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d) Óxidos de titânio

Os óxidos de titânio são muito resistentes à alteração; os mais comuns


são o anatásio e o rutilo, ambos como TiO2 ; ocorre também uma forma mista,
a ilmenita (FeTiO3).
Esses óxidos, geralmente ocorrem em baixa concentração nos solos,
alcançando 10 g kg-1 em solos da região do Planalto do Rio Grande do Sul;
nesses casos, não tem grande significado agrícola. Entretanto, são úteis na
identificação e classificação de solos e materiais de origem. Também são usados
como minerais índices na caracterização da homogeneidade do material de perfis
de solos.

A FORMAÇÃO E A TRANSFORMAÇÃO DE ARGILOMINERAIS

Os argilominerais podem se originar: (a) de filossolicatos primários (por


ex. a mica), por mudança do material entrecamadas ou (b) por formação a partir
dos produtos da alteração de silicatos.
A transformação de argilominerais ocorre, por exemplo, pela remoção
parcial do K+ nas micas e sua substituição por H+, Ca2+, ou Mg2+ , origina a ilita
(mica pedogênica). A continuidade desse processo conduz à remoção completa
do potássio, pelo qual o argilomineral adquire a capacidade de expandir e
contrair; ocorre assim a transformação da mica em ilita e desta em vermiculita
ou esmectita; estas últimas herdaram a estrutura básica das camadas da mica.
Pela adição de K+ pode haver uma reversão parcial do processo. Tanto a
vermiculita, como a esmectita, podem transformar-se em minerais 2:1 HE (VHE
3+
ou EHE) pela precipitação de polímeros de Al nas entrecamadas. Por outro
lado, a remoção do Al3+ em minerais 2:1 HE restaura as propriedades originais
do mineral.
A formação de argilominerais (neoformação) dá-se quando silicatos
primários e/ou secundários são dissolvidos no processo de intemperização; parte
dos produtos da alteração se recombinam a partir da solução do solo e formam
novos minerais.
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52 Composição da fase sólida mineral do solo

A partir da dissolução de minerais primários como feldspatos, piroxênos,


anfibólios, etc., formam-se esmectitas quando permanece Mg2+ e Ca2+ no
sistema; a permanência de K+ favorece a formação de ilita; a remoção das bases
4+ 4+
e parte do Si origina caulinita, enquanto que a remoção completa do Si
favorece a formação de gibbsita.

ORIGEM DAS CARGAS ELÉTRICAS NOS MINERAIS

Substituições isomórficas - durante a formação dos minerais, ocorrem


substituições nas estruturas de um ou mais íons por outros. Um exemplo é o
caso da Dolomita, um calcário magnesiano onde íons Mg2+ substituem íons Ca2+.
A substituição de um íon por outro num cristal, conservando a mesma estrutura,
é denominada de substituição isomórfica, devido à semelhança dos raios iônicos
dos íons que substituem e que são substituídos.
As substituições isomórficas ocorrem, com muita frequência, na formação
dos silicatos, e geralmente outros cátions, com raios iônicos semelhantes ao do
silício e ao do alumínio, podem substituí-los nas lâminas tetraedrais e octaedrais.
O mais comum é o Si4+ ser substituído por Al3+, na lâmina tetraedral, e o Al3+ ser
substituído por Mg2+ e Fe2+ , na lâmina octaedral. No tetraedro de silício, assim
como no octaedro de alumínio, as cargas dos íons Si4+ (tetravalente) e do Al3+
(trivalente) são compensadas pelas cargas negativas dos átomos de oxigênio que
a eles se ligam. Assim, se na substituição isomórfica um íon de menor carga
substituir um de maior carga, haverá desbalanceamento de cargas no mineral,
havendo, nesse caso, um excesso de carga negativa, que se manifesta na
superfície do mineral.
As cargas negativas que se originam nos silicatos pela substituição
isomórfica, durante a sua formação, são cargas permanentes, não sendo
afetadas por mudanças do pH do solo, pois se originam na estrutura do mineral.
A existência de cargas negativas nos argilominerais do solo é, provavelmente,
uma de suas propriedades mais importantes, pois, em função disso, o solo pode
reter (adsorver) e trocar cátions com a solução do solo, como Ca2+, Mg2+, K+,
NH4+ entre outros, que são indispensáveis à nutrição das plantas. Essa
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propriedade, que é abordada com mais detalhes no Capítulo 5, é denominada de


capacidade de troca de cátions do solo (CTC). Outros minerais do solo,
principalmente óxidos de ferro e alumínio, têm a propriedade de apresentar
cargas positivas e negativas, conforme o pH do solo (cargas dependentes de
pH), como também será visto no Capítulo 5.
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54 Composição da fase sólida mineral do solo

PARA SABER MAIS

a) Rochas
As rochas são classificadas quanto à origem em: rochas ígneas, sedimentares ou
metamórficas.
As rochas ígneas, também designadas como magmáticas, constituem aproxima-
damente 80% do volume da litosfera e resultam da solidificação do magma, proveniente
do interior da Terra. Ocorrem dois tipos principais de rochas ígneas: (i) extrusivas ou
vulcânicas, originadas pelo extravasamento do magma à superfície da crosta terrestre,
como por exemplo o basalto e o riolito; (ii) intrusivas ou plutônicas, produzidas pela
cristalização de magmas que não atingiram a superfície da crosta terrestre, como por
exemplo o granito e o gabro.
O resfriamento do magma mais rápido em superfície comparativamente ao que
ocorre em subsuperfície diferencia as rochas ígneas quanto a textura. Assim, rochas
ígneas extrusivas apresentam cristais pequenos não visíveis a olho nu (textura afanítica),
enquanto rochas ígneas intrusivas constituem minerais grandes (textura fanerítica),
favorecidos pelo lento resfriamento do magma.
As rochas ígneas podem ser classificadas conforme o teor de silício em: (i) ácidas
(> 65% SiO2 ); (ii) intermediárias ou neutras (55 a 65% SiO 2); iii) básicas (35 a 55%
SiO2); e (iv) ultrabásicas (< 35% SiO 2 ). Em rochas ígneas com baixo teor de silício são,
geralmente, abundantes minerais escuros contendo ferro e magnésio, como olivinas,
piroxênios e anfibólios; essas rochas são denominadas máficas. Em rochas ígneas com
mais de 60% de silício em peso, ocorre quartzo associado com feldspatos alcalinos, com
pequena quantidade de minerais ferro-magnesianos; essas rochas tem coloração clara e
são denominadas félsicas.
As rochas sedimentares constituem apenas 5% do volume da litosfera, mas
recobrem 75% da sua superfície. São formadas pela deposição de sedimentos resultantes
da decomposição, desagregação e retrabalhamento de rochas existentes e de várias
origens (ígneas, metamórficas e sedimentares). Devido as variações físicas ou químicas
durante o transporte e a deposição do material, os sedimentos tendem a adquirir uma
estrutura estratificada ou em camadas. Conforme o processo de formação, as rochas
sedimentares são classificadas em: (i) clásticas, quando resultam da deposição mecânica
de sedimentos; ou (ii) química-orgânicas, quando são provenientes da precipitação de
soluções inorgânicas. As rochas sedimentares clásticas são classificadas conforme o
tamanho das partículas, com uma divisão subsequente baseada na composição. As rochas
sedimentares química-orgânicas são classificadas conforme sua composição, com
subdivisões baseadas na textura.
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As rochas metamórfïcas constituem aproximadamente 15% da litosfera;


originam-se de rochas ígneas, sedimentares ou mesmo metamórficas que sofreram
transformação na composição mineralógica, na estrutura e na textura, provocadas por
modificações devidas ao calor, a pressão e ação química no ambiente em que foram
geradas. As temperaturas do metamorfismo ficam acima dos 200 o C. Em média, na Terra,
a temperatura aumenta com a profundidade na razão de 1oC para cada 30 m. A esta
razão dá-se o nome de gradiente geotérmico. A maioria das rochas metamórficas exibe
feições planares que recebem a denominação geral de xistosidade (= foliação). Na
classificação das rochas metamórficas é considerada a presença de foliação, a textura e
a composição mineral.

b) A CTC da caulinita

A existência de carga negativa permanente ou carga dependente de pH na


caulinita é assunto controvertido entre os pesquisadores. A carga permanente constatada
em caulinitas tem sido considerada como insignificante ou atribuída à presença de
interestratificação esmectita-caulinita e de impurezas na forma de mica.

c) O intemperismo químico
Intemperismo é um conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que
levam a alteração física e química das rochas expostas às condições do ambiente.
A ação física do intemperismo (variações de temperatura, água, vento, etc.)
conduz a desagregação das rochas mantendo inalterada a sua composição mineralógica.
O intemperismo químico compreende fenômenos que alteram a composição
mineralógica das rochas e que resultam na formação de novos compostos e minerais. Os
principais agentes do intemperismo químico são o oxigênio, a água, o gás carbônico e
ácidos orgânicos provenientes da decomposição de organismos vivos; estes fatores atuam
isoladamente ou em conjunto.
A ação destes agentes pode ocorrer por solubilização simples de compostos, por
reações de hidrólise, hidratação, oxidação, redução ou carbonatação. Nos processos de
intemperismo é comum a perda de silício e cátions básicos como cálcio, magnésio, sódio,
potássio. Elementos como ferro, alumínio, manganês, titânio, tendem a concentrar-se no
solo. O quartzo pela sua grande resistência ao intemperismo é comum em solos, sendo
o mineral predominante em solos arenosos.
Um exemplo de intemperismo químico pode ser ilustrado com a intemperização
da anortita (feldspato cálcico) à caulinita (argilomineral 1:1):
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56 Composição da fase sólida mineral do solo

CaAl2Si 2O8 + 2CO2 + 3H2O = Al2Si2O5(OH)4 + Ca2+ + 2HCO3-


anortita caulinita

Esta reação ilustra a ação da água e do gás carbônico que atuam sobre o mineral primário
anortita, intemperizando-o para formar o mineral secundário caulinita com dissolução de
Ca2+ que passa para a solução do solo.

d) Cálculo da carga e da CTC de um argilomineral - para exemplificar o


cálculo da carga da camada e da CTC de um mineral, consideramos a fórmula química de
uma vermiculita dioctaedral, onde ocorrem substituições isomórficas tanto na lâmina
tetraedral como na octaedral. Na fórmula química apresentada a seguir, MX representa
a carga da camada:

MX (Si+45,7 Al +32,3 ) (Al+3 0,5 Mg2+4,8 Fe3+0,7)O20 (OH) 4

O cálculo da carga do mineral pode ser efetuado da seguinte forma:

a) carga da lâmina tetraedral:

Si (5,7 x 4) + Al (2,3 x 3) = +29,7

b) carga da lâmina octaedral:

Al (0,5 x 3) + Mg (4,8 x 2) + Fe (0,7 x 3) + O (20 x -2) + OH (4x -1)= -30,8


sendo, portanto, a carga líquida da camada:

X = +29,7 +( -30,8) = -1,10 mol de carga (110 cmolc kg -1)

Esta é a carga que irá se manifestar na superfície do mineral, sendo compensada


por cátions da solução do solo. Vê-se que a vermiculita tem uma alta carga na camada,
o que explica a alta CTC que apresenta. Pode-se, portanto, escrever, especificando a
carga líquida (x = 1,1):

M1,1 (Si +45,7 Al+32,3 ) (Al+3 0,5 Mg2+ 4,8 Fe3+0,7)O20 (OH) 4

Conhecendo-se a carga líquida desse mineral, podemos calcular a sua CTC. A


massa molecular da vermiculita, para a fórmula acima, é:
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Si 4+5,7 = 5,7 x 28,1 = 160,17


Al 3+ 2,3 = 2,3 x 27,0 = 62,10
Al 3+ 0,5 = 0,5 x 27,0 = 13,50
Mg2+4,8 = 4,8 x 24,3 = 116,64
Fe 3+0,7 = 0,7 x 55,8 = 39,06
O2- 20 = 20,0 x 16,0 = 320,00
(OH)4- = 4,0 x 17,0 = 68,00
-------------------------------------------------------------------------
Total = 779,50 gramas.

Assim, se em 779,50 gramas tem-se 1,1 mol de carga em 1.000,0 gramas, ter-se-á X.
Efetuando-se, tem-se que X = 1,41 mol de carga por quilograma de vermiculita, (1.410
milimol de carga por quilograma), que se expressa, como 141,1 cmolc kg-1. Assim, a CTC
desse mineral será de 141,1 cmolc kg -1.
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58 Composição da fase sólida mineral do solo

QUESTÕES

1. De onde se originam os minerais presentes em solos?


2. Do que depende a composição mineralógica do solo?
3. Por que solos das regiões tropicais têm composição mineralógica diferente de solos
originados em condições temperadas?
4. Quais são os cinco elementos encontrados em maiores quantidades nos solos?
5. O que caracteriza um mineral primário? E um mineral secundário? Dê um exemplo
de cada.
6. Em que frações do solo ocorrem, principalmente, os minerais primários? E os
minerais secundários?
7. Quais são os minerais secundários comuns em solos?
8. O que diferencia minerais não silicatados de minerais silicatados?
9. Relacione três minerais não silicatados com a influência dos mesmos no solo.
10. Qual a unidade fundamental de formação de um mineral silicatado? Faça um
desenho esquemático de sua estrutura.
11. Como o tetraedro de silício pode estar presente nos minerais silicatados que
ocorrem em solos?
12. Quais os representantes mais importantes da classe dos tectossilicatos? Descreva
algumas de suas características.
13. Descreva sinteticamente as características e estrutura dos filossilicatos.
14. Quais são os principais minerais deste grupo?
15. Descreva e desenhe esquematicamente um filossilicato do tipo 1:1
16. Descreva e desenhe esquematicamente um filossilicato do tipo 2:1.
17. Quais as principais características estruturais da caulinita? Por que ela confere
boas propriedades físicas nos solos onde ela ocorre?
18. Por que a caulinita apresenta baixa capacidade de troca de cátions ?
19. A mica é um filossilicato do tipo 2:1? Porque? Qual a sua importância para a
nutrição das plantas?
20. Quais as principais características estruturais das esmectitas? Por que elas não
conferem boas propriedades físicas nos solos onde ela ocorre?
21. Qual a diferença entre uma vermiculita e uma esmectita? Por que?
22. O que são minerais 2:1HE? Onde é comum encontrar-se este mineral?
23. Qual a característica da alofana? Onde ocorre? Qual a grande desvantagem deste
mineral nos solos onde ocorre? Por que?
24. Onde ocorre o mineral pirita? Qual problema que este mineral pode ocasionar em
solos? Por que?
25. Quais elementos, particularmente, podem formar óxidos, hidróxidos ou oxidróxidos
estáveis em solos intemperizados? Por que?
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26. Em que fração do solo predominam os óxidos de ferro?


27. Que condições favorecem a formação da goethita? Que cor este mineral confere
aos solos? Em que região do RS ocorrem com maior freqüência esse mineral?
28. Que condições favorecem a formação da hematita? Que cor este mineral confere
aos solos? Cite algumas regiões ou classes de solos que
esse mineral ocorre com maior freqüência.
29. Cite dois óxidos de ferro que ocorrem em condições de má drenagem.
30. Por que a magnetita pode ser detectada em solos com a utilização de um imã?
31. Qual o óxido de alumínio encontrado com freqüência em solos tropicais?
32. Os óxidos de manganês são oxidantes naturais de quais elementos?
33. Qual a utilidade, no estudo de solos, dos óxidos de titânio. Por que?
34. Qual o destino dos fosfato naturais cristalinos? E, o destino dos não cristalinos? No
Brasil que tipos de jazidas de fosfatos ocorrem? Onde?
35. Descreva detalhadamente as substituições isomórficas que ocorrem na formação
dos minerais. Qual a importância deste fenômeno para a fertilidade do solo e nutrição
das plantas?
36. Calcule a carga e a CTC do mineral cuja formula unitária é:
Ca2 [Si8] [Al3 Fe 0,3 Mg0,7] O 20 (OH)4.
37. Supondo que um solo tenha uma CTC de 26,8 cmoc kg-1 e ele contém 10% do
mineral vermiculita, que porcentagem da CTC deste solo é devido a esse mineral?
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Capítulo 3

COMPOSIÇÃO DA FASE
SÓLIDA ORGÂNICA DO SOLO

Leandro S. Silva, Flávio A. de O. Camargo


& Carlos A. Ceretta

INTRODUÇÃO

A matéria orgânica, juntamente com os componentes inorgânicos da


fase sólida (fração mineral), exerce um papel fundamental na química do solo.
Ela é gerada a partir da decomposição dos resíduos de plantas e animais,
sendo formada por diversos compostos de carbono em vários graus de
alteração e interação com as outras fases do solo (mineral, gasosa e solução).
O conteúdo de matéria orgânica no horizonte superficial dos solos minerais
varia de 0,5 a 5%. Apesar de compor menos de 5% da base seca da maioria
dos solos, apresenta uma alta capacidade de interagir com outros componen-
tes, alterando assim propriedades químicas, físicas e biológicas do solo as
quais afetam o crescimento e desenvolvimento das plantas.
A matéria orgânica do solo faz parte de um equilíbrio do ciclo do
carbono total na terra (sistema terrestre, oceanos e atmosfera) e, recentemen-
te, tem atraído grande interesse devido ao fenômeno do aquecimento global
(efeito estufa) e à perspectiva de se utilizar o solo como reservatório do
carbono liberado à atmosfera (CO2) pela atividade humana. É um componente
bastante sensível às condições ambientais e às mudanças nas práticas de
manejo agrícola; por este motivo deve ser levada em consideração na
avaliação do potencial produtivo do solo e na escolha das práticas de manejo
a serem empregadas. Neste capítulo serão abordados alguns dos principais
aspectos com relação à composição, às funções e reações da matéria orgânica
no solo.

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