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CUIDADOS DE ENFERMAGEM NAS ALTERAÇÕES CARDIORESPIRATÓRIAS

Conceito de dispneia

Sensação de falta de ar, experimentada por pacientes acometidos por diversas


doenças e indivíduos sadios, em condições de exercício físico extremo.

É o principal factor limitante da qualidade de vida relacionada à saúde de pacientes


com pneumopatias crônicas.

Factores associados a dispneia

Doenças Cardíacas

 Cardiomiopatias

 Doença isquêmica

 Doenças valvulares

 Síndrome do marca-passo

Doenças Pulmonares

 DPOC – Doença pulmonar obstrutiva crónica

 Asma

 Edema pulmonar

 Câncer

Doenças Diversas

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 Refluxo gastroesofágico

 Ansiedade e hiperventilação

 Descondicionamento físico

 Obesidade

 Gravidez

 Hipertensão arterial sistêmica

Sinais e sintomas de dificuldades respiratórias

 Cansaço e agonia;

 Sensação de aperto e peso no peito;

 Frequência respiratória: > 35 CR/min

 Cianose;

 Saturação do oxigénio

 O nível de consciência pode evoluir para sonolência a torpor;

 Taquicardia ( FC > 100).

Cuidados de Enfermagem na dificuldade respiratória

 Colocar o paciente na posição de fowler;

 Cuidados com oxigenoterapia e inaloterapia;

 Manter uma veia canalizada para infusões;

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 Administrar urgente de medicamentos prescritos (ansiolíticos,
broncodilatadores, diuréticos, digitálicos,)

 Manter vias aéreas superiores permeáveis;

 Manter paciente em repouso na fase crítica;

 Orientar o utente quanto a colheita de especímes para exames (expectoração


e sangue arterial para gasometria);

 Evitar esforço desnecessário para o paciente. Deambulação quando possível;

 Estimular a alimentação e ingestão de líquidos;

 Ensinar o paciente a coordenar a respiração diafragmática com actividade;

 Orientar o utente a evitar: tabagismo, extremos de calor e frio, fumaça,


poeira, uso de lã, convívio com animais domésticos e pessoas com infecções
de trato respiratórios;

 Cuidados com equipamentos de terapia respiratória.

Oxigenoterapia

Consiste na administração de oxigénio (O2) numa concentração de pressão superior


à encontrada na atmosfera para corrigir e atenuar a hipoxia.

 Considerações Gerais:

 O2 é um gás inodoro, insípido, transparente e ligeiramente mais


pesado do que o ar;

 O O2 alimenta a combustão;

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 O O2 necessita de um fluxómetro e um regulador de pressão para ser
libertado;

 A determinação de gases arteriais é o melhor método para averiguar a


necessidade e a eficácia da oxigenoterapia;

 Podem ou não existir outros sinais de hipoxia, ex: cianose.

Indicações para Oxigenoterapia

Presença de sinais de hipóxia:

 Sinais respiratórios: Taquipnéia, respiração laboriosa (retracção


intercostal, batimento de asa do nariz), cianose progressiva; 

 Sinais cardíacos: Taquicardia (precoce), bradicardia, hipotensão e


paragem cardíaca;

 Sinais neurológicos: Inquietação, confusão mental, prostração,


convulsão e coma;

 Outros: Palidez.

Métodos da administração do Oxigénio

 Cânula nasal

É empregue quando o paciente requer uma concentração média ou baixa de


oxigénio;

É relativamente simples e permite que o paciente converse, alimente, sem


interrupção de oxigénio

Vantagens: 

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 Conforto maior que no uso do cateter nasal;

 Económico: não necessita ser removida;

 Convivência: pode comer, falar, sem obstáculos;

 Facilidade de manter em posição.

Desvantagens:

 Não pode ser usada por pacientes com problemas nos condutos nasais;

 Concentração de O2 inspirada desconhecida;

 De pouca aceitação por crianças pequenas;

 Não permite nebulização.

 Cateter Nasal

 Visa administrar concentrações baixas a moderadas de Oxigénio;

 É de fácil aplicação, mas nem sempre é bem tolerada principalmente


por crianças.

Vantagens:

 Método económico e que utiliza dispositivos simples;

 Facilidade de aplicação.

Desvantagens:

 Nem sempre é bem tolerado em função do desconforto produzido;

 A respiração bucal diminui a fracção inspirada de O2;

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 Irritabilidade tecidual da nasofaringe;

 Facilidade no deslocamento do cateter;

 Não permite nebulização;

 Necessidade de revezamento das narinas a cada 8 horas.

Máscara de Venturi

 Constitui o método mais seguro e exacto para libertar a concentração


necessária de oxigénio, sem considerar a profundidade ou frequência
da respiração.

Máscara de Aerosol, Tendas Faciais

 São utilizadas com dispositivo de aerossol, que podem ser ajustadas


para concentrações que variam de 27% a 100%.

Cuidados com o Oxigénio e com a sua Administração

 Não administra-lo sem o redutor de pressão e o fluxómetro;

 Colocar humidificador com água destilada ou esterilizada até o nível


indicado;

 Colocar aviso de "Não Fumar" na porta do quarto do paciente;

 Regular a quantidade de litros por minuto segundo a prescrição;

 Observar se a máscara ou cateter estão bem adaptados e em bom


funcionamento;

 Dar apoio psicológico ao paciente;

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 Trocar diariamente a cânula, os humidificadores, o tubo e outros
equipamentos expostos à humidade;

 Avaliar o funcionamento do aparelho constantemente observando o volume


de água do humidificador e a quantidade de litros por minuto;

 Explicar as condutas e as necessidades da oxigenoterapia ao paciente e


acompanhantes e pedir para NÃO FUMAR;

 Observar e palpar o epigástrio para constatar o aparecimento de distensão;

 Aplicar lubrificante (vaselina neutra) nas narinas a cada 8 horas (cateter).

Urgências e Emergências

 Urgências- são todas as situações clínicas de instalação súbita, desde as não


graves até às graves, com risco de estabelecimento de falência de funções
vitais.

 Emergências são todas as situações clínicas de estabelecimento súbito, em


que existe, estabelecido ou eminente, o compromisso de uma ou mais
funções vitais.

Aspectos Ético-Legais

 A relação entre enfermeiro e pacientes e assentada em bases humanitárias,


éticas e legais, garante a melhor relação interpessoal e favorece o correto
processo diagnóstico e terapêutico.

 Responsabilidade de enfermagem: ocorre quando o enfermeiro não


cumpre a obrigação que tem em relação ao paciente, causando-lhe dano.

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1. Responsabilidade de enfermagem

O enfermeiro nao deve ser:

 Negligente, imprudente e impirico

 1. Negligente- constitui a omissão ou a não observância de determinados


deveres por parte do médico. Exemplo: procedimentos vitais.

 2. Imprudente- constitui a omissão de cautela, precipitação ou audácia do


ato médico. Exemplo: utilizacao de tecnica de penso nao adequada.

 3. Impirico- constitui a inaptidão, ignorância, falta de destreza ou


insuficiência de conhecimento técnico por parte do médico. Exemplo:
introdução de alimentação no trato respiratório através de sonda mal
posicionada.

Responsabilidade do Paciente

 Fidelidade,

 Confidencialidade

 Veracidade das informações prestadas

Responsabilidade Ética

 O atendimento de urgência é uma obrigação do Estado.

 O direito ao atendimento de emergência é igual ao direito à vida, à educação,


ao trabalho etc.

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 Toda acção no setor de urgência deve ser fundamentada em rotinas próprias
e protocolos assistenciais previamente aprovados e constantemente
revisados

Responsabilidade Legal

 O Código Civil normatiza que aquele que por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito, sendo obrigado a reparar o
dano.

Atendimento Inicial

 O objectivo principal deste atendimento é manter a vida do cliente e prevenir


seqüelas, estabelecendo prioridades ante os cuidados prestados.

 A regra básica do atendimento, conhecida como o da assistência de


emergência, prioriza três ações a avaliar:

 O nível de consciência;

 Manter as vias aéreas desobstruídas;

 Preservar a respiração e a circulação.

Paragem Cardiorespiratória

Paragem Cardiorrespiratória Ausência dos batimentos Cardíacos Ausência da


respiração. Impossibilidade da oxigenação dos órgãos vitais

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 Causas:

 Respiratórias: obstrução das vias aéreas, falência respiratória;

 Circulatória: arritmias.

 Distúrbios metabólicos: acidose, alcalose, desequilíbrio


hidreletrolítico;

 Acção de drogas: anestésicos, cloreto de potássio.

Sinais e sintomas de Paragem Cardio Respiratória( PCR)

 Dificuldade respiratória è Paragem respiratória

 Ausência de pulso;

 Perda de consciência;

 Imobilidade;

 Palidez

 Cianose de extremidades

 Midríase.

Material para RCP

Na Sala de Emergência:

 Tábua de massagem cardíaca,

 Medicamentos de atendimento de paragem cardíaca;

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 Material de entubação

 Sondas de aspiração

 Ambu e máscara;

 Soluções endovenosas

 Seringas + agulhas

 Equipos de solução venosa e sangue;

 Aparelho de desfibrilação.

 Balão de oxigenio

Ressuscitação Cardiorespiratória

Conceito

 É um conjunto de manobras destinadas a garantir a oxigenacao dos órgãos


quando a circulação do sangue de uma pessoa para paragem
cardiorrespiratoria.

Objectivo

 Consiste na manutenção da via respiratória prévia, fornecimento de


ventilação artificial por medidas de urgência para respiração e produção de
circulação artificial pela massagem cardíaca externa.

Etapas de RCP

 A- Vias aéreas(Airway)- manter as vias aéreas permeáveis.

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 B- Respiração (Breathing)- perservar a respiração ( respiração boca-boca,
boca-mascara, ventilarão artificial).

 C- Circulação (Circulation)- garantir a distribuição de nutrientes e


oxigénio as células (pressão intratoráxica)

 A RCP inicia-se com os cuidados para a desobstrução das vias aéreas


mediante a retirada de próteses, corpos estranhos e secreções;

 A seguir, são realizados os procedimentos de abertura das vias aéreas


superiores;

 No caso de o utente não apresentar trauma, devemos hiperextender seu


pescoço colocando uma das mãos sob sua nuca, levantando-a ligeiramente;
com a outra mão posicionada sobre sua testa, traciona-se a cabeça para trás;
ou pode-se colocar um coxim sob seus ombros, de forma a provocar a
hiperextensão desejada.

Passos da RCP

1. Avaliação da vítima
2. Desobstrução da via aérea pela língua e epiglote
3. Abertura da via aérea - o alívio da obstrução se dá pela inclinação da cabeça
e elevação do queixo
4. Ventilação artificial 2 insuflações

5. A relação insuflação:compressões - 2:15 - Adultos ; 1:5 - Crianças

Obstrução das vias aéreas superiores

Obstrução das vias aéreas- é uma emergência médica que pode estar ocluída de
maneira parcial completa.

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Sinais e sintomas

 Sufocação,

 Aparencia apreensiva,

 Estridor expiratório e inspiratório,

 Uso da musculatura acessoria (retração supra esternal e intercostal),

 Batimento de asas de nariz,

 Ansiedade crescente.

Cuidados de Enfermagem

 Desobstrução das vias aéreas mediante a retirada de próteses, corpos


estranhos e secreções

 Colocar o paciente na posição de fowler;

 Manter as vias aéreas superiores permeáveis;

 Aspiração de secreções das vias aéreas( este procedimento é realizado


apenas quando a pessoa não consegue por si só, eliminar as secreções;

 Monitorar os sinais vitais e o nivel da consciencia;

 Alivio da ansiedade e medo, proporcionando segurança e conforto;

 Mudança de decúbito em intervalos regulares;

 Manter paciente em repouso na fase crítica;

 Evitar esforço desnecessário para o paciente. Deambulação quando possível;

 Administrar oxigénio se for necessário.


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Alteração na pressão arterial (hipotensão e hipertensão)

Pressão arterial, é o resultado da contracção do coração a cada batimento e da


contracção dos vasos quando o sangue por eles passa.

Ela obtém-se através duma medição e os números de uma medida representam o


valor da pressão calibrada em milímetros de mercúrio (mmHg).

O primeiro número ou de maior valor é chamado de pressão arterial sistólica ou


máxima, enquanto o de menor valor, é chamado pressão diastólica ou mínima,
cujos valores normais são: 90 à 140mmHg para a sístole e 60 à 90mmHg a diástole
respectivamente. E quando estes valores estão acima do normal, denomina-se por
hipertensão arterial, abaixo destes, chama-se hipotensão arterial.

Hipertensão arterial, também conhecida pressão arterial alta, é definida como uma
pressão arterial sistólica maior ou igual à 140mmHg e uma pressão arterial
diastólica maior ou igual à 90mmHg.

 Quase não apresenta qualquer sintoma, por isso as vezes passa


despercebida

Complicações

 Insuficiência coronária;
 Insuficiência cardíaca;
 Insuficiência renal;
 Acidente vascular cerebral(AVC).

Cuidados de enfermagem da hipertensão

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 Acalmar o paciente;
 Controle regular da pressão arterial;
 Administração correcta da medicação prescrita;
 Orientar o paciente e a família à pratica de actividades físicas e mentais;
 Orientar o paciente e a família quanto à importância da mudança de hábitos
de vida, para puder controlar os factores de riscos modificáveis como:
estresse, glicose, colesterol alto, sedentarismo, obesidade, consumo
excessivo de sal, álcool, fumo e drogas ilícitas.

Pemba ,Junho de 2020

Formadora: Ângela Ássimo

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