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O judeu-espanhol ou ladino (em ladino, El Djudeo-Espanyol) é uma língua semelhante

ao castelhano. Estima-se que ainda seja falado por cerca de 150 mil indivíduos em
comunidades sefarditas, em Israel, nos Balcãs, no Oriente Médio e norte de Marrocos. Também é
conhecido como espanhol sefardita e judeo-espanhol (el djudezmo).

Língua extinta na Península Ibérica, no passado, quando havia grandes comunidades judaicas nas
cidades de Portugal e da Espanha, era usada pelos judeus desses países. Compunha-se de uma
mistura de palavras hebraicas, usadas no dia a dia, com a língua da região, que podia ser
o castelhano, o português, o árabe ou o catalão.

A língua judeu-espanhola se desenvolveu por vários séculos separada por completo da mãe pátria
(Sefarad, Península Ibérica), com a qual não conservou mais que escassos e esporádicos contatos. É
a língua dos judeus sefarditas nas cidades da Europa oriental
(na Bósnia, Sérvia, Macedônia, Grécia, Bulgária, Romênia e Turquia) onde viviam alguns milhares,
descendentes dos judeus espanhóis expulsos da Espanha em 1492, e de Portugal logo depois, que
encontraram asilo no Império Turco. Contudo, a maioria desses judeus era mesmo procedente de
terras espanholas.

Estes judeus tem conservado até hoje sua língua, que a despeito das múltiplas inovações devido
sobretudo à forte influência das regiões onde habitaram, é muito parecido com o espanhol do período
clássico (como a conservação da letra f, da distinção entre a s surda e sonora e entre a z surda e
sonora, e a conservação do valor sh para x e j).

O judeu-espanhol, especialmente o usado nos livros religiosos, é conhecido também como ladino,
significando o verbo enladinar “traduzir para o espanhol” (especialmente textos hebreus e árabes). O
fato de que no Cantar del Cid se diga um mouro latinizado como "ladino", mostra que o termo tinha o
sentido de espanhol, em oposição ao árabe e a outras línguas estrangeiras. Ainda há sequelas, assim
mesmo, nos vários sentidos especiais assumidos pela palavra ‘’ladino’’ nas Américas.

Uma das grandes obras dos judeus sefarditas foi a tradução do Antigo Testamento conhecida
como Bíblia de Ferrara, editada por Jerónimo de Vargas e Duarte Pinel, espanhol e português
respectivamente, em 1553 na cidade italiana de Ferrara.

O Hakitía
É o ladino do norte de Marrocos, hoje estando quase todos os seus falantes radicados em
comunidades judaico-marroquinas de Israel e de outros países (França, Espanha, Estados Unidos,
Brasil e outros). Trata-se de um dialecto ladino com uma história única.

Exemplos de algumas palavras e expressões nessa linguagem podem ser lidos aqui: [1]. O hakitia (la
haketía) foi muito usado nas cidades marroquinas de Casablanca, Tânger, Xexuão, Arzila, Alcácer-
Quibir, Larache, e nas plazas de soberania Ceuta, Melilla e especialmente em Tetuão pela população
judaica daquela região.

Houve também falantes em Orã. O seu nome deriva do verbo árabe hak’a ‫" حكى‬conversar, dizer, falar,
narrar". Quando os emigrados (os megorashim) lá chegaram eles se fundiram com os judeus que lá já
viviam (os toshabim, "residentes") e seu espanhol rico em elementos hebraicos e árabes adquiriu
ainda mais influência do árabe local, e mesmo do berbere. O Hakitía, portanto, trata-se do casamento
da língua espanhola dos megorashim trazida no século XVI com o árabe usado pelos toshabim. Foram
os judeus originários da Península que mais chegaram a conservar um certo ar do antigo esplendor
dos tempos anteriores à Reconquista, em parte por terem ficado mais próximos da terra ancestral, em
parte por terem permanecido num meio mouro. Se tratavam muitas vezes de comerciantes, médicos,
funcionários públicos, hábeis artesãos e mercadores, pessoas poliglotas que poderiam saber além do
seu hebraico ritual, o árabe clássico e o popular, o berber, o português e o espanhol, mas que entre si
se comunicavam através do hakitía.

Este ramo do ladino foi usado por eles como a língua preferencial até por volta de 1860, quando
passou a perder prestígio social e espaço para o francês já que a região se tornou colônia da França,
forçando a língua pouco a pouco a um segundo plano, como um idioma sobretudo oral e familiar;
porém sem fazer com que ele desaparecesse por completo, pois as classes mais humildes
continuaram a manter o seu uso. Já em Israel, a segunda geração (os filhos dos pais marroquinos)
substituiu por completo o hakitía (ou o francês) de seus antepassados pelo hebraico moderno (ivrit),
embora o interesse pelo ladino e pelo hakitía tenha renascido em anos recentes, sobretudo na música
e em estudos acadêmicos.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Judeu-espanhol

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