Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Gerência de Projetos
Livros
Apostilas
Artigos
Sumário
1 Introdução ................................................................................................................................. 1
2 Conceitos-Chave ...................................................................................................................... 3
2.1 Conceito de Projeto ......................................................................................................... 3
2.2 Gerenciamento de Projetos ............................................................................................ 4
2.3 Operações X Projetos ..................................................................................................... 4
2.4 Exemplos de Projetos ..................................................................................................... 5
2.5 Exemplos de Não-Projetos ............................................................................................. 5
2.6 Sucesso e Fracasso em Projetos ................................................................................... 5
2.7 Fatores de Sucesso e Fracasso em Projetos ................................................................. 7
2.8 Trade-Offs do Gerenciamento de Projetos ................................................................... 10
3 Fases de um Projeto e seu Ciclo de Vida .............................................................................. 13
3.1 Subdivindo os Projetos ................................................................................................. 13
3.2 Fases Genéricas do Ciclo de Vida de um Projeto ........................................................ 14
3.3 Comportamento Genérico de um Projeto ao Longo do Ciclo de Vida .......................... 15
3.4 Importância Relativa dos Objetivos do Projeto quanto ao Ciclo de Vida .................... 18
4. Estratégias para Desenvolvimento de Novos Produtos ........................................................ 22
4.1 Desenvolvimento de novos produtos e estratégias de ciclo de vida ............................ 22
5 O Gerente de Projetos ............................................................................................................ 29
6. A Proposta do PMI para o Gerenciamento de Projetos ........................................................ 31
6.1 Os Grupos de Processos de um Projeto ...................................................................... 31
6.2 Áreas de Conhecimento do Gerenciamento de Projetos.............................................. 34
6.3 Relação entre Grupos de Processos e Áreas de Conhecimento ................................. 35
7. O Relatório Executivo ............................................................................................................ 43
7.1 Missão ........................................................................................................................... 43
7.2 Diagnóstico .................................................................................................................... 45
7.3 Escopo .......................................................................................................................... 45
7.3.1 Objetivos (ou, O Quê o Projeto REALIZARÁ):.................................................. 45
7.3.2 O Quê o Projeto NÃO REALIZARÁ .................................................................. 46
7.4 Restrições .................................................................................................................... 46
7.5 Premissas ..................................................................................................................... 47
7.6 Benefícios ..................................................................................................................... 48
7.7 Riscos ........................................................................................................................... 49
7.8 Macro-Fases ................................................................................................................ 49
7.9 Justificativas para Contratações e Aquisições ............................................................. 50
7.10 Perfil da Equipe de Projeto .......................................................................................... 51
7.11 Orçamento Preliminar .................................................................................................. 51
7.12 Fatores Críticos de Sucesso ........................................................................................ 52
8. O Plano de Execução ............................................................................................................ 55
8.1 Cronograma ................................................................................................................. 55
8.2 Matriz de Responsabilidades ....................................................................................... 59
.
8.3 Plano de Desembolso .................................................................................................. 61
8.4 Produtos e Sub-Produtos ............................................................................................. 62
8.5 Plano de Comunicação ................................................................................................ 64
9. Negociação e Alocação de Recursos.................................................................................... 67
9.1 Negociando a Alocação de Profissionais ..................................................................... 67
9.2 Negociando a Alocação de Recursos Físicos ............................................................. 68
10. Gerência de Riscos ............................................................................................................ 69
10.1 Definição de Risco ....................................................................................................... 69
10.2 Características do Risco .............................................................................................. 69
10.3 Princípios de uma Gerência de Riscos bem sucedida ................................................ 69
10.4 Origens dos Riscos ...................................................................................................... 70
10.5 Impactos dos Riscos .................................................................................................... 70
10.6 Gestão Pró-ativa de Riscos ......................................................................................... 71
10.7 Estratégias para o Gerenciamento de Riscos ............................................................. 71
10.8 O Processo de Gerenciamento de Riscos .................................................................... 71
10.8.1 Identificação dos Riscos .................................................................................. 72
10.8.2 Análise dos Riscos ........................................................................................... 73
10.8.3 Elaboração de Planos de Tratamento dos Riscos ........................................... 75
10.8.4 Acompanhamento dos Riscos ......................................................................... 77
10.8.5 Controle dos Riscos ......................................................................................... 77
10.9 O Documento de Avaliação de Riscos .......................................................................... 78
11. Instrumentos para Condução e Desenvolvimento de Projetos ........................................... 79
11.1 Instrumentos de Apoio ao Controle de Projetos .......................................................... 79
11.1.1 TO-DO Lists .................................................................................................... 79
11.1.2 Listas de Pendências (Checklists) .................................................................. 80
11.1.3 Bases de Acompanhamento de Atividades .................................................... 81
11.1.4 Reuniões de Acompanhamento ...................................................................... 82
11.1.5 Roteiros para Entrevistas/Reuniões (Scripts) ................................................. 83
11.1.6 Relatórios de Relacionamento com Fornecedores ......................................... 83
11.1.7 Bases Executivas para Acompanhamento de Projetos .................................. 84
11.2 Instrumentos de Apoio à Gestão do Conhecimento Presente nos Projetos ............... 85
11.2.1 Protótipos ........................................................................................................ 85
11.2.2 Ambientes de Homologação ........................................................................... 86
11.2.3 Projetos-Piloto ................................................................................................. 87
11.2.4 Laboratórios .................................................................................................... 88
11.2.5 Benchmarking de Soluções ............................................................................ 88
11.2.6 Fóruns de Discussão/Conhecimento .............................................................. 89
11.2.7 Relatórios de Eventos ..................................................................................... 90
11.2.8 Transferência de Conhecimento por Tradição................................................ 90
11.2.9 Reuniões de Lições Aprendidas ..................................................................... 91
11.2.10 Apresentações Executivas .............................................................................. 92
12. Avaliação e Escolha de Fornecedores ................................................................................ 93
12.1 Estabelecimento de Critérios de Avaliação ................................................................. 93
12.1.1 Definição de Pré-Requisitos............................................................................ 93
12.1.2 Áreas de Avaliação ......................................................................................... 94
12.1.3 Categorias, Quesitos de Pontuação, Níveis de Conformidade e Pesos ........ 96
12.2 Solicitação de Propostas ............................................................................................... 98
12.2.1 Elaboração das Solicitações de Propostas .................................................... 98
Conceitos-Chave 5
.
Introdução 1
1 Introdução
Considere a execução dos eventos de Reveillon na praia de Copacabana – Rio de Janeiro,
que reúne, a cada ano, cerca de 2 milhões de pessoas à zero hora de 31 de dezembro:
Numa visão integrada do projeto acima e de todas as questões levantadas, como fazer para:
.
2 Gerência de Projetos
REALIZAR O PROJETO!!!
Conceitos-Chave 3
2 Conceitos-Chave
De forma mais simplificada, “projetos são esforços temporários levados a efeito para gerar um
produto ou serviço único”.
.
4 Gerência de Projetos
Envolve uma sequência clara e lógica de eventos em seu planejamento, mas seu
desenvolvimento pode se tornar caótico, uma vez que as variáveis envolvidas
não são totalmente conhecidas a priori;
Objetivos claros e bem definidos; Conduzido por pessoas;
Utiliza recursos;
Possui parâmetros bem definidos: como valores bem determinados para os custos, os
materiais, os equipamentos e os prazos para cada uma de suas atividades previstas e
a serem executadas;
Raridade;
Restrições: limitadores vinculados aos fatores tempo, capital e/ou recursos;
Multidisciplinaridade: requer integração e coordenação entre pessoas e áreas
diversas; Complexidade: principalmente no que tange aos aspectos de divergência de
objetivos e da mudança tecnológica constante.
As operações podem ser executadas por pessoas (os projetos tem que ser
executados por pessoas);
As operações também necessitam ser planejadas, executadas e controladas;
As operações também objetivam-se à obtenção de resultados bem definidos;
As operações também possuem limitações e restrições em seus recursos alocados.
.
6 Gerência de Projetos
4. Futuro potencial: esta dimensão, mas difícil e nebulosa de se apurar, inclui fatores
relacionados, por exemplo, ao potencial de abertura de um novo mercado a partir
dos resultados de um projeto, ou às perspectivas de desenvolvimento de uma nova
linha de produtos ou serviços em função da implementação do projeto ou, em um
projeto interno, na possibilidade de desenvolvimento de novas tecnologias,
habilidades e/ou competências a partir da execução do projeto.
Um projeto que se concluiu dentro ou antes do prazo previsto. Neste caso, estamos
considerando que a antecipação do prazo de entrega do projeto foi benéfico para a
organização contratante do mesmo;
Conceitos-Chave 7
Este é um outro exemplo em que a redução do que foi planejado originalmente pode trazer
resultados perversos para o contratante de um projeto. Por exemplo, suponha que um
projeto foi orçado em R$ 10 milhões a serem executados em um período de um ano. Desta
forma, a contratante provisionou, em termos de seus orçamentos anuais, esta quantia para o
investimento no empreendimento. Contudo, suponha que o desembolso total do projeto
tenha somado R$ 8 milhões ao longo dos mesmos 12 meses de execução. Neste caso, a
diferença de R$ 2 milhões não empregada no projeto e provisionada pelo contratante
poderia ter sido aplicada no mercado de capitais, ou mesmo utilizada em outras
iniciativas. Será que, a “economia” teoricamente gerada pelo projeto não poderia ter
trazido al um prejuízo ao contratante ao invés de benefícios?
16,2% dos projetos de software iniciados são completados no prazo definido, dentro do
orçamento planejado e com todas as funcionalidades como originalmente definido;
52,7% dos projetos iniciados são completados e tornados operacionais, mas excedem o
orçamento, e/ou o prazo estimado e/ou oferecem menos funcionalidades e produtos
em relação ao que foi originalmente especificado;
31,3% dos projetos são cancelados em algum ponto durante seu ciclo de desenvolvimento.
Esta pesquisa apresentou os principais fatores apontados pelos executivos entrevistados que
motivaram os projetos considerados de sucesso:
Os participantes da pesquisa foram também questionados a respeito das causas que levam
um projeto a ser concluído, porém com distorções no orçamento e/ou no prazo e/ou nas
funcionalidades esperadas:
As opiniões sobre quais motivos levaram projetos a serem cancelados podem ser
sumarizadas conforme a tabela abaixo:
Segundo a Microsoft, no seu MSF (Microsoft Solutions Framework), os projetos falham pelos
seguintes motivos:
.
10 Gerência de Projetos
A obrigação principal de um gerente de projetos é de manter o melhor equilíbrio entre este trio
de restrições, além de atender (ou, se possível, exceder) as expectativas dos stakeholders do
projeto.
Stakeholders são todos aqueles que serão afetados pelos resultados de um projeto, seja
direta, seja indiretamente, sejam eles internos como externos à organização. A figura a seguir
apresenta todos os tipos stakeholders que podem participar isoladamente ou em conjunto em
um projeto comum.
.
12 Gerência de Projetos
1
Fases de um Projeto e seu Ciclo de Vida 13
O ciclo de vida do projeto serve para definir o início e o fim de um projeto. A definição do ciclo
de vida do projeto também determina os procedimentos de transição para o ambiente de
operação que serão incluídos ao final do projeto, distinguindo-os dos que não serão. Desta
forma, o ciclo de vida do projeto pode ser usado para ligar o projeto aos processos
operacionais contínuos da organização executora.
Os subprodutos oriundos de uma fase normalmente são aprovados antes do início da próxima
fase. Entretanto, quando os riscos são considerados aceitáveis, a fase subsequente pode
iniciar antes da aprovação dos subprodutos da fase precedente.
Subprojetos, dentro de projetos, podem ter ciclos de vida separados, cada um deles
constituindo-se como um projeto em si mesmo, com um gerente de projeto exclusivo, que se
reporta a um gerente de projeto com responsabilidade sobre diversas áreas, que, por sua vez,
se reporta a um gerente responsável pelo programa inteiro.
Por exemplo, uma empresa de arquitetura contratada para projetar um novo prédio de
escritórios poderá estar inicialmente envolvida com um subprojeto relacionado às definições
do contratante (ao qual chamaremos, neste exemplo, “Subprojeto de Análise de
Viabilidade”). Quando esta empresa estiver fornecendo suporte à construção, estará
também envolvida no “Subprojeto de Construção”. O Subprojeto de Análise de Viabilidade
poderia ser dividido em diversas fases, entre elas, a fase de “Elaboração do Design
Arquitetônico”. Esta fase, por sua vez, poderá possuir sua própria configuração de sub-fases
.
14 Gerência de Projetos
Sub-fase: Especificação
Conceitual
Sub-fase: Definição de
Planos de Trabalho
Sub-fase: .....
Como pode ser verificado no gráfico acima, quando os recursos e custos são
alocados a um projeto bem como quando os mesmos são desalocados, um aspecto
crítico é a qualidade da gerência sobre os mesmos. Rapidamente um projeto
ganha recursos ao longo do tempo e também rapidamente o projeto os perde. Além
disso, quando os custos e recursos encontram uma estabilidade em termos de
alocação, o gerente de projetos deve preparar-se para “perdê-los”, não esperando
utilizar-se dos mesmos por tempo indeterminado.
.
16 Gerência de Projetos
O gráfico a seguir apresenta uma relação entre o estado de finalização do projeto ao longo do
tempo. Note como no início do projeto o progresso é lento, no decorrer do projeto
rapidamente se atingem resultados e, ao aproximar-se do fim, o projeto é mais lento para
concluir-se:
.
18 Gerência de Projetos
Observe como o esforço dispendido nas fases iniciais é mínimo (quando o conceito do projeto
está sendo desenvolvido), bem como no término, quando há os processos de avaliação
e conclusão do projeto. Ressaltamos que se for utilizado mais esforço nas fases iniciais
do projeto suas chances de sucesso crescem significativamente.
A tabela a seguir aponta a importância relativa entre os objetivos de um projeto em cada uma
das fases do ciclo de vida genérico considerado:
Quanto à Qualidade, à medida que o projeto evolui passa a existir uma grande
quantidade de interfaces entre os componentes da solução, aumentando enormemente a
complexidade dos resultados esperados. Neste caso, como há uma grande preocupação
com a devida integração dos diversos componentes da solução projetada, o objetivo
Qualidade é considerado tão significativo quanto o Prazo. O controle do projeto nesta fase
é exercido, principalmente, sobre estes dois objetivos, o que não significa que o fator
Custo não mereça a atenção devida.
Na fase de Encerramento, a Qualidade é mais significativa que o Prazo, que por sua vez é
mais significativa que o Custo. Durante esta fase, todos os envolvidos investem grande
.
20 Gerência de Projetos
esforço para executar o que for necessário para concluir as especificações dos
produtos a serem gerados pelo projeto (Qualidade), objetivando-se completar o projeto
mesmo que com algum atraso tolerável. Neste caso, exceções podem ser verificadas em
projetos com datas-limite muito rígidas. Até mesmo alguns desvios nos Custos, desde
que não muito altos, são tolerados, desde que favoreçam a conclusão do projeto
dentro da Qualidade aceitável, e dentro de Prazos finais não muito postergados.
Problemas técnicos são relativamente raros nesta fase, uma vez que a maioria dos mesmos
muito provavelmente já teriam sido resolvidos nas fases anteriores.
1
Fases de um Projeto e seu Ciclo de Vida 21
.
22 Gerência de Projetos
Hoje, qualquer empresa pode gerenciar atividades repetitivas e recorrentes, com base em
padrões históricos ou métodos consagrados. Porém o desafio desta nova era, para quem não
quer ser apenas mais uma empresa no mercado, está em gerenciar atividades nunca
tentadas no passado e que podem jamais vir a se repetir no futuro.
Nota-se também que sua procura e aplicações mais fortes e freqüentes se dão em atividades
de Engenharia, em especial para o desenvolvimento de novos produtos. A Engenharia, por
essência, é baseada em projetos e o engenheiro freqüente apresenta como características
pessoais uma visão macro e um raciocínio sistêmico sobre os projetos. A “espiral de projeto”,
os conceitos de QFD (Quality Function Deployment), a Engenharia Simultânea e a
interatividade dos sistemas existentes em um projeto de Engenharia fazem com que o
engenheiro esteja sempre atento e ciente de que qualquer alteração em um dos parâmetros
pode impactar fortemente o resultado final.
Estudos recentes estimam que cerca de 80% dos novos produtos falham. Apenas cerca de
40 % se mantêm no mercado passados 5 anos. Porquê?
Estratégias para Desenvolvimento de Novos Produtos 23
.
24 Gerência de Projetos
A dimensão do mercado
O preço do produto
Tempo e custos de desenvolvimento
Custos de produção
Taxa de retorno
Desenvolvimento do conceito
A Daimler Chrysler está prestes a
comercializar a versão experimental
do seu novo carro elétrico (NECAR
4). Este carro polui muito pouco, é
altamente eficiente em termos de
combustível (75% mais que os
carros normais a gasolina) e tem
vantagens ambientais sobre os
carros normais. Baseado no
Mercedes classe A, o carro acelera
rapidamente, alcança a velocidade
de 90 km/h e têm uma autonomia
para 450 km, o que lhe dá uma
vantagem sobre os carros elétricos a
bateria.
Teste do conceito
Um sub-compacto eléctrico, eficiente, divertido de conduzir, para 4 pessoas. Este motor
moderno é movido a hidrogênio líquido, fornecendo uma solução de transporte prática, fiável
e praticamente sem poluição. Atinge uma velocidade de 90 km/h e contrariamente aos carros
elétricos, nunca precisa de ser recarregado. O seu preço com equipamento completo é de
20.000 €.
.
26 Gerência de Projetos
Preço de venda
Marca
Embalagem
Posicionamento no mercado
Distribuição
Estratégias para Desenvolvimento de Novos Produtos 27
Meios de comunicação
Etapa 8. Comercialização
A comercialização é a introdução do novo produto no mercado. As seguintes perguntas
deverão ser respondidas.
.
28 Gerência de Projetos
O Gerente de Projetos 29
5 O Gerente de Projetos
Responsável por planejar, conduzir, controlar e finalizar um projeto, um gerente de projetos
deve possuir habilidades específicas para um bom gerenciamento de projetos. As seguintes
habilidades gerenciais-chave aplicam-se não somente para um gerente de projetos, mas para
os diversos indivíduos participantes nos mesmos, quais sejam:
.
30 Gerência de Projetos
Uma proposta de trabalho voltada para a gerência de projetos deve considerar que, de uma
maneira geral, o líder de projetos conduza as seguintes atividades:
O PMI conta com uma associação mundial de cerca de 90.000 membros de 125
países. As seções ou capítulos locais do PMI se reúnem periodicamente e permitem que os
gerentes de projeto troquem informações e conheçam novas ferramentas e técnicas de
gerenciamento de projetos ou novas formas de utilizar as técnicas existentes.
O Guide to the PMBOK Guide (Guide to the Project Management Body of Knowledge)
estabelece uma estrutura, um arcabouço de conhecimentos que cobre todos os processos e
as áreas de conhecimento relacionadas ao gerenciamento de projetos. O Guide to the
PMBOK considera que os projetos são compostos por 5 grupos de processos, e cada
processo destes grupos está relacionado a uma das 9 áreas de conhecimento do
gerenciamento de projetos. Este capítulo tratará de apresentar este framework proposto pelo
PMI para a concepção, o planejamento, a execução, o controle e o encerramento dos projetos
sob sua responsabilidade.
.
32 Gerência de Projetos
A figura a seguir apresenta a relação entre as fases genéricas de um Projeto (ou as sub-fases
de uma fase de projeto) e os níveis de atividade dos grupos de processos ao longo do
mesmo:
.
34 Gerência de Projetos
As interações entre os grupos também atravessam as fases, de tal forma que o encerramento
de uma fase fornece uma entrada para o início da próxima. A figura abaixo ilustra
como esta interação pode ocorrer:
.
36 Gerência de Projetos
A Proposta do PMI para o Gerenciamento de Projetos 37
.
38 Gerência de Projetos
Segue uma breve descrição de cada um dos processos, segundo o PMBOK (2000):
Processos de Iniciação
Iniciação (5.1) – obtenção do comprometimento da organização para o início da próxima fase
do projeto;
Processos de Planejamento
Processos Essenciais – Alguns dos processos de planejamento têm dependências bem
definidas, que fazem com que sejam executados essencialmente na mesma ordem na
maioria dos projetos. Por exemplo, as atividades devem ser definidas antes do
estabelecimento do cronograma e das estimativas de custo. Estes processos essenciais de
planejamento podem interagir várias vezes durante qualquer fase de um projeto. Eles
incluem:
Processos Facilitadores
As interações entre os demais processos de planejamento são mais dependentes da
natureza do projeto. Por exemplo, em alguns projetos pode haver sido identificado apenas
um pequeno risco ou mesmo nenhum, até que a maioria do planejamento tenha sido
concluída e a equipe reconheça que as metas de custo e prazo são por demais ousadas,
envolvendo assim um risco considerável. Embora os processos facilitadores sejam realizados
intermitentemente e à medida que são necessários durante o planejamento do projeto,
eles não são opcionais. Eles incluem:
.
40 Gerência de Projetos
Processos de Execução
Execução do Plano do Projeto(4.2) – levar a cabo o plano do projeto através da
realização das atividades nele incluídas;
Garantia da Qualidade (8.2) – avaliação regular do desempenho geral do projeto com
o objetivo de prover confiança de que o projeto irá satisfazer os padrões de
qualidade estabelecidos. Normalmente, é realizado por pessoal externo à equipe do
projeto, como auditores da qualidade, ou empresas especialmente contratadas para
este objetivo;
Desenvolvimento da Equipe (9.3) – desenvolvimento das habilidades das
pessoas e da equipe, enquanto grupo, para melhorar o desempenho do projeto;
Distribuição das Informações (10.2) – disponibilização das informações
necessárias, e no momento adequado, às partes envolvidas;
Solicitação de Propostas (12.3) – obtenção, conforme apropriado a cada caso
(cotações de preço, cartas-convite, licitações, concorrências), as propostas de
fornecimento dos produtos e/ou serviços pretendidos;
Seleção de Fornecedores (12.4) – escolha, dentre os possíveis fornecedores, aqueles
que melhor satisfaçam às necessidades do projeto;
Administração dos Contratos (12.5) – gerência dos relacionamentos com os
fornecedores.
A Proposta do PMI para o Gerenciamento de Projetos 41
Processos de Controle
Controle Integrado de Mudanças (4.3) – coordenação das mudanças ao longo de todo
o projeto; Verificação do Escopo (5.4) – aceite formal dos resultados (escopo) do
projeto;
Controle de Mudanças do Escopo (5.5) – controle das mudanças no escopo do
projeto; Controle do Cronograma (6.5) – controle das mudanças no cronograma do
projeto; Controle dos Custos (7.4) – controle das mudanças no orçamento do projeto;
Controle da Qualidade (8.3) – monitoração dos resultados específicos do projeto para
determinar
se eles atingem padrões adequados de qualidade, e identificação de ações para
eliminar as causas de desempenhos insatisfatórios. Difere da garantia da qualidade
porque é realizado pelos próprios integrantes da equipe do projeto, e não por pessoas
ou instituições externas a ele;
Relato de Desempenho (10.3) – coleta e divulgação de informações de desempenho
do projeto. Isso inclui relatórios de status, medidas de progresso, e novas estimativas
para o desenvolvimento futuro do projeto;
Controle e Monitoração de Riscos (11.6) – acompanhamento dos riscos
identificados, monitorando riscos residuais e identificando novos riscos, garantindo a
execução dos planos de risco e avaliando sua efetividade na redução dos riscos.
Processos de Encerramento
Encerramento dos Contratos (12.6) – completar e liquidar os contratos, incluindo a
resolução de quaisquer itens pendentes;
Encerramento Administrativo (10.4) – geração, reunião e disseminação de
informações para formalizar o término da fase ou projeto, incluindo avaliações do
projeto e compilação das lições aprendidas para uso em planejamentos de futuros
projetos ou fases (gestão do conhecimento).
.
42 Gerência de Projetos
O Relatório Executivo 43
7. O Relatório Executivo
Uma vez que um projeto é selecionado para desenvolvimento, parte-se para a sua
concepção, especificando-se de forma clara o escopo do que será empreendido. O
Relatório Executivo é elaborado de forma a tornar os parâmetros específicos do projeto mais
claros e mais profundamente compreendidos tanto pelos executivos da organização
quanto pela equipe estabelecida para este fim. Este documento discrimina o escopo que
pretende ser considerado pelo projeto, contemplando os seguintes itens:
Vejamos, a seguir, um detalhamento de cada uma das seções que devem compor um
Relatório Executivo.
7.1 Missão
Deve apresentar, de forma sucinta, o que o Projeto pretende atingir. Preferencialmente, uma
única frase deverá ser utilizada nesta seção, de forma a esclarecer o objetivo macro do
projeto. A declaração de missão de um projeto deve constar de um único parágrafo, o mais
sucinto possível, e, idealmente, deve possuir as características SMART (Specific, Mensurable,
Achievable, Results- Oriented e Time-Oriented). Vejamos como isso deve ser entendido:
.
44 Gerência de Projetos
“(...) Esta nação deverá comprometer-se a atingir o objetivo de, antes do final desta
década, fazer com que um homem aterrisse na superfície da Lua e seja trazido de volta
à Terra de forma segura. Nenhum outro projeto espacial neste período será mais
impressionante para a humanidade, ou mais importante para a exploração do espaço no
longo prazo, e nenhum será tão difícil ou tão caro para ser executado”
A viabilidade da visão do Presidente JFK foi mais tarde confirmada, muito embora ele
mesmo não tenha vivido o suficiente para vivenciá-la. Em 20 de julho de 1969, os americanos
Neil Armstrong e Edwin “Buzz” Aldrin, da missão espacial Apollo 11, deu à humanidade os
primeiros passos sobre a Lua, retornando de forma segura à Terra quatro dias depois.
7.2 Diagnóstico
A seção Diagnóstico trata, principalmente, dos necessidades, oportunidades ou problemas a
serem endereçados pelo projeto. Nesta seção, devem ser considerados os fatos e situações
vividas pela organização referentes, especificamente, ao contexto que será contemplado
pelo projeto. Idealmente, estatísticas, pesquisas, gráficos e tabelas devem demonstrar a
situação atual da empresa quanto às deficiências e limitações que justificariam a execução do
projeto em questão, projeto este que buscará as soluções que se dedicarão a minimizar tais
elementos restritivos. Além disso, deve considerar, se possível também através de tabelas e
gráficos, as oportunidades a serem alavancadas a partir do desenvolvimento do projeto.
7.3 Escopo
A seção Escopo delimita a abrangência dos resultados do Projeto, tanto em termos do que o
mesmo realizará quanto em relação ao que o projeto não implementará.
Esta seção funciona como um contrato entre as “partes” envolvidas no projeto, ou seja, os
executivos patrocinadores e a equipe do projeto. Cada um de seus tópicos deve ter sido
rigorosamente cumprido ao final do projeto, sob pena de o considerarmos como “não
concluído”, ou “parcialmente concluído”, ou até mesmo com o status de “fracassado” ou de
“concluído com restrições”. É importante enfatizar que o líder de projetos é avaliado em
.
46 Gerência de Projetos
Esta seção é necessária e de extrema importância, pois evita que se criem falsas
expectativas quanto aos resultados esperados do projeto. Vejamos alguns exemplos:
O Projeto não realizará a substituição dos equipamentos obsoletos, devendo tal ação
ser realizada pelas equipes de logística do contratante;
O Projeto não prevê a capacitação do pessoal a ser envolvido nas áreas de
Telemarketing, Atendimento a Clientes e ao pessoal de Vendas, ficando esta
responsabilidade a cargo do contratante;
O Projeto não contemplará estudos para avaliação de tecnologias mais modernas
para a implementação da nova solução, adotando a linha tecnológica já utilizada
e de pleno conhecimento da empresa.
7.4 Restrições
Refere-se a aspectos limitadores quanto às soluções a serem desenvolvidas pelo
projeto, aspectos estes a serem respeitados durante o planejamento, a execução e o controle
do mesmo. As restrições geralmente são impostas pelo cliente, e podem limitar os custos
do projeto, os prazos, pessoal, tecnologia e outras questões que, se não forem
respeitadas, o projeto não poderá ser executado. Do contrário, o mesmo estará ferindo
determinações de seu contratante. Vejamos alguns exemplos de declarações de restrições
em um projeto:
Pode surgir alguma confusão quanto ao que se considera uma Restrição e quanto ao que se
considera um item que o “Projeto não realizará”, este último presente na seção Escopo.
Devemos ressaltar que uma Restrição é um conjunto de limitadores dos Objetivos de um
Projeto, ou seja, especifica, restringe ou limita, de forma bem clara, os Objetivos a serem
produzidos por um projeto, sendo elas definidas pelo cliente ou pelo contratante do
projeto. O item O Quê o Projeto NÃO REALIZARÁ, por sua vez, informa o que o Projeto NÃO
fará, ou seja, não realizará, de fato. Em outras palavras, enquanto a primeira seção
(Restrições) particulariza os Objetivos a serem buscados por um Projeto, o segundo tópico (O
QUÊ o Projeto NÃO Realizará) exclui literalmente elementos que não serão sequer
considerados no desenvolvimento do mesmo, retirando-os do escopo do Projeto.
7.5 Premissas
Premissas são condições pré-assumidas como verdadeiras, ou suposições a partir das quais
o Projeto é concebido e empreendido. As premissas geralmente são impostas pela equipe do
projeto e, caso não sejam respeitadas, aumentarão os riscos do projeto. Podemos considerar
que as Premissas são verdades em que se baseiam as expectativas, previsões e estimativas
relacionadas ao Projeto. As Premissas funcionam como um alicerce sobre o qual o Projeto
será elaborado e conduzido. Vejamos alguns exemplos:
.
48 Gerência de Projetos
7.6 Benefícios
Vantagens a serem obtidas, do ponto de vista do cliente, após a implementação das soluções
constantes do projeto. Refere-se a ganhos diretos (ou mesmo indiretos) relacionados às
mudanças originadas a partir da incorporação das novas soluções provenientes do
desenvolvimento do projeto. Esta seção agrega valor às soluções a serem desenvolvidas,
e deve ser redigida considerando as melhorias a serem alcançadas.
7.7 Riscos
Discrimina fatos e eventos que, caso ocorram, devem ser tratados com a máxima presteza,
sob pena de incorporar atrasos ou até mesmo a inviabilização do projeto como um todo. A
cada risco, devem ser associadas ações a serem tomadas, de forma a mitigar ou anular seus
efeitos. Por exemplo, em um projeto de “integração do sistema de logística central ao sistema
de monitoramento de transportes rodoviários”, poderíamos ter os seguintes riscos associados:
Nestes casos, deveriam ser estabelecidas as seguintes ações de resposta respectivas, como:
Neste caso, tais ações poderiam permitir uma rápida adaptação a novos contextos
mercadológicos.
7.8 Macro-Fases
Ainda sem um detalhamento maior das fases e atividades do Projeto, pode ser interessante a
discriminação das grandes etapas de um projeto (Ciclo de Vida). Mesmo considerando
que o planejamento minucioso das fases de um Projeto ainda não teve início, uma
expectativa acerca da linha base de execução de um projeto pode ser necessária. Vejamos
um bom exemplo deste item, considerando as macro-fases de um projeto de desenvolvimento
e implantação de um novo sistema de controle de transações nas filiais de uma organização
comercial:
.
50 Gerência de Projetos
É interessante a inserção das estimativas de prazos para a execução de cada uma das fases
acima descritas. Normalmente, os clientes exigem conhecê-los previamente, mesmo
que seja em termos de previsões. Neste caso, sugere-se os prazos sejam estimados
de forma a considerar as diversas alternativas de execução das soluções oferecidas em
cada uma das fases previstas para o projeto. Mesmo que seja realizado um levantamento
mais pormenorizado das ações a serem tomadas para o desenvolvimento do projeto,
deve-se deixar bem claro ao cliente que tratam-se de estimativas ainda pouco profundas.
de serviços. Naturalmente, itens ordinários a serem utilizados no projeto não devem ser
necessariamente justificados nesta seção, a não ser que o cliente assim o exija, e
considerando que todos eles estarão inseridos na seção seguinte, o “Orçamento Preliminar”
(Ex. material de escritório, telefonia, deslocamento, estadia e alimentação, etc.)7.
.
52 Gerência de Projetos
Outros projetos que estejam previstos ou já sendo executados pela organização podem ser
considerados como Fatores Críticos de Sucesso, pois o Projeto atual pode considerá-los
como seus pré-requisitos. Sendo assim, cada um dos Projetos paralelos que impactem o
desenvolvimento do Projeto atual devem ser tratados como Fatores Críticos de Sucesso.
Uma questão importante a ser considerada neste item é o comprometimento que a nova
solução deverá demandar em relação às diversas áreas envolvidas, estimulando alterações
significativas em seus processos e rotinas internos. Cada uma destas implicações devem
ser consideradas como Fatores Críticos de Sucesso.
ATENÇÃO!
Uma vez mais estamos chamando a atenção para os pontos a seguir: alguma confusão pode
ser feita em termos do que se referem as seguintes seções como, “O QUE o Projeto NÃO
Fará”, “Restrições”, “Premissas” e “Fatores Críticos de Sucesso”. Recordemos suas
definições básicas:
Num processo iterativo entre o líder de projeto e sua equipe, os gerentes das áreas afins e os
executivos envolvidos com a iniciativa, o Relatório Executivo é aprovado quando não
há mais nenhuma dúvida ou ponderação por parte do corpo decisório. Este relatório passa a
ser considerado efetivamente como uma espécie de contrato firmado entre a equipe do
projeto e os executivos que o aprovaram.
.
54 Gerência de Projetos
O Plano de Execução 55
8. O Plano de Execução
Uma vez que o Relatório Executivo deixa claro para a equipe de projeto como para os
executivos da organização contratante qual será o escopo das soluções a serem
desenvolvidas e implementadas, deve-se passar para o dimensionamento do projeto em
termos de seu plano de execução, ou seja, o detalhamento de suas fases, atividades,
produtos, prazos e recursos a serem empregados no projeto, além de definir como se dará
a interação entre cada um de seus participantes e envolvidos.
Ressaltamos, porém, que esta tarefa não é pequena, nem tampouco trivial, mas é a base
para o real dimensionamento do projeto, em termos de custos, prazos, recursos e produtos a
serem disponibilizados. Vejamos quais são os elementos constituintes do Plano de
Execução de um Projeto:
1. Cronograma;
2. Matriz de Responsabilidades;
3. Plano de Desembolso;
4. Produtos e Sub-Produtos;
5. Plano de Comunicação.
Em alguns casos, o Plano de Execução pode ser parte integrante do Relatório Executivo.
8.1 Cronograma
Constitui-se do estabelecimento e descrição das fases e atividades de execução do projeto,
bem como sua distribuição no tempo. Devem ser consideradas as precedências (refere-se à
ordem em que tarefas devem ocorrer de forma a permitir que outras sejam executadas
propriamente), as prioridades (níveis de urgência de tarefas em relação a outras de mesma
precedência) e a possibilidade de paralelismo entre elas (refere-se às possibilidades de
simultaneidade na execução de várias tarefas).
Também nos casos em que um grupo limitado de recursos seja necessário para a execução
de tarefas que, em tese, poderiam ser executadas em paralelo, algumas das tarefas devem
ser priorizadas em relação às demais.
Estimar prazos de atividades de forma a considerar “folgas” muito grandes pode ser danoso,
pois pode comprometer a viabilidade do projeto uma vez que o orçamento pode crescer
muito, e de forma “artificial”. Além disso, os prazos devem ser justificados dentro de uma
realidade viável. Naturalmente, podem haver falhas nas estimativas iniciais, o que pode levar
à necessidade de renegociações junto aos clientes.
.
56 Gerência de Projetos
A Fase I possui precedência sobre as fases II e III, pois é necessária que ela
seja concluída antes que as demais possam ser iniciadas;
A Fase II possui prioridade sobre a Fase III, apesar de que isso não necessariamente
fica explícito no gráfico, a não ser pelo fato que a Fase II possui uma duração maior
que a Fase III, o que a torna parte do caminho crítico do projeto;
As Fases II e III podem ocorrer em paralelo, pois a execução de uma delas não
necessariamente concorre contra a outra (a não ser em termos dos recursos e
pessoas envolvidas, o que pode gerar algum conflito);
O Plano de Execução 57
DCedo = 2 dias
(2 4 x 3 5)
DProvável = 3 dias D Estimada 3,17
6
DTarde = 5 dias
Devemos ressaltar que DCedo poderá ser igual ou muito próxima à DProvável, assim
como DTarde também poderá ser igual ou muito próxima à DProvável.
Para a estimação de cada uma das durações consideradas, em qualquer situação não se
deve menosprezar a experiência daqueles que efetivamente realizarão cada uma das
tarefas a serem planejadas.
.
58 Gerência de Projetos
Algumas atividades podem possuir duração zero. Neste caso, considera-se tais atividades
como marcos, ou seja, como pontos a serem atingidos no tempo, e que sobre eles
não se pode precisar a duração específica. Além disso, os marcos podem indicar pontos
de controle (“checkpoints”) ao longo do projeto, sobre o qual devem ser tomadas ações
específicas.
.
60 Gerência de Projetos
Executivo Patrocinador
Empresa de Pesquisa
Analista de Marketing
Gerente de Marketing
Gerente de Produto
Consultor Jurídico
…………
…………
…………
Plano de Marketing - Lançamento de produto
Fase I - Pesquisa de mercado
… … …
! ! ! ! !
!
1.1 - Contratação de empresa especializada F
… … …
!
1.2 - Definição de objetivos da pesquisa 1
… … …
! !
1.3 - Definição de respostas a serem obtidas F 1
1.4 - Realização da pesquisa de mercado F 1 … … …
… … …
!
1.5 - Apresentação de resultados F
… … … …
… … … …
Legenda:
Aprovação Final
F É Responsável
0 Realiza
!
o que não significa que o mesmo não tenha participação efetiva em outras fases e
atividades;
Em muitos casos, gerentes e executivos podem não estar representados do ponto de
vista dos detalhes de implementação, mas idealmente devem estar “alocados” na
apresentação, validação e aceite dos resultados finais;
Excepcionalmente, podem ser contratados consultores externos ou administradores
que sejam vistos como responsáveis por tarefas e atividades. Nestes casos
específicos, pode ser que eles tenham sido trazidos à organização não apenas
para executar tarefas, mas para conduzirem as mesmas como se fossem parte
da própria organização contratante. Desta forma, não consideramos que a
responsabilidade estaria sendo delegada a um terceiro comum, mas a um
terceiro com plenas funções internas à organização, assumindo um papel muito
parecido com o de um profissional da empresa (profissional este que poderia ser
considerado o responsável pela execução das atividades previstas para o
projeto). Em todo caso, continuamos a reforçar que apenas indivíduos da própria
organização sejam os responsáveis pelas tarefas. No caso dos consultores e/ou
administradores externos à organização, o máximo que lhes pode caber é a execução
das mesmas, sendo contra-indicado estabelecê-los como responsáveis.
Mais uma vez vale a máxima de se tentar jamais surpreender o cliente do projeto,
tentando-se, ao menor sinal de aumentos nos custos previstos, buscar-se alternativas
que os contornem adequadamente. Somente ao esgotarem-se todas as possibilidades e
alternativas, devem ser levados novos planos de ação a serem negociados junto aos
executivos patrocinadores e clientes do projeto.
Nesta seção, também devem ser consideradas as especificações detalhadas para os tipos de
equipamentos, programas de computador, serviços de treinamento e capacitação para
a equipe, viagens eventualmente necessárias (com as respectivas despesas de
.
62 Gerência de Projetos
materialização dos objetivos e resultados esperados pelo projeto. Os sub-produtos, por sua
vez, também chamados entregas, são resultados parciais ou intermediários obtidos no
decorrer do projeto, e significam a conclusão de fases e atividades internas
específicas. Todos eles devem ser concebidos a priori, devendo também ser
estabelecidos os seus parâmetros de qualidade a serem atendidos conforme as
expectativas dos clientes do projeto.
.
64 Gerência de Projetos
Quem deverá ser informado, e com qual antecedência, para a participação nas
reuniões de acompanhamento;
Outros aspectos específicos devem ser analisados e previstos nesta fase, de forma a prever
eficientes formas de troca de informações ao longo de um projeto, não somente entre
os participantes diretos do projeto, mas em relação a toda a organização ao que o mesmo se
insere.
.
66 Gerência de Projetos
1
Negociação e Alocação de Recursos 67
Este tipo de caso revela-se como grande potencial de conflitos a serem gerenciados pelos
responsáveis por um projeto. Uma boa estratégia de negociação sugerida para
possibilitar a participação destes profissionais nos projetos seria o de considerar tal
alocação como um investimento interno efetivo, o que necessariamente deve
vislumbrar retornos significativos para ambas as partes.
.
68 Gerência de Projetos
Devem-se apontar as melhorias e os benefícios que o projeto trará à área funcional a ser
temporariamente "desfalcada" de seus melhores profissionais em favor do projeto. O retorno a
ser oferecido deve visar, necessariamente, a ganhos de produtividade consistentes após a
conclusão do projeto, o que justificaria o envolvimento daquele profissional por um período
determinado de tempo, ainda que não integralmente dedicado ao mesmo.
Poderia se argumentar que, ao término do projeto, tal equipamento, caro e sofisticado, ficaria
sem utilidade, “desperdiçando” o investimento realizado no mesmo. Neste caso, deveria ser
levantada a possibilidade do mesmo equipamento ser utilizado em outros projetos em
andamento, tentando-se a maximização de seu emprego nos mesmos.
Por exemplo, o equipamento poderia ser empregado para os testes de outras soluções em
desenvolvimento, ou a ser utilizado como contingência às soluções já existentes, no caso
de falhas operacionais. Ainda, o mesmo equipamento poderia ser utilizado como plataforma
base para um ambiente de laboratório para novos projetos que estejam sendo vislumbrados.
Uma outra alternativa para a alocação de recursos temporários em projetos pode ser
o aluguel de equipamentos por um período específico, bem como a contratação eventual de
serviços de terceiros para a execução de tarefas bem definidas.
Gerência de Riscos 69
O risco não deve ser visto como algo a ser temido, mas como algo a ser
gerenciado: equipes de sucesso gerenciam os riscos reconhecendo-os
minimizando as incertezas associadas aos mesmos, através de ações pró-ativas
para cada um dos riscos identificados.
.
70 Gerência de Projetos .
Buscar a identificação de riscos de forma positiva: para que a gerência de riscos seja
efetiva, os membros da equipe devem estar desejosos de identificar os riscos
sem o medo da punição ou da crítica. A identificação dos riscos significa que
poderá haver menos surpresas para uma equipe pois, quando um risco é
identificado, a equipe poderá preparar-se para ele e, espera-se, evitar que o mesmo
ocorra ao longo do projeto.
Problemas legais.
Transferência do risco:
Repasse do risco para outra entidade;
- Ex. Contratação de um seguro contra incêndio (o risco é
repassado para outra empresa);
- Ex. Contratação de pessoal terceirizado para a gerência da
segurança contra incêndio;
Evitar o risco:
Eliminar o risco realizando algo menos arriscado;
- Ex. Construir algo menos sujeito a incêndio do que um armazém;
- Ex. Adotar uma tecnologia já provada pelo mercado, ao invés de uma
tecnologia de ponta, ainda sujeita à adesão pelo mercado.
.
72 Gerência de Projetos .
A partir de agora em nosso exemplo estaremos nos detendo apenas no tratamento de riscos
vinculados ao caso de incêndio, apenas para facilitar a discussão sobre o gerenciamento de
riscos.
Considerando que, quanto maior for o Grau de Exposição a um risco, mais o risco deve ser
considerado, devemos priorizar o tratamento de riscos em função desta variável:
.
76 Gerência de Projetos .
Legenda:
1. No caso do armazém já estar construído.
2. Este campo é também chamado dead-line, e é utilizado apenas quando se trata de uma ação de
contingência.
3. Este campo é utilizado apenas quando trata-se de uma ação de contingência.
4. Esta ação também poderia ser considerada como Mitigação (Causa), pois poderia pressupor uma
maior disciplina no acesso ao material inflamável, o que minimizaria as chances de incêndio por
uma má administração dos mesmos.
.
78 Gerência de Projetos .
Priorizar o esforço;
Orientar as decisões;
Ressaltar as dependências;
Determinar cronogramas;
Gerenciar a orientação a todos os participantes e envolvidos no projeto.
Declarações de risco;
Cálculos de probabilidades dos riscos; Cálculos da severidade dos riscos; Cálculos da
exposição dos riscos; Planos de mitigação;
Planos de contingência e suas condições de acionamento específicas; Associação da
responsabilidade pelos riscos.
Deve ser criada uma lista com os Top-10 (os 10-Mais Prioritários):
Podem ser divididas por assunto, o que facilitará o entendimento do trabalho a ser
efetivamente concluído do trabalho já realizado. Em particular, as TO-DO Lists são individuais
e específicas para cada participante de um projeto, e cabe ao gerente do projeto cobrar de
.
80 Gerência de Projetos
todos os envolvidos que “andem sempre com suas listas à mão”, evitando-se perder o foco
do que realmente deve ser feito.
Os TO-DO lists são ferramentas que possibilitam o acompanhamento dos projetos no nível
micro, ou seja, referente às atribuições detalhadas e ordinárias de cada participante da equipe
em particular. Estas tarefas podem variar desde um simples telefonema à configuração
de um equipamento complexo. Algumas das técnicas utilizadas para gerenciamento do
tempo levam à construção de TO-DO Lists adequados para planejamento,
acompanhamento e controle das atividades pendendes individuais.
Exemplo: TO-DO List do coordenador de projeto para lançamento de um novo curso de pós-graduação
lato sensu
Note que, no exemplo acima, algumas das atividades já foram concluídas ( ), enquanto
outras ainda estão por ser feitas. Além disso, algumas das atividades estão sublinhadas e em
negrito, o que aponta seu caráter de urgência (prioridade) em relação às demais.
Esta relação de pendências deve listar, além das atividades e tarefas específicas, os
profissionais respectivamente responsáveis pelas mesmas, as áreas e/ou empresas alocadas
para sua execução, as datas de início de desenvolvimento, de previsão de término e de
término efetivo, bem como eventuais informações adicionais.
Pode-se considerar que esta base funciona como um “cronograma às avessas”, pois refere-se
ao que foi, de fato, executado, e não ao que está previsto para ser desenvolvido, a posteriori.
Contudo, este tipo de ferramenta encontra grande resistência para sua efetiva implementação
por parte dos profissionais envolvidos nos projetos, pois seu preenchimento, além de
tedioso e frustrante, invariavelmente traz a conotação de controle excessivo por parte das
.
82 Gerência de Projetos
A elaboração de roteiros pode ser uma tarefa participativa, e pode contar com profissionais
experientes no relacionamento entre as pessoas, áreas, parceiros ou fornecedores
envolvidos. Em alguns casos, a elaboração dos roteiros pode ser elaborada em conjunto
com profissionais mais experientes, e que não necessariamente estejam alocados à
equipe de projeto. Isso pode garantir objetividade na elucidação de pontos mais críticos
e um maior entendimento dos desafios e problemas a serem superados pelos participantes
de cada evento.
.
84 Gerência de Projetos
Esta base de dados comum deve fornecer, idealmente, informações referentes à cada projeto
em particular, em níveis de detalhamento progressivos, contemplando os atributos do
projeto em geral. Entre outros elementos, poderíamos sugerir que fossem colocados nesta
base de informações os documentos principais do projeto (Relatório Executivo, Plano de
Execução, Documento deAvaliação de Riscos, checklists, Relatórios de Acompanhamento
de Fornecedores, etc.), breves resumos da situação do projeto por semana/mês, breve
resumo de resultados já atingidos e dos que estão por vir, breve resumo dos problemas
enfrentados e das soluções desenvolvidas, entre outros aspectos e relatórios técnicos
necessários, e que compõem toda a documentação produzida ao longo do ciclo de vida do
projeto.
A análise da situação global sobre a base de projetos permite uma constante monitoração das
direções e do desempenho dentro do qual a empresa se posiciona, suportando atividades e
decisões de nível estratégico com mais agilidade. Além disso, como esta base agrega
informações de todos os projetos da organização, é possível que ela se ofereça como fonte
permanente de “aprendizado” em relação aos projetos já realizados, balizando novos
empreendimentos junto às experiências já vivenciadas anteriormente.
Instrumentos para Condução e Desenvolvimento de Projetos 85
Entretanto, para que esta ferramenta se mostre efetiva, é importante que haja uma
forte disciplina na inserção de conteúdo na mesma. Além disso, é fundamental que sejam
implementados mecanismos eficientes de recuperação de informações e de conhecimentos
nestas bases, sob pena de se acumularem grandes estoques de conhecimento sem, no
entanto, que se obtenha a “liquidez”
necessária na recuperação das informações necessárias. Existem diversas ferramentas de
groupware que permitem a implementação destas bases executivas para acompanhamento
de projetos.
11.2.1 Protótipos
Grandes projetos demandam que suas respectivas soluções sejam implantadas
modularmente, de forma extensível. Preferencialmente, devem haver testes que ajustem
as funcionalidades das soluções implementadas e antecipem problemas potenciais. Um
protótipo é a materialização de uma proposta de solução, e não necessariamente precisa ser
funcional, ou seja, não precisa ser utilizável, de fato. Um protótipo deve ser empregado
não como uma solução acabada e pronta para ser implementada, mas para permitir que se
façam questionamentos acerca da proposta que está sendo, através dele, concretizada. Em
outras palavras, protótipos não apresentam as soluções, mas apenas propostas, permitindo
que eles próprios sejam desafiados em termos de sua futura viabilidade funcional e
operacional.
.
86 Gerência de Projetos
Neste caso, devem ser montados ambientes que reproduzam fielmente o ambiente real
de produção, para que as soluções desenvolvidas sejam exaustivamente provadas
anteriormente à sua implantação definitiva. Os erros, problemas e nuances
verificados devem ser devidamente registrados para consultas futuras, o que minimizaria
a reincidência dos mesmos, além de otimizar seu tratamento corretivo.
Um bom exemplo são os sistemas de automação bancária que, em grandes instituições, são
estruturados ambientes de homologação equivalentes a “agências de mentirinha”,
adequadas ao estudo e reprodução do ambiente real das agências fisicamente
estabelecidas pela instituição financeira. Outro exemplo de um ambiente de
homologação são os chamados “apartamentos decorados”, em que os prováveis
compradores de um imóvel visitam o local, “caminhando” por ele, de forma a descobrir por si
mesmos as vantagens e desvantagens do que será o produto final a ser finalmente
construído. Nesta linha, poderíamos citar as empresas de veículos que permitem que
seus clientes façam um test-drive nos modelos de veículos colocados à venda, onde o cliente
pode experimentar um tipo de carro como se fosse seu próximo veículo.
Outros exemplos para ambientes de homologação são algumas vacinas testadas em cobaias
não-humanas. Neste caso, os animaizinhos serão continuamente monitorados de forma
a se avaliarem os efeitos colaterais, a eficácia e a eficiência dos novos medicamentos. Caso
Instrumentos para Condução e Desenvolvimento de Projetos 87
algo errado aconteça, a cobaia pode ser sacrificada, ou mesmo ter seu sofrimento e
reações profundamente estudados, permitindo-se contínuos aperfeiçoamentos na solução
desenvolvida (quando os testes passam a ser realizados em seres humanos estaremos
tratando de projetos-piloto, que veremos adiante).
11.2.3 Projetos-Piloto
Mesmo realizando testes em ambientes de homologação, o ambiente real, de
produção, sempre apresenta variáveis (grande parte delas, intangíveis) jamais passíveis
de antecipação e simulação. Por exemplo, um determinado tipo de teste, o de stress, em
que um grande número de acessos simultâneos deve ser simulado de forma a se
permitir a análise do comportamento da solução implementada, somente pode ser
realizado em um ambiente real de produção.
Por causa disso, devem ser programadas implantações iniciais em ambientes reais, e
que contemplem um universo crítico controlável. Os ambientes nos quais os projetos-
piloto são implementados devem apresentar uma diversidade significativa de situações de
forma a se permitir o acompanhamento do comportamento da nova solução do ponto de vista
de seu usuário final. Da mesma forma que nos ambientes de homologação, aquilo que for
percebido como de significativa relevância passa a ser adequadamente documentado para
posterior reaproveitamento, ou seja, para avaliação, análise, e efetiva correção e ajustes.
.
88 Gerência de Projetos
Os projetos-piloto são indicados quando os investimentos finais são muito altos para
um Roll-out da solução por completo, e os riscos associados podem se tornar muito elevados
caso haja alguma indisponibilidade ou falha nos novos serviços e produtos a serem
oferecidos.
11.2.4 Laboratórios
Idealmente, deve ser possível a montagem de uma infra-estrutura a ser empregada para os
testes de uma nova solução, sobretudo permitindo-se que este ambiente seja montado e
desmontado quantas vezes necessário. O objetivo principal da construção de um laboratório
é a realização de experiências com novas tecnologias, testando e avaliando
funcionalidades, restrições, conceitos e características de tecnologias ainda não
dominadas pela organização. No entanto, seus custos podem ser proibitivos. Nestes
casos, pode ser que um ambiente de laboratório se pague conforme o montante e a
criticidade de um projeto, ou de forma a tornar possível que suas instalações possam ser
reutilizadas em projetos futuros.
Os laboratórios podem evoluir para ambientes de homologação, mas jamais para projetos-
piloto, pois estes últimos são considerados ambientes de produção. Contudo, o que
difere um laboratório de um ambiente de homologação é a estabilidade deste último,
pois os laboratórios permitem que se façam alterações e mudanças a qualquer tempo,
enquanto que os ambientes de homologação são estáveis, e evoluem conforme também
evolui o ambiente de produção, junto dos quais os ambientes de homologação devem se
manter como cópias fiéis.
Quando não for possível o agendamento de visitas técnicas, pode-se tentar entrevistas em
que devem ser objetivamente abordados os pontos mais críticos encontrados pelos
terceiros na implementação das nuances encontradas em seus projetos específicos.
Instrumentos para Condução e Desenvolvimento de Projetos 89
.
90 Gerência de Projetos
Tais documentos podem ser disponibilizados para toda a empresa, por exemplo, nos Fóruns
de Discussão/Conhecimento, em bases de discussão virtuais, ou em ciclos de
palestras e treinamentos internos. Deve ser estimulada a participação de outros
colaboradores no sentido de oferecerem sugestões, comentários e críticas às
tecnologias e conceitos apresentados, bem como apresentando novas fontes de
informação sobre o mesmo assunto ou sobre tópicos relacionados, desta forma
enriquecendo o acervo de conhecimentos gerados após cada evento.
Em particular, sugere-se que o tempo gasto para a produção destes documentos-resumo não
ultrapasse 20% da duração total do evento. Assim, caso um profissional tenha participado de
um treinamento cuja duração tenha sido de 40 horas, recomenda-se que o mesmo dedique
um máximo de 8 horas para a produção de um documento ou palestra que o
sumarize de forma adequada e palatável para o público-alvo.
dúvida, mas leva tempo para que o conhecimento baseado na prática, ou seja, na
experiência dos peritos, possa ser devidamente assimilada.
Nestes casos, e de forma ideal, deve ser estabelecido (preferencialmente em contrato) que
ocorram trabalhos conjuntos entre a equipe da empresa e os profissionais terceiros
integrantes do projeto. A equipe de projeto deve, presencialmente, acompanhar a
instalação de ferramentas de software, ou a operação dos equipamentos que serão
utilizados, ou mesmo acompanharem os trabalhos dos terceiros nas metodologias
empregadas por eles de forma a propiciar a transferência de conhecimento por tradição.
É importante observar que este tipo de ferramenta não substitui o treinamento convencional,
mas amplia as possibilidades de fortalecimento do aprendizado, sobretudo considerando
que a prática verdadeiramente ensina, tornando o conhecimento mais duradouro e perene.
Não cabe, nestas reuniões (como em nenhuma outra), apontar culpados, mas sim os
empecilhos, falhas e virtudes encontrados no processo. Deve-se procurar sugestões para
melhorias futuras, levantar as perdas e os ganhos pessoais e corporativos, discutir
fatores positivos e negativos, tangíveis e intangíveis que ocorreram durante o
desenvolvimento da fase/projeto/
problema.
.
92 Gerência de Projetos
Há alguns riscos, contudo, em relação à adoção destas reuniões, sobretudo no que toca aos
gerentes de projeto. Neste caso, reuniões de lições aprendidas podem revelar-se
como oportunidades para que seus participantes apontem direta e publicamente os defeitos e
falhas dos demais colegas, o que pode abrir o precedente de que estes mesmos profissionais,
bem como outros tantos, enxerguem-se no direito constante de oferecer feedbacks não
solicitados, estendendo suas críticas a atitudes de gerentes funcionais e de projeto. Enfim,
esta atividade deve ser encarada como um exercício de humildade e sabedoria para todos os
seus participantes.
Enfim, e não menos importante, estes eventos podem trazer, através da interação com
os executivos-chave, a visibilidade do que é considerado de “alto valor” para os mais altos
escalões, possibilitando o vislumbre de novas possibilidades, de novas abordagens para o
desenvolvimento de soluções futuras, aprendendo e conhecendo quais serão os novos
projetos que, certamente, valerão a pena ser desenvolvidos brevemente.
.
94 Gerência de Projetos
9002 na sua área de atuação”, ou que “sua solução para um sistema CRM inclua o
tratamento de CTIs (Centrais Telefônicas Inteligentes)”, ou ainda que o fornecedor “ofereça
alternativa de integração com os atuais sistemas de Call Center e Help Desk já implantados
na organização”.
Em alguns projetos, pode ser que alguns dos pré-requisitos façam menção explícita a uma
determinada linha de produtos, ou mesmo que considerem níveis de serviço específicos a
serem oferecidos como, por exemplo, a “disponibilização de um suporte técnico telefônico
24 x 7, nos primeiros 6 meses após a implementação do projeto”. A não observância de um
Pré-requisito implica em desclassificação imediata da empresa candidata a fornecedora
do projeto.
.
96 Gerência de Projetos
Cada um dos quesitos de pontuação deve conter, internamente, níveis de conformidade, que
discriminarão a aceitação, a não aceitação ou a aceitação parcial do quesito, em relação ao
seu atendimento às necessidades apresentadas. Ainda, podem ser atribuídos pesos à cada
uma das categorias de avaliação, de forma a ponderar-se índices mais elevados onde for
dada maior relevância quanto aos respectivos quesitos de avaliação das soluções
candidatas.
É muito importante que todos os elementos escolhidos para a realização de uma avaliação
possam ser, de alguma maneira, avaliados em uma escala coerente (quesitos de
pontuação). Naturalmente, um excesso de itens de pontuação pode trazer dificuldades para a
seleção do melhor fornecedor, além de que os mesmos podem não se revelar significativos
para os objetivos a que se prestem.
.
98 Gerência de Projetos
Como serão solicitadas as propostas junto aos fornecedores de forma a tomar-se contato com
suas respectivas soluções? Em primeiro lugar, deve ser solicitada uma proposta técnico-
financeira a cada um dos fornecedores que se deseja contactar. O documento gerado
a partir desta etapa denomina-se RFP (Request for Proposal – ou Solicitação de
Proposta Técnico-Financeira, ou Requisição Formal de Proposta).
Ele deve ser claro e conciso, devendo discriminar de forma não ambígua o que está sendo
requerido, quais tópicos, características e documentos que deverão ser apresentados,
qual será o formato em que as respostas às solicitações deverão ser oferecidas e
quanto custará a solução final, este último item geralmente devendo ser desdobrado o
máximo possível, de forma a permitir comparações entre itens de mesma natureza nas
diversas propostas oferecidas.
A data de entrega das propostas deve ser informada neste documento, e deve ser
considerado um período realista para a elaboração das propostas por parte dos
fornecedores, de forma a atender os níveis de detalhamento demandados pela equipe do
projeto.
.
100 Gerência de Projetos
o que pode vir a dificultar o estudo e a análise das propostas de cada um dos fornecedores
potenciais.
Além disso, é costume que ocorra o seguinte fato: alguns fornecedores, visualizando
possibilidades de oferta de novas funcionalidades às suas soluções, acrescentam
novas características às mesmas, ampliando assim as opções solicitadas através da
RFP. Pode ainda ocorrer que, na apresentação de propostas, algumas
funcionalidades normais dos produtos oferecidos apresentem-se como novidade para os
avaliadores das soluções candidatas.
Após esta primeira filtragem, é efetivamente realizada a avaliação de cada uma das propostas
entregues, pontuando os quesitos já definidos em termos dos níveis de conformidade
estabelecidos previamente. Vejamos, logo a seguir, algumas recomendações para a
avaliação dos diversos quesitos, conforme sua área de avaliação correspondente.
Avaliação e Escolha de Fornecedores 101
Alguma exceção pode ser feita no que tange, por exemplo, a tecnologias de apoio às
soluções demandadas. Por exemplo, supondo que esteja sendo avaliada uma solução
de ERP (Enterprise Resource Planning – ou ferramenta de gestão integrada), e
também estejam sendo avaliados os sistemas operacionais a serem disponibilizados nos
servidores (por exemplo, Microsoft Windows 2000, NOVELL Netware ou HP-UX).
.
102 Gerência de Projetos
Estas entrevistas podem ser realizadas nas próprias instalações dos clientes bem como
via telefone ou vídeo- conferência, por exemplo. Deve-se, no entanto, considerar o
contexto organizacional em que os clientes verificados se encontrem, pois estes
podem ser ou estar estruturados de forma completamente distinta de como se
organiza a empresa contratante.
Nestes casos, muitos dos critérios de avaliação podem ser percebidos subjetivamente, ou
seja, baseados unicamente nas visões específicas de outros colaboradores e clientes,
e não necessariamente baseados em fatos efetivamente verdadeiros.
A avaliação comercial, num aspecto mais objetivo, também deve considerar a rede de
suporte formal estabelecido pelos fornecedores, ou se existe um centro de atendimento a
clientes via telefone, FAX, ou e-Mail. Pode ser verificada a presença de sites para
oferta de serviços e documentação de apoio, entre outros aspectos, conforme os itens já
apontados na sub-seção “Áreas de Avaliação”.
Como trata-se de um documento executivo, não pode ser muito extenso, contendo um
número adequado de páginas para leitura especificamente por parte dos tomadores de
decisão da organização contratante, mas também não pode ser extremamente sucinto, pois
isso pode levar à perda de credibilidade em relação à consistência das
escolhas e recomendações oferecidas.
A segunda parte do Relatório de Recomendação refere-se aos seus anexos. Nesta parte,
cabe toda a documentação produzida pela equipe do projeto, como as atas de reunião, os
desdobramentos da avaliação, enfim, todos os detalhes que fizeram parte do processo como
um todo. Na verdade, dificilmente alguém irá ler todas as suas páginas, mas as mesmas
prestam-se como referências ao que está sumarizado na primeira parte do Relatório de
Recomendação, suportando-o e dando-lhe subsídios para um entendimento mais
pormenorizado do processo.
.
104 Gerência de Projetos
A segunda consideração ocorre quando existe o chamado “empate técnico”, ou seja, quando
duas ou mais empresas fornecedores apresentam soluções igualmente eficientes e a
custos muito competitivos entre si. Além disso, podem ainda ocorrer discrepâncias
quanto às funcionalidades oferecidas por cada fornecedor em potencial, tornando a
recomendação final mais complexa, pois se estaria considerando situações distintas, ou seja,
não niveladas.
Por exemplo, considere o caso em que um dos fornecedores ofereça uma solução
mais “enxuta” e, consequentemente, menos dispendiosa, enquanto que um outro pode
apresentar uma solução mais “robusta” e, por sua vez, mais cara. Ou ainda, uma
empresa fornece a solução de forma a implementá-la nas instalações da empresa
contratante, enquanto que outra oferece o serviço que atende à solução, porém
implementando-o internamente. Nestes casos, podem ser realizados cenários ou
simulações, prevendo evoluções possíveis com cada uma delas e seus impactos
técnicos, financeiros e operacionais envolvidos (como prazos, recursos, capacitação técnica,
infra-estrutura administrativa, entre outros aspectos).
A decisão final neste caso (e como sempre será em todos os outros) deverá recair para
o corpo decisório da organização, que certamente levarão em alta conta as
opiniões e posicionamentos da equipe do Projeto. De qualquer maneira, a equipe do
Projeto deverá sempre recomendar uma única solução, mesmo que os executivos e clientes
optem por outras alternativas ou linhas de ação.
Neste caso, o projeto corre o risco de ser suspenso, ou colocado em uma situação de
inviabilidade, o que interromperia seu processo de implementação, muitas vezes por
longos e indefinidos períodos. Por isso é que se torna importante uma boa estimativa
inicial de parâmetros e recursos para o projeto no momento de seu planejamento inicial, o
que aumentaria sua chances de ser aprovado neste estágio de desenvolvimento.
Caso o projeto seja aprovado após o exame do corpo diretivo sobre o Relatório de
Recomendação, pode ser que os diretores da organização contratante desejem
negociar com os fornecedores condições específicas de pagamento ou na oferta de produtos
e serviços.
É importante ressaltar que, a não ser quando for delegado ao líder de projetos, que o mesmo
resista à tentação de entrar em negociações diretas com os fornecedores candidatos quanto
aos seus valores financeiros finais. Normalmente, os níveis de autoridade dos gerentes
de projeto são limitados no que se refere à negociações com fornecedores externos. Some-
se a isso o fato de que a utilização de técnicas mais agressivas de negociação de forma a
trazer condições efetivamente mais vantajosas para a organização contratante é,
normalmente, um privilégio de altos executivos.
Técnicas de negociação podem ser melhor utilizadas pelo pessoal de outras áreas da
empresa como, por exemplo, os gerentes das áreas usuárias, ou pelo pessoal dos
setores de compras, ou mesmo, como já citado, pelos próprios executivos principais da
empresa. Em geral, um líder de projetos também não possui autonomia para oferecer
contra-propostas aos fornecedores potenciais.
Após todos os acertos finais, os fornecedores devem ser contatados pelo pessoal específico
da organização para a aquisição e contratação dos produtos e serviços correspondentes,
encerrando- se, assim, o ciclo de contratação dos parceiros de negócio específicos.
Deve-se ressaltar, contudo, que a gerência dos contratos, dos recursos e profissionais
de terceiros, do nível de qualidade dos produtos e resultados disponibilizados pelos
fornecedores, é responsabilidade inerente aos gerentes de projetos, mesmo que ele
próprio tenha delegado tais atribuições a outros setores e profissionais da organização.
.
106 Gerência de Projetos
1
Elementos para Análise de Projetos 107
Fi = Bi – Ci, i = 0, 1, 2, ...., n
.
108 Gerência de Projetos
período subseqüente) pela prestação de serviços será de 100 UM. Ao final do décimo ano o
equipamento será vendido como sucata pelo valor de 200 UM. Apresente uma tabela
contendo o fluxo de caixa deste projeto.
Período Fluxo
i Bi Ci Fi
0 0 1.000 -1.000
1 100 0 100
2 100 0 100
3 100 0 100
4 100 0 100
5 100 0 100
6 100 0 100
7 100 0 100
8 100 0 100
9 100 0 100
10 300 0 300
Investimento em um Título
Suponha que se deseje avaliar a aplicação de 1.000 UM em um título no período zero, que
promete o pagamento de 1.600 UM ao final do quinto ano de aplicação. Apresente o fluxo de
caixa.
Período Fluxo
i Bi Ci Fi
0 0 1.000 -1.000
1 0 0 0
2 0 0 0
3 0 0 0
4 0 0 0
5 1.600 0 1.600
projeto disponível o investidor poderia, por exemplo, ordená-los de uma forma tal que os
projetos mais atrativos poderiam ser selecionados facilmente.
Período i Projetos
A B C D E F
Bi Ci Bi Ci Bi Ci Bi Ci Bi Ci Bi Ci
0 0 10 0 1000 0 100 0 100 0 100 0 100
1 5 3 500 300 110 0 55 0 120 0 0 0
2 10 3 1000 300 0 0 60,5 0 0 0 134 0
3 10 3 1000 300 0 0 0 0 0 0 0 0
.
110 Gerência de Projetos
Os valores dos indicadores associados a cada um dos projetos, que consideram em alguns
casos duas taxas de juros diferentes a título de custo de oportunidade para os recursos
utilizados, são apresentados no próximo quadro:
Projetos
Indicador Juros
A B C D E F
Benefício-custo (RBC) 10% 1,16 1,16 1,00 1,00 1,091 1,107
Benefício-custo (RBC) 12% 1,14 1,14 0,98 0,97 1,071 1,068
Valor Atual (VA) 10% 2,86 286,25 0,00 0,00 9,090 1-,743
Valor Atual (VA) 12% 2,35 234,85 -1,79 -2,66 7,142 6,823
Payback Econômico 10% 3,00 3,00 1,00 2,00 1,000 2,000
Payback Econômico 12% 3,00 3,00 - - 1,000 2,000
Payback Simples - 3,00 3,00 1,00 2,00 1,000 2,000
Taxa Interna de Retorno (TIR) - 23,08 23,08 10,00 10,00 20,00 15,76
n
Bi
∑(1 + j) i
i=0
RBC = n
Ci
∑(1 + j) i
i=0
deveriam ser equivalentes. Isso pode não ser verdadeiro para muitos investidores, os quais
podem preferir o projeto C como o melhor, por recuperar mais rapidamente o capital e os
rendimentos.
RBC < 1
n
Bi - Ci
VA = ∑(1 + j) i
1=1
O VA não apresenta insensibilidade à escala do projeto, como acontece com a RBC, o que
pode ser verificado no quadro que descreve os projetos A a F previamente apresentado,
comparando-se as VAs dos projetos A e B.
.
112 Gerência de Projetos
VA > 0
Projetos
Período i G H
Bi Ci Bi Ci
0 0 10.065 0 15.100
1-10 1.500 0 2.200 0
Pode-se verificar nesse quadro que à taxa de desconto de 7% o projeto G seria preferido ao
projeto H, tanto pelo critério do VA como pelo critério da RBC que seriam, respectivamente
470,37 e 351,88, e, 1,05 e 1,02. À taxa de desconto de 6% o projeto H seria mais atrativo que
o projeto G pelo critério do VA. Pelo critério da RBC o resultado seria o oposto, com o projeto
G sendo mais atrativo que o projeto H.
k k -1
PBS = K, tal que ∑ Fi ≥0 e ∑F < 0 i
i- 1 i=0
k k -1
Fi Fi
PBE = K, tal que ∑(1 + j) i ≥0 e ∑(1 + j) i <0
i- 1 i=0 i
Caso estas condições não sejam satisfeitas, diz-se que o projeto em questão não tem
payback simples ou econômico, respectivamente.
onde Fi é o fluxo de caixa no ano i definido por Bi - Ci, os fluxos de benefícios e de custos dos
projetos.
Em projetos onde ocorrem múltiplas mudanças de sinal no fluxo de caixa líquido, a obtenção
do PB deve ser realizada com cautela, assim como sua interpretação, para que os resultados
sejam consistentes.
Mesmo sendo um indicador com muitas limitações o “payback” pode ser útil como indicador
auxiliar no processo de análise. Essa utilidade é demonstrada ao se comparar os projetos C e
D descritos previamente. Enquanto os indicadores RBC e VA apresentam os dois projetos
como equivalentes à taxa de desconto de 10% o PBE apresenta um valor de 1 para o projeto
E e um valor de 2 para o projeto F. Isso significa que o capital investido no projeto E retornará
em um período e, no projeto F, em dois períodos, o que pode ser uma vantagem para o
primeiro projeto para alguns investidores.
Para descarte de projetos o indicador PB também pode ser utilizado. Um projeto seria
descartado por esse indicador quando não for possível recuperar o capital dentro da vida útil
do projeto.
n
Bi - Ci
TIR = j, tal que ∑(1 + j) i =0
1=1
.
114 Gerência de Projetos
Dentre todos os indicadores mais utilizados a TIR é aquele que, ao primeiro exame, aparenta
apresentar as menores limitações. Isso se deve, possivelmente, a independência de
informações exógenas ao projeto para a sua obtenção. Em particular, não depende da
definição “a priori'' de um custo de oportunidade do capital para sua elaboração, como ocorre
nos casos dos outros indicadores considerados.
Todavia, essa vantagem é apenas aparente, pois a TIR somente será um indicador
consistente, em uma situação em que um investidor que dispuser de um capital para
aplicação de valor K, tendo como alternativas de investimento projetos mutuamente
exclusivos, não puder aplicar o valor residual de seu capital inicial após o investimento no
projeto escolhido, o que é uma situação bem pouco realista. Em alguns casos, os resultados
da aplicação do critério TIR são absolutamente incoerentes, como ocorre no projeto I, que
apresenta o seguinte fluxo de caixa líquido, definido para os períodos 0 e 1:
A TIR desse projeto que é -10%, tornaria, à primeira vista, inviável sua seleção quando
comparado a qualquer projeto com TIR positiva. Entretanto, basta uma rápida inspeção no
fluxo de caixa para se perceber que o projeto é altamente viável (corresponde a uma situação
na qual toma-se 100 unidades monetárias no período 0 para pagamento de apenas 90
unidades monetárias no período 1).
Uma justificativa para a escolha do projeto F resulta da análise do fluxo de caixa dos projetos.
O investimento nos dois projetos é idêntico e igual a 100 unidades monetárias. O projeto E
apresenta seu benefício de 120 unidades monetárias no período 1 e o projeto F apresenta
seu benefício de 134 unidades monetárias no período 2. É fácil verificar que à taxa de 10%
(custo de oportunidade do capital considerado) o valor do benefício recebido no projeto E de
120 unidades monetárias, no período 1, representaria um valor de 132 unidades no período 2,
valor inferior ao obtido pelo projeto F no período 2.
Uma outra dificuldade na utilização da TIR como indicador está associada à possibilidade de
ocorrência de múltiplas TIR para um mesmo fluxo de caixa. Ou seja, para alguns fluxos de
caixa existirá mais de uma TIR que atenda à definição desse indicador.
O descarte de projetos através da TIR pode ser realizado comparando-se seu valor com o do
custo de oportunidade do capital. Caso o valor da TIR (positivo) de um projeto seja inferior ao
valor do custo de oportunidade do capital, então esse projeto será descartado.
Elementos para Análise de Projetos 115
Pelo algebrismo do cálculo da taxa de retorno, podem-se obter múltiplas taxas, bastando,
para isso, haver mais de uma inversão de sinal dos fluxos de caixa, ao longo dos anos. Isso
poderá ocorrer quando, após o investimento inicial, haja necessidade de expansão, ou
melhorias substituições de equipamentos ao longo da vida do projeto. Quando se utiliza
simulação (Monte Carlo) de fluxos de caixa, o fenômeno antes descrito também poderá
ocorrer, pelas flutuações dos valores aleatórios.
Existem duas inversões de sinal no fluxo de caixa. Verifica-se o seguinte comportamento para
o VPL, variando-se a taxa de desconto:
Múltiplas TIR
1.000
500
0
0%
25%
50%
75%
150%
225%
300%
375%
450%
VPL(i)
500
1.000
1.500
2.000
Taxa de Desconto
Nesse caso, portanto, existem duas taxas internas de retorno: 25% e 400% ao ano.
Dependendo do valor inicial tentativo, alimentado na função financeira do Excel TIR, encontra-
se uma ou outra. Se for 10%, encontra-se TIR = 25%. Se for 410%, encontra-se TIR = 400%.
Os valores da TIR podem ser calculados manualmente, também.
.
116 Gerência de Projetos
n
Ci
CTA = ∑(1 + j) i
1=1
O CTA pode ser um indicador útil para medir a escala do projeto, ou seja, a ordem de
grandeza dos recursos envolvidos no investimento global necessário para a implementação
do projeto. Assim como o PBS e PBE, o CTA é um indicador de características auxiliares que
permite ao investidor detectar indícios de possíveis restrições orçamentárias que o impediriam
de selecionar o projeto.
As limitações que estão associadas aos indicadores não os invalida como auxiliares muito
úteis no processo de avaliação de projetos. Através deles, o investidor pode conhecer muitos
aspectos associados projetos disponíveis para a análise que a simples inspeção dos fluxos
líquidos não revelaria.
Esse conhecimento desses muitos aspectos associados aos projetos (duração do projeto,
escala do investimento, tempo de retorno, valor relativo do retorno, valor presente dos
resultados líquidos), propiciado pelos indicadores, pode contribuir no processo de tomada de
decisões na medida que favorece ou, pelo menos, modifica a formação de expectativas do
investidor quanto ao perfil temporal do seu consumo futuro. Isso possibilitará que o processo
de ordenação e seleção de projetos por parte do investidor possa ser agilizado.
Em geral, muitas das informações (preços, rendimentos, quantidades, etc.) necessárias para
composição do fluxo de caixa de muitos projetos não são conhecidas com certeza no
momento da análise. A análise em condições deterministas frequentemente superestima o
desempenho econômico do projeto de investimento, o que pode ser algo indesejável em
muitas situações. Esses problemas são de alguma forma minimizados num procedimento
chamado “análise em condições de risco''.
O problema mais difícil, numa análise de risco, é justamente a estimativa das probabilidades.
O processo de decisão não oferece condições para o cálculo de probabilidades, como, por
exemplo, um jogo de dados ou de baralhos. Em certos casos, mesmo análises estatísticas de
dados históricos não são possíveis, já que muitas vezes o administrador se vê face a um
problema inteiramente novo.
O que se pode fazer, nesse caso, de forma a aplicar as técnicas que serão apresentadas
neste capítulo, é lançar mão do conceito de probabilidade subjetiva.
.
118 Gerência de Projetos
A probabilidade é uma medida de incerteza. Assim, mesmo que o problema seja novo para o
administrador, ele sempre terá informações a respeito (sem informação alguma o problema
fica realmente difícil!), que lhe dão uma certa sensibilidade acerca da incerteza dos fatores
envolvidos. Com um pouco de esforço de imaginação, ele pode quantificar o grau de certeza
(ou incerteza) que tem sobre cada fator. Com isso, estará definindo, em termos numéricos, a
probabilidade de ocorrência do fator, que ele acha razoável.
Existem alguns métodos quantitativos para análise de risco ou de incerteza que são utilizados
pelos administradores no processo de preparação de uma decisão. Os principais são:
P i (1 + i)n
A=
i(1 + i)n 1
Ax = A – J x
Jx = Sx-1 . i
Onde:
Ax é a amortização do principal no ano x
Jx são os juros no ano x
Sx é o saldo devedor ao final do ano x - 1
Para x = 1, So é o saldo devedor no início do primeiro ano, isto é, é o valor financiado (P).
Com isso, sabe-se o valor total constante de cada prestação, o qual, por sua vez, é resultado
da adição dos juros à amortização, em cada período. Subtraindo-se da prestação ou anuidade
A os juros, é obtido o valor da amortização). Esse valor é então subtraído ao saldo devedor do
ano anterior, e o saldo resultante é inserido como devedor deste ano. Os juros são sempre
.
120 Gerência de Projetos
calculados sobre esse saldo devedor, e, ao final do período de financiamento, esse devedor
será zerado, ou seja, liquidado.
Exemplo
Vamos supor um empréstimo de R$ 5.000,00 pelo prazo de 10 anos, a juros de 10% ao ano.
A amortização será pela Tabela Price, ou Sistema Francês. Montar a tabela, calcular os juros
e pagamentos anuais.
Sabendo que P = 5.000,00 os juros no ano 1 (J1) são 5.000,00 .10% = R$ 500,00.
Prosseguindo para os próximos anos da mesma forma, teremos a seguinte tabela que foi
montada no Excel:
P ARC E L A P AG T O JU RO S AM O RT IZ AÇ ÃO AC U M U L AD O S AL D O
0 5.000,00
1 813,73 500,00 313,73 313,73 4.686,27
2 813,73 468,63 345,10 658,83 4.341,17
3 813,73 434,12 379,61 1.038,45 3.961,55
4 813,73 396,16 417,57 1.456,02 3.543,98
5 813,73 354,40 459,33 1.915,35 3.084,65
6 813,73 308,46 505,27 2.420,62 2.579,38
7 813,73 257,94 555,79 2.976,41 2.023,59
8 813,73 202,36 611,37 3.587,78 1.412,22
9 813,73 141,22 672,51 4.260,29 739,75
10 813,73 73,98 739,75 5.000,04 0,00
T O T AIS 8.137,30 3.137,30 5.000,00
TABELA PRICE
900,00
800,00
700,00
600,00
500,00
400,00
300,00
200,00
100,00
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pelo fato da amortização ser constante, a série de pagamento não é uniforme. Ou seja,
primeiro calcula-se o valor da amortização em função do número de parcelas do
financiamento, depois o cálculo dos juros devidos será sobre o saldo devedor na data da
amortização. Calculados os juros temos então o valor do pagamento a ser realizado.
Exemplo
Vamos então imaginar que o sistema de amortização do exemplo anterior que era pela Tabela
Price passe a ser realizado pelo SAC. Montar a tabela e o gráfico.
Sabemos que P = 5.000,00 os juros no ano 1 (J1) são 5.000,00 .10% = R$ 500,00.
Portanto com a amortização de R$ 500,00, o saldo devedor para o segundo ano será
calculado como R$ 5.000,00 – R$ 500,00 = R$ 4.500,00.
P ARC E L A P AG T O JU RO S AM O RT IZ AÇ ÃO AC U M U L AD O S AL D O
0 5.000,00
1 1.000,00 500,00 500,00 500,00 4.500,00
2 950,00 450,00 500,00 1.000,00 4.000,00
3 900,00 400,00 500,00 1.500,00 3.500,00
4 850,00 350,00 500,00 2.000,00 3.000,00
5 800,00 300,00 500,00 2.500,00 2.500,00
6 750,00 250,00 500,00 3.000,00 2.000,00
7 700,00 200,00 500,00 3.500,00 1.500,00
8 650,00 150,00 500,00 4.000,00 1.000,00
9 600,00 100,00 500,00 4.500,00 500,00
10 550,00 50,00 500,00 5.000,00 0,00
T O T AIS 7.750,00 2.750,00 5.000,00
.
122 Gerência de Projetos
SISTEMA SAC
1.200,00
1.000,00
800,00
600,00
400,00
200,00
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Note que como os juros são pagos e não incorporados ao saldo devedor, é como se o
empréstimo fosse concedido no regime de juros simples.
Exemplo
Vamos então imaginar que o sistema de amortização do mesmo exemplo que era pela Tabela
Price passe a ser realizado pelo Sistema Americano. Montar a tabela e o gráfico.
A parcela de juros então será 5.000,00 .10% = R$ 500,00. A tabela a seguir mostra então o
fluxo deste sistema de pagamentos:
P ARC E L A P AG T O JU RO S AM O RT IZ AÇ ÃO AC U M U L AD O S AL D O
0 5.000,00
1 500,00 500,00 0,00 0,00 5.000,00
2 500,00 500,00 0,00 0,00 5.000,00
3 500,00 500,00 0,00 0,00 5.000,00
4 500,00 500,00 0,00 0,00 5.000,00
5 500,00 500,00 0,00 0,00 5.000,00
6 500,00 500,00 0,00 0,00 5.000,00
7 500,00 500,00 0,00 0,00 5.000,00
8 500,00 500,00 0,00 0,00 5.000,00
9 500,00 500,00 0,00 0,00 5.000,00
10 5.500,00 500,00 5.000,00 5.000,00 0,00
T O T AIS 10.000,00 5.000,00 5.000,00
Elementos para Análise de Projetos 123
SISTEMA AMERICANO
6.000,00
5.000,00
4.000,00
3.000,00
2.000,00
1.000,00
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
O sinking fund consiste, então, de depósitos periódicos e iguais em uma instituição financeira
que remunere o capital a uma taxa isf de juros. O objetivo é alcançar, com a capitalização
composta, um valor futuro ou montante que seja próximo ao valor da amortização única que
será devida ao final do prazo do financiamento.
O diagrama de fluxo de caixa e a fórmula correspondente ao cálculo dessa prestação estão
na Seção 2.5.2 -Pagamentos Múltiplos: Série Uniforme- e o valor de tal prestação dependerá
da taxa de juros que remunerará o capital empregado no sinking .fund.
Por exemplo, se a taxa de remuneração do capital do sinking fund for igual à taxa de juros do
empréstimo, pode-se verificar que a quantia total (juros + parcela do sinking fund) será a
mesma da prestação calculada pela Tabela Price (A).
Exemplo
Agora, para verificar o que está anteriormente descrito, vamos montar uma planilha em Excel
em que a taxa de juros para o empréstimo pelo Sistema Francês (Tabela Price) é de 10% a.a.
Vamos utilizar os mesmos dados dos exemplos anteriores.
Vamos então comparar os resultados no Sistema americano, calculado a 10% a.a. mais o
sinking fund capitalizado a uma taxa isf = 7,5%, 10% e 12,5% a.a.. Somamos a parcela de
juros do Sistema Americano com a parcela a constituir o sinking fund para cada uma das três
taxas de juros.
.
124 Gerência de Projetos
Para calcular a parcela do sinking fund, é necessário apenas encontrar a série uniforme
equivalente ao empréstimo descontada à taxa de juros desejada. Assim, utilizando-se da
fórmula da Tabela Price, encontra-se A, ou parcela do sinking.fund (SF):
Ou seja, se a prestação da Tabela Price for maior do que a do Sistema Americano, isto é, se
não existir uma taxa de juros com retorno pelo menos igual ao financiamento, opta-se pelo
Sistema Francês. No entanto, se a taxa de juros do sinking fund for maior do que a taxa do
financiamento, opta-se pelo sistema americano.
R$ 1.050,00
R$ 1.000,00
R$ 950,00
R$ 900,00
R$ 850,00
Valor
R$ 800,00
R$ 750,00
R$ 700,00
R$ 650,00
R$ 600,00
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
18%
20%
Taxa de juros SF (i sf )
A empresa que deseja investir em determinado projeto, por exemplo, fábrica nova, necessita
de capital. Muitas vezes, a instituição financeira (Banco Comercial ou Banco de
Desenvolvimento) concederá um empréstimo que não cobre o valor integral do investimento,
o que exigirá que a empresa entre com uma parte do investimento usando capital próprio.
(usualmente os bancos financiam 80% a 90% do investimento)
Nos anos iniciais, é muito conveniente, do ponto de vista do empreendedor ter um período de
carência, para amortização da dívida, durante a qual apenas os juros obtidos pela incidência
da taxa de juros sobre o saldo devedor são devidos. Às vezes, também, os juros são
capitalizados, sendo acrescentados ao saldo devedor, durante o período de carência. Tudo
depende do acerto entre as partes, o que será objeto do contrato de financiamento. Quando
se atinge o final do prazo de carência, o pagamento poderá ser calculado por meio do
Sistema Francês, do Americano, ou de amortização constante ou de algum outro acertado
entre as partes.
Caso 1:
Durante o prazo de carência, apenas os juros sobre o principal são devidos;
Caso 2:
Durante o prazo de carência, não há pagamento nenhum, nem de juros sobre o saldo
devedor, nem de amortização do principal. Dessa forma, os juros são somados ao saldo
devedor, resultando um saldo devedor maior.
Exemplo
Resolução:
Caso 1: Pagamento de juros durante o período de carência
Tem-se o pagamento de juros sobre o principal de 10 milhões nos primeiros dois anos. Isso
acarreta um pagamento de R$ 10.000.000,00 . 0,10 = R$ 1.000.000,00 nos dois primeiros
anos.
.
126 Gerência de Projetos
Prosseguindo-se com a mesma linha de raciocínio para os outros anos, calcula-se tabela a
seguir:
R$ 2.000,00
R$ 1.800,00
R$ 1.600,00
R$ 1.400,00
R$ 1.200,00
Valor
R$ 1.000,00
R$ 800,00
R$ 600,00
R$ 400,00
R$ 200,00
R$ 0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Período
Nesse caso, os juros vão sendo incorporados ao principal até o final do prazo de carência.
Para determinar esse novo principal, precisa-se calcular o valor futuro dos R$ 10 milhões a
n
uma taxa de 10% a.a. Utilizando-se a fórmula F = P(1 + i) , encontra-se F = R$ 12,1 milhões.
R$ 2.500,00
R$ 2.000,00
R$ 1.500,00
Valor
R$ 1.000,00
R$ 500,00
R$ 0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Período
30% de entrada;
4 intermediárias semestrais de 5% cada ( 5%x4=20%) ;
10% na entrega das chaves;
Saldo (40%) financiado em 15 anos à taxa de juros de 10% ao ano;
Prazo total: 2 anos (4 x 6 meses) + 15 anos = 17 anos.
Da mesma forma, se uma amortização devida no futuro for antecipada, então a empresa
vendedora poderá oferecer um desconto (o valor presente descontará a amortização a uma
dada taxa de desconto, por exemplo, igual à do financiamento).
Remontando à seção 2.7, será ampliada a equação da incidência da inflação na taxa de juros
da seguinte forma:
F = P (1+ ) + P . i .(1+ )
Exemplo
Adimita-se que um empréstimo de R$ 200.000,00 foi tomado à taxa de juros de 8% a.a. pelo
prazo de cinco anos, devendo ser resgatado ao final deste período. Usar a Tabela Price para
calcular os cinco pagamentos anuais. Depois, utilizar a variação monetária a ano, por meio do
reajuste pela estimativa de inflação na tabela a seguir:
Ano Inflação
1 20,00%
2 18,00%
3 17,00%
4 17,00%
5 16,50%
No fim do primeiro ano, o devedor deverá pagar R$ 50.091,29. No entanto, como houve
inflação de 20%, os valores deverão ser reajustados. O devedor pagará a quantia (1 + θ 1).A
= R$ 60.109,55. Esse reajuste incidirá de forma igual sobre juros e amortização.
Dessa forma, a amortização passa a ser a 1' = 1,2 .a1 = 1,2 .(34.091,29) = RS 40.909,55.
.
130 Gerência de Projetos
Os juros também se alteram: j1' = 1,2 . j1 = 1,2 .16.000 = R$ 19.200,00. Total = 40.909,55 +
19.200,00 = R$ 60.109,55.
Ou seja, a cada período devem ser tomados o valor de prestação, a amortização do período e
amortização total acumulada, juros e saldo devedor calculados sem reajuste E atualizá-los
pela inflação composta (1 + Ө1) .(1 + Ө2) ...(1 + Өn)
o quadro completo só poderá ser calculado por etapas, pois só após saber o índice de
inflação relativo ao ano, conseguir-se-á calcular o reajuste causado pela inflação. A tabela a
seguir mostra a tabela reajustada:
Note-se que as parcelas de amortização desinflacionadas são iguais, ou seja, o que a tabela
mostra é realmente uma Tabela Price "aquecida" pela inflação.
Considerações Finais 131
Apoio este que não deverá ficar restrito ao fornecimento de recursos e liberação de verbas
para que estas iniciativas sejam levadas a cabo pelas equipes de projeto. É fundamental que
as resistências culturais sejam, pouco a pouco, vencidas, principalmente através de posturas
pró-ativas, na abertura para debates e discussões que favoreçam o questionamento quanto
às alternativas de soluções por serem adotadas.
Uma organização não são seus Projetos, nem seus Processos internos, nem tampouco toda a
Tecnologia da Informação que venha a possuir. São as Pessoas que ali trabalham,
objetivando a excelência naquilo que dispõem para a comunidade, para os clientes da
instituição, para seus acionistas e, naturalmente, para si próprias.
.
132 Gerência de Projetos
No entanto, há limites para o que é factível, o que é viável num sentido prático. Excesso de
pressão pode ser prejudicial, pode levar a soluções fracas, escolhas errôneas e, o
que é pior, a considerar alternativas que ninguém de fato acredita que poderão
satisfazer às necessidades apontadas.
E é de responsabilidade dos líderes de projeto, amparados por suas equipes, determinar que,
nos momentos adequados, determinadas exigências não poderão ser atendidas pelos
Projetos que lhes cabem. Amparando sua postura, tais equipes devem oferecer a
argumentação convincente, os caminhos alternativos a serem pesquisados e as novas
possíveis propostas de solução para os problemas com os quais se vêem desafiados.
Sobretudo, devem estar atentos a novas perspectivas de solução, a todo o tempo, e
perspectivas estas muitas vezes originárias de situações e pessoas “improváveis”.
Uma abordagem comum para se dizer não a algo solicitado que não encontra
viabilidade para sua execução é a própria devolução da pergunta, apresentando-se outras
iniciativas em curso que poderiam ser paralisadas ou suspensas em favor do novo
empreendimento. Esta decisão deve ficar a cargo das alçadas com poder de transferência de
prioridades de uma frente para a outra, e assim assumir-se as responsabilidades devidas
pelos eventuais atrasos nos projetos preteridos.
A negativa à imposição de uma solução tida como inviável é resultado de um extremo senso
ético e de profissionalismo. A transparência, a capacidade de assumir a verdade, mesmo que
ela não seja a constatação mais agradável a ser verificada no momento, a firmeza nos
posicionamentos e a transparência dos argumentos levam uma empresa a não investir
tempo e dinheiro em tentativas fatalmente suscetíveis ao fracasso.
Há uma frase que, de forma simplória, poderia traduzir situações como estas: é preferível
ficar “vermelho” uma única vez dizendo NÃO, do que “amarelo” todos os dias, até o
final do Projeto, dizendo SIM, e não acreditando, de fato, que nós realmente faremos isso...
Ainda, muitas das “exigências” demandadas para estes profissionais podem ser
desenvolvidas, aperfeiçoadas, melhoradas e otimizadas. Pode-se desenvolver, por exemplo,
empatia, diplomacia, bom-senso empresarial, adquirir importantesconhecimentos do mercado,
de tecnologia, do negócio específico, entre outros aspectos.
No entanto, a questão aqui é ainda mais simples: você REALMENTE QUER se tornar um
líder de projetos?
Mas o que então lhes tornava tão diferenciados? O que lhes trazia tanto sucesso,
tantas realizações? Era o fato de que, por sorte, estavam em um lugar certo, na hora exata e,
por acaso, executavam algo que, “deste jeito, só podia dar certo mesmo...”?
Contudo, certamente todos eles sabiam do poder que possuíam para erguer-se todas as
vezes que falhassem. Todas as vezes. Até porque eles não deixavam de falhar.
Mas por que é que nós sempre nos referimos a eles como... Eles? Por que eles não
poderíamos ser... Nós? Sim, claro! Pois olhe só para Nós. Veja no que Nós nos
transformamos. Nós construímos nossas famílias, criamos nossos filhos, confortamos nossas
viúvas, vencemos nossos medos. Nós, todos os dias, conquistamos amigos, pessoas,
desejos e vitórias, vencemos desafios. Nós construímos pontes, poemas, países e
verdades. Nós libertamos injustiças, preconceitos, limites, amores satisfeitos.
.
134 Gerência de Projetos
Nós, simples e profundamente, devemos acreditar que SIM, que tudo o que quisermos pode
ser feito.
Depende de Nós.
Referências Bibliográficas 135
COVEY, Stephen. Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes. São Paulo: Best Seller,
2000.
HELDMAN, Kim. Gerência de Projetos: guia para o exame oficial do PMI. 2 . Edição. Rio de
Janeiro: Campus, 2003.
HERTZ, O. B. 1964. Risk Analysis in Capital Investment. Harvard Business Review, 42(1):95-
106, Jan-Feb.
KERZNER, Harold. Gestão de Projetos: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman, 2002.
MENEZES, Luís César de Moura. Gestão de Projetos. 2 . Edição. São Paulo: Atlas, 2003.
MEREDITH, Jack R.; MANTEL JR., Samuel J. Project Management: a managerial approach.
New York: John Wiley and Sons, 1995.
.
136 Gerência de Projetos
PETERS, Thomas J. “Fazer primeiro, pensar depois”. HSM Management, São Paulo, v.1,
n.3, p.14-18, jul./ago. 1997.
REZENDE FILHO, MAURO. Gestão por Projetos Aplicando o Método PERT/CPM e o Software MS-
Project. Rio de Janeiro: Fábrica do Livro, 2005.
VERMA, Vijay K. Human Resource Skills for the Project Manager. Charlotte, NC, USA:
Automated Graphic Systems, 1996.
.
138 Gerência de Projetos
Atividade fantasma: não consome tempo e nem recursos, mas só deve ser utilizada quando
for realmente necessária.
Atividades condicionantes: são aquelas que condicionam a realização das atividades que
lhes sucedem.
Atividades paralelas: são duas ou mais atividades ocorridas entre dois eventos sucessivos.
Anexo I: Ferramenta PERT/CPM 139
Atividades simultâneas: são duas ou mais atividades que partem de um único evento e se
direcionam para eventos diferentes.
.
140 Gerência de Projetos
2
(4)
4
3
C = Data mais cedo
Dcant = Data mais cedo anterior
Dativ = Duração da atividade
(t >) = Maior tempo
C = Dcant + Dativ (t >)
Cálculo do cedo:
a) Ao evento inicial atribuir o valor 0 (zero), caso não seja determinado;
b) Empregar a fórmula de cálculo do cedo - C = Dcant + Dativ (t >) , para cada
evento (a partir do evento inicial).
c) Se em determinado evento chegar mais do que uma atividade (evento 9),
escolher aquela de (maior tempo).
5 1
(3) (14) 8
A
1 2
10
FL = (Dcf - Dci) – D
FT = TD – D ou FT = (Dtf - Dci) – D
FD = (Dtf - Dti) – D
⇨ FI (Folga Independente) é o prazo disponível entre o cedo final e o tarde inicial para
realizar uma atividade (eventualmente dá um número negativo).
FI = (Dcf - Dti) - D
5 1
(3) (14) 8
A
1 2
10
.
142 Gerência de Projetos
Regras Básicas:
a. não são críticas as atividades cuja diferença entre cedos e tardes não
seja igual àquela encontrada no último evento;
b. poderão ser críticas aquelas atividades cuja diferença no evento inicial e
final entre cedos e tardes seja igual à encontrada no último evento;
b) são, realmente, atividades críticas aquelas que obedecem à condição
anterior e que a data mais tarde de seu evento final, menos a sua própria
duração, é exatamente igual à data mais tarde de seu evento inicial, ou
seja:
Tarde Posterior – Duração da Atividade = Tarde Anterior
Exemplo
A seguir o plano de atividades de um projeto de instalação de uma pequena unidade de um
Call Center, para o qual desejamos determinar o caminho crítico através da montagem de
uma rede PERT/CPM.
.
144 Gerência de Projetos
E 6 9
2 15
B
2 H 11
1 A 3
J
3 15
C 4 D 5 F 7 G 8 I 10
3 6 1 1 15 5
O próximo passo será calcular a data mais cedo de acordo com a seguinte fórmula:
O próximo passo será calcular a data mais cedo de acordo com a seguinte fórmula:
.
146 Gerência de Projetos
ATIVIDADES DURAÇÃO
Início do Projeto 0 dias
Planejamento 10 dias
Escrever proposta 3 dias
Contratar arquiteto 2 dias
Localizar nova instalação 1 semanas
Apresentar a proposta 2 dias
Aprovação pela corporação 0 dias
Negociar novo aluguel 4 dias
Finalizar plantas 2 semanas
Selecionar subcontratados 1,5 semanas
Contratar empresa de mudanças 3 dias
Submeter plantas 1,5 semanas
Permissão recebida 0 dias
Remodelagem 10 dias
Demolição do espaço existente 3 dias
Estruturar paredes interiores 4 dias
Instalação elétrica 6,5 dias
Instalação de linhas telefônicas e de dados 3 dias
Terminar paredes 2 semanas
Instalar portas e hardware 3 dias
Pintura 4 dias
Instalar carpetes no espaço do escritório 3 dias
Instalar vinil: sala do servidor 3 dias
Acabamento e fixação final 1 semanas
Testar sistemas 2 dias
Retocagem 3 dias
Limpeza final 2 dias
Remodelação completada 0 dias
Mudança 2 dias
Espaço do escritório 2 dias
Desconectar computadores/equip. 2 dias
Desmontar móveis 2 dias
Mudar móveis/equip./caixas 4horas
Montar móveis 2 dias
Reconectar computadores/equip. 2 dias
Espaço do escritório completado 0 dias
Sala do servidor 2 dias
Desconectar servidor 2 dias
Mover servidor 4horas
Reconectar servidor 2 dias
Testar servidor 1 dias
Sala do servidor completada 0 dias
Reinauguração do Escritório 0 dias