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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM

ENSINO DE PORTUGUÊS

2º Ano

Disciplina:ANÁLISE E PRODUÇÃO TEXTUAL I

Código:

Total Horas/1o Semestre:


Créditos (SNATCA):
Número de Temas:

INSTITUTO SUPER

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- ISCED


ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância


(ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou
reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer
meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão
expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância
(ISCED).

A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de


processos judiciais em vigor na República de Moçambique.

Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED)


Direcção Académica
Rua Dr. Almeida Lacerda, No212 Ponta - Gêa
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TEXTUAL I

Agradecimentos
O Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) e o autor do
presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições
na elaboração deste manual:
Pela Coordenação Direção Académica do ISCED
Pelo design Direção de Qualidade e Avaliação do
ISCED
Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da
Educação a Distancia (IAPED)
Pela Revisão

Elaborado Por: Andrade Henrique


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TEXTUAL I

Índice

Visão geral
Benvindo ao Módulo de Análise e Produção Textual I ..........................................
Objectivos do Módulo............................................................................................
Quem deveria estudar este módulo? ....................................................................
Como está estruturado este módulo? ...................................................................
Ícones de actividade .............................................................................................
Habilidades de estudo ...........................................................................................
Precisa de apoio? .................................................................................................
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ....................................................................
Avaliação ..............................................................................................................

TEMA I: ETAPAS DO DOMÍNIO DA ESCRITA


Unidade.1. Etapas no Domínio da Escrita……………………………………...................
Unidade 1.2. Expressão Escrita.....................................................................................
Unidade 1.3. Etapas de Desenvolvimento da Escrita....................................................
TEMA II: UNIDADES DE ESCRITA
Unidade 2.1. Significado de Texto..................................................................................
Unidade 2.2. Parágrafo..................................................................................................
Unidade 2.3. Frase.........................................................................................................
Unidade 2.4. Palavra......................................................................................................
TEMA III:A UNIDADE DE COMUNICAÇÃO: O TEXTO
Unidade 3.1. Unidade de Comunicação: O texto..........................................................

TEMA IV: O TEXTO NO ASPECTO LINGUÍSTICO


4.0. O Texto no Aspecto Linguistico...............................................................................
4.1. Contribuições da Linguística Textual para a Análise da Coerência em
Hipertextos.....................................................................................................................
TEMA V: A PREPARAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE UM TEXTO
Unidade 5. A Preparação e Organização de um Texto..................................................
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Visão geral

Benvindo ao Módulo de Análise e Produção Textual I

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Análise e Produção Textual I


deverá ser capaz de: reconhecer o papel central do texto escrito
como instrumento de interação social nas mais diversas situações
da vida e analisar os diferentes recursos de coesão.

 Perceber a importância dos elementos formais na


produção de sentidos e na estruturação lógica dos
textos escritos;
Objectivos
Específicos  Desenvolver a prática contínua da produção de textos
escritos,
 Desenvolver mecanismos que permitam reestruturar
o texto;

 Reescrever textos de acordo com as regras da


gramática;

Quem deveria estudar este Módulo

Este Módulo, Análise e Produção Textual I, foi concebido para


estudantes do 2º ano do curso de Licenciatura em Ensino de
Português. Contudo, poderá ocorrer que haja leitores que queiram
se actualizar e consolidar os seus conhecimentos nessa disciplina,
estes serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se
inscrever. Mas poderá adquirir o manual.

Como está estruturado este módulo

Este módulo, Análise e Produção Textual I, para estudantes do 2º


ano do curso de Licenciatura em Ensino de Português, à
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semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado da seguinte


forma:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,


resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer
para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia
esta secção com atenção antes de começar o seu estudo,
como componente de habilidades de estudos.

Conteúdo deste módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por


sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou
simplesmente unidades, cada unidade temática caracteriza-
se por conter uma introdução, objectivos, conteúdos.

No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são


incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação,
só depois é que aparecem os exercícios de avaliação.

Os exercícios de avaliação têm as seguintes características:


puros exercícios teóricos/práticos e actividades práticas.
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Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED,


pensando em si, num cantinho, recóndito deste nosso vasto
Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu
processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos
didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar.Para
tal, o ISCED disponibiliza, na biblioteca do seu centro de
recursos, mais material de estudos relacionado com o seu
curso como: Livros e/ou módulos,CD, CD-ROOM, DVD.
Para além deste material físico ou electrónico disponível na
biblioteca, pode ter acesso à Plataforma digital moodle para
alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos.

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

As Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-


seno final de cada unidade temática e de cada tema. As
tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas
características: primeiro, apresentam exercícios resolvidos
com detalhes. Segundo,exercícios que mostram apenas as
respostas.

As Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de


auto-avaliação, mas sem mostrar os passos e devem
obedecer ao grau crescente de dificuldades do processo de
aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de
avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem
entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e
subsequentemente nota. Também constará do exame do fim
do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem.
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Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas sobre


determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de
natureza didáctico-Pedagógica, etc, sobre como deveriam
ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas
observações, em gozo de confiança, classificamo-las de
úteis e o próximo módulo venha a ser melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar a aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes
eeficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos
estudos, procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender à Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).


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3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e


assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou


as de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE:Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si:
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à
noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada
hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando
achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade), o pouco que puder ler e


estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: saber com profundidade todos conteúdos
de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja, que durante o
intervalo não se continue a tratar dos mesmos assuntos
relativamente às actividades obrigatórias.
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Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da
aprendizagem. Porque o estudante acumula um elevado volume de
trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando
interferência entre os conhecimentos, perde a sequência lógica; por
fim, ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudarapenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo,
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área
em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto
tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à
compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar
o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não
conhece ou não lhe é familiar.
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Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, pode-lhe suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou
invertidas,etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone,
sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo umacarta participando a
preocupação.

Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes


(Pedagógico e Administrativo) é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso.Daí a relevância da
comunicação no Ensino à Distância (EAD), onde o recurso às TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante –
CR, etc.

As sessões presenciais são um momento em que você, caro


estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED
indigetada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste
período, pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou administrativa.

O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%


do tempo de estudos à distância, é muita importância, na medida
em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira, ficará a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática,
no módulo.
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Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes dassessões presenciais seguintes.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.

Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os


mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,


contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.

O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).Uma


transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor,
sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/turor!? Nós dissemos: Sim, é muito possível, talvez seja
uma avaliação mais fiável e consistente.

Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com


um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo.Quando o tempo de contacto presencial

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.
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conta com um máximo de 10% do total de tempo do módulo. A


avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de
avaliação.

Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e


aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.

Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e


decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.

Nesta cadeira, o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)


trabalhos e 1 (um) (exame).

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados


como ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em


consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de


Avaliação do ISCED.
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Etapas no Domínio da Escrita

TEMA – I: CONSIDERAÇÕES GERAIS.

Unidade 1.1. Etapas no Domínio da Escrita


Unidade 1.2. Expressão Escrita
Unidade 1.3. Etapas de Desenvolvimento da Escrita

UNIDADE Temática 1.1 Etapas no Domínio da Escrita

Introdução

A escrita de Vygotsky e Leontyev está ligado a outros conceitos


centrais da teoria histórico-cultural, sendo um deles o próprio método
materialista histórico-dialético na psicologia de Vygotsky, o qual foi
utilizado para estudar as funções psicológicas superiores.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Definir o conceito de escrita;

 Identificar as etapas do desenvolvimento da escrita;


Objectivos  Descrever cada uma delas.
Específicos

1. O CONCEITO DE ESCRITA SEGUNDO VYGOTSKY E


LEONTYEV
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Cabe ressaltar que os autores não elaboraram um conceito


acabado de escrita. No entanto, a leitura atenta de algumas
categorias da teoria histórico-cultural, como as funções psicológicas
superiores, a atividade e as funções culturais complexas, ajuda a
inferir importantes contribuições para a compreensão do ensino e
da aprendizagem da escrita e da leitura.

De entre os autores que escreveram sobre as contribuições da


teoria histórico-cultural para a alfabetização, podemos citar Smolka
e Mello. Smolka (2003), a partir da teoria de Vygotsky, investigou as
relações entre fala, pensamento e escrita. Mello (2005) buscou as
contribuições da psicologia histórico-cultural para a educação
infantil, enfatizando a importância do lúdico e das múltiplas
linguagens na aprendizagem da escrita.

Primeiramente, é preciso ressaltar que, o conceito de escrita de


Vygotsky e Leontyev está ligado com outros conceitos centrais da
teoria histórico-cultural, sendo um deles o próprio método
materialista histórico-dialético na psicologia de Vygotsky, que o
utilizou para estudar as funções psicológicas superiores. Entre
essas funções, destaca-se a escrita, assim como a percepção, a
memória lógica e a atenção seletiva.

1.1. AS FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES

Vygotsky procurou mais precisamente compor um método para o


estudo das funções psíquicas superiores, do que sistematizar um
conceito. Em Vygotsky, as funções psíquicas superiores são
indissociáveis do “cultural” e do “social”, embora tenham uma raiz
biológica. Cultura é, para Vygotsky, a própria história, abrangendo
toda a forma de atividade e produção humana.

De acordo com Pino (2000, p. 48), “história” é compreendida por


Vygotsky no sentido de Marx e Engels e caracterizada por duas
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formas: como “abordagem dialética geral das coisas” e como


“história humana”. As funções psíquicas superiores constituem-se
na interação do homem com o meio, nas formas sociais de
organização da produção e no acesso aos bens produzidos. Por
esse motivo, o autor em causa investiga as funções superiores não
a partir da aparência, mas do desenvolvimento e da história, como
processos vivos.

O estudo histórico das funções psíquicas superiores requer uma


metodologia que as faça voltar às suas origens, permitindo
conhecer a sua gênese. Significa que, ao pesquisar dada função
psíquica superior, é preciso buscar o seu parente genético, ou seja,
a sua pré-história, tanto no desenvolvimento da criança, quanto da
humanidade.

Outra premissa do método de Vygotsky (2000) é a investigação a


partir de uma unidade que seja representativa do todo. Ou seja,
para compreender as funções psicológicas superiores, ele
investigou a percepção, a memória, a imaginação criativa, a escrita
e outras funções que encerram todas as características das funções
psicológicas superiores e que, por isso, são delas representativas.

Para estudar funções como a escrita, Vygotsky e os seus


colaboradores procederam a investigações experimentais, nas
quais os sujeitos eram colocados diante de certos problemas a
serem resolvidos. Como esses experimentos tinham o objetivo de
estabelecer a gênese de dada função psíquica superior, foram
chamados de genético-experimentais (VIGOTSKY, 1996).

Por exemplo, Lúria (2003), um dos colaboradores de Vygotsky


nessa investigação, investigou como crianças que ainda não
passaram pelo processo de escolarização conseguiam utilizar o
desenho para representar ideias, a modo de uma pictografia.
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Segundo Beatón (2005), as formas de conduta criadas pela cultura


produzem e são produtos das funções superiores. A partir das
interações sociais, ocorre uma mediação processual mútua entre
funções superiores especiais e culturais. Por exemplo, percepção,
capacidade de raciocínio e memorização mediada permitem a
aprendizagem da escrita. A aquisição da escrita gera um avanço da
capacidade de memorização mediada, raciocínio e percepção,
possibilitando a criação de novos instrumentos culturais. Essa
mediação mútua ocorre na interação social. Por esse motivo, as
possibilidades oferecidas pelo meio histórico-cultural em que a
criança está inserida podem impulsionar ou dificultar o
desenvolvimento da escrita e de outras funções superiores.
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1.2. A ESCRITA COMO LINGUAGEM, COMO FUNÇÃO


CULTURAL COMPLEXA E ATIVIDADE

Em vários momentos Vygotsky (2000) se refere à escrita como uma


função psicológica superior, mas também como uma linguagem e
uma função cultural complexa.

Encontramos, na obra de Vygotsky (1993), a concepção de que a


linguagem humana é caracterizada pelo significado. Segundo o
autor, do ponto de vista psicológico, significado é sinônimo de
“generalização”, faculdade que a palavra tem de abarcar grupos,
conceitos e categorias, e não objetos isolados. Por exemplo, a
palavra “roupa” é uma generalização na qual estão contidos todos
os tipos de peças que servem para vestir.

Conceitos e categorias científicas são generalizações mais


complexas, que podem englobar fenômenos, relações dinâmico-
causais, conjunto de hipóteses ou premissas teóricas. A
generalização é um dos aspectos que confere à palavra seu caráter
polissêmico.

Segundo Wertsch (1988), as teses de Vygotsky sobre o significado


da palavra ajudam menos a analisar o desenvolvimento da
consciência humana do que a teoria da atividade, mais de acordo
com a proposta metodológica da psicologia histórico-cultural, que é
estudar o movimento das funções psicológicas superiores. Wertsch
aponta que em Vygotsky a teoria da “actividade” já se encontrava
em germe, mas foi Leontyev quem desenvolveu melhor a tese da
atividade como unidade da consciência humana, ao invés da
linguagem.
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A concepção de linguagem é, segundo Leontyev (1977), um dos


factores que diferenciam a psicologia histórico-cultural, com base na
teoria de Marx, da psicologia idealista. Enquanto, para a psicologia
idealista, a linguagem e a cognição são o demiurgo4 da
consciência, na perspectiva materialista histórico-dialética, o
demiurgo da consciência é o trabalho, a atividade humana prática.
A consciência é um producto social porque aparece primeiro na
organização do trabalho e nas relações sociais e, só depois, é
apropriada pelos indivíduos.
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Demiurgo é um termo usado por Leontyev no texto Activity and


Consciousness. Originalmente, “demiurgo” é uma expressão
proposta pelo filósofo Platão, que significa o princípio produtor da
realidade. No texto de Leontyev, o termo significa que a consciência
humana não foi produzida pela linguagem, e, sim, pelo trabalho.
Leontyev (1977) define trabalho como processo de ação humana
sobre a natureza. O homem modifica o meio e a si mesmo no
processo de trabalho, através do uso de instrumentos. A criação de
instrumentos permitiu que o homem distinguisse objeto e motivo
durante o processo de trabalho, o qual tem sempre duas fases:
planejamento e execução. Atividade é o nome dado por Leontyev a
esse processo.

O que caracteriza a atividade é o facto de ela ter um sentido, um


significado para quem a executa, e uma coincidência entre objetivos
e resultados. Os resultados devem sempre corresponder às
necessidades e aos desejos do indivíduo, sejam eles materiais ou
de realização pessoal. A atividade envolve uma cadeia de metas
sem relação direta com as necessidades. Por exemplo, um
professor trabalha para garantir seu sustento e para ensinar seus
alunos, estes são seus objetivos. Mas, para isso, precisa preparar
suas aulas todos os dias e avaliar os trabalhos dos alunos – estas
são suas metas.

O trabalho continua sendo movido pelas necessidades do sujeito,


mas passa a ser empenhado mediante uma cadeia de ações
movidas por metas. Assim como o conceito de motivo é correlato ao
conceito de atividade, o conceito de meta é correlato ao conceito de
ação. Toda a atividade envolve, portanto, uma cadeia de metas,
nem sempre relacionadas diretamente com as necessidades de
quem as cumpre.

No entanto, com o advento do capitalismo, ocorreu uma


discrepância, uma oposição, entre significados pessoais e
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significados objetivos na consciência individual, o que caracteriza


uma alienação, pois as metas passam a se sobrepor aos objetivos.
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Toda a actividade humana é externa, enquanto age sobre o mundo;


e interna, ao decorrer do pensamento. Segundo Leontyev (1977), a
partir da produção material e do desenvolvimento da comunicação,
a consciência é gradativamente libertada da conexão directa com o
mundo externo e com a atividade sensorial e prática, passando a
surgir a atividade interna, intelectual. Mas os significados da
atividade não são dados pela linguagem, e, sim, pela atividade. A
linguagem é o veículo do significado, mas não seu demiurgo. O
demiurgo do significado é a realidade externa. Na constituições dos
significados pessoais o sujeito refrata os objetos a partir das
próprias necessidades, vivências e relações pessoais. Ou seja, o
sujeito transforma o objeto no ato de perceber. Leontyev cita o
seguinte exemplo: quando um homem se agarra a um galho para
não se afogar, o galho assume, momentaneamente, o significado
de resgate.

O desenvolvimento da linguagem pela criança também ocorre a


partir da actividade. Nas primeiras etapas da aquisição da
linguagem, a palavra é, para a criança, um meio de comandar a sua
acção em direção aos objectos com os quais ela tem certo contacto
sensorial. A palavra permite que a criança apanhe, sinta e distinga
os objectos. Nos estágios ulteriores do desenvolvimento da palavra,
quando a criança utiliza e compreende a linguagem, os processos
de aprendizagem evoluem e se complexificam. Dessa forma, a
aprendizagem de conhecimentos provoca na criança as acções
interiores, ou seja, as operações intelectuais, sendo estas o ponto
de partida para a formação de conceitos.

O processo de formação das acções intelectuais, como, por


exemplo, a escrita e a matemática, é complexo. Ele dá-se por um
procedimento de apropriação que, segundo Leontyev (1978), é o
acto de fazer de um conceito alheio um conceito próprio. As acções
interiores, contrariamente às ações exteriores, não podem ser
criadas diretamente do exterior. Sua apropriação exige que o sujeito
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passe, de acções realizadas no exterior, para as acções situadas no


plano verbal e, depois, para uma interiorização progressiva das
acções exteriores e verbais, resultando, enfim, em actos
intelectuais. O psiquismo humano é producto da transmissão e da
apropriação, pelos indivíduos, do desenvolvimento sócio-histórico e
da experiência de gerações anteriores. Todo pensamento e
capacidade criadora só são possíveis com base na apropriação
dessa experiência.
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Entretanto, o processo de apropriação é mediado pela actividade da


consciência, não como simples reflexo ao estímulo ambiental, mas
como modo de transformação do meio. O conceito de mediação
passa a ser a categoria central na teoria da actividade. Segundo
Leontyev (1978), o desenvolvimento do homem é o processo de
apropriação das formas sociais de atividades historicamente
constituídas.
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Não obstante, o homem sempre participa do processo de mediação,


não sendo receptáculo passivo dos processos externos. Em todo
processo de apropriação correm interações entre externo e interno.
Mesmo quando o homem realiza uma atividade solitária, suas
relações com o mundo são sempre mediatizadas pelas relações
com outros homens e com a sociedade.

Por considerar que, na mediação, os processos intelectuais


interiores provêm, inicialmente, de atividades exteriores, Vygotsky
(2000) reconhece o importante papel da linguagem no processo de
mediação. A linguagem participa da passagem das relações com o
outro (interpsicológicas) para a palavra própria (intrapsicológicas).

Podemos considerar a escrita uma atividade mediadora porque


modifica as relações do homem consigo e com o meio. Duas
categorias de Vygotsky, que já contêm em germe a noção de
atividade, remetem-nos à escrita como atividade mediadora: os
signos e os instrumentos.

Os instrumentos foram produzidos pelo homem para modificar o


meio. Por sua vez, os signos foram produzidos para modificar a
conduta própria, sendo instrumentos psicológicos.

De acuerdo con nuestra definición, todo estímulo condicional creado


por el hombre artificialmente y que se utiliza como medio para
dominar la conducta – propia o ajena – es un signo. Dos momentos,
por lo tanto, son esenciales para el concepto de signo: su origen y
función. [...]. (VYGOTSKI, 2000, p. 83).

Os instrumentos estão dirigidos para fora, porque, por meio deles, o


homem influi sobre o objeto, modifica a natureza. O signo, pelo
contrário, é o meio através do qual o homem influi
psicologicamente, ou seja, é um meio para a atividade interior,
dirigido para domínio próprio. As relações psicológicas reais entre
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TEXTUAL I

signos e instrumentos realizam-se como processos em que os


domínios da natureza e da própria conduta apresentam relações
recíprocas. Quando o homem transforma a natureza, transforma
também a si próprio.

A partir da teoria histórico-cultural podemos entender que a escrita


é um sistema de instrumentos, porque se manifesta externamente
através das suas funções sociais, por exemplo, noticiar, entreter,
divulgar, comunicar. Também é um sistema de signos, porque
modifica a relação do homem consigo próprio, quando este utiliza a
escrita para organizar e sistematizar ideias, para obter
conhecimento e prazer ou como recurso à memória.

Segundo Pino (2005), o acesso ao universo das significações


humanas é o nascimento cultural de cada indivíduo humano. Para
que o nascimento do ser cultural ocorra, é necessária a apropriação
dos meios de acesso aos sistemas semióticos criados pelo homem
ao longo da sua história, principalmente as várias linguagens.
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

A partir das teses de Vigotski, podemos inferir que é através das


actividades envolvendo leitura e escrita que a criança vai se
apropriar da escrita como função cultural complexa.Segundo o
mesmo autor, para se alfabetizar, a criança precisa sentir
necessidade de ler e escrever. Disso se conclui a importância de
que a escola remonte os usos culturais da leitura e da escrita.
Escrever uma carta, ler um anúncio, executar uma receita culinária,
criar um mural de notícias, são exemplos de actividades que
envolvem a escrita como função cultural e que levam a criança a
entender que escrita não é decodificação, mas sim necessidade e
interação humana. A escrita medeia a relação com a cultura pelo
significado que adquire. Da mesma forma, a apropriação da escrita
pela criança requer mediações de qualidade, que remetam o aluno
às práticas sociais da leitura e da escrita.

1.3. O CONCEITO DE ESCRITA SEGUNDO A TEORIA


HISTÓRICO-CULTURAL

A partir daqui, podemos concluir que o conceito de escrita, segundo


a psicologia histórico-cultural é um sistema simbólico de signos e
instrumentos, uma função cultural complexa e uma função psíquica
superior. Quando a escrita media a relação do homem consigo,
desenvolvendo nele as funções superiores de abstração,
memorização mediada e raciocínio lógico, é um sistema de signos.
Quando a escrita media a relação do homem com o meio, servindo
para comunicar e expressar, é um sistema de instrumentos.

A escrita é uma construção histórica. Ao longo da história social, a


escrita assumiu funções diversas, tornando-se uma função cultural
complexa e uma linguagem diferente, embora inter-relacionada com
a fala.
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TEXTUAL I

De acordo com Vygotsky (2000), o parente genético da escrita na


história social da humanidade são todos os meios que o homem
primitivo desenvolveu para gravar informações. No desenvolvimento
da criança, os parentes genéticos da escrita são o gesto, o desenho
e o jogo. Na história do indivíduo, a escrita começa a se
desenvolver antes da aprendizagem escolar ou formal, quando a
criança desenha para representar objetos, participa de jogos
simbólicos ou utiliza linguagens diversas, como movimentos,
desenhos e sons.
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TEXTUAL I

1.4. CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL


PARA A ALFABETIZAÇÃO

Quanto à alfabetização, Vygotsky (2000) considera que é preciso


levar em conta a história da passagem da escrita como
representação dos sons da fala para linguagem, mas não só. A
alfabetização não pode se reduzir a um treino motor nem à
soletração, pois é uma função cultural complexa.
No início da alfabetização formal, quando a criança inicia a
aprendizagem das relações entre letras e sons, a escrita é um
simbolismo de segunda ordem, ou seja, representa sons que
representam a linguagem. A escrita fonética, a que usamos, é
formada por um sistema de signos que, convencionalmente,
representam os sons das palavras orais.

Quando a criança está no processo inicial de alfabetização formal, é


comum ter de prestar mais atenção às relações entre as letras e os
sons, realizando uma decodificação na leitura. Mas, com a prática,
passa a ler e escrever sem ter de pensar muito nas relações entre
as letras e os sons, operando diretamente com a escrita como uma
linguagem.

O nexo intermediário entre a escrita e o que ela representa são as


relações grafemas-fonemas. Este nexo precisa desaparecer para
que a escrita se torne um simbolismo de primeira ordem, ou seja,
representação direta da realidade. Mas é aconselhável que, antes
de iniciar a aprendizagem dessas relações entre letras e sons, a
criança já reconheça as funções culturais da escrita em nossa
sociedade. Ou seja, que já saiba que lemos e escrevemos para
informar, comunicar e obter conhecimento e prazer, dentre outras
finalidades.

Também é importante que a criança já realize representações


simbólicas. Por esse motivo, todos os parentes genéticos da escrita,
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TEXTUAL I

a bem dizer, o gesto, o desenho e o jogo, são atividades


importantes para o processo de aquisição da escrita. Somente
quando a criança aprende que pode usar coisas para representar
outras coisas (por exemplo: um aceno para dizer tchau, um
desenho para representar uma ideia, uma caixa de fósforos para
representar um carro), pode compreender que as letras
representam os sons da fala.
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TEXTUAL I

Assim, a escrita desenvolve-se da representação simbólica para o


simbolismo de segunda ordem e deste para o uso da escrita como
linguagem. No entanto, quando a criança codifica e decodifica,
precisa já entender que a escrita é uma linguagem, e não uma
relação mecânica entre letras e sons. O elo intermediário entre a
escrita e a representação é sempre a oralidade. O desenho e o jogo
só são parentes genéticos da escrita quando representam algo, ou
seja, quando se constituem como formas de comunicar, como
formas de linguagem. Do mesmo modo, é pela oralidade que se
estabelecem as relações entre letras e sons.

Assim, essa concepção da psicologia histórico-cultural sobre o


desenvolvimento da escrita implica que, antes da aprendizagem
formal da escrita, a criança precisa brincar, jogar e desenhar. Ao
afirmar que a escrita é, para a criança, um simbolismo de segunda
ordem, Vygotsky mostra que reconhece a importância do ensino
das relações grafo-fônicas. Todavia, o autor discorda de que esse
ensino sistemático da escrita deva estar sobreposto ou preceder ao
ensino da escrita como linguagem, como função cultural complexa,
forma de expressão e sistema vivo de comunicação. Para a
concepção histórico-cultural, o objetivo maior da escolarização não
deve ser o ensino das letras, mas, sim, o ensino da escrita como
linguagem.

Nesta perspectiva, quatro teses de Vygotsky (2000) sintetizam as


contribuições da teoria histórico-cultural para a alfabetização. A
primeira tese é que a escrita pode ser ensinada para crianças de
tenra idade. Esta conclusão advém do facto de que, se a criança
pré-escolar entende a função simbólica, já tem condições de ler e
escrever. Quando desenha para representar ideias, a criança já
pode entender o uso da escrita para representar a fala.

A segunda tese é de que a escrita deve ser ensinada como uma


linguagem, como uma actividade cultural complexa e uma
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

necessidade. A criança precisa sentir necessidade de ler e


escrever, o que ocorre quando é encorajada a utilizar a escrita
como instrumento cultural, que serve para comunicar, interagir,
lembrar, conhecer etc. Para isso, torna-se importante que a escrita
seja utilizada na escola do mesmo modo como é utilizada na
sociedade.
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TEXTUAL I

A terceira tese é que a aprendizagem da escrita pode ocorrer de


modo natural. A escrita e a leitura podem fazer parte dos jogos
infantis, concretizando-se aos poucos como linguagem, nas
interações entre alunos e professores envolvidos no processo de
ensino e aprendizagem. A leitura fônica e mecânica, destituída de
sentido, e o treino mecânico das letras acabam por frear a
aprendizagem da leitura e da escrita e o próprio desenvolvimento
cultural da criança.

Por fim, a quarta tese de Vygotsky é de que o gesto, o desenho e o


jogo são atividades importantes para o desenvolvimento da escrita.
O desenho impulsiona o desenvolvimento da escrita porque é uma
atividade importante para aprender a operar com signos e suas
inter-relações. No entanto, o desenho como forma de representação
não é qualquer desenho, não pode ser cópia ou atividade
decorativa, mas aquele que a criança utiliza para expressar alguma
ideia.

Essas quatro teses fundamentam as análises que tomam a língua


escrita como elemento cultural e associado à escola. Nesta
perspectiva, a cultura da escola é concebida como o diálogo
ocorrido no contexto cotidiano, espaço de construção de
significados e de expressão de ideias.

Sumário

Nesta Unidade temática, estudámos e discutimos sobre as etapas


da escrita. O que entendemos é que a escrita pode ser ensinada
para crianças de tenra idade uma vez que a criança em idade pré-
escolar entende a função simbólica, assim sendo, tem condições de
ler e escrever.
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TEXTUAL I

Na mesma senda, concluimos que a escrita deve ser ensinada


como uma linguagem, como uma atividade cultural complexa e uma
necessidade. Para isso, torna-se importante que a escrita seja
utilizada na escola do mesmo modo como é utilizada na sociedade.
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TEXTUAL I

Defende-se também que a aprendizagem da escrita pode ocorrer


de modo natural e que o gesto, o desenho e o jogo são atividades
importantes para o desenvolvimento da escrita.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. Por que consideramos a escrita uma atividade mediadora.


Respostas:
1. Rever o 25º parágrafo da página

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes)

Pergunta:
1. Por que consideramos a escrita uma actividade
mediadora.
2. O desenvolvimento da linguagem pela criança também
ocorre a partir da actividade. Nas primeiras etapas da
aquisição da linguagem, a palavra é, para a criança, um
meio de comandar a sua acção em direção aos objectos
com os quais ela tem certo contacto sensorial. A palavra
permite que a criança:

A. Apanhe, sinta e distinga os objectos.

B. Chame aos seus pais.

C. Deixe de chorar tanto.

D. Sinta fome fale à mãe.


ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

Resposta:
1. Podemos considerar a escrita uma atividade
mediadora porque modifica as relações do homem
consigo e com o meio.

2. A palavra permite que a criança:

A. Apanhe, sinta e distinga os objectos.

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)


1. Por que consideramos a escrita uma atividade
mediadora.
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TEXTUAL I

UNIDADE Temática 1.2. Expressão Escrita

Introdução

A escrita deve ser encarada como o veículo de transmissão do


conhecimento organizado, socialmente valorizada e a que se impõe
como referência normativa. A forma de transmissão de
conhecimento deve ser organizada, de acordo com a sua
especialização e complexidade.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Descrever a importância da escrita;

 Diferenciar a expressão escrita da oral;


Objectivos  Distinguir coesão da coerência.
Específicos

2.0. A EXPRESSÃO ESCRITA

“ (...) sendo a escrita, na história do homem, a sua forma de


transmissão de conhecimento organizado, a sua «memória», ela
tende também a uma maior especialização e complexidade. Como
tal, nas sociedades letradas, é a forma socialmente valorizada,
pelas suas potencialidades, e a que se impõe como referência
normativa”,(Amor, 2003:110).

Se, por um lado, é posta em evidência a importância da escrita


como forma de transmissão do conhecimento organizado, e
resistente à passagem do tempo, também é, por outro, a forma
socialmente valorizada e a que se impõe como referência
normativa. Tais pressupostos remetem, implicitamente, para as
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TEXTUAL I

diferenças entre as expressões escrita e oral, e as características


que cada uma encerra, sobrevalorizando o uso da escrita nas
sociedades letradas. De facto, estando a expressão oral,
naturalmente, ao alcance de todos, o bom uso da expressão escrita
é apenas propriedade de alguns.

Figueiredo (2013:23), corrobora inteiramente com os pressupostos


supramencionados e, na mesma linha de pensamento de Rei,
entende que escrever é uma tarefa árdua e ao, mesmo tempo,
nobre, porque “(...) o ato de escrever é um acto custoso,
consumidor de energia física e psicológica. (...) É que o texto escrito
é um prolongamento de nós próprios e o acto de escrever um
momento de confronto connosco mesmos”, (Rei, 2006:8)

Quase invariavelmente, na atualidade, um dos principais pontos


críticos do ensino do Português é, precisamente, o ensino da
expressão escrita e o baixo nível de proficiência evidenciado pelos
alunos no que respeita a esse domínio. Mesmo partindo do
pressuposto de que a culpa de tal lacuna não é apenas da escola,
porque o facto de os alunos, geralmente, não gostarem de escrever
ultrapassa os seus limites-residindo antes na esfera do social e do
audiovisual -, a ela compete contrariar a tendência da “fuga” à
produção de texto escrito, ensinando os alunos a escreverem e
avaliando essa evolução. Tal prática, a meu ver, repercute-se quer
na autoestima do docente, quer na do discente, porque, considero,
tal como Rei, que “como crédito, tem o professor o facto de que
todo o ato de escrita, conseguido, deixa um sentimento de
gratificação e de confiança, que surpreende, por vezes, o próprio
escrevente”, (Rei, 2006:8).

2.1.O Ensino da Escrita

“Ora, atualmente (...), é possível observar como os textos


programáticos e outros textos orientadores do comportamento
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

didático dos professores de língua materna delineiam princípios e


orientações (...), principalmente ao aceitarem que a aprendizagem e
o desenvolvimento da competência do uso escrito pressupõem um
ensino explícito, sistemático e uma prática frequente e
supervisionada em que se contemplem as diferentes variáveis que
entram em jogo na composição textual; tarefa a executar;
destinatário do discurso; técnicas e estratégias envolvidas em
produtos escritos de diferentes graus de complexidade...”, (Pereira
& Azevedo,2003:5).

Na óptica das autoras2 acima referenciadas, a expressão escrita


deve ser encarada enquanto processo e não como produto. Se há
algumas décadas apenas se valorizava o texto escrito, acabado-o
produto -, atualmente, o mesmo não acontece. Atualmente, os
documentos oficiais norteadores da ação dos professores ditam que
a competência da expressão escrita é uma das vertentes a serem
desenvolvidas e trabalhadas de forma sistemática e metódica.
Assim sendo, a produção de texto escrito deve ser encarada e
abordada de acordo com as três fases apresentadas e defendidas
por Lídia Amor, Maria Luísa Álvares Pereira, Luís Filipe Barbeiro,
entre outros.

“A competência escrita passa pelas operações mentais,


hierarquicamente organizadas, controladas e aí processadas pelo
sujeito que escreve através da definição e redefinição constante de
objetivos de natureza mais geral ou mais concreta”, (Carvalho,
2000;144)

Carvalho (idem) refere-se indubitavelmente à escrita enquanto


processo e à complexidade que o acto encerra. Amor (2003),
consideram-se três grandes etapas do processo: “uma fase de pré-
escrita, uma de escrita e outra de pós-escrita”, -ou seja, a
planificação, a textualização e a revisão. Cada uma destas fases

2
Pereira & Azevedo,2003:5
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TEXTUAL I

reque tipos específicos de aprendizagem: a) aprendizagem da


planificação; b) aprendizagem da textualização e c) aprendizagem
das operações de revisão.

No primeiro tipo de aprendizagem -se da identificação do tipo e do


objectivo da comunicação e respetiva adequação às características
do público visado.

A fase da textualização é aquela na qual tradicionalmente se dá


mais atenção, pois o processo de escrita passa por mecanismos
interiorizados, automatizados pelo sujeito. Ou seja, existe um
conjunto de regras, que devem ser seguidas na construção de um
texto, que o sujeito interiorizou. Trata-se, por exemplo, de regras
linguísticas ou de coesão textual (concordância verbal, correto
encadeamento de frases,...) e pragmáticas ou coerência textual:
(adequação ao contexto
situacional, conhecimento que temos do mundo...).

Nesta perspetiva, o ensino da escrita deve respeitar a processos e


regras textuais definidos por diversos autores.(Pereira & Azevedo,
2003:5).

Segundo Mateus et al (2003:89), o conceito de coesão recobre


“todos os processos de sequencialização que asseguram uma
ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na
superfície textual” e os processos de coesão incluem elementos de
várias categorias gramaticais e recursos estilísticos (conetores,
pronomes, advérbios, substitutos lexicais, elipse...). Quando a
coesão de um texto se joga ao nível da macroestrutura, a mesma
passa a denominar-se coerência global de sentido.

Amor (2003) cita Charolles para elencar as quatro regras essenciais


da produção textual, a saber:
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TEXTUAL I

“1) regrada repetição: para que um texto seja coerente, deve


comportar, no seu desenvolvimento linear, elementos de estreita
concorrência;

2) regra da progressão: para que um texto seja coerente, é


necessário que o seu desenvolvimento seja acompanhado de um
acréscimo semântico constantemente renovado;

3) regra da não-contradição: para que um texto seja coerente, é


necessário que o seu desenvolvimento não introduza nenhum
elemento semântico contradizendo um conteúdo posto ou
pressuposto por uma ocorrência anterior, oudedutível desta por
inferência;

4) regra da relação: para que uma sequência ou um texto sejam


coerentes, é necessário que os factos que eles denotam, no mundo
representado, estejam articulados, isto é, sejam percebidos como
congruentes, no tipo de mundo reconhecido por aquele que avalia
o texto”.

Na opinião de Figueiredo, os pressupostos enunciados não


pretendem negar o saber reflexivo fornecido pelas categorias
gramaticais, mas antes conferir-lhe sentido e utilidade imediata. De
facto, o ato de escrever exige não apenas concentração, empenho,
persistência e criatividade, mas também saberes relativos ao
funcionamento da própria línguae reflexão sobre as várias vertentes
da mesma, a qual se afigura, ao mesmo tempo, como veículo e
objeto de estudo: escreve-se em Português, utilizando-se a própria
língua.

Na mesma linha de sentido, Fonseca (1992:244) defende


que“articular de forma mais explícita e intencional o «íntimo da
gramática» com a pedagogia da escrita obriga a alargar a reflexão
gramatical e à explicitação das funções textuais das categorias
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TEXTUAL I

gramaticais. Uma explicitação que é, em muitos casos,


indispensável à caracterização das categorias gramaticais e à
compreensão do seu funcionamento”.

Quanto à aprendizagem das operações de revisão, trata-se de um


trabalho que se reveste de grande exigência, uma vez que a revisão
se deve exercer nos vários planos da estruturação do texto, sendo
recomendado o recurso a estratégias diversificadas, trabalho
individual e de grupo. Além disso, deve promover-se a auto e
heteroavaliação recursiva das produções, de forma a anular a falta
de distanciação crítica (que afeta o sujeito relativamente
aos seus próprios textos) e de forma a promover o trabalho
colaborativo.

A revisão, individual ou em grupo, visa a correção das imperfeições


ao nível da coesão e da coerência textual, é certo, mas também a
promoção do desenvolvimento dacapacidade de escrever. É mais
um momento de reflexão sobre a própria língua que propicia o bom
uso da mesma, pois o indivíduo é confrontado com situações que
tem que resolver e aprende a lidar com elas, refazendo os produtos
da escrita.

De acordo com Rei (1996:613-614) “o aperfeiçoamento (dos textos)


deverá acontecer até que as nossas ideias apareçam claras,
completas e a comunicar, através de retoques e emendas”. Estas
palavras pretendem relevar a persistência, a importância da
correção e até a reescrita do texto, se preciso for.

Esta perspetiva do ensino da escrita e a sua valorização enquanto


processo é, atualmente, uma realidade nos manuais escolares -
enquanto elemento regulador da prática pedagógica, nos quais, de
uma forma geral, as atividades de escrita são bastante
diversificadas e de acordo com os temas e a estrutura dos textos
trabalhados-utilitários ou literários.
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TEXTUAL I

Neste sentido, no manual do oitavo ano adoptado na escola onde


me encontro a realizar o estágio pedagógico,há frequentemente
propostas de atividades de escrita, com indicação das etapas do
processo, sempre que a actividade é a construção de um texto
criativo, baseado em modelos trabalhados.

Em suma, a escrita deixou de ser apenas um veículo de


transmissão de conhecimentos, como era entendida até há alguns
anos, geralmente para avaliação, mas também objecto de ensino-
aprendizagem.

2.2. A Criatividade e a Escrita Criativa

“ A criatividade é o princípio dos princípios da Educação Moderna”.

O que se entende, então, por criatividade?

Trata-se de um conceito difícil de definir, que é usado em situações


diversificadas, de forma difusa e superficial, sendo a sua perceção
problemática e com vertentes múltiplas.

O dicionário online da Língua Portuguesa, apresenta como


definições para “criatividade”:

“1.Capacidade de criar, de inventar; 2. Qualidade de quem tem


ideias originais, de quem é criativo.3.[Linguística] Capacidade que o
falante de uma língua tem de criar novos enunciados sem que os
tenha ouvido ou dito anteriormente”.

Embora um pouco vagas as definições apresentadas, Figueiredo


concluí que qualquer texto pode ser criativo, desde que nele se
denote originalidade, inovação e invenção.
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TEXTUAL I

Já no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, figura a


seguinte definição:

“1. Capacidade de produção do artista, do descobridor e do


inventor, que se manifesta pela originalidade inventiva; 2.
Faculdade de encontrar soluções diferentes e originais face a novas
situações”.

Sendo o conceito “criatividade” vasto e difícil de definir com


precisão, tão ou mais problemática se afigura a definição de “escrita
criativa.

A mesma autora concluiu que os mesmos não exibem uma


definição para “escrita criativa”, mas todos utilizam esta
denominação sem um critério bem definido, abarcando as
atividades enunciadas sob esta denominação diferentes tipos de
produção de texto escrito. A maior parte das vezes, essas
solicitações vêm no seguimento de diferentes modelos trabalhados
em aula.

Excluem-se, sobretudo, desta denominação, os exercícios de


resposta curta a questionários, bem como os lacunares, os de
associação de elementos, os vocabulares, os de interpretação e
análise textual, bem como os gramaticais. A “criatividade” tem sido
tema de estudos e trabalhos académicos, não se tendo, no entanto,
chegado ainda a resultados conclusivos sobre uma definição clara e
sem ambiguidades;

Cachada (2005:15) cita os conceitos que vários autores apresentam


para “criatividade”. No entanto, feita a sua análise, os mesmos não
passam de tentativas de definição. Segundo a própria, “o conceito
de criatividade-multifacetado, complexo, abrangente de
características que partilham fronteiras com outros conceitos, e
decorrentemente, revestido de pluralidade e de controvérsia nas
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TEXTUAL I

leituras que permite –tem emergido, nos últimos anos, como um


alvo de renascido investimento atual, sobretudo no campo da
educação”.

Oberlé, citado por Cachada (idem), define criatividade como “um


processo que permite ao indivíduo ou grupo a elaboração de um
producto novo ou original, adaptado às condicionantes e às
finalidades”.

Destaco a ênfase dado ao “produto novo ou original”, não


descurando, também, a importância atribuída, ainda que
implicitamente, à perspetiva processual do texto escrito. Nesta
perspetiva incluem-se, não só as dimensões cognitiva e
metacognitiva, mas também as fases que tenho vindo a enunciar na
produção de texto escrito e que obrigam o escrevente a planificar,
escrever, e aperfeiçoar o texto. Tais etapas impelem-noa formular
hipóteses alternativas, experimentar e modificar, até considerar o
seu texto coeso e coerente.

Amor não fala em escrita criativa, mas antes em “escrita recreativa


ou extensiva” e, na sua perspetiva, “...escrever é sempre reescrever
sobre textos próprios ou alheios”.

Na mesma linha de pensamento, Houdart –Merot(2004:9) entende


que:
«... qui dit écriture d’invention dit aptitude à l’invention dans
l’élaboration des exercices, invention qui se nourrit, bien
sûr, de l’observation passionnée de l’invention des
écrivains.»

Partilho a opinião desta autora, ao considerar que a escrita criativa


é todo o tipo de texto escrito, exceto o comentário, e que pode ser
produzido a partir de textos literários, ou seja, a partir da leitura e da
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TEXTUAL I

interpretação de outros textos. A escrita é, portanto, um ato de


reescrita, que assenta em modelos lidos e /ou interpretados.

Para Peças (1993), “ O acto de escrita e a relação com o escrito


pode educar-nos a reflexão e educar a sensibilidade, permitindo
que se cumpra melhor o potencial criativo que em nós habita” e,
segundo Beaudot (1980:48), “( ...) laisser la porte ouverte à
l’imagination c’est laisser une certaine liberté à l’élève pour
s’exprimer”. Daqui se conclui que, a leitura influencia positivamente
a escrita e esta pode ser construída a partir daquela, a qual serve
de base à produção de novos textos escritos.

Mas como definir, então, escrita criativa?

Não havendo definições claras sobre o assunto, alguns aspetos


apontados são dignos de relevo:o ato de escrever ou reescrever
textos, a importância da imaginação, a escrita como reescrita, a
alusão a modelos, a liberdade de expressão, a reflexão, a
capacidade de criar, de inventar, a originalidade.

2.3. Concepções Vygotsky

2.3.1. O desenvolvimento dos processos psíquicos da


aprendizagem da linguagem.

O fundamento básico das hipóteses Levantadaspor Vygotsky(1998)


é que os processos psicológicos superiores humanos são mediados
pela linguagem (semânticos) estruturados não em localizações
anatômicas fixas no cérebro, mas em sistemas funcionais,
dinâmicos e historicamente mutáveis.

Vygotsky referia-se à sua teoria como cultural-histórica, enfatizando


que os fatores que determinavam a atividade de vida do indivíduo
eram produzidos pelo desenvolvimento histórico da cultura.
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TEXTUAL I

A linguagem seria o mais elaborado sistema de signos presente na


cultura humana, e através dela seria possível organizar o
pensamento e entender todas as informações.

Para explicar a aprendizagem, Vygotsky utiliza o conceito de Zona


de Desenvolvimento Proximal, em que o sujeito realiza com a ajuda
do outro aquilo que ainda não consegue realizar sozinho.

Assim, ele evolui para um patamar superior de conhecimento, de


aprendizado e, consequentemente,de desenvolvimento.

Para o autor, o desenvolvimento consiste num processo de


aprendizagem do uso das ferramentas intelectuais, através da
interação social com outros mais experimentados no uso dessas
ferramentas (uma delas é a linguagem). Dessa maneira, a
aprendizagem precede o desenvolvimento.

2.3.2. A Construção da Escrita

Para Vygotsky, a escrita não está separada da linguagem, e é


constituída por um sistema de símbolos e signos (capacidade de
atribuir significados) que determinam os sons e as palavras da
linguagem oral.

Para dominar esse sistema simbólico, é necessário que a criança


desenvolva certas funções superiores, especificamente a abstração.

A função da abstração é fazer com que gradualmente a fala


desapareça, sendo substituída pela escrita.

Vygotsky mostra-nos que a escrita é uma linguagem que se


constitui primeiro no pensamento da criança, para depois ser
registrada .
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

A abstração apresenta-se como uma das maiores dificuldades que


a criança apresenta no processo de aprendizagem da linguagem
escrita, já que antes de registrar ou grafar o sistema simbólico, ela
precisa representá-lo no pensamento

2.3.2.1. Desenvolvimento dos signos na criança, processo


descontínuo de revolucionário desenvolvimento

Vygotsky também percebeu que ao dominar o sistema simbólico,a


criança passa a criar outras formas mais elaboradas de
pensamento. Assim, ela vai se desenvolvendo na medida em que
aprende.

Tendo em vista que, para ele, o desenvolvimento acontece num


movimento do social para o individual,isto é, das experiências
externas que são interiorizadas ,o autor explica a relação entre o
pensamento e a fala a partir da passagem da fala exterior para a
fala interior. Dessa maneira, a escrita aparece como um simbolismo
de segunda ordem que tem a mediação na fala.

A utilização desse sistema de signos muda os modos de


funcionamento da percepção, da memória e do pensamento. Assim,
ao apropriar-se da língua escrita, a criança se apropria das técnicas
oferecidas por sua cultura.

Esse sistema simbólico é considerado um dos instrumentos


culturais mais bem elaborados pela humanidade. Ele é um
producto,mas ao mesmo tempo um elemento importante para o
próprio desenvolvimento do homem.
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TEXTUAL I

2.4. Concepções Lúria

Lúria (2012) afirma que a origem dos processos psíquicos da


linguagem escrita inicia-se na pré-história do desenvolvimento das
formas superiores do comportamento infantil.(Pré-história da
escrita).

“A história da escrita na criança começa muito antes da primeira vez


em que oprofessor coloca um lápis em sua mão e lhe mostra como
formar letras”(LURIA,2012,p.143)

Nos estudos de Vigotski e Lúria encontra-se a base fundamental


que explica como os processos psíquicos da linguagem e escritas
e desenvolvem nas crianças antes mesmo delas entrarem na
escola.
“[...] quando uma criança entra na escola,ela já adquiriu um
patrimônio de habilidades e destrezas que a habilitará a aprender a
escrever em um tempo relativamente curto”(LURIA,2012,p.143)

2.4.1. DICA AOS PROFESSORES:

“importante instrumento para os professores: o conhecimento


daquilo que a criança era capaz de fazer antes de entrar na escola,
conhecimento a partir do qual eles poderão fazer deduções ao
ensinar seus alunos a escrever” (LURIA, 2012,p.144).

2.5. DEFINAÇÃO DA ESCRITA:

“a escrita pode ser definida como uma função que se


realiza,culturalmente,por mediação”(LURIA,2012,p.144).

-importância do signo funcional auxiliar cuja percepção leva a


criança a recordar a ideia;
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TEXTUAL I

-“A escrita é uma dessas técnicas auxiliares usadas para fins


psicológicos; a escrita constitui o uso funcional de linhas pontos e
outros signos para recordar e transmitir ideias e conceitos
(LURIA,2012,p.146).

2.6.DA PRÉ-HISTÓRIA À CONSTRUÇÃO DA ESCRITA

Livro:Linguagem desenvolvimento e aprendizagem–coletânea


de artigos dos três principais psicólogos soviéticos,dentre
eles,Vygotsky e Lúria.

Neste livro, através de experimentos,Vygotsky e Lúria introduzem o


conceito de “ pré-história individual da escrita”. Esse período
representa o tempo antes de atingir a idade escolar, no qual a
criança já desenvolve, por si mesma, técnicas primitivas capazes de
desempenhar funções semelhantes, ou seja, habilidades e
destrezas que facilitarão
a aprendizagem da escrita formal.

- A pré-história da escrita só pode ser estudada na criança, de


forma experimental;

-O método utilizado por Lúria(2012) era simples: era preciso uma


criança que não soubesse escrever; para isso, o pesquisador deve-
lhe a tarefa de relembrar uma quantia de sentenças que lhe tinham
sido apresentadas.

- Com base no método aplicado, Lúria(2012) identifica as fases do


estágio de desenvolvimento da pré-história da escrita Infantil.

- A primeira fase da pré-escrita,Lúria denominou de estágio dos


rabiscos ou fase dos atos imitativos, primitivos, pré-culturais e pré-
instrumentais.
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TEXTUAL I

2.6.1.- Características:

1. Total ausência de compreensão do mecanismo da escrita;

2. Relação puramente externa com ela;


Neste estágio, a criança não apreendeu ainda o sentido e a função
da escrita, ela tenta reproduzir, ainda que apenas em sua forma
exterior,a escrita adulta com aqual está familiarizada.

“A criança nesse estágio do desenvolvimento, ainda não se


relaciona com a escrita como um instrumento a serviço da
memória” (LÚRIA, 2012, p.156).

- Neste estágio, a criança tenta imitar a escrita dos adultos, no


entanto, faz rabiscos sem significado funcional, por isso a relação
da criança com os rabiscos é puramente externa, intuitiva, um
brinquedo.

- A criança não tem consciência que os rabiscos podem ajudá-la a


lembrar-se do que lhe foi dito para escrever.

- A segunda fase foi denominada de estágio da escrita não


- diferenciada.

- A criança utiliza os rabiscos não para ler, mas para se lembrar do


que lhe foi dito;

- Estes rabiscos representam o primeiro rudimento do que mais


tarde se transformará na escrita da criança, ou seja, de uma
atividade motora autocontida;

-Segundo Vigotski e Lúria, nenhum rabisco significa coisa alguma,


mas sua posição, situação e relação com outros rabiscos conferem-
lhe a função de auxiliar técnico da memória–função mnemônica.
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

-“A criança lembra-se agora do material, associando-o a uma marca


específica, em vez de fazê-lo de forma puramente mecânica, e esta
marca lhe permite lembrar uma
sentença particular que auxiliará a relembrá-la.”(LURIA,2006,p.158)

-Para Lúria esta“[...] é a primeira forma de escrita no sentido próprio


da palavra[...].” (2012,p.158)

-Para Lúria (2006), a criança deve agora diferenciar esse signo


(rabisco ou marca posicionado) e fazê-lo expressar realmente um
conteúdo específico. Sendo assim, a próxima fase é a de
diferenciação dos signos primários pelas crianças, através,
principalmente, de pictogramas, ou seja, desenhos e
representações de idéias.Trata-se da transformação de signos-
estímulos em signos-símbolos.

- “Linhas e rabiscos são substituídos por figuras e imagens, e estas


dão lugar a signos. Nesta sequência de acontecimentos está todo o
caminho do desenvolvimento da escrita, tanto na história da
civilização como no desenvolvimento da criança” (LURIA, 2006, p.
161).

-Segundo o autor (2006), há duas formas de diferenciar os signos:


números e formas. Sobre os números, temos que é possível que as
origens reais da escrita venham a ser encontradas na necessidade
de registrar o número ou a quantidade. Fora isso, a diferenciação
da escrita também pode ser acelerada se uma das sentenças
ditadas disser respeito a um objeto evidente por causa de sua cor,
forma bem-delineada ou tamanho, apresentando semelhanças com
a pictografia primitiva: a criança usa o desenho como meio de
recordar e o desenho começa a convergir para uma atividade
intelectual complexa.
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TEXTUAL I

-“A brincadeira transformou-se em escrita elementar, e a escrita era,


então, capaz de assimilar a experiência representativa da criança.
Tínhamos atingido o limiar da escrita pictográfica.” (LURIA, 2006, p.
173).

-Seguidamente à pictografia,as crianças vão, a partir da observação


e da necessidade que sentem em dar o primeiro
passo em direção à escrita formal, conhecendo as letras,
responsáveis por formar as palavras e dar sentido às produções
escritas. Lúria refere-se a esse estágio como domínio exterior da
escrita.

-Neste estágio, a criança começa a aprender a ler: conhece letras


isoladas, sabe como estas letras registram algum conteúdo e,
finalmente, apreende suas formas externas e também a fazer
marcas particulares.Mas, uma compreensão dos mecanismos da
escrita ocorre muito depois do domínio exterior da escrita. Isso,pois
a criança começa com uma fase de escrita não-diferenciada pela
qual já passara muito antes: as crianças usam as letras que já
conhecem para representar qualquer coisa.

-Aos poucos, as crianças vão conhecendo os sons e


compreendendo que a escrita é uma forma de comunicação social.
A escrita que usavam até então servia para que elas
compreendessem o que estava “escrito” ou representado. Mas
agora, mais maduras e sentindo a necessidade de saber se
comunicar com os outros, começam a aprender a escrita simbólica,
de conhecimento socialmente compartilhado.

-“(...) no topo das formas primitivas da adaptação direta aos


problemas impostos por seu ambiente, a criança constrói agora,
novas e complexas formas culturais; as mais importantes funções
psicológicas não mais operam por meio de formas naturais
primitivas e começam a empregar expedientes culturais complexos.
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

Estes expedientes são tentados sucessivamente e aperfeiçoados e


no processo a criança também se transforma. (...) após percorrerem
longo caminho, acabaram por conduzir-nos finalmente ao domínio
do que é talvez o mais inestimável instrumento de cultura”, (LÚRIA,
2006, p. 189).

Sumário

Nesta Unidade temática, estudámos e colocámos em evidência a


importância da escrita como forma de transmissão do conhecimento
organizado, socialmente valorizada e a que se impõe como
referência normativa.
Na óptica de algumas autoras, a expressão escrita deve ser
encarada enquanto processo e não como produto, assim sendo “a
competência escrita passa pelas operações mentais,
hierarquicamente organizadas, controladas e aí processadas pelo
sujeito que escreve.

Importa referir que a coesão recobre “todos os processos de


sequencialização que asseguram uma ligação linguística
significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual” e
os processos de coesão incluem elementos de várias categorias
gramaticais e recursos estilísticos.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. A expressão escrita deve ser encarada enquanto processo e não


como produto.
2. Elenque as quatro regras essenciais da produção textual.
3. O que se entende, então, por criatividade?

1. Rever 7° parágrafo da página


2. Rever 14° à 17° parágrafo da página
3. Rever 31° parágrafo da página
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TEXTUAL I

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes)

Resposta:

1. “A competência escrita passa pelas operações mentais,


hierarquicamente organizadas, controladas e aí processadas pelo
sujeito que escreve através da definição e redefinição constante de
objetivos de natureza mais geral ou mais concreta”, (Carvalho,
2000;144)

2. As quatro regras essenciais da produção textual, a saber:


1) regrada repetição: para que um texto seja coerente, deve
comportar, no seu desenvolvimento linear, elementos de estreita
concorrência;
2) regra da progressão: para que um texto seja coerente, é
necessário que o seu desenvolvimento seja acompanhado de um
acréscimo semântico constantemente renovado;
3) regra da não-contradição: para que um texto seja coerente, é
necessário que o seu desenvolvimento não introduza nenhum
elemento semântico contradizendo um conteúdo posto ou
pressuposto por uma ocorrência anterior, oudedutível desta por
inferência;
4) regra da relação: para que uma sequência ou um texto sejam
coerentes, é necessário que os factos que eles denotam, no mundo
representado, estejam articulados, isto é, sejam percebidos como
congruentes, no tipo de mundo reconhecido por aquele que avalia
o texto”.
3. Segundo Dicionário: 1.Capacidade de criar, de inventar; 2.
Qualidade de quem tem ideias originais, de quem é
criativo.3.[Linguística] Capacidade que o falante de uma língua tem
de criar novos enunciados sem que os tenha ouvido ou dito
anteriormente”.
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TEXTUAL I

4. O processo de formação das acções intelectuais, como, por


exemplo, a escrita e a matemática, é complexo. Isto significa que,
segundo Leontyev (1978): A. Ele dá-se por um procedimento de
apropriação que é o acto de fazer de um conceito alheio um
conceito próprio.
5. Os actos intelectuais resultam de:
C. De uma apropriação em que o sujeito passe, de acções
realizadas no exterior, para as acções situadas no plano verbal e,
depois, para uma interiorização progressiva das acções exteriores e
verbais.

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)

1. A expressão escrita deve ser encarada enquanto processo e não


como produto.
2. Elenque as quatro regras essenciais da produção textual.
3. O que se entende, então, por criatividade?
4. O processo de formação das acções intelectuais, como, por
exemplo, a escrita e a matemática, é complexo. Isto significa que,
segundo Leontyev (1978):
A. Ele dá-se por um procedimento de apropriação que é o acto de
fazer de um conceito alheio um conceito próprio.
B. Ele dá-se por um procedimento de apropriação que é o acto de
fazer de um conceito próprio um conceito alheio.
C. Ele não se dá por um procedimento de apropriação.
D. O acto de fazer de um conceito alheio um próprio não tem a ver
com a escrita.

5. Os actos intelectuais resultam de:


A. Apenas das acções situada no plano verbal.
B. Das acções situadas no plano verbal que passam pelas acções
realizados no exterior pelo sujeito.
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TEXTUAL I

C. De uma apropriação em que o sujeito passe, de acções


realizadas no exterior, para as acções situadas no plano verbal e,
depois, para uma interiorização progressiva das acções exteriores e
verbais.
D. Apenas das acções realizadas no exterior.
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TEXTUAL I

UNIDADE Temática 1.3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA


ESCRITA

Introdução

As crianças começam a desenvolver sua escrita antes mesmo da


fase escolar ou alguém colocar um lápis em sua mão. Através das
produções espontâneas realizam e compreendem o que é a
natureza da escrita, acreditando que deveriam ou poderiam
escrever certo conjunto de palavras. Ao entrar na escola a criança
já adquiriu habilidades para escrever em um tempo relativamente
curto, tendo a idéia de que há uma relação estreita entre a escrita e
a fala representada em um papel sob a forma de grafismo.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Identificar as etapas do desenvolvimento da escrita;

 Conhecer o nível ou fases de evolução de escrita


Objectivos por parte dos alunos.
Específicos

A ESCRITA INFANTIL

As crianças têm idéias próprias sobre o que escrevem e o que


pensam e formulam suas hipóteses ao expressarem-se por meio da
escrita dedicando esforços intelectuais em sua construção. Num
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TEXTUAL I

primeiro momento em que a criança tenta escrever um rabisco,


procura misturar linhas e retas tentando interpretar o que escreveu
ou o que pensou. Nessas tentativas de escritas, a criança não
procura cópias, masrepresenta o que ela imaginou que seja a
escrita.

Para Ferreiro e Teberosky (1999), a escrita divide-se em períodos


denominados, sendo que no início do processo tem a noção de que
sílaba corresponde a letras.

As crianças não só têm que ver as diferenças existentes entre


formas de letras e palavras, mas precisam diferenciar sons. Para se
alfabetizar, a criança deve desenvolver capacidade para analisar
sua própria linguagem escrita. (CAGLIARI, 1998, p.28)

Podemos presumir que, mesmo antes de atingir a idade escolar, a


criança já adquiriu técnicas primitivas semelhantes ao que
chamamos de escrita. Essas técnicas servem como estágio
necessário para o seu desenvolvimento e a encaminhará realmente
ao conceito da escrita.

Do ponto de vista construtivo, a escrita infantil segue uma evolução


regular, através de diversos meios culturais em diversas situações
educativas de diversas linguagens. (CAGLIARI, 1998, p. 35)

O desenvolvimento da escrita infantil esta relacionado às práticas


cotidianas de participação em eventos d a leitura e da escrita. Para
Cagliari (1998), a escrita estáliga da a leitura, ela é um fenômeno
social, um bem cultural que se evolui com o passar do tempo.Para o
autor não há idade para escrever, a criança expressa de qualquer
modo a sua escrita através de um rabisco, de um desenho, de uma
brincadeira com lápis. Os estímulos é oprincipal meio para chegara
uma escrita convencional.
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TEXTUAL I

O autor situa que no momento em que a criança tenta escrever,


produz espontaneamente pequenos traçados misturando linhas
retas e curvasinterpretando depois o que ela escreveu e que só a
própria criança reconhece. Cagliari também afirma que, a criança
desenha letras agrupadas de forma aleatória e já possui idéia de
que representa a escrita, ou seja, ela sabe o que escreve com
determinados sinais, mesmo que não saiba que esses sinais,
possuem uma ordem de colaboração e significação convencional,
que as crianças em processo de aquisição encontram-se em
constante conflito quanto às relações e às formas da sua escrita.

Cagliari (2001, p. 127) afirma que, a descoberta da escrita pelas


crianças não ocorre homogeneamente, que elas não aprendem no
mesmo ritmo, possuem diferentes níveis e graus de letramento.
Estes aspectos, portanto devem ser enfatizados na alfabetização de
forma que as crianças possam construir concepções de escrita,
coerentes a com a natureza desse objeto cultural. Emilia
Ferreiro(2004), com base em Piaget, comprova que, a escrita é uma
produção social e como tal sofre inúmeras transformações ao longo
do desenvolvimento infantil.

Ferreiro e Teberosky (1999) acentuam que as crianças adquirem o


conhecimento da escrita através do desenvolvimento cognitivo,
onde o ambiente social torna-se importante para o desenvolvimento
da escrita antes do início da alfabetização. A construção de
diferenciação entre as letras é estimulada espontaneamente antes
do ensino sistemático. Com efeito, os resultados obtidos pela
compreensão das autoras originaram-sede pesquisas e
observações de situações pedagógicas,nasquais as crianças
escreviam palavras pequenas nas frasesque falavam.
A correlação entre as letras eos segmentos sonoros foi observada
fundamentalmente por meios da leitura efetuada pelas
crianças(FERREIRO; TEBEROSKY,1999, p. 43).
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

Para as pesquisadoras, escrever não é um meio de registrar algum


conteúdo especifico, é um processo em que a criança imita uma
atividade do adulto, que não possui em si mesmo significado
funcional.

Em pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita, as autoras


demonstram como se constrói em níveis evolutivos, a compreensão
do sistema alfabético de representação da língua, permitindo definir
atividades e intervenções pedagógicas que favoreçam a
compreensão da escrita e a superação das dificuldades desta
aprendizagem.

Para as referidas autoras, se entendemos a aquisição da escrita


como produção ativa, ela constituirá-se como uma etapa estrutural
do conhecimento (FERREIRO; TEBEROSKY,1999,p.35).

ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA INFANTIL

É natural que acriança apresente fases diferentes na construção da


escrita, essa diferenciação torna-se evidente a partir da
experimentação feita com o desenvolvimento de atividades
relacionadas à escrita, as quais promovem percepções,
capacidades, comparações, diferenciações e reconhecimento.

Segundo Ferreiro e Teberosky (1999), a criança tem idéias próprias


sobre o que escreveeformulahipóteses ao expressar-se por meio da
escrita. A aprendizagem acontece na medida em que constrói o
raciocínio lógico e apresenta o processo evolutivo de aprender a
escrever passando por níveis de conceitualização que revelam as
hipóteses. Para as autoras a escrita divide-se em períodos,
caracterizados em fases diferentes.

A melhor maneira de estudar e entender as fases da escrita infantil


é observando as formas de representação, o que possibilita
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TEXTUAL I

averiguar o nível de evolução que se apresenta na escrita da


criança. As explorações que as crianças fazemacontecem mediante
estímulos propostossob forma de jogos e atividades relacionadas
ao cotidiano das mesmas. Estes estímulos também ajudarão a
criança a aperfeiçoar cada vez mais a escrita (FERREIRO, 1999).

Esses tipos de actividades mostram-se ricas para as crianças


manifestaremo seu potencial e ashabilidades desenvolvidas por
elas. A relação interpessoal (adulto-criança, criança-criança) e a
dialogia que se estabelece nesse processo proporcionam ao
educador selecionar procedimentos que em um dado momento e
em determinada situação possa mostrar-se positivos.

Como Emilia Ferreiro (2004) afirma que, as fases da escrita de cada


criança variam de uma criança para outra (...) pois apresentam
níveis de escritas diferentes umas das outras.

Segundo a autora, as crianças realizam os primeiros movimentos


ao tentar escrever, onde os traçados ganham forma de rabisco.
Esse tipo de tentativa de escrita ajuda a criança a interpretar o
mundo a sua volta. É importante que o professor alfabetizador
valorize essa forma de escrita da criança, oferecendo-lhe um
repertório de estímulos à imaginação e criatividade,motivando o
aluno a ir além das regraspráticas da configuração da linguagem
escrita (CAGLIARI,1998, p.56).

Ora, a estimulação nessa fase é muito importante, é preciso


valorizar a produção espontânea da criança,lembrando que nessa
fase ainda não existe preocupação estética em relação àescrita
feita. Por meio da garatuja, a criança cria e recria individualmente
formas expressivas integrando percepção, imaginação, reflexão e
sensibilidade.(CAGLIARI,2001, p.75)
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TEXTUAL I

Outros alunos estão no nível um pouco mais avançado do que os


alunos anteriores. Ou seja, compreendem a diferença entre sons e
sílabas, mas usam símbolos gráficos de forma aleatória.Nesta fase,
a criança não demonstra a intenção deliberada de registrar a pauta
sonora da linguagem. As tentativas infantis de representação
gráfica demonstram que a criança não chegou ainda a compreender
a relação entre o
registro gráfico e o aspecto sonoro da fala.

Nesta tentativa de escrita, a criança representa uma grafia


demonstrando que não chegou ainda a compreender a relação
entre o registro gráfico e o aspecto sonoro da fala. Ferreiro (2004)
identifica como etapa Pré-silábica. É uma correspondência entre a
forma de escrita (cada letra) e a expressão oral (recorte silábico dos
nomes.

Portanto, o uso da hipótese pré-sílabica indica a existência de uma


concepção da criança quanto ao caráter da representação realizado
pela escrita, ainda distante daindicação do evento sonoro da língua
falada. Na sala de aula, há alunos com níveis de escrita ainda mais
avançados em relação às crianças citadas anteriormente. Algumas
já conseguem estabelecer relações entre o contexto sonoro da
linguagem e o contexto gráfico do registro.

Segundo Ferreiro e Teberosk (1999), as considerações dos


aspectos sonoros da linguagem representam um processo
evolutivo. As estratégias usadas pelas crianças são atribuídasa
cada letra ou marca escrita, registrando uma sílaba falada. É este
argumento que explica a etapa Silábica. Então, as crianças
demonstram conhecer o valor sonoro convencional das letras sem
considerar o valor sonoro convencional ou a qualidade das suas
grafias (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999, p.202).
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TEXTUAL I

Contudo, Ferreiro e Teberosky (1999) apresentam mais dois níveis


desta evolução da escrita infantil: Silábico-alfabética e Alfabética.
Ambas demonstram segurança e uma escrita quase convencional.
Nestas etapas a criança pode ser considerada praticamente
alfabetizada.

O professor alfabetizador sabe o quanto é importante conhecer as


fases de evolução pelas quais passam os seus alunos no inicio da
aquisição da escrita, sendo fundamental que ele compreendao
sentido e os caminhos da aprendizagem, mediante práticas onde a
criança sinta que pode pensareexpressar seus sentimentos com
liberdade, encarando e acentuando os seus erros como algo natural
para o seu crescimento.

Sumário

Nesta Unidade temática, estudámos e discutimos


fundamentalmente aspectos relacionados ao processo de
apropriação da linguagem escrita. Concluiu-se que, o
desenvolvimento da escrita depende dos estímulos. Através das
produções, percebe-se que a escrita infantil é sem dúvida uma das
maiores fontes de informação e compreensão, que passa por longo
processo de amadurecimento adquirido pela própria criança a partir
das suas fases que começam muito antes da vida escolar.
É importante que os professores e os alfabetizadores conheçam
cada nível de conhecimento dos seus alunos, para planejar
atividades adequadas que ajudarão no desenvolvimento da escrita
infantil.
Torna-se indispensável proporcionar ao aluno vivências variadas e
apresentar o mundo letrado para que tenha condições de
experimentar e entender a função da escrita em sua vida, mesmo
ainda não sabendo grafar corretamente as palavras.
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TEXTUAL I

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. Defina a escrita infantil do ponto de vista construtivo.

2. O desenvolvimento da escrita infantil está relacionado às


práticas?

3. Identifique as fases em que a criança aprende a escrita.

4.Segundo o manual em estudo, para se alfabetizar, a criança precisa


de:

Respostas:
1. Rever o 5º parágrafo da página
2. Rever o 6º parágrafo da página
3. Rever 15° e 16° parágrafo da página

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes)

Resposta:
1. Do ponto de vista construtivo, a escrita infantil segue uma
evolução regular, através de diversos meios culturais em
diversas situações educativas de diversas linguagens.
(CAGLIARI, 1998, p. 35).

2. O desenvolvimento da escrita infantil está relacionado às


práticas cotidianas de participação em eventos d a leitura e
da escrita. Para Cagliari (1998), a escrita está ligada à
leitura, ela é um fenômeno social, um bem cultural que se
evolui com o passar do tempo.

3. Na visão de Ferreiro e Teberosky (1999), a criança tem


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TEXTUAL I

idéias próprias sobre o que escreve e formula hipóteses ao


expressar-se por meio da escrita. A aprendizagem acontece
na medida em que constrói o raciocínio lógico e apresenta o
processo evolutivo de aprender a escrever passandopor
níveis de conceitualização que revelam as hipóteses. Para
as autoras a escrita divide-se em períodos, caracterizados
em fases diferentes.
Com tudo, a melhor maneira de estudar e entender as fases
da escrita infantil é observando as formas de representação,
o que possibilita averiguar o nível de evolução que se
apresenta na escrita da criança. Neste contexto, as
explorações que as crianças faz e acontecem mediante
estímulos propostos sob forma de jogos e atividades
relacionadas ao quotidiano das mesmas. Estes estímulos
também ajudarão a criança a aperfeiçoar cada vez mais a
escrita (FERREIRO, 1999).

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)


1. Defina a escrita do ponto de vista construtivo.

2. O desenvolvimento da escrita infantil está


relacionado às práticas?

3. Identifique as fases em que a criança aprende a


escrita
4. Segundo o manual em estudo, para se alfabetizar, a
criança precisa de:
A. Chorar pouco.
B. Sentir necessidade de falar.
C. Sentir necessidade de provar aos pais que sabe ler e
escrever.
D. Sentir necessidade de ler e escrever.
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TEXTUAL I

5. Os exemplos de actividades que envolvem a escrita


como função cultural levam a criança a entender que:
A. A escrita é uma simples tarefa de descodificação de
que não tem a ver com factores sociais.
B. A escrita não é decodificação, mas sim necessidade e
interação humana. A escrita medeia a relação com a
cultura pelo significado que adquire.
C. A escrita só está para registrar os momentos e ideias
do homem.
D. A escrita não tem relação com questões culturais, nem
ajuda na interação humana.

6. Quanto à alfabetização, Vygotsky (2000) considera


que é preciso levar em conta a história da passagem da
escrita como representação dos sons da fala para
linguagem, mas não só.
A. A alfabetização não pode se reduzir a um treino motor
nem à soletração, pois é uma função cultural complexa.
B. A alfabetização reduz-se ao saber soletrar e copiar.
C. A alfabetização é só para os adultos que não sabem
ler e escrever.
D. A alfabetização é uma questão política, apenas.
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TEXTUAL I

TEMA – II: CONSIDERAÇÕES GERAIS

UNIDADES DE ESCRITA
2.1. SIGNIFICADO DE TEXTO
2.2. PARÁGRAFO
2.3. FRASE
2.4. PALAVRA

UNIDADE Temática: 2.1. SIGNIFICADO DE TEXTO

Introdução

A noção de texto é ampla e ainda aberta a uma definição mais


precisa. Assim, um texto é uma ocorrência linguística, escrita ou
falada de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa,
semântica e formal. Neste contextos, há elementos que interferem
na produção, designadamente: textualidade, intertextualidade,
informatividade, situacionalidade e o contexto.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Definir o conceito de texto;


 Identificar os elementos do texto;
 Distinguir os diferentes tipos de textos;
Objectivos
 Caractecrizar cada um dos textos.
Específicos

Numa perspectiva de comunicação, entende-se naturalmente que a


língua funciona como um todo. Os alunos vão dominando
comportamentos que lhes permitirão integrar-se linguisticamente na
vida social e profissional, mediante à prática efectiva da língua em
situações diversificadas. Mas essas situações suscitam por vezes
dificuldades que só o domínio de algumas técnicas e o apoio de
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TEXTUAL I

algumas referências permitirão ultrapassar. Ora, quem escreve tem


de se tomar por referência algumas unidades fundamentais de
escrita, a saber:

Em linguística, a noção de texto3 é ampla e ainda aberta a uma


definição mais precisa. Grosso modo, pode ser entendido como
manifestação linguística das ideias de um autor, que serão
interpretadas pelo leitor de acordo com seus conhecimentos
linguísticos e culturais. Seu tamanho é variável.

"Um texto é uma ocorrência linguística, escrita ou falada de


qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa,
semântica e formal. É uma unidade de linguagem em uso."[3]

O interesse pelo texto como objecto de estudo gerou vários


trabalhos importantes de teóricos da Linguística Textual, que
percorreram fases diversas cujas características principais eram
transpor os limites da frase descontextualizada da gramática
tradicional e ainda incluir os relevantes papéis do autor e do leitor
na construção de textos.

Um texto pode ser escrito ou oral e, em sentido lato, pode ser


também não verbal.

Ou seja,

Define-se como texto4 a unidade linguística máxima, seja ela oral ou


escrita. Um texto é superior à oração, que está dotada de sentido e
de uma mensagem completa. A extensão do texto pode ser
variável. Enquanto a estrutura do texto existe uma organização da
forma e do conteúdo.

Ocasionalmente, a definição de texto é utilizada para nomear o


corpo de uma obra, seja ela impressa ou manuscrita, fazendo
oposição a tudo aquilo que vai separado do mesmo. O texto é

3 http://pt.wikepdia.org/wiki/texto, capturado no dia 18/09/2018 as 20:32min


4Artigo https://queconceito.com.br/texto, capturado no dia 19/09/2018 as 17:45min
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somente o corpo principal de um livro; não se considera como texto


o que está escrito na capa, o índice, etc. Entre as características de
um texto, podemos encontrar o que se denomina como coerência;
as diferentes ideias que apresentam as coerências devem ser de
contribuição para a criação de uma ideia geral; a coesão, onde
todas as sequencias de significado estão inter-relacionadas, e a
adequação, onde se devem apresentar todas as condições para
chegar ao seu leitor ideal.

Texto crítico é uma produção textual que parte de um processo


reflexivo e analítico gerando um conteúdo com crítica construtiva e
bem fundamentada.

Em artes gráficas, o texto é a parte verbal, linguística, por oposição


às ilustrações.

Todo o texto tem que ter alguns aspectos formais, ou seja, tem que
ter estrutura, elementos que estabelecem relação entre si. Dentro
dos aspectos formais temos a coesão e a coerência, que dão
sentido e forma ao texto. "A coesão textual é a relação, a ligação, a
conexão entre as palavras, expressões ou frases do texto” [4]. A
coerência está relacionada com a compreensão, a interpretação do
que se diz ou escreve. Um texto precisa ter sentido, isto é, precisa
ter coerência. Embora a coesão não seja condição suficiente para
que enunciados se constituam em textos, são os elementos
coesivos que lhes dão maior legibilidade e evidenciam as relações
entre seus diversos componentes, a coerência depende da coesão.

Textos literários e não literários

Os textos literários são aqueles que, em geral, têm o objetivo de


emocionar o leitor, e para isso exploram a linguagem conotativa ou
poética. Em geral, ocorre o predomínio da função emotiva e poética.

Exemplos de textos literários: poemas, romances literários,


contos, telenovelas.
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Os textos não literários pretendem informar o leitor de forma


direta e objetiva, a partir de uma linguagem denotativa. A função
referencial predomina-se nos textos não-literários.

Exemplos de textos não-literários: notícias e reportagens


jornalísticas, textos de livros didáticos de História, Geografia,
Ciências, textos científicos em geral, receitas culinárias, bulas de
remédio.

1. Lingüística do texto5

Descreve as regras básicas para a elaboração de frases corretas e


interessantes. Sua finalidade é tornar compreensível o que é ouvido
ou lido. Para que um texto tenha coerência, não basta que ele trate
somente de um assunto. É preciso também que os seus parágrafos
estejam relacionados e não apresentem contradições. Finalmente,
ele deve oferecer ao leitor ou ao ouvinte uma mensagem completa,
superior à simples reunião de orações e períodos.

2. Factores internos ou significativos

O parágrafo geralmente é a primeira unidade dos textos corridos e


em prosa. Formado por um número variável de frases encadeadas,
lógica e lingüisticamente, ele é finalizado graficamente por um ponto
final, de interrogação ou de exclamação.

Ao ler um texto, devemos em primeiro lugar, prestar atenção em


seu conteúdo informativo fundamental, ao qual se subordinam, de
modo articulado, vários enunciados.

A maioria das frases possui uma palavra-chave, que pode ser


percebida diretamente ou com a ajuda de outras palavras que a

5
Fonte: https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
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substituem. O segundo passo é identificar, nos diversos parágrafos,


as idéias secundárias.

3. Contexto

Qualquer texto deve estar baseado no conhecimento do mundo real


dos falantes. Essa é uma condição cuja finalidade é contribuir para
sua significação global. No contexto, deve-se ter em mente os
elementos que influenciam a mensagem:

Verbos implicativos são os que envolvem o leitor (conseguir,


evitar, concordar):

Exemplo: O monitor não evitou que as crianças se machucassem.


(As crianças machucaram-se)

Verbos factivos (como lamentar, perceber e idéias


preconceituosas que o falante expressa inconscientemente)
Exemplo: Daniela hoje não chegou tarde aos ensaios.
(Daniela habitualmente chega tarde)

4. Mecanismos de coesão

Nas frases e parágrafos que constituem o texto, devem aparecer


elementos lingüísticos. Esses elementos lingüísticos têm a função
de relacionar os parágrafos, as frases e as palavras:

– Enlaces fraseológicos: Como ia te dizendo. Tendo em vista o que


aconteceu.
– Enlaces entre parágrafos: Primeiramente… (em geral no início do
discurso); Finalmente…; Concluindo…; Por um lado…; Acima de
tudo…; No fundo…Outros enlaces têm caráter temporal,
comparativo, causal, consecutivo, explicativo:
– Enlaces entre orações: conjunções que relacionam orações
coordenadas ou subordinadas.
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– Enlaces léxicos: repetição de termos no texto, uso de sinônimos e


de antônimos. – Enlaces por repetição: anáfora – repetição de um
termo que apareceu anteriormente – catáfora – quando um
elemento remete a outro posterior; elementos dêiticos ou substitutos
– pronomes, advérbios, verbos e substantivos com ampla
significação: isto, aquilo, fazer, pegar, pessoa, coisa.

Contexto/Situação

São dois os fatores básicos que interferem na significação das


palavras:
O contexto lingüístico, pois toda a palavra aparece,
habitualmente, rodeada de outras palavras, em frases orais ou
escritas. São elas que ajudam a definir o exacto significado da
palavra:
Este café é muito doce.

Nesta frase, doce significa açucarado, significado diferente do que


apresenta nesta outra frase: Uma doce melodia preenchia o
ambiente.

A situação, ou contexto extralingüístico, e tudo mais que possa


estar relacionado ao acto da comunicação, como época, lugar,
hábitos lingüísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes:
Fogo!

Esta expressão não significa o mesmo diante de um edifício em


chamas e dentro de um campo de tiro.

Sumário

Nesta Unidade temática, estudámos e discutimos que texto é a


unidade linguística máxima, seja ela oral ou escrita. Um texto é
superior à oração, que está dotada de sentido e de uma mensagem
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TEXTUAL I

completa. A extensão do texto pode ser variável. Enquanto a


estrutura do texto existe uma organização da forma e do conteúdo.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. Defina o que é texto.

2. Diferencie textos literários de não literarios

3. Qual é a finalidade da linguística de texto?

4. Amor (2003) consideram três grandes etapas do processo


da produção textual, a saber:

A. Pré-escrita, escrita e pós-escrita.

B. Pré-escrita, planificação e escrita.

C. Pré-escrita, revisão e escrita.

D. Revisão, textualização e pré-escrita.

5. Segundo Mateus et al (2003:89), o conceito de coesão recobre


“todos os processos de sequencialização que:

A. Asseguram um sentido linguístico significativo do texto.

B. Quebram a ligação linguística significativa entre os elementos


que ocorrem na superfície textual

C. Tem a ver com os sinais de pontuação e acentuação.

D. Asseguram uma ligação linguística significativa entre os


elementos que ocorrem na superfície textual.

6.Os processos de coesão incluem elementos de várias categorias


gramaticais e recursos estilísticos como:

A. Vírgulas, pontos de exclamação e reticências.

B. Metáforas, substantivos próprios e adjectivos.

C. sons e letras.

D. Conetores, pronomes, advérbios, substitutos lexicais, elipse.


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Respostas:
1. Rever o 3º, 6° e 7° parágrafos da página
2. Rever o 12º à 15° parágrafos da página
3. Rever 16° parágrafo da página

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes)

1. "Um texto é uma ocorrência linguística, escrita ou falada de


qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa,
semântica e formal. É uma unidade de linguagem em uso."[3]

Define-se como texto6 a unidade linguística máxima, seja ela oral ou


escrita. Um texto é superior à oração, que está dotada de sentido e
de uma mensagem completa. A extensão do texto pode ser
variável. Enquanto a estrutura do texto existe uma organização da
forma e do conteúdo.

Ocasionalmente, a definição de texto é utilizada para nomear o


corpo de uma obra, seja ela impressa ou manuscrita, fazendo
oposição a tudo aquilo que vai separado do mesmo. O texto é
somente o corpo principal de um livro; não se considera como texto
o que está escrito na capa, o índice, etc. Entre as características de
um texto, podemos encontrar o que se denomina como coerência;
as diferentes ideias que apresentam as coerências devem ser de
contribuição para a criação de uma ideia geral; a coesão, onde
todas as sequencias de significado estão inter-relacionadas, e a

6Artigo https://queconceito.com.br/texto, capturado no dia 19/09/2018 as 17:45min


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TEXTUAL I

adequação, onde se devem apresentar todas as condições para


chegar ao seu leitor ideal.

2. Textos literários são aqueles que, em geral, têm o objetivo de


emocionar o leitor, e para isso exploram a linguagem conotativa ou
poética. Em geral, ocorre o predomínio da função emotiva e poética,
enquanto que textos não literários pretendem informar o leitor de
forma direta e objetiva, a partir de uma linguagem denotativa. A
função referencial predomina-se nos textos não-literários.

3. Sua finalidade é tornar compreensível o que é ouvido ou lido.


Para que um texto tenha coerência, não basta que ele trate
somente de um assunto. É preciso também que os seus parágrafos
estejam relacionados e não apresentem contradições. Finalmente,
ele deve oferecer ao leitor ou ao ouvinte uma mensagem completa,
superior à simples reunião de orações e períodos.

4. Amor (2003) consideram três grandes etapas do processo da


produção textual, a saber:

A. Pré-escrita, escrita e pós-escrita.

5. Segundo Mateus et al (2003:89), o conceito de coesão recobre


“todos os processos de sequencialização que:

D. Asseguram uma ligação linguística significativa entre os


elementos que ocorrem na superfície textual.

6. Os processos de coesão incluem elementos de várias categorias


gramaticais e recursos estilísticos como:

D. Conetores, pronomes, advérbios, substitutos lexicais, elipse.

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)

1. Defina o que é texto.

2. Diferencie textos literários de não literarios

3. Qual é a finalidade da linguística de texto


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TEXTUAL I

4. Um texto é uma ocorrência linguística, escrita ou falada de


qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa,
semântica e formal. Em outras palavras,

A. É uma unidade de gramática normativa.

B. É uma unidade de linguagem em uso.

C. É um livro de comunicação verbal.

D. É uma frase oral ou escrita.

5. Um texto pode ser escrito ou oral e, em sentido lato, pode ser


também não-verbal. Ou seja,

A. Define-se como texto a unidade linguística máxima, seja ela oral


ou escrita. Um texto é superior à oração, que está dotada de
sentido e de uma mensagem completa.

B. Define-se texto a gramática normativa que rege a boa produção


textual.

C. O texto é uma unidade linguística verbal.

D. O texto nunca pode ser não-verbal.

6. Texto crítico é:

A. Uma produção textual que parte de um processo decisório e


duvidoso em relação ao conteúdo censurado.

B. Uma produção textual que sempre termina com o levantamento


de questões negativas.

C. Uma produção textual que parte de um processo reflexivo e


analítico gerando um conteúdo com crítica construtiva e bem
fundamentada.

D. Uma planificação textual que parte da pergunta de partida, da


delimitação do tema e termina com a revisão.
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UNIDADE Temática: 2.2. PARÁGRAFO

Introdução

Parágrafo significa uma parte do texto separada das demais e que


se caracteriza por desenvolver sua própria ideia. A separação de
um texto em parágrafos garante uma ordem ao leitor e facilita sua
compreensão
O estabelecimento de parágrafos é uma prática comum a todo tipo
de discurso, seja ele científico, literário, jornalístico, etc.
Do ponto de vista formal, os parágrafos podem ser distinguidos em
três tipos: parágrafo espanhol, alemão, e francês.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Definir o conceito de parágrafo;

 Enumerar as dicas sobre o parágrafo


Objectivos
Específicos
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TEXTUAL I

Parágrafo7 significa uma parte do texto separada das demais e que


se caracteriza por desenvolver sua própria ideia.

A separação de um texto em parágrafos garante uma ordem ao


leitor e facilita sua compreensão. O estabelecimento de parágrafos
é uma prática comum a todo tipo de discurso, seja ele científico,
literário, jornalístico, etc. Do ponto de vista formal, os parágrafos
podem ser distinguidos em três tipos:
- O primeiro chama-se parágrafo espanhol, caracterizado por um
recuo no começo da oração inicial e que sem dúvida é o seu
recurso mais apreciado.
- O segundo chama-se parágrafo alemão, caracterizado pela
ausência de recuos, apenas se diferencia por causa de um espaço
que o separa do resto do texto.
- E por último, o chamado parágrafo francês, que possui um recuo
em todas as suas linhas excepto na primeira; pode ser encontrado
para listar itens predominantemente em dicionários, bibliografias,
etc.

Em relação ao tempo, o parágrafo pode ser definido como uma


pausa mais longa que se refere à evolução de um discurso

Isto é válido ressaltar, porque a escrita representa as peculiaridades


da oralidade em muitos aspectos. Portanto é importante que a
separação em parágrafos não seja arbitrária, mas que obedeça as
próprias razões da ideia exposta. Claro que, não existe uma regra
fixa e definitiva no que se diz respeito em como deve ser a
separação em parágrafos de um texto qualquer, mas que em geral
sejam utilizados critérios semânticos para realizar a tarefa em
questão.

Um texto qualquer tem geralmente uma intenção expositiva

7
Artigo https://queconceito.com.br/texto, capturado no dia 19/09/2018 as
17:55min
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TEXTUAL I

Para isso, ele desenvolve ideias e conceitos que visam uma


conclusão ou um desenlace. Cada parágrafo feito isoladamente é
uma unidade de sentido que expõe um pensamento principal e é
rodeado de aspectos secundários. Assim, cada parágrafo deve ter
em seu interior um pequeno desenvolvimento sobre algum tema.

Por outro lado, um parágrafo deve manter relação com o resto do


texto. É por isso que alguns parágrafos devem ter conectores que
remetem a parágrafos passados ou futuros, isto é, devem
evidenciar uma perspectiva e uma retrospectiva que garantam a
coesão do discurso. Neste sentido, um texto que revela deficiências
oferece dificuldades em sua compreensão.

Assim sendo, o conjunto de ideias que utilizamos pode ser dividido


em dois blocos: as primárias e as secundárias. As primeiras são
essenciais e definem o aspecto fundamental de uma realidade
concreta. Já as secundárias são acessórias e dependem
hierarquicamente das primárias.

As ideias secundárias na análise de textos

Um texto literário, científico ou de qualquer outra índole apresenta


uma ideia principal. E esta ideia principal é a tese central de algo.

Dentro de um romance pode apresentar a seguinte ideia principal:


dois jovens de diferentes classes sociais se apaixonam e enfrentam
todo tipo de dificuldade. A partir desta ideia surge uma série de
ideias secundárias dentro da romance, como os mais variados
conflitos existentes entre os amantes e suas preocupações
pessoais.

Num documento, no contexto acadêmico, o aluno deve distinguir


entre as ideias primárias e as secundárias. Para isso, pode utilizar
diferentes estratégias como o sublinhado do texto ou os mapas
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conceituais.

Em qualquer texto, a relação entre ideias primárias e secundárias


deve manter uma coerência e uma coesão. Pode-se dizer que, um
texto é coerente quando o significado dos seus parágrafos se
organiza e relaciona de forma lógica e com sentido. A coerência
pode ser alcançada através da repetição de palavras-chave ou
usando sinônimos adequados. Afirma-se que um texto tem coesão
quando as ideias primárias e secundárias fluem corretamente nos
parágrafos. Para que um texto seja compreendido é imprescindível
que haja combinação entre a coerência e a coesão.

Do ponto de vista gramatical, as orações principais de um texto


representam as idéias primárias e as orações secundárias fazem
referência às ideias secundárias.

Na compreensão dos acontecimentos

Além dos textos, organizamos a realidade em nossas mentes a


partir da distinção entre a ideia principal e ideia secundária. Pode-se
dizer que a ideia principal é o “o que" e a secundária é o "como".
Vamos imaginar a cena de um crime. O investigador precisa
observar o que aparece no local e em quais condições, de maneira
secundária deve reconstruir como poderiam ser os fatos.

Na filosofia ocidental, as ideias organizam-se seguindo o esquema


das primárias e das secundárias. Aristóteles explicava a realidade
de uma coisa diferenciando a substância dos acidentes e os
filósofos empiristas distinguiam entre ideias simples e complexas.

O parágrafo é um dos elementos mais importantes de um texto. Ele


apresenta funções bem definidas, característica que facilita a sua
construção.
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Para escrever bem, antes de qualquer coisa, é preciso ser um bom


leitor. Você já deve saber que a leitura nos permite conhecer na
prática o funcionamento da língua e, à medida que nos tornamos
leitores assíduos, as regras gramaticais ficam internalizadas. Esse é
um processo que confere certa organicidade ao aprendizado. Mas,
além da leitura, é sempre conveniente conhecer algumas técnicas
de estruturação do texto, tópico que ainda desperta muitas dúvidas
no momento da escrita.

E por falar em técnicas que nos ajudam a melhor estruturar o texto,


hoje você vai aprender um pouco mais sobre a estrutura do
parágrafo. O parágrafo é um dos elementos mais importantes de
qualquer redação e possui funções bem definidas, embora nem
todos tenham conhecimento delas. A falta de domínio na
composição do parágrafo afeta não só a construção da superfície
do texto, mas também sua coerência e coesão, outros dois
elementos imprescindíveis. Vamos aprender um pouco mais? Boa
leitura e bons estudos!
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Apresentar apenas uma ideia-núcleo e um tópico frasal assertivo


estão entre as principais dicas sobre a estruturação do parágrafo.

Cinco dicas sobre o parágrafo:

► Dica 1: A primeira dica certamente diz muito sobre o parágrafo e,


por esse motivo, talvez seja a mais importante. É fundamental que
você entenda que um único parágrafo não comporta várias ideias,
ou seja, cada parágrafo deve apresentar apenas uma ideia-
núcleo. Apresentada a ideia-núcleo, que é a mais importante, você
poderá desenvolver ideias secundárias, que logicamente devem
dialogar com a ideia principal. Se você perceber que está mudando
de assunto ou que é hora de apresentar outra ideia-núcleo, inicie
um novo parágrafo;

► Dica 2: Você sabe o que é um tópico frasal? O tópico frasal é a


frase inicial de cada parágrafo, portanto, é a frase que resume de
maneira assertiva todo o seu conteúdo. Por se tratar de uma
afirmação categórica, é indispensável que o tópico frasal seja
objetivo e conciso. Para que esse resultado seja alcançado, ele
deve ser composto por, no máximo, duas ou três orações. Se o
tópico frasal ficar extenso, tente resumi-lo, assim você terá mais
facilidade para desenvolver a ideia-núcleo;
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TEXTUAL I

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► Dica 3: Você sabe qual é o tamanho ideal de um parágrafo? Na


verdade, não existe nenhuma regra que determine o tamanho
exacto do parágrafo, contudo, o bom senso no momento da
escrita é imprescindível. Lógico que ele não deve ser muito extenso
e nem muito curto, embora existam parágrafos formados por uma
única linha (recurso comum nos textos literários). Mas se você tem
muitas dúvidas, três frases para cada parágrafo é um número
satisfatório. Lembre-se de que essa é uma sugestão, pois seu texto
não deve ficar engessado;

► Dica 4: Assim como o texto, o parágrafo também possui uma


estrutura padrão, sobretudo nos textos do tipo dissertativo-
argumentativo e também em alguns gêneros típicos do jornalismo.
Ele deve ser formado por três partes elementares: a ideia-núcleo;
as ideias secundárias e a conclusão (em parágrafos curtos
geralmente não há conclusão), essa última reafirmará a ideia-
núcleo;

► Dica 5: Quando terminar de escrever seu texto, leia-o em voz


alta para encontrar possíveis falhas na paragrafação. Além de
questões estruturais, é possível que você encontre também
problemas relacionados com a coerência, que são muito comuns
quando o escritor apresenta dificuldades para construir um
parágrafo de maneira adequada. Se você perceber que não
obedeceu à regra básica de não misturar várias ideias-núcleo em
um mesmo parágrafo, não se desespere: siga as nossas dicas e
tente reestruturar o seu texto. Nunca se esqueça de que um bom
escritor sempre está disposto a reescrever seu texto se preciso for.

Sumário

O parágrafo é um dos elementos mais importantes de qualquer


redação e possui funções bem definidas, embora nem todos
tenham conhecimento delas. A falta de domínio na composição do
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TEXTUAL I

parágrafo afeta não só a construção da superfície do texto, mas


também sua coerência e coesão, outros dois elementos
imprescindíveis.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. Defina o que é parágrafo.

2. Do ponto de vista formal, os parágrafos podem ser


distinguidos em três tipos. Mencione.

3. O que é necessário para um indivíduo escrever bem?

4. Apresente a estrutura de um parágrafo de acordo com a


unidade em estudo.

5. Diga quantos e quais são as dicas sobre o parágrafo.

Respostas:
1. Rever o 1º parágrafo da página
2. Rever o 2º e 3° parágrafo da página
3. Rever 16° parágrafo da página
4. Rever 17° parágrafo da página
5. Rever 18° parágrafo da página

GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes)

1. Parágrafo significa uma parte do texto separada das demais e que se


caracteriza por desenvolver sua própria ideia.
2. Do ponto de vista formal, os parágrafos podem ser distinguidos em três
tipos:
- O primeiro chama-se parágrafo espanhol, caracterizado por um recuo no
começo da oração inicial e que sem dúvida é o seu recurso mais apreciado.
- O segundo chama-se parágrafo alemão, caracterizado pela ausência de
recuos, apenas se diferencia por causa de um espaço que o separa do resto
do texto.
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TEXTUAL I

- E por último, o chamado parágrafo francês, que possui um recuo em todas


as suas linhas exceto na primeira; pode ser encontrado para listar itens
predominantemente em dicionários, bibliografias, etc.
3. Para escrever bem, antes de qualquer coisa, é preciso ser um bom leitor.
Você já deve saber que a leitura nos permite conhecer na prática o
funcionamento da língua e, à medida que nos tornamos leitores assíduos, as
regras gramaticais ficam internalizadas.

4. O parágrafo é um dos elementos mais importantes de qualquer redação e


possui funções bem definidas, embora nem todos tenham conhecimento
delas. A falta de domínio na composição do parágrafo afeta não só a
construção da superfície do texto, mas também sua coerência e coesão,
outros dois elementos imprescindíveis.
5. São 5 dicas a saber:

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)

1. Defina o que é parágrafo.

2. Do ponto de vista formal, os parágrafos podem ser


distinguidos em três tipos. Mencione.

3. O que é necessário para um indivíduo escrever bem?

4. Apresente a estrutura de um parágrafo de acordo com a


ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

unidade em estudo.

5. Diga quantos e quais são as dicas sobre o parágrafo.

UNIDADE Temática: 2.3. FRASE

Introdução

A frase define-se pelo seu propósito comunicativo, ou seja, pela sua


capacidade de, num intercâmbio linguístico, transmitir um conteúdo
satisfatório para a situação em que é utilizada.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Definir o conceito de frase;


 Enumerar os diferentes tipos de frase;
 Classificar os diferentes tipos de sujeito.
Objectivos
Específicos
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Frase8 é todo o enunciado de sentido completo, podendo ser


formada por uma só palavra ou por várias, podendo ter verbos ou
não. A frase exprime, através da fala ou da escrita:

 Ideias;

 Emoções;

 Ordens;

 apelos

A frase define-se pelo seu propósito comunicativo, ou seja, pela


sua capacidade de, num intercâmbio linguístico, transmitir um
conteúdo satisfatório para a situação em que é utilizada.

Exemplos:

O Brasil possui um grande potencial turístico.

Espantoso!

Não vá embora.Silêncio!

O telefone está tocando.

Observação: a frase que não possui verbo denomina-se Frase


Nominal.

Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoação, que indica


nitidamente seu início e seu fim. A entoação pode vir acompanhada
por gestos, expressões do rosto, do olhar, além de ser
complementada pela situação em que o falante se encontra. Esses
factos contribuem para que frequentemente surjam frases muito
simples, formadas por apenas uma palavra. Observe:

8
https://www.soportugues.com.br."Análise Sintática" em Só Português.
Virtuous Tecnologia da Informação, 2007-2018. Consultado em
21/10/2018 às 17:10. Disponível na Internet em
https://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint1.php
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TEXTUAL I

Rua!
Ai!

Essas palavras, dotadas de entoação própria, e acompanhadas de


gestos peculiares, são suficientes para satisfazer suas
necessidades expressivas.

Na língua escrita, a entoação é representada pelos sinais de


pontuação, os quais procuram sugerir a melodia frasal.
Desaparecendo a situação viva, o contexto é fornecido pelo próprio
texto, o que acaba tornando necessário que as frases escritas
sejam linguisticamente mais completas. Essa maior complexidade
linguística leva a frase a obedecer as regras gerais da língua.
Portanto, a organização e a ordenação dos elementos formadores
da frase devem seguir os padrões da língua. Por isso é que:

As meninas estavam alegres.

constitui uma frase, enquanto:

Alegres meninas estavam as.

não é considerada uma frase da língua portuguesa

Tipos de Frases

Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só podem ser


integralmente captados se atentarmos para o contexto em que são
empregadas. É o caso, por exemplo, das situações em que se
explora a ironia. Pense, por exemplo, na frase "Que educação!",
usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro, a faixa de
pedestres. Nesse caso, ela expressa exatamente o contrário do que
aparentemente diz.

A entoação é um elemento muito importante da frase falada, pois


nos dá uma ampla possibilidade de expressão. Dependendo de
como é dita, uma frase simples como "É ela." pode indicar
constatação, dúvida, surpresa, indignação, decepção, etc. Na língua
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TEXTUAL I

escrita, os sinais de pontuação podem agir como definidores do


sentido das frases.

Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou menos


previsível, de acordo com o sentido que transmitem. São elas:

a) Frases Interrogativas: ocorrem quando uma pergunta é feita


pelo emissor da mensagem. São empregadas quando se deseja
obter alguma informação. A interrogação pode ser direta ou indireta.

Você aceita um copo de suco? (Interrogação direta)


Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Interrogação
indireta)

b) Frases Imperativas: ocorrem quando o emissor da mensagem


dá uma ordem, um conselho ou faz um pedido, utilizando o verbo
no modo imperativo. Podem ser afirmativas ou negativas.

Faça-o entrar no carro! (Afirmativa)

Não faça isso. (Negativa)

Dê-me uma ajudinha com isso! (Afirmativa)

c) Frases Exclamativas: nesse tipo de frase, o emissor exterioriza


um estado afetivo. Apresentam entoação ligeiramente prolongada.

Por Exemplo: Que prova difícil!

É uma delícia esse bolo!

d) Frases Declarativas: ocorrem quando o emissor constata um


fato. Esse tipo de frase informa ou declara alguma coisa. Podem ser
afirmativas ou negativas.

Obrigaram o rapaz a sair. (Afirmativa)

Ela não está em casa. (Negativa)

e) Frases Optativas: são usadas para exprimir um desejo.


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TEXTUAL I

Por Exemplo: Deus te acompanhe!

Bons ventos o levem!

De acordo com a construção, as frases classificam-se em:

Frase Nominal: é a frase construída sem verbos.

Exemplos:

Fogo!
Cuidado!
Belo serviço o seu!

Trabalho digno desse feirante.

Frase Verbal: é a frase construída com verbo.

Por Exemplo:

O sol ilumina a cidade e aquece os dias.

Os casais saíram para jantar.

A bola rolou escada abaixo.

Estrutura da frase

As frases que possuem verbo são geralmente estruturadas a partir


de dois elementos essenciais: sujeito e predicado. Isso não
significa, no entanto, que tais frases devam ser formadas, no
mínimo, por dois vocábulos. Na frase "Saímos", por exemplo, há um
sujeito implícito na terminação do verbo: nós.

O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número


e pessoa. É normalmente o "ser de quem se declara algo", "o tema
do que se vai comunicar".

O predicado é a parte da frase que contém "a informação nova


para o ouvinte". Normalmente, ele se refere ao sujeito, constituindo
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TEXTUAL I

a declaração do que se atribui ao sujeito. É sempre muito


importante analisar qual é o núcleo significativo da declaração: se o
núcleo da declaração estiver no verbo, teremos um predicado
verbal (ocorre nas frases verbais); se o núcleo da declaração
estiver em algum nome, teremos um predicado nominal (ocorre
nas frases nominais que possuem verbo de ligação).

Observe:

O amor é eterno.

O tema, o ser de quem se declara algo, o sujeito, é "O amor". A


declaração referente a "o amor", ou seja, o predicado, é "é
eterno". É um predicado nominal, pois seu núcleo significativo é o
nome "eterno". Já na frase:

Os rapazes jogam futebol.

O sujeito é "Os rapazes", que identificamos por ser o termo que


concorda em número e pessoa com o verbo "jogam". O predicado
é "jogam futebol", cujo núcleo significativo é o verbo "jogam".
Temos, assim, um predicado verbal.

Oração

Uma frase verbal pode ser também uma oração. Para isso é
necessário:

- que o enunciado tenha sentido completo;

- que o enunciado tenha verbo (ou locução verbal).

Por Exemplo:

Camila terminou a leitura do livro.

Obs.: Na oração, as palavras estão relacionadas entre si, como


partes de um conjunto harmônico: elas são os termos ou as
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TEXTUAL I

unidades sintáticas da oração. Assim, cada termo da oração


desempenha uma função sintática.

Atenção:

Nem toda a frase é oração.

Por Exemplo: Que dia lindo!

Esse enunciado é frase, pois tem sentido.

Esse enunciado não é oração, pois não possui verbo.

Assim, não possuem estrutura sintática, portanto não são orações,


frases como:

Socorro! - Com Licença! - Que rapaz ignorante!

A frase pode conter uma ou mais orações. Veja:

Brinquei no parque. (uma oração)

Entrei na casa e sentei-me. (duas orações)

Cheguei, vi, venci. (três orações)

Período

Período é a frase constituída de uma ou mais orações, formando


um todo, com sentido completo. O período pode ser simples ou
composto.

Período Simples é aquele constituído por apenas uma oração,


que recebe o nome de oração absoluta.

Exemplos:

O amor é eterno.
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TEXTUAL I

As plantas necessitam de cuidados especiais.

Quero aquelas rosas.

O tempo é o melhor remédio.

Período Composto é aquele constituído por duas ou mais


orações.

Exemplos:

Quando você partiu minha vida ficou sem alegrias.

Quero aquelas flores para presentear minha mãe.

Vou gritar para todos ouvirem que estou sabendo o que


acontece ao anoitecer.

Cheguei, jantei e fui dormir.

Saiba que:

Como toda a oração está centrada num verbo ou numa locução


verbal, a maneira prática de saber quantas orações existem num
período é contar os verbos ou locuções verbais.

Objetivos da análise sintática

A análise sintáctica tem como objetivo examinar a estrutura de um


período e das orações que compõem um período.

Estrutura de um período

Observe:

Conhecemos mais pessoas quando estamos viajando.


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TEXTUAL I

Ao analisarmos a estrutura do período acima, é possível identificar


duas orações: Conhecemos mais pessoas e quando estamos
viajando.

Termos da oração

No período "Conhecemos mais pessoas quando estamos viajando",


existem seis palavras. Cada uma delas exerce uma determinada
função nas orações. Em análise sintática, cada palavra da oração é
chamada de termo da oração. Termo é a palavra considerada de
acordo com a função sintática que exerce na oração.

Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira, os termos da


oração podem ser:

1) Essenciais

Também conhecidos como termos "fundamentais", são


representados pelo sujeito e predicado nas orações.

2) Integrantes

Completam o sentido dos verbos e dos nomes, são representados


por:

complemento verbal - objecto directo e indirecto; complemento


nominal; agente da passiva.

3) Acessórios

Desempenham função secundária (especificam o substantivo ou


expressam circunstância). São representados por:

adjunto adnominal; adjunto adverbial; aposto.

Obs.:
O vocativo, em análise sintática, é um termo à parte: não pertence à
estrutura da oração.
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TEXTUAL I

Sujeito e predicado

Para que a oração tenha significado, são necessários alguns termos


básicos: os termos essenciais.

A oração possui dois termos essenciais, o sujeito e o predicado.

Sujeito: termo sobre o qual o restante da oração diz algo.

Por Exemplo:

As praias estão cada vez mais poluídas.

Sujeito

Predicado: termo que contém o verbo e informa algo sobre o


sujeito.

Por Exemplo:

As praias estão cada vez mais poluídas.

Predicado

Posição do sujeito na oração

Dependendo da posição de seus termos, a oração pode estar:

1. Na ordem direta: o sujeito aparece antes do predicado.

Por exemplo:

As crianças brincavam despreocupadas.

Sujeito Predicado

2. Na Ordem Inversa: o sujeito aparece depois do predicado.


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TEXTUAL I

Brincavam despreocupadas as crianças.

Predicado Sujeito

Sujeito no Meio do Predicado:

Despreocupadas, as crianças brincavam.

Predicado Sujeito Predicado

Classificação do sujeito

O sujeito das orações da língua portuguesa pode ser determinado


ou indeterminado. Existem ainda as orações sem sujeito.

Sujeito determinado

É aquele que se pode identificar com precisão a partir da


concordância verbal. Pode ser:

a) Simples

Apresenta apenas um núcleo ligado diretamente ao verbo.

Por exemplo:

A rua estava deserta.

Observação: não se deve confundir sujeito simples com a noção de


singular. Diz-se que o sujeito é simples quando o verbo da oração
se refere a apenas um elemento, seja ele um substantivo (singular
ou plural), um pronome, um numeral ou uma oração subjetiva.

Por exemplo:

Os meninos estão gripados.


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TEXTUAL I

Todos cantaram durante o passeio.

b) Composto

Apresenta dois ou mais núcleos ligados diretamente ao verbo.

Tênis e natação são ótimos exercícios físicos.

c) Implícito

Ocorre quando o sujeito não está explicitamente representado na


oração, mas pode ser identificado.

Por Exemplo: Dispensamos todos os funcionários.

Nessa oração, o sujeito é implícito e determinado, pois está


indicado pela desinência verbal -mos.

Observação: o sujeito implícito também é chamado de sujeito


elíptico, subentendido ou desinencial. Antigamente era denominado
sujeito oculto.

Sujeito indeterminado

É aquele que, embora existindo, não se pode determinar nem pelo


contexto, nem pela terminação do verbo. Na língua portuguesa, há
três maneiras diferentes de indeterminar o sujeito de uma oração:

a) Com verbo na 3ª pessoa do plural:

O verbo é colocado na terceira pessoa do plural, sem que se refira


a nenhum termo identificado anteriormente (nem em outra oração):

Por exemplo:

Procuraram você por todos os lugares.

Estão pedindo seu documento na entrada da festa.

b) Com verbo ativo na 3ª pessoa do singular, seguido do


pronome se:
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TEXTUAL I

O verbo vem acompanhado do pronome se, que atua como índice


de indeterminação do sujeito. Essa construção ocorre com verbos
que não apresentam complemento direto (verbos intransitivos,
transitivos indiretos e de ligação). O verbo obrigatoriamente fica na
terceira pessoa do singular.

Exemplos:

Vive-se melhor no campo. (Verbo Intransitivo)

Precisa-se de técnicos em informática. (Verbo Transitivo Indireto)


No casamento, sempre se fica nervoso. (Verbo de Ligação)
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TEXTUAL I

Entendendo a partícula Se

As construções em que ocorre a partícula se podem apresentar


algumas dificuldades quanto à classificação do sujeito.

Veja:

a) Aprovou-se o novo candidato.

Sujeito

Aprovaram-se os novos candidatos.

Sujeito

b) Precisa-se de professor. (Sujeito Indeterminado)

Precisa-se de professores. (Sujeito Indeterminado)

No caso a, o se é uma partícula apassivadora e o verbo está na voz


passiva sintética, concordando com o sujeito. Observe a
transformação das frases para a voz passiva analítica:

O novo candidato foi aprovado.

Sujeito

Os novos candidatos foram aprovados.

Sujeito

No caso b, se é índice de indeterminação do sujeito e o verbo está


na voz ativa. Nessas construções, o sujeito é indeterminado e o
verbo fica sempre na 3ª pessoa do singular.
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TEXTUAL I

c) Com o verbo no infinitivo impessoal:

Por exemplo:

Era penoso estudar todo aquele conteúdo.


É triste assistir a estas cenas tão trágicas.

Obs.: quando o verbo está na 3ª pessoa do plural, fazendo


referência a elementos explícitos em orações anteriores ou
posteriores, o sujeito é determinado.

Por Exemplo:

Felipe e Marcos foram à feira. Compraram muitas verduras.

Nesse caso, o sujeito de compraram é eles (Felipe e Marcos).


Ocorre sujeito oculto.

Oração sem sujeito

Uma oração sem sujeito é formada apenas pelo predicado e


articula-se a partir de um verbo impessoal. Observe a estrutura
destas orações:

Sujeito Predicado

- Havia formigas na casa.

- Nevou muito este ano em Nova Iorque.

É possível constatar que essas orações não têm sujeito. Constituem


a enunciação pura e absoluta de um fato, através do predicado. O
conteúdo verbal não é atribuído a nenhum ser, a mensagem centra-
se no processo verbal. Os casos mais comuns de orações sem
sujeito da língua portuguesa ocorrem com:
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TEXTUAL I

a) Verbos que exprimem fenômenos da natureza:

Nevar, chover, ventar, gear, trovejar, relampejar, amanhecer,

anoitecer, etc.

Por exemplo:

Choveu muito no inverno passado.

Amanheceu antes do horário previsto.

Observação: quando usados na forma figurada, esses verbos


podem ter sujeito determinado.

Por exemplo:

Choviam crianças na distribuição de brindes. (crianças=sujeito)


Já amanheci cansado. (eu=sujeito)

b) Verbos ser, estar, fazer e haver, quando usados para indicar


uma ideia de tempo ou fenômenos meteorológicos:

Ser: É noite. (Período do dia)

Eram duas horas da manhã. (Hora)

Obs.: ao indicar tempo, o verbo ser varia de acordo com a


expressão numérica que o acompanha. (É uma hora/ São nove
horas)

Hoje é (ou são) 15 de março. (Data)

Obs.: ao indicar data, o verbo ser poderá ficar no singular,


subentendendo-se a palavra dia, ou então irá para o plural,
concordando com o número de dias.

Estar: Está tarde. (Tempo)

Está muito quente.(Temperatura)


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TEXTUAL I

Fazer: Faz dois anos que não vejo meu pai. (Tempo decorrido)
Fez 39° C ontem. (Temperatura)

Haver: Não a vejo há anos. (Tempo decorrido)


Havia muitos alunos naquela aula. (Verbo Haver significando
existir)

Atenção:

Com exceção do verbo ser, os verbos impessoais devem ser


usados SEMPRE NA TERCEIRA PESSOA DO SINGULAR.
Devemos ter cuidado com os verbos fazer e haver usados
impessoalmente: não é possível usá-los no plural.

Por Exemplo: Faz muitos anos que nos conhecemos.


Deve fazer dias quentes na Bahia.

Veja outros exemplos:

Há muitas pessoas interessadas na reunião.


Houve muitas pessoas interessadas na reunião.
Havia muitas pessoas interessadas na reunião.
Haverá muitas pessoas interessadas na reunião.
Deve ter havido muitas pessoas interessadas na reunião.
Pode ter havido muitas pessoas interessadas na reunião.

Predicado

Predicado é aquilo que se declara a respeito do sujeito. Nele é


obrigatória a presença de um verbo ou locução verbal.

Quando se identifica o sujeito de uma oração, identifica-se também


o predicado.
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TEXTUAL I

Em termos, tudo o que difere do sujeito (e do vocativo, quando


ocorrer) numa oração é o seu predicado. Veja alguns exemplos:

As mulheres compraram roupas novas.

Predicado

Durante o ano, muitos alunos desistem do curso.

Predicado Predicado

A natureza é bela.

Predicado

Os verbos no predicado

Em todo predicado existe necessariamente um verbo ou uma


locução verbal. Para analisar a importância do verbo no predicado,
devemos considerar dois grupos distintos: os verbos nocionais e
os não nocionais.

Os verbos nocionais são os que exprimem processos; em outras


palavras, indicam ação, acontecimento, fenômeno natural, desejo,
atividade mental:Acontecer – considerar – desejar – julgar – pensar
– querer – suceder – chover – correr fazer – nascer – pretender –
raciocinar
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TEXTUAL I

Esses verbos são sempre núcleos dos predicados em que


aparecem.

Os verbos não nocionais exprimem estado; são mais conhecidos


como verbos de ligação.

Fazem parte desse grupo, entre outros: Ser – estar – permanecer –


continuar – andar – persistir – virar – ficar – achar-se - acabar –
tornar-se – passar (a)

Os verbos não nocionais sempre fazem parte do predicado, mas


não atuam como núcleos.

Para perceber se um verbo é nocional ou não nocional, é


necessário considerar o contexto em que é usado. Assim, na
oração:Ela anda muito rápido.

O verbo andar exprime uma ação, atuando como um verbo


nocional. Já na oração:Ela anda triste.

O verbo exprime um estado, atuando como verbo não nocional.

Predicação verbal

Chama-se predicação verbal o resultado da ligação que se


estabelece entre o sujeito e o verbo e entre os verbos e os
complementos. Quanto à predicação, os verbos podem ser
intransitivos, transitivos ou de ligação.

Verbo intransitivo

É aquele que traz em si a ideia completa da ação, sem necessitar,


portanto, de um outro termo para completar o seu sentido. Sua ação
não transita.

Por exemplo: O avião caiu.

O verbo cair é intransitivo, pois encerra um significado completo.


Se desejar, o falante pode acrescentar outras informações, como:
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local: O avião caiu sobre as casas da periferia.

modo: O avião caiu lentamente.

tempo: O avião caiu no mês passado.

Essas informações ampliam o significado do verbo, mas não são


necessárias para que se compreenda a informação básica.

Verbo transitivo

É o verbo que vem acompanhado por complemento: quem sente,


sente algo; quem revela, revela algo a alguém. O sentido desse
verbo transita, isto é, segue adiante, integrando-se aos
complementos, para adquirir sentido completo. Veja:

S. Simples Predicado

As crianças precisam de carinho.

1 2

1= Verbo Transitivo

2= Complemento Verbal (Objecto)

O verbo transitivo pode ser:

a) Transitivo Direto: é quando o complemento vem ligado ao verbo


diretamente, sem preposição obrigatória.

Por Exemplo:

Nós escutamos nossa música favorita.


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TEXTUAL I

1= Verbo Transitivo Directo

b) Transitivo Indirecto: é quando o complemento vem ligado ao


verbo indiretamente, com preposição obrigatória.

Por Exemplo:

Eu gosto de sorvete.

2 = Verbo Transitivo Indireto

de= preposição

Verbo de ligação

É aquele que, expressando estado, liga características ao sujeito,


estabelecendo entre eles (sujeito e características) certos tipos de
relações.

O verbo de ligação pode expressar:

a) estado permanente: ser, viver. Por Exemplo:

Sandra é alegre.

Sandra vive alegre.

b) estado transitório: estar, andar, achar-se, encontrar-se. Por


exemplo:

Mamãe está bem.

Mamãe encontra-se bem.


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c) estado mutatório: ficar, virar, tornar-se, fazer-se. Por exemplo:

Júlia ficou brava.

Júlia fez-se brava.

d) continuidade de estado: continuar, permanecer. Por exemplo:

Renato continua mal.

Renato permanece mal.

e) estado aparente: parecer. Por exemplo:

Marta parece melhor.

Observação: a classificação do verbo quanto à predicação deve ser


feita de acordo com o contexto e não isoladamente. Um mesmo
verbo pode aparecer ora como intransitivo, ora como de ligação.
Veja:

1 - O jovem anda devagar.

anda = verbo intransitivo, expressa uma ação.

2 - O jovem anda preocupado.

anda= verbo de ligação, expressa um estado

c) Transitivo Directo e Indirecto: é quando a ação contida no


verbo transita para o complemento direta e indiretamente, ao
mesmo tempo.

Por Exemplo:

Ela contou tudo ao namorado.


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3= Verbo Transitivo Direto e Indireto

a= preposição

Classificação do predicado

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo


significativo está num nome ou num verbo.

Além disso, devemos considerar se as palavras que formam o


predicado referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
oração.

Veja o exemplo abaixo:

Os animais necessitam de cuidados especiais.


Sujeito Predicado

O predicado, apesar de ser formado por muitas palavras, apresenta


apenas uma que se refere ao sujeito: necessitam. As demais
palavras ligam-se direta ou indiretamente ao verbo (necessitar é,
no caso, de algo), que assume, assim, o papel de núcleo
significativo do predicado. Já em:

A natureza é bela.

Sujeito Predicado

No exemplo acima, o nome bela se refere, por intermédio do verbo,


ao sujeito da oração. O verbo agora atua como elemento de ligação
entre sujeito e a palavra a ele relacionada. O núcleo do predicado é
bela. Veja o próximo exemplo:

O dia amanheceu ensolarado.


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TEXTUAL I

Sujeito Predicado

Percebemos que as duas palavras que formam o predicado estão


diretamente relacionadas ao sujeito: amanheceu (verbo
significativo) e ensolarado (nome que se refere ao sujeito). O
predicado apresenta, portanto, dois núcleos: amanheceu e
ensolarado.

Tomando por base o núcleo do que está sendo declarado, podemos


reconhecer três tipos de predicado: verbal, nominal e verbo-
nominal.

Predicado verbal

Apresenta as seguintes características:

a) Tem um verbo como núcleo;

b) Não possui predicativo do sujeito;

c) Indica ação.

Por exemplo:

Eles revelaram toda a verdade para a filha.

Predicado Verbal

Para ser núcleo do predicado verbal, é necessário que o verbo seja


significativo, isto é, que traga uma ideia de ação. Veja os exemplos
abaixo:

O dia clareou. (núcleo do predicado verbal = clareou)

Chove muito nos estados do sul do país. (núcleo do predicado


verbal = Chove)

Ocorreu um acidente naquela rua. (núcleo do predicado verbal =


Ocorreu)
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TEXTUAL I

A antiga casa foi demolida. (núcleo do predicado verbal =


demolida)

Obs.: no último exemplo há uma locução verbal de voz passiva, o


que não impede o verbo demolir de ser o núcleo do predicado.

Predicado nominal

Apresenta as seguintes características:

a) Possui um nome (substantivo ou adjetivo) como núcleo;

b) É formado por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito;

c) Indica estado ou qualidade.

Por Exemplo: Leonardo é competente.


Predicado Nominal

No predicado nominal, o núcleo é sempre um nome, que


desempenha a função de predicativo do sujeito. O predicativo do
sujeito é um termo que caracteriza o sujeito, tendo como
intermediário um verbo de ligação. Os exemplos abaixo mostram
como esses verbos exprimem diferentes circunstâncias relativas ao
estado do sujeito, ao mesmo tempo que o ligam ao predicativo.Veja:

Ele está triste. (triste = predicativo do sujeito, está = verbo de


ligação)

A natureza é bela. (bela = predicativo do sujeito, é = verbo de


ligação)

O homem parecia nervoso. (nervoso = predicativo do sujeito,


parecia = verbo de ligação)

Nosso herói acabou derrotado. (derrotado = predicativo do sujeito,


acabou = verbo de ligação)
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TEXTUAL I

Uma simples funcionária virou diretora da empresa. (diretora =


predicativo do sujeito, virou = verbo de ligação)

Predicativo do sujeito

É o termo que atribui características ao sujeito por meio de um


verbo. Todo predicado construído com verbo de ligação necessita
de predicativo do sujeito. Pode ser representado por:

a) Adjetivo ou locução adjetiva:

Por Exemplo:

O seu telefonema foi especial. (especial = adjetivo)


Este bolo está sem sabor. (sem sabor = locução adjetiva)

b) Substantivo ou palavra substantivada:

Por Exemplo:

Esta figura parece um peixe. (peixe = substantivo)


Amar é um eterno recomeçar. (recomeçar = verbo substantivado)

c) Pronome Substantivo:

Por exemplo:

Meu boletim não é esse. (esse = pronome substantivo)

d) Numeral:

Por exemplo:

Nós somos dez ao todo. (dez = numeral)

Predicado verbo-nominal

Apresenta as seguintes características:

a) Possui dois núcleos: um verbo e um nome;


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TEXTUAL I

b) Possui predicativo do sujeito ou do objeto;

c) Indica acção ou atividade do sujeito e uma qualidade.

Por Exemplo:

Os alunos saíram da aula alegres.

Predicado Verbo-Nominal

O predicado é verbo-nominal porque seus núcleos são um verbo


(saíram - verbo intransitivo), que indica uma ação praticada pelo
sujeito, e um predicativo do sujeito (alegres), que indica o estado
do sujeito no momento em que se desenvolve o processo verbal. É
importante observar que o predicado dessa oração poderia ser
desdobrado em dois outros, um verbal e um nominal. Veja:

Os alunos saíram da aula. Eles estavam alegres.

Estrutura do predicado verbo-nominal

O predicado verbo-nominal pode ser formado de:

1 - Verbo Intransitivo + Predicativo do Sujeito

Por Exemplo:

Joana saiu contente.

Sujeito Verbo Intransitivo Predicativo do Sujeito

2 - Verbo Transitivo + Objecto + Predicativo do Objecto

Por Exemplo:
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TEXTUAL I

A despedida deixou a mãe aflita.

Sujeito Verbo Transitivo Objeto Direto Predicativo do Objeto

3 - Verbo Transitivo + Objecto + Predicativo do Sujeito

Por Exemplo:

Os pais observaram emocionados aquela cena.

Sujeito Verbo Transitivo Predicativo do Sujeito Objecto Directo

Saiba que:

Uma maneira de reconhecer o predicativo do objecto numa oração


é transformá-la na voz passiva. Na permutação, o predicativo do
objecto passa a ser predicativo do sujeito. Veja:

Voz Activa:

As
julgam os homens insensíveis.
mulheres

Verbo Objecto Predicativo do


Sujeito
Significativo Directo Objecto

Voz Passiva:

Os pelas
são julgados insensíveis
homens mulheres.

Verbo Predicativo do
Significativo Sujeito

O verbo julgar relaciona o complemento (os homens) com o


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TEXTUAL I

predicativo (insensíveis). Essa relação evidencia-se quando


passamos a oração para a voz passiva.

Observação: o predicativo do objecto normalmente refere-se ao


objecto directo. Ocorre predicativo do objecto indirecto com o verbo
chamar. Assim, vem precedido de preposição.

Por Exemplo:

Todos o chamam de irresponsável.

Chamou-lhe ingrato. (Chamou a ele ingrato.)

Sumário

Frase é todo o enunciado de sentido completo, podendo ser


formada por uma só palavra ou por várias, podendo ter verbos ou
não. Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou menos
previsível, de acordo com o sentido que transmitem. São elas frases
interrogativas, imperativas, exclamativas, declarativas e optativas.
De acordo com a construção, as frases classificam-se em nominal:
construída sem verbos e verbal construída com verbo. As frases
que possuem verbo são geralmente estruturadas a partir de dois
elementos essenciais: sujeito e predicado.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. Defina o conceito de frase.

2. Identifique os tipos de frase que conhece.

3. Apresente a estrutura de uma frase

4. Sobre o sujeito e predicado diga quantos e quais são os que


conhece
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TEXTUAL I

Respostas:
1. Rever o 1º parágrafo da página
2. Rever o 21º à 35 °parágrafos da página
3.Rever 46° parágrafo da página
4.Rever 47° parágrafo da página em diante

GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes)

1. Frase é todo o enunciado de sentido completo, podendo ser formada


por uma só palavra ou por várias, podendo ter verbos ou não.

2. São elas:

a) Frases Interrogativas: ocorrem quando uma pergunta é feita pelo


emissor da mensagem. São empregadas quando se deseja obter alguma
informação. A interrogação pode ser direta ou indireta.

Você aceita um copo de suco? (Interrogação direta)

Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Interrogação indireta)

b) Frases Imperativas: ocorrem quando o emissor da mensagem dá uma


ordem, um conselho ou faz um pedido, utilizando o verbo no
modo imperativo. Podem ser afirmativas ou negativas.

Faça-o entrar no carro! (Afirmativa)

Não faça isso. (Negativa)

Dê-me uma ajudinha com isso! (Afirmativa)

c) Frases Exclamativas: nesse tipo de frase o emissor exterioriza um


estado afetivo. Apresentam entoação ligeiramente prolongada.

Por Exemplo: Que prova difícil!

É uma delícia esse bolo!

d) Frases Declarativas: ocorrem quando o emissor constata um fato. Esse


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TEXTUAL I

tipo de frase informa ou declara alguma coisa. Podem ser afirmativas ou


negativas.

Obrigaram o rapaz a sair. (Afirmativa)

Ela não está em casa. (Negativa)

e) Frases Optativas: são usadas para exprimir um desejo.

Por Exemplo: Deus te acompanhe!

Bons ventos o levem!

3. As frases que possuem verbo são geralmente estruturadas a partir de dois


elementos essenciais: sujeito e predicado. Isso não significa, no entanto,
que tais frases devam ser formadas, no mínimo, por dois vocábulos. Na frase
"Saímos", por exemplo, há um sujeito implícito na terminação do verbo: nós.

4. O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número e


pessoa. É normalmente o "ser de quem se declara algo", "o tema do que se
vai comunicar".

O predicado é a parte da frase que contém "a informação nova para o


ouvinte". Normalmente, ele se refere ao sujeito, constituindo a declaração do
que se atribui ao sujeito. É sempre muito importante analisar qual é o núcleo
significativo da declaração: se o núcleo da declaração estiver no verbo,
teremos um predicado verbal (ocorre nas frases verbais); se o núcleo da
declaração estiver em algum nome, teremos um predicado nominal (ocorre
nas frases nominais que possuem verbo de ligação).

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)

1. Defina o conceito de frase.

2. Identifique os tipos de frase que conhece.

3. Apresente a estrutura de uma frase

4. Sobre o sujeito e predicado diga quantos e quais são os que


conhece.
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

Os textos literários são aqueles que, em geral, têm o objetivo de


emocionar o leitor, e para isso exploram a linguagem conotativa ou
poética. Em geral, ocorre o predomínio da função emotiva e poética.
É o caso de:

A. Notícias e reportagens jornalísticas, textos de livros didáticos de


História, Geografia, Ciências, textos científicos, receitas culinárias,
bulas de remédio.

B. Acta, exposição, texto expositivo-argumentativo e procuração.

C. Crónica conto, novela e poesia.

D. Relato, Constituição da República e aviso.

5. O contexto do texto deve estar baseado no conhecimento do


mundo real dos falantes. Essa é uma condição cuja finalidade é
contribuir para sua significação global. No contexto, deve-se ter em
mente o seguinte:

A. Os elementos que influenciam a mensagem, como época, lugar,


hábitos linguísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes.

B. Os pais dos falantes e a disciplina preferida.

C. O presidente do país em que os falantes se comunicam.

D. Os problemas políticos vividos pelos falantes.

6. Qual é a finalidade da linguística de texto?

A. A sua finalidade é facilitar a comunicação entre pessoas e signos


linguísticos.

B. A sua finalidade as outras formas de comunicação que não usam


a escrita não têm valor.

C. A sua finalidade é provar que o texto não precisa do contexto


para ser compreendido.

D. A sua finalidade é tornar compreensível o que é ouvido ou lido.

7. Do ponto de vista formal, os parágrafos podem ser


distinguidos em três tipos:

A. O primeiro chama-se parágrafo conclusivo e o segundo,


introdutório.

B. O primeiro chama-se moçambicano e o segundo, espanhol.


ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

C.O primeiro chama-se parágrafo espanhol, O segundo chama-se


parágrafo alemão e último, o chamado parágrafo francês.

D. O primeiro chama-se parágrafo inglês; o segundo, alemão e o


terceiro, português.

8. Para escrever bem, antes de qualquer coisa, é preciso:

A. Copiar sempre o mesmo texto.

B. Ser um bom leitor.

C. Comprar livros para enfeitar a estante.

D. Escrever nas paredes da sala de aulas e nos muros da zona.

9. Quais são as cinco dicas sobre o parágrafo:

A. Ideia-núcleo, o tópico frasal, inexistência de regra de extensão do


parágrafo, as ideias secundárias e a conclusão, leitura expressiva
após a produção textual para a identificação de erros.

B. Escrever muito antes de ler.

C. Ideia-Núcleo, o tópico frasal, conclusão e leitura expressiva.

D. Introdução, desenvolvimento, conclusão, argumentação e leitura


expressiva.
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TEXTUAL I

UNIDADE Temática: 2.4. PALAVRA

Introdução

O tema aborda sobre um vocábulo, uma expressão. É uma


manifestação verbal ou escrita formada por um grupo de fonemas
com uma significação.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Definir o conceito palavra;

 Distiguir fonema de grafema.


Objectivos
Específicos

O que é Palavra
Palavra9 é um termo, um vocábulo, uma expressão. É uma
manifestação verbal ou escrita formada por um grupo de fonemas
com uma significação. Do latim parábola.

Palavra é um conjunto de sons articulados que expressam ideias e


são representados por uma grafia, formada por uma reunião de
letras, que quando agrupadas formam as frases.

Palavra10 é uma unidade linguística, uma unidade básica da língua.


Apresenta-se como uma peça só, constituída por um som ou por

9http://www.significados. com.br., capturado no dia 23/08/18 as 22:18 min


10CAVACAS, Fernanda in SEMINÁRIO Linguística Textual no Ensino da Língua
Portuguesa, MESTRADO EM EDUCAÇÃO / ENSINO DO PORTUGUÊS na UP-
Maputo, 2013.
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

um conjunto de sons (fonemas) e/ou por uma letra ou conjunto de


letras (grafemas) – o significante –, unidade que
a) tem um significado, um sentido próprio;
b) manifesta-se na fala por o fonema ou fonemas ocorrerem
entre pausas;
c) Representa-se na escrita por um sinal ou sequência de
sinais gráficos ocorrentes entre espaços em branco;
d) e, claro, não é, por si, no geral, analisável
sintacticamente.
A designação palavra é, por vezes, substituída por unidade
lexical, lexema e monema.

Sumário

Palavra é um conjunto de sons articulados que expressam ideias e


são representados por uma grafia, formada por uma reunião de
letras, que quando agrupadas formam as frases.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

1. Defina o conceito de palavra.

2. Defina fonema.

3. A Frase é todo o enunciado de sentido completo, podendo


ser formada por uma só palavra ou por várias, podendo ter verbos ou não.
Ela exprime, através da fala ou da escrita:

A. Inteligência, sentimentos e apelos

B. Preferências, qualidades e ordens

C. Ideias, emoções, ordens e apelos

D. Ideias, emoções e preferências.


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TEXTUAL I

4. Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoação, que


indica nitidamente o seu início e o seu fim. Na língua escrita, a entoação é
representada por:

A. Caligrafia

B. Uso da maiúscula

C. Regras de translineação

D. Sinais de pontuação

5. Os diferentes Tipos de Frases são:

A. Frases Interrogativas, Frases Imperativas, Frases Exclamativas,


Frases Declarativas e Frases Optativas.

B. Frases Interrogativas, Frases afirmativas, Frases Exclamativas,


Frases Declarativas e Frases activas.

C. Frases negativas, afirmativas, activas e passivas.

D. Frases neutras, enfáticas, negativas e interrogativas indirectas.

6. As frases que possuem verbo são geralmente estruturadas a


partir de dois elementos essenciais:

A. Complemento directo e indirecto

B. Complemento circunstancial e predicado

C. Sujeito e predicado

D. Verbo e complemento directo

7. Defina fonema.

A. Fonema é uma palavra invariável.

B. Fonema é um afixo verbal.

C. Fonema é um som ou um conjunto de sons e/ou por uma letra


ou conjunto de letras (grafemas) – o significante.

D. Fonema é a estrutura interna de uma palavra.


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TEXTUAL I

Respostas:
1. Rever o 1º parágrafo da página
2. Rever 3°parágrafos da página

GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes)

1. Palavra é um termo, um vocábulo, uma expressão. É uma


manifestação verbal ou escrita formada por um grupo de fonemas com
uma significação.
2. Fonemas é constituída por um som ou por um conjunto de sons e/ou
por uma letra ou conjunto de letras (grafemas) – o significante
GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)

1. Defina o conceito de palavra.

2. Defina fonema.
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TEXTUAL I

TEMA – III: CONSIDERAÇÕES GERAIS.

3. 0. A UNIDADE DE COMUNICAÇÃO

UNIDADE Temática: 3.0. A unidade de Comunicação:


O Texto

Introdução

Texto é a unidade linguística máxima, seja ela oral ou escrita. Um


texto é superior à oração, que está dotada de sentido e de uma
mensagem completa. A extensão do texto pode ser variável.
Enquanto a estrutura do texto existe uma organização da forma e
do conteúdo.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

 Definir o conceito de texto

 Distiunguir os diferentes tipos de texto;

Objectivos  Caracterizar cada um dos textos;

Específicos  Distinguir a estrutura de cada texto.

Conceito de Texto

Ao nos sentirmos questionados acerca do conceito que se aplica ao


texto, porventura não hesitaremos em afirmar que se trata de uma
unidade linguística, podendo essa ser materializada por meio de
uma linguagem verbal ou não verbal. Partindo desse pressuposto,
não se torna nem um pouco descabido apontarmos como exemplo
de texto uma simples placa de trânsito, por exemplo. Sim, apesar
de não conter elementos verbais, enquanto usuários do sistema
linguístico, temos condições o suficiente de a decifrar.
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

Assim, a título de conceituarmos a palavra “texto”, vale mencionar


que se afirma por uma unidade linguística, uma vez materializada
(por isso, concreta), a qual se traduz por meio da fala ou por meio
da escrita, dotada, pois, de uma intencionalidade comunicativa, de
uma intenção por meio da relação enunciador/enunciatário.

No entanto, um texto não se faz apenas de aspectos materiais, os


quais se representam, como antes dito, pela oralidade ou pela
escrita. Ele, porém, constitui-se de outro aspecto, tão importante
quanto necessário, chamado discurso. Ele, por sua vez, não tão
palpável assim, engloba outros aspectos, os quais, muitas vezes,
somente se tornam perceptíveis por meio das inferências, que
também representam uma habilidade indispensável a todos nós
imersos na condição de interlocutores. Assim, para tornar um pouco
mais claro tal afirmação, analisemos uma tira, cuja autoria é de
Quino, famoso criador da personagem Mafalda:

Muitas vezes, no discurso, estão presentes elementos não


palpáveis, ou seja, não identificados de forma explícita Inferimos,
literalmente afirmando, que a situação comunicativa, uma vez
materializada pelo discurso verbal e não verbal, constitui-se de uma
carga ideológica bastante significativa, ou seja, no mundo
capitalista em que vivemos, o que realmente interessa não são os
valores morais, espirituais, humanos, mas sim aqueles que “servem
para alguma coisa”, como afirma o próprio personagem da tira.
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

Nesse sentido, equivale dizer que tais aspectos se integram ao que


chamamos de discurso.Vale afirmar, portanto, que além dos
elementos de ordem palpável, como letras e imagens, existem
também aqueles relacionados ao sentido, os quais dão
sustentabilidade e participam de forma ativa na construção da
mensagem. Isso é discurso!!!

Define-se como texto a unidade linguística máxima, seja ela oral ou


escrita. Um texto é superior à oração, que está dotada de sentido e
de uma mensagem completa. A extensão do texto pode ser
variável. Enquanto a estrutura do texto existe uma organização da
forma e do conteúdo.

Ocasionalmente, a definição de texto é utilizada para nomear o


corpo de uma obra, seja ela impressa ou manuscrita, fazendo
oposição a tudo aquilo que vai separado do mesmo. O texto é
somente o corpo principal de um livro; não se considera como texto
o que está escrito na capa, o índice, etc. Entre as características de
um texto, podemos encontrar o que se denomina como coerência;
as diferentes ideias que apresentam as coerências devem ser de
contribuição para a criação de uma ideia geral; a coesão, onde
todas as sequencias de significado estão inter-relacionadas, e a
adequação, onde se devem apresentar todas as condições para
chegar ao seu leitor ideal.

Os textos também tem relação entre outros textos para que sejam
munidos de sentido. Um texto tem sua interpretação sempre através
de um marco de referência.

O termo texto é derivado etimologicamente do vocábulo latino


“textus”, que significa alguma coisa tecida ou algo entrelaçado. Este
entrelaçado define como texto uma serie de anúncios sistemáticos e
previstos de coerência dispostos a que sejam expressos de forma
tanto oral como escrita.
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TEXTUAL I

Comunicar uma mensagem de qualquer natureza, já seja ela


persuasiva, romântica, informativo, entre outros, é a verdadeira
intenção de um texto; por esse motivo um texto deve possuir
sentido, para poder ser compreendido por seu destinatário. O
destinatário de um texto pode ser uma ou várias pessoas de forma
individual, podemos usar como exemplo individual, uma carta, e um
livro destinado ao público em geral (destinatário massivo).

Denomina-se também a texto como um evento comunicativo, que


tem uma estrutura e que se deve a um contexto social e cultural.

Os textos podem ser analisados para descompor suas partes.


Pode-se dividir um texto em temas abordados, a forma com que foi
inscrito; como diálogo, narrativo, descritivo ou narrativo, etc.

Os textos também podem ser resumidos para extrair suas principais


ideias, e fazê-lo mais curto, suprimindo de um texto as ideias
secundárias.

Tipo de Textos

Os textos podem ser classificados em tipos textuais, conforme a


finalidade e as características que apresentam.

Texto narrativo

Um narrador conta uma história formada por uma sucessão de


acontecimentos reais ou imaginários estruturados em introdução,
desenvolvimento e conclusão. O enredo da história é vivenciado por
personagens num determinado tempo e espaço.

Maioritariamente escrito em prosa, o texto narrativo é


caracterizado por narrar uma história, ou seja, contar uma história
através de uma sequência de várias ações reais ou imaginárias.
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TEXTUAL I

Essa sucessão de acontecimentos é contada por um narrador e


está estruturada em introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao
longo dessa estrutura narrativa são apresentados os principais
elementos da narração: espaço, tempo, personagem, enredo e
narrador.

Principais Elementos da Narrativa

Os principais elementos da narrativa, também chamados de


elementos da narração, são:

Espaço: O espaço se refere ao local onde se desenrola a ação.


Pode ser físico (no colégio, no Brasil, na praça,…), social
(características do ambiente social) e psicológico (vivências,
pensamento e sentimentos do sujeito,…).

Tempo: O tempo se refere à duração da ação e ao desenrolar dos


acontecimentos. O tempo cronológico indica a sucessão
cronológica dos fatos, pelas horas, dias, anos,… O tempo
psicológico se refere às lembranças e vivências das personagens,
sendo subjetivo e influenciado pelo estado de espírito das
personagens em cada momento.

Personagens: São caracterizadas através de qualidades físicas e


psicológicas, podendo essa caracterização ser feita de modo direto
(explicitada pelo narrador ou por outras personagens, através de
autocaracterização ou heterocaracterização) ou de modo indireto
(feita com base nas atitudes e comportamento das personagens).

As personagens possuem diferentes importâncias na narração,


havendo personagens principais e personagens secundárias. As
personagens principais desempenham papéis essenciais no
enredo, podendo ser protagonistas (que deseja, tenta, consegue)
ou antagonistas (que dificulta, atrapalha, impede). As personagens
secundárias desempenham papéis menores e podem ser
coadjuvantes (ajudam as personagens principais em ações
ISCED CURSO: LIENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES; 2º Ano Módulo:ANALISE E PRODUCAO
TEXTUAL I

secundárias) ou figurantes (ajudam na caracterização de um


espaço social).

Podem ser dinâmicas, apresentando diferentes comportamentos ao


longo da narração (personagem modelada ou redonda), bem como
estáticas, não se modificando no decorrer da ação (personagem
plana). Há ainda personagens que representam um grupo
específico (personagem-tipo).

Enredo: Também chamado de intriga, trama ou ação, o enredo é


composto pelos acontecimentos que ocorrem num determinado
tempo e espaço e são vivenciados pelas personagens. As ações
seguem-se umas às outras por encadeamento, encaixe e
alternância.

Existem ações principais e ações secundárias, mediante a


importância que apresentam na narração. Além disso, o enredo
pode estar fechado, estando definido e conhecido o final da história,
ou aberto, não havendo um final definitivo e conhecido para a
narrativa.

Narrador: O narrador é o responsável pela narração, ou seja, é


quem conta a história. Existem vários tipos de narrador:

Narrador onisciente e onipresente: Conhece intimamente as


personagens e a totalidade do enredo, de forma pormenorizada.
Utiliza maioritariamente a narração na 3.ª pessoa, mas pode narrar
na 1.ª pessoa, em discurso indireto livre, tendo sua voz confundida
com a voz das personagens, tal é o seu conhecimento e intimidade
com a narrativa.

Narrador personagem, participante ou presente: Conta a história


na 1.ª pessoa, do ponto de vista da personagem que é. Apenas
conhece seus próprios pensamentos e as ações que se vão
desenrolando, nas quais também participa. Tem conhecimentos
limitados sobre as restantes personagens e sobre a totalidade do
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TEXTUAL I

enredo. Este tipo de narração é mais subjetivo, transmitindo o ponto


de vista e as emoções do narrador.

Narrador observador, não participante ou ausente: Limita-se a


contar a história, sem se envolver nela. Embora tenha
conhecimento das ações, não conhece o íntimo das personagens,
mantendo uma narrativa imparcial e objetiva. Utiliza a narração na
3.ª pessoa.

Nos textos narrativos, é através da voz do narrador que


conhecemos o desenrolar da história e as ações das personagens,
mas é através da voz das personagens que conhecemos as suas
ideias, opiniões e sentimentos. A forma como a voz das
personagens é introduzida na voz do narrador é chamada de
discurso.

Através de uma correta utilização dos tipos de discurso, a narrativa


poderá assumir um caráter mais ou menos dinâmico, mais ou
menos natural, mais ou menos interessante, mais ou menos
objetivo,… Existem três tipos de discurso, ou seja, três formas de
introdução das falas das personagens na narrativa:

 O discurso direto é caracterizado por ser uma transcrição


exata da fala das personagens, sem participação do
narrador.
 O discurso indireto é caracterizado por ser uma intervenção
do narrador no discurso ao utilizar as suas próprias palavras
para reproduzir as falas das personagens.
 O discurso indireto livre é caracterizado por permitir que os
acontecimentos sejam narrados em simultâneo, estando as
falas das personagens direta e integralmente inseridas
dentro do discurso do narrador.
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TEXTUAL I

Estrutura da Narrativa

Os textos narrativos são estruturados em introdução,


desenvolvimento e conclusão.

Introdução: A introdução se refere à situação inicial da história.


Também chamada de apresentação, é nesta parte da narração que
são apresentados os principais elementos da narração: espaço,
tempo, personagens, enredo e narrador. Ficamos sabendo quem,
quando e onde.

Desenvolvimento: Durante o desenvolvimento do enredo, ocorrem


conflitos, ou seja, acontecimentos que quebram o equilíbrio
apresentado na introdução, modificando essa situação inicial.
Ficamos sabendo o quê e como. No desenvolvimento ocorre
também o momento mais tenso e emocionante da história - o
clímax.

Conclusão: Também chamada de desfecho, desenlace ou epílogo,


a conclusão é a parte da narração em que se resolvem os conflitos
(positiva ou negativamente). Fica evidenciada a relação existente
entre os diferentes acontecimentos, sendo apresentadas suas
consequências.

Exemplo de excerto de texto narrativo:

“E ele, caminhando devagar sob as acácias, sentia no sombrio


silêncio as pancadas desordenadas do seu coração. Subiu os três
degraus de pedra – que lhe pareciam já de uma casa estranha. (…)
Ali ficou. Melanie, com o xale na mão, veio dizer-lhe que a senhora
estava na sala das tapeçarias… Carlos entrou. (…) E correu para
ele, arrebatou-lhe as mãos, sem poder falar, soluçando, tremendo
toda.” (Os Maias, Eça de Queirós)
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TEXTUAL I

Texto descritivo

É feita uma descrição de um objeto, ser, pessoa, paisagem,


situação, que permite ao leitor criar uma imagem mental do que
está sendo descrito. A descrição pode ser mais objetiva, focando
aspectos físicos, ou mais subjetiva, focando aspectos psicológicos e
emocionais. Pode ainda ser sensorial, visando provocar diferentes
sensações no leitor.

O texto descritivo é caracterizado por descrever algo ou alguém


detalhadamente, sendo possível ao leitor criar uma imagem mental
do objeto ou ser descrito, de acordo com a descrição efetuada.
Descrição essa tanto dos aspectos mais importantes e
característicos que generalizam um objeto ou ser, como dos
pormenores e detalhes que os diferenciam dos outros.

Não é, por norma, um tipo de texto autônomo, encontrando-se


presente em outros textos, como o texto narrativo. Passagens
descritivas ocorrem no meio da narração quando há uma pausa no
desenrolar dos acontecimentos para caracterizar
pormenorizadamente um objeto, um lugar ou uma pessoa, sendo
um recurso útil e importante para capturar a atenção do leitor.

Estrutura do Texto Descritivo

Introdução: Primeiramente é feita a identificação do ser ou objeto


que será descrito, de modo a que o leitor foque sua atenção nesse
ser ou objeto.

Desenvolvimento: Ocorre então a descrição do objeto ou ser em


foco, apresentando seus aspectos mais gerais e mais
pormenorizados, havendo caracterizações mais objetivas e outras
mais subjetivas.

Conclusão: A descrição está concluída quando a caracterização do


objeto ou ser estiver terminada.
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TEXTUAL I

Caracteríticas do Texto Descritivo

O texto descritivo não se encontra limitado por noções temporais ou


relações espaciais, visto descrever algo estático, sem ordem fixa
para a realização da descrição. Há uma notória predominância de
substantivos, adjetivos e locuções adjetivas, em detrimento de
verbos, sendo maioritariamente necessária a utilização de verbos
de estado, como ser, estar, parecer, permanecer, ficar, continuar,
tornar-se, andar.

O uso de uma linguagem clara e dinâmica, com vocabulário rico e


variado, bem como o uso de enumerações e comparações, ou
outras figuras de linguagem, servem para melhor apresentar o
objeto ou ser em descrição, enriquecendo o texto e tornando-o mais
interessante para o leitor.

A descrição pode ser mais objetiva, focalizando aspectos físicos, ou


mais subjetiva, focalizando aspectos emocionais e psicológicos.
Nas melhores descrições, há um equilíbrio entre os dois tipos de
descrição, sendo o objeto ou ser descrito apresentado nas suas
diversas vertentes.

Na descrição de pessoas, há descrição de aspectos físicos, ou seja,


aquilo que pode ser observado e a descrição de aspectos
psicológicos e comportamentais, como o caráter, personalidade,
humor, apreendidos pelo convívio com a pessoa e pela observação
de suas atitudes. Na descrição de lugares ocorre tanto a descrição
de aspectos físicos, como a descrição do ambiente social,
econômico, político. Na descrição de objetos, embora predomine a
descrição de aspectos físicos, pode ocorrer uma descrição
sensorial, que estimule os sentidos do leitor.
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TEXTUAL I

Tipos de descrição

Embora seja possível distinguir tipos de descrição, é essencial que


os três tipos estejam presentes numa descrição, de forma a torná-la
completa, rica e interessante.

Descrição objectiva:

 Descrição exata e precisa do objeto ou ser;


 Maior aproximação possível da realidade;
 Isenta de opiniões e duplos sentidos;
 Descrição de aspectos físicos;
 Utilização de uma linguagem clara, direta e realista;
 Utilização de uma linguagem denotativa;
 Descrição que torna o texto mais verídico.

Descrição subjectiva:

 Confere um cunho pessoal ao objeto ou ser descrito;


 Transmissão de um estado de espírito e de sentimento;
 Descrição de aspectos emocionais;
 Utilização de uma linguagem simbólica e metafórica;
 Utilização de uma linguagem conotativa;
 Descrição que torna o texto mais interessante.

Descrição sensorial (provoca sensações no leitor, explorando


diversos sentidos):

 Sensações visuais: saia vermelha, mãos enormes, tecido


florido, toalha redonda,…
 Sensações auditivas: crianças barulhentas, casa silenciosa,
ruído ensurdecedor, sibilante som das sílabas,…
 Sensações gustativas: resposta amarga, bolo delicioso,
prazer agridoce, mar salgado,…
 Sensações olfativas: cheiro nauseabundo, aroma agradável,
odor fétido e pestilento, roupa perfumada,…
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TEXTUAL I

 Sensações táteis: chão duro e áspero, seda macia, pele fria,


tecido rugoso,…

Exemplo de excerto de texto descritivo:

“O que surpreendia logo era o pátio, outrora tão lôbrego, nu,


latejado de pedregulhos – agora resplandecente, com um
pavimento quadrilhado de mármores brancos e vermelhos, plantas
decorativas, vasos de Quimper, e dois longos bancos feudais que
Carlos trouxera de Espanha, trabalhados em talha, solenes como
coros de catedral. Em cima, na antecâmara, revestida como uma
tenda de estofos do Oriente, todo o rumor de passos morria: e
ornavam-na divãs cobertos de tapetes persas, largos pratos
mouriscos com reflexos metálicos de cobre, uma harmonia de tons
severos, onde destacava, na brancura imaculada do mármore, uma
figura de rapariga friorenta, arrepiando-se, rindo, ao meter o
pezinho na água.” (Os Maias, Eça de Queirós).

Texto dissertativo

É feita uma exposição clara, objetiva e rigorosa sobre um


determinado assunto, com o objetivo de informar e esclarecer o
leitor. Um texto dissertativo-expositivo não procura convencer o
leitor, dado que pretende apenas expor um ponto de vista. Já um
texto dissertativo-argumentativo pretende persuadir o leitor,
convencendo-o a concordar com a tese defendida

O texto dissertativo-argumentativo tem como objetivo persuadir e


convencer, ou seja, levar o leitor a concordar com a tese defendida.
É expressa uma opinião crítica acerca de um assunto, sendo
defendida uma tese sobre esse assunto através de uma
argumentação clara e objetiva, fundamentada em fatos verídicos e
dados concretos.
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TEXTUAL I

Estrutura do texto dissertativo-argumentativo

A apresentação e defesa da tese desenvolvem-se através da


estrutura textual típica de introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução

Na introdução ocorre a apresentação de um assunto e de uma tese


que será defendida sobre esse assunto. Assim, após a identificação
de um problema num determinado assunto, é apresentada a tese
de forma clara e objetiva, sendo essencial que esta esteja bem
definida e delimitada. A reflexão crítica sobre a tese e sua
argumentação serão feitas no desenvolvimento do texto.

Desenvolvimento

No desenvolvimento ocorre a apresentação e a exploração dos


diversos argumentos que suportam a tese. Podem ser
apresentados através do reconhecimento das causas e
consequências do problema, da identificação de seus aspectos
positivos e negativos ou da contra-argumentação de uma tese
contrária. Pode haver um foco no argumento justificando a tese ou
um foco na tese que ocorre por um determinado argumento. O que
importa é que se utilize uma linguagem coerente, objetiva e precisa.

A apresentação dos argumentos deve seguir uma sequência lógica.


Pode haver um argumento principal e argumentos auxiliares ou
vários argumentos fortes. O mais importante é que estes sejam
objetivos e detalhados e que haja conexão entre eles.

Os diversos argumentos deverão ser sustentados com exemplos e


provas que os validem, tornando-os indiscutíveis, como:

 factos comprovados;
 conhecimentos consensuais;
 dados estatísticos;
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 pesquisas e estudos;
 citações de autores renomados;
 depoimentos de personalidades renomadas;
 alusões históricas;
 fatores sociais, culturais e econômicos.

Estas estratégias argumentativas validam os argumentos, dotando-


os de autoridade, consenso, lógica, competência e veridicidade.
Assim, os leitores não só refletem sobre estes, como ficam
obrigados a concordar com os argumentos, sem hipótese de os
rebater.

Além disso, diversos recursos de linguagem podem ser usados para


captar a atenção do leitor e convencê-lo da correção da tese, como
a utilização de uma linguagem formal, de perguntas retóricas, de
repetições, de ironia, de exclamações.

Conclusão

Na conclusão há a retoma e reafirmação da tese inicial, já


defendida pelos diversos argumentos apresentados no
desenvolvimento. Pode ocorrer a apresentação de soluções viáveis
ou de propostas de intervenção. A conclusão aparece como um
desfecho natural e inevitável visto o pensamento do leitor já ter sido
direcionado para a mesma durante a apresentação dos
argumentos.

Exemplo de texto dissertativo-argumentativo:

“Não é de hoje que a sociedade brasileira sofre com os tormentos


ocasionados pela disseminação da violência. Esse fato estarrecedor
gera debates e mais debates, na tentativa de sanar, ou ao menos
coibir, os sérios impactos sociais que as ações violentas
representam para a coletividade. Para esse fim, seria a redução da
maioridade penal um componente de primeira grandeza?
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Constata-se que o envolvimento de jovens infratores em graves


delitos pode não ser uma exclusividade dos tempos modernos; no
entanto, é inegável o aumento de casos envolvendo crianças e
adolescentes em situações deploráveis, como furtos, roubos e, em
muitos contextos, homicídios.

Com esse cenário, parece irrefutável a tese que defende o declínio


de dois anos nas contas da maioridade penal. Para os mais
inconformados com a realidade, aqueles tomados pelo afã do
“justiceiro implacável”, não parecem existir outras saídas. Todavia,
nem sempre o que se revela aparentemente óbvio o é. Há fatores
envolvidos nas estatísticas da criminalidade covardemente
camuflados por alguns setores governamentais, bem como por
áreas específicas da sociedade civil.

Se reduzir a idade mínima penal tivesse consequências positivas


imediatas para a diminuição dos índices criminais, essa certamente
já seria uma medida adotada por todas as nações. Fatores bem
mais importantes como priorização efetiva dos investimentos em
educação e cultura, bem como distribuição de emprego e renda,
inserindo o jovem no universo acadêmico ou técnico,
indubitavelmente aplacariam com mais rapidez e eficácia os
deploráveis números.

A participação de menores infratores em crimes hediondos não


deve ser ignorada, é inegável; diminuir a idade base para a
criminalização de seus atos pode ser uma saída, mas necessita,
ainda, de discussões e argumentos mais convincentes. De
concreto, fica a certeza de que só um programa capaz de incluir
crianças, adolescentes e jovens nos interesses mais prioritários do
país terá a força suficiente para contornar quadro tão desfavorável.”
(Prof. Eduardo Sampaio)
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O texto dissertativo-expositivo tem como objetivo informar e


esclarecer o leitor através da exposição de um determinado assunto
ou tema. Não há a necessidade de convencer o leitor, apenas de
expor conhecimentos, ideias e pontos de vista.

É essencial que o autor domine totalmente o assunto, uma vez que


o rigor na análise do conteúdo de um texto dissertativo-expositivo é
elevadíssimo. Por se tratar da transmissão de um conhecimento
teórico, devidamente legitimado, não pode haver qualquer tipo de
incorreção.

Além disso, é importante que o assunto seja exposto de forma


clara, pormenorizada e objetiva, de modo a que o texto seja
entendido pelo maior número possível de leitores.

Este tipo de texto é usado em: livros, aulas e resumos escolares,


enciclopédias, textos científicos, verbetes de dicionário, textos para
transmissão de conhecimentos em diversos meios de comunicação,
como internet, jornais, revistas,…

Características do texto dissertativo-expositivo

Com o intuito de informar e esclarecer, o texto dissertativo-


expositivo é caracterizado por:

 utilizar uma linguagem clara e objetiva;


 ser de fácil compreensão por diversas pessoas;
 apresentar muita informação sobre um determinado assunto;
 especificar conceitos e definições;
 realizar descrições de características;
 recorrer a enumerações, comparações e contrastes para
clarificar os conceitos.
 mostrar exemplos dos assuntos abordados.
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Estrutura do texto dissertativo-expositivo

O texto dissertativo-expositivo pode ser construído através da


estrutura textual típica de introdução, desenvolvimento e conclusão.
Contudo, mais importante do que seguir uma estrutura rígida, é que
haja a exposição de ideias certas e bem organizadas sobre um
determinado tema.

Introdução:
Na introdução é feita a apresentação do tema que será abordado,
com possível contextualização num universo mais amplo no qual o
tema se encontra inserido. Neste momento, é feita também a
definição do objetivo do texto.

Desenvolvimento:
No desenvolvimento é feita uma explicação pormenorizada, clara e
objetiva do tema, havendo uma exploração de todas as suas
vertentes e de todos os aspectos principais e secundários relativos
ao mesmo.

Conclusão:
Na conclusão ocorre a reafirmação do tema, sendo feita a síntese
dos conteúdos abordados. Pode haver uma tomada de posição do
autor relativamente ao assunto tratado.

Exemplo de texto dissertativo-expositivo:

“Locução adjetiva é um conjunto de duas ou mais palavras que,


juntas, atuam como um adjetivo, caracterizando um substantivo. A
maior parte das locuções adjetivas é formada pela preposição de
mais um substantivo. Há, no entanto, locuções adjetivas formadas
por advérbios e pelas preposições sem, com, em,…
Algumas locuções adjetivas se encontram diretamente relacionadas
com um adjetivo, outras não. Assim, em alguns casos é possível a
substituição da locução adjetiva por um adjetivo, em outros não.
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A utilização de locuções adjetivas permite uma maior diversidade


vocabular e enriquecimento textual.

Exemplos:
Qual é o seu escalão de idade? (locução adjetiva)

Qual é o seu escalão etário? (adjetivo)

Texto explicativo

É fornecida uma informação acerca de um determinado


procedimento visando instruir e guiar a ação do leitor. Mediante o
grau de obrigatoriedade no cumprimento das instruções dadas,
pode ser considerado injuntivo ou prescritivo. Os textos