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Lei de Ohm

Guilherme Bettio Braga *

* Departamento de Ciências Exatas, Universidade Federal de São João del Rei CEP
36301-160, São João del Rei/MG, Brasil

Através da lei de Ohm que diz respeito à relação entre corrente, tensão e
resistência foram realizadas nesse experimento medidas de resistência e de
associação de resistores. Foram utilizados resistores de 10  e 100  para
circuitos em série e de 50 e 100 para os circuitos em paralelo e também em
série. De acordo com as medidas feitas e os cálculos realizados foram produzidos
gráficos de voltagem versus corrente que se aproximaram de uma reta.
INTRODUÇÃO TEORIA
A Lei de Ohm trata da relação entre tensão A corrente em um condutor é impelida por
e corrente em um condutor ideal. Esta um campo elétrico E em seu interior, que
relação afirma que a diferença de potencial exerce uma força q.E sobre as cargas
(voltagem) através de um condutor ideal é livres. Em equilíbrio eletrostático, o campo
proporcional à corrente através do mesmo. elétrico é zero no interior do condutor.
A constante de proporcionalidade de Porém, quando uma corrente elétrica passa
equação é chamada de resistência. neste condutor, ele não estará mais em
equilíbrio eletrostático, logo, as cargas
Um material que obedece a lei de Ohm é
migram pelo condutor, impelidas pelo
chamado de ôhmico ou linear, porque a
campo elétrico. Logo, o campo elétrico
diferença de potencial através dela varia
possui a mesma orientação da corrente.
linearmente com a corrente. Embora os
conhecimentos sobre eletricidade tenham A relação entre a diferença de potencial e a
sido ampliados, a Lei de Ohm continua corrente é chamada de resistência de um
sendo uma lei básica da eletricidade e segmento. Logo, este segmento é chamado
eletrônica, por isso conhecê-la é resistor.
fundamental para o estudo e compreensão

dos circuitos eletroeletrônicos e logicamente R=
suas aplicações para uma qualidade de vida
para a sociedade. A unidade da resistência elétrica no SI, volt
por ampère, é denominada ohm (Ω).
OBJETIVO
Para muitos materiais, a resistência não
Empregar um circuito elétrico com intuito de depende da queda de potencial ou da
familiarização; assim como estudos corrente. Os materiais com essa
envolvendo a lei de Ohm para a verificação característica, dentre os quais muitos dos
de linearidade entre a voltagem e corrente. metais, são denominados materiais
Abordagem de diferentes arranjos; ôhmicos. Para os materiais ôhmicos, a
diferentes configurações de resistência, queda de tensão entre as extremidades de
voltímetro e amperímetro; com o intuito de segmento de condutor é proporcional à
medições de corrente, voltagem e corrente
resistência com calculo dos seus devidos
erros de medidas. V=IR, R constante
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Para os materiais não-ôhmicos, a
resistência depende da corrente I, logo a
tensão V é proporcional a I. Analisando
gráficos do potencial V em função da
corrente I para materiais ôhmicos é possível
afirmar que a relação é linear. Já gráficos
para materiais não-ôhmicos a relação é não
linear. A lei de Ohm não é uma lei
fundamental da natureza, como a lei de
Newton ou as leis da termodinâmica, mas
representa a descrição empírica de uma
propriedade pertinente a muitos materiais.
O carbono, que apresenta uma resistividade
relativamente alta, é utilizado nos resistores
encontrados em equipamentos eletrônicos.
Os resistores são em geral, vendidos
comercialmente com faixas coloridas que
indicam o valor de sua resistência. O código
para a interpretação dessas cores é
fornecido na Figura 1.
Figura 1. Código de cores para os
resistores.
Dois ou mais resistores estão em série
quando são posicionados de forma que a
extremidade do primeiro se ligue a
extremidade do segundo, até o último
resistor e de forma que passe por eles a
mesma corrente. Neste tipo de combinação
de resistores, a queda de potencial entre os
dois resistores é igual à soma das quedas
de potencial entre os resistores
individualmente:
V = I(Ri + Rj + ...+ Rn)
Logo, a resistência equivalente é igual à
soma das resistências individuais:
Requiv = Ri + Rj + ... + Rn
O que caracteriza uma combinação em
paralelo é que todos os resistores
conectados estão sujeitos à mesma
diferença de potencial entre seus terminais,
sendo eles ligados por fios condutores
presos em suas extremidades, de modo que
os resistores sejam paralelos. O
funcionamento deste tipo de combinação
faz com que a corrente se divida pelo
número de resistores associados como, por
exemplo, se dividiria ao meio no caso de
dois resistores combinados paralelamente,
sendo que cada resistor recebe a metade
da corrente inicial. Isto é:
I = Ii + Ij
A resistência equivalente para resistores em
paralelo é aquela na qual a corrente total I
requer a mesma queda de potencial V:
Requivalente = V / I
e pode ser calculado por:
   

=  +  + ... + 
  
METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Material necessário:
 1 fonte de tensão contínua;
 1 multímetro
 1 miliamperímetro;
 3 resistores: 100, 100 e 50 Ω;
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 1 painel para as ligações; respectivas “barras de erro”. Observou-se o

 cabos para as conexões;
Procedimento:
Medida de uma Resistência
Realizou-se a montagem do circuito de
acordo com a Figura 2, abaixo.
Posteriormente à montagem, escolheu-se
um resistor de 100 Ω como valor nominal
para Rx. Em seguida, deixaram-se todos os
instrumentos na escala de menor
sensibilidade e alimentou-se o circuito com
a fonte, aumentando lentamente a sua
tensão e observando os ponteiros tanto do
miliamperímetro como do multímetro.
Quando o miliamperímetro atingiu o maior
valor de sua escala, fez-se a leitura dos dois
instrumentos, anotando-se todos os valores
observados.
comportamento dos pontos registrados
quando se muda de escala dos
instrumentos. Após o feitio do gráfico e sua
análise, verificou-se a sua linearização e
calculou-se a resistência Rx ± ΔRx,
correspondente ao resistor medido. O
procedimento foi repetido para o resistor de
50 Ω.
Medida de Associação de Resistores
Os três resistores (100, 100 e 50 Ω) foram
conectados em série no painel de ligações.
Comparou-se o valor encontrado a partir do
gráfico U x I deste experimento com os
valores calculados teoricamente para Req. O
mesmo procedimento foi realizado, porém
os resistores foram conectados em paralelo.
RESULTADOS

Por meio da verificação da Lei de Ohm

primeiramente para o resistor de 100 Ω, em
seguida para o de 50 Ω, posteriormente
para os três resistores (50, 100 e 100Ω) em
paralelo e logo após para os mesmos três
só que organizados em série, tornou-se
possível construir as Tabelas 1, 2, 3 e 4 e
Figura 2. Diagrama do circuito elétrico
as Figuras 3, 4, 5 e 6.
sugerido.

Exatamente após o procedimento citado Tabela 1. Valores de tensão (U) e corrente (I)
para o resistor de 100 Ω.
acima, reduziu-se, gradativamente, a tensão
da fonte, medindo cerca de 10 conjuntos de U / V ±1 I / A ±0,001
pontos (U; I) uniformemente distribuídos, 2,00 0,010
registrando-se os resultados obtidos nas 4,50 0,030
Tabelas 1, 2, 3 e 4. Após as medidas feitas, 7,10 0,050
9,50 0,070
seus respectivos desvios padrão foram
12,1 0,10
calculados e também se registrou o fator de 14,5 0,12
escala usado para cada instrumento de 17,0 0,13
medida. 20,2 0,15
28,0 0,17
Um gráfico da tensão U x I foi montado, 28,8 0,19
contendo todos os valores medidos e as
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Tabela 2.Valores de tensão (U) e corrente resultados foram expressos de acordo com
(I) para o resistor de 50 Ω. o coeficiente angular das retas juntamente
com seus erros (indicados pelas barras de
U / V±1 I / A±0,001
erro na curva). Com software origin 8 foi
2,0 0,10
4,0 0,20 possível o cálculo da propagação de erros.
8,0 0,31
11 0,44 A fórmula utilizada foi:
16 0,53 
19 0,64 U=RxIR= = Coeficiente angular

23 0,78
25 0,83
29 0,92
32 1,0
30

25 U = R.I
Coef ang = R= 149 +/- 10

Tabela 3. Valores de tensão (U) e corrente 20

15
(I) para a associação em série dos três U/V
10
resistores. 5

0
U / V±1 I / A±0,001
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
13,0 0,010 I/A

19,1 0,010
Figura 3. Equação de reta para o resistor
28,0 0,010
37,7 0,011 de 100 Ω.
51,7 0,012
83,2 0,013 Com isso tem-se : R = 149 ±10 Ω
93,7 0,015
114,5 0,017 O valor informado pelo fabricante foi uma
resistência de 100 Ω.

Tabela 4. Valores de tensão (U) e corrente

(I) para a associação em paralelo dos três
resistores. 35

30
U / V±1 I / A±0,001 25
U = R.I
Coef ang = R= 33,6 +/- 0,8

12,2 0,040 20

14,7 0,050
U/V

15

16,8 0,060 10

18,8 0,070 5

20,7 0,080 0

23,8 0,090 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

24,7 0,11 I/A

26,8 0,12
Figura 4. Equação de reta para o resistor
de 50 Ω.
Fazendo uso dos valores de U e I obtidos foi
possível calcular, graficamente, o valor da Com isso tem-se : R = 33,8 ±0,8 Ω
resistência para o resistor de 100 Ω, de 50
O valor informado pelo fabricante foi uma
Ω, para a associação dos três resistores
associados em série e em paralelo. Os resistência de 50 Ω.
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muito distantes do valor de resistência

120 fornecido pelo fabricante e obtido a partir
100
U = R.I
Coef ang = R= 432 +/- 30
das equações de resistência equivalente.
80
Tal afirmação se deve a várias fontes de
U/V

60
erros, tais como a imprecisão do
40
miliamperímetro e do voltímetro e erro dos
20
analistas.
0
0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040
I/A CONCLUSÃO

Figura 5. Equação de reta para resistores Diante dos resultados obtidos pode-se
em série. concluir que foi possível verificar a
linearidade entre tensão e corrente e
Com isso tem-se: R = 432 ±30 Ω consequentemente obtenção valores de
resistência por meio do coeficiente angular.
Como os resistores estão associados em
Porém devidos aos erros sistemáticos e/ou
série, o valor teórico da resistência
aleatórios, os valores encontrados para as
equivalente (Req) é :
resistências utilizadas no experimento não
Requiv = Ri + Rj + ... + Rn concordaram com os informado pelo
fabricante.
Com isso Req = 100 + 100 + 50 = 250 Ω
REFERÊNCIAS
30
28 TIPLER, P. A., MOSCA, G., Física,
26
24
U = R.I
Coef ang = R= 179 +/- 12
eletricidade e magnetismo, ótica, Rio de
22
Janeiro: LTC, 5ª ed., vol. 2, 2006. p. 14
20
U/V

18
16 TIPLER, P. A., MOSCA, G., Física,
eletricidade e magnetismo, ótica, Rio de
14
12
10
Janeiro: LTC, 5ª ed., vol. 2, 2006. p.75-78
0,04 0,06 0,08 0,10 0,12
I/A

HALLIDAY, D., RESNICK, R., WALKER, J.

Figura 6. Equação de reta para resistores
Fundamentos de física 3,. Rio de Janeiro:
em paralelo.
LTC, 5ª ed., vol. 3, 2008. p.25-48
Com isso tem-se: R = 179 ±12 Ω

Como os resistores estão associados em

paralelo, o valor teórico da resistência
equivalente (Req) é :
   
= + + ... +
   

Req = 25 Ω

Com base nos dados obtidos pelos gráficos

das figuras 3, 4, 5 e 6 da Lei de Ohm, é
possível afirmar que seus resultados foram