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1. Introdução

Anatomia é o estudo da estrutura do corpo por meio da inter-relação de suas partes


constituintes. Todas as descrições do corpo humano baseiam-se na suposição de que o indivíduo se
encontra em posição ereta (em pé), membros superiores estendidos, alinhados ao tronco e com as
palmas voltadas para frente (Posição Anatômica).

Contrastando com a maioria dos outros mamíferos, o corpo humano é adaptado à locomoção
bipedal, ou seja, sobre dois pés. Devido a esse fator, podem-se reconhecer três princípios gerais na
arquitetura do organismo humano:

I. Princípio da Segmentação (Metameria): Predomina no tronco. A Coluna Vertebral e


o Tórax consistem de elementos relativamente iguais, segmentarmente arranjados.
II. Princípio da Simetria Bilateral (Antimeria): Ambos os lados do corpo são separados
por um plano sagital mediano e parecem um com o outro, como uma imagem especular.
III. Princípio da Polaridade: Consiste em dois extremos: a cabeça em um extremo do
corpo e os membros inferiores no outro. Como centro do sistema de informação, a
cabeça contém os principais órgãos sensoriais, e o encéfalo, além de ter uma forma
predominantemente esférica. Já os membros inferiores consistem de elementos
esqueléticos radialmente formados, cujo número aumenta distalmente.

O corpo humano divide-se em: cabeça, pescoço, tronco e membros (ou extremidades)
superiores e inferiores.

A cabeça divide-se em duas partes: crânio (ou parte neural, contém principalmente o encéfalo
e órgãos sensoriais e é contínua com o canal vertebral que contém a medula espinhal) e face (ou
parte visceral, contém as cavidades do nariz e boca e o aparelho da mastigação).

O pescoço, por sua vez, permite a união da


cabeça com o tronco através de músculos e
ligamentos e por uma parte da coluna vertebral onde
se encontram as vértebras cervicais. É o pescoço que
possibilita todo e qualquer movimento realizado
pela cabeça.

O tronco divide-se em tórax e abdômen ou


cavidade abdominal. O tórax contém os órgãos
respiratórios e circulatórios (pulmões, coração, etc.),
que juntamente com o cérebro são chamados de
órgãos nobres, e também alguns dos órgãos abdominais que estão localizados abaixo do diafragma.
É abrigado por uma verdadeira grade de proteção formada pelos ossos do esterno e costelas. Já a
cavidade abdominal contém os outros órgãos, responsáveis, por exemplo, pelo metabolismo, tais
como fígado, estômago e intestinos e excreção, tais como rins, bexiga urinária, etc.

Já os membros ou extremidades implantam-se no tronco mediante articulações complexas.


Dividem-se em superiores (constituídos em sentido descendente, pelo braço [osso úmero],

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antebraço [ossos rádio e ulna] e mãos [ossos do carpo, metacarpo e falanges]) e inferiores (partes
mais distais em relação ao crânio, são formados pela coxa [osso fêmur], perna [ossos tíbia e fíbula]
e pés [ossos do tarso, metatarso e falanges]).

POSIÇÃO ANATÔMICA

1.1. Termos Anatômicos Descritivos

1.1.1 Termos Referentes à Posição

As diversas partes do corpo são descritas em relação a certos planos imaginários. São eles:

 Plano Mediano ou Sagital: É um plano vertical que divide o corpo humano em


metades iguais, direita e esquerda. Os planos situados de um ou de outro lado do plano
mediano e paralelos a este são denominados paramedianos. Uma estrutura situada mais

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próxima do plano mediano do corpo do que outra é denominada medial em relação


àquela. Da mesma forma, uma estrutura mais afastada do plano mediano do que outra é
lateral em relação a esta.
 Plano Frontal ou Coronal: Plano vertical imaginário, em ângulo reto em relação ao
plano mediano.
 Plano Horizontal ou Transversal: Situa-se em ângulo reto em relação aos planos
mediano e coronal.

Os termos anterior (ventral) e posterior. (dorsal) são utilizados para indicar, respectivamente,
a frente ou o dorso do corpo; de modo que, para se descrever a relação de duas estruturas, diz-se
estar anterior ou posterior à outra na medida em que estiver mais próxima da superfície corporal
anterior ou posterior. Descrevendo-se a mão, utilizam-se os termos faces palmar e dorsal em lugar
de anterior e posterior, e na descrição do pé, os termos faces plantar e dorsal são utilizados em vez
de face superior e inferior. Os termos proximal e distal descrevem as distâncias relativas das raízes
dos membros; por exemplo, o braço é proximal ao antebraço, e a mão é distal ao antebraço.

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Os termos superficial e profundo indicam as distâncias relativas das estruturas da superfície


do corpo, e os termos superior e inferior estruturas relativamente altas ou baixas, com referência às
extremidades superior e inferior do corpo.

Os termos interno e externo são utilizados para descrever a distância relativa de uma estrutura
do centro de um órgão ou cavidade; por exemplo, a artéria carótida interna nutre as estruturas
contidas na cavidade craniana e a artéria carótida externa nutre as estruturas situadas fora desta
cavidade.

O termo ipsilateral refere-se ao mesmo lado do corpo; por exemplo, a mão esquerda e o pé
esquerdo são ipsilaterais; contralateral refere-se a lados opostos do corpo; por exemplo, o músculo
bíceps braquial esquerdo e o músculo reto femoral direito são contralaterais.

A posição supina do corpo é a posição de decúbito dorsal; a posição em pronação é a de


decúbito ventral.

1.1.2. Termos Referentes ao Movimento

O ponto em que dois ou mais ossos se conectam é conhecido como articulação. Algumas
articulações não apresentam movimento (suturas do crânio); outras possuem apenas movimentos

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limitados (articulação tibiofibular superior), e algumas se movimentam livremente (articulação do


ombro).

Flexão é o movimento que tem lugar no plano mediano. Por exemplo, a flexão da articulação
do cotovelo aproxima a superfície anterior do antebraço da superfície anterior do braço. É
usualmente um movimento anterior, porém é por vezes posterior, como no caso da articulação do
joelho.

Alguns termos anatômicos utilizados em relação ao movimento. Observar a diferença entre


flexão do cotovelo e do joelho.

Extensão significa uma retificação da articulação, e usualmente ocorre numa direção


posterior. Flexão lateral é um movimento do tronco no plano coronal frontal.

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Adução do membro é um movimento em direção ao corpo, no plano coronal. Nos dedos das
mãos e dos pés, a abdução aplica-se no afastamento destas estruturas, e a abdução aplica-se à
aproximação.

Rotação é o termo aplicado ao movimento de uma parte do corpo em torno de seu eixo
longitudinal. Rotação medial é o movimento que resulta na superfície anterior da parte voltada para
a linha mediana; rotação lateral é o movimento que resulta na superfície anterior da parte voltada
lateralmente.

Pronação do antebraço é uma rotação medial do antebraço. Supinação do antebraço é uma


rotação lateral deste, a partir da posição pronada, de modo que a palma da mão esteja voltada
anteriormente. Circundução é a combinação, em sequencia, dos movimentos de flexão, extensão,
abdução e adução.

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Protração é mover-se para frente; retração é mover-se para trás (usado para descrever o
movimento da mandíbula para adiante e para trás nas articulações temporomandibulares). Inversão
é o movimento do pé de modo que a face plantar esteja voltada em direção medial. Eversão é o
movimento oposto do pé de modo que a face plantar esteja voltada lateralmente.

1.2. Estruturas Anatômicas Básicas

1.2.1. Fáscias

As fáscias do corpo podem ser divididas em superficiais e profundas e estão situadas entre a
pele e os músculos e ossos subjacentes.

A fáscia superficial é uma mistura de tecido adiposo e areolar frouxo que une a derme da pele
à fáscia profunda subjacente. No couro cabeludo, parte posterior do pescoço, palmas das mãos e
plantas dos pés, ela contém numerosos feixes de fibras colágenas que mantêm a pele firmemente
ligada às estruturas mais profundas. Nas sobrancelhas, orelha, pênis e escroto, e clitóris, ela é
desprovida de tecido adiposo.

A fáscia muscular é uma camada


membranosa de tecido conectivo que
reveste os músculos e outras estruturas
profundas.

A figura ao lado mostra uma


secção transversal ao nível do terço
distal do braço direito, para
demonstrar a disposição das fáscias
superficial e profunda. Observar como
septos fibrosos estendem-se entre
grupos de músculos, que dividem o
braço em compartimentos fasciais.

No pescoço, a fáscia muscular forma


camadas bem definidas que podem
desempenhar um papel importante,
determinando a via de propagação de
organismos patogênicos durante a
disseminação da infecção. No tórax e
abdome, é simplesmente uma película fina de
tecido areolar que cobre os músculos e
aponeuroses. Nos membros, forma uma
bainha definida ao redor dos músculos e
outras estruturas, mantendo-os em Posição.
Septos fibrosos que se estendem a partir da
superfície profunda da membrana, entre grupos musculares, e em muitos lugares, dividem-se até o
interior dos membros em compartimentos. Na região das articulações, a fáscia profunda pode estar

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consideravelmente espessada, formando faixas de retenção, denominadas retináculos. Sua função é


manter os tendões subjacentes em posição, ou servir como roldanas ou polias ao redor das quais os
tendões podem se movimentar.

1.2.2. Ligamentos

O ligamento é um tendão ou uma faixa de tecido conectivo que une duas estruturas.
Comumente encontrados em associação com as articulações, os ligamentos são de dois tipos: a
maioria é composta de densos feixes de fibras colágenas e não podem ser distendidos sob condições
normais (por exemplo, ligamento iliofemoral da articulação do quadril, ligamentos colaterais da
articulação do tornozelo). O segundo tipo é composto, em grande parte, de tecido elástico, e, por
conseguinte pode refazer o seu comprimento original após a distensão (por exemplo, ligamento
flavo da coluna vertebral e ligamento calcaneonavicular do pé).

1.2.3. Bolsas

É um aparelho de
lubrificação que consiste de
um saco fibroso- fechado,
delimitado por fina membrana
lisa. Suas paredes são
separadas por uma camada de
líquido viscoso. As bolsas são
encontradas sempre que os
tendões são atritados contra
ossos, ligamentos, ou outros
tendões. São comumente
encontradas próximo das
articulações, onde a pele se
atrita contra estruturas ósseas subjacentes, por exemplo, a bolsa pré-patelar.

1.2.4. Bainha Sinovial

Bolsa tubular que cerca um tendão. O tendão invagina a bolsa de um lado, ficando suspenso
no interior da bolsa por um mesotendão. Este permite a entrada dos vasos sanguíneos no tendão ao
longo de seu curso. Em certas situações, onde a variação do movimento é extensa, o mesotendão
desaparece ou permanece na forma de fios estreitos, os vínculos ou freios (por exemplo, os tendões
flexores longos dos dedos das mãos e dos pés).

1.2.5. Membrana Mucosa

Revestimento dos órgãos tubulares ou de passagens que se comunicam com a superfície do


corpo. Uma membrana mucosa consiste, essencialmente, em uma camada de epitélio ligada por
uma camada de tecido conectivo, a lâmina própria. Algumas vezes, no tecido conectivo está
presente músculo liso. Uma membrana mucosa pode ou não secretar muco em sua superfície.

1.2.6. Membrana Serosa

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Delimita as cavidades do tronco refletidas no interior das vísceras móveis que se situam
dentro destas cavidades.

Consistem em uma camada lisa de mesotélio,


mantida por uma fina camada de tecido conectivo. A
membrana serosa que delimita a parede da cavidade é
denominada camada parietal, e a que cobre as vísceras é
denominada camada visceral. O estreito intervalo em
forma de fenda que separa estas camadas forma as
cavidades pleural, pericárdica e peritoneal e contém
pequena quantidade de líquido seroso, o líquido pleural.
Este lubrifica a superfície das membranas e permite que as
duas camadas deslizem facilmente uma sobre a outra.

1.2.7. Cartilagem

A cartilagem é uma forma de tecido conectivo em que as células e fibras estão embebidas em
uma matriz semelhante a um gel, responsável por sua firmeza e elasticidade. Existem três tipos de
cartilagens: hialina, fibrosa e elástica.

 A cartilagem hialina apresenta uma alta proporção de matriz amorfa e possui o


mesmo índice de refração das fibras nela mergulhadas. Durante toda a infância e
adolescência, desempenha papel importante no crescimento em comprimento dos
ossos longos. Apresenta maior resistência ao desgaste e recobre as superfícies
articulares. É incapaz de ser reparada quando fraturada; o defeito é preenchido com
tecido fibroso. Tende a se calcificar, ou mesmo ossificar na vida mais tardia.
 A cartilagem fibrosa apresenta grande número de fibras colágenas imersas numa
pequena quantidade de matriz. É encontrada nos discos situados no interior das
articulações e sobre as superfícies articulares da mandíbula e da clavícula. Quando
lesada, sofre reparação lenta de modo semelhante ao do tecido fibroso de qualquer
outro local. Os discos articulares são mal supridos de sangue e, portanto, não sofrem
reparação quando lesados. Assim como a cartilagem hialina, tende a se calcificar, ou
mesmo se ossificar na vida mais tardia.
 A cartilagem elástica possui grande número de fibras elásticas imersas na matriz.
Como seria de se esperar, é muito flexível, e encontrada na orelha, meato auditivo
externo, tuba auditiva, e epiglote. Se lesada, sofre reparação com tecido fibroso.

1.3. Efeitos do Sexo, Raça e Idade sobre a estatura

O homem adulto tende a ser mais alto do que a mulher adulta e possui pernas mais longas;
seus ossos são maiores e mais pesados, e seus músculos também são maiores. Tem menos gordura
subcutânea, o que torna seu aspecto mais angular. Sua laringe é maior, e as cordas vocais mais
longas, de modo que a voz é mais profunda. Apresenta barba e pelos corporais vulgares (possui
pelos nas regiões axilar e pubiana que se estendem até a região do umbigo).

A mulher adulta tende a ter menor estatura do que o homem adulto e possui ossos menores e
músculos menos volumosos. Apresenta mais gordura subcutânea, acúmulo de gordura nas mamas,
nádegas e coxas o que lhe confere um aspecto mais arredondado. O cabelo da cabeça é mais fino, e
sua pele de aspecto mais liso. Apresenta pelos nas regiões axilar e pubiana, mas estes não se
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estendem até o umbigo. A mulher adulta possui mamas maiores, e pelve mais larga do que o
homem. Apresenta um ângulo maior de movimentação no cotovelo, o que resulta em um maior
desvio lateral do antebraço sobre o braço.

Até a idade de aproximadamente 10 anos, meninos e meninas crescem mais ou menos na


mesma proporção. Por volta dos 12 anos, os meninos muitas vezes começam a crescer mais
depressa do que as meninas, de modo que os homens alcançam a idade adulta mais altos do que as
mulheres. A puberdade começa entre os 10 e os 14 anos nas meninas, e entre os 12 e os 15 nos
meninos. Na menina, durante a puberdade, as mamas aumentam de tamanho e a pelve se alarga. Por
este mesmo tempo, crescem no menino o pênis, testículo e escroto e em ambos os sexos aparecem
pelos axilares e pubianos.

Diferenças raciais podem ser observadas na cor da pele, dos cabelos e olhos, e na forma e
tamanho dos olhos, nariz e lábios. Africanos e escandinavos tendem a ser mais altos devido às
pernas mais longas, enquanto os orientais tendem a ser baixos, com pernas curtas. As cabeças dos
centro-europeus e orientais também tendem a ser arredondadas e alargadas.

Após o nascimento e durante a infância, as funções orgânicas tornam-se progressivamente


mais eficazes, alcançando o seu grau máximo de eficácia no adulto jovem. Durante a idade adulta
mais tardia e na velhice, muitas funções orgânicas se tornam menos eficientes.

2. Células e Tecidos

2.1. Células – Unidades vivas do corpo

A unidade viva fundamental do corpo é a célula e cada órgão é um agregado de muitas células
diferentes, mantidas unidas por estruturas intercelulares de sustentação. Cada tipo de célula é
especialmente adaptada para a execução de uma função determinada. Por exemplo, os glóbulos
vermelhos do sangue transportam oxigênio dos pulmões para os tecidos.
Embora as inúmeras células do corpo possam, muitas vezes, diferir acentuadamente entre si,
todas apresentam determinadas características básicas que são idênticas. Por exemplo, em todas as
células, o oxigênio reage com carboidratos, gordura ou proteína para liberar a energia necessária ao
funcionamento celular.
Quase todas as células também têm capacidade de se reproduzir e, sempre que células de
determinado tipo são destruídas por qualquer causa, as células remanescentes do mesmo tipo
regeneram, com muita frequência, novas células até que seja restabelecido seu número adequado.
Quanto à forma, as células que constituem o organismo humano são muito variáveis. Nosso
sangue possui células vermelhas em forma de disco e as células brancas globulosas; as células que
formam os órgãos nervosos são estreladas, piramidais e as que se encontram nos ossos são também
estreladas. A forma depende da função de cada célula.
As células se compõem de numerosos elementos, mas fundamentalmente elas são formadas
de três partes:

 Membrana Celular: É a camada que envolve a célula. Nas células vegetais e em


muitas células animais (células da pele, músculo) é visível ao microscópio, mas em
muitas células a membrana é tão fina que somente processos mais delicados permitem

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evidenciá-la. Através de seus diminutivos poros seleciona os alimentos a serem


absorvidos pelo organismo (tecido).
 Citoplasma: É a porção da célula situada por dentro da membrana. É formado por
substâncias muito complexas que recebem o nome de proteínas, lipídios, glicídios, sais
minerais e água; no citoplasma ocorrem as transformações químicas (metabolismo).
 Núcleo: É um corpúsculo imerso no citoplasma, geralmente globuloso e central. Sua
forma e posição são muito variáveis. Regula as funções químicas das células. É formado
pela membrana nuclear que envolve o suco nuclear, cromossomos e núcleo. Nos
cromossomos existem os genes, que
representam e transmitem determinados
caracteres hereditariamente (por
exemplo, cor da pele). Algumas células
não possuem núcleos (exemplo: os
glóbulos vermelhos).

A membrana celular, o
citoplasma e o núcleo atuam de maneira
integrada nos processos vitais da célula,
tais como: absorção, metabolismo,
eliminação das toxinas, armazenamento
das substâncias oferecidas em excesso,
fagocitose e locomoção.

2.2. Tecidos

2.2.1. Tecido Epitelial

Forma as membranas, que são a camada mais superficial do corpo e, dessa forma, reveste a
superfície corpórea, inclusive as cavidades (estômago, bexiga, etc.). Suas principais funções são:

o Proteger o organismo contra as ações mecânicas;


o Absorver substâncias (Por exemplo, o epitélio intestinal, que absorve nutrientes);
o Excretar substâncias (Por exemplo, glândulas sebáceas);
o Sensibilidade ao estímulo (Por exemplo, o tato).

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2.2.2. Tecido Conjuntivo

Conhecido como tecido


conectivo; é o arcabouço básico de
sustentação e caracteriza-se por
possuir grande quantidade de
substâncias intercelulares. Suas fibras
podem ser de três tipos: fibras
colágenas, elastinas e reticulares.
Divide-se em:

o Tecido Conjuntivo Frouxo: É formado por células com capacidade de se proliferar e


modificar durante os processos inflamatórios e de cicatrização. Encontra-se sob a pele
na região subcutânea.
o Tecido Conjuntivo Fibroso: Sua característica é a resistência à tensão e grande
flexibilidade. Representado pelos tendões dos músculos, aponeuroses e cápsulas
envoltórias de órgãos.
o Tecido Elástico: Sua característica é a elasticidade. É encontrado nas artérias maiores,
nos ligamentos vocais da faringe.

2.2.3. Tecido Adiposo

É formado por células adiposas. É encontrado na forma de gordura de armazenamento na


parede do trato intestinal e no subcutâneo e de gordura estrutural preenchendo todos os espaços
vazios. Funciona como reserva alimentar, como sustentação para órgãos, proteção contra o frio e
ações mecânicas. Sua coloração é amarelada.

2.2.4. Tecido Hematopoiético

É responsável pela produção dos elementos sólidos do sangue. Encontram-se na forma de:
tecido mieloide e tecido linfoide. O interior dos ossos é preenchido pela medula óssea, que, em
parte é amarela, funcionando como depósito de lipídeos, e, no restante, é vermelha e gelatinosa,
constituindo o local de formação das células do sangue, ou seja, de hematopoiese. O tecido
hemopoiético é popularmente conhecido por "tutano". As maiores quantidades de tecido
hematopoiético estão nos ossos da bacia. Nos ossos longos, a medula óssea vermelha é encontrada
principalmente nas epífises.

2.2.5. Tecido Cartilaginoso

É formado por substâncias que promovem a sustentação do corpo com resistência elástica a
pressão. São três os tipos de cartilagem: hialina, fibrosa ou fibrocartilagem e elástica. Os detalhes
deste tipo de tecido já foram descritos anteriormente.

2.2.6. Tecido Ósseo

Constitui os ossos do nosso organismo; é formado por células ósseas (osteófitos), separados
por uma substância intersticial ou fundamental.

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3. Sistemas Orgânicos

3.1. Sistema Esquelético

Suas funções são: suportar os tecidos adjacentes; proteger os órgãos vitais e outros tecidos
moles do corpo, dando pontos de apoio para a fixação dos músculos; auxiliar no movimento do
corpo, fornecendo inserção dos músculos e funcionando como alavanca; produzir células
sanguíneas – medula vermelha; fornecer uma área de armazenamento para sais minerais,
especialmente fósforo e cálcio, para suprir as necessidades do corpo. É responsável pela forma do
corpo e local de depósito de gordura – medula amarela. Constitui-se de peças ósseas (ao todo 208
ossos no indivíduo adulto) e cartilaginosas articuladas, que formam um sistema de alavancas
movimentadas pelos músculos.

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O esqueleto humano pode ser dividido em duas partes: Esqueleto axial e apendicular.

3.1.1. Esqueleto Axial

Formado pela caixa craniana, coluna vertebral e caixa torácica.

3.1.1.1. Caixa Craniana

Possui os seguintes ossos importantes: frontal, parietais, temporais, occipital, esfenoide, nasal,
lacrimais, malares ("maçãs do rosto" ou zigomáticos), maxilar superior e mandíbula.

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Osso Frontal: Forma, essencialmente, a fronte (testa); o teto da cavidade nasal e as órbitas. Une o
esqueleto do crânio à face. Em ambos os lados da linha média e na sua espessura encontram-se os
seios frontais, cavidades com ar que se comunicam com as fossas nasais.

Ossos Parietais: Os dois ossos parietais, direito e esquerdo, formam os lados e o teto do crânio e se
articulam na linha mediana formando a sutura sagital.

Ossos Temporais: Direito e esquerdo, constituem as paredes laterais do crânio. São formados por
uma porção escamosa, que se articula com o parietal na sutura escamosa, uma porção mastoidea
(processo mastóide), porção tímpânica e porção petrosa.

Osso Esfenóide: Apresenta uma parte central que aloja a glândula hipofisária. Além disso, apresenta
dois prolongamentos de cada lado, as asas, das quais fazem parte as órbitas e a base do crânio.

Osso Occipital: Forma a parte posterior e parte da base do crânio; articula-se anteriormente com os
ossos parietais formando a sutura lambdoide. Em sua porção inferior há uma grande abertura,
denominada forame magno, que comunica o crânio à coluna vertebral e dá passagem à continuação
caudal do encéfalo. Articula-se com o Atlas, que é a primeira vértebra cervical.

Osso Maxila: Divide-se em direita e esquerda e ocupam quase toda a face, formando o maxilar. O
maxilar contribui para a cavidade oral, formando o palato duro; processo alveolar, em cujos
alvéolos estão implantados os dentes, e um processo zigomático.

Ossos Zigomáticos: Dividem-se em direito e esquerdo. São duas massas ósseas salientes que
formam as proeminências da face. Limitam a órbita juntamente com a maxila.

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Ossos Nasais: Dividem-se em direito e esquerdo, articulam-se entre si no plano mediano, formam o
esqueleto ósseo de parte do dorso do nariz.

Osso Vômer: Pequeno osso situado na face inferior do crânio, onde se articula com o osso
esfenoide; possui uma lâmina que forma o septo nasal ósseo.

Mandíbula: É um osso ímpar e móvel. A mandíbula consta de um corpo, em forma de ferradura,


que apresenta os alvéolos da arcada dentária inferior, e dois ramos, continuação do corpo numa
angulação conhecida como ângulo da mandíbula.

3.1.1.2. Coluna Vertebral

A coluna vertebral é constituída fundamentalmente por estruturas ósseas sobrepostas de


maneira regular, as vértebras. Estas estão classificadas por região assim especificadas: 7 vértebras
Cervicais (Região Cervical - Pescoço), 12 torácicas (Região Torácica), 5 lombares (Região
Lombar), sacro e cóccix (Região Pélvica ou Sacrococcígea). A coluna apresenta ainda um “buraco”,
o Forame Vertebral, que constitui um canal que aloja a medula espinhal ou nervosa.

As vértebras são ossos curtos, com tecido esponjoso em seu interior. A sua forma varia
segundo a parte da coluna à qual pertencem, mas apresentam algumas características em comum,
tais como: Corpo, Processo Espinhoso, Processos Articulares e Forame Vertebral, por onde passa a
Medula Espinhal.

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Vista de perfil a coluna apresenta uma série de curvaturas. As da concavidade posterior


chamam-se lordose e as da convexidade posterior, cifose. Em condições normais, existe cifose em
nível dorsal e sacrococcígeo e lordose em nível cervical e lombar.
 Vértebras Cervicais: Correspondem à zona do pescoço e são sete. São as mais
finas e dotadas de maior mobilidade. A primeira vértebra cervical – Atlas – é uma
vértebra incompleta, pois não possui verdadeiro corpo vertebral. Por estar
intimamente ligada com a Medula Espinhal e, consequentemente, com o encéfalo,
qualquer lesão às vértebras cervicais pode deixar o indivíduo com algum padrão
de hemiplegia (principalmente tetraplegia) ou mesmo, levar à morte.

 Vértebras Torácicas: São doze e estão colocadas depois das cervicais, em sentido
descendente. Correspondem à zona do ombro e apresentam maior espessura e menor
mobilidade que as vértebras cervicais. As dez primeiras articulam-se com as costelas.

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 Vértebras Lombares: São cinco situadas entre a região dorsal e o sacro. São as mais
grossas e dotadas de grande mobilidade. Correspondem a zona da cintura e apresentam
processos espinhosos muito desenvolvidos e horizontais.

 Sacro e Cóccix: É formado pelas cinco primeiras vértebras sacrais, soldadas entre si. É
consideravelmente mais largo na mulher do que no homem, com a finalidade de facilitar
o parto. O canal sacral, que atravessa o sacro em todo o seu comprimento, é a
continuação do canal vertebral. De cada lado partem quatro forames transversais pelos
quais saem os nervos sacrais. O Cóccix está situado na continuação do sacro e com ele
articulado, constituindo a extremidade inferior do eixo vertebral e corresponde a um
rudimento da cauda dos animais.

3.1.1.3. Caixa Torácica

É formada pela região torácica de coluna vertebral, osso esterno e costelas, que são em
número de 12 de cada lado, sendo as 7 primeiras verdadeiras (se inserem diretamente no esterno), 3

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falsas (se reúnem e depois se unem ao esterno), e 2 flutuantes (com extremidades anteriores livres,
não se fixando ao esterno). É na caixa torácica que estão alojados os pulmões e o coração. Sua
estrutura confere proteção às vísceras situadas no seu interior. Também é um elemento fundamental
no mecanismo dos movimentos respiratórios.

Na inspiração a caixa torácica aumenta de volume, alargando-se os espaços intercostais. Na


expiração, retorna às suas dimensões iniciais, com a consequente expulsão do ar que tinha sido
inspirado previamente.

O Esterno é um osso plano que se articula com as clavículas e com as sete primeiras costelas.
Sua forma é semelhante a uma espada. O processo xifoide é marco para várias manobras que podem
ser realizadas, tais como, a manobra de ressuscitação cardiopulmonar. Já as costelas são ossos

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arqueados disposto em forma de arco entre a coluna vertebral e o esterno. Como já foi dito,
dividem-se em verdadeiras, falas e flutuantes.

3.1.2. Esqueleto Apendicular

Formado pelos membros, superiores e inferiores e pelas cinturas ou cintas articulares.

3.1.2.1. Membros superiores

São formados por quatro segmentos: ombro, braço, antebraço e mão. O ombro, ou cintura
escapular, é considerado como parte do membro superior, embora se encontre propriamente na zona
superior do tórax.

Osso Clavícula: É um osso longo e par, situado transversalmente entre o esterno e a escápula, com
os quais se articula. Parece com um “S” itálico. Como todos os ossos longos, apresenta um canal
medular, sendo o resto do osso constituído por tecido esponjoso.

Osso Escápula: É um osso plano e muito fino que tem forma triangular. Na sua face posterior,
salienta-se uma eminência aplanada, a espinha da escápula, que termina num processo chamado
acrômio. Apresenta também uma cavidade oval, a cavidade glenoidea, que aloja a cabeça do úmero.
Acima se encontra o processo coracóide. Todas essas eminências são locas de inserção de
elementos musculares e ligamentos. Quanto à estrutura interna, é quase exclusivamente constituída
por tecido compacto.

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Osso Úmero: É um osso par, longo, que


apresenta um corpo e duas extremidades. O
corpo é quase retilíneo e parece retorcido sobre
o próprio eixo. Sua extremidade superior é uma
superfície articular, a cabeça do úmero, que se
articula com a escápula. A Tróclea contribui
para a formação do cúbito ou cotovelo.

Osso Ulna: É um osso longo, par, ligeiramente


encurvado. A sua parte superior se articula com
a tróclea do úmero ao nível do cotovelo. Para
efetuar o movimento de rotação que permite
virar a mão, o rádio se cruza com a ulna
formando um X.

Osso Rádio: Situado por fora da ulna, é também


um osso longo. Na parte superior apresenta uma
eminência volumosa, a cabeça do rádio. A parte
inferior possui uma faceta articular côncava, a
incisura ulnar do rádio, para a cabeça da ulna.

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Ossos do Carpo: São oito pequenos ossos, dispostos em duas filas transversais. A fila superior
articula-se com ulna e rádio. A fila inferior articula-se com os ossos metacárpicos.

Ossos do Metacarpo: São os ossos da mão propriamente dita são cinco, recobertos por partes moles,
que forma o dorso e a palma da mão. Cada um deles corresponde a um dedo.

Ossos das Falanges: Três colunas ósseas para cada dedo, excetuando-se o polegar. Chamam-se,
desde a origem dos dedos até a sua extremidade, falange proximal, falange média e falange distal,
respectivamente.

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3.1.2.2. Pelve Óssea e Membros inferiores

A pelve óssea é formada pelos dois ossos ilíacos: sacro e cóccix, juntamente com ílio, ísquio e
púbis. A pelve representa a união entre o tronco e a extremidade inferior.

Os membros inferiores compõem-se de coxa, perna, tornozelo e pé. O osso da coxa é o fêmur,
o mais longo do corpo. No joelho, ele se articula com os dois ossos da perna: a tíbia e a fíbula. A
região frontal do joelho está protegida por um pequeno osso circular: a rótula. Ossos pequenos e
maciços, chamados tarsos, formam o tornozelo. A planta do pé é constituída pelos metatarsos e os
dedos dos pés, pelas falanges.

Osso Ilíaco (Osso do Quadril): Constituído por três peças ósseas isoladas entre si: o ílio em cima, o
púbis adiante e o ísquio embaixo. O acetábulo destina-se a articular-se com a cabeça do fêmur. A
borda superior do osso ilíaco tem forma de “S” itálico, é a crista ilíaca, e as eminências da borda
anterior são as cristas ilíacas.

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A bacia do homem é mais espessa e mais alta que a da mulher, com as eminências ósseas
mais pronunciadas. A bacia feminina é mais larga e está mais inclinada, porque no momento do
parto o feto passa através dela. Os diâmetros da cabeça fetal se adaptam, mediante movimentos de
rotação, aos diâmetros da bacia materna.

Osso Fêmur: É um osso longo, o mais


comprido do corpo humano. Articula-se ao
nível do quadril com o osso ilíaco e ao nível
do joelho com a rótula, tíbia e fíbula. Na
parte superior apresenta a cabeça do fêmur e
duas eminências, os trocanteres, para
inserções musculares. É constituído por osso
compacto e apresenta um canal medular em
seu interior.

Osso Tíbia: É um osso longo, situado na


parte interna e anterior da perna. Articula-se
em cima com o fêmur, embaixo com o tálus e
lateralmente com a fíbula.

Osso Fíbula: Também é um osso longo,


situado na parte posterior externa da perna. É
mais fino que a tíbia.

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Ossos do Tarso: São sete ossos curtos,


dispostos em duas filas: a posterior contém o
tálus e o calcâneo; a anterior os outros ossos
cuneiformes. Correspondem ao tornozelo.

Ossos do Metatarso: São cinco e chamam-se


primeiro, segundo, etc., contando-se de dentro
para fora. São ossos longos e tem a forma do
dorso do pé.

Ossos das falanges: Como acontece na mão,


são constituídos por três falanges: proximal,
média e distal. O hálux (dedo grande) assim
como o polegar, não tem a terceira falange. Os
dedos dos pés estão muito menos
desenvolvidos que os da mão, sobretudo
devido à sua menor mobilidade.

3.1.3. Articulações

São estruturas de tecido conjuntivo segundo as quais dois ou mais ossos próximos se unem
entre si. A sua principal função é a união entre si dos diversos ossos que compõem o esqueleto. São
os elementos que dão estabilidade a esta união, permitindo, por exemplo, a postura ereta,
característica da espécie humana.

A presença de cartilagem articular recobrindo as superfícies articulares dos ossos, evita seu
desgaste excessivo, permitindo o deslizamento de uns sobre os outros nos diferentes movimentos do
corpo. Também é função das articulações limitar tais movimentos para evitar que ultrapassem uma
amplitude determinada, em função das necessidades de cada parte do corpo.

Classificam-se em:

o Sindesmoses: Ossos unidos por tecidos. Ex.: Osso do crânio.


o Sincondroses: Ossos unidos por cartilagem. Ex.: Base do crânio
o Sínfises: Articulações recobertas por cartilagens hialinas e unidas por fibrocartilagens,
além de tecido fibroso. Ex.: sínfise púbica.
o Sinoviais: Superfícies recobertas por cartilagem hialina e unidas pela cápsula, com uma
cavidade contendo líquido sinovial. Estas permitem liberdade de movimentos, porém
com menos estabilidade.
Quanto ao grau de mobilidade dividem-se em:
 Sinartrose: imóveis.
 Anfiartrose: semi-imóveis.
 Diartrose: móvel.

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3.1.4. Classificação dos Ossos

São classificados, de acordo com a sua forma, em longos, curtos, planos ou chatos.

o Ossos Longos: Têm duas extremidades ou epífises; o corpo do osso é a diáfise; entre a
diáfise e cada epífise fica a metáfise. A diáfise é formada por tecido ósseo compacto,
enquanto a epífise e a metáfise, por tecido ósseo esponjoso. Exemplos: fêmur, úmero.
o Ossos Curtos: Têm as três extremidades praticamente equivalentes e são encontrados
nas mãos e nos pés. São constituídos por tecido ósseo esponjoso. Exemplos: calcâneo,
tarsos, carpos.
o Ossos Planos ou Chatos: São formados por duas camadas de tecido ósseo compacto,
tendo entre elas uma camada de tecido ósseo esponjoso e de medula óssea Exemplos:
esterno, ossos do crânio, ossos da bacia, escápula.

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Revestindo o osso compacto na diáfise, existe uma delicada membrana - o periósteo -


responsável pelo crescimento em espessura do osso e também pela consolidação dos ossos após
fraturas (calo ósseo). As superfícies articulares são revestidas por cartilagem. Entre as epífises e a
diáfise encontra-se um disco ou placa de cartilagem nos ossos em crescimento, tal disco é chamado
de disco metafisário (ou epifisário) e é responsável pelo crescimento longitudinal do osso.

Diferenças entre o esqueleto masculino e feminino:

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3.2. Sistema Muscular

Tem como função principal propiciar os movimentos. Algumas das funções secundárias
incluem: Controle do fluxo sanguíneo nas artérias; Auxílio dos movimentos respiratórios no tórax;
No sistema digestivo agem, desde a absorção do alimento até sua excreção; Na fonação participam
no processo de emissão da voz; Na reprodução possibilitam a ejaculação do esperma; Durante a
gravidez abrigam o embrião no útero (um saco muscular).

Os músculos representam a parte ativa do aparelho locomotor. Existem aproximadamente 600


músculos no corpo. Desempenham funções determinadas de acordo com seu objetivo. Os músculos
são feitos de fibras que se contraem quando estimulados por impulsos nervosos.
Ao se contrair, os músculos esqueléticos tracionam os ossos aos quais estão ligados,
provocando um movimento do corpo. Os músculos não podem “empurrar” mas apenas “puxar”, por
isso para cada músculo que causa movimento há outro que faz o movimento oposto. Por exemplo:
um músculo flexiona sua perna e outro desfaz uma flexão. Esses músculos em pares são chamados
antagonistas.

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3.2.1. Tipos de músculos

 Esquelético ou estriado: Apresenta-se microscopicamente em faixas alternadas


transversais, claras e escuras. Agem sob comando voluntário do cérebro produzindo
movimentos dos ossos. Suas células são fibras longas e finas, dispostas em feixes. Os
filamentos sobrepostos existentes no interior das células dão a esses músculos uma
aparência estriada. Esses músculos são fixados aos ossos do esqueleto por meio de tendões
e ligamentos, exercem força sobre os mesmos para que se movam. A conexão que se
movimenta menos é referida como a origem, e a que se move mais, como a inserção.
Quando em estado de repouso, todo músculo esquelético está em parcial estado de
contração. Esta condição é denominada tônus muscular. Considerando-se que as fibras
musculares estão totalmente contraídas ou relaxadas, não existindo estágio intermediário,
poucas fibras musculares num determinado músculo estão completamente contraídas
durante todo o tempo. Para dar origem a este estado e evitar fadiga, diferentes grupos de
unidades motoras e, deste modo, diferentes grupos de fibras musculares são postos em
ação em diferentes tempos. O movimento muscular é realizado acionando-se um número
cada vez maior de unidades motoras e, ao mesmo tempo, reduzindo-se a atividade das
unidades motoras dos músculos que se opõem ou antagonizam o movimento. Quando é
necessário um esforço máximo, todas as unidades motoras de um músculo são postas em
ação. É importante compreender que todos os movimentos são a consequência da ação
coordenada de muitos músculos.

 Músculo Liso: Consiste em células longas, fusiformes, intimamente dispostas em


feixes ou camadas. Está presente nos órgãos internos, ocos e tubulares (estômago,
intestino, vasos sanguíneos, bexiga urinária, musculatura respiratória). Trabalham
automaticamente para o funcionamento regular do corpo. Elas se contraem
automaticamente para proporcionar movimentos lentos e ritmados que não dependem da
vontade do indivíduo. Uma onda de contração das fibras dispostas circularmente passa
ao longo do canal, ordenhando seu conteúdo para frente. Por sua contração, as fibras
longitudinais empurram a parede do tubo no sentido proximal em relação ao conteúdo.
Este método de propulsão é denominado peristalse. Nos órgãos de armazenamento,
como a bexiga urinária ou o útero, as fibras estão irregularmente dispostas e
entrelaçadas umas com as outras. Sua contração é lenta e mantida, e provoca a expulsão

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do conteúdo dos órgãos. Nas paredes dos vasos sanguíneos, as fibras musculares lisas
são dispostas de modo circular e servem para modificar o calibre do lúmen.

 Músculo Cardíaco: É um músculo especializado que forma a parede do coração.


O músculo cardíaco consiste em fibras musculares estriadas que se ramificam e se
unem umas com as outras ao longo do comprimento. Elas se contraem
automaticamente sob ritmo próprio (cerca de 70 por minuto) bombeando sangue
do coração para todo o corpo. Suas células são uninucleadas, e tem contração
involuntária. Único músculo que não cansa.

3.2.2. Principais músculos

Orbicular dos lábios: movimenta os lábios.

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Orbicular dos olhos: abre e fecha os olhos.


Masseter: músculo da mastigação.
Esternocleidomastóideo: faz a cabeça virar para o lado.

Escaleno: ajuda a levantar a caixa torácica, ativo na respiração do ar, no tossir e no espirrar.
Peitoral maior: movimenta os braços e eleva o esterno e amplia o tórax.

Esternal: contrai a pele do tórax.


Reto do abdome: formam a parede do abdome protegendo as vísceras. Na mulher ficam estendidos
durante a gravidez e são importantes no chamado trabalho de parto.
Bíceps: ao se contrair, levanta o antebraço. Seu oponente é o tríceps que faz o antebraço abaixar.

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Flexor dos dedos: faz o movimento de dobrar os dedos sem fechar as mãos.
Quadríceps: permite-nos esticar as pernas quando estamos sentados.
Tibial anterior: dobra o pé aproximando-o da perna.
Trapézio: levanta os ombros e, juntamente com o esternocleidomastóideo participa dos movimentos
da cabeça.
Deltoide: levanta o braço para o lado. É no deltoide que são aplicadas algumas injeções.
Tríceps: opõe-se ao bíceps, esticando o antebraço.
Grande dorsal: muito ativo quando remamos, martelamos ou fazemos flexões apoiadas sobre as
mãos.
Glúteo médio e Grande máximo: formam o que se chama de nádegas. Quando estamos de pé, esses
músculos relaxam. Sua contração nos permite levantar quando estamos sentados.

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Bíceps da coxa: dobra a perna para trás.


Gastrocnêmio (gêmeos): dobra o pé para baixo, ligando-se ao tendão do calcâneo.
Sóleo: sua contração permite-nos ficar na ponta dos pés. Muito ativo na dança, no salto, na corrida e
no caminhar.
Músculos presentes na cabeça e na face: importantes nas expressões do rosto, no soprar e no
assobiar.

Músculo diafragma: separa o tórax do abdome, responsável pela respiração.


3.2.3. Fadiga muscular

É a incapacidade dos processos contrateis e metabólicos de sintetizar energia (ATP) para


manter-se igual a sua degradação, ou seja, o músculo está cansado.

3.2.4. Tônus muscular

Mesmo quando está em repouso, certa quantidade de tensão permanece, devido a impulsos
nervosos da medula espinhal, já que as fibras não se contraem sem um estímulo, ou seja, o músculo
permanece contraído por um tempo prolongado.

3.2.5. Antagonismo

Um músculo quando contraído necessita que seu antagonista, ou seja, aquele que se opõem a
ele. Como por exemplo, quando o bíceps se contrai, o tríceps relaxa.

3.2.6. Tendão

São feitos de fibras de colágeno, um material muito forte, capaz de resistir á tração quando
puxado longitudinalmente. Ao se contrair, um músculo traciona um osso por meio de um tendão,

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produzindo movimento. Os maiores tendões do corpo, facilmente perceptíveis pelo tato, são os do
calcâneo, também conhecidos como Tendões de Aquiles.

3.2.7. Ligamento

É uma tira de tecido duro, mas levemente elástico – mais elástico do que o material dos
tendões, porém menos do que o tecido muscular. Os ligamentos apoiam as articulações do corpo,
estabelecendo a ligação entre os ossos que as compõem. Com isso, os movimentos de cada
articulação ficam limitados ao grau necessário. Além disso, os ligamentos dão sustentação a alguns
órgãos, como o fígado, e fixam os dentes ao maxilar e a mandíbula.

3.3. Sistema Tegumentar

Sua função é proteger o organismo do meio exterior. É composto por pele, pelos, unhas,
glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas. Pele, pelos e unhas já foram tratados anteriormente.

3.3.1. Pele

Divide-se em duas partes distintas: a parte superficial ou epiderme, e a parte profunda ou


derme.

A epiderme é um epitélio estratificado, cujas células se tornam achatadas à medida que


envelhecem e afloram à superfície. Nas palmas das mãos e plantas dos pés, a epiderme é
extremamente espessa para suportar o uso e o desgaste destas regiões. Em outras áreas do corpo,
por exemplo, na superfície anterior do braço e antebraço, ela é fina. Já a derme é composta de
tecido conectivo denso contendo muitos vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Apresenta uma
variação considerável de espessura, em diferentes partes do corpo, tendendo a ser mais fina na
superfície anterior do que na posterior. É também mais fina nas mulheres do que nos homens. Está
conectada com a fáscia muscular subjacente ou com os ossos, através da tela subcutânea, também
conhecida como tecido subcutâneo.

Na derme, os feixes de fibras


colágenas estão dispostos, em sua
maioria, em filas paralelas. Uma incisão
cirúrgica através da pele, feita ao longo
ou entre essas fileiras, provoca um
desarranjo mínimo do colágeno, e a
ferida cicatriza com um mínimo de
tecido cicatricial. Por outro lado, uma
incisão feita através das filas de
colágeno rompe e altera a pele,
resultando na produção maciça de
colágeno fresco e na formação de uma
cicatriz ampla e de mau aspecto. A
direção das fileiras de colágeno é
conhecida como linhas de clivagem
(linhas de Langer); elas tendem a correr
longitudinalmente nos membros e

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circunferencialmente (transversais) no pescoço e no tronco.


A pele situada sobre as articulações é sempre dobrada num mesmo lugar, a pele enrugada.

A figura mostra
os diversos sulcos
cutâneos na superfície
palmar da mão e
superfície anterior da
articulação do punho. A
relação da unha com as
outras estruturas de dedo
também é demonstrada.

Nestes pontos a
pele é mais fina do que
em qualquer outro local,
estando firmemente
fixada às estruturas
subjacentes por faixas mais fortes de tecido fibroso.

Os apêndices da pele são as unhas, folículos capilares, glândulas sebáceas e glândulas


sudoríparas.

As unhas são placas queratinizadas, situadas nas superfícies dorsais das extremidades dos
dedos das mãos e dos pés. A extremidade proximal da placa é a raiz da unha. A superfície da pele
coberta da unha é o leito ungueal.

Os cabelos crescem dos folículos, que são invaginações da epiderme em direção à derme. O
folículo situa-se obliquamente em relação à superfície cutânea, e suas extremidades expandidas,
chamadas bulbos capilares, penetram até a parte mais profunda da derme. Cada bulbo capilar é
côncavo na sua extremidade, e a concavidade é ocupada por tecido conectivo vascular, a papila
capilar. Uma faixa de músculo liso, o músculo eretor do pelo, conecta a parte de folículo situada
abaixo da superfície com a parte superficial da derme. O músculo é inervado por fibras simpáticas,
e sua contração faz com que o pelo se movimente para uma posição mais vertical; ele também
comprime a glândula sebácea e provoca a eliminação de parte de sua secreção. O estiramento do
músculo também provoca a ondulação da superfície cutânea, assim chamada pele arrepiada. Os
pelos estão distribuídos em quantidade variada, sobre toda a superfície corporal, exceto nos lábios,
palmas das mãos, parte lateral dos dedos, glande do pênis e clitóris, lábios menores, superfície
interna dos lábios maiores, superfície plantar e parte lateral dos pés, e na parte lateral dos dedos.

As glândulas sebáceas eliminam sua secreção, o sebo, dentro das hastes dos pelos, quando
eles passam através do istmo dos folículos. Estão situadas na parte inclinada abaixo da superfície
dos os folículos e permanecem no interior da derme. O sebo é um material oleoso, que ajuda a
conservar a flexibilidade do pelo emergente. Também lubrifica a epiderme superficial em torno da
abertura do folículo.

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As glândulas sudoríparas são longas, espiraladas e tubulares, distribuídas na superfície do


corpo, exceto nas margens avermelhadas dos lábios, leitos ungueais, glande do pênis e clitóris.
Estendem-se através de toda a espessura da derme e suas extremidades, e podem estar situadas na
fáscia superficial. Por conseguinte, de todos os apêndices epidérmicos, as glândulas sudoríparas são
as estruturas que penetram mais profundamente.

3.4. Sistema Imunológico ou Linfático

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O sistema imunológico ou sistema imune é de grande eficiência no combate a micro-


organismos invasores. Mas não é só isso; ele também é responsável pela “limpeza” do organismo,
ou seja, a retirada de células mortas, a renovação de determinadas estruturas, rejeição de enxertos, e
memória imunológica. Também é ativo contra células alteradas, que diariamente surgem no nosso
corpo, como resultado de mitoses anormais. Essas células, se não forem destruídas, podem dar
origem a tumores.
Células do sistema imune são altamente organizadas como um exército. Cada tipo de célula
age de acordo com sua função. Algumas são encarregadas de receber ou enviar mensagens de
ataque, ou mensagens de supressão (inibição), outras apresentam o “inimigo” ao exército do sistema
imune, outras só atacam para matar, outras constroem substâncias que neutralizam os “inimigos” ou
neutralizam substâncias liberadas pelos “inimigos”.
Além dos leucócitos, também fazem parte do sistema
imune as células do sistema mononuclear fagocitário, (SMF)
antigamente conhecido por sistema retículo-endotelial e
mastócitos. As primeiras são especializadas em fagocitose e
apresentação do antígeno ao exército do sistema imune. São elas:
macrófagos alveolares (nos pulmões), micróglia (no tecido
nervoso), células de Kuppfer (no fígado) e macrófagos em geral.
O Sistema Linfático tem duas diferentes funções, limpeza e
defesa.
Na limpeza: o Sistema Linfático atua na limpeza
esvaziando os interstícios celulares de macromoléculas as quais são levadas pela linfa até os
linfonodos e, ali, são fagocitadas. Compõem o Sistema Linfático na limpeza: a linfa, os vasos
linfáticos, os linfonodos e os linfócitos de ação fagocitária.
Na defesa: o Sistema Linfático atua na defesa produzindo linfócitos, aprisionando agentes
agressores e produzindo anticorpos. Compõem o Sistema Linfático na defesa: a linfa (como meio de
transporte), os linfonodos, os linfócitos, as tonsilas (faríngeas, palatinas e sublingual), o timo, o
baço e o apêndice vermiforme.

3.4.1. Linfa

É o liquido que encontramos nos vasos linfáticos. Era líquido intersticial e será sangue venoso
quando se misturar a este no ângulo venoso, formado pelas veias jugular e subclávia que formarão a
veia cava. Percorre os vasos linfáticos que, conforme aumentam de calibre, recebem o nome de:
capilares, vasos e ductos linfáticos. A composição da linfa é praticamente a mesma do sangue,
excetuando-se a existência de glóbulos vermelhos, o que faz a linfa ser de coloração transparente.
Por ela circulam além das impurezas retidas do meio intersticial, proteínas, hormônios, glóbulos
brancos e, ocasionalmente, dos intestinos ao fígado, nutrientes (moléculas de gordura).

3.4.2. Vasos Linfáticos

Dividem-se em capilares, vasos e ductos. É formado por segmentos (linfângios)


continuamente valvulados para impedir o refluxo. A linfa, que neles percorre, é movida por seis
mecanismos: Formação de nova linfa que impulsiona a já existente; Massagem dos músculos sobre
os vasos; Os vasos, por se encontrarem próximos das artérias, sofrem a influência dos batimentos
cardíacos; A linfa da região abdominal (cisterna de Quilo/ampola de Pequet) é sugada para o
coração pelo vácuo formado na caixa torácica pelos movimentos respiratórios; Os vasos linfáticos

MÓDULO I – CAP. 2 – ANATOMIA E FISIOLOGIA APLICADAS


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possuem movimentos de contração. As válvulas, neles existentes, impedem o refluxo possibilitando


o transporte da linfa em uma única direção; A linfa das regiões acima do coração sofre a atração da
força da gravidade.

3.4.3. Linfonodos

São expansões nodulares de forma ovalada nas quais vasos linfáticos penetram trazendo linfa
e seus componentes. Consistem de tecido linfático, coberto por uma cápsula de tecido conjuntivo
fibroso. Formam os linfonodos: trabéculas, vasos aferentes (que trazem linfa), seios linfáticos, vasos
eferentes (que levam linfa), nódulos corticais, córtex, centro germinativo, cordões medulares,
artérias e veias. Temos de 400 a 600 linfonodos em cadeia no nosso corpo. As principais cadeias e
linfonodos são: cervical, axilar, supra-epitrocleares, ducto torácico, pré-aórtico (ampola), inguinal e
losango poplíteo.

3.4.4. Tonsilas

Órgãos linfáticos, constituídos por numerosos folículos de tecido linfoide, dispostos em


nódulos possuindo centros germinativos de anticorpos e linfócitos. Classificam-se em tonsilas
faríngeas, tonsilas palatinas e tonsila lingual. Todas atuam como defesa adicional contra agentes
infecciosos provenientes da boca e do nariz. Exercem esta função de defesa dando o alarme,
formando linfócitos através do seu tecido linfoide e produzindo anticorpos.

MÓDULO I – CAP. 2 – ANATOMIA E FISIOLOGIA APLICADAS


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 Tonsilas Faríngeas: Localizada na faringe nasal (adenoides). Monitora as fossas nasais.


 Tonsilas Palatinas: Mais conhecidas por amídalas, situadas na retroboca. Monitora o
que por ali passa.
 Tonsila Lingual: Situada no dorso da porção da língua, das papilas valadas até a
epiglote. Mesma função da anterior.

3.4.5. Timo

Órgão na frente da aorta e atrás do externo, formados por uma massa cinzenta. Seu tamanho
aumenta durante infância e, com o passar dos anos, diminui de tamanho lentamente. Tem um papel
crítico no desenvolvimento e proteção do organismo. Produz um hormônio chamado Timozina.
Combate a invasão por micro-organismos infecciosos e também atua na identificação e destruição
de qualquer coisa que possa ser descrita como “não própria”, incluindo transplantados e células
malignas. Nele precursoras células “T” oriundas da medula óssea recebem definitiva transformação
atuando eficientemente nas infecções crônicas, micoses e viroses.

3.4.6. Baço

É o maior órgão do Sistema Imunológico e caracteriza-se por não possuir circulação linfática.
Situa-se no lado esquerdo superior do abdome, protegido pelas costelas inferiores. Tem a forma

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ovalada, cor púrpura devido a grande quantidade de sangue nele contida, com 13 cm de
comprimento e seu peso varia de 300 a 400 gr (nos adultos). É revestido por uma cápsula fibrosa e é
formado pela polpa esplênica na qual se encontram a “polpa branca”, que contem os glóbulos
brancos chamados linfócitos, agrupados em torno de vasos sanguíneos, e a “polpa vermelha” que
contém glóbulos brancos chamados macrófagos que perseguem e destroem micro-organismos
invasores. Na defesa do organismo filtra os micro-organismos estranhos do sangue, produzindo
linfócitos e plasmócitos que fabricam anticorpos.

3.4.7. Apêndice Vermiforme

Pequena porção do intestino, de formato vermiforme, cilíndrico e flexível, inserido no ceco,


abaixo da válvula ileocecal. Possui tecido linfático. Produz alguns leucócitos que contribuem na
defesa da região onde se encontra.

3.5. Sistema Respiratório

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Conjunto de estruturas que permitem a captação de oxigênio e a eliminação de dióxido de


carbono produzido na respiração interna, propiciando, assim, as trocas gasosas. No ser humano, o
processo respiratório tem como órgãos centrais os pulmões, vísceras situadas no tórax, de ambos os
lados do coração.

Além dos pulmões, o sistema respiratório humano é constituído por vários órgãos que
conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses órgãos são as fossas nasais,
a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os alvéolos, os três últimos
localizados nos pulmões.

3.5.1. Fossas Nasais

São duas cavidades paralelas situadas na face, que começam nas narinas e terminam na
faringe. Elas são separadas uma da outra por uma parede cartilaginosa denominada septo nasal. Em
seu interior há dobras chamadas cornetos nasais, que forçam o ar a turbilhonar. Possuem um
revestimento dotado de células produtoras de muco e células ciliadas, também presentes nas
porções inferiores das vias aéreas, como traqueia, brônquios e porção inicial dos bronquíolos. No
teto das fossas nasais existem células sensoriais, responsáveis pelo sentido do olfato. Têm as
funções de filtrar, umedecer e aquecer o ar.

Filtra o ar através de pelos, não deixando passar as partículas maiores de sujeira, sua
mucosa interna é umedecida por uma secreção viscosa que agarra as partículas menores e os cílios
varrem o que é capturado para a garganta onde é engolido. Uma membrana mucosa rica em
capilares sanguíneos irradia para o ar, o calor do sangue, aquecendo-o. A membrana mucosa
segrega um muco viscoso que serve para umedecer o ar respirado.

3.5.2. Faringe

É um canal músculo membranoso, dilatável, contrátil e flexível, comum aos sistemas


digestório e respiratório e comunica-se com a boca e com as fossas nasais. O ar inspirado pelas
narinas ou pela boca passa necessariamente pela faringe, antes de atingir a laringe. Tem função
digestiva e respiratória. No respiratório impede que substâncias não gasosas penetrem no pulmão
acionando a epiglote quando engolimos.

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3.5.3. Laringe

É um tubo situado na parte posterior do pescoço, sustentado por peças de cartilagem


articuladas, situado na parte superior do pescoço, em continuação à faringe. O pomo-de-adão,
saliência que aparece no pescoço, faz parte de uma das peças cartilaginosas da laringe. É o órgão da
fonação, constituído por três cartilagens: cricóide, tireoide e epiglote. Nela se encontram as cordas
vocais, pregas capazes de produzir sons durante a passagem de ar. Também possui mucosa e cílios
para limpeza. A função da laringe é evitar que penetre conteúdo alimentar nas vias respiratórias e
filtrar.
A entrada da laringe chama-se glote. Acima dela existe uma espécie de “lingueta” de
cartilagem denominada epiglote, que funciona como válvula. Quando nos alimentamos, a laringe
sobe e sua entrada é fechada pela epiglote. Isso impede que o alimento ingerido penetre nas vias
respiratórias.

3.5.4. Traqueia

É um tubo de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro por 10-12 centímetros de comprimento,


cujas paredes são reforçadas por anéis cartilaginosos. Está situado entre a língua e a origem dos
brônquios. Bifurca-se na sua região inferior, originando os brônquios, que penetram nos pulmões.

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Seu epitélio de revestimento muco-ciliar adere partículas de poeira e bactérias presentes em


suspensão no ar inalado, que são posteriormente varridas para fora (graças ao movimento dos cílios)
e engolidas ou expelidas. Sua função é levar o ar até os pulmões.

3.5.5. Pulmões

São dois, um direito e outro esquerdo, situados na caixa torácica, separados pelo coração e
esôfago. Constituem os órgãos fundamentais da respiração. Tem a forma ovalada com o polo
inferior seccionado e ligeiramente escavado, sua parte mais alta é denominada ápice. Tem a
consistência mole e elástica; são órgãos esponjosos revestidos por uma membrana chamada pleura.
Têm coloração avermelhada, são porosos e atravessados por túbulos cartilaginosos de dimensões
variáveis: os brônquios. O pulmão direito é dividido em três lobos (superior, médio e inferior),
enquanto o esquerdo só possui dois lobos e por ser menor sobra espaço para acomodar o coração.
Sua função é, através de seus movimentos de contração e expansão, introduzir e expelir gases.

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3.5.6. Brônquios/Bronquíolos

Brônquios são duas ramificações da traqueia que penetram nos pulmões e, à medida que vão
se ramificando diminuem de “calibre”, passando a chamar-se “bronquíolos”. Na inspiração,
conduzem o ar proveniente do exterior, até os alvéolos pulmonares e, na expiração, devolvem os
gases ao meio exterior. Também colaboram na filtragem do ar através de mucos, cílios e
macrófagos.

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3.5.7. Alvéolos

Minúsculas bolsas em forma de cachos na ponta dos bronquíolos. Dão aos pulmões um
aspecto rosado e esponjoso. Estão envolvidos por uma rede de vasos sanguíneos – os capilares. Nas
condições apropriadas (limpeza, calor e umidade), o oxigênio, na inspiração, passa através da
parede de um alvéolo e prende-se a um glóbulo vermelho, o dióxido de carbono, oriundo de
combustão celular, desprende-se do glóbulo vermelho e, passando pela parede do alvéolo, percorre
o caminho da expiração, chegando ao meio exterior. Nos alvéolos também se pode encontrar os
macrófagos fazendo limpeza.

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3.5.8. Diafragma

Grande músculo disposto horizontalmente e que separa a caixa


torácica da cavidade abdominal. Tem a forma de um paraquedas aberto e
apoiam-se sobre ele o coração e os pulmões. Insere-se nas costelas, no
externo e na coluna vertebral. O diafragma está presente apenas em
mamíferos, promovendo, juntamente com os músculos intercostais, os
movimentos respiratórios Quando se contrai determina o aumento dos
diâmetros torácicos facilitando a inspiração. A expiração se dá quando
relaxa e as costelas se contraem. Isto expulsa o ar dos pulmões. Localizado logo acima do
estômago, o verno frênico controla os movimentos do diafragma.

3.5.9. Costelas e músculos Intercostais

Por expansão, provocam um aumento da caixa torácica que, vedada pelo diafragma contraído,
propicia um vácuo que permite a inspiração.

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3.6. Sistema Circulatório

O sistema cardiovascular ou circulatório é uma vasta rede de tubos de vários tipos e calibres,
que põe em comunicação todas as partes do corpo. Dentro desses tubos circula o sangue,
impulsionado pelas contrações rítmicas do coração. O sangue circula através do corpo, começando
no coração, passando por todos os tecidos e órgãos e voltando novamente ao coração para começar
tudo outra vez. O sistema circulatório permite que algumas atividades sejam executadas com grande
eficiência:

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 Transporte de gases: Os pulmões, responsáveis pela obtenção de oxigênio e pela


eliminação de dióxido de carbono, comunicam-se com os demais tecidos do corpo por
meio do sangue.
 Transporte de nutrientes: no tubo digestivo, os nutrientes resultantes da digestão
passam através de um fino epitélio e alcançam o sangue. Por essa verdadeira
"autoestrada", os nutrientes são levados aos tecidos do corpo, nos quais se difundem
para o líquido intersticial que banha as células.
 Transporte de resíduos metabólicos: a atividade metabólica das células do corpo
origina resíduos, mas apenas alguns órgãos podem eliminá-los para o meio externo. O
transporte dessas substâncias, de onde são formadas até os órgãos de excreção, é feito
pelo sangue.
 Transporte de hormônios: hormônios são substâncias secretadas por certos órgãos,
distribuídas pelo sangue e capazes de modificar o funcionamento de outros órgãos do
corpo. A colecistocinina, por exemplo, é produzida pelo duodeno, durante a passagem
do alimento, e lançada no sangue. Um de seus efeitos é estimular a contração da
vesícula biliar e a liberação da bile no duodeno.
 Intercâmbio de materiais: algumas substâncias são produzidas ou armazenadas em
uma parte do corpo e utilizadas em outra parte. Células do fígado, por exemplo,
armazenam moléculas de glicogênio, que, ao serem quebradas, liberam glicose, que o
sangue leva para outras células do corpo.
 Transporte de calor: o sangue também é utilizado na distribuição homogênea de calor
pelas diversas partes do organismo, colaborando na manutenção de uma temperatura
adequada em todas as regiões; permite ainda levar calor até a superfície corporal, onde
pode ser dissipado.
 Distribuição de mecanismos de defesa: pelo sangue circulam anticorpos e células
fagocitárias, componentes da defesa contra agentes infecciosos.
 Coagulação sanguínea: pelo sangue circulam as plaquetas, pedaços de um tipo celular
da medula óssea (megacariócito), com função na coagulação sanguínea. O sangue
contém ainda fatores de coagulação, capazes de bloquear eventuais vazamentos em caso
de rompimento de um vaso sanguíneo.

3.6.1. Coração

É um órgão muscular com a forma de um cone truncado, situado entre os dois pulmões no
mediastino anterior. Repousa sobre o diafragma e está envolvido por uma membrana, o pericárdio.
O peso varia de 300 g no homem e pouco menos na mulher, dependendo da idade. É dividido em
duas metades, direito e esquerdo por um septo. Cada metade se compõe de uma pequena cavidade
chamada de átrio, com paredes delgadas,que recebe sangue das veias, e outro, chamado ventrículo,
maior, com paredes espessas, que impele o sangue para as artérias. Ambos os lados batem juntos
num ciclo de três fases: diástole, sístole atrial e sístole ventricular.

É constituído do músculo cardíaco, que se contraí automaticamente sem cessar. Este músculo
combina características dos dois outros tipos de músculos existentes no corpo humano: os estriados
e os lisos. Os músculos estriados são voluntários, movem-se com rapidez, mas cansam depressa. Os

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músculos lisos são involuntários. O músculo do coração é as duas coisas; faz o coração bater a um
ritmo estável, mas é capaz de mudar o ritmo rapidamente, se necessário for. Sua função é bombear
o sangue pelo corpo.

O coração possui 4 cavidades cardíacas, 2 átrios e 2 ventrículos. Cada átrio comunica-se com
o ventrículo do mesmo lado. Nem átrios nem ventrículos podem comunicar-se entre si. As
cavidades são recobertas por uma capa de tecido elástico, branco e de aspecto liso e brilhante.

 Átrio Direito: Situado acima e à esquerda do coração. Nele desembocam as veias cavas
superiores e inferiores, é separado do átrio esquerdo pelo septo interatrial e do
ventrículo direito por um orifício no qual se encontra a válvula “atrioventricular” direita
que,também recebe o nome de “tricúspide”.
 Átrio Esquerdo: Situado acima e à direita no coração. Nele desembocam as vias
pulmonares direitas e esquerdas, que transportam sangue oxigenado. Está separado do
ventrículo esquerdo por um orifício onde se encontra a válvula “mitral” que, também
recebe o nome de “bicúspide”.
 Ventrículo Direito: Situado abaixo e à esquerda no coração. Cavidade maior que o
átrio e com uma musculatura mais potente, separada do outro ventrículo pelo septo

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interventricular, a ele chega sangue pobre em oxigênio proveniente do átrio direito que,
é expulso para a artéria pulmonar através da válvula pulmonar.
 Ventrículo Esquerdo: Situado abaixo e à direita, no coração. Cavidade com parede
muscular mais potente, pois deve expulsar o sangue oxigenado do átrio esquerdo através
da válvula aórtica para grande circulação.

Além dessas cavidades, o coração possui três camadas:

 Pericárdio: Membrana dupla que envolve o coração. É como se o coração fosse


protegido por uma “embalagem plástica”.
 Miocárdio: Camada intermediária e musculosa do coração. É a mais importante das
três, pois através dela, o coração realiza sua função de “bomba”.
 Endocárdio: Fina membrana que reveste as cavidades do coração.

Para o coração realizar a sua função de bombeamento de sangue, efetua movimentos de


contração e relaxamento da musculatura das suas cavidades, que se chamam sístole e diástole.

 Sístole: É o período de contração, no caso dos ventrículos, para expulsar o sangue


proveniente dos átrios para as artérias pulmonares e aorta.
 Diástole: É o período de relaxamento, no caso dos ventrículos, simultâneos ao da
contração dos átrios, permitindo a passagem do sangue dos átrios para os ventrículos.
Este ciclo repete-se sem cessar.

Ao apoiar a mão sobre o peito, pode-se apreciar os batimentos do coração: o primeiro


corresponde à diástole e o segundo à sístole.

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A frequência dos batimentos cardíacos é controlada pelo sistema de condução elétrica do


coração. O coração depende desse sistema para que se contraia entre 60 a 80 vezes por minuto e que
mantenha um ritmo. É constituído pelo nó sinoatrial, situado entre o átrio e a veia cava superior,
onde se iniciam os impulsos elétricos responsáveis pela contração cardíaca. Posteriormente
estimula-se o nó atrioventricular, situado onde seu nome indica. Seguir-se-á o fascículo
atrioventricular, e os seus ramos,anterior e posterior, imbricados no septo interventricular e ao longo
das paredes laterais dos ventrículos. Desta forma, termina a estimulação cardíaca que, corresponde a
dois batimentos consecutivos.

A cada batida do coração, o sangue bombeado por ele pressiona e expande as paredes arteriais
pelo lado de dentro, no esforço que é chamado pressão arterial. Quando o coração se contrai,
impelindo o sangue para as artérias, ocorre a pressão máxima, chamada sistólica. Depois, o coração
relaxa e se enche de sangue: a pressão vai ao mínimo e é chamada diastólica.

A pressão arterial – PA é influenciada pelas atividades do corpo: tende a aumentar com a


idade e varia também de acordo com raça e sexo. Quando a pressão sobe além de um certo
nível,considera-se que há hipertensão. E se ela fica abaixo de determinado valor, diz-se que há
hipotensão.

A pressão é medida com um esfignomanômetro, também conhecido como tensiômetro. A


leitura corresponde à altura em milímetros (mm) da coluna de mercúrio (Hg) do instrumento,
informando primeiro a pressão sistólica e depois a diastólica. Uma medida considerada normal pela
Sociedade Brasileira de Cardiologia é 120/80 mm Hg.

Para reagir a esforços físicos, sustos ou medo, o coração se acelera, aumentando o fluxo de
sangue oxigenado e elevando a pressão. Em um resfriamento súbito, os capilares junto à pele se
contraem para conservar o calor do corpo e a pressão também sobe. O sistema nervoso controla
todas as reações. A circulação sanguínea pode ser dividida em 2: pequena e grande circulação.

 Circulação Pulmonar ou Pequena Circulação: Coração – Pulmões –Coração. Na


Pequena Circulação ou Circulação Pulmonar as veias cavas superior e inferior levam
sangue ao átrio direito, daí através da válvula tricúspide, chega ao ventrículo direito,
sendo então conduzido à artéria pulmonar que leva aos pulmões. Retorna ao átrio
esquerdo do coração pelas veias pulmonares.

 Circulação Sistêmica ou Grande Circulação: Coração – Órgãos –Coração. Na


Circulação Sistêmica ou Grande Circulação o sangue passa do átrio esquerdo ao

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ventrículo esquerdo pela válvula bicúspide ou mitral. Do ventrículo esquerdo é


bombeado para o corpo saindo pela válvula aórtica e artéria aorta, retornando ao átrio
direito pelas veias cavas.

 Circulação Coronária: Está encarregada de alimentar o músculo cardíaco. É um


agrupamento de artérias e veias dispostas em forma de anel, ao nível do sulco,
entre os átrios e os ventrículos. As artérias coronárias são provenientes da aorta, e
as veias desembocam no seio coronário. Se for obstruída a circulação coronária,
dá-se o enfarto do miocárdio.

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3.6.2. Sangue

Único órgão líquido do corpo. Sua cor varia do vermelho ao roxo, dependendo da quantidade
de oxigênio presente. Temos cerca de 5 litros de sangue no corpo. Sua função é recolher o produto
do metabolismo celular – anabólicos (hormônios, proteínas, etc.) distribuindo-o e os resíduos –
catabólicos (CO², acido lático, etc.) eliminando-o. Transportar oxigênio e nutrientes para todas as
células do corpo. Deixar o dióxido de carbono nos pulmões e o restante no fígado e rins. Suas
substâncias químicas especiais fecham os cortes da pele Formando coágulos e impedindo a
continuidade dos sangramentos. Seus glóbulos brancos combatem infecções provocadas por vírus e
bactérias. Controlar a temperatura do corpo: absorve calor de órgãos como o fígado e o coração,
deixando-os mais frios e descansados.

É composto de duas partes: plasma e elementos figurados (eritrócitos, leucócitos e


trombócitos).
 Plasma: É formado por 90% de H2O, e o restante de proteínas, glicose, sais minerais e
outras substâncias. Contém os elementos nutritivos, substâncias excretadas dos tecidos e
o produto de várias glândulas.
 Hemácias: Composta por 1 eritrócito e sua hemoglobinas, células sem núcleo,
especializadas no transporte de O² dos pulmões e no retorno trazem CO². São
produzidas no interior dos ossos, a partir de células da medula vermelha, vivem em
média 120 dias em circulação, depois perdem sua capacidade e são destruídas no baço e
no fígado.

 Leucócitos ou Glóbulos Brancos: São células de forma variável e possuem núcleo.


São produzidos pela medula óssea e pelos gânglios linfáticos. Após desempenhar sua
função, morrem normalmente em outros tecidos. Três tipos de leucócitos são
encontrados no sangue: os granulócitos, os linfócitos e os monócitos. Os leucócitos
apresentam dois fenômenos importantes: Diapedese (passagem dos leucócitos contidos
no plasma através das paredes porosas dos vasos sanguíneos, alojando-se nos tecidos);
Fagocitose (fenômeno pela qual os leucócitos envolvem e digerem partículas invasoras
do nosso organismo). Os neutrófilos são os mais numerosos dos granulócitos;
fagocitários, funcionam na destruição de micro-organismos patogênicos e outras
substâncias estranhas; em locais feridos ou infectados, seu número aumenta ao máximo
em 24horas; coram-se fracamente com os corantes azul de metileno e ácido vermelho.
Os grânulos são na verdade lisossomas contendo enzimas digestivas. Os basófilos são
corados com o corante básico azul-de-metileno, sua função é ainda incerta. Os e

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osinófilos são corados com o corante ácido vermelho e fagocitam complexos antígeno-
anticorpo. Os Linfócitos são grupos de células heterogêneas importantes no processo de
imunidade, produzindo anticorpos e outros agentes envolvidos no processo imune. Os
Monócitos possuem uma quantidade de citoplasma relativamente grande e um núcleo
redondo ou reniforme. Funcionam como fagócitos, tornando-se macrófagos depois de
invadirem sítios infectados, onde seus números atingem um pico de 48horas.

 Plaquetas: Não são células, mas corpúsculos de várias formas, que se originam na
fragmentação de células da medula óssea. Realizam o processo de coagulação e são
pegajosos, os que lhes possibilitam a fixação em superfícies ásperas; aderem às paredes
de um vaso sanguíneo lesado onde se desintegram, liberando uma enzima
(tromboquinose) que dá inicio a o processo de coagulação.

Grupos Sanguíneos: Existem quatro grupos sanguíneos: A – B – AB – O. A diferença entre os


quatro grupos deve-se à: Presença nas hemácias, de uma substância chamada “aglutinogênio”. Esta
substância pode ser de 2 grupos: “A” e “B”; Existência ou não no plasma de uma substância
chamada “aglutinina”. Pode ser de dois grupos: “ANTI – A” e “ANTI –B”; Sangue grupo A:
contém aglutinogênio “A” e aglutinina “ANTI – B”; Sangue grupo B: contém aglutinogênio “B” e
aglutinina “ANTI – A”; Sangue grupo O: não contém nenhum dos dois aglutinogênios, mas contém
as duas aglutininas; Sangue grupo AB: contém os dois aglutinogênios, mas não contém nenhuma
das aglutininas. As doações sanguíneas podem ser da seguinte forma: “AB” pode receber de
qualquer grupo; “A” só pode receber de “A” ou de “O”; “B” só pode receber de “B” ou de “O”; “O”
só pode receber de “O”.

O Fator Rh é um complexo de substâncias que pode ser encontrado ou não no sangue. O


sangue que possui esse fator é chamado de Rh+, enquanto o sangue que não possui recebe o nome
de Rh-. O tipo de sangue mais comum é o do grupo “O”, com Rh+. Para o sangue Rh- o fator Rh+ é
uma substância estranha. Na gravidez de uma mulher Rh- é preciso atenção: durante a gestação,
pode acontecer de uma parte do sangue do feto passar para o organismo da mãe. Se o sangue do feto
for Rh+, essa mistura de sangue pode provocar uma reação no sangue da mãe, que começa a
produzir anticorpos para destruir o fator Rh numa 1ª gestação, porém essa produção não é imediata
e esse filho pode não sofrer as consequências, mas, numa próxima gestação de filhos Rh+ o sangue
da mãe já possuirá tais anticorpos, que poderão atravessar a placenta e destruir as hemácias do feto,
ocasionando sérios problemas. É possível substituir todo o sangue da criança logo que ela nasce, a
mulher Rh- que já teve um filho Rh+ deve tomar uma vacina a cada nova gestação evitando assim
problemas com o próximo filho.

3.6.3. Vasos Sanguíneos

No Aparelho Circulatório podemos distinguir, fundamentalmente, um sistema fechado de


canais e um conteúdo, o sangue já foi descrito. Através destes canais chegarão aos diferentes órgãos
e tecidos do organismo as substâncias nutritivas e o oxigênio necessários à vida. Os canais do
Aparelho Circulatório não são regidos. Por isso o seu calibre, regulado pelo Sistema Nervoso
Vegetativo, aumenta ou diminui segundo as necessidades fisiológicas do órgão ou da temperatura
ambiente (fenômeno da termorregulação), graças às propriedades da musculatura lisa de que são

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constituídos. Os vasos condutores de sangue são classificados de acordo com a direção dos líquidos
que levam. Os que conduzem os líquidos que saem do coração são chamados artérias que, ao
diminuírem de calibre, passam a chamarem-se arteríolas. Os vasos que conduzem para o coração
são chamados veias que, ao diminuírem de calibre, passam a chamarem-se vênulas.

As principais artérias do corpo humano são: Aorta, Pulmonares, Subclávias, Carótidas,


Renais, Ilíacas, Braquiais. Já as principais veias do corpo humano são: Cava, Pulmonares,
Jugulares, Braquiais, Ilíacas.

3.6.4. Baço

Órgão já descrito no sistema imunológico. No sistema circulatório exerce as seguintes


funções:

 Destruição das hemácias: Quando completam, aproximadamente 120 dias, hemácias


(eritrócitos e hemoglobinas) são destruídos no baço, à um n.º de dois a dez milhões por
segundo. Isto não deve ser motivo de preocupação porque igual quantidade é produzida
na medula óssea. Quando as hemácias são destruídas a hemoglobina é quebrada em seus
componentes, heme (composto ferroso) e globina (proteína). A heme é decomposta em
seus constituintes: protoporfirina e ferro. O ferro, enviado à medula óssea, é usado na
formação de novas hemácias e, se abundante, é armazenado no próprio baço e no
fígado. A protoporfirina é convertida em bilirrubina, que é levada ao fígado e excretada
com a bile dando-lhe a cor amarelo-dourado que, quando oxidada, torna-se verde.
 Armazenamento de sangue: O baço serve como um reservatório de glóbulos
vermelhos para situações de esforço.

3.6.5. Pulmões

Órgão descrito no sistema respiratório. No sistema circulatório os pulmões exercem a função


de propiciar a troca de gases entre o sangue e o ar e, posteriormente, entre o sangue e células. O
sangue encontrado nas artérias, normalmente rico em O², recebe o nome de sangue arterial e o
sangue encontrado nas veias, geralmente rico em CO², chama-se sangue venoso, com exceção da
pequena circulação – coração- pulmão- coração – onde os dados se invertem. As hemácias ou
glóbulos vermelhos contêm eritrócito e hemoglobinas (uma hemácia = 1eritrócito + 280 milhões de
hemoglobinas), responsáveis pelo transporte dos gases (O² e CO²). Quando, na pequena circulação,
o sangue arterial passa através de uma rede de finíssimos vasos sanguíneos que envolvem os
alvéolos, as hemoglobinas do os eritrócitos cedem o gás carbônico e absorvem o gás oxigênio
presente naquelas estruturas. Assim, retornam ao coração por uma veia, porém carregando O². Este
processo chama-se hematose.

3.7. Sistema Digestivo

O corpo humano necessita de energia para o seu funcionamento e para tal, capta do exterior
produtos alimentares, pois não é capaz de produzir seu próprio alimento. Os alimentos não são
absorvidos nas suas condições iniciais, por isso são submetidos a um processo de preparação que
possibilita a sua assimilação. Esse conjunto de transformações físicas, químicas e biológicas

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constitui a digestão e tem lugar nos diferentes órgãos destinados a esse fim que compõem o
aparelho digestório.

O sistema ou aparelho digestório humano é formado por um longo tubo musculoso, ao qual
estão associados órgãos e glândulas que participam da digestão. Apresenta as seguintes regiões;
boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. A parede do tubo
digestivo, do esôfago ao intestino, é formada por quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e
adventícia.

3.7.1. Boca

Cavidade situada na parte inferior da face, é a abertura pela qual o alimento entra no tubo
digestivo. Aí se encontram os dentes e a língua, que preparam o alimento para a digestão, por meio
da mastigação. Os dentes reduzem os alimentos em pequenos pedaços, misturando-os à saliva, o
que irá facilitar a futura ação das enzimas. É dividida nas seguintes regiões:

 Lábios (parede anterior): pregas musculomembranosas constituídas pelos músculos


orbiculares labiais que formam o contorno do orifício bucal.
 Bochechas (paredes laterais): constituídas por músculos da mímica e mastigadores.
 Palato mole (parede posterior): situado na parte posterior da boca,
delimita uma abertura (istmo da garganta), comunicando-a com a faringe. É formado

MÓDULO I – CAP. 2 – ANATOMIA E FISIOLOGIA APLICADAS


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pela úvula que divide o istmo em duas partes, aos lados das quais estão situados dois
pilares; cada par destes últimos contém uma amídala palatina.
 Palato duro (parede superior): De forma côncava, é formado por um septo
osteomembranoso, separando-o da cavidade nasal.
 Assoalho bucal (parede inferior): é a parte sobre a qual se apoia a língua, inserida na
sua porção posterior através do freio lingual.

Dentes: Estruturas rijas, inseridas nas


arcadas alveolares do maxilar e da
mandíbula, cuja função é mastigar os
alimentos. Estão implicados, de forma
direta, na articulação da linguagem.
Os nervos sensitivos e os vasos
sanguíneos do centro de qualquer
dente estão protegidos por várias
camadas de tecido. A mais externa, o
esmalte, é a substância mais dura. Sob
o esmalte, circulando a polpa, da
coroa até a raiz, está situada uma camada de substância óssea chamada dentina. A cavidade pulpar é
ocupada pela polpa dental, um tecido conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado e inervado. Um
tecido duro chamado cemento separa a raiz do ligamento peridental, que prende a raiz e liga o dente
à gengiva e à mandíbula, na estrutura e composição química assemelha-se ao osso; dispõe-se como
uma fina camada sobre as raízes dos dentes. Através de um orifício aberto na extremidade da raiz,
penetram vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo.

Em sua primeira dentição, o ser humano tem 20 peças que recebem o nome de dentes de leite.
À medida que os maxilares crescem, estes dentes são substituídos por outros 32 do tipo permanente.
As coroas dos dentes permanentes são de três tipos: os incisivos, os caninos ou presas e os molares.

Os incisivos têm a forma de cinzel para facilitar o


corte do alimento. Atrás dele, há três peças dentais usadas
para rasgar. A primeira tem uma única cúspide
pontiaguda. Em seguida, há dois dentes chamados pré-
molares, cada um com duas cúspides. Atrás ficam os
molares, que têm uma superfície de mastigação
relativamente plana, o que permite triturar e moer os
alimentos.

Língua: A língua movimenta o alimento empurrando-o em direção a garganta, para que seja
engolido. Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais
percebem os quatro sabores primários: amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D). De
sua combinação resultam centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de
receptores gustativos, na superfície da língua, não é homogênea.

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Glândulas Salivares: A presença de alimento na boca, assim como sua visão e cheiro,
estimulam as glândulas salivares a secretar saliva, que contém a enzima amilase salivar ou ptialina,
além de sais e outras substâncias. Sua função é aglutinar e amolecer os alimentos ingeridos,
contribuir para a formação do bolo alimentar, quebrar o amido (fermento) e estimular o suco
gástrico. É composta por água, sais minerais, mucina e fermento (ptialina ou amilase). A amilase
salivar digere o amido e outros polissacarídeos (como o glicogênio), reduzindo-os em moléculas de
maltose (dissacarídeo). Três pares de glândulas salivares lançam sua secreção na cavidade bucal:
parótida, submandibular e sublingual:

 Glândula parótida - Com massa variando entre 14 e


28 g, é a maior das três; situa-se na parte lateral da face,
abaixo e adiante do pavilhão da orelha.
 Glândula submandibular - É arredondada, mais
ou menos do tamanho de uma noz.
 Glândula sublingual - É a menor das três; fica
abaixo da mucosa do assoalho da boca.
Os sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na
boca, um pH neutro (7,0) a levemente ácido (6,7), ideal para a
ação da ptialina. O alimento, que se transforma em bolo
alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado para o esôfago,
impulsionado pelas ondas peristálticas (como mostra a figura do lado esquerdo), levando entre 5 e
10 segundos para percorrer o esôfago. Através do peristaltismo, você pode ficar de cabeça para
baixo e, mesmo assim, seu alimento chegará ao intestino.
Entra em ação um mecanismo para fechar a laringe, evitando
que o alimento penetre nas vias respiratórias. Quando a cárdia
(anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do
alimento para o interior do estômago.

3.7.2. Faringe

Situada no final da cavidade bucal, atrás das fossas


nasais e da boca, é um canal musculomembranoso comum aos
sistemas digestório e respiratório: por ela passam o alimento,
que se dirige ao esôfago, e o ar, que se dirige à laringe.

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3.7.3. Esôfago

Canal musculomembranoso que liga a faringe ao estômago. Localiza-se entre os pulmões,


atrás do coração, e atravessa o músculo diafragma, que separa o tórax do abdômen. Tem
aproximadamente 25 cm de comprimento. O bolo alimentar leva de 5 a 10 segundos para percorrê-
lo. O orifício de comunicação entre o esôfago e o estômago é a válvula gastroesfofágica, diferente
das outras válvulas por não ser anelar.

3.7.4. Estômago

O estômago é um órgão cavitário de parede musculosa, localizada no lado esquerdo abaixo do


abdome, logo abaixo das últimas costelas. Mede cerca de 25 cm de comprimento e 12 de diâmetro.
É um órgão muscular que liga o esôfago ao intestino delgado. Sua função principal é a digestão de
alimentos proteicos.

Um músculo circular, que existe na parte inferior, permite ao estômago guardar quase um litro
e meio de comida, possibilitando que não se tenha que ingerir alimento de pouco em pouco tempo.
Quando está vazio, tem a forma de uma letra "J" maiúscula, cujas duas partes se unem por ângulos
agudos. A função do estômago é receber os alimentos, já insalivados, decompô-los em substâncias
mais simples e encaminhá-lo para os intestinos.

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O estômago divide-se em regiões. São elas:

 Segmento superior: é o mais volumoso, chamado "porção vertical". Este compreende,


por sua vez, duas partes superpostas; a grande tuberosidade, no alto, e o corpo do
estômago, abaixo, que termina pela pequena tuberosidade.
 Segmento inferior: é denominado "porção horizontal", está separado do duodeno pelo
piloro, que é um esfíncter. A borda direita, côncava, é chamada pequena curvatura; a
borda esquerda, convexa, é dita grande curvatura. O orifício esofagiano do estômago é a
cárdia.
 Túnicas do estômago: o estômago compõe-se de quatro túnicas;

o Serosa (o peritônio);
o Muscular (muito desenvolvida);
o Submucosa (tecido conjuntivo);
o Mucosa (que secreta o suco gástrico).

Quando está cheio de alimento, o estômago torna-se ovoide ou arredondado. O estômago tem
movimentos peristálticos que asseguram sua homogeneização.

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O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro, transparente, altamente ácido, que
contêm ácido clorídrico, pepsina, renina e lípase gástrica, além de muco e sais. O ácido clorídrico
mantém o pH do interior do estômago entre 0,9 e 2,0. Também dissolve o cimento intercelular dos
tecidos dos alimentos, auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação.

A pepsina, enzima mais potente do suco gástrico, é secretada na forma de pepsinogênio.


Como este é inativo, não digere as células que o produzem. Por ação do ácido clorídrico, o
pepsinogênio, ao ser lançado na luz do estômago, transforma-se em pepsina, enzima que catalisa a
digestão de proteínas.

A pepsina, ao catalizar a hidrólise de


proteínas, promove o rompimento das ligações
peptídicas que unem os aminoácidos. Como nem
todas as ligações peptídicas são acessíveis à
pepsina, muitas permanecem intactas. Portanto, o
resultado do trabalho dessa enzima são
oligopeptídeos e aminoácidos livres.

A renina, enzima que age sobre a caseína,


uma das proteínas do leite, é produzida pela
mucosa gástrica durante os primeiros meses de
vida. Seu papel é o de flocular a caseína,
facilitando a ação de outras enzimas proteolíticas.

Durante o processo de digestão, o


alimento fica no estômago e a digestão se inicia
de trinta minutos a quatro horas. Neste período é amassado e comprimido pelos fortes músculos
estomacais ate virar uma pasta cremosa. Por causa das inúmeras transformações que ocorrem em
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seu interior, o alimento recebe o nome de “quimo”, pasta esbranquiçada e mole que, através do
piloro, entra no duodeno. O piloro é uma válvula em forma de anel muscular (esfíncter), que
comunica o estômago com o duodeno. Sua função é regular a passagem dos alimentos da cavidade
gástrica para o intestino. É ativado pelo ácido clorídrico que, quando no estômago, o faz abrir e,
quando no duodeno, o faz fechar (o ácido está no alimento).

3.7.5. Intestino Delgado

É um tubo com 4 a 7 m de comprimento por 4 cm de diâmetro compreendido entre o piloro e


a válvula íleo-cecal, pela qual se une ao intestino grosso. É um tubo cilíndrico, com múltiplas
curvaturas em forma de “U”, chamadas alças intestinais. Pode ser dividido em três regiões: duodeno
(cerca de 25 cm), jejuno (cerca de 5 m) e íleo (cerca de 1,5 cm). A mucosa do intestino delgado
secreta o suco entérico, solução rica em enzimas e de pH aproximadamente neutro. Uma dessas
enzimas é a enteroquinase. Outras enzimas são as dissacaridades, que hidrolisam dissacarídeos em
monossacarídeos (sacarase, lactase, maltase). No suco entérico há enzimas que dão sequencia à
hidrólise das proteínas: os oligopeptídeos sofrem ação das peptidases, resultando em aminoácidos.

 Duodeno: É a porção superior do intestino. Tem a forma semelhante a um “C” e


compreende o piloro, esfíncter muscular da parte inferior do estômago pela qual este
esvazia seu conteúdo no intestino, sendo a parte mais curta e mais fixa. Nele ocorrem as
principais funções químicas da digestão. A digestão do quimo ocorre
predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do jejuno. No duodeno atua
também o suco pancreático, produzido pelo pâncreas, que contêm diversas enzimas
digestivas. Outra secreção que atua no duodeno é a bile, produzida no fígado e
armazenada na vesícula biliar. O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5. Os sais biliares têm
ação detergente, emulsificando ou emulsionando as gorduras (fragmentando suas gotas
em milhares de microgotículas).

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 Jejuno: Segunda parte do intestino delgado, sua função é absorver nutrientes que
depois passam para o sangue. O seu nome vem do fato de, no cadáver, estar sempre
vazio de alimento. Enche a maior parte do abdômen, desempenhando múltiplas
circunvoluções. O seu comprimento é de 5 a 6 metros e o seu diâmetro de 25 a 30 mm.
O jejuno é mantido no seu lugar pelo mesentério, que é uma larga dobra do peritônio. É
formado por quatro túnicas que são, de fora para dentro: serosa, musculosa, celular e
mucosa. Em suas partes existem milhões de vilosidades que lembram fios de cabelo.
Tem numerosos vasos capilares sangüíneos que depois se reúnem e vão formar as veias
mesentéricas, constituintes da veia porta.

 Íleo: Último segmento do intestino delgado mede cerca de 1.5 à 2 metros de


comprimento e 2,5 cm de diâmetro. O íleo toma o seu nome do osso ilíaco. Localiza-se
na região inferior do abdômen. Sua principal função é absorver nutrientes.

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3.7.6. Intestino Grosso


É o local de absorção de água, tanto a ingerida quanto a das secreções digestivas. É
caracterizado por sua capacidade de se distender, extensão de tempo que retém seu conteúdo e pela
disposição de sua musculatura que possibilitam a evacuação. Absorção da água, vitaminas e sais
minerais, transformando o quimo em fezes semi-sólidas, transportando e evacuando-as.
Uma pessoa bebe cerca de 1,5 à 2 litros de líquidos por dia, que se une a 8 ou 9 litros de água
das secreções. Glândulas da mucosa do intestino grosso secretam muco, que lubrifica as fezes,
facilitando seu trânsito e eliminação pelo ânus. Mede cerca de 1,5 m de comprimento e divide-se
em ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmoide e reto. A saída do
reto chama-se ânus e é fechada por um músculo que o rodeia, o esfíncter anal.
Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu trabalho consiste em
dissolver os restos alimentícios não assimiláveis, reforçar o movimento intestinal e proteger o
organismo contra bactérias estranhas, geradoras de enfermidades.
As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem absorvidas, contribuindo
com porcentagem significativa da massa fecal. Como retêm água, sua presença torna as fezes
macias e fáceis de serem eliminadas.
O intestino grosso não possui vilosidades nem secreta sucos digestivos, normalmente só
absorve água, em quantidade bastante considerável. Como o intestino grosso absorve muita água, o
conteúdo intestinal se condensa até formar detritos inúteis, que são evacuados.

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Ceco: Primeira porção do intestino grosso é uma bolsa alongada situada na porção inferior direita
do abdome. Mede 7 cm de comprimento e 7,5 cm de largura. Segmento de maior calibre. Ligado à
sua base está um tubo delgado, o apêndice vermiforme o qual, possui uma cavidade que se
comunica com o ceco.

Apêndice Vermiforme: Pequeno tubo oco, alongado e curvo de tamanho aproximado de um dedo
mínimo. Durante muito tempo, pensou-se que o apêndice vermiforme não tinha função nenhuma no
organismo humano. Muitos médicos, inclusive, aconselhavam seus pacientes a retirar o apêndice
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antes mesmo que ele inflamasse, a fim de prevenir tal inflamação. Hoje já se sabe que os linfonodos
existentes no apêndice vermiforme funcionam como barreiras que impedem proliferação de
bactérias.

Cólon Ascendente: Segmento que se prolonga para cima a partir do ceco junto à parede abdominal
posterior direita até a superfície inferior do fígado e anteriormente ao rim direito. Chegando ao
fígado, dobra-se abruptamente para dentro. Esta curva denomina-se “Flexura Hepática”, pois está
em contato com o fígado. Seu comprimento é variado.

Cólon Transverso: É a parte maior e mais flexível do cólon, atravessa o abdome em forma de linha
transversal arqueada, da direita para a esquerda abaixo do estômago, amarrado ao seu mesocólon,
que vem a ser uma prega serosa peritonial situada na parte anterior, envolvendo desde o pâncreas
até o cólon descendente, formando outra curva desviando o cólon para baixo. Esta flexura é
denominada esplênica, devido à proximidade com o baço.

Cólon Descendente: Começa perto do baço descendo do lado esquerdo do abdome, dirigindo-se
para o fundo da pélvis, ou crista ilíaca.

Cólon Sigmóide: O segmento intersticial penetra na bacia, desvia-se em direção ao centro do


abdome, é móvel, tem o seu comprimento de cerca de mais ou menos 40 cm, localiza-se dentro da
pelve, por isso, é também chamado de “cólon pélvico”. Leva o nome de cólon sigmóide por ter a
forma de um “S”.

Reto: Parte final do intestino grosso situa-se na superfície anterior do sacro e cóccix terminando no
canal anal. É um tubo muscular de aproximadamente 20 cm de comprimento e de 10 cm de
diâmetro em sua parte mais larga, quando dilatado. Sua principal função é fazer comunicar o cólon
sigmóide com o exterior, através do esfíncter anal e armazenar os resíduos semi-sólidos que restam
do processo de digestão. Apresenta uma dilatação, chamada ampola retal, muito extensível, que
termina no esfíncter muscular chamado ânus. Esses resíduos (fezes) são compostos de alimentos
não digeridos, muco, células mortas e bactérias. Ao se acumularem no reto, as fezes exercem
pressão na parede do tubo, excitando terminais nervosos, que em reação, enviam impulsos ao
sistema nervoso central. Este, então, ordena contrações ao reto que gera a vontade de defecar.

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3.7.7. Glândulas e órgãos anexos ao processo digestivo

3.7.7.1. Pâncreas

É uma glândula mista, grande, lobulada de dupla função (endócrina e exócrina) que se
assemelha em estrutura às glândulas salivares. Localiza-se transversalmente sobre a parede
posterior do abdome, sob o estômago. Tem a forma alongada, com cerca de 15 cm de comprimento.
Sua cor normal é cinza-amarelada. Compõe-se de 3 partes: cabeça, corpo, e cauda que aproxima-se
do baço. Atua no duodeno, chegando através do ducto pancreático acessório e colédoco. O suco
pancreático colabora também na neutralização d acidez do quimo. É composto por três enzimas:

o Amilase pancreática: Ajuda a digerir o amido, carboidrato existente, por exemplo, no


pão e na batata.
o Lípase pancreática: Decompõe as gorduras previamente preparadas pela bile, em
ácidos graxos e glicerol.
o Tripsina: Continua o trabalho sobre as proteínas dos alimentos iniciando no estômago
por outra enzima, a pepsina.

O pâncreas exócrino produz enzimas digestivas, em estruturas reunidas denominadas ácinos,


que estão ligados através de finos condutos, por onde sua secreção é levada até um condutor maior,
que desemboca no duodeno, durante a digestão. O pâncreas endócrino secreta os hormônios
insulina e glucagon.

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3.7.7.2. Fígado
É o maior órgão interno, e é ainda um dos mais importantes. É a mais volumosa de todas as
vísceras, pesando cerca de 1,5 kg no homem adulto, e na mulher adulta entre 1,2 e 1,4 kg. Tem cor
arroxeada, superfície lisa e recoberta por uma cápsula própria. Está situado no quadrante superior
direito da cavidade abdominal.

O tecido hepático é constituído por formações diminutas que recebem o nome de lobos,
compostos por colunas de células hepáticas ou hepatócitos, rodeadas por canais diminutos
(canalículos), pelos quais passa a bile, secretada pelos hepatócitos. Estes canais se unem para
formar o ducto hepático que, junto com o ducto procedente da vesícula biliar, forma o ducto comum
da bile, que descarrega seu conteúdo no duodeno.

As células hepáticas ajudam o sangue a assimilar as substâncias nutritivas e a excretar os


materiais residuais e as toxinas, bem como esteroides, estrógenos e outros hormônios. O fígado é
um órgão muito versátil. Armazena glicogênio, ferro, cobre e vitaminas. Produz carboidratos a
partir de lipídios ou de proteínas, e lipídios a partir de carboidratos ou de proteínas. Sintetiza
também o colesterol e purifica muitos fármacos e muitas outras substâncias. O termo hepatite é
usado para definir qualquer inflamação no fígado, como a cirrose.

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As principais funções do fígado incluem secretar a bile, líquido que atua no emulsionamento
das gorduras ingeridas, facilitando, assim, a ação da lipase; Remover moléculas de glicose no
sangue, reunindo-as quimicamente para formar glicogênio, que é armazenado; nos momentos de
necessidade, o glicogênio é reconvertido em moléculas de glicose, que são relançadas na circulação;
Armazenar ferro e certas vitaminas em suas células; Metabolizar lipídeos; Sintetizar diversas
proteínas presentes no sangue, de fatores imunológicos e de coagulação e de substâncias
transportadoras de oxigênio e gorduras; Degradar álcool e outras substâncias tóxicas, auxiliando na
desintoxicação do organismo; Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais,
transformando sua hemoglobina em bilirrubina, o pigmento castanho-esverdeado presente na bile.

Uma observação importante é que as vitaminas lipossolúveis, tais como A, D e K, são


escassamente assimiladas na ausência dos sais biliares.

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3.7.7.3. Vesícula Biliar


Pequeno saco com formato de pera, localizado posteriormente e na parede inferior do fígado.
Sua principal função é acumular parte da bile secretada pelas células hepáticas e, num 2º tempo,
lançá-la no duodeno através do ducto cístico e do ducto colédoco.

3.8. Sistema Endócrino

Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de glândulas que apresentam como atividade
característica a produção de secreções denominadas hormônios, que são lançados na corrente
sanguínea e irão atuar em outra parte do organismo, controlando ou auxiliando o controle de sua
função. Os órgãos que têm sua função controlada e/ou regulada pelos hormônios são denominados
órgãos-alvo. As glândulas são classificadas em três tipos:

 Glândulas Endócrinas: São aquelas cuja substancia produzida é lançada na corrente


sanguínea.
 Glândulas Mistas: São aquelas que produzem substâncias lançadas na corrente
sanguínea, mas também produzem substancias que não são lançadas na corrente
sanguínea. Ex.: Pâncreas, Ovários, Testículos.
 Glândulas Exócrinas: São aquelas cujas substancia não é lançada na corrente
sanguínea. Ex.: Fígado, Lagrimais, Mamarias.

As substâncias formadas por uma glândula endócrina, quando tem sua estrutura determinada,
são chamadas de hormônios, que seriam como mensagens de uma glândula para outra ou órgão do
corpo.

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As principais glândulas endócrinas do corpo são:

3.8.1. Hipotálamo

Localizado no cérebro diretamente acima da hipófise, é conhecido por exercer controle sobre
ela por meios de conexões neurais e substâncias semelhantes a hormônios chamados fatores
desencadeadores (ou de liberação), o meio pelo qual o sistema nervoso controla o comportamento
sexual via sistema endócrino.

O hipotálamo estimula a glândula hipófise a liberar os hormônios gonadotróficos (FSH e LH),


que atuam sobre as gônadas, estimulando a liberação de hormônios gonadais na corrente sanguínea.
Na mulher a glândula-alvo do hormônio gonadotrófico é o ovário; no homem, são os testículos. Os
hormônios gonadais são detectados pela hipófise (pituitária) e pelo hipotálamo, inibindo a liberação
de mais hormônio pituitário, por feedback.

Apesar de produzir substanciais que mais tarde serão lançadas no sangue, alguns autores não
classificam o hipotálamo como glândula endócrina tampouco exócrina. Suas substâncias são
enviadas ao lobo anterior e posterior da hipófise de onde atuam ou são liberadas. Parte das
substâncias produzidas pelo hipotálamo acabam atuando no lobo anterior da hipófise inibindo ou
liberando seus hormônios.

MÓDULO I – CAP. 2 – ANATOMIA E FISIOLOGIA APLICADAS


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Como a hipófise secreta hormônios que controlam outras glândulas e está subordinada, por
sua vez, ao sistema nervoso, pode-se dizer que o sistema endócrino é subordinado ao nervoso e que
o hipotálamo é o mediador entre esses dois sistemas.

O hipotálamo também produz outros fatores de liberação que atuam sobre a adeno-hipófise,
estimulando ou inibindo suas secreções. Produz também os hormônios ocitocina e ADH
(antidiurético), armazenados e secretados pela neuro-hipófise.

Alguns dos hormônios produzidos pelo hipotálamo são a Vasopressina (interfere na produção
de urina e atua nos vasos sanguíneos provocando sua contração, elevando a PA) e a Ocitocina
(provoca contração da musculatura lisa. Ex.: útero que se contrai no parto. Também influencia a
lactação das mamas para liberar leite das células glandulares nos ductos).

3.8.2. Hipófise (Pituitária)

Situa-se na base do encéfalo, em uma cavidade do osso esfenoide chamada tela túrcica. Nos
seres humanos tem o tamanho aproximado de um grão de ervilha e possui duas partes: o lobo
anterior (ou adeno-hipófise) e o lobo posterior (ou neuro-hipófise).

Além de exercerem efeitos sobre órgãos não endócrinos, alguns hormônios, produzidos pela
hipófise são denominados trópicos (ou tróficos) porque atuam sobre outras glândulas endócrinas,
comandando a secreção de outros hormônios. São eles:

o Tireotrópicos - TSH: atuam sobre a glândula endócrina tireoide, regulando seu


tamanho e função, além de promover o crescimento tecidual e a produção e secreção
dos hormônios da tireoide. Age também no aproveitamento pela tireoide da água, iodo,
fósforo, açucares, gorduras, proteínas e vitaminas.
o Adrenocorticotrópicos - ACTH: atuam sobre o córtex da glândula endócrina adrenal
(suprarrenal) e no controle da água e sais minerais.
o Gonadotrópicos: atuam sobre as gônadas masculinas e femininas.
o Somatotrófico - STH: atua no crescimento corporal, promovendo o alongamento dos
ossos e estimulando a síntese de proteínas e o desenvolvimento da massa muscular.
Também aumenta a utilização de gorduras e inibe a captação de glicose plasmática
pelas células, aumentando a concentração de glicose no sangue (inibe a produção de
insulina pelo pâncreas, predispondo ao diabetes).
o Luteotrófico (Prolactina) – LTH: Age sobre os ovários impedindo a fertilidade e
estimula a produção de leite na mulher.
o Folículo Estimulante – FSH: Estimula o crescimento do folículo ovariano, nas
mulheres, e da espermatogênese, nos homens (um processo que também requer a ação
da testosterona).
o Luteinizante – LH: Ativar as glândulas sexuais femininas e masculinas, produzindo
estrógeno, progesterona e testosterona.
o Melanócito Estimulante – MSH: Atua na pigmentação da pele estimulando os
melanócitos a produzir melanina, causando o escurecimento da pele e cabelo.

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3.8.3. Pineal (Epífise)

Órgão pequeno e cônico, de cor cinza, que se localiza aproximadamente no centro do


encéfalo, possui menos de 1 cm e pesa aproximadamente 0,1 a 0,2 gramas. Ativa o funcionamento
das glândulas sexuais, atua sobre a hipófise e sobre o córtex da suprarrenal, clareia a pele e mantém
a pressão sanguínea equilibrada. Os principais hormônios excretados são:

o Melatonina: Exerce efeitos inibidores sobre as gônadas e é um potente clareador


da pele. Atua na indução ao sono.
o Noradrenalina: Produz a constrição de todos os vasos sanguíneos do corpo,
aumenta consideravelmente a pressão sanguínea, aumenta a atividade cardíaca,
inibe a função do gastrointestinal, dilata a pupila do olho e aumenta
moderadamente o metabolismo.

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3.8.4. Tireoide

Glândula ímpar, localizada na parte inferior do pescoço, está apoiada sobre as cartilagens da
laringe e da traqueia e tem forma semelhante a um “U”. É um órgão muito vascularizado. É
constituída de folículos de tamanhos uniformes que são considerados unidades funcional e
estrutural.

Os principais hormônios produzidos pela tireoide são:

o Tiroxina: Também conhecido com “T4”, pois possui 4 átomos de iodo conectados ao
núcleo de tireonina. Sua principal função é aumentar a atividade metabólica na maioria
dos tecidos, com exceção do cérebro, baço, retina, testículos e pulmões. Promove
também o crescimento e a diferenciação; aumenta o metabolismo oxidativo; é
necessário para o desenvolvimento normal do sistema nervoso central; aumenta o
estabilismo do colesterol.
o Triiodotironina: Conhecido como “T3”, por possuir 3 átomos de iodo. Tem a mesma
função da tiroxina, porém é 5 vezes mais potente, embora esteja no sangue em
quantidades mínimas. Esta diferença deve-se ao fato da velocidade pela qual entra nas
células-alvo, pois a tiroxina encontra-se presa a uma globulina fixadora.
o Calcitonina: É produzido por glândulas último-branquiais, que não existem
isoladamente nos mamíferos, mas que estão incorporadas ou na glândula paratireoide ou
a tireoide. A calcitonina inibe a absorção do osso. Sua ação é quase imediata.

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As principais disfunções da tireoide são:

o Hipotireoidismo: Baixa atividade da tireoide na produção de tiroxina. Os principais


sintomas são a “cretinice”, nas crianças, que se caracteriza por tamanho reduzido, pele
grossa, traços faciais grosseiros, metabolismo basal baixo, atrofia de órgãos sexuais e
crescimento mental retardado; bradicardia, apatia, metabolismo reduzido, aumento de
peso, letargia mental, além de aumento da glândula, são alguns dos sintomas nos
adultos, devido à carência de iodo, de bloqueios metabólicos na síntese de tiroxina,
destruição da glândula por radiações ou remoção cirúrgica. O hipotireoidismo costuma
atingir pessoas que vivem em solo pobre em iodo (longe do mar). Para evitar este
problema costuma-se acrescentar iodo ao sal de cozinha.

o Hipertireoidismo: Atividade excessiva da tireoide (cinco a quinze vezes acima do


normal). Os principais sintomas incluem cegueira, por distensão do nervo óptico;
taquicardia; Nervosismo; Aumento da sudorese; Perda de peso, entre outros.

3.8.5. Paratireoides

São quatro pequenas formações, arredondadas, do tamanho aproximado de 6 mm de


diâmetro,que localizam-se junto aos bordos da tireoide (lados). É de consistência mole, forma oval,
achatada, de aspecto pardacento. O tecido das paratireoides consiste de dois tipos de células: as
células principais, que secretam o hormônio paratireoideo e as células oxifilas que são
discretamente maiores que as principais, porem, de função desconhecida. O principal hormônio
produzido é:

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o Paratireoide (Paratormônio): Age sobre a concentração sérica de íons de cálcio


(Ca++) e fosfato. Sua presença eleva a concentração do cálcio provocando a osteoclastia
em grande estilo, ao mesmo tempo em que abaixa a porcentagem de fosfato estimulando
sua secreção pelos rins; aumenta a reabsorção dos íons de magnésio e hidrogênio pelos
túbulos renais enquanto a absorção de íons de sódio, potássio e aminoácidos diminuem;
aumenta a absorção de cálcio pelos intestinos. Sua ação é mais pronunciada na
decomposição óssea pelos osteoclastos.

As principais disfunções das paratireoides são:


o Hiperparatireoidismo: Cujos principais sintomas são: Elevação do nível de cálcio no
sangue; Absorção do tecido ósseo; Degeneração e necrose do miocárdio bem como dos
músculos estriados; Degeneração dos rins, estômago, tireóide e fígado; Hemorragias no
estomago e intestino delgado; Ressecamento dos pulmões.

o Hipoparatireoidismo: Os principais sintomas são: Queda nos níveis de cálcio sérico e


aumento do fósforo no sangue; Aparecimento de tetania que pode, pelos espasmos,
obstruírem a passagem do ar, impedindo a respiração. Grandes quantidades de vitamina
“D” mais cálcio podem controlar, quase que inteiramente, os níveis de cálcio no liquido
extracelular.

3.8.6. Timo

Não possui estrutura de glândula endócrina, nem de órgão


linfoide, produz várias substâncias hormonais e alguns tipos de
anticorpos. Dois de seus hormônios só foram descobertos em 1962
e, além disso, somente a partir dessa época é que se comprovou que
o timo não desaparece no adulto, apenas diminui de volume e sua
presença destaca-se pela influência decisiva que exerce no
mecanismo de rejeição dos tecidos transplantados, embora haja
controvérsias).

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Situa-se na parte anterossuperior do mediastino, atinge seu desenvolvimento máximo por


volta de 2 anos de idade e, em seguida começa a envolver. É constituído por dois lobos alargados,
compostos, cada um deles, por lóbulos. Sua cor é variável: vermelha no feto, branco-acinzentada
nos primeiros anos de vida, tornando-se depois, gradualmente amarelada. Semelhante aos órgãos
linfoides, aumenta de volume nas doenças infecciosas.

Os tecidos do timo contem glóbulos brancos (ou linfócitos), que amadurecem sob influência
dos hormônios produzidos pelo timo. Esses glóbulos brancos atacam organismos invasores,
ajudando a proteger seu corpo contra doenças. Tem funções imunológicas (células “T”), e
endócrinas.

Os principais hormônios produzidos pelo timo são:

o Timozina: Mantém e promove a maturação de linfócitos nos órgãos linfoides (baço,


linfonodos, etc.) desenvolvendo importante papel na estimulação das defesas do
organismo.
o Timina: Exerce influência na placa mio-neural (junção dos nervos com os músculos) e,
portanto, nos estímulos nervosos periféricos. Distúrbios da timina seriam, em parte,
responsáveis por doenças musculares como, por exemplo, a miastenia grave.

3.8.7. Supra-renais – Adrenais

São duas pequenas glândulas amarelas, que se encontram sobrepostas aos rins e têm o formato
de um gorro, pesando cerca de 4 gramas. São constituídos por duas partes distintas, a medula supra-
renal e o córtex. Formam somente uma unidade anatômica, mas, na sua constituição, distinguem-se
duas zonas: o córtex e a medula.

 Medula Supra-renal: Está funcionalmente relacionada ao SNA, segregando


hormônios adrenalina e noradrenalina em resposta à estimulação simpática. Produz
adrenalina e noradrenalina.
 Adrenalina: Importante na adaptação do corpo diante de situações que
requeiram esforço ou emergências. Eleva o metabolismo em até 100%, aumentando a
excitabilidade e atividades em todo o organismo. Pode atingir células não inervadas
pelo SNA Simpático. Aumenta, moderadamente, a pressão sanguínea e os
batimentos cardíacos, produz vasoconstrição periférica, dilata pupila, abre

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pálpebras, seca a boca, arrepia os pelos, aumenta a frequência e volume respiratório,


dilata brônquios, inibe o sistema digestivo, inibe o parassimpático, ativa a renovação
das reservas glicogenias do fígado, e é “ferramenta” do SNA Simpático.
 Noradrenalina: Tem praticamente os mesmos efeitos da adrenalina,
porém seus efeitos duram até 10 vezes mais, por ser lentamente eliminada.
Inibe a função do trato gastrintestinal, dilata a pupila do olho.

3.8.8. Córtex

Produz os hormônios denominados mineralocorticoides (aldosterona) e glicocorticoides


(cortizol). Quanto aos glicocorticoides, em especial os hormônios sexuais, devemos salientar que
são formados em pequenas quantidades.

 Mineralocorticoides
 Aldosterona: Age sobre os túbulos renais aumentando a reabsorção da água e
sódio. Aumenta também a excreção de potássio. Sua falta afeta o coração
debilitando-o. A pressão arterial também é afetada, diminuindo. É responsável por
cerca de 95% das atividades dos mineralocorticoides.

 Glicorticoides
 Cortizol: É o maior responsável pela ação dos glicocorticoides. Estimula o
armazenamento de glicogênio no fígado, também estimula a mobilização dos tecidos
graxos de depósitos adiposos. Diminui a síntese proteica no organismo excitando o
fígado e intestinos. Reage contra o cansaço físico e neurogênico. Tem atuação anti-
inflamatória, antialérgica e antichoque anafilático.
 Androgênio: Hormônio masculino elaborado no córtex da supra-renal, porém,
de baixa potência.
 Estrogênio: Também produzido no córtex da supra-renal, promove o
aparecimento dos caracteres secundários femininos e o ciclo menstrual. É produzido
em pouca quantidade.

3.8.9. Pâncreas

Constituído por dois tecidos distintos: a parte externa é formada por ácinos que segregam os
sucos digestivos, e na parte interna encontramos as ilhotas de Langherans, que são constituídas por
células secretoras de hormônios. Existem dois tipos destas células: as células alfa, produtoras de
glucagon, e as células beta, que produzem a insulina. Estes dois hormônios são os principais
reguladores do metabolismo glicídico, lipídico e proteico.

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o Insulina: A insulina é uma proteína pequena que consiste em duas cadeias de


aminoácidos. Exerce suas funções somente quando as duas cadeias se encontram
conectadas, uma à outra e, se ela estiver fixada nos tecidos, provavelmente nas
membranas celulares. Permite a utilização do glicogênio pelos músculos e inibe a
liberação do mesmo pelo fígado. A falta de insulina acarreta: Aumento da glicemia,
lípides plasmáticas e depósitos gordurosos hepáticos na circulação; Diminuição dos
depósitos de gordura; Cetogênese excessiva; Catabolismo de proteínas teciduais. Sobre
os carboidratos, a insulina aumenta a metabolização de glicose e reservas da mesma nos
tecidos; diminui a concentração sérica da glicose; promove liberação imediata de
glicose, proveniente do fígado para o sangue, fazendo a inversão nas horas seguintes do
efeito sobre o fígado, aumentando a estocagem de glicogênio. Já sobre a Glicemia o
efeito da insulina é o seguinte: Na falta de insulina uma pequena quantidade de glicose
pode ser absorvida pelo tubo digestivo passando para as células, isto provoca um
aumento brusco de glicemia (açúcar no sangue). Além disso, o excesso de insulina
diminui a glicose sérica devido à velocidade com que é transportada para dentro das
células.
o Glucagon: Tem ação de elevar a glicemia e por isso é também denominado
hiperglicêmico. Sua ação restringe-se a glicogenólise hepática. O glucagon protege o
organismo da hipoglicemia. Atua no fígado para a liberação de glicogênio. O glucagon
acarreta a liberação de glicose pelo fígado e junto com os glicocorticoides aumentam a
gliconeogênese (processo de acumulação de glucagon nos depósitos hepáticos) no
fígado, que converte aminoácidos em glicose, regulando a glicemia.

Diabetes Mellitus: Patologia provocada pela insuficiência insulínica em consequência da destruição


das células beta do pâncreas. Está presente como fator hereditário recessivo em 20% da população.
Essa predisposição pode levar à doença através de uma dieta rica em carboidratos, surgindo
normalmente em pessoas de idade, com excesso de peso e alimentação farta. Caracteriza-se por:
Menor utilização de glicose pelas células; Aumento da mobilização das gorduras; Menor disposição
de proteínas nos tecidos. Em consequência há: Perda de glicose pela urina; Efeito desidratante;
Acidose; Aumento da diurese; Ingestão excessiva de água (polipesia) e de alimentos (polifagia);
Perda de peso; Falta de energia (astenia). O tratamento baseia-se na administração de insulina para
que o metabolismo dos carboidratos se normalize. Quando não controlado resulta em coma
diabético.
Hiperinsulismo: Produção aumentada de insulina. Geralmente ocorre em consequência de um
adenoma de uma das ilhotas de Langherans. Devido aos altos níveis de insulina, instala-se a
hipoglicemia ou choque insulínico, que se caracteriza por: Nervosismo extremo; Tremores;
Alucinações; Convulsões; Perda dos sentidos (desmaio - síncope); e, em casos extremos, coma.

3.8.10. Ovários

São duas pequenas glândulas em forma de amêndoas


localizadas na porção pélvica do abdome feminino. A
atividade dos ovários depende, inteiramente, das
gonadotrofinas (hormônio formado na hipófise) segregadas
pela adeno-hipófise. O hormônio FSH e o LH agem
exclusivamente sobre os ovários, já o LTH sobre os ovários e

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também auxilia na secreção do leite pelas mamas. Secretam dois tipos de hormônios, estrogênio e
progesterona.

o Estrogênio: São secretados pelo folículo ovariano em desenvolvimento e, mais tarde,


pelo corpo lúteo. Durante a gravidez, eles são secretados pela placenta. Os estrogênios
são responsáveis pelo crescimento aumentado do útero e da vagina, na puberdade, e
pelo desenvolvimento dos caracteres secundários, tais como o aspecto feminino e a
recuperação do endométrio após a menstruação. Exercem também controle parcial no
desenvolvimento das mamas e sua função. Na gravidez e na puberdade estimulam a
formação dos ductos da glândula mamaria. Eles também tendem a aumentar a
mobilidade do útero e sua sensibilidade a ocitocina. Atuam também num ligeiro
aumento de sódio e reabsorção de água pelos túbulos renais e um aumento na formação
da matriz óssea. Sua diminuição torna irregular o ciclo menstrual bem como atrofia o
desenvolvimento das mamas e do útero.

o Progesterona: É secretada pelo corpo lúteo e placenta. Converte o endométrio uterino,


parcialmente espessado em uma estrutura secretora especializada no processo de
implantação. É responsável pelo desenvolvimento das células secretoras de leite na
gestação e diminui a mobilidade do útero. Sua diminuição ocasiona irregularidades
menstruais e pode induzir o aborto em mulheres grávidas.

3.8.11. Placenta

Glândula endócrina temporária. É uma estrutura que aparece na parede do útero, na qual o
embrião está preso através do cordão umbilical. Desenvolve-se a partir do córion do embrião e da
decídua basal do útero. Por volta do 3º mês de gestação, a placenta esta completamente formada
pela infiltração das velocidades do córion na decídua basal. A placenta também serve de barreira
efetiva contra doenças de origem bacteriana. Anticorpos são transmitidos pela mãe ao embrião e
feto em desenvolvimento par dar-lhe imunidade contra várias doenças. Essa imunidade é
necessária durante os primeiros meses de vida antes da época em que a criança pode produzir seus
próprios anticorpos. Na época do parto, após o nascimento do feto a placenta e suas membranas
desprendem-se do útero. Os principais hormônios produzidos são:

o HCG/Gonadotropina Coriônica Humana: Sua produção começa quando ocorre a


implantação e alcança o pico em torno da 9ª semana de gestação. Mantém o corpo lúteo
do ovário intacto e secreta progesterona e estrogênio.

o Progesterona: Promove o desenvolvimento da decídua do útero que é essencial para


implantação do ovo fertilizado e nutrição do jovem embrião. Contribui também para o
crescimento das mamas e diminui a contração uterina.

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o Estrogênio: Aumenta o suprimento muscular para o órgão. Causa o crescimento da


musculatura uterina, das mamas, o alargamento dos órgãos sexuais externos e da
abertura vaginal.

o HPL/Lactogênio: Sua secreção começa em torno da 5ª semana de gestação. Induz uma


serie de mudanças metabólicas: lipólise acelerada, diminuição da captação de glicose e
a gliconeogênese aumentada.

3.8.12. Testículos

São duas pequenas glândulas mistas, suspensas na região inguinal pelo folículo espermático,
circundadas pelo escroto. Produzem os hormônios andrógenos. O principal hormônio produzido é a
testosterona.
o Testosterona: É o principal e mais potente androgênio. É formado pelas células de
Leydig, dentro dos túbulos seminíferos dos testículos. Durante o desenvolvimento
embrionário a testosterona é responsável pela diferenciação sexual. Nas áreas alvos que
dão origem a genitália externa e próstata a testosterona aparentemente funciona como
um pré-hormônio, ela é enzimaticamente convertida em diidrotesterona, que é o
hormônio ativo nestas regiões. O aumento da secreção de testosterona durante a
puberdade é responsável pelo crescimento pronunciado pelos órgãos genitais externos,
internos e o aparecimento dos caracteres sexuais secundários incluindo engrossamento
da voz, desenvolvimento muscular grandemente aumentado, e o padrão de pelos
característicos do sexo masculino. A testosterona também promove o anabolismo de
proteínas através do corpo, aumenta a formação dos eritrócitos, acelera a deposição da
matriz óssea e, em menor grau, aumenta a retenção de sódio e água pelos rins.

3.9. Sistema Nervoso

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O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacita o organismo a perceber as


variações do meio (interno e externo), a difundir as modificações que essas variações produzem e a
executar as respostas adequadas para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo (homeostase).
São os sistemas envolvidos na coordenação e regulação das funções corporais.

É composto por células nervosas chamadas neurônios, que se comunicam por impulsos
eletroquímicos, entre terminações chamadas axônios e dendritos, que formam enormes redes de
comunicações.

3.9.1. Neurônios

Possui três partes: núcleo, axônio e dendritos. o Núcleo é o centro de controle das células.
Contém informações necessárias para desenvolver e comandar suas funções e está envolvido por
uma dupla camada de tecido chamado “envelope nuclear”. É pigmentado dando cor à massa
cinzenta. O Axônio é uma extensão citoplasmática alongada, com contorno liso, é de diâmetro
constante. Tem bainhas e termina em ramificações menores que formam junções com outros
neurônios. A substância axônica é semelhante a uma geleia. Só há um axônio para cada neurônio.
Leva impulsos gerados no núcleo de um neurônio a músculos, tecidos ou outro neurônio por ele
controlado, além de liberar substâncias através das quais o neurônio envia suas mensagens. Os
materiais vitais, a seu funcionamento são fornecidos pelo núcleo. Já os Dendritos são fibras
nervosas curtas, ramificadas do corpo principal de um neurônio, e espessadas em seu ponto de
origem. Recebem de outros neurônios mensagens e transmitem, na forma de impulsos elétricos, ao
corpo principal de seu próprio neurônio. Os neurônios podem ser classificados em três categorias:

 Neurônios Sensoriais: Transportam ao SNC mensagens de todos os receptores do


corpo. Essas mensagens, chamadas impulsos nervosos, referem-se a sensações de luz,
cheiro, som, gosto, dor, tato, calor, frio e pressão.
 Neurônios de Associação: São células nervosas que ligam neurônios motores a
neurônios sensoriais e coordenam as respostas do SNC às informações por ele
recebidas.

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 Neurônios Motores: São células nervosas existentes no SNC que transmitem impulsos
vindos de outros neurônios, esses impulsos fazem o corpo celular enviar seus próprios
impulsos ao longo de uma fibra de saída, o axônio, ao músculo por ele controlado.

Os neurônios possuem prolongamentos chamados Fibras Nervosas, que são os alongamentos


(axônio ou distrito) de neurônios cujos corpos situam-se, normalmente, no encéfalo ou na medula.
Cada fibra está constituída de um eixo central que contém as neurofibrilas e pode estar envolvido
por uma bainha rica de lipídios denominada bainha de Mielina, cuja função é servir de isolante
elétrico, pois, devido à sua natureza lipídica, impede o fluxo de íons. A bainha de mielina está
envolta por uma segunda bainha celular, denominada neurilema ou bainha de Schwan, cujas células
são responsáveis pela secreção da bainha de mielina no SNP. A bainha de Schwan ou neurilema é a
responsável pela regeneração de uma fibra nervosa. A grande maioria das fibras do encéfalo e da
medula não se regeneram porque não apresentam neurilema. Os estrangulamentos do neurônio pela
essência da bainha de mielina chamam-se Nódulos de Ranvier. A conexão entre dois neurônios
recebe o nome de Sinapse. A sinapse acontece entre o axônio do primeiro neurônio e os dendritos
ou o corpo celular do segundo neurônio. O sistema nervoso é composto por: SNC (Sistema Nervoso
Central), SNP (Sistema Nervoso Periférico), SNE (Sistema Nervoso Emotivo) e SNA (Sistema
Nervoso Autônomo).

3.9.2. Sistema Nervoso Central - SNC

É formado pelo encéfalo (cérebro, cerebelo, tronco encefálico (mesencéfalo, ponte e bulbo) e
pela medula espinhal. É envolvido pelas meninges: pia-máter, aracnoide e dura-máter. Entre a
Aracnoide e a Pia-máter encontra-se o espaço subaracnoideo onde existe o Líquor, líquido
cefalorraquidiano cuja função é amortecer impactos. O encéfalo localiza-se dentro da caixa
craniana. Todos esses órgãos são formados por uma substancia branca e outra cinzenta. Sua função
é receber e interpretar informações, emitir ordens. É composto pelas seguintes meninges:

 Pia-máter – é fina e possui muitos vasos sanguíneos. Envolve diretamente os órgãos.

 Aracnoide – membrana intermediária de consistência esponjosa e muito rica em vasos.

 Dura-máter – unida aos ossos é a mais espessa, dá suporte ao encéfalo.

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Massa Branca: Atua como uma rede de comunicações, interligando partes do encéfalo e ligando-as
à medula espinhal, é formada, na sua maior parte por Axônios. Essas fibras e as camadas que as
recobrem são esbranquiçadas daí a expressão “massa branca”.

Substância Cinzenta: É feita de corpos de Neurônios e Dendritos. Forma no encéfalo o córtex, a


camada mais externa do cérebro. Com apenas 4mm de espessura, contém mais de 10 bilhões de
neurônios. É o centro de controle do encéfalo. Na medula espinhal a massa cinzenta forma um
núcleo em forma de “H”, no qual ocorre uma comunicação entre neurônios.

Encéfalo: Centro de controle do corpo, mais complexa estrutura do SNC. Preenche a parte superior
da cabeça, e é protegido pelos ossos cranianos. Tem a cor cinza-rosada, sendo enrugado como uma
casca de noz. Possui cerca de 10 bilhões de neurônios, com mais de 10 trilhões de conexões entre
eles. Liga-se ao corpo pela medula espinhal, que se estende no interior da coluna vertebral. Sua
função é controlar todas as atividades do corpo, como percepção do mundo exterior, movimentos
dos ossos, funcionamento do organismo, permite pensar, lembrar e ter sensações. É composto por
Cérebro; Cerebelo; Tronco encefálico; Mesencéfalo; Ponte; Bulbo.

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Cérebro: Constitui a parte mais importante do SNC, localiza-se na caixa craniana, ocupando 4/5 do
encéfalo, pesa mais de 1 kg e registra 100mil sensações por segundo. Tem forma ovoide, dividido
em duas partes simétricas chamadas hemisférios cerebrais, unidos entre si por uma ponte de
substância branca chamada “corpo caloso”. A superfície do cérebro é irregular, com saliências e
depressões. Os lobos cerebrais frontais, parietal, temporal e occipital, são delimitados pelas
cissuras. No cérebro a disposição da massa branca e cinzenta é semelhante à do cerebelo, isto é, a
substância branca ou medular é central e a cinzenta ou periférica, constituindo o córtex cerebral
(parte externa do cérebro). Controla o corpo, tudo o que ele faz, sente e pensa, recebe informações
de todas as partes do organismo, processa-as e envia mensagens aos músculos, avisando-os sobre o
que fazer. Cada saliência está relacionada a determinadas funções, como por exemplo, à parte
anterior do cérebro junto ao osso frontal, estão relacionados à elaboração do pensamento.

Hemisférios Cerebrais: Direito: recebe as informações e controla os movimentos do lado esquerdo.


Parece idêntico ao hemisfério esquerdo, mas na maioria das pessoas controla as atividades
específicas, como as habilidades artísticas e criativas. Esquerdo: recebe informações do lado direito
do corpo, e controla os movimentos desta região. Na maioria das pessoas, controla certas atividades
específicas, como por exemplo: as atividades matemáticas, científicas e de linguagem.

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Cerebelo: Localiza-se por traz do tronco encefálico, apoiado no osso occipital. É constituído por
duas partes simétricas, pregueadas e sulcadas denominadas lobos cerebelares, sendo estes ligados
no centro pelo “verme cerebelar”. O seu interior é formado de massa branca e o exterior por massa
cinzenta. Sua função está relacionada com a regularização do tônus muscular. Controla a harmonia
dos movimentos da musculatura esquelética.

Tronco Encefálico: Formado por Mesencéfalo (Importante para o movimento ocular e o controle
postural subconsciente contendo a formação reticular que regula a consciência); Ponte (Contém
grande quantidade de neurônios que retransmite informações do córtex cerebral para o cerebelo
garantindo assim a coordenação dos movimentos e a aprendizagem motora. Serve de elo entre as
informações do córtex que vão para o cerebelo para que este coordene os movimentos pretendidos e
reais. Também vai estar no caminho dos impulsos direcionados a medula. Na ponte também ocorre
a inversão da lateralidade das inervações motoras provenientes dos hemisférios direito e esquerdo);
Bulbo/Tronco Cerebral (É a parte inferior do tronco encefálico, próximo da medula espinhal. Tem a
forma de um tronco de cone invertido, com mais ou menos 3 cm de comprimento. As fibras
nervosas cruzam-se ali de tal modo que cada lado do encéfalo fica conectado com o lado oposto do
corpo. Atua como centro de controle de várias funções vitais, entre elas, ritmar as batidas do
coração, controlar a pressão do sangue e estabelecer a frequência e a intensidade da respiração.
Também conduz os impulsos nervosos do cérebro para a medula espinhal e vice-versa); Medula
Espinhal (É um feixe de nervos, envolto pelas meninges, que se encontra dentro do canal vertebral.
Corre da base do cérebro até o nível da 1ª ou 2ª vértebra lombar, mede aproximadamente 45 cm de
comprimento e 1 cm de diâmetro. Ela também possui uma camada externa branca e uma camada
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interna cinzenta, que se dispõe na forma “H”, cujos ramos dão origem as raízes nervosas que saem
da medula. Recolhe estímulos sensitivos do SNA periférico encaminhá-los para o restante do SNC,
conduzir estímulos do SNC para o SNA periférico, elaborar respostas simples para alguns estímulos
(arco-reflexo - é uma resposta à excitação de um nervo, sem a intervenção voluntária do indivíduo).

3.9.3. Sistema Nervoso Periférico – SNP

É formado por uma imensa rede de nervos que partem do encéfalo e da medula espinhal se
ramificando por todo o corpo ao lado das artérias, veias e vasos linfáticos. No seu percurso
(especialmente junto a coluna vertebral) encontram-se gânglios de coloração cinza-rósea. Existem
12 pares cranianos e 31 pares raquidianos. Sua função é coletar informações para o SNC pelos
sensores da pele, olhos, olfato, audição e paladar sensibilidade e executar ordens pele estímulo
nervoso levado até a musculatura.

Nervos Cranianos: Os nervos cranianos saem diretamente do encéfalo (bulbo), atuando sobre
órgãos e músculos da cabeça e do ombro. Apenas o nervo vago se dirige para o interior do tronco e
inerva o coração, o estômago, o intestino e diversos outros órgãos. Sua função é transmitir
percepções de som, cheiro, gosto, tato, pressão, dor, luz, frio e calor.

Nervos Raquidianos: São 31 pares que saem da medula espinhal e ramificam-se por todo o corpo.
Todos eles são mistos, isto é, coletam percepções de tato, pressão, calor, frio e dor, da pele ou
órgãos, levando-as para a medula e, desta, para o cérebro, bem como, recebem do cérebro, via
medula, as ordens emitidas pelo mesmo como resposta aos estímulos enviados, executando-as.

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3.9.4. Sistema Nervoso Emotivo - SNE

Sabemos que as emoções, em sua mais simples definição, são substâncias químicas produzidas
no hipotálamo. Sabemos também que determinadas emoções (substâncias) costumam somatizar em
órgãos preferenciais, como por exemplo: Tristeza – Sistema Respiratório – “Pulmão”; Raiva –
Sistema Digestão – “Fígado”; Medo – Sistema Urinário – “Rim”; Perda – Sistema Imunológico –
“Pele”. Acredita-se também que o Sistema Nervoso Emotivo exerça influência no Sistema
Endócrino.

Tristeza- Sistema Respiratório - "Pulmão"

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Raiva- Sistema Digestivo - "Fígado"

Medo - Sistema Urinário - "Rim"

Perda - Sistema Imunológico - "Pele"

3.9.5. Sistema Nervoso Autônomo - SNA

Controla a vida vegetativa, sem que o indivíduo tome consciência. Ex.: temperatura corporal,
frequência cardíaca, secreção de suor, expulsão da urina, mobilidade e as secreções digestivas.

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Subdivide-se em dois, o parassimpático e o simpático, que trabalham em conjunto para provocar


efeitos opostos em muitas áreas do organismo. Ex.: se o simpático acelera as batidas do coração, o
parassimpático entra em ação diminuindo o ritmo cardíaco.

SNA Parassimpático: Origina-se nas porções craniais (porção anterior do hipotálamo)


acompanhando nervos cranianos e sacral, emergindo com os nervos raquidianos um par tem origem
diretamente no bulbo, acompanhando o nervo vago, que desce ao longo do esôfago para inervar os
pulmões, o coração, o estomago, o intestino, o fígado, as vias biliares e urinarias. Está ativo na
digestão, repouso e inibe o simpático.

SNA Simpático: Tem origem na porção posterior do hipotálamo e inicia sua exposição a partir da
primeira vértebra torácica e finaliza na 2ª vértebra lombar, acompanhando o SNP Raquidiano por
um percurso e, depois, seguir para um órgão. Sua função é a de preparar o corpo para situações de
emergência, esforço ou inibir o parassimpático. Faz isso aumentando o metabolismo cerebral, a
tensão arterial, a frequência cardíaca e a sudorese. Estimula as glândulas supra-renais, para que
liberem adrenalina e noradrenalina, hormônios que mantêm o sistema.

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3.10. Sistema Urinário (Excretor)

O aparelho urinário compõe-se de duas partes: um par de rins, órgãos secretores encarregados
da produção da urina, e um sistema de canais excretores, que recolhem este líquido e o expulsam
para o exterior.

A formação de urina e sua eliminação estão entre as mais importantes funções do organismo,
permitindo que a composição do sangue não se altere com o acúmulo de substâncias nocivas. Isto é
feito pelo sistema urinário, a depuração do sangue.

3.10.1. Rim

Órgão par, situado na cavidade abdominal, de cada lado da coluna vertebral e ao nível das
últimas vértebras torácicas. Tem a forma de um caroço de feijão, com um comprimento de
aproximadamente 12 cm. Cada rim é formado de tecido conjuntivo, que sustenta e dá forma ao
órgão e por milhares ou milhões de unidades filtradoras, os néfrons, localizados na região renal.

Está recoberto por uma cápsula fibrosa, fina e resistente. É composto de três áreas: córtex
renal, medula renal e pelve renal. Atua no controle dos sais do corpo, sobre os líquidos. E no
aproveitamento de substâncias utilizáveis pelo organismo. Forma a urina.

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Córtex Renal: Parte externa do rim, de cor mais


escura. Pequenos vasos sanguíneos recobrem o
córtex renal, dando-lhe uma textura granulada. O
sangue chega aos rins por grandes vasos que
acabam formando uma estrutura enovelada
conhecida como “nó capilar”. É no nó capilar que
os materiais residuais componentes da urina são
filtrados do sangue e, no córtex renal, a urina
começa a se formar. É onde se localizam os
néfrons.

Néfrons: São unidades fundamentais dos rins


feitos de duas partes principais: o Túbulo Renal
que é um longo canal (tubo) que dá várias voltas e
o Glomérulo que é um pequeno ramo de capilares sanguíneos, situado dentro de uma espécie de
xícara chamada “Cápsula de Browman”. Os néfrons filtram o sangue e produzem urina. A trajetória
de uma gota de sangue pelos néfrons é a seguinte: o sangue chega ao Glomérulo já filtrado,
reincorpora-se a corrente sanguínea, passando
por outros capilares. Somente resíduos inúteis
para o organismo e água permanecem no Túbulo.
Um ducto coletor leva esse material para a pelve
renal de onde segue para a bexiga.

Quando o sangue atravessa o glomérulo,


deixa passar água e sais minerais pelas paredes
permeáveis dos capilares, que são absorvidos
pelas paredes da cápsula de Bowman, também
permeável, que é um fundo falso de um tubo,
dentro do qual o glomérulo está inserido. A
seguir este filtrado penetra num tubo sinuoso - o
túbulo contorcido proximal (primeira porção do
túbulo renal, próxima ao glomérulo). Após várias
circunvoluções, o túbulo descreve uma grande
alça - alça de Henle - que mergulha na medula renal e volta ao córtex. Terminada a alça, o túbulo
renal assume outra vez a forma sinuosa, agora com o nome de túbulo contorcido distal (distante do
glomérulo). Os túbulos distais desembocam, como afluentes, nos tubos coletores, onde penetra
facilmente o filtrado, já reabsorvido em sua maior parte. As células dos túbulos reabsorvem as
substâncias necessárias e eliminam as substâncias supérfluas. Os tubos coletores desembocam em
vias de calibre maior, os ductos capilares. Estes últimos se dispõem lado a lado com vasos, para
formarem pirâmides com a ponta voltada para o interior do rim. O vértice de cada uma dessas
pirâmides, com 10 a 25 aberturas de ductos, constitui uma papila, minúsculo chuveiro que se projeta
para dentro de uma câmara chamada cálice renal. Dos diversos orifícios de cada papila flui urina já
quase completamente elaborada. Cada grupo de três ou quatro cálices se unem num cálice maior, o
qual se comunica finalmente com a maior das câmaras de saída - a pelve renal - onde é recolhida a

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urina (modificação do líquido primitivamente filtrado no glomérulo). Afunilando-se em seu fundo,


a pelve renal forma um tubo - o ureter - através do qual a urina passa à bexiga.

O filtrado é transformado em urina através da reabsorção ativa da água, sais de sódio e outras
substâncias, e da excreção pelas células dos túbulos de algumas substâncias como ácido úrico e
potássio. A quantidade total de uma determinada substância que aparece na urina é o resultado
conjunto da filtragem glomerular e da secreção e reabsorção tubulares. Se as células dos túbulos
forem atingidas por nefrose (processo degenerativo) ou necrose (morte celular), a reabsorção da
água diminui e o paciente elimina grandes volumes de urina muito diluída, com densidade igual ao
plasma. Às vezes, essa densidade chega a ser quase
igual à da água.

A reabsorção nos túbulos renais pode ser ativa


ou passiva. Ativa é quando as células dos túbulos renais
retiram do sangue circulante substâncias que já estão
mais concentradas nos rins do que no sangue. Ex.:
Glicose (passa livremente pelos glomérulos e é quase
totalmente reabsorvida pelos túbulos). A glicose só
aparece na urina quando a capacidade de reabsorção é
ultrapassada (aumento da concentração no sangue em
casos de diabetes). Quando as substâncias se encontram
em maior concentração no sangue, passam para os
túbulos de maneira passiva, sem dispêndio de energia.
A passagem das substâncias pode ser nos dois sentidos:
do túbulo para as células (reabsorção) e das células para o túbulo (eliminação).

Medula Renal: Região interna dos rins consiste em oito a doze pirâmides renais, cujos ápices
convergem nas projeções conhecidas como papilas, as quais, por sua vez, são recebidas por
cavidades (cálices) da pelve. Resíduos são filtrados do sangue e transformados em urina em outra
parte dos rins, no córtex. A urina concentra-se então na medula, antes de seguir para dutos
chamados tubos coletores, que a encaminham para a saída dos rins.

Pelve Renal: Cavidade renal em forma de funil que recebe a urina e a encaminha para o ureter.
Realiza também operações de resgate. Quando o sangue chega aos néfrons, parte é filtrada nos
túbulos, nessa hora entra em ação o serviço de resgate para recuperar substâncias que ainda podem
ser aproveitadas pelo organismo.

Bacinete Renal: Formado pela influência dos cálices maiores, tem forma afunilada e representa o
ponto de confluência da urina antes que atinja a bexiga através dos ureteres.

Controle Hormonal: Na alça de Henle e nos túbulos contorcidos (distal e proximal) são reabsorvidas
a maior parte de água (até 99%) e grande parte dos sais que retornam do filtrado do sangue. Essa
reabsorção chega a atingir várias dezenas de litros por dia. O movimento do sódio em direção ao
sangue é sempre acompanhado por uma grande quantidade de água, enquanto que, ao mesmo
tempo, o potássio percorre o trajeto inverso. Esse movimento é parcialmente regulado por um
hormônio secretado pelas glândulas supra-renais, a aldosterona, que parece agir nos túbulos distais.

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Quando não há suficiente secreção desse hormônio, acontece a perda de sódio e a retenção do
potássio. Se houver produção excessiva de aldosterona (hiperatividade das suprarrenais) ocorrerá a
retenção de água e sódio e excessiva eliminação do potássio.

3.10.2. Ureter

Os néfrons desembocam em dutos coletores, que se unem para formar canais cada vez mais
grossos. A fusão dos dutos origina um canal único, denominado ureter, estrutura par que deixa o
rim em direção à bexiga urinária. Os ureteres são capazes de se contrair ritmicamente para
impulsionar a urina. Em seu interior, são revestidos por uma mucosa pregueada, o que lhes
possibilita aumentar bastante o diâmetro. Possui movimentos involuntários. Medem de 20 a 25 cm
de comprimento e 6 mm de diâmetro.

3.10.3. Bexiga

Órgão oco, musculomembranoso, de forma esférica, situada na parte anterior da bacia,


formada por músculos dos quais o principal é o detrusor, colocado em espiral, que espreme a bexiga
no ato de urinar. Quando vazia a mucosa do órgão se pregueia num triângulo (trígono vesical), o
ápice corresponde ao canal da uretra e a base às aberturas dos ureteres. Sua principal função é
receber urina dos rins transportada pelos ureteres e armazená-la, temporariamente, atuando com um
“depósito inteligente”.

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Quando a bexiga fica cheia, uma série de sinais nervosos avisa o SNC (Sistema Nervoso
Central) de que é necessário esvaziá-la. Se isso não for possível, a bexiga relaxa suas paredes para
receber mais urina e aperta o esfíncter para não "vazar". O mecanismo de retenção ou esvaziamento
é controlado pelo SNA (Sistema Nervoso Autônomo). O SNA Simpático atua na retenção e o SNA
Parassimpático no esvaziamento.

3.10.4. Uretra

A uretra é um tubo, último segmento do sistema urinário, que parte da bexiga e termina, na
mulher, na região vulvar e, no homem, na extremidade do pênis. Sua comunicação com a bexiga
mantém-se fechada por anéis musculares - os esfíncteres. Sua principal função é conduzir a urina
para fora do organismo. Quando a musculatura desses anéis relaxa e a musculatura da parede da
bexiga se contrai, urinamos. No homem possui, além dessa, outra finalidade, que é conduzir o
esperma.

A uretra é diferente nos dois sexos quanto as suas funções e relações. No homem mede cerca
de 18 cm e na mulher cerca de 3 a 4 cm. Esse comprimento menor da uretra na mulher é uma das
predisposições naturais que a mulher possui para a infecção urinária.

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3.11. Sistema Reprodutor Feminino

O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários, duas tubas uterinas (trompas de
Falópio), um útero, uma vagina, uma vulva. Ele está localizado no interior da cavidade pélvica. A
pelve constitui um marco ósseo forte que realiza uma função protetora. Sua função é produzir o
óvulo e reter o produto da eventual fecundação, permitindo o seu desenvolvimento.

3.11.1. Vagina

É canal de 8 a 10 cm de comprimento, de paredes elásticas, que liga o colo do útero aos


genitais externos. Contém de cada lado de sua abertura, porém internamente, duas glândulas
denominadas glândulas de Bartholin, que secretam um muco lubrificante. A entrada da vagina é
protegida por uma membrana circular - o hímen - que fecha parcialmente o orifício vulvo-vaginal e

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é quase sempre perfurado no centro, podendo ter formas diversas. Geralmente, essa membrana se
rompe nas primeiras relações sexuais. A vagina é o local onde o pênis deposita os espermatozoides
na relação sexual. Além de possibilitar a penetração do pênis, possibilita a expulsão da menstruação
e, na hora do parto, a saída do bebê.

3.11.2. Vulva

A genitália externa ou vulva é delimitada e protegida por duas pregas cutaneomucosas


intensamente irrigadas e inervadas - os grandes lábios. Na mulher reprodutivamente madura, os
grandes lábios são recobertos por pelos pubianos. Mais internamente, outra prega cutaneomucosa
envolve a abertura da vagina - os pequenos lábios - que protegem a abertura da uretra e da vagina.
Na vulva também está o clitóris, formado por tecido esponjoso erétil, homólogo ao pênis do
homem, que protege o orifício urinário e
auxilia na copulação.

3.11.3. Ovários
Órgão par, de função glandular mista, de
forma ovalada, situados na cavidade pélvica,
lateralmente ao útero, unidos à parede
posterior do abdome e ao útero por dois
cordões fibrosos. São as gônadas femininas.
Dependendo da idade, sua superfície pode ser
mais ou menos rugosa. Em seu interior
existem cachos de células chamados folículos
de Graaf e, a cada ciclo menstrual, apenas
uma célula amadurecerá, dando origem ao
gameta feminino, o óvulo. Este processo está
intimamente relacionado ao sistema glandular endócrino, pois a atividade dos ovários é controlada
pela hipófise que, por sua vez, é influenciada pelo hipotálamo. Sua função é a produção dos óvulos.

No final do desenvolvimento embrionário de uma menina, ela já tem todas as células que irão
transformar-se em gametas nos seus dois ovários. Estas células - os ovócitos primários -
encontram-se dentro de estruturas denominadas folículos de Graaf ou folículos ovarianos. A partir
da adolescência, sob ação hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer e a desenvolver. Os
folículos em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno. Mensalmente, apenas um folículo

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geralmente completa o desenvolvimento e a maturação, rompendo-se e liberando o ovócito


secundário (gameta feminino): fenômeno conhecido como ovulação. Após seu rompimento, a
massa celular resultante transforma-se em corpo lúteo ou amarelo, que passa a secretar os
hormônios progesterona e estrógeno. Com o tempo, o corpo lúteo regride e converte-se em corpo
albicans ou corpo branco, uma pequena cicatriz fibrosa que irá permanecer no ovário.

3.11.4. Tubas uterinas, ovidutos ou Trompas de Falópio

Em número de duas, na forma de cornetas musculares. Ligam cada ovário ao útero. Estão
suspensas por uma prega de ligamento largo chamado mesossalpinge (salpinge significa tuba). Sua
função é colher o óvulo que atingir a maturação e conduzi-lo ao útero. Suas paredes apresentam as
mesmas camadas que encontraremos por epitélio – mucosa, muscular, lisa e serosa. A camada
mucosa ou interna é revestida por epitélio cilíndrico ciliado. O revestimento muscular consiste de
uma camada interna circular e uma externa longitudinal descontínua. Os batimentos dos cílios
microscópicos e os movimentos peristálticos das tubas uterinas impelem o gameta feminino até o
útero. A extremidade da tuba uterina, o istmo, abre-se na cavidade uterina e é contínuo com a
ampola. A ampola é a parte dilatada e central da tuba que está curvada sobre o ovário e, por sua vez,
continua-se com o infundíbulo, uma expansão da tuba em forma de trombeta, que se abre na
cavidade abdominal. Curva-se sobre o ovário e está adjacente a ele, mas não necessariamente em
contato direto. Quando um óvulo é expelido do ovário as fibrilas funcionam como tentáculos,
trazendo-o para o interior da tuba onde é “empurrado” em direção ao útero e, podendo ali, ocorrer a
ovulação. Isto é, possível através dos movimentos ciliares.

3.11.5. Útero

Órgão oco situado na cavidade pélvica anteriormente à bexiga e posteriormente ao reto, de


parede muscular espessa, o miométrio, membrana intermediária, constituída por feixes musculares
que, no parto, expulsarão o feto para o exterior. Tem formato de pera invertida. É revestido
internamente por um tecido vascularizado rico em glândulas, o endométrio, uma túnica interna
mucosa, de cor rósea, apresenta numerosas glândulas secretoras de substâncias lubrificantes. O
útero divide-se em três partes:

 Colo do útero: Parte mais delgada. Inferiormente o colo do útero é circundado pelo
anel que forma a extremidade interna da vagina, dividindo-se assim em 2 porções:
supravaginal e intravaginal.
 Corpo do útero: É a parte mais volumosa.
 Istmo: É a separação, em forma de cintura, existente entre o colo e o corpo do útero.
Sua função é acolher o ovo fecundado por um espermatozoide e desenvolvê-lo até que o
novo ser esteja totalmente formado e pronto para o nascimento.

Menstruação: Começa na puberdade (menarca) e continua até a menopausa, aproximadamente 40


anos mais tarde. O dia do início do fluxo menstrual é considerado o primeiro dia do ciclo, que
termina no último dia que antecede o próximo fluxo menstrual. Normalmente o ciclo tem a duração
de 28 dias, mas pode variar de 21 a 35 dias. Três fases do ciclo menstrual podem ser distinguidas:
menstrual, proliferativa e secretora:

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 Fase Menstrual: A fase menstrual vai do 1º ao 5º dia do ciclo. A menstruação ocorre


quando a expectativa de implantação do óvulo fecundado é frustrada. O revestimento
endometrial é reconstruído para a próxima possível implantação. Quando o ovo não é
fertilizado, o corpo lúteo regride; a subsequente queda nos níveis sanguíneos de
progesterona e estrogênio é seguida pela desintegração do endométrio uterino. Isto é
precedido por uma constrição intermitente das artérias envolvidas (cólicas), que causa
anóxia e resulta no enrugamento na camada superficial do endométrio. O tecido
necrótico é derramado e se segue a isso a ruptura dos vasos superficiais.
 Fase Proliferativa: Caracteriza-se pela estimulação do estrogênio, começa em torno do
5º dia do ciclo menstrual estendendo-se até a ovulação, a qual normalmente ocorre
próximo ao ponto médio do ciclo (14 dias antes do inicio da menstruação). À medida
que a secreção do estrogênio aumenta, o endométrio se espessa. As artérias espiraladas
crescem em todo ele, menos no terço superficial do tecido de degeneração. O processo
ovulatório é iniciado por uma rápida elevação do hormônio luteinizante. Uma elevação
característica da temperatura basal do corpo ocorre em um dia ou logo após a ovulação
e permanece alta até o início do próximo período menstrual. A presença da progesterona
explica este aumento de temperatura.
 Fase Secretora: Durante esta fase os níveis de progesterona elevam-se. O endométrio
diferencia-se em um tipo de tecido secretor capaz de preencher os requisitos para a
implantação do embrião. Há um espessamento do endométrio. As artérias espiraladas
crescem até quase a superfície do endométrio. Se a implantação não ocorre, a atividade
funcional do corpo lúteo diminui e, em consequência, alterações degenerativas são
observadas no endométrio uterino e a fase menstrual começa novamente.

Menopausa: Período em que ocorrem várias mudanças na mulher entre elas à cessação da
menstruação. Dá-se por volta dos 50 a 55 anos de idade e está aparentemente associada à
diminuição da maturação folicular. Vários anos antes da menopausa, os ciclos menstruais podem
tornar-se irregulares e o fluxo menstrual pode variar. Podem ocorrer ciclos involuntários. Os
principais sintomas são: Rubores; Avermelhamento da face; Sensação de calor, geralmente
centradas na cabeça, pescoço e parte superior; Fogachos, difusões breves e intensas de calor pelo
corpo todo acompanhadas de avermelhamento da face e transpiração. Estes sintomas podem estar
relacionados a uma queda na produção de estrogênio.

3.11.6. Mamas

São dois órgãos glandulares exócrinos, situados na parede anterior do tórax. Têm a forma
hemisférica e a sua consistência e volume são variadas. Na face apresentam a papila mamária
(mamilo), onde desembocam os ductos lactíferos da glândula mamária que conduzem para o
exterior a secreção glandular.

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Os hormônios que influenciam a atividade excretora das glândulas mamárias são luteóides ou
progestinas (elaboradas nos ovários e placenta) e o luteotrófico (LTH) ou prolactina (elaborado pela
adeno-hipófise). Sua função é secretar o leite para alimentar o recém-nascido.

3.11.7. Fisiologia da Reprodução

A pituitária (hipófise), como nos meninos, não secreta praticamente nenhum hormônio
gonadotrópico até à idade de 10 a 14 anos. Entretanto, por essa época, começa a secretar dois

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hormônios gonadotrópicos. No início, secreta principalmente o hormônio folículo-estimulante


(FSH), que inicia a vida sexual na menina em crescimento causa a proliferação das células
foliculares ovarianas e estimula a secreção de estrógeno, levando as cavidades foliculares a
desenvolverem-se e a crescer; mais tarde, secreta o hormônio luteinizante (LH), que auxilia no
controle do ciclo menstrual, aumenta ainda mais a secreção das células foliculares, estimulando a
ovulação.
Os dois hormônios ovarianos, o estrogênio e a progesterona, são responsáveis pelo
desenvolvimento sexual da mulher e pelo ciclo menstrual. Esses hormônios, como os
adrenocorticais e o hormônio masculino testosterona, são ambos compostos esteroides, formados,
principalmente, de um lipídio, o colesterol. Os estrogênios são, realmente, vários hormônios
diferentes chamados estradiol, estriol e estrona, mas que têm funções idênticas e estruturas químicas
muito semelhantes. Por esse motivo, são considerados juntos, como um único hormônio.

Funções do Estrogênio: Induz as células de muitos locais do organismo, a proliferar, isto é, a


aumentar em número. Por exemplo, a musculatura lisa do útero, aumenta tanto que o órgão, após a
puberdade, chega a duplicar ou, mesmo, a triplicar de tamanho. O estrogênio também provoca o
aumento da vagina e o desenvolvimento dos lábios que a circundam, faz o púbis se cobrir de pelos,
os quadris se alargarem e o estreito pélvico assumir a forma ovoide, em vez de afunilada como no
homem; provoca o desenvolvimento das mamas e a proliferação dos seus elementos glandulares, e,
finalmente, leva o tecido adiposo a concentrar-se, na mulher, em áreas como os quadris e coxas,
dando-lhes o arredondamento típico do sexo. Em resumo, todas as características que distinguem a
mulher do homem são devido ao estrogênio e a razão básica para o desenvolvimento dessas
características é o estímulo à proliferação dos elementos celulares em certas regiões do corpo.
Também estimula o crescimento de todos os ossos logo após a puberdade, mas promove rápida
calcificação óssea, fazendo com que as partes dos ossos que crescem se "extingam" dentro de
poucos anos, de forma que o crescimento, então, para. A mulher, nessa fase, cresce mais
rapidamente que o homem, mas para após os primeiros anos da puberdade; já o homem tem um
crescimento menos rápido, porém mais prolongado, de modo que ele assume uma estatura maior
que a da mulher, e, nesse ponto, também se diferenciam os dois sexos. O estrogênio tem,
igualmente, efeitos muito importantes no revestimento interno do útero, o endométrio, no ciclo
menstrual.

Funções da Progesterona: Tem pouco a ver com o desenvolvimento dos caracteres sexuais
femininos; está principalmente relacionada com a preparação do útero para a aceitação do embrião e
à preparação das mamas para a secreção láctea. Em geral, a progesterona aumenta o grau da
atividade secretória das glândulas mamárias e, também, das células que revestem a parede uterina,
acentuando o espessamento do endométrio e fazendo com que ele seja intensamente invadido por
vasos sanguíneos; determina, ainda, o surgimento de numerosas glândulas produtoras de glicogênio.
Finalmente, a progesterona inibe as contrações do útero e impede a expulsão do embrião que se está
implantando ou do feto em desenvolvimento.

3.12. Sistema Reprodutor Masculino

O sistema reprodutor masculino é formado por: Testículos ou gônadas; Vias espermáticas:


epidídimo, canal deferente, uretra; Pênis; Escroto; Glândulas anexas: próstata, vesículas seminais,
glândulas bulbouretrais.

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3.12.1. Testículos

Em número de dois, localizado no interior da cavidade abdominal no início da vida fetal.


Cerca de dois meses antes do nascimento deixam o abdome e descem para o escroto. O testículo do
feto é precedido, na sua descida do abdome para o escroto por uma invaginação do peritônio
chamado processo vaginal, a partir do qual origina-se a túnica vaginal. A camada mais externa do
testículo, a túnica vaginal reflete-se para a superfície interna do escroto; consequentemente, pode
ser descrita como possuindo as camadas visceral e parietal. Septos vibrosos estendem-se para dentro
da substância do testículo, dividindo-o em cerca de 250 lobos. Cada lóbulo contém de um a três
túbulos enovelados conhecidos como túbulos seminíferos. Se fosse desenrolado verificar-se-ia que
um túbulo mede cerca de 65 cm de comprimento. As células reprodutoras masculinas são
encontradas no interior destes túbulos em diferentes estágios de desenvolvimento. Os
espermatozoides em maturação geralmente são vistos no centro do túbulo; e as prematuras
espermatogônias e os espematócitos primários, na periferia do túbulo, mais perto do epitélio
germinativo. Além de células reprodutoras, células nutridoras e de suporte, conhecidas como
“células de sertoli”, são encontradas nos testículos. As células intersticiais de Leydig estão
distribuídas entre os túbulos e são responsáveis pela produção dos hormônios masculinos. A função
dos testículos é exócrina, que é a elaboração dos espermatozoides. E uma função endócrina, a
secreção de testosterona (conforme estudado no sistema glandular endócrino).

3.12.2. Epidídimo

Para cada testículo existe um epidídimo, situado na porção posterior e se estende até quase 4
cm a partir de uma parte superior aumentada (cabeça) para baixo (corpo) até a cauda. Cerca de 5

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metros de tubos estão enovelados nesta pequena distancia. Sua função é armazenar, transportar e
amadurecer os espermatozoides.

3.12.3. Ducto Deferente/Seminífero

Sendo uma continuação do epidídimo, tem sido descrito como “ducto excretor do testículo”.
Em número de dois (um para cada testículo) saem dos epidídimos e chegam às vesículas seminais.
Tem de 50 a 60 cm de comprimento. O percurso de cada ducto deferente é o seguinte: inicia-se no
epidídimo, sobe pelo canal inguinal, penetra no abdome, passa ao lado da bexiga urinária por cima
do ureter terminando ao nível da próstata, no canal ejaculador. Sua função é conduzir os
espermatozoides até as vesículas seminais e uretra.

3.12.4. Vesículas Seminais

Existem duas vesículas seminais, bolsas membranosas que se localizam posteriormente à


bexiga, próximo a sua base, consistindo cada uma de um único tubo enovelado sobre si mesmos. As
vesículas seminais secretam um líquido espesso, contendo nutrientes. O tubo de cada vesícula
seminal termina num ducto reto e estreito que se liga ao ducto deferente para formar o ducto
ejaculatório, penetrando na base prostática e se abrindo na porção prostática da uretra. Sua função é
recolher, armazenar e nutrir os espermatozoides protegendo-os da acidez urinaria.

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3.12.5. Próstata

Glândula de secreção externa com a forma de uma castanha. Está situada atrás da sínfise
púbica, abaixo da bexiga, atravessada pela uretra. Apresenta um sulco dividindo-se em dois lobos
laterais. Sua função é secretar o líquido prostático (fino, leitoso e alcalino), que durante a ejaculação
é misturado com os espermatozoides provenientes das vesículas seminais e dos ductos deferentes.
Faz a obstrução da bexiga durante o ato sexual liberando-as após o mesmo quando inverte sua
obstrução, agora visando às vesículas seminais e os ductos.

Glândulas Bulbouretrais: colaboram no sistema genital masculino as glândulas. Tem o tamanho


aproximado de uma ervilha, localizada inferiormente a próstata de cada lado da uretra. Exerce a
função de secretar substancias lubrificantes à ejaculação, que também faz parte do sêmen.

Sêmen: produto da secreção dos testículos, da próstata e outras glândulas menores que se abrem na
uretra, sendo constituído, em grande parte, por espermatozoide.

3.12.6. Escroto

É uma bolsa que se localiza posteriormente ao pênis, sustentada pelo púbis. É uma
continuação da parede abdominal e é dividido por um septo em dois sacos, cada um com um
testículo com seu epidídimo. Encontra-se externamente em relação ao corpo tem por motivo manter
um a temperatura compatível com a vitalidade dos espermatozoides (1 grau centígrado para menos).
Sua função é abrigar os testículos.

3.12.7. Pênis

Órgão masculino da reprodução. Seu corpo é cilíndrico e a extremidade distal é constituída


pela glande. É coberto pelo prepúcio (pele anterior) quando não ereto, em cujo vértice se encontra o
óstio da uretra. Nele distinguimos os corpos cavernosos e corpo esponjoso da uretra, formações

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eréteis. É uma estrutura flácida quando não estimulada, mas torna-se rígida quando a estrutura
esponjosa se enche de sangue sob estímulos sexuais. Tem o comprimento de 10 a 15 cm em estado
de flacidez e de 15 a 16 cm em estado de ereção. Sua função é possibilitar que os espermatozoides
ejaculados penetrem no útero durante a cópula.

3.12.8. Espermatozoides

Têm o corpo dividido em duas partes principais: cabeça (colo) e cauda (flagelo). A cauda é
usada para locomoção através do líquido seminal (esperma ou sêmen) que é produzido no
epidídimo, vesícula seminal e próstata. Sua função é transmitir os caracteres do pai na geração de
um ser.

3.12.9. Fisiologia da Reprodução

Durante a puberdade, os testículos da criança permanecem inativos até que são estimulados
entre 10 e 14 anos pelos hormônios gonadotróficos da glândula hipófise (pituitária). O hipotálamo
libera Fatores Liberadores dos Hormônios Gonadotróficos que fazem a hipófise liberar FSH
(hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante). O FSH estimula a espermatogênese
pelas células dos túbulos seminíferos. Já o LH estimula a produção de testosterona pelas células
intersticiais dos testículos à características sexuais secundárias, elevação do desejo sexual.

Testosterona: A testosterona faz com que os testículos cresçam. Ela deve estar presente, também,
junto com o folículo estimulante, antes que a espermatogênese se complete. Provoca efeito nos
caracteres sexuais masculinos. Depois que um feto começa a se desenvolver no útero materno, seus
testículos começam a secretar testosterona, quando tem poucas semanas de vida apenas. Essa
testosterona, então, auxilia o feto a desenvolver órgãos sexuais masculinos e características
secundárias masculinas. Isto é, acelera a formação do pênis, da bolsa escrotal, da próstata, das
vesículas seminais, dos ductos deferentes e dos outros órgãos sexuais masculinos. Além disso, a
testosterona faz com que os testículos desçam da cavidade abdominal para a bolsa escrotal; se a
produção de testosterona pelo feto é insuficiente, os testículos não conseguem descer; permanecem
na cavidade abdominal. A secreção da testosterona pelos testículos fetais é estimulada por um

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hormônio chamado gonadotrofina coriônica, formado na placenta durante a gravidez.


Imediatamente após o nascimento da criança, a perda de conexão com a placenta remove esse feito
estimulador, de modo que os testículos deixam de secretar testosterona. Em consequência, as
características sexuais interrompem seu desenvolvimento desde o nascimento até à puberdade. Na
puberdade, o reaparecimento da secreção de testosterona induz os órgãos sexuais masculinos a
retomar o crescimento. Os testículos, a bolsa escrotal e o pênis crescem, então, aproximadamente
mais 10 vezes.

Além dos efeitos sobre os órgãos


genitais, a testosterona exerce outros efeitos
gerais por todo o organismo para dar ao
homem adulto suas características
distintivas. Faz com que os pelos cresçam
na face, ao longo da linha média do
abdome, no púbis e no tórax. Origina,
porém, a calvície nos homens que tenham
predisposição hereditária para ela. Estimula
o crescimento da laringe, de maneira que o
homem, após a puberdade fica com a voz
mais grave. Estimula um aumento na
deposição de proteína nos músculos, pele,
ossos e em outras partes do corpo, de
maneira que o adolescente do sexo masculino se torna geralmente maior e mais musculoso do que a
mulher, nessa fase. Algumas vezes, a testosterona também promove uma secreção anormal das
glândulas sebáceas da pele, fazendo com que se desenvolva a acne pós-puberdade na face. Na
ausência de testosterona, as características sexuais secundárias não se desenvolvem e o indivíduo
mantém um aspecto sexualmente infantil.

Glândula Hormônio Órgão-alvo Principais ações


Estimulam a produção de
testosterona pelas células de
Hipófise FSH e LH Testículos
Leydig (intersticiais) e controlam
a produção de espermatozoides.
Estimula o aparecimento dos
Diversos
caracteres sexuais secundários.

Testículos Testosterona Induz o amadurecimento dos


órgãos genitais, promove o
Sistema Reprodutor
impulso sexual e controla a
produção de espermatozoides.

3.13. Sistema Sensorial

Os sentidos fundamentais do corpo humano - visão, audição, tato, gustação ou paladar e


olfato - constituem as funções que propiciam o nosso relacionamento com o ambiente. Por meio

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dos sentidos, o nosso corpo pode perceber muita coisa do que nos rodeia; contribuindo para a nossa
sobrevivência e integração com o ambiente em que vivemos. Servem para proteger o ser humano
dos perigos que o rodeiam.

Existem determinados receptores, altamente especializados, capazes de captar estímulos


diversos. Tais receptores, chamados receptores sensoriais, são formados por células nervosas
capazes de traduzir ou converter esses estímulos em impulsos elétricos ou nervosos que serão
processados e analisados em centros específicos do sistema nervoso central (SNC), onde será
produzida uma resposta (voluntária ou involuntária). A estrutura e o modo de funcionamento destes
receptores nervosos especializados é diversa. Os tipos de receptores são:
 Exteroceptores: respondem a estímulos externos, originados fora do organismo.
 Proprioceptores: os receptores proprioceptivos encontram-se no esqueleto e nas
inserções tendinosas, nos músculos esqueléticos (formando feixes nervosos que
envolvem as fibras musculares) ou no aparelho vestibular da orelha interna. Detectam a
posição do indivíduo no espaço, assim como o movimento, a tensão e o estiramento
musculares.
 Interoceptores: respondem a estímulos viscerais ou outras sensações como sede e
fome.
Em geral, os receptores sensitivos podem ser simples, como uma
ramificação nervosa; mais complexos, formados por elementos nervosos
interconectados ou órgãos complexos, providos de sofisticados sistemas
funcionais. Dessa maneira, pelo tato - sentimos o frio, o calor, a pressão
atmosférica, etc; pela gustação (paladar) - identificamos os sabores; pelo
olfato - sentimos o odor ou cheiro; pela audição - captamos os sons; pela
visão - observamos as cores, as formas, os contornos, etc. Portanto, em
nosso corpo os órgãos dos sentidos estão encarregados de receber
estímulos externos. Esses órgãos são: pele - para o tato; língua - para a
gustação; fossas nasais - para o olfato; ouvidos - para a audição; os olhos
- para a visão.

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3.13.1. Visão

Torna-se possível através do olho, órgão par colocado na parte anterior da cavidade orbitária
da face.
Olho: Órgão foto-receptor, capaz de formar imagens de objeto emissor ou refletor de luz. É
composto pelo globo ocular e seus anexos. Os globos oculares estão alojados dentro de cavidades
ósseas denominadas órbitas, compostas de partes dos ossos frontal, maxilar, zigomático, esfenoide,
etmoide, lacrimal e palatino. Ao globo ocular encontram-se associadas estruturas acessórias:
pálpebras, supercílios (sobrancelhas), conjuntiva, músculos e aparelho lacrimal.
Cada globo ocular compõe-se de três túnicas e de quatro meios transparentes. As túnicas são:
 Túnica fibrosa externa: É a esclerótica ou esclera (branco do olho). Resistente
de tecido fibroso e elástico que envolve externamente o globo ocular, a maior
parte da esclerótica é opaca. É onde estão inseridos os músculos extraoculares
que movem os globos oculares, dirigindo-os a seu objetivo visual. A parte
anterior da esclerótica chama-se córnea. É transparente e atua como uma lente
convergente.
 Túnica intermédia vascular pigmentada: Compreende a coroide, o corpo ciliar e
a íris. A coroide está situada abaixo da esclerótica e é intensamente
pigmentada. Esses pigmentos absorvem a luz que chega à retina,
evitando sua reflexão. Acha-se intensamente vascularizada e tem a
função de nutrir a
retina. Possui uma estrutura muscular de cor variável – a íris, a qual é
dotada de um orifício central cujo diâmetro varia de acordo com a
iluminação do ambiente – a pupila. A coroide une-se na parte anterior do
olho ao corpo ciliar, estrutura formada por musculatura lisa e que
envolve o cristalino, modificando sua forma. Em ambientes mal
iluminados, por ação do sistema nervoso simpático, o diâmetro da
pupila aumenta e permite a entrada de maior quantidade de luz. Em
locais muito claros, a ação do sistema nervoso parassimpático
acarreta diminuição do diâmetro da pupila e da entrada de luz. Esse mecanismo evita o
ofuscamento e
impede que a luz em
excesso lese as
delicadas células
fotossensíveis da
retina

 Túnica interna
nervosa: É a retina,
membrana mais interna
e está debaixo da
coroide. É composta
por várias camadas
celulares, designadas
de acordo com sua
relação ao centro do
globo ocular. A
camada mais interna, denominada camada de células ganglionares, contém os corpos
celulares das células ganglionares, única fonte de sinais de saída da retina, que projeta

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axônios através do nervo óptico. Na retina encontram-se dois tipos de células


fotossensíveis: os cones e os bastonetes. Quando excitados pela energia luminosa,
estimulam as células nervosas adjacentes, gerando um impulso nervoso que se propaga
pelo nervo óptico. A imagem fornecida pelos cones é mais nítida e mais rica em
detalhes. Há três tipos de cones: um que se excita com luz vermelha, outro com luz
verde e o terceiro, com luz azul. São os cones as células capazes de distinguir cores. Os
bastonetes não têm poder de resolução visual tão bom, mas são mais sensíveis à luz que
os cones. Em situações de pouca luminosidade, a visão passa a depender
exclusivamente dos bastonetes. É a chamada visão noturna ou visão de penumbra. Nos
bastonetes existe uma substância sensível à luz – a rodopsina – produzida a partir
da vitamina A. A deficiência alimentar dessa vitamina leva à cegueira noturna e
à xeroftalmia (provoca ressecamento da córnea, que fica opaca e espessa, podendo levar
à cegueira irreversível). Há duas regiões especiais na retina: a fóvea
central (ou fóvea ou mancha amarela) e o ponto cego. A fóvea está no eixo óptico do
olho, em que se projeta a imagem do objeto focalizado, e a imagem que nela se forma
tem grande nitidez. É a região da retina mais altamente especializada para a visão de
alta resolução. A fóvea contém apenas cones e permite que a luz atinja os
fotorreceptores sem passar pelas demais camadas da retina, maximizando a acuidade
visual. Os cones são encontrados principalmente na retina central, em um raio de 10
graus a partir da fóvea. Os bastonetes, ausentes na fóvea, são encontrados
principalmente na retina periférica, porém transmitem informação diretamente para as
células ganglionares. No fundo do olho está o ponto cego, insensível a luz. No ponto
cego não há cones nem bastonetes. Do ponto cego, emergem o nervo óptico e os vasos
sanguíneos da retina.
Os meios transparentes são:
 Córnea: Porção transparente da túnica externa (esclerótica), é circular no seu contorno
e de espessura uniforme. Sua superfície é lubrificada pela lágrima, secretada pelas
glândulas lacrimais e drenada para a cavidade nasal através de um orifício existente no
canto interno do olho.

 Humor aquoso: fluido aquoso que se situa entre a córnea e o cristalino, preenchendo
a câmara anterior do olho.
 Cristalino: lente biconvexa coberta por uma membrana transparente. Situa-se atrás da
pupila e orienta a passagem da luz até a retina. Também divide o interior do olho em
dois compartimentos contendo fluidos ligeiramente diferentes: (1) a câmara anterior,
preenchida pelo humor aquoso e (2) a câmara posterior, preenchida pelo humor vítreo.

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Pode ficar mais delgado ou mais espesso, porque é preso ao músculo ciliar, que pode
torná-lo mais delgado ou mais curvo. Essas mudanças de forma ocorrem para desviar
os raios luminosos na direção da mancha amarela. O cristalino fica mais espesso para
a visão de objetos próximos e, mais delgado para a visão de objetos mais distantes,
permitindo que nossos olhos ajustem o foco para diferentes distâncias visuais. A essa
propriedade do cristalino dá-se o nome de acomodação ou acuidade visual. Com o
envelhecimento, o cristalino pode perder a transparência normal, tornando-se opaco,
ao que chamamos catarata.
 Humor vítreo: fluido mais viscoso e gelatinoso que se situa entre o cristalino e a
retina, preenchendo a câmara posterior do olho. Sua pressão mantém o globo ocular
esférico.
Como já mencionado anteriormente, o globo ocular apresenta, ainda, anexos: as pálpebras,
os cílios, as sobrancelhas ou supercílios, as glândulas lacrimais e os músculos oculares. As
pálpebras são duas dobras de pele revestidas internamente por uma membrana chamada conjuntiva.
Servem para proteger os olhos e espalhar sobre eles o líquido que conhecemos como lágrima. Os
cílios impedem a entrada de poeira e de excesso de luz nos olhos, e as sobrancelhas impedem que o
suor da testa entre neles. As glândulas lacrimais produzem lágrimas continuamente. Esse líquido,
espalhado pelos movimentos das pálpebras, lava e lubrifica o olho. Quando choramos, o excesso de
líquido desce pelo canal lacrimal e é despejado nas fossas nasais, em direção ao exterior do nariz.

3.13.2. Audição
Torna-se possível através da orelha, órgão par
que é composto de três partes: externa, média e
interna. A função da orelha é perceber os sons e
tem, como função secundária, o equilíbrio.

Orelha Externa: É formada pelo pavilhão


auditivo (antigamente denominado orelha) e
pelo canal auditivo externo ou meato auditivo. Todo
o pavilhão auditivo (exceto o lobo ou lóbulo) é
constituído por tecido cartilaginoso recoberto por
pele, tendo como função captar e canalizar os sons
para a orelha média. O canal auditivo externo
estabelece a comunicação entre a orelha média e o
meio externo, tem cerca de três centímetros de
comprimento e está escavado em nosso osso
temporal. É revestido internamente por pelos e

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glândulas, que fabricam uma substância gordurosa e amarelada, denominada cerume ou cera. Tanto
os pelos como o cerume retêm poeira e micróbios que normalmente existem no ar e eventualmente
entram nos ouvidos. O canal auditivo externo termina numa delicada membrana -
tímpano ou membrana timpânica - firmemente fixada ao conduto auditivo externo por um anel de
tecido fibroso, chamado anel timpânico.

Orelha Média: Começa na membrana timpânica e consiste, em sua totalidade, de um espaço aéreo –
a cavidade timpânica – no osso temporal. Dentro dela
estão três ossículos articulados entre si, cujos nomes
descrevem sua forma: martelo, bigorna e estribo. Esses
ossículos encontram-se suspensos na orelha média,
através de ligamentos. O cabo do martelo está encostado
no tímpano; o estribo apoia-se na janela oval, um dos
orifícios dotados de membrana da orelha interna que
estabelecem comunicação com a orelha média. O outro
orifício é a janela redonda. A orelha média comunica-se
também com a faringe, através de um canal
denominado tuba auditiva (antigamente denominada
trompa de Eustáquio). Esse canal permite que o ar
penetre no ouvido médio. Dessa forma, de um lado e de
outro do tímpano, a pressão do ar atmosférico é igual.
Quando essas pressões ficam diferentes, não ouvimos
bem, até que o equilíbrio seja reestabelecido.
Orelha Interna: A orelha interna, chamada labirinto, é
formada por escavações no osso temporal, revestidas por
membrana e preenchidas por líquido. Limita-se com a orelha média pelas janelas oval e a redonda.
O labirinto apresenta uma parte anterior, a cóclea ou caracol, relacionada com a audição, e
uma parte posterior, relacionada com o equilíbrio e constituída pelo vestíbulo e pelos canais
semicirculares. A cóclea é um aparelho membranoso formado por tubos espiralados.

O labirinto posterior (ou vestibular) é constituído pelos canais semicirculares e pelo vestíbulo. Na
parte posterior do vestíbulo estão as cinco aberturas dos canais semicirculares, e na parte anterior, a
abertura para o canal coclear. Os canais semicirculares não têm função auditiva, mas são
importantes na manutenção do equilíbrio do corpo. São pequenos tubos circulares (três tubos em
forma de semicírculo) que contém líquido e estão colocados, respectivamente, em três planos
espaciais (um horizontal e dois verticais) no labirinto posterior, em cada lado da cabeça.

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3.13.3. Paladar

Os receptores do paladar encontram-se na língua, localizada no interior da boca. A língua é


um órgão formado por diversos músculos, presa na parte posterior, junto a faringe, e solta na frente.
É de formato cônico e dotada de grande mobilidade. Além de captar as impressões de sabor também
atua na articulação das palavras, na salivação, na mastigação e deglutição. Sua superfície superior é
áspera apresentando pequenas elevações denominadas papilas linguais. No interior dessas papilas
encontram-se células especiais que recebem terminações nervosas e tem a responsabilidade de
perceber os sabores.

Os sentidos gustativo e
olfativo são chamados sentidos
químicos, porque seus
receptores são excitados por
estimulantes químicos. Os
receptores gustativos são
excitados por substâncias
químicas existentes nos
alimentos, enquanto que os
receptores olfativos são
excitados por substâncias
químicas do ar. Esses sentidos
trabalham conjuntamente na
percepção dos sabores. O centro
do olfato e do gosto no cérebro
combina a informação sensorial
da língua e do nariz.
Entre as células
gustativas de uma papila uma
rede com duas ou três fibras
nervosas gustativas, as quais
são estimuladas pelas próprias
células gustativas. Para que se possa sentir o gosto de uma substância, ela deve primeiramente ser
dissolvida no líquido bucal e difundida através do poro gustativo em torno das microvilosidades.
Portanto substâncias altamente solúveis e difusíveis, como sais
ou outros compostos que têm moléculas pequenas, geralmente
fornecem graus gustativos mais altos do que substâncias pouco
solúveis difusíveis, como proteínas e outras que possuam
moléculas maiores.

Durante algum tempo, acreditou-se que existiam quatro


tipos inteiramente diferentes de papila gustativa, cada qual
detectando uma das sensações gustativas primárias em particular.
Sabe-se agora que todas as papilas gustativas possuem alguns
graus de sensibilidade para cada uma das sensações gustativas
primárias. Entretanto, cada papila normalmente tem maior grau
de sensibilidade para uma ou duas das sensações gustativas. O
cérebro detecta o tipo de gosto pela relação (razão) de
estimulação entre as diferentes papilas gustativas. Isto é, se uma

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papila que detecta principalmente salinidade é estimulada com maior intensidade que as papilas que
respondem mais a outros gostos, o cérebro interpreta a sensação como de salinidade, embora outras
papilas tenham sido estimuladas, em menor extensão, ao mesmo tempo.
Amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D). De sua combinação resultam
centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na superfície
da língua, não é homogênea.
Regulação da Dieta pelas Sensações Gustativas: As sensações gustativas obviamente auxiliam na
regulação da dieta. Por exemplo, o sabor doce é normalmente agradável, o que faz com que um
animal procure preferentemente alimentos doces. Por outro lado, o gosto amargo é geralmente
desagradável, fazendo com que os alimentos amargos, que geralmente são venenosos, sejam
rejeitados. O gosto ácido é muitas vezes desagradável, o mesmo ocorrendo com o sabor salgado. O
prazer sentido com os diferentes tipos de gosto é determinado normalmente pelo estado de nutrição
momentâneo do organismo. Se uma pessoa está há muito sem ingerir sal, por motivos ainda não
conhecidos, a sensação salgada torna-se extremamente agradável. Caso a pessoa tenha ingerido sal
em excesso, o sabor salgado ser-lhe-á bastante desagradável. O mesmo acontece com o gosto ácido
e, em menor extensão, com o sabor doce. Dessa forma, a qualidade da dieta é automaticamente
modificada de acordo com as necessidades do organismo. Isto é, a carência de um determinado tipo
de nutriente geralmente intensifica uma ou mais sensações gustativas e faz com que a pessoa
procure alimentos que possuam o gosto característico do alimento de que carece.
Importância do Olfato no Paladar: Muito do que chamamos gosto é, na verdade, olfato, pois os
alimentos, ao penetrarem na boca, liberam odores que se espalham pelo nariz. Normalmente, a
pessoa que está resfriada afirma não sentir gosto, mas, ao testar suas quatro sensações gustativas
primárias, verifica-se que estão normais. As sensações olfativas funcionam ao lado das sensações
gustativas, auxiliando no controle do apetite e da quantidade de alimentos que são ingeridos.

3.13.4. Olfato
O olfato humano é pouco desenvolvido se comparado ao de outros mamíferos. O epitélio
olfativo humano contém cerca de 20 milhões de células sensoriais, cada qual com seis pelos
sensoriais (um cachorro tem
mais de 100 milhões de
células sensoriais, cada qual
com pelo menos 100 pelos
sensoriais). Os receptores
olfativos são neurônios
genuínos, com receptores
próprios que penetram no
sistema nervoso central.
A cavidade nasal,
que começa a partir das
janelas do nariz, está
situada em cima da boca e
debaixo da caixa craniana.
Contém os órgãos do
sentido do olfato, e é
forrada por um epitélio
secretor de muco. Ao
circular pela cavidade nasal,
o ar se purifica, umedece e

MÓDULO I – CAP. 2 – ANATOMIA E FISIOLOGIA APLICADAS


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esquenta. O órgão olfativo é a mucosa que forra a parte superior das fossas nasais -
chamada mucosa olfativa ou amarela, para distingui-la da vermelha - que cobre a parte inferior.
A mucosa vermelha é dessa cor por ser muito rica em vasos sanguíneos, e contém glândulas
que secretam muco, que mantém úmida a região. Se os capilares se dilatam e o muco é secretado
em excesso, o nariz fica obstruído, sintoma característico do resfriado.
A mucosa amarela é muito rica em terminações nervosas do nervo olfativo. Os dendritos das
células olfativas possuem prolongamentos sensíveis (pelos olfativos), que ficam mergulhados na
camada de muco que recobre as cavidades nasais. Os produtos voláteis ou de gases perfumados ou
ainda de substâncias lipossolúveis que se desprendem das diversas substâncias, ao serem inspirados,
entram nas fossas nasais e se dissolvem no muco que impregna a mucosa amarela, atingindo os
prolongamentos sensoriais.
Se aceita a hipótese de que existem alguns tipos básicos de células do olfato, cada uma com
receptores para um tipo de odor. Os milhares de tipos diferentes de cheiros que uma pessoa
consegue distinguir resultariam da integração de impulsos gerados por uns cinquenta estímulos
básicos, no máximo. A integração desses estímulos seria feita numa região localizada em áreas
laterais do córtex cerebral, que constituem o centro olfativo.
A mucosa olfativa é tão sensível que poucas moléculas são suficientes para estimulá-la,
produzindo a sensação de odor. A sensação será tanto mais intensa quanto maior for a quantidade
de receptores estimulados, o que depende da concentração da substância odorífera no ar.
O olfato tem importante papel na distinção dos alimentos. Enquanto mastigamos, sentimos
simultaneamente o paladar e o cheiro. Do ponto de vista adaptativo, o olfato tem uma nítida
vantagem em relação ao paladar: não necessita do contato direto com o objeto percebido para que
haja a excitação, conferindo maior segurança e menor exposição a estímulos lesivos.
O olfato, como a visão, possui uma enorme capacidade adaptativa. No início da exposição a
um odor muito forte, a sensação olfativa pode ser bastante forte também, mas, após um minuto,
aproximadamente, o odor será quase imperceptível.
Porém, ao contrário da visão, capaz de perceber um grande número de cores ao mesmo
tempo, o sistema olfativo detecta a sensação de um único odor de cada vez. Contudo, um odor
percebido pode ser a combinação de vários outros diferentes. Se tanto um odor pútrido quanto um
aroma doce estão presentes no ar, o dominante será aquele que for mais intenso, ou, se ambos forem
da mesma intensidade, a sensação olfativa será entre doce e pútrida.

3.13.5. Tato

Localiza-se na pele, nas camadas chamadas epiderme e derme. Nela encontramos diferentes
tipos de terminações nervosas que recebem as impressões não só do tato, mas também dor, calor,
frio e pressão.
Uma vez que toda a
superfície cutânea é provida de
terminações nervosas capazes de
captar estímulos térmicos,
mecânicos ou dolorosos, a pele
também é o maior órgão sensorial
que possuímos, sendo
suficientemente sensível para
discriminar um ponto em relevo
com apenas 0,006 mm de altura e
0,04 mm de largura quando
tateado com a ponta do dedo.

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Essas terminações nervosas ou receptores cutâneos são especializados na recepção de estímulos


específicos. Não obstante, alguns podem captar estímulos de natureza distinta. Cada receptor tem
um axônio e, com exceção das terminações nervosas livres, todos eles estão associados a tecidos
não neurais.
Nas regiões da pele providas de pelo, existem terminações nervosas específicas nos folículos
capilares e outras chamadas terminais ou receptores de Ruffini. As primeiras, formadas por axônios
que envolvem o folículo piloso, captam as forças mecânicas aplicadas contra o pelo. Os terminais
de Ruffini, com sua forma ramificada, são receptores térmicos de calor. Na pele desprovida de pelo
e também na que está coberta por ele, encontram-se ainda três tipos de receptores comuns:
 Corpúsculos de Paccini: captam especialmente estímulos vibráteis e táteis. São formados
por uma fibra nervosa cuja porção terminal é envolta por várias camadas que correspondem
a diversas células de sustentação. A camada terminal é capaz de captar a aplicação de
pressão, que é transmitida para as outras camadas e enviada aos centros nervosos
correspondentes.
 Corpúsculos de Meissner: táteis, estão nas saliências da pele sem pelos (como nas partes
mais altas das impressões digitais). São formados por um axônio mielínico, cujas
ramificações terminais se entrelaçam com células acessórias.
 Discos de Merkel: de sensibilidade tátil e de pressão. Estes discos estão englobados em
uma célula especializada, cuja superfície distal se fixa às células epidérmicas por um
prolongamento de seu protoplasma. Assim, os movimentos de pressão e tração sobre
epiderme desencadeiam o estímulo.
 Terminações nervosas livres: sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e especialmente
aos dolorosos.
 Bulbos terminais de Krause: receptores térmicos de frio. Situam-se nas regiões limítrofes
da pele com as membranas mucosas (por exemplo: ao redor dos lábios e dos genitais).

Receptores de Superfície Sensação Percebida


Receptores de Krause Frio
Receptores de Ruffini Calor
Discos de Merkel Tato e Pressão
Receptores de Paccini Pressão
Receptores de Meissner Tato
Terminações Nervosas Livres Principalmente dor

Modalidade de Estímulo Tipo de Receptor Receptor Sensorial


Estímulo
Tato Pressão Mecanoreceptor Corpúsculo de Merkel
Paccini e Meissner.
Temperatura Quantidade de Calor Termoreceptor Receptores de Krause
(frio) e de Ruffini (calor)
Dor Estímulos intensos e Nociceptor Terminações nervosas
substâncias químicas livres

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REFERÊNCIAS

BARROS, C. PAULINO, W. R. O Corpo Humano. Ática. São Paulo, 2000.

BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências – Desvendando o Sistema


Nervoso. 2ª Ed. Artmed. Porto Alegre, 2002.

CRESPO, X.; CURELL, N.; CURELL, J. Atlas de Anatomia e Saúde. Bolsa Nacional do Livro.
Curitiba, 2004.

GOWDAK, D.; GOWDAK, L. H. Atlas de Anatomia Humana. FTD. São Paulo, 2001.

GUYTON, A. C. Tratado de Fisiologia Médica. 9ª Ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2001.

SOBOTTA, Atlas de Anatomia Humana. Vol. 1. Cabeça, Tórax e Extremidade Superior. 21ª Ed.
Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2000.

SOBOTTA, Atlas de Anatomia Humana. Vol. 2. Tronco, Vísceras e Extremidade Inferior. 21ª
Ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2000.

MÓDULO I – CAP. 2 – ANATOMIA E FISIOLOGIA APLICADAS


ESCOLA TÉCNICA DE ENFERMAGEM “RAIMUNDA NONATA” 131

ANOTAÇÕES

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