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Papa Francisco diz que Martinho Lutero levou Bíblia às pessoas

O Papa Francisco desembarcou nesta segunda-feira na Suécia, data que marca o início das comemorações
dos 500 anos da Reforma Protestante. O gesto de reaproximação é simbólico, até porque a ordem jesuíta a
qual o Pontífice pertence foi fundada exatamente para combater a “heresia” das reformas que Martinho
Lutero introduziu há quase cinco séculos.
O Pontífice desembarcou durante a manhã em Malmo, no sul da Suécia, e imediatamente se reuniu em
audiência com o primeiro-ministro sueco, Stegan Lofven, antes de seguir para reunião com os reis. A
agenda mais importante prevista para esta segunda-feira será um ato ecumênico para comemorar os 499
anos da Reforma Luterana com o líder da Federação Luterana Mundial, o bispo Munib Younan, na catedral
luterana de Lund.
A visita foi vista com surpresa, mas tanto o Vaticano como a Igreja Luterana insistem que o ato não é uma
celebração da rebelião de Lutero. Pelo contrário. Trata-se de uma comemoração solene para pedir perdão
pelo cisma no cristianismo ocidental e para celebrar a melhoria nas relações entre as duas igrejas nas
últimas cinco décadas.
O Papa Francisco tem priorizado esse tipo de encontros, com profundo simbolismo, para demonstrar que
apesar das separações dogmáticas, os cristãos podem e deve trabalhar e rezar juntos, especialmente num
período de perseguição religiosa.
No ato desta segunda, as delegações do vaticano e luterana vão embarcar juntas em um ônibus até a
catedral. No evento, serão destacados os esforços de reconciliação e humanitários realizados pelas duas
igrejas. Entre os oradores estão refugiados e o bispo católico de Aleppo, na Síria.
Na terça-feira, Francisco vai rezar uma missa num estádio esportivo de Malmo, que foi incluída no
programa após reclamações da pequena comunidade católica no país, que expressaram queixas de que o
Papa visitaria o país apenas para uma celebração protestante.

Papa Francisco diz que Martinho Lutero levou Bíblia às pessoas


O pontífice quer entrar para a história como um grande defensor do diálogo entre as religiões e mantém
boas relações com judeus, protestantes e muçulmanos
O papa Francisco vai iniciar na segunda-feira uma viagem de dois dias à Suécia, onde participará das
comemorações organizadas com motivo dos 500 anos da Reforma de Martinho Lutero, que provocou um
cisma na Igreja Católica, em um gesto histórico de reconciliação com os protestantes.
Um dos pontos centrais da visita do papa argentino será a sua presença em uma cerimônia conjunta na
cidade de Lund, sul da Suécia, para comemorar o aniversário da reforma impulsada por Lutero, o fundador
da igreja protestante, cujas críticas ao comércio de privilégios e indulgências lhe custaram a excomunhão
em 1520.
A cisão gerada por Lutero, considerado um herege desde 1518, quando negou a autoridade papal, deu
lugar a massacres e guerras atrozes e desenvolveu um ódio tenaz entre as duas comunidades cristãs que se
estendeu por séculos.
Com a viagem de Francisco, as controvérsias doutrinárias são deixadas de lado, e os avanços alcançados
graças ao diálogo iniciado no Concílio Vaticano II (1962-1965), que apelava ao respeito mútuo, são
destacados.
“Não é todo dia que um papa celebra Lutero”, comentou o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, ao ressaltar
a importância histórica da visita.
Diálogo entre religiões
O pontífice argentino, que quer entrar para a história como um grande defensor do diálogo entre as
religiões, mantém boas relações com líderes judeus, protestantes e muçulmanos desde que era arcebispo
de Buenos Aires.
Francisco falará em espanhol durante a sua breve permanência na Suécia, país com nove milhões de
habitantes, dos quais apenas 1,2% é católico, sendo a maioria luterana ou ateia.
Sob o lema “Juntos na esperança”, Francisco chegará à Suécia na segunda-feira (31) e regressará na terça-
feira (1) à Roma.
Durante sua estadia, se reunirá com os membros da família real, com o primeiro-ministro e com os
representantes da Federação Luterana Mundial.
“A participação do papa é um fato sensacional”, comentou o pastor alemão Theodor Dieter, diretor do
Instituto de Pesquisa Ecumênica, com sede em Estrasburgo, e especialista em teologia luterana.
“Não se deve esquecer que Lutero descreveu o papa como o anticristo e criticou muito severamente a
igreja católica romana”, lembra o renomado teólogo.
A viagem de Francisco para celebrar um dos momentos mais difíceis da história católica suscita críticas
entre os setores mais conservadores da Igreja, que a consideram inadequada.
“Não vamos comemorar tanto os 500 anos da reforma protestante, senão principalmente os 50 anos do
começo do diálogo entre luteranos e católicos”, explicou o cardeal Kurt Koch à imprensa.
“Lutero não queria dividir a Igreja. Não queria criar duas igrejas. Queria reformar a Igreja Católica, mas
naquele momento não era possível, e (isso) deu lugar à divisão dos cristãos e a terríveis guerras de
religião”, resumiu o purpurado.
Após quase cinco séculos de divisões, as duas igrejas evoluíram de formas diferentes, e na Suécia o
pontífice estará rodeado por bispos mulheres, algo que a Igreja Católica rejeita contundentemente.

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