mesma ironia está presente
na matemática. Educadores modernos afrouxam os padrões,
enquanto, ao mesmo tempo, afirmam que a matemática e a ciência
são as aptidões necessárias para o sucesso em meio a uma nova
38 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
economia globalizada. Estudantes da educação clássica devem ter
que praticar diariamente o uso de números até que os cálculos e
as equações sejam concluídos sem maior esforço. Um aluno que
aprende a usar uma calculadora não domina os números como o
aluno que aprende a dominá-los com a mente. Considere esta ilus-
tração de instrução matemática de uma época passada:
A aritmética mental era ainda mais difícil. Laura não
gostava de aritmética. Seu coração disparava quando
chegava sua vez e ela tinha certeza de que falharia.
Ela ficou impressionada, ouvindo sua voz passar por
problemas de divisão. “Divida 347.264 por 16. Dezesseis
cabe em 34 duas vezes, sobram 2, baixa o 7; 16 cabe em
27 uma vez, e sobram 11; baixa o 2; 16 cabem em 112
sete vezes, sobra 0; baixa o 6, que não é divisível por
dezesseis; acrescenta um 0 e baixa o 4; 16 cabe 4 vezes
em 64. Trezentos e quarenta e sete mil duzentos e
sessenta e quatro dividido por dezesseis é igual a vinte
e um mil, setecentos e quatro”.18
No século XVIII, tinha-se como certo que uma aluna de quatorze
anos poderia completar uma divisão longa de cabeça. A educação
moderna, com o acréscimo de calculadoras e atalhos de apren-
dizado, fez mais do que nos roubar essa capacidade – ensinou-nos
a acreditar na mentira de que algo difícil é , na realidade, impossível.
A solução, assim como nas demais matérias nucleares, é resgatar
as ferramentas perdidas de aprendizagem delineadas por Sayers.19
A chave simples para dominar a matemática é cultivar a disciplina
de se exercitar diariamente com números. As crianças pequenas
devem completar uma aula de matemática, incluindo exercí-
cios de matemática, diariamente. Alunos mais velhos devem
continuar nesses hábitos e precisam aprender a trabalhar de forma
organizada e metódica, exibindo cada etapa de cada problema.
Alunos de todas as idades devem ser capazes de explicar verbal-
mente como resolver um problema de matemática, assim como
criar seus próprios problemas por escrito.
Por fim, os alunos devem aprender o vocabulário técnico de
matemática. Os alunos de educação clássica abordam matemática
39
O Modelo Acessível a Todos: O Núcleo
como fariam com uma língua estrangeira, e devem aprender a
definir palavras como secante, diâmetro, ângulos inscritos e polinô-
mios. Na busca desenfreada pela modernização de todos assuntos,
os educadores perderam seu senso de direção. Diane Ravitch,
analista de educação, relatou recentemente:
Em uma comparação entre um livro de álgebra de 1973
e um livro didático de “matemática contemporânea” de
1998, Williamson Evers e Paul Clopton encontraram uma
mudança nos tópicos. No livro de 1973, por exemplo,
o índice da letra “F” incluía “fatores, fatoração, falácias,
fórmulas, frações e funções”. No livro de 1998, o índice
relacionou “famílias (dados de pobreza), fast food (dados
de nutrição), fast food (índice de gordura), futebol, Ford
Mustang, franquias e fundos de carnaval (angariar)”.20
Livros didáticos não mais instruem os alunos na linguagem da
matemática, pois ficaram emaranhados nos problemas sociais.
Além disso, os educadores esqueceram que aprender fatos básicos
de matemática é emocionante e algo novo para as crianças
pequenas que apreciam a aquisição dessa nova língua. À luz dessa
confusão matemática, a missão dos educadores clássicos é crista-
lina: precisamos resgatar o conteúdo da matemática e treinar as
crianças para aprendê-lo completa e meticulosamente.
Deus governa o universo através da linguagem ordenada da
matemática. Encontramos os preceitos de Deus em tudo, desde
a estrutura da linguagem à teoria musical, da carpintaria à lógica
formal, de designs artísticos intrincados à incrível beleza das estru-
turas moleculares. Aprender essa linguagem, permite que nossos
filhos conheçam a Deus adequadamente, fazendo com que O
adorem com sua mente.

Geografia
Poucos assuntos são mais negligenciados na educação moderna que
a geografia. Uma matéria que antes existia e era respeitada, exigindo
que os alunos memorizassem nomes de países, capitais, montanhas,
oceanos, rios e lagos, bem como termos geográficos como penín-
sula, baía e planalto - praticamente desapareceu, tendo sido substi-
40 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
tuída por cursos de estudos sociais em que os alunos aprendem a ler
legendas de mapas e criar mapas para locais de interesse. Em lugar
de ensinar as crianças acerca das maravilhas do mundo, tais estudos
as restringem à visão tacanha de seus próprios bairros.
Mais uma vez, é impossível ignorar o curioso paradoxo de que os
líderes educacionais afirmam estar preparando os alunos para uma
economia global, enquanto se recusam a ensiná-los a respeito dos
lugares no globo. Assim como os estudantes de história precisam
estar familiarizados com eventos e pessoas importantes, os alunos
com formação clássica devem estar familiarizados com os locais
em que tais eventos ocorreram e onde as pessoas envolvidas
viveram. Estudantes de eventos atuais devem ter uma imagem
mental imediata dos locais de eventos recentes, como os terre-
motos no Haiti e tsunamis na Indonésia. Estudantes de geografia
que aprenderam a localização de Orleans terão entendimento mais
completo de quem foi Joana D’Arc e também da Guerra dos Cem
Anos. Alunos que encontram a localização exata dos Alpes Suíços
entenderão e apreciarão mais completamente a história de Heidi.
Alunos que conhecem os países da África se conectarão com os
eventos atuais e talvez optem por um campo missionário africano.
Uma criança que não sabe muito sobre o mundo ao seu redor
terá horizontes restritos. Tal qual todas as demais nucleares, a
geografia abre portas e expande horizontes. À medida que alunos
cristãos clássicos memorizam as definições de limites geográficos,
compreendem a variedade da criação de Deus. Quando aprendem
acerca de países pequenos como a Eslovênia, desenvolvem um
coração sensível para o povo de Deus.

História
O Cristianismo oferece uma perspectiva singular a respeito da história
do homem ao enxergá-la como uma tapeçaria entrelaçada tanto pela
providência de Deus quanto pelas ações das pessoas. Como cristãos
pós-modernos, corremos o risco de perder este fio quando negligen-
ciamos o estudo da história. Em lugar de se deixarem obcecar pelo
mais recente desenvolvimento tecnológico, os alunos devem dedicar
tempo regular ao contemplar dos grandes personagens e eventos do
41
O Modelo Acessível a Todos: O Núcleo
passado, como forma de compreender nossos próprios dias.
Em seu ensaio “On the Reading of Old Books”, C. S. Lewis
recomendou que os leitores devorassem um livro antigo para cada
livro recente que lerem:
Toda idade tem sua própria perspectiva. É especial-
mente capaz de enxergar certas verdades e especial-
mente propensa a cometer certos erros. Todos nós,
portanto, precisamos dos livros que corrigirão os erros
característicos de nosso próprio período ... O único
paliativo é manter a suave brisa marítima dos séculos
soprando através de nossa mente, e isso só pode ser
feito lendo livros antigos. Não que haja qualquer
mágica ligada ao passado. As pessoas não eram mais
astutas do que são hoje; cometeram tantos erros
quanto nós cometemos. Mas não os mesmos erros.21
—C. S. Lewis
“On the Reading of Old Books”
O estudo da história aparelha futuros líderes para lutar e reparar os erros
de seus próprios tempos. Além disso, a história da civilização ocidental
posterior ao nascimento de Cristo, é sinônimo da história da Igreja de
Cristo. O estudo da história de forma clássica fornece aos alunos os
melhores e mais nobres modelos de comportamento, assim como as
lições mais preocupantes que dizem respeito ao que há de mais vil.
Estudar história sob a ótica clássica equivale a analisar e julgar as ações
humanas. Formar sábios juízos acerca do passado e do presente é algo
que cultiva a virtude.

Ciências
Ciências, mais do que qualquer outra matéria, porá em cheque nossas
percepções pós-modernas na medida que procuramos resgatar
a Educação Clássica Cristã. Mesmo como cristãos, a maioria de nós
foi ensinada a conceber o método científico experimental como
modelo para descobrir a verdade do mundo. Essa concepção das
ciências é bem diferente da concepção clássica ou medieval. Como
resultado de nossos preconceitos pós-modernos, boa parte dos
programas modernos de educação clássica meramente reproduziu
42 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
as metodologias difundidas para o estudo das ciências. A maioria
dos programas inclui quatro cursos distintos das chamadas ciências
de laboratório para os anos de ensino médio. Como educadores
clássicos cristãos, devemos trabalhar arduamente para resgatar as
ferramentas perdidas do aprendizado científico.
Crianças em tenra idade devem ser treinadas para observar a
natureza de perto e registrar suas descobertas, por escrito ou em
desenhos. A curiosidade delas sobre o mundo natural pode ser
estimulada, ajudando-as a dar nomes ao que vêem. Uma coisa
é ver um pássaro no quintal de alguém e dizer à criança: “Olha,
que lindo pássaro azul e laranja”. Outra coisa é olhar pela janela
e dizer: “Olhe aquele bando de Oriolidae voando para o sul, para
passar o inverno. Estão chegando mais ao final deste ano por
causa do outono ameno que tivemos. Você se recorda das três
maneiras pelas quais os animais reagem à mudança ambiental?
É isso mesmo - adaptação, hibernação e migração”.22
As crianças mais velhas devem continuar aprendendo o vocabulário
técnico das ciências, assim como fizeram na matemática. Devem se
familiarizar com o método científico, com as principais descobertas
e com os cientistas famosos. Acima de todo esse conhecimento,
entretanto, o estudante do método clássico deverá aprender a avaliar
o impacto da ciência na humanidade e pensar a respeito dos cruza-
mentos entre ciência e religião, entre razão e revelação. Precisam,
reaprender a enxergar a ciência como um dos muitos assuntos
norteados e limitados pelo que Sayers chamou de “a ciência mestra”,
que é a teologia. Precisamos evitar que nossos alunos considerem a
ciência natural como única fonte de verdade objetiva.

Latim
Nenhum currículo clássico cristão estaria completo sem o estudo
do Latim. Infelizmente, boa parte de nossos contemporâneos foi
educada em um sistema que negligenciou ou até ridicularizou o
estudo do Latim como sendo inútil para o estudante moderno.
Felizmente, dispomos de uma abundância de recursos ao nosso
alcance para nos ajudar a aprender Latim e ensiná-lo aos nossos
alunos. Estudar Latim aprimora a disciplina mental, melhora indire-
tamente nosso uso e vocabulário de Inglês, além de abrir portas
43
O Modelo Acessível a Todos: O Núcleo
para a leitura de literatura clássica e técnica.
Estudar Latim melhora a disciplina mental porque é uma língua
altamente organizada, logicamente estruturada e sistematizada.
Ao traduzir o Latim para o Inglês, os alunos precisam desenvolver
um fluxo lógico para levar em conta as terminações de substan-
tivo e verbo, a ordem em que as palavras se encontram e a função
gramatical de cada palavra da frase. O exercício repetido dessa
faculdade acaba desenvolvendo naturalmente a disciplina mental.
Além disso, cinquenta por cento das palavras inglesas provém do
Latim. É provável que até 80% das palavras polissilábicas da língua
inglesa derivem do Latim, o que significa que os alunos de Latim
automaticamente expandem suas competências de comunicação
com grande precisão e estilo no Inglês. (Para maiores informações
sobre os benefícios do Latim, consulte o Apêndice D.)
Já deixamos claro que as palavras e seu uso são fundamentais
para a Educação Clássica Cristã. O Latim opera na sintonia fina as
competências linguísticas de três formas diferentes: aprimorando
o vocabulário de Inglês do aluno, reforçando sua compreensão da
gramática inglesa e aprimorando seu estilo de redação. Quando
o aluno traduz frases e passagens mais extensas do Latim para o
Inglês, também recebe, por assim dizer, um curso abrangente de
gramática inglesa à medida que aprende a considerar como as oito
partes da fala operam nos dois idiomas.
Por fim, os estudantes do Latim recebem uma excelente educação
quanto ao estilo. O Latim é uma língua mais precisa e concisa do
que o Inglês. Após estudo rigoroso do Latim, o aluno escreverá
melhor no Inglês. Escritores ao longo da história, incluindo notáveis
como Shakespeare, creditaram a facilidade com que lidaram com
sua língua (inglesa) aos seus estudos de Latim.
Quando ensinamos Latim para nossos filhos, abrimos portas
para eles - portas para ler história, literatura, ciências, medicina e
as Escrituras. Imagine seus filhos traduzindo automaticamente
os nomes científicos de animais e insetos, ganhando uma nova
perspectiva sobre a democracia e lendo João 1 em Latim. Os alunos
de Latim se reconectam, não apenas com as raízes de nossa língua,
44 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
mas também com as raízes de nossa cultura e nossa fé cristã.

Belas-Artes
Duas filosofias artísticas resultaram no nosso afastamento das artes
– o modernismo e o pós-modernismo. Pintores modernos criaram
telas abstratas com formas e cores confusas para muitos obser-
vadores. Compositores modernos compuseram sons titilantes
e dissonantes, agressivos à audição. Mais tarde, gravaram sons
externos, pelas janelas de suas moradias, e reivindicaram autoria
disso que chamaram de “sinfonias”. O Pós-modernismo, a essa
altura, nos ensinou que, nas artes, assim como no restante da vida,
vale tudo. Deixamos de ter um padrão para julgar o verdadeiro, o
bom e o belo.
Na ausência de padrões claros de estética, o ser humano simples-
mente abandonou qualquer participação nas belas artes. Negli-
genciamos as belas artes porque não as entendemos. David Hicks
defende eloquentemente a inclusão das artes no currículo clássico
e cristão:
Nem mesmo as belas artes são oferecidas com base no
“pegar ou largar” - na escola de artes e idiomas. - “Eu
não gosto de artes”, ou “Meu filho não é criativo” ou “A
arte não é prática” - com que frequência ouvimos esses
ataques com relação à Educação Artística! Ainda assim,
a incapacidade de ter-se prazer nas belas artes constitui-
se na razão mais importante para estudá-la, para não ser
dispensado da aula de artes.23
—David Hicks
Norms & Nobility

A verdade é que os artistas modernos não acordaram certo dia


e resolveram que era bom atirarem tinta aleatoriamente numa
tela. Eles, na realidade, estavam reagindo a seus antecessores e
se rebelando contra as antigas noções de arte. Basta olhar para os
esboços perfeitamente realistas desenhados pelo jovem Picasso
para perceber que ele aprendeu a desenhar antes de se tornar
um cubista. Isso pressupõe que ele estudou obras de artistas que
O Modelo Acessível a Todos: O Núcleo
45
o antecederam e entendeu suas técnicas e mensagens. Alunos
de formação clássica, para entrar nesse diálogo, precisam se fami-
liarizar com os grandes mestres e as principais épocas artísticas.
Alunos de formação clássica devem estar familiarizados com os
movimentos da história cultural, tais como o barroco, o clássico, o
movimento impressionista, o romântico e o moderno, bem como
os principais artistas e compositores.
Se acreditamos que somos artistas porque fomos criados à imagem
de Deus e que o próprio Deus é um Artista, devemos trabalhar
para resgatar este campo de estudo para a glória dele. Foi comum
grandes mestres inspirarem genuína devoção ao Senhor, retratando
Sua história. Eles também expressaram, através de suas variadas
mídias, verdades profundas a respeito da natureza da humanidade
e do divino - e a respeito da relação entre os dois. Nossos alunos
podem voltar a pintar, esculpir e projetar obras sagradas que
retratam a glória de Deus, oferecendo tais obras como puros atos
de adoração.

O Núcleo - Um Resumo
Desde a época dos tutores medievais, até as primeiras univer-
sidades norte-americanas, e até mesmo na escola de um único
cômodo situada na fronteira americana, havia uma confiança nessa
tradição clássica, cristã e no conhecimento central necessário a
toda pessoa instruída. No labirinto da nova teoria educacional do
século XX, perdemos nosso caminho. Um importante passo de
volta à Educação Clássica Cristã é uma séria consideração dessas
matérias nucleares a serem ensinadas.
46 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
47

Edificando uma
Casa Visando
Propósitos Nobres

“O objetivo do aprendizado é consertar


o estrago feito por nossos primeiros pais,
readquirindo o correto conhecimento de Deus,
e a partir desse conhecimento, amá-lo, imitá-lo,
e ser como Ele é”. —John Milton
“Of Education”

John Milton, poeta, pensador e estadista cristão do século XVII,


exemplifica bem o Homem Renascentista de formação clássica.
Milton escreve em seu panfleto “Of Education”, que “o objetivo do
aprendizado é consertar o estrago feito por nossos primeiros pais,
readquirindo o correto conhecimento de Deus, e a partir desse
conhecimento, amá-lo, imitá-lo, e ser como Ele é”.24 Como pais
cristãos, esta é, sem dúvida, nossa aspiração para nossos filhos. A
alma que alcança a sabedoria de forma correta é a que conhece a
Deus intimamente e age de acordo com esse conhecimento, alma
satisfeita que jorra atos de adoração, tanto em música, como no
serviço.
Uma Educação Clássica Cristã, portanto, ensina o aluno a amar a
Deus aprendendo a respeito do mundo como o universo de Deus,
projetado por Sua mente criativa, governado por Suas leis e susten-
tado por Sua orientação providencial. Os pais dão início ao processo
incentivando crianças de tenra idade a procurar evidências do
projeto de Deus em todas as matérias, até na matemática e na
48 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

língua. As crianças conseguem descobrir a lógica das leis naturais e


universais de Deus à medida que estudam ciências, e o desenrolar
de Seu plano à medida que se deparam com a história. Eles encon-
tram a criatividade de Deus na música, nas artes e na literatura.
Uma abordagem sábia à paternidade seria lembrar não que estamos
criando filhos, mas sim que estamos criando adultos. Ou seja,
precisamos concentrar nossa atenção no preparo de nossos filhos
para tomarem decisões e se comportarem como adultos maduros
e responsáveis. É para esse objetivo que transmitimos sabedoria de
geração em geração. Esse é o objetivo de uma educação clássica
- criar adultos sábios. Voltando à metáfora da alma como casa, o
modelo clássico segue o padrão bíblico encontrado em Provérbios
24.3-4: Uma progressão que vai do conhecimento para o entendi-
mento, e deste para a sabedoria. Esse padrão de maturidade espiri-
tual coincide naturalmente com a maturidade emocional e mental
dos alunos nos três estágios diferentes de aprendizado. Em outras
palavras, uma educação clássica procura trabalhar com os desejos
e aptidões naturais dos alunos à
“... o cultivo do espírito medida que crescem. O educador
humano: ensinar o clássico apresenta o conhecimento
jovem a saber o que é certo no momento certo, enquanto
bom, servi-lo acima de os alunos têm a oportunidade de
si mesmo, reproduzi-lo praticar aptidões importantes bem
e reconhecer que essa no momento em que seu anelo por
responsabilidade reside essas aptidões se desenvolve.
no conhecimento”.
—David Hicks Resumindo, uma Educação Clássica
Norms & Nobility Cristã cobra um retorno a um
modelo de valor durável, uma
abordagem que produziu cristãos altamente alfabetizados durante
a Idade Média e, mais tarde, um corpo de letrados altamente
eruditos.
Cidadãos brasileiros. O véu foi retirado e o arquiteto da educação
moderna foi exposto. O grande e poderoso Oz foi desmascarado,
e seu poder cheira a impotência. A cultura fica perplexa e embas-
bacada com o produto do modelo moderno. Nós negligenciamos
49
Edificando uma Casa Visando Propósitos Nobres

o coração e a alma do homem em favor da especialização e da utili-


dade. No fim das contas, ambos estão perdidos.
A Educação Clássica Cristã resiste à isca da mudança contínua,
restaurando um conjunto básico de aptidões e conhecimentos
dentro do contexto da educação da pessoa como um todo -
corpo, mente e alma - para nortear o progresso da criança do
conhecimento, rumo à compreensão, e desta, rumo à sabedoria.
Como Hicks expressa com propriedade, a tarefa suprema de uma
educação é “...o cultivo do espírito humano: ensinar o jovem a saber
o que é bom, servi-lo acima de si mesmo, reproduzi-lo e reconhecer
que essa responsabilidade reside no conhecimento”.25
Os que seguem o modelo da Educação Clássica Cristã atingem esses
fins. Labutam em uma casa construída para propósitos nobres.
50 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
51

Arquitetos Divinamente
Designados:
Os Pais
“A resposta à crise de nossa educação é que
os pais recuperem seu papel de pais perante
o Senhor, segundo a Sua Palavra somente. A
resposta bíblica deve ser encontrada nos pais
assumindo a responsabilidade que Deus deu a
eles, e somente a eles, a educação e criação de
seus filhos”.26
—Douglas Wilson
Repairing the Ruins

Segundo as Sagradas Escrituras, a educação é responsabilidade


dos pais e da família - não do estado ou da igreja. Deus estabel-
eceu o Estado para administrar a justiça e o Corpo de Cristo para
espalhar o evangelho. Nas palavras de R. L. Dabney: “é dever
da igreja instruir os pais sobre como Deus quer que criem seus
filhos e os faça cumprir o dever por meio de sanções espirituais;
mas aí cessa seu poder oficial. Ela não usurpa a realização da
importante tarefa que insta com os pais para que a cumpram”.27
O currículo Classical Conversations existe para aparelhar os pais.
Cremos que se os pais são capazes de ensinar os filhos acerca
da Palavra de Deus, então eles são capazes de ensinar acerca do
mundo de Deus.
Ouça a admoestação do apóstolo Paulo aos cristãos em Colossos,
52 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

uma admoestação acoplada a encorajamento para que os pais


se saiam bem em permanecer firmes ao considerarem o modelo
apropriado para a educação de seus filhos:
“... a saber, em Cristo.... Nele estão escondidos todos
os tesouros da sabedoria e do conhecimento...assim
como vocês receberam a Cristo Jesus, o Senhor,
continuem a viver nele, enraizados e edificados nele,
firmados na fé, como foram ensinados, transbordando
de gratidão. Tenham cuidado para que ninguém os
escravize a filosofias vãs e enganosas, que se funda-
mentam nas tradições humanas e nos princípios
elementares deste mundo, e não em Cristo”.
Colossenses 2:2-8
Uma Educação Clássica Cristã edifica 6
Que todas estas
uma casa nobre, lançando o alicerce palavras que hoje lhe
com conhecimento, construindo ordeno estejam em
as paredes e o telhado com enten- seu coração. 7Ensine-
dimento, e decorando o interior as com persistência a
da casa com sabedoria. Já que a seus filhos. Converse
maioria dos pais não foi educada na sobre elas quando
tradição clássica cristã, eles se sentem estiver sentado
incapazes de ministrar essa educação em casa, quando
a seus filhos; no entanto, os pais estiver andando pelo
dispostos a buscar o conhecimento caminho, quando se
haverão de encontrá-lo e poderão deitar e quando se
partilhar a alegria dessa jornada levantar. 8Amarre-as
com seus filhos. Agindo assim, como um sinal nos
resgataremos a tradição clássica braços e prenda-as na
cristã em duas gerações, em vez de testa. 9Escreva-as nos
apenas uma. batentes das portas
de sua casa e em seus
portões.
Deuteronômio 6:6-9
53
Arquitetos Divinamente Designados: Os Pais

“Que as Sagradas Escrituras sejam ouvidas: ‘O reino


de Deus está entre vocês’, consistindo não em uma
hierarquia ambiciosa, mas na regra da Verdade; o clero
não se constitui em senhores da herança de Deus, mas
apenas em servos por meio dos quais viemos a crer; não
ministra penalidades exceto as espirituais, não tocando,
portanto, nos direitos civis de qualquer ser humano; sua
única outra função é didática, e seu ensino só obriga
quando a consciência do próprio leigo acata; é dever da
igreja instruir os pais sobre como Deus quer que criem
seus filhos e os faça cumprir o dever por meio de sanções
espirituais; mas aí cessa seu poder oficial. Ela não usurpa
o realizar da importante tarefa que insta com os pais para
que a cumpram. Como um indivíduo cristão particular, o
ministro confia a outros pais seu conhecimento e virtudes,
para que cooperem no trabalho destes. Mas tudo isso não
implica perigo para a liberdade espiritual ou religiosa”.28
—R. L. Dabney
“Secularized Education”
54 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
55

Outro Modelo Revisitado:


A Escola de
Sala de Aula Única
“... há evidência suficiente de que entre
1640-1700, a taxa de alfabetização para
homens em Massachusetts e Connecticut
esteve entre 89 e 95% ... (Estima-se que a taxa
de alfabetização das mulheres tenha chegado
a 62% nos anos entre 1681- 1697)”.29
—Neil Postman
Amusing Ourselves to Death

Já exploramos o método de uma Educação Clássica Cristã, que é o


Trivium - transmitindo conhecimento, entendimento e sabedoria.
Além disso, consideramos o conteúdo nuclear que fornece o
material de estudo. Agora, devemos tratar da aplicação prática de
ambos. Como um pai/uma mãe, em casa com seus filhos, pode
colocar esse projeto para funcionar? Fomos condicionados a pensar
que os alunos só podem aprender matérias importantes de um
professor “mestre” especializado. Em lugar disso, devemos consi-
derar o sucesso do professor, ou da professora, de dezesseis anos
de idade, na escola de um só cômodo, que ensinava muitos alunos
de diferentes idades todos os dias. Uma ideia um tanto estranha
para pai e mãe modernos!
O professor/a professora sabia qual era o seu trabalho:
1.  Encorajar os alunos a ter objetivos elevados.
2. Demonstrar que todos os acervos de conhecimento são
possuidores de uma gramática peculiar.
56 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

3.  Fornecer oportunidades para repetição, duração e intensidade.


4.  Repetir o conhecimento nuclear de uma cultura cristã.
Como educadores domiciliares, podemos aprender muito com ele
ou ela. Primeiro, devemos encorajar nossos filhos a terem objetivos
elevados. Os alunos devem aprender a dominar não apenas o
conhecimento, mas também a si mesmos. Não devemos subestimar
suas aptidões dadas por Deus ou o selo da imagem divina neles
estampada. Já foi dito que superestimamos a experiência de uma
criança e subestimamos suas aptidões. Como diz o Salmo 8: 5, não
foram os nossos filhos criados à imagem divina de nosso Criador,
um pouco abaixo dos anjos? Tratemo-los de acordo, enquanto
providenciamos correção quando aspectos “menos que angel-
icais” da natureza humana se manifestarem neles.
Devemos ensinar às crianças a gramática das matérias nucleares
ou dos acervos de conhecimento, incluindo um período de revisão
e recitação em todos os dias de aula. No modelo de escola de um
só cômodo, há grandes tesouros que via de regra são negligen-
ciados pelo educador moderno. Exercícios de recitação dentro
desse ambiente de aprendizagem integrado à idade proporcionam
benefícios incalculáveis a todas as idades. Imagine os alunos mais
novos ouvindo os mais velhos declamar recitações mais longas e
complexas dia após dia, enquanto são responsáveis por apenas um
subconjunto desse conhecimento. Os mais jovens aprendem, então,
pelo chamado “efeito cascata”, assim como pela instrução direta às
suas aptidões daquele momento de vida. Os mais jovens têm diante
deles um exemplo, uma visão de seus objetivos futuros. E eles estão
em uma posição naturalmente humilde, pela natureza de serem
mais jovens e possuírem menos conhecimento. Os mais velhos estão
em uma posição naturalmente nutridora, pelo fato de serem mais
velhos e possuírem mais conhecimento. Isso chega a ressonar com
a ideia de cultivar aspectos do estudante que não podem ser facil-
mente medidos, mas possuem valor infinito? Certamente que sim!
E por fim, se esperamos transmitir a “alma de nossa sociedade” para
a próxima geração, devemos nos disciplinar. Não podemos repetir
57
Outro Modelo Revisitado

e passar adiante aquilo que não sabemos. Portanto, a educação


clássica exige maestria – o domínio do conhecimento que conduz a
um entendimento abrangente e que culmina na sabedoria. Isto via
de regra é alcançado através do repasse do mesmo conhecimento
e conceitos centrais, nova e novamente, levando em conta que, à
medida que o aluno amadurece, uma maior complexidade é possi-
bilitada e uma capacidade mais completa de discernir o verdadeiro,
bom e belo é obtida. Maestria do conhecimento essencial nos
capacita a transmitir apenas o que é digno de imitação.
Uma das bênçãos da Educação Clássica Cristã domiciliar é que
os pais recebam uma segunda oportunidade de educação, desta
vez, ao lado de seus filhos. Dessa forma, renovamos a mente de
duas gerações de uma só vez. Pela própria natureza da educação
domiciliar, os pais desfrutam dos benefícios e da beleza do modelo
de uma escola de sala de aula única que no passado instruiu grandes
líderes, homens piedosos e pensadores sensatos por gerações a fio.

Grandes Esperanças: O Objetivo da


Educação Clássica Cristã
Para voltar ao início de nossas considerações acerca da Educação
Clássica Cristã, voltemos mais uma vez para Milton, que afirmou
que o fim do aprendizado é que os alunos conheçam a Deus corre-
tamente. Esse conhecimento profundo e permanente de Deus,
manifestado na literatura, matemática, geografia, nas ciências e
artes plásticas, inspira os alunos a expressar louvor a nosso Senhor
e Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Eles se tornam cristãos maduros
que progrediram do cantar “Meu Deus é tão grande”, para o entoar
da metáfora “Castelo forte é nosso Deus, amparo e fortaleza”.
Eles satisfazem o chamado de adorar a Deus não apenas com o
coração e a alma, mas também com a mente. Saem alegremente
para impactar as nações para a glória de Deus. Armados com esse
excelente modelo clássico, quem sabe possamos alcançar as espe-
ranças de Milton quanto a uma boa educação: despertar os alunos
“com grandes esperanças de serem homens corajosos e patriotas
dignos, queridos por Deus e famosos em todas as épocas”.30
58 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
59

Notas
CHESTERTON, G. K., citado em The Observer. Londres: 6 de julho
1

de 1924.
EMC – Educação Moral e Cívica ou equivalente
2

SAYERS, Dorothy: “The Lost Tools of Learning]. Curso Vocacional


3

em Educação. Universidade de Oxford. Oxford. 1947


Para fins deste livrete, utilizaremos a expressão educação
4

moderna para designar as práticas presentemente empregadas


no sistema de escolas públicas dos Estados Unidos. Podemos,
a grosso modo, considerar tais filosofias e suas práticas como
tendo surgido no princípio do Século XX.
HICKS, David, Norms & Nobility: A Treatise on Education . Lanham,
5

MD: University Press of America, 1999, pág. 13.


Hicks (xiii).
6

Textos bíblicos citados nesta obra provém da Nova Versão


7

Internacional.
MILTON, John. “Of Education”, em John Milton: Complete Poems
8

and Major Prose . Publicado por Merrott Hughes: Nova York:


Macmillan, 1957.
Em “Of Education”, John Milton escreveu: “o fim do aprendizado
é consertar o estrago feito por nossos primeiros pais, readqui-
rindo o correto conhecimento de Deus, e a partir desse
conhecimento, amá-lo, imitá-lo, e ser como Ele é”.
Sayers.
9

10
Sayers.
11
Hicks, pág. 68.
60 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

CORBETT, Edward, P. J. e CONNORS, Robert J. Classical Rhetoric for


12

the Modern Student . Nova York: Oxford University Press, 1999,


págs. 80-120.
As definições dos cinco tópicos comuns foram obtidas direta-
mente dessa obra. Os exemplos em itálico, são nossos próprios,
tirados a partir da experiência de sala de aula.
Hicks, pág 103.
13

ARISTÓTELES. A Retórica. Sec. IV A.C. Disponível em muitas


14

traduções modernas.
WILSON, Douglas. The Case for Classical Christian Education .
15

Wheaton, IL.: Crossway Books, 2003, págs. 84-85.


SCHAEFFER, Francis. How Should We Then Live? The Rise and
16

Decline of Western Culture and Thought. Wheaton, IL.: Crossway


Books, 2005. [Em Português: Como Viveremos? Uma Cuidadosa
Análise das Principais Características de Nossa Época em Busca de
Soluções para os Problemas que Enfrentamos - Ed. Cultura Cristã
– 2013.]
POSTMAN, Neil. Amusing Ourselves to Death: Public Discourse
17

in the Age of Show Business. Nova York: Penguin Books, 1985


(vii-viii).
WILDER, Laura Ingalls. Little Town on the Praire. Nova York: Harper
18

Trophy, 1971, pág. 288.


Para maiores detalhes da palestra de Sayers, procure em WILSON,
19

Douglas. Recovering the Lost Tools of Learning: An Approach to


Distinctively Christian Education . Wheaton, IL.: Crossway Books,
1991.
BORTINS, Leigh A. The Core: Teaching Your Child the Foundations of
20

Classical Education . Nova York: Palgrave Macmillan, 2010, pág. 136.


LEWIS, C. S., “On the Reading of Old Books”. God in the Dock:
21

Essays on Theology and Ethics. Grand Rapids, MI: William B.


Eerdmans, 2001, pág. 200.
61
Endnotes

Para mais sugestões de como estudar ciências com crianças


22

entre 4 e 12 anos, leia o Capítulo 9 de The Core, de Leigh A.


Bortins (veja a nota de rodapé 19).
Hicks , pág. 141.
23

MILTON, John, pág. 631.


24

HICKS, pág. 141.


25

WILSON, Douglas, editor de Repairing the Ruins: The Classical


26

and Christian Challenge to Modern Education. Moscou: Cannon


Press, 1996.
DABNEY, R. L., Discussions of R. L. Dabney, , Vol. 4, “Secular-
27

ized Education”. Http://www.dabneyarchive.com/Dioscus-


sions%20V4/Secularized%20Education.pdf, ... 2009. Internet, 5
de março de 2011.
Dabney.
28

Postman, pág. 31.


29

Milton, pág. 633.


30
62 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
63

Bibliografia
BORTINS, Leigh A. The Core: Teaching Your Child the Foundations of
Classical Education [Nova York: Palgrave Macmillan, 2010].
CORBETT, Edward, P. J. e CONNORS, Robert J. Classical Rhetoric for the
Modern Student [Retórica Clássica para o Aluno Moderno]. Nova York:
Oxford University Press, 1999.
DABNEY, R. L., Discussions of R. L. Dabney, Vol. 4,“Secularized Education”.
Http://www.dabneyarchive.com/Dioscussions%20V4/Secular-
ized%20Education.pdf, ... 2009. Internet, 5 de março de 2011.
HICKS, David, Norms & Nobility: A Treatise on Education. Lanham, MD:
University Press of America, 1999.
LEWIS, C. S., “On the Reading of Old Books”. God in the Dock: Essays on
Theology and Ethics. Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans, 2001.
MILTON, John. “Of Education” (“Da Educação”), em John Milton:
Complete Poems and Major Prose. Publicado por Merrott Hughes:
Nova York: Macmillan, 1957.
POSTMAN, Neil. Amusing Ourselves to Death: Public Discourse in the Age
of Show Business. Nova York: Penguin Books, 1985.
SAYERS, Dorothy: “The Lost Tools of Learning”. Curso Vocacional em
Educação. Universidade de Oxford. Oxford. 1947
SCHAEFFER, Francis. How Should We Then Live? The Rise and Decline
of Western Culture and Thought. Wheaton, IL.: Crossway Books,
2005. [Em Português: Como Viveremos? Uma Cuidadosa Análise das
Principais Características de Nossa Época em Busca de Soluções para os
Problemas que Enfrentamos - Ed. Cultura Cristã – 2013.]
WILDER, Laura Ingalls. LittleTownonthePraire.NovaYork: HarperTrophy, 1971.
WILSON, Douglas. The Case for Classical Christian Education. Wheaton,
IL.: Crossway Books, 003.
WILSON, Douglas. Recovering the Lost Tools of Learning: An Approach
to Distinctively Christian Education. Wheaton, IL.: Crossway Books,
1991.
WILSON, Douglas, editor de Repairing the Ruins: The Classical and Chris-
tian Challenge to Modern Education. Moscou, ID.: Canon Press, 1996.
64 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
65

APÊNDICE A

Um Modelo para os Pais:


Os Programas do
Classical Conversations
e das Comunidades
Os Programas do Classical Conversations e O Trivium
A necessidade educacional mais urgente
da cultura atual não são professores com
maior conhecimento; são, sim, a presença de
mentores inspiradores que orientem como
fazer uso das ferramentas da aprendizagem!
Se esperamos e exigimos que os alunos
aprendam acerca de várias matérias, como os
inspiramos a “tomar posse” de tal empreitada?
O que é mais forte do que as amostras de
carne e osso?!? Nossos tutores modelam
o aprendizado, epor meio de seu exemplo
inspiram seus alunos e pais a fazerem o
mesmo. Dentro das Comunidades CC, ano
após ano, alunos e pais aprendem mais do que
jamais imaginaram fosse possível.
—Leigh Bortins, fundadora e Diretora Executiva-Presidente
da organização Classical Conversations
Classical Conversations acredita que os pais podem dar a seus
filhos uma Educação Clássica Cristã. Nossos programas tornaram
66 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
essa educação acessível desde 1997, estabelecendo comunidades
de âmbito nacional que suprem prestação de contas e apoio. Tais
comunidades, constituídas por famílias com filhos de quatro a
dezoito anos, reúnem-se semanalmente para desenvolver uma
Educação Clássica Cristã.
Nos anos de gramática, planejamos três ciclos de trabalho de
memória para auxiliar as famílias a rever o conhecimento central,
nuclear. Para os alunos do estágio de dialética, a participação
nas comunidades dos Challenge A e B oferece oportunidades
para discutir, debater e arrazoar juntos. Os alunos de retórica
no Challenge I-IV aperfeiçoam suas aptidões de falar e escrever
liderando discussões literárias, fazendo discursos persuasivos,
escrevendo ensaios e poesia.

Em casa, pais e alunos interagem


de acordo com um padrão e uma
agenda que se encaixa na dinâmica familiar.
O foco neste nível é a memorização, portanto,
divirtam-se nos exercícios diários e visuais, cânticos ou
atividades que acompanham o material. O trabalho de memória
do Classical Conversations encontra-se disponível em uma
variedade de formatos, de forma a fornecer à sua família opções
de aprendizagem em casa ou ao explorar, longe de casa!
Além disso, a comunidade on-line do Classical Conversations
(CCConnected) está repleta de ideias para manter sua tarefa
revigorante e interessante.
67
APÊNDICE A: Um Modelo para os Pais
O Estágio da Gramática - O Programa Foundations
Muitos pais desejam orientação e prestação de contas no desen-
volvimento do trabalho de memória com seus alunos. No programa
Foundations do Classical Conversations, os alunos de gramática
assistem aulas semanais em que os tutores apresentam e revisam o
trabalho de memória em sete disciplinas acadêmicas. A cada ano,
os alunos memorizam a linha do tempo da história mundial, bem
como um programa predeterminado de fatos matemáticos, inclu-
indo-se tabuadas (até a do 15), conversões de medições, fórmulas
geométricas e leis algébricas.
O trabalho de memória restante é dividido em três ciclos. Lembre-
se de que o estágio da Gramática - memorizar fatos - é o ponto de
partida da educação clássica, e não o fim. Todas as informações que
os alunos memorizam no Foundations visam preparar os alunos
para um raciocínio mais elevado que estes desenvolverão ao
estudar Dialética e Retórica.

Na comunidade, pais e alunos


participam de apresentações,
revisam o trabalho de memória
e preparam-se para a semana
que funcionará debaixo da
orientação de diretores e tutores
experientes e treinados. Talvez
o mais importante, alunos e
pais estabelecem contatos
com outras famílias com quem
compartilharão realizações,
dificuldades e vitórias.
V I
A G
E M
D E
G R A M Á T I C A
68 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

A Ponte Entre Gramática e Dialética


- o programa Essentials
Visando preparar os alunos para crescerem num processo de pensa-
mento dialético, o Classical Conversations desenvolveu o programa
Essentials of the English Language (EEL – Elementos Básicos da
Língua Inglesa). Este programa trienal inclui exercícios de artes da
língua, redação e matemática. O foco é entender a estrutura e a
sintaxe da língua nativa do aluno, preparando-o para o estudo de
línguas estrangeiras.

O Essentials requer, a princípio, um trabalho de memória muito semelhante ao


Foundations; na realidade, a informação se sobrepõe ao trabalho de memória
gramatical e de matemática do Foundations. Os Alunos, entretanto, passam
rapidamente para a análise do uso das palavras. Tal análise examina não
apenas a mecânica da composição da oração,
mas o intento de significado por trás da própria
oração. Tudo isso conduz naturalmente a uma
expansão de vocabulário do aluno (e supre
uma boa oportunidade para aperfeiçoar as
aptidões ortográficas), bem como à expressão
de ideias escritas no âmbito do IEW (Institute for
Excellence in Writing / Instituto para a Excelência
na Escrita).
Em casa, os pais dirigem o trabalho de
memória, mas é preciso que desempenhem
um papel ativo no direcionar os alunos
para que façam as
S Õ E S
C U S
perguntas
S  
D I  

certas a si mesmos nas


tarefas analíticas, e ajudando-os a
projetar a concatenar o pensamento visando
os esboços nas tarefas de redação.
69
APÊNDICE A: Um Modelo para os Pais

O programa Essentials implementa duas aptidões básicas


relativas à linguagem. Uma é a aptidão gramatical de memorizar
um conjunto estratégico de vocabulário, de regras e de listas da
gramática inglesa. O outro é uma série dialética de tarefas analíticas
que ensinam o aluno a aplicar o conhecimento que memorizou e
a analisar atentamente a construção da oração. O resultado é uma
robusta aptidão de construção e de uso da linguagem - escrita e
oral.

Na comunidade, os alunos partilham e, por


vezes, apresentam o que escreveram. Aí os
tutores lideram uma revisão do material da
semana anterior e examinam os conceitos
para a semana seguinte. Uma parte da análise
gramatica é razoavelmente avançada, por
isso os alunos e os pais
aprendem juntos!
Os alunos desses anos
são começando a
crescer de forma mais
independente,

C A s
L É T I
          D I A
desenvolvendo
pensamentos próprios. A comunidade
do Essentials é uma atmosfera calorosa e
encorajadora para tal expressão, mas também
cobra uma dedicação acadêmica.
70 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

O Estágio Dialético - os Programas Challenge A e B


Edificando as Paredes e o Telhado
Os alunos de Dialética progridem do conhecimento para o enten-
dimento por meio do raciocínio, debate e discussão. Nas comuni-
dades Challenge A e B do Classical Conversations, os alunos se
reúnem uma vez por semana para debater os eventos atuais,
discutir literatura e atacar a Lógica introdutória. Esse tempo
de arrazoar em conjunto é fundamental para conciliar ideias e
entender o “PORQUÊ” da literatura, da história, das belas artes, da
língua e das ciências.
Nas comunidades do Challenge A, B, I e II, os
alunos se reúnem sem os pais pela primeira
vez. Isso reflete uma independência em
desenvolvimento em cada um deles, bem como no
aprendizado de cada um. Esses estudantes estão
iniciando a caminhada rumo a idade adulta,
e o programa se modifica para
diversificar o

conhecimento dos alunos e, mais importante,


treiná-los na análise da informação que estão
aprendendo. A aptidão e orientação de diretores e
tutores experientes é inestimável nesse período.
Em casa, os pais ainda os exercitam em tal
material de estudo, atribuem notas e reforçam os
bons hábitos de planejamento.
71
APÊNDICE A: Um Modelo para os Pais

O Estágio Retórico - Os Programas do Challenge I-IV


Mobiliando a Casa com Tesouros Ricos e Preciosos
À medida que os alunos chegam ao que Sayers chamou de fase “Poética”,
deve-lhes ser concedida a oportunidade de instruir a outros acerca
do que aprenderam e de persuadir outros a buscar uma vida
virtuosa. As comunidades do Challenge I-IV do Classical
Conversations focam sua atenção nesse tipo de
oportunidade. Os estudantes se reúnem
semanalmente para debater,
discutir, instruir e persuadir.

I C A
R
E T Ó
R

Nas comunidades do Challenge III e IV, uma


vez que os alunos já estão, a esta altura, bem treinados
em suas aptidões de pensamento crítico, eles exploram um
espectro mais amplo de material histórico até então não
explorado, e (sob a orientação do diretor ou tutor) lideram as
discussões em seminários.
Idealmente, nesses anos, o papel dos pais no aprendizado dos
alunos diminui, assim como acontece na vida de seus filhos.
Os pais ainda aconselham e mentoreiam no caminho que os
alunos escolhem trilhar, e avaliam o progresso, atribuindo-lhes
notas e preparando currículos para a faculdade, mas a respon-
sabilidade diária de aprendizado continua sobre o aluno.
72 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

Foundations
Ciclo 1 Ciclo 2 Ciclo 3
MUNDO: IMPÉRIOS
HISTÓRIA HISTÓRICOS, POVOS MUNDO PRÉ- Colombo até eventos
E E PAÍSES REFORMA ATÉ HOJE atuais
GEOGRAFIA (ANTIGOS ATÉ MODERNOS)

BIOLOGIA, CIÊNCIAS ECOLOGIA,


DA TERRA, EXPERI-
CIÊNCIA ASTRONOMIA E ANATOMIA, QUÍMICA
MENTOS RELACIO- CIÊNCIAS FÍSICAS
NADAS
LINHA DO CRIAÇÃO ATÉ A AMERICA DOS DIAS ATUAIS
TEMPO
MESTRES NORTE-
IMPRESSIONISTAS,
ARTES MESTRES, DESENHO AMERICANOS,
DESENHO DESENHO
MÚSICA COMPOSITORES, TEORIA MUSICAL
PRONOMES, PARTICÍPIOS, TEMPOS
VERBOS,
INGLÊS ADVÉRBIOS, DE VERBOS IRREGU-
PREPOSIÇÕES CONJUNÇÕES LARES E ORAÇÕES
TERMINAÇÕES DE TERMINAÇÕES
LATIM SUBSTANTIVOS VERBAIS (CONJUGA- TRADUZIR JOÃO 1
(DECLINAÇÕES) ÇÕES)

MATEMÁTICA
TABELAS DE MULTIPLICAÇÃO,
CONVERSÕES, FÓRMULAS GEOMÉTRICAS
MEMÓRIA ÊXODO 20 (10 EFÉSIOS 6 JOÃO 1: 1-7
BÍBLICA MANDAMENTOS)

Essentials
Em Aula... Em Casa... Os Alunos Irão Aprender...
Letras maiúsculas e pontuação
básicas; fonogramas; estruturas de
Visão Geral (45 minu- Fundamentos da
Artes da orações, padrões e propósitos; oito
tos): Fundamentos da Língua Inglesa
Linguagem partes da fala mais classificações
Língua Inglesa Lição Semanal
específicas de verbos, substantivos,
pronomes, análise sintática; e mais!
Tarefa de Lições Diferentes estruturas de escrita
Visão Geral da
de Escrita Baseada usando modelos de escrita do IEW,
Escrita Unidade do IEW (45
em História do bem como técnicas para refinar
minutos)
IEW qualquer estilo de escrita.
Exercícios do Mega-Fun Currículo Maior velocidade e precisão na aritmética mental
Matemática Card Game Matemático da à medida que os alunos se preparam para serem
-Matemática Preferência bem sucedido em álgebra e além dela.
73
APÊNDICE A: Um Modelo para os Pais

Challenge
Ensino Básico – Últimos 2 anos Ensino Médio

Challenge A Challenge B Challenge I Challenge II Challenge III Challenge IV

  G R A M Á T I C A
César e Língua e
Latim Latim Latim I Latim II Literatura
Cícero

  E X P O S I Ç Ã O e C O M P O S I Ç Ã O
Literatura
Escrevendo Literatura
Brasileira Literatura Poesia Literatura
Literatura Infantil
e Norte- Britânica Shakespeare Antiga
Infantil Contos
americana

  D E B A T E
Economia de
Atualidades/ História História História
Livre Mercado/
Geografia Julgamento da Cultura Norte-
Governo Norte- Mundial
Simulado Ocidental americana
americano

  P E S Q U I S A
BIOLOGIA História da
E CIÊNCIA Ciência/ Física Biologia Química Física
NATURAL Origens

  R E T Ó R I C A
Raciocínio Introdução Lógica Lógica
Lógica Tradicional/ Avançada/
claro/ à Filosofia/ Drama Norte- Filosofia Teologia
Formal
Apologética Drama americano Avançada

  L Ó G I C A
Matemática Matemática
Matemática Álgebra 1 Álgebra 2 Álgebra 3
Avançada (A) Avançada (B)
74 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
75

APÊNDICE B

Modelos de Horários

No Classical Conversations, nós acreditamos que os pais devem


nortear a educação de seus filhos. Estamos compromissados em
aparelhar os pais para cumprir esse papel, sem, todavia, usurpar a
sua autoridade. Cremos que cada família determinará melhor suas
prioridades, para cada dia, em sua casa. Isso posto, somos continu-
amente solicitados a fornecer horários diários visando ajudar os
pais a prever um dia clássico em casa. Por isso, vários de nós já forne-
cemos o horário que vem funcionando este ano na maioria dos dias.
A família Bortins possui um horário que reflete a educação durante
o ano inteiro, no qual sua família está continuamente aprendendo
conjuntamente. A família Courtney (com crianças entre os dois
e os onze anos) já pensa que um horário diário que permanece
basicamente o mesmo funciona bem para seus filhos ainda novos.
A família Shirley descobriu que eles funcionam melhor quando
analisam sua programação ao longo de uma semana, em lugar
de um dia de cada vez. Muito provavelmente, o seu horário varia
de dia para dia e de ano para ano, com base nas idades e neces-
sidades dos seus filhos. Espero que esses cronogramas permitam
que você comece um plano para sua própria família que acabará
sendo divertido e gratificante.
76 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
A Família Bortins
7:00 Quarto e café da manhã - Levantar, limpar o quarto,
comer, tomar banho e cuidar do cachorro.
8:00 Estudo Bíblico - Nós lemos as Escrituras para
que nossas discussões mais importantes sejam
concluídas para o dia.
8:30 Matemática - Todos nos sentamos à mesma mesa
e trabalhamos, para que eu possa responder às
perguntas conforme a necessidade.
9:30 Artes da Língua
10:30-11:00 Trabalho de Memória
11:00-noon Ciência e Leitura livre
12:00-13:00 Almoço e Recreio
Ao longo dos anos, descobri que é melhor dividir
nosso dia em quatro períodos acadêmicos de
uma hora. Passo os 20 primeiros minutos de cada
período trabalhando com os filhos mais novos, e
aí os dispenso para brincar. Os mais velhas foram
acostumados a trabalhar de forma indepen-
dente durante esse período, examinando as
lições anteriores para ver se podem resolver um
problema matemático difícil, etc.
A Família Courtney
8:00-8:30 Leitura em voz alta
História Mundial (ver Apêndice E, Recursos para
8:30-9:00
Pais, História) áudio, perguntas, mapas
9:00-9:30 Bíblia
9:30-10:00 Memorização e Recitação
10:00-11:00 Matemática
11:00-12:00 Artes da Língua
12:00-13:00 Almoço e Recreio
Ciências e Leitura Livre
13:00-13:30
Tarefas e Enriquecimento
77
APÊNDICE B: Modelos de Horários

A Família Shirley
7:00-8:00 Manter-se em Forma
8:00-9:00 Café da Manhã e Hora Silenciosa Individual
9:00-10:00 Matemática
10:00-10:30 Leitura Independente
10:30-11:00 Prática Musical
11:00-11:30 Trabalho de Memória *
11:00-12:00 Trabalho de redação, edição e apresentação de trabalho
12:00-13:00 Almoço
13:00-14:00 História e Leitura Científica e Pesquisa
14:00-18:00 Mais tempo independente para alunos mais
velhos. As atividades durante esse período variam
a cada dia, para cada criança.
18:15-19:00 Jantar e Limpeza
19:00-19:45 Ensino e Discussão em Família **
19:45-20:00 Poesia e Fábulas ***
20:00-20:30 Devocional em Família e Oração ***
* Todo o trabalho de memória, com foco específico, dependendo do dia da semana.

** Todas as idades sentam juntas para traduzir, apresentar ou discutir um assunto e


integrar ideias. O foco, novamente, depende do dia da semana. Este momento também
é utilizado conforme a necessidade de ajuda adicional com alguma matéria específica.

*** Cada membro da família tem sua vez de liderar esta leitura e discussão.

Aulas semanais:
2a. feira Foco no Tradução, análise e leitura de
idioma e em artigos ou apresentações
Latim
3a. feira Matemática / Ver ajuda para matemática e ter
Ciências discussões científicas
4a. feira Estudo da Bíblia em Família
5a. feira História / História Mundial, Mistério da História
Geografia (ver Apêndice E), etc.
78 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
79

APÊNDICE C

A Grade Do Objetivo
Educacional
(O Trivium: Matéria Por Matéria)

Gramática Dialética Retórica


Ampla, Factual, Dados Lógica, Raciocínio, “Por Quê?” Específico, Aplicação, Integração
Matemática Contar Álgebra (variáveis, leis) Geometria
Valores decimais Problemas de Palavras Trigonometria
Operações (+, -, x, ÷, ao quadrado e √) Lógica/Raciocínio Cálculo
Dinheiro, tempo, calendário Estatística
Geometria Básica/Padrões
<> =
Conversões

Leitura Alfabeto/Fonética Compreensão Etimologia (origem da palavra)


Localização Ocular Vocabulário Análise literária
Ouvir Velocidade Apologética
Rimar
Enunciar
Pontuar
Decodificar

Escrita Desenho/Colorir Partes do uso de oratória Público/Expressão


Aptidões motoras finas Regras de utilização Persuasão
Aptidões de Rastreamento/Copiar Sequenciamento Pesquisa
Soletrar/ Pontuação Diagramação Análise
Partes da Oratória (definidas e Modelos de Escrita
identificadas)
Regras de Língua/Escrita
Codificação

História Períodos Literatura Aplicar o entendimento da História ao


Nomes Pesquisa e escrita para descobrir os raciocínio, persuadir, ou influenciar
Eventos “porquês” da História o futuro
Cronologia

Ciências Vocabulário Feira de Ciências Física


Listas Causa & Efeito Química
Fatos Experimentos Biologia
Método Científico Raciocínio

Belas Artes Obras Artísticas Períodos Históricos Compor


Artistas Influências Obras Originais
Compositores Técnicas
Teoria Musical Básica Leitura/Desempenhar Papéis
Essência de Desenho

OBJETIVO: Domínio da base ampla OBJETIVO: Aprendendo a aplicar OBJETIVO: A prática da aplicação
e exposição aos fatos, definições. as aptidões lógicas para descobrir e integração das matérias. Prática
Desenvolver uma Base de Dados de a relação entre dados e fatos. de rememorar dados e aplica-los
CONHECIMENTO. Desenvolver ENTENDIMENTO do corretamente para crescer em
“porquê” e do “como” das matérias. SABEDORIA.
80 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
81

APÊNDICE D

Por que Latim?


Por Jennifer Courtney
Certa feita, assisti a um seminário para mães do ensino domiciliar
intitulado “O Quê Você Quer Dizer Quando Diz que eu Também
Tenho que Alimentá-Los?”Esse título pode ecoar o que muitas
mães, educando seus filhos em casa, também exclamariam:“ Você
quer dizer que eu preciso ensiná-los o Latim também?”
Para as famílias que estão em busca de uma Educação Clássica
Cristã em casa, a resposta é um solene“sim!’ Ensinar Latim é funda-
mental para dar ao seu filho uma educação clássica. Estudar Latim
aprimora a disciplina mental, melhora indiretamente o vocabulário
e o uso do Inglês e abre portas para a leitura de literatura clássica e
técnica.
Um benefício do estudo do Latim é que ele desenvolve a disci-
plina mental. O estudo de qualquer língua estrangeira requer
memorização e dedicação. No Latim, os alunos desenvolvem disci-
plina mental memorizando as terminações verbais (conjugações), as
terminações de substantivos (declinações) e o vocabulário. Embora
nossa mente pós-moderna possa mostrar relutância diante da
memorização, não é diferente de se preparar para álgebra memori-
zando as tabuadas de multiplicação. Quando meu filho começou a
ter aulas de tênis cinco anos atrás, ele voltou para casa reclamando
que não jogou tênis. Claro, eu perguntei a ele o que quis dizer, e
ele explicou que eles passaram todo o seu tempo fazendo exercí-
cios e não jogando tênis de verdade. Passados cinco anos, ele é um
tenista talentoso que compete em vários torneios. Esperamos que
nossos filhos se exercitem nos esportes, mas mostramos relutância
em que o façam nas matérias acadêmicas.
Depois que os filhos pequenos tiverem desenvolvido a disciplina
de memorizar os fundamentos do Latim, elas começarão a aplicar
82 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
o que aprenderam conjugando verbos em tempos diferentes,
declinando os substantivos e traduzindo.
Tradução é a aptidão final adquirida quando o aluno assimila seus
conhecimentos de vocabulário e gramática do Latim. Quando
meu filho começou a difícil transição para a tradução de Latim,
escrevemos uma lista de verificação bem elaborada no quadro
branco. Os passos incluíram: encontrar o verbo, usar a terminação
para determinar o tempo (presente, passado, futuro), usar a termi-
nação para determinar a quantidade (singular, plural); descobrir o
sujeito, usar a terminação para determinar a pessoa (1ª, 2ª, 3ª), usar
a terminação para determinar o número (singular, plural); encon-
trar o objeto direto, usar a terminação para determinar o número
(singular, plural); O processo de memorizar e traduzir o Latim
ajuda a desenvolver excelentes hábitos à medida que os alunos
aprendem a memorizar, a aplicar, a observar cuidadosamente
os detalhes, a trabalhar cuidadosamente e a perseverar. O Latim
fornece um regime diário de exercícios para o“músculo”do cérebro.
Além de desenvolver a disciplina mental, os alunos que estudam
Latim melhoram sua compreensão da língua materna - o Inglês.
Estima-se que 50% das palavras inglesas tenham raízes latinas. O
número aumenta para cerca de 80% das palavras com duas ou mais
sílabas. Isso significa que o estudante de Latim atingem pontuações
muito mais altas em testes padronizados de vocabulário, como o
SAT (Scholastic Aptitude Test [Teste de Aptidão Escolar]). E ainda
mais importante, o aluno de Latim possui um vocabulário maior
à sua disposição quando está lendo e escrevendo. Jamais vou me
esquecer da emoção do meu filho, aos nove anos de idade, quando
encontrou o verbo latino porto. Ele veio correndo da sala de aula
gritando: “Mãe! Entendi! Porto significa que eu carrego. A senhora
sabe, como portátil!” Essa experiência gratificante é repetida diari-
amente com os alunos que estudam Latim no ensino médio.
O vocabulário não é a única aptidão da língua inglesa que é aprimo-
rada pelo estudo do Latim. Quando os alunos traduzem frases e
passagens maiores do Latim para o Inglês, eles estão recebendo,
de quebra, um curso abrangente de gramática inglesa à medida
que aprendem a considerar como as oito partes do discurso
83
APÊNDICE D: Por que Latim?
funcionam em ambos os idiomas. Os estudantes do Latim também
recebem uma excelente educação quanto ao estilo. O Latim é uma
língua mais precisa e concisa que o Inglês. É por isso que o Latim
se constitui na base de tantas inscrições como e pluribus unum
(dentre muitas, uma) nas moedas norte-americanas e nos lemas
dos estados, universidades e outras instituições. Depois do estudo
deliberado de Latim, o aluno se torna um escritor melhor da língua
inglesa. Escritores pela história afora - incluindo-se ninguém menos
que Shakespeare - creditaram seus estudos do Latim pela facilidade
para com a língua inglesa.
Como se as riquezas intelectuais não fossem suficientes, estudantes
de Latim têm vantagem quando estudam outras línguas. Em seu
livro, The Latin-Centered Curriculum (Currículo Centrado no Latim),
Andrew Campbell observa que “as principais línguas românicas
- espanhol, francês, italiano, português - 90% ou mais de seu
vocabulário provém do Latim” (pág. 44). Quem estuda Latim capta
outras linguagens muito mais rapidamente, não meramente por
formação em gramática e tradução, mas porque possuem uma
vantagem inicial ao lembrar os significados de novas palavras com
raízes latinas.
Uma consideração final é como o Latim abre as portas para a
literatura clássica e técnica. Neste outono, em minha família
temos desfrutado das aventuras do livro A Família Robinson.
Presos em uma ilha tropical após um naufrágio, os membros da
família resolvem embarcar num plano de autoeducação durante a
estação chuvosa. O segundo filho mais velho, Ernest, decide que
continuará seus estudos em Latim “de forma a poder fazer uso das
muitas obras de história natural e medicina escritas naquela língua”.
Quando ensinamos Latim a nossos filhos, abrimos portas para eles
- portas para ler história, literatura, ciências, medicina e as Sagradas
Escrituras. Imagine seus filhos, de repente, traduzindo automatica-
mente os nomes científicos de animais e insetos, adquirindo uma
nova perspectiva acerca da democracia e lendo João 1 em Latim.
Os estudantes de Latim se reconectam não apenas com as raízes
de nossa língua, mas também com as raízes de nossa cultura e
de nossa fé cristã. Para nos conectarmos com nossa cultura cristã,
84 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos
precisamos voltar ao começo, o que inclui uma olhadela no Latim -
a língua escrita e falada durante a era da igreja em seus primórdios.
Infelizmente, boa parte de nós foi educada num sistema que havia
negligenciado ou até mesmo ridicularizado o estudo do Latim
pelos estudantes de nossos dias. Felizmente, por outro lado, temos
abundância de recursos ao nosso dispor para nos ajudar a aprender
o Latim e a ensiná-lo aos nossos alunos. No Classical Conversations,
nós colocamos os alicerces para o estudo do Latim quando as
crianças têm idades entre quatro e doze anos, cantando substan-
tivos e terminações verbais e memorizando o vocabulário a partir
de João 1. Em seguida, em nosso programa Challenge, concluímos
o currículo formal de Latim do sétimo até o final do ensino médio,
usando a série Latin’s Not So Tough (O Latim Não É Tão Difícil Assim)
e a série de Helen Latin (Latim Henle). Se você deseja iniciar a
instrução formal de Latim em casa, há vários currículos excelentes
que incluem vídeo aulas. Aqui em casa, eu fiz uso da Latina Chris-
tiana, da Memoria Press e a Latin Primer, da Mars Hill Press.
Embora o Latim seja desafiador para o aprendizado, os benefícios
valem o tempo e a dificuldade ocasional. Nossos alunos serão
recompensados por meio de excelentes aptidões de estudo, no
lidar com todos os assuntos difíceis, um vocabulário rico e uma
conexão profunda com a nossa cultura cristã clássica.
Ad augusta per angusta! (Às coisas excelentes pelos caminhos estrei-
tos! Ou seja, não se vence na vida sem lutas!)
Livros que consideram o lugar do Latim em um currículo clássico
e cristão:
Bauer, Susan Wise e Wise, Jessie. The Well-Trained Mind. Nova York,
NY: W.W. Norton & Co., 2009.
Bluedorn, Harvey e Laurie. Teaching the Trivium. Muscatine, IA:
Trivium Pursuit, 2001.
Campbell, Andrew. The Latin-Centered Curriculum. Portland, OR:
Non Nobis Press, 2008.
Wilson, Doug. A Case for Classical Christian Education. Wheaton, IL:
Crossway Books, 2003.
85

APÊNDICE E

Uma Lista De Recursos


Para Os Pais
Educação Clássica
Bortins, Leigh A. The Core: Teaching Your Child the Foundations of
Classical Education. Nova York: Palgrave Macmillan, 2010.
www.classicalconversations.com
Hicks, David. Norms & Nobility: A Treatise on Education. Lanham,
MD: University Press of America, 1999.
Lewis, C. S. The Abolition of Man. Nashville, TN: Broadman &
Holman, 1975.
Postman, Neil. Amusing Ourselves To Death: Public Discourse in the
Age of Show Business. New York: Penguin Books, 1985.
Wilson, Doug. The Case for Classical Christian Education. Wheaton,
Illinois: Crossway Books, 2003.

Assuntos Acadêmicos
Gramática Inglesa
Mulroy, David. The War Against Grammar. Portsmouth, NH:
Boynton, Cook, 2003.
Belas-Artes
Schaeffer, Francis. How Should We Then Live? The Rise and Decline of
Western Culture and Thought. Wheaton, IL: Crossway Books, 2005.
Em Português: Como Viveremos? Uma Cuidadosa Análise das
Principais Características de Nossa Época em Busca de Soluções para
os Problemas que Enfrentamos - Ed. Cultura Cristã – 2013.]
86 Educação Clássica Cristã . . . Accessível a Todos

Smith, Jane Stuart. The Gift of Music: Great Composers and Their
Influence. Wheaton, IL: Crossway Books, 1995.
Veith, Gene Edward, Jr. State of the Arts: From Bezalel to
Mapplethorpe. Wheaton, IL: Crossway Books, 1991.
Literatura
DeMille, Oliver. A Thomas Jefferson Education. Cedar City, Utah:
George Wyeth College Press, 2006.
Greenholt, Jen. Words Aptly Spoken series. West End, Carolina do
Norte: Classical Conversations MultiMedia, 2011.
Words Aptly Spoken: Children’s Literature
Words Aptly Spoken: Short Stories, 2nd edition
Words Aptly Spoken: American Literature, 2nd edition
Words Aptly Spoken: American Documents, 2nd edition
Words Aptly Spoken: British Literature, 2nd edition
Matemática
Kressin, Keith. Understanding Mathematics: from Counting to
Calculus. K Squared Publishing, Inc., 1997.
Ciências
Classical Acts and Facts Science Cards [Cartões de Ciências & Fatos
Clássicos]. West End, NC: MultiMedia Clássica Conversations,
2010. Conjuntos de cartões de ciências para o aluno de educação
clássico: Biologia e Geologia; Ecologia, Astronomia e Física;
Anatomia, Química e Origens; Cientistas Famosos.
Pearcey, Nancy. A Alma da Ciência: Fé Cristã e Filosofia Natural - Ed.
Cultura Cristã – 2005.
Cosmovisão
Pearcey, Nancy. Verdade Absoluta: Libertando o Cristianismo de Seu
Cativeiro Cultural. - Ed. CPAD – 2006.
Sproul, R. C. The Consequences of Ideas: Understanding the Concepts
that Shaped Our World. Wheaton, IL: Crossway Books, 2000.
87
APÊNDICE E: Uma Lista De Recursos Para Os Pais

Wilson, Doug, ed. Repairing the Ruins: The Classical and Christian
Challenge to Modern Education. Moscou, Idaho: Canon Press,
1996.
Redação
Corbett, Edward P. J. e Connors, Robert J. Classical Rhetoric for the
Modern Student. Nova York: Oxford University Press, 1999.
Crider, Scott. The Office of Assertion: An Art of Rhetoric for the
Academic Essay. Wilmington, DE: ISI Books, 2005.
Kern, Andrew. The Lost Tools of Writing. Concord, NC: Instituto
CiRCE, 2009. www.CiRCEinstitute.org.
Pudewa, Andrew. Institute for Excellence in Writing: Teaching Writing
Structure and Style Syllabus. www.excellenceinwriting.com.

Visite nossas lojas virtuais e


para adquirir outros recursos sensacionais para homeschoolers.

https://www.homeschool.com.br

www.classicalconversations.com.br

Você também pode gostar