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INFLUÊNCIA DA MUDANÇA
ORGANIZACIONAL NA PERCEPÇÃO DOS
PAPÉIS DESEMPENHADOS NO TRABALHO:
O CASO DO ARSENAL DE MARINHA DO RIO
DE JANEIRO
TÍTULO
E
APROV ADO EM fl /~ /jO~5
PELA COMISSÃO EXAMINADORA
L~F
MARCELO :l:ANO FALCÃO VIEIRA
PH.D EM ADMINISTRAÇÃO
PH.D EM ADMINISTRAÇÃO
II
Agradecimentos
Gostaria de agradecer à DEUS que se fez presente no amor das pessoas que me cercam.
Em especial à meus pais que nunca fizeram qualquer restrição em me apoiar; à minha esposa, que
companheira e amiga, sempre esteve ao meu lado em todos os momentos, aos meus sogros e à
meus innãos que de forma atenciosa sempre me apoiaram e demonstraram seu orgulho pelo meu
esforço. Aos meus amigos, que apesar da distância que as circunstâncias de nossas vidas nos
relegou, estiveram, em pensamento, me apoiando na minha empreitada por um caminho de
desafios.
Agradeço também às seguintes pessoas e instituições, sem as quais dificilmente a presente
pesquisa tornar-se-ia realidade:
• Aos professores e funcionários da EBAPE/FGV, especialmente ao Professor Ph.D.
Marcelo Milano Falcão Vieira, que, apesar da sobrecarga de trabalho, prestou o apoio
e a orientação finne e segura à consecução desta tarefa;
• À Professora Dra. Deborah Moraes Zouain, pela coordenação e apoio sempre seguros
dados ao curso de Mestrado em Gestão Empresarial;
• Aos Professores Ph.D. Charles R. Lyndaker (Unicamp) e Jean M. Bartunek (Boston
College), pelo interesse e apoio dados ao meu trabalho;
• À EBAPE/FGV, pelos meios e recursos acadêmicos colocados à minha disposição
durante a realização do curso;
• Aos servidores do AMRJ, que com abnegação, fazem, apesar das adversidades, reluzir
o nome dessa instituição de mais de duzentos anos;
• Ao AMRJ, órgão da Marinha do Brasil, palco desta pesquisa e local de constantes
desafios; e
Finalmente, agradeço, aos meus colegas de curso e de trabalho e, a todos aqueles que,
direta ou indiretamente, contribuíram para o resultado deste projeto, que apesar de não serem
nominalmente citados, têm meu agradecimento e ficarão perenemente nas minhas melhores
lembranças.
IV
RESUMO
ABSTRACT
This research intends to analyze the influence of organizational change which occurred in
the Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) about the perception in relation of the roles
played by their employees of the tactical and operational leveI in concern with their believes and
values upon their jobs. This research constitutes a case study and took place in field research in a
qualitative way and therefore the data was carefully analyzed in a descriptive-interpretative
mode. Primary data \Vere collected from analysis on documents such as reports, norms,
publications and internaI rules; and the secondary data carne from the semi structured interviews
and enabled an analytical and categorical checking. The samples for the interviews were selected
from populations, inside the AMRJ, that were similar to populations of private industries and
each person of the population having similar functions to other industries or enterprises in order
to be representative for the research. The collected data concluded that the AMRJ is still in a
process of changing and that the job became more fulfilling to the tactical leveI, having a
challenging and a professional growth perspective, as for the operational leveI it did not mean
fulfillment, but frustrating despite their good feelings towards the institution. There is also the
conclusion that the change is necessary despite their challenges and if influences the employee's
perception, but it may become negative if there isn't a fair distribution of its benefits among all
leveIs of the institution.
Key Words: Organizational Change, Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, Perception, Roles,
Tactical LeveI, Operational LeveI, Values, believes and interests.
VI
SIGLAS UTILIZADAS:
CM - Comando da Marinha
MB -- Marinha do Brasil
MD - Ministério da Defesa
OM - Organização Militar
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 FOTO ÁÉREA 1 DO AMRJ ..... .... ..... .... ..... ... ....... ....... ..... ... ... ... ............ P. 02
FIGURA 2 FOTO ÁÉREA 2 DO AMRJ .................................................................. P. 02
FIGURA 3 FOTO ÁÉREA 3 DO AMRJ .................................................................. P.03
FIGURA 4 FOTO DO DIQUE PARA DOCAGEM DE SUBMARINOS ............... P. 03
FIGURA 5 FOTO DO HANGAR DE CONSTRUÇÃO DE SUBMARINOS ......... P. 03
FIGURA 6 FOTO DA DOCAGEM PARA REPARO DE EMERGÊNCIA DE
UMA FRAGATA .................................................................................. P.04
FIGURA 7 FOTO DA ESCOLA TÉCNICA DO ARSENAL DE MARINHA ....... P. 05
FIGURA 8 MACROORGANOGRAMA DO AMRJ ............................................... P. 06
FIGURA 9 RELAÇÃO ENTRE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E
CONJUNTO DE VALORES E CRENÇAS ........................................... P. 07
FIGURA 10 DIMENSÕES DA DUALIDADE DA ESTRUTURA ........................... P. 31
VIII
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ .
2.1. MUDANÇA ORGANIZACIONAL .. .... ..... ... ............... ....... ... ... ........... .... ... ..... ... ... .... ....... 12
3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 37
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES....................................................................... 77
ANEXOS ............................................................................................................................ 90
1. Introdução
com os valores nele inseridos. E as organizações, como parte do ambiente onde as pessoas
Motta (1999) afirma que a rápida evolução tecnológica e administrativa leva à busca
dias seja de forma sutil ou explícita. Em decorrência, surgem novos modelos de organização
permanecerem no processo evolutivo que se dá e que cada vez mais se toma preponderante no
mundo competitivo.
empresas da iniciativa privada, aquelas que têm como objetivo principal gerar lucros. Ele
atinge também as empresas ou organizações públicas, pois o emprego adequado dos recursos
vista disso e das atribuições constitucionais das organizações que compõem o Governo, é
Serviços Industriais (OMPS-I), as quais foram criadas com esta denominação, em 1994 e têm
2
O AMRJ, criado em 1763, atua desde então na área industrial como estaleiro naval
(Figuras 1, 2, 3, 4, e 5). Ao longo destes quase 240 anos, é um marco para a história da baía
Administração Direta, o que o obriga a cumprir exigências legais, tais como o disposto na Lei
nO 8.666/93 (lei das licitações e contratos), a prestar contas ao Tribunal de Contas da União
(TCU), a realizar concurso público para preenchimento do seu quadro de pessoal, permanente,
a ter seus funcionários públicos regidos pela Lei nO 8.112/90 (dispõe sobre o regime jurídico
dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais),
entre outras. Por pertencer ao Comando da Marinha, possui atributos de natureza militar,
.(
5.000 entre servidores públicos regidos pelo Regime Jurídico Único (RJU), empregados
projetos que variam de pequenos reparos emergenciais (Figura 6) realizados em poucas horas
até grandes reparos estruturais que podem consumir anos em sua execução, além de contar
com projetos de construção que podem, igualmente, consumir anos para sua realização.
legal, produzindo faturamento, contando com receita e recursos próprios, atuando nos níveis
nacional e internacional em áreas onde a iniciativa privada não alcança. É o estaleiro mais
antigo da América Latina, superando o subseqüente em mais de 100 anos de existência. Além
de mais antigo, também é o que possui o melhor parque industrial e a melhor capacitação de
Sul que possui qualificação e capacitação tecnológica para projetar e construir submarinos de
O AMRJ possui um centro de capacitação técnica próprio, mas que também atende à
sociedade, que é a Escola Técnica do Arsenal de Marinha (ET AM - Figura 7), cuja existência
5
remonta à década de 20, que opera sob supervisão do MEC. Possui, hoje, um convênio que
versa sobre sua reestruturação fisica e conceitual e visa atender à nova demanda na área de
construção e reparo naval do Estado do Rio de Janeiro dentro da área de ensino técnico.
'.
-
Figura 7: Foto da Escola Técnica do Arsenal de Marinha
Está se preparando para assinar um contrato de autonomia de gestão nos moldes da Lei
nO 9.274/98, e está relacionado no Decreto nO 3.011199 como uma das treze organizações do
Comando da Marinha que devem passar a operar seguindo esse modelo. O modelo de contrato
de autonomia de gestão é decorrente de um projeto de lei preparado pela MB, que a torna
pioneira no setor público na adoção desse modelo, que foi possível a partir da sua
regulamentação.
6
podemos visualizar na Figura 8 o macro organograma que evidencia o caráter matricial desta
estrutura:
DIRETOR
AMRJ-01
VICE-DIRETOR
I I
I AMRJ-02
SERVIÇO DE
//1/ I \
"í~~\ I COORDENADORIAS
GABINETE SECRETARIA E
COMUN lCAçOEs //1/ I I \
AMRJ-04
// I I I \ AMRJ-(l21 !lO AMRJ.<l29
AMRJ-OJ / / I \
/ I I \
/ / I \
/
1 I /
/
I
I
I
/ \
\
ASSESSORIA CONSELHOS DO / I
ARSENAL / I I \
DE ORDENAÇAO
DE DESPESAS (CONSE~ CONSAD,
CONOOAi.)
C'"' /
/
/
I
/
I
I \
/ I / \
AMRJ-05 AMRJ-06 / I \
/ I
/ I I \
/ I \
I
I I /
/
I
I
/ \
ASSESSORIA DE I I \
COMUNICAÇAo ASSESSORIA DA /"" I I
QUALIDADE / I I
SOCIAL .I' .I'
/ I I
AMRJ-07 AMRJ-08 .I' I I
/
/ I I
(/ I I
/
I
/r 1/ I I
/ I I
/
/
I
/ I I
/
/ I I
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/
/ I
I I \
/ I I
/ I I \
~
/ I
/
/
,I / \
\
\
I .'J
I /' / I (
I
SUPERINTEND~CIA
SUPERINTEND~NCIA SUPERINTEND~CIA SUPERINTEND~CIA SUPERINTEND~CIA
DE
FINANCEIRA INDUSTRIAL DE ADMINISTRAÇÃO DEOBTENÇÂO
RECURSOS HUM~OS
AMRJ..10 AMRJ-20 AMRJ-30 AMRJ-40 AMRJ-50
,,
,,, ,
GER~CJAS DE
--0."_- -._-_.', -----------_.-- .. _ ... -------_. --._-_ .. ----_ ... - . l __
"---- --._.- .,----_.". __ ._----- . ._---,-- ,,
PROGRAMAS "
LEGENDA:
A.MR.J-m.02 03... 0(1
- - - - = Coordenaça<! interfunci
especial importância tanto para aqueles incumbidos de suas administrações como para a alta
administração naval. Esta, cônscia da sua responsabilidade de gerenciar uma parcela dos
recursos da União, busca demonstrar que é capaz de apresentar resultados positivos na gestão
desses recursos. Para tanto, utiliza ferramentas de contabilidade da mesma forma que
(OMPS), que passaram a ter que apresentar resultados como as empresas da iniciativa
privada, gerou uma mudança organizacional, onde a estrutura que existia com seu conjunto de
valores e crenças, passou a lidar com novas perspectivas diante das adaptações necessárias
para melhorar o desempenho do pessoal e da produção. Com base na avaliação dos conjuntos
de valores e crenças que existiam e os que passaram a existir com a mudança organizacional
até que ponto a mudança organizacional realizada pela ME irifluenciou a percepção sobres
níveis gerencial (tático) e operativo, no que tange aos valores e crenças sobre o seu
trabalho?
com relação aos valores e crenças sobre o trabalho, conforme a pergunta de pesquisa.
sofrida pelo AMRJ sobre a percepção em relação aos papéis desempenhados pelos seus
servidores, dos níveis gerencial e operacional, no que tange a valores e crenças sobre o seu
trabalho.
identificar valores, crenças e interesses dos servidores pertencentes a cada nível estudado,
identificar e analisar, com base na percepção dos funcionários dos diferentes níveis,
modificações nos ambientes nos quais elas se inserem. Devido à freqüência e à velocidade
com que essas mudanças se procedem, houve um aumento do grau de atenção dado a esses
A administração pública não tem ficado fora dos processos de mudança. As demandas
sociais para que o país proporcione condições de vida dignas, conforme estabelecido na
órgãos nacionais e estrangeiros para seu alinhamento e desenvolvimento econômico. Isso tem
se refletido em medidas que visem ao equilíbrio das contas nacionais, a fim de evitar inflação
forma a atender, bem, aos anseios do Governo e da sociedade, a Marinha do Brasil (MB) tem
buscado harmonizar a gerência das suas OM com técnicas de gestão oriundas de práticas
organizacionais bem sucedidas, como, por exemplo, a Gestão pela Qualidade Tota~ hoje
aplicada na MB, com algumas alterações em relação ao que foi utilizado na década de 1990,
recursos públicos e, também, sempre que possível, diminua despesas e obtenha receitas que
A criação das OMPS é um novo paradigma para a administração pública, pois, além
de haver uma preocupação constante com a racionalização das receitas e das despesas dos
recursos que lhes são atribuídos, permite que a estrutura organizacional seja aproveitada para
prestar serviços extra Marinha e, assim, gerar recursos que tanto podem representar um
dispêndio menor do Governo com a MB, quanto gerar receitas para a União.
um modelo típico de uma organização militar. Lidar com as pessoas que sempre trabalharam
em um modelo mecanicista, com o poder e a autoridade hierárquica muito bem delineados nas
presentes nas organizações privadas, as quais têm o permanente objetivo de gerar lucro e
melhorar desempenhos.
com o AMRJ com os conceitos de mudança organizacional que são discutidos atualmente. E
no que tange aos grupos de pessoas envolvidas, analisar e entender as diferenças de percepção
forma, os resultados apresentados poderão ser úteis numa perspectiva histórica e crítica,
indicando para o AMRJ e para a Marinha, aspectos relacionados à mudança que está
relações das organizações com o seu ambiente externo não traduzem na sua totalidade o que
os processos cognitivos das pessoas que compõem as organizações acerca das mudanças
ocorridas, não caminham na mesma velocidade e, por isso, um entendimento melhor dos
valores e percepções das pessoas com relação ao seu trabalho se torna importante e
interessante.
das mudanças que estas estão sujeitas, abordando-se as características dos modelos
seu contexto interno e as relações de poder envolvidas, com vistas à compreensão destes
temas por meio da descrição das diversas abordagens, sugeridas em diferentes estudos,
Teórica, que procura dar sustentação e referência para este estudo, abordando os seguintes
Percepção de Papéis.
relevantes que envolvem a análise dos dados, e a descrição e a análise dos dados propriamente
dita. Esta realizada sobre os dados coletados ao longo da pesquisa, por meio de entrevistas e
pesquisa documental.
A análise dos dados desta pesqUIsa constitui o capítulo quatro, onde se procura
interpretar os dados coletados com base na fundamentação teórica escolhida para o estudo.
inerentes a um trabalho de pesquisa que busca ser analítico, crítico e um elemento de reflexão
Por fim, o sexto e último capítulo apresenta as referências bibliográficas que serviram
2. Fundamentação Teórica
Para tanto, se faz importante urna extensa base conceitual que venha ajudar o entendimento
dos processos de mudança que ocorrem. As organizações não estão alheias a essa
buscam não só se adaptar rapidamente às mudanças, mas a ser pro ativas, no sentido de
que se caracteriza pelo rápido surgimento de novas tecnologias e produtos, a tendência das
redefinidos.
estrutura formal da empresa, com forte orientação mecanicista, onde o importante era
mudanças nas pessoas e suas relações que se refletiam nos seus comportamentos e nos
relevância. Ainda como evolução das técnicas de mudança, veio à tona a mentalidade da
absorvidos por esse avanço conceitual. Surgiram, em decorrência da evolução das técnicas de
Mas a cultura organizacional ganha seu espaço, que surge no ambiente gerencial como
Motta (1999) ressalta que as ciências sociais, entre elas a administração, ainda
convivem com questionamentos sobres suas bases filosóficas. A ciência administrativa, com
além de diferentes, por vezes são conflitantes e sofrem influência de dilemas e paradoxos de
realidade, a mudança como uma intenção social e a mudança como transformação individual
(Motta, 1999).
14
organizacional, a qual não têm existência por si só e tem seus objetivos permeados pelas
metas dos seus participantes. Neste paradigma, o indivíduo e seus pensamentos são o objeto
de análise, buscando-se conhecer como as pessoas conciliam os seus interesses e valores. Há,
então, uma valorização dos métodos didático e dialético para a condução da mudança,
modificação em seus contextos e, por isso, muitas teorias apoiadas neste paradigma valorizam
as mudanças de valores iniciadas pelas pessoas que detêm mais poder dentro da organização.
pelo ambiente no qual se inserem a organização e seus membros. A organização é vista como
uma entidade autônoma e tangível que interage com o ambiente, a fim de buscar o equihbrio
fatos da realidade sobre as idéias. Desta forma, é uma abordagem sistêmica, que valoriza a
criar uma nova realidade organizacional e considera o indivíduo e sua interpretação subjetiva
da realidade objetiva, que constrói seus próprios valores que, compartilhados socialmente,
teorias construídas sobre este paradigma são as teorias de ação social, que valorizam a
A mudança como uma intenção social é vista como um processo consciente de alterar
relações sociais. Sob esta consideração, a interação das pessoas é que cria a organização, e
criar uma nova visão de si próprio. A mudança se passa no mundo introspectivo por meio da
Muitos autores dizem que as situações que são capazes de provocar mudanças
organizacionais podem ter origem tanto na própria organização quanto no ambiente (Wood
Jr., 1995), e podem ser decorrentes de restrição de recursos, introdução de novas técnicas,
tema mudança como uma importante disciplina de sua área de estudo. Para se entender a
mudança é importante localizá-la em um âmbito maior, que envolve seu significado, teoria e
evidências empíricas. O autor chama a atenção para o fato de que a mudança é um conceito
relativo, ou seja, quando se fala em mudança organizacional, o que se almeja dizer é o grau de
estabilidade. Para ele, todo fenômeno é passível de mudança, apesar de sua aparente
estabilidade intrinseca.
ocorrência. Wilson (1992) argumenta que a mudança pode acontecer tanto de forma planejada
16
quais forças de contenção e dirigentes poderão ser deslocados para facilitar o processo de
seja, enquanto o poder organizacional logra exercer influência na mudança, o mais importante
Bartunek (1984, 1987, 1988) aborda o que chama de mudanças de primeira ordem e de
argumentam que este é relacionado com as mudanças na organização quanto aos aspectos
interpretam eventos influencia tanto suas reações quanto a rotina organizacional. Não
obstante, pesquisadores têm dado pouca atenção ao fato de como as intervenções, para a
interesses que, muitas vezes, orientado por relações de poder, está presente no
fazendo-as merecedoras de urna análise pormenorizada e específica das relações de poder que
no grupo, de urna forma mais generalizada, elementos ligados a estes. Isto sob a consideração
de que os interesses são mais individuais de que os valores compartilhados (Beatriz, 1998).
Morgan (1996) interesse é dito como: "[ ... ] um conjunto complexo de predisposições
que envolvem objetivos, valores, desejos, expectativas e outras orientações e inclinações que
~vam a pessoa a agir em urna e não em outra direção" (p.lS3). Para este autor, a resultante da
ação política está diretamente relacionada com o posicionamento pessoal no que diz respeito à
implícitos que são resolvidos ou perenizados por meio de diversos jogos de poder. Morgan
(1996) diz que o conteúdo político em uma organização torna-se mais saliente quando se
reconhece a existência de vários grupos de interesses. O jogo político que se origina torna-se
Sob esta ótica, as articulações em tomo de interesses comuns por parte dos membros
mudança que se apresenta quando indivíduos e grupos formam coalizões voltadas ao alcance
Hinings e Greenwood (1988) dizem que os grupos são receptivos a algumas idéias em
detrimento de outras. O que estes grupos valorizam está diretamente associado à sua
interpretação do que seja congruente em termos de seus interesses. Ou seja, "[ ... ] enquanto
aumentar posições de ganho. Assim, a articulação entre valores e interesses torna explícitas as
convergência de interesses e valores dos seus integrantes (Beatriz, 1998). Assim, se está
valores (Enz, 1988) e interesses articulados, e do grau de importância que lhe é atribuído
pelos indivíduos e pelos grupos. Desta forma, o processo de mudança pode vir a reforçar os
os interesses que venha favorecer uma reação positiva dos indivíduos e grupos.
O AMRJ como uma instituição secular, que integra a MB, compartilha, desta forma,
de tradições e de valores, igualmente antigos, que são passados pelos seus membros de forma
de interesses particularizados..
19
A mudança conceitual na gerência dos serviços prestados pelo AMRJ faz parte do
Aparelho do Estado, que busca obter uma administração pública "gerencial" em todos os
órgãos do Governo Federal (PDRAE, 1995), cujo extrato consta do Anexo "C". Trata-se de
uma mudança planejada, mas é resultante de um imperativo ambiental, cujo contexto país!
distribuições, em diversos sentidos, das pessoas entre posições sociais que influenciam as
representar o palco onde se dão as relações de poder, as tomadas de decisão e a execução das
atividades organizacionais..
formais da estrutura foi influenciado pelos estudos de Weber sobre a burocracia e que o
estrutura formal que pode apresentar apenas relacionamentos superficiais do dia-a-dia, para
que se possa ter um entendimento mais profundo das estruturas organizacionais. O conceito
organizacionais se relacionam com seus papéis. Portanto, para Ranson, Hinings e Greenwood,
Bennis (1976) faz uma abordagem mais superficial do modelo burocrático, mas ele o
argumentou que o modelo de burocracia definido por Max Weber desenvolveu-se como uma
subjetividade das avaliações que, no período de formação das organizações do início da era
inteligência, bem como de suas mãos e de seu coração. Desta forma, neste sistema, as funções
são mais institucionalizadas e reforçadas pela tradição jurídica do que pelo "culto da
Da mesma forma, diversas críticas foram feitas por Bennis (1976) à burocracia,
considerando que ela apresenta contradições teóricas, por razões morais e éticas, por
restrições a sua aplicação no campo prático, e por uma fraca definição dos valores envolvidos
na mesma.
personalidades amadurecidas.
(4) Não possui meios adequados para solucionar diferenças e conflitos entre cargos, e, em
(5) A comunicação (e idéias inovadoras) é frustrada, ou desvirtuada, por causa das divisões
hierárquicas..
6) Os recursos humanos da burocracia não são utilizados plenamente por falta de confiança,
Bennis (1976) já tinha uma percepção clara e madura à respeito das tendências
organizacionais hoje vividas. Ele, com base no fato de que as organizações são unidades em
secundárias e paralelas para sobreviverem, tais como: a coordenação, por meio de uma
administração e as metas individuais dos trabalhadores, onde são considerados aspectos como
à realidade instável que impera nos contextos nos quais se inserem. Sejam instabilidades
sindicatos e grupos dentro da própria empresa (Wilson apud Bennis, 1976). É importante,
Frederico o Grande, da Prússia, na segunda metade do século XVIIII. Ele utilizou diversas
inovações no seu exército, muitas delas inspiradas pelas invenções mecânicas da sua época, e
desenvolveu o princípio de que os soldados deveriam temer seus superiores. E, para garantir a
Frederico criou, com sua visão organizacional, uma utilização prática da hierarquia,
com as autoridades e responsabilidades inerentes a cada grau e suas atribuições. A função dos
"executivos", que eram os assessores, gerava o planejamento que seria executado pelo pessoal
Taylor (1979) procurou mostrar que a divisão do trabalho e coordenação nas empresas
foi análoga à encontrada pelos exércitos e que tal organização privilegia a autoridade com o
fim de manter, a qualquer custo, a unidade de comando, ao comentar como as empresas estão
24
as oficinas dos grandes estabelecimentos fabris são organizadas sobre o que podemos chamar
de princípio da hierarquia militar. As ordens do general são transmitidas aos homens pelos
a de Fayol foi com a estruturação da empresa, a visão do diretor. Não é sem razão que sua
comando. Foi ele que disse: "Qual minha conclusão: é que a condição essencial para uma
operação de sucesso do Serviço Público é um bom Alto Comando" (Fayol, 1975, p.130).
É o próprio Fayol (1975, p.90) que diz: "Creio que é perigoso deixar-se expandir a
idéia de que o princípio da unidade de comando não tem importância e pode ser violado
como a máquina rotinÍZa a produção. Como sociólogo, Weber estava interessado nas
poderia ter sobre o lado humano da sociedade. Observou que o enfoque burocrático tinha
potencial para rotinÍZar e mecanizar cada aspecto da vida humana, corroendo o espírito
desta forma, a distinção entre os tomadores de decisão e seus executores era imensa..
25
se interessarem por questionar e desafiar o que estão fazendo. O executor não tinha
acordo com a conjuntura que prevalecia na Teoria Clássica, eram os "homens racionais".
De acordo com March e Simon (1970), o modelo do homem racional impunha três
dadas, que todas as conseqüências associadas a cada uma das alternativas sejam conhecidas e
que o homem racional possua uma completa classificação por ordem de utilidade de todos os
possíveis conjuntos de conseqüências. Ou seja, que a conjuntura esteja bem de acordo com
científica.
vivenciam uma série de conflitos, muitos deles resultantes do processo de tomada de decisões
não é sempre igualmente eficaz e gera diferentes resultados, pois os ambientes das
membros, e, assim, está relacionada às práticas, às interações e à realidade subjetiva que nela
Fonseca, 1993).
alterações de papéis podem ocorrer por meio de mudanças no contexto no qual os papéis
individuais são desempenhados Por exemplo, quanto mais orgânica for a estrutura os
(Bartunek, Franzak, 1988). Isto é compreensível considerando-se que, por meio dos
Bartunek e Franzak (1988) acrescentam que Louis (1980) e Nicholson (1984) sugerem
que mudanças nas expectativas de papéis freqüentemente fazem com que os membros da
desempenham seus papéis, tende a mudar para se adequar à nova situação ou configuração de
estrutura organizacional.
papéis sociais dentro de uma determinada estrutura organizacional, é relevante atentar para o
Geertz (1983) propõe um recorte serniótico para o conceito de cultura de modo a reter
a sua importância continuada. Afirma que este recorte serniótico direciona a observação para
os fluxos dos comportamentos, que devem ser descritos de forma densa, destacando os
comportamentos podem ser lidos como símbolos repletos de significados e caberá a quem os
Para Geertz (1983) o recorte semiótico leva a uma descrição densa, considerando-se os
pressupostos culturais e sociais que envolvem a questão, de forma a se buscar a entender qual
a lógica de uma ação em análise e a estrutura de significados que está tornando possível
sujeito de cultura sobre a qual se vai procurar entender a lógica e a estrutura de significados
como dito por Geertz (1983, pág. 35): "vai auxiliar-nos a ganhar acesso ao mundo conceitual
no qual vivem nossos sujeitos, de forma a podermos, num sentido mais amplo, conversar com
28
eles." No exemplo citado, entender como o grupo que se UnIU informalmente percebe a
organização em que trabalha, os porquês que levam a organização ter aquela estrutura, e
Geertz (1983, pág. 27) escreveu também: "Deve atentar-se para o comportamento, e
com exatidão, pois é através do fluxo do comportamento - ou, mais precisamente, da ação
social- que as formas culturais encontram articulação." Ele defendeu uma análise cultural por
nelas se concentra o maior significado (nelas está a composição das ações simbólicas) dentro
do contexto em análise. Portanto, para Geertz, observa-se cultura nas articulações dos
comportamentos.
quando ele diz que as tentativas de compreensão da conduta humana isolada do contexto no
qual se pronuncia criam situações que não são naturais e que distorcem e adulteram a
equivocadas.
dêem suporte a novas estratégias. É como se os valores fossem suporte para legitimação das
2 _ arquétipo - "archetype" - é o conceito apresentado por Hinings e Greenwood, baseado na relação entre
valores e estrutura, e significa: "uma composição particular de idéias, crenças e valores conectados a estruturas e
sistemas" (Hinings e Greenwood, 1988, p.8).
29
cognição na esfera social, baseada na sociologia, tem sua atenção sobre o modo corno os
arranjos sociais são construídos ao longo do tempo enquanto resultado da relação entre ação -
significados envolvidos no ato e o contexto social em que ele ocorre - e interpretação. Dessa
forma é abordado que as pessoas são responsáveis pela sociedade a que pertencem, mas
subordinadas a um contexto histórico e a condições impostas por esse contexto. A atuação das
pessoas é restringida pelas estruturas sociais, mas a ação e a estrutura configuram-se corno
2001).
Com base na idéia da ação corno os significados envolvidos no ato e o contexto social
em que ele acontece, entende-se ação corno interferências na realidade e, considerando isto
condições da ação, esta obtém significado na interação dos agentes, que a refletem em
estrutura é facilitada pelo significado que a ação adquiriu e pode ser usada estrategicamente,
de acordo com os seus interesses e valores, pelos agentes sociais. Portanto, as estruturas
30
criadas e reproduzidas pela ação dos agentes sociais, com razões e interesses determinados,
Fonseca (2001) aborda então que a estrutura social, resultante ou reproduzida pela
ação, possui uma dupla propriedade: "é tanto o meio como o resultado da ação". Oferece
"regras e recursos para a interação, que somente se tomam significativos mediante a sua
Giddens (1978, 1989 apud Fonseca, 2001) expõe que o processo de estruturação se
acessos a recurso que permitem aos agentes garantir certos resultados (facilidades), e
pelas regras e recursos usados pelos agentes na interação (Fonseca, 2001). "Essa dinâmica
Estrutura significação
A~
I
~r
esquema
(Modalidade) facilidade norma
interpretativo
~~
~r
Interação comunicação I
termo "mapas cognitivos" foi adotado por Tolrnan, nos anos 30 do século passado, decorrente
conceitos utilizados por um indivíduo ou grupo para entender situações ou ambientes (Huff,
1990 apud Fonseca, 2001). Desta forma os mapas cognitivos fornecem uma referência para o
algumas informações e ocultam outras, e permitem mostrar o raciocínio que está por baixo da
ação e da estrutura de pensamentos, tornando possível a comunicação (Fiol e Huff, 1992 apud
Fonseca, 2001).
Fonseca (2001) esclarece que um mapa cognitivo mostra "as crenças de associação,
3 Este estudo não se propõe a desenhar mapas cognitivos dos agentes envolvidos na pesquisa. No entanto, pode-
se aprofundar os conceitos sobre eles em Laroche e Niche (1994).
32
um grupo". Ressalta, também, que os mapas cognitivos podem mostrar algumas concepções
sedimentadas ao longo do tempo, de fazer as coisas. Sem ser uma justaposição de mapas
Getzels e Guba (1957) definem sistema social como um complexo de interações entre
interior desse sistema que tem lugar o processo administrativo. Este processo liga-se à
social.
Há, de um lado a instituição, com seus papéis e expectativas em relação aos objetivos
constituem, pois, as duas dimensões do sistema social: (1) dimensão normativa e (2) dimensão
resultante das organizações. Dizem, também, que uma teoria de estruturação organizacional
para ser convincente deve ser adequada aos níveis analíticos do significado e da causalidade.
proporcionam um valor interpretativo dos significados que atores criam para que possam
compreender seus mundos. Esta análise demonstra como a realidade é vivenciada pelos
atores; estes monitoram reflexivamente suas experiências e as repetem e recriam. Esta análise
dá partida à análise causal que envolverá uma abstração e sistematização mais destacadas dos
eventos de forma a revelar regularidades e conexões que atores organizacionais podem não
perceber. Para se entender a importância das estratégias discricionárias e das interações dos
membros organizacionais é preciso fazer uma análise comparativa das restrições do contexto
de fato constroem seus mundos, querer proporcionar uma explicação causal que vai além de
importante, acima de tudo, perceber a influência dos processos sociais subliminares no arranjo
decorrente da ação dos membros da organização gera respostas diferentes de acordo com as
relacionados com a criação das províncias de significados (Schutz, 1972 apud Ranson,
esquema cognitivo que vem a expressar nossa experiência da realidade, identificando seus
proceder diante de diferentes situações conflitantes na organização e geram modelos que são
aceitos como verdadeiros e incorporam sentimentos de estima sobre o valor relativo das
coisas e sobre "estoques de conhecimento e sistemas de crença que servem como esquema de
referência para minha explicação do mundo" (Schutz e Luckmann, 1973:7 apud Ranson,
De acordo com Brown (1978: 374 apud Ranson, Hinings e Greenwood, 1980), o
entendimento mútuo e compartilhado constitui "o 'acordo' entre membros que permite a
organização, e, como criações intersubjetivas, torna possível aos atores (membros) manter um
senso de estrutura social por meio da geração de respostas apropriadas para o ambiente social
relações rotineiras de trabalho refletem os esquemas interpretativos dos membros, que são
morais de apoio do "serviço público", vocação e códigos de ética são utilizados para validar
interpretativos, como, por exemplo, o desejo de implementar uma nova regra ou obter um
1980).
projeto de pesquisa e que mostram o caminho para responder à questão central da pesquisa.
situação real. Para tanto, o próximo capítulo aborda a fundamentação metodológica que
apoiará a pesquisa.
37
3.Metodologia
fenômeno pesquisado.
analíticas existentes.
seções seguintes, serão tratadas: a especificação do problema (seção 3.1), a definição dos
amostra (seção 3.4), as técnicas de coleta de dados (seção 3.5) e as técnicas de análise de
Perguntas de Pesquisa
pelo AMRJ e a percepção relativa aos papéis desempenhados pelos seus servidores, dos níveis
gerencial e operacional, no que tange valores e crenças sobre o seu trabalho; este estudo será
~ Quais são os valores, crenças e interesses dos servidores pertencentes a cada nível,
~ De que fonna os funcionários dos diferentes níveis tiveram alteradas as suas percepções
- Mudança Organizacional
DC: processo de modificação parcial ou total da estrutura, processos e/ou cultura de uma
apud Beatriz, 1998) e que podem gerar a redefinição de conceitos e papéis dos atores
organograma do AMRJ; e (2) no plano de gestão, onde pode haver mudanças em objetivos,
- Percepção
DC: representa, com base nos mapas cognitivos, a referência que as pessoas têm sobre o que
acontece numa organização (Argyris and Schon, 1978 apud Lõwstedt, 1996) e uma teoria
interpretativo dos significados que atores criam para que possam compreender suas realidades
39
(Ranson, Hinings e Grenwood, 1980), onde se entende que isto se refere à percepção desses
atores.
DO: foi operacionalizada nesta pesquisa por meio da interpretação, em termos de valores e
crenças dos atores organizacionais, relativa ao papel desempenhado por eles no AMRJ.
- Papéis
função, onde ele é o elemento mais importante para a organização, visando entender o
DO: o conceito de "papéis" foi operacionalizado como sendo as dimensões das atribuições e
destinadas aos trabalhadores dentro da organização, com base tanto nas suas percepções como
- Nível Gerencial
DC: situado entre o nível estratégico e o nível operacional das organizações, é responsável
pela articulação interna entre aqueles níveis. Responsável pela escolha e captação dos
DO: nesta pesquisa o nível gerencial é entendido como composto pelos integrantes
- Nível Operacional
De: é o nível composto pelo pessoal técnico e está localizado nas bases da organização. O
pessoal pertencente a este nível lida com os problemas ligados à execução rotineira e eficiente
das tarefas e operações da empresa, e envolve o trabalho básico relacionado com a produção
administrativa, do AMRJ, que ocupam cargos de supervisão e execução das atividades fim da
organização.
- Valores
De: refletem as expectativas dos atores organizacionais quanto ao seu mundo (Ranson,
Hinings e Grenwood, 1980; Bartunek, 1984) e são, assim, padrões ou julgamentos que surgem
DO: preferências manifestadas ou declaradas pelos servidores do AMRJ, nos níveis gerencial
- Crenças
não ser justificada, porque possui fundamento tanto intelectual quanto emocional (Fairchild,
1968 apud Crubellate, 1998). Expressa a idéia de como a realidade de fato é ou foi (Myrdal,
1965 apud Crubellate, 1998). São situadas no nível de pressupostos básicos (Schein, 1991) e
DO: as crenças nesta pesquisa foram operacionalizadas como "verdades" arraigadas no íntimo
- Interesses
Greenwood, 1988).
Salienta-se que as crenças e os valores podem ser por vezes confundidos, pOIS a
dicotomia, entre valores e crenças nem sempre pode ser objetivamente determinada, urna vez
que são variáveis fortemente ligadas entre si, tendo em vista os componentes de subjetividade.
empírica sobre um conjunto atual de acontecimentos em seu contexto de vida real, onde os
limites entre esses acontecimentos e o contexto não estão claramente definidos e sobre o qual
o pesquisador tem pouco ou nenhum controle (Yin, 2001). O estudo de caso desta pesquisa se
descritiva quanto aos fins, tendo em vista que buscou expor características de determinada
segundo Trivmos (1995), é urna das características da pesquisa qualitativa, e está de acordo
com os "pressupostos fenomenológico-qualitativos" (Trivmos, 1995, pág. 122), onde, por não
da realidade que serve de contexto para o estudo, tendo então como ponto de partida o
ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento-chave; é
estudo é o organizacional. A unidade de análise é constituída por grupos, nos níveis gerencial
e operaciona~ do AMRJ.
Produção do AMRJ e as amostras constituídas pelas Gerências de reparos (Anexo "1"), pela
para o nível gerencial, e das divisões do Departamento de Produção (Anexo "N") para o nível
operacional, onde foram selecionados os sujeitos da pesquisa entre servidores que compõem o
amostrais do AMRJ.
Iniciou-se a fase de coleta de dados, por meio de pesquisa documental, que forneceu
os dados secundários, com base na missão do AMRJ e nas normas (apresentadas duas delas
nos Anexos "G" e "H") e regulamentos (Anexo "I") estabelecidos que expressam as
percepções destes papéis, por parte dos servidores, tendo-se como base os dados primários.
para amostra, visando confirmar a avaliação feita sobre suas percepções relativas aos papéis
44
vista que o observador esteve presente em alguns momentos da rotina das gerências e realizou
nível gerencial (tático) e do nível operacional. Com base em Yin (2001) a entrevista é uma
das mais importantes fontes de informação para estudos de caso, já que ela permite uma
alcançados e, em caso negativo, pode reestruturá-Ia para atender ao(s) objetivo(s) da pesquisa
estudado. Esta etapa visou a levantar as percepções dos entrevistados relativas aos papéis
desempenhados no trabalho
Em uma segunda etapa, com base nas percepções e valores inerentes a elas levantadas,
foram realizados ajustes à entrevista, a fim de se obter de forma mais clara os dados
necessários para a avaliação das percepções e dos valores e crenças relacionadas aos papéis
de março de 2003, sendo previamente marcadas junto aos integrantes, com duração média de
nível operacional. Houve a preocupação com não se ser conciso demais nem se prolongar
muito, já que, conforme experiência ressaltada por Trivifíos (1995), entrevistas que se
45
consideravelmente empobrecidas.
os níveis devido ao período que ficou reservado para a pesquisa de campo ter sido o final e o
encerramento do ano e do exercício financeiro quando os serviços têm que ser concluídos e no
início do ano há a dificuldade em virtude de muitas pessoas tirarem férias, já que a demanda
por serviços, no AMRJ, nesse período é baixa (os recursos orçamentários ainda não estão
disponíveis).
anotações que pudessem ser úteis posteriormente. Antes das entrevistas, cada entrevistado foi
obtidos, bem como a garantia de que a identificação do servidor não constaria de qualquer
Este roteiro foi ordenado de forma que coletasse os dados divididos em cinco blocos, que são:
(1) características dos sujeitos, (2) considerações sobre a mudança, (3) considerações sobre
Anexos "D" e "E" (a criação do roteiro para entrevista do nível gerencial se deu a partir deste
46
acréscimo), de forma a se buscar um direcionamento melhor, com uma exposição mais clara
dos entrevistados, com vistas a se delinear suas percepções e destacar os valores e crenças
descritivo-interpretativa. A análise dos dados primários foi realizada por meio da avaliação
do conteúdo das fitas gravadas nas entrevistas e dos documentos oficiais que, de acordo com
Trivmos (1995), é adequado ao estudo das motivações, atitudes, valores, crenças, tendências,
já que pode revelar idéias ou aspectos subjetivos que sejam subliminares a conceitos ou
situações mais concretas. Esta análise se deu com base no referencial teórico escolhido, já que
ele produzido exige uma atitude significativa para compreender não só o que estava explícito,
Ressalta-se, também, que a análise dos dados primários feita pela avaliação de
conteúdo é, de acordo com Bardin (1977, p.31) "[ ... ] um conjunto de técnicas de análise das
Desta forma, após a transcrição literal das entrevistas realizadas com os integrantes
dos grupos estudados, elas foram analisadas no sentido de identificar as percepções das
47
pessoas envolvidas acerca dos seus trabalhos num contexto que sofreu alteração na sua
administração.
Quanto aos dados secundários, foram explorados por meio de análise documental. De
acordo com Richardson (1989, p.182) "[ ... ] a análise documental consiste em uma série de
circunstâncias sociais e econômicas com as quais podem estar relacionados". Yin (2001)
acrescenta, ainda, que, para o estudo de caso, o mais importante na utilização de documentos
correto título ou nomes de organizações que foram mencionados, por exemplo, em uma
corroborar informações de outras fontes; terceiro, inferências podem ser feitas a partir de
documentos, devendo ser tratadas como indícios valiosos para investigações mais profundas,
mais do que para conclusões definitivas. Sendo assim, a análise documental possibilitou a
daquelas propostas no presente estudo. E nesta pesquisa representa uma investigação empírica
sobre um conjunto atual de acontecimentos e seu contexto de vida real, onde os limites entre
eles não são precisamente definidos e o pesquisador não tem controle sobre os mesmos.
organizações da administração pública que pretendem mudar seu enfoque gerencial, não
permite generalizações das conclusões extraídas do estudo. Apesar disso, acredita-se que o
estudo seja útil e devido à peculiaridade das informações coletadas, com a devida cautela, os
resultados podem ser usados para análise de casos semelhantes, tendo em vista que muitas
É possível que as amostras selecionadas para a entrevista não tenham sido as malS
Este utilizou a sua ótica para interpretar a percepção dos entrevistados. Esta percepção,
apoiada na fundamentação teórica e baseada nas definições apresentadas das variáveis, dado o
grau de subjetividade e o contexto que as envolve, restringe sua generalização. Desta forma,
De acordo com Trivifíos (1995) a pesquisa qualitativa, caso deste estudo, tem o
ambiente natural como origem dos dados e o pesquisador como instrumento-chave e o teor do
seu enfoque é dado pela fundamentação teórica na qual esta pesquisa se apóia. Seu caráter
49
descritivo, com base em T rivmos (1995), cujos resultados (descrições) são produtos de uma
Este capítulo apresenta a descrição e a análise dos dados obtidos na presente pesquisa
organização estudada (AMRJ) e os aspectos peculiares e relevantes para a pesquisa sobre uma
OMPS-I.
suas percepções, indicando valores e crenças, relativas ao trabalho, antes e depois da criação
O AMRJ é uma instituição de mais de duzentos anos e com uma grande diversidade de
servidores. Entre eles há civis regidos pelo RJU (Lei 8.112/90 - dispõe sobre o regime jurídico
dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais),
Regimento Interno que entrou em vigor em 2001 em substituição ao Regimento Interno que
desde o Regimento Interno de 1991 e representa a estrutura atual, a qual é adotada para a
51
"C") do Regimento Interno antigo (1950), quando ainda não se pensava na modernização e no
AMRJ entrevistou seu, então, diretor, Contra-Almirante (EN) Paulo Geraldo de Almeida
"P- O AMRJ está preparado para atender às necessidades da MB decorrentes do seu Programa
de Reaparelhamento (PRM)?
R- Basicamente sim, na medida em que o AMRJ, pela qualificação técnica do seu pessoal, pela
sua capacidade gerencial, pela solidez de sua estrutura organizacional, já demonstrou a sua
capacitação em projetos de porte como a construção de Fragatas, a modernização do NAeL
Minas Gerais e o refi! do Submarino Humaitá.
É evidente que projetos inteiramente novos para o Arsenal, como a construção de submarinos,
requerem uma preparação, treinamento e mobilização de recursos especiais que já
demonstramos saber realizar. No caso de haver recursos financeiros para implementação do
PRM em toda sua plenitude, o que é improvável, seria necessária então a participação de
estaleiros particulares, atuando o Arsenal também como pólo irradiador de tecnologia para essas
organizações ....
... P- Quais as dificuldades e de que maneira o AMRJ vai superando-as em face das
permanentes transformações por que é obrigado a passar?
R- As dificuldades econômicas e de pessoal. As de natureza econômica estão sempre presentes,
hoje um pouco mais agravadas pela situação do País, mas estão sendo vencidas na medida da
necessidade, segundo a prioridade que atribuímos aos projetos do Arsenal.
As de pessoal são mais dificeis de vencer, porque requerem reciclagem, remanejamento
(tarefas normalmente desagradáveis de fazer) e principalmente modificação de atitude e
conscientização do pessoal para as modificações de organização, de métodos de trabalho, de
filosofia enfim, que vimos implantando. Essas, mesmo com a boa vontade, moral e confiança na
organização, que os militares e civis do AMRJ vêm demonstrando, requerem algum tempo para
maturação e perfeita compreensão dos objetivos que queremos alcançar .... "
Propósito
Sistemas de Propulsão Naval, Geração de Energia, Estrutura Naval e Controle de Avarias dos
. .
meIOS navaIs.
Principais Tarefas
de superfície e submarinos;
nacionalização dos meios navais e as que objetivam o apoio técnico aos meios em serviço, na
de superfície e submarinos, bem como dos sistemas existentes nos meios navais;
naval relacionadas com os Sistemas de Propulsão Naval, Geração de Energia, Estrutura Naval
necessárias;
53
responsabilidade.
4.2.1 Histórico
existências. A MB, por ocasião da adoção desse sistema, pautou-se no método de apropriação
de custos denominado "Custeio por Absorção", tendo em vista que esse método obedece aos
apresenta as diretrizes que a organização adota para a apuração dos seus custos.
Pode-se observar que a postura adotada pela MB pode vir a ser, em um futuro
próximo, uma alternativa para solução de inúmeros problemas que afetam o serviço público.
55
Para ta~ cabe a cada um dos integrantes desse processo o comprometimento, por intermédio
de uma mudança de cultura e postura, com a meta de redução dos custos e aprimoramento dos
controles.
serviços especiais. Para a execução dessas atividades e controle de suas receitas e despesas,
as OMPS terão uma conta individualizada no Banco Naval. A OMPS Industrial (OMPS-I),
que é o caso do AMRJ, foi criada em 1994, é a OM que tem como atividade principal a
Entre diversos aspectos que são considerados precisos para a implantação de uma
por meio de documentos internos (ORDINAM, OA, PRA, PRT ou IT), apresentados no
AMRJ e sugerir à sua Direção alterações que a tomem mais dinâmica e funcional.
56
Diversas razões são apresentadas para favorecer uma mudança organizacional. Com
capacitação tecnológica foi um alerta para uma mudança na sua estrutura. Naquela entrevista
mudanças.
contexto, de optar por mudanças devidas à tecnologia e não tê-las como conseqüência de um
imperativo tecnológico. Portanto, a tecnologia é um elemento que faz parte das escolhas,
é importante considerar que podem haver razões não tão explícitas para se optar por
O tamanho da organização, a tecnologia com que ela lida e seu ambiente têm
as questões estratégicas das mesmas serão mais bem entendidas analisando-se o seu contexto
juntamente com aspectos subjetivos inerente às estruturas cognitivas das pessoas (Ranson,
entender a forma e a profundidade com que se deu a mudança organizacional do AMRJ, bem
como as percepções dos papéis dos seus servidores, no contexto que se encontram, em vista
prestadoras de serviço. Este enfoque gerencial, como mencionado no capítulo 2, item 2.1, foi
precursor do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado cujo extrato consta do Anexo
·-A".
administrativos que visam aperfeiçoar e manter os desempenhos da organização. Ela deve ser
que a provocaram, além de terem tido suas origens no ambiente, vieram da própria
organização, como pode ser deduzido das ações precursoras de política gerencial e por
entrevista. Desta forma, identificou-se, por meio da análise do contexto e pelas entrevistas
que envolveram essas mudanças, podem ser percebidos nos depoimentos transcritos a seguir.
58
"[ ... ] desde a implantação da sistemática OMPS nós pudemos, pudemos, não, tivemos que
acompanhar o custo efetivo do desenvolvimento de cada trabalho [...l". (S.N.G.Ol)
"Antes da implantação do sistema OMPS, a maior preocupação das gerências era a disputa na
distribuição dos limitados recursos de mão-de-obra e material do AMRJ para atender a demanda
dos navios e organizações de suas gerências.[ ... ]. Essa distribuição tinha o enfoque político-
estratégico. Não havia uma preocupação no controle dos custos envolvidos e, desta forma, não
era transparente.[ ... ]. O AMRJ se reorganizou criando um departamento de delineamento que
teve como função projetar e orçar os reparos solicitados pelos clientes para que estes
previamente aprovassem e indicassem recursos para execução da obra solicitada[ ... ]".
(S.N.G.04)
"A partir da criação da OMPS tudo passou a ser mais controlado devido à formalização de uma
cobrança aos navios, para controle da parte contábil [... ]". (S.N.O.Ol)
"O AMRJ passou a trabalhar com firmas terceirizadas [... ]. As obras hoje são definidas. Há uma
melhor especificação, delineamento das obras [... ] foi criado o setor 24B, que passou a fazer um
papel de staff entre a gerência e a produção, a fim de dar apoio no sentido de agilizar a execução
das obras [... ]". (S.N.O. 02)
primeira ordem (Bartunek e Moch, 1987) tendo em vista que se verificou que ela está se
dando como uma modificação de processos de trabalho com o objetivo de implementar uma
estratégia da organização.
desenvolvimento, podem levar a uma redefinição de conceitos e papéis dos seus membros
(Motta, Vasconcelos e Wood Jr., 1995), houve uma mudança formal no que diz respeito a
o novo enfoque gerencial que a OMPS encerra ainda não foram totalmente absorvidos e
gerenciais inerentes à filosofia das OMPS que precisam ser implantados em todas as áreas e
níveis da organização, pois o novo enfoque gerencial tem como meta o resultado, mas sem
59
abrir mão dos processos. Por isso, a importância da aplicação das novas tecnologias de gestão
os resultados almejados. Os trechos das entrevistas, transcritos a seguir, refletem essa visão
"[ ... ] A mudança é que o Arsenal passou a ter que se policiar nas obras não podia usar muitos
recursos disponíveis, pagos pelo cliente, porque senão ele acabava no prejuízo, então o gerente
passou a cobrar mais rigidez no controle da mão-de-obra, no uso de material.[ ... ]. O Arsenal
passou a se entender como uma indústria privada, não como uma OM que conserta navio da
MB, começou a ... quase como se fosse uma empresa que presta serviços para a MB, dentro da
própria MB." (S.N.G 06)
"[... ] No início as pessoas ficaram um pouco perdidas, se ajustando a nova forma de proceder. O
que eu vejo que afetou a OMPS foi a implantação da mesma em um momento que começaram a
faltar recursos. Eu vi nas pessoas preocupação com as dificuldades frnanceiras que existiram
[... ]. A mudança no enfoque gerencial gerou uma melhoria na execução dos trabalhos a um
ponto que o local onde essa mudança ocorreu passou a trabalhar tão melhor que os outros
departamentos onde ela não respondeu de imediato, que estes passaram a sofrer cobranças para
trabalhar de acordo com as demandas do novo enfoque. Saltou aos olhos apesar de não haver
uma forma de medir desempenho quantitativamente, mas qualitativamente, na percepção das
pessoas foi uma melhoria radical na forma de trabalhar e na produtividade [... ]". (S.N.G.08)
"[ ... ] Percebo que houve uma mudança na maneira de funcionamento da organização, ela ficou
mais organizada, mais papel e mais formalidade para o trabalho. Para a execução dos serviços,
mais controle. Os gerentes passaram a controlar mais as coisas porque eles eram mais cobrados.
Falavam que trabalhavam em cima de resultados. (O trabalho tinha que gerar recursos)[ ... )".
(S.N.0.03)
dos 11 entrevistados, apenas dois não possuem pós-graduação e dos nove que possuem, sete
têm pós-graduação stricto sensu. Todos os servidores do nível operativo têm formação em
4 Este estudo não se propõe a abordar as definições de tecnologias de gestão. No entanto, pode-se aprofundar os
conceitos sobre elas em Araújo (200 I).
6\
e exercem ações de coordenação, controle e supervisão dos trabalhos do seu setor. Com a
aumentou o papel articulador, por parte dos gerentes, entre as necessidades inerentes às
necessidade de contatos com os clientes como negociadores, papel este que antes não existia
já que os navios da MB e extra MB passaram a pagar pelos serviços do AMRJ como clientes
de qualquer empresa.
uma organização militar, responsável pela escolha e captação dos recursos necessários e pela
divulgação positiva dos serviços prestados pelo AMRJ. Os gerentes devem, agora, adequar as
"Sou Chefe do Departamento de Projetos; então, minha função é manter este departamento
funcionando bem. Eu me reúno com os meus encarregados de Divisões, dou minhas metas,
por onde eu quero que caminhe o projeto, qual a filosofia, e a todo momento discuto, pois
temos reuniões diárias com os encarregados de Divisões e eles me mostram como estão
desenvolvendo seus projetos." (S.N.G. OI)
"Eu recebo as solicitações de obras dos navios apoiados pela minha gerência, para reparo, e
providencio o orçamento e encaminho para a indicação de recursos. Coordeno a execução
das obras aprovadas nesta gerência a fim de que os recursos necessários estejam adequados
com o tempo e valores aprovados." (S.N.G.05)
62
"Na minha função de gerente eu não atuo na parte técnica, como engenheiro eletricista, que
sou, eu tenho tarefas gerenciais de coordenação e contato com o cliente." (S.N.G.06)
"[ ... ] Agora me sinto como um executivo, passei a delegar para meus encarregados de
divisão a supervisão e controle da parte técnica e me preocupo mais com o controle de forma
mais ampla. Fazemos reuniões periódicas de acompanhamento, e assim me ocupo mais com
a parte administrativa e de acompanhamento dos custos para ver se estamos dentro do
planejado.[ ... ]". (S.N.G.07)
5% são militares. Todos os entrevistados deste nível exercem atividades na área técnica e
o pessoal operacional está localizado nas bases da organização e lida com a execução
de tarefas rotineiras. O trabalho deles é a base operativa e produtiva dos serviços e produtos
"[ ... ] Meu trabalho é em cima das Ordens de Serviço (O/S), quando elas são aprovadas sigo
para o navio (cliente) que está fazendo o reparo nas máquinas e/ou motores para desmontar o
eixo dos mancais. Participo também das manobras de cargas das peças, pois elas são muito
pesadas[ .. .]". (S.N.O. 03)
partir das mudanças que aconteceram e ainda acontecem desde 1994, e amparando-se na
A análise dos valores predominantes por nível dos servidores, em vista do processo de
do nível operacional.
outros locais por serem militares e estarem sujeitos a outras normas (Estatuto dos Militares).
(Ranson, Hinings e Greenwood, 1980), que incorporam esquemas interpretativos que são
articulados com estes valores e os interesses dos servidores do AMRJ. Estes esquemas
interpretativos que podem gerar desagregação ou consenso nas posturas diante da mudança
e Beatriz (1998).
Nas transcrições abaixo pode-se perceber os pontos comuns, que foram mencionados,
relativos aos valores e crenças que são compartilhados e que vêm a ilustrar os aspectos
ressaltados.
65
"[ ... ] Eu me sinto contribuindo para as expectativas da organização. Todos nós estamos, porque
todos nós sentimos que o ambiente de trabalho melhorou e nos sentimos beneficiados, até para
reconhecermos onde estávamos errando e procurarmos corrigir estes erros[ ... ].
[... ] Houve uma reavaliação das crenças e valores, porque toda vez que você se depara com uma
transformação importante na sua forma de trabalhar, mesmo que você antes já ansiasse por essa
transformação, mas é da natureza humana primeiro reagir. Você não quer , embora esta
necessidade de aprimoramento contínuo seja imperiosa, o ser humano caminha no seu íntimo na
direção contrária, né!? O ser humano é conservador. Então, eu ... você faz um trabalho sempre
do mesmo jeito, aí chegam dizendo para você que a partir de agora você tem de fazer diferente,
todo mundo reage. Eu também reagi. Até que estudando, se reunindo, pensando, criticando,
também fazendo com que aqueles que nos propuseram uma nova sistemática reavaliassem sua
posição e houvesse no trabalho uma convergência para qual seria a medida adequada dentro da
sistemática OMPS, iniciou-se um processo de mudança que continua até hoje, tem que haver e
está havendo uma transformação da mentalidade, demora um pouco, mas vai indo[ ... ]".
(S.N.G.OI)
"[ ... ] O que eu achei interessante foi a relação do gerente com o cliente, a gente passou a ser
mais comedido e tratar o Arsenal com se tivesse realmente com a intenção de ajudar sem
meandros, quando antes o cliente achava que era uma obrigação o Arsenal ajudar. [... ]
Passou a haver mais cooperação entre os gerentes para a gente não ter diferenças de atitudes
entre os gerentes e os clientes [.. T. (S.N.G. 06)
"[ ... ] Sinto-me contribuindo para as expectativas da organização devido a minha dedicação e
vontade de acertar e melhorar a gerência do me que compete, face a tantos desafios [... ]",
(S.N.G.04)
"Nas mudanças gerenciais que implicam uma melhoria, as crenças e valores só são reforçados.
No meu caso, que sou muito feliz com o que faço, eles só foram reforçados. Foi muito profícuo
para mim, na minha vida profissional e pessoal também. [... ].
[... ] O meu trabalho é extremamente importante para a disponibilidade operacional dos meios.
Lucrei muito em termos profissionais, como a MB ganhou com o meu trabalho na Oficina de
Motores; no aspecto técnico, no aspecto, até mesmo, de economia financeira e principalment~
modéstia à parte, no exemplo que deixo para os mais jovens, como trabalhar, do que a MB
espera da gente. Por isso acho que foi uma experiência muito positiva (a mudança) tanto para
mim quanto para a MB [... ]". (S.N.G.08)
"[ ... ] Quanto aos relacionamentos de trabalho com a implementação da OMPS, mudei de um
foco chefe X subordinado e de um foco de comunicação horizontal entre pares para um foco de
equipe e crescimento contínuo. A valorização do nível de capacitação e crescimento contínuo
proporciona resultados melhores que as relações chefe X subordinado, simples, que prevaleciam
até 1993[ ... ]". (S.N.G.IO)
"[... ] O meu trabalho bem feito é o aspecto mais importante da minha contribuição para as
expectativas da organização.[ ... ]" (S.N.O. 01)
"[ ... ] Me sinto contribuindo para as expectativas do Arsenal, estou aqui há quase vinte anos e
trabalho bem, não tenho problema com ninguém. O AMRJ não tem o que se queixar de mim e o
aspecto mais relevante é que eu me dou bem com todo mundo e ajudo os outros sempre que
necessário[ ... ]. Os relacionamentos melhoraram com a mudança, já que passamos a ter mais
contato com os gerentes. O relacionamento, era de bom grado, que melhorasse. Com os colegas,
acho que passamos a ter, além da camaradagem, um sentido de mais responsabilidade entre a
gente e quando necessário um ajuda ao outro, para não pegar[ ... ]". (S.N.O. 03)
66
Quanto aos interesses apresentados pelos servidores, o único que pode ser
generalizado como comum aos dois níveis, gerencial e operacional, diz respeito à renovação
do pessoal. Isso se refere ao fato de que o AMRJ, por ser um órgão público federal, só pode
renovar seu quadro permanente por meio de concurso público, o que não tem sido autorizado
pelo Poder Executivo. A alternativa que ele tem é trabalhar com autônomos e civis
contratados por uma autarquia, pertencente à MB, que é a Empresa Gerencial de Projetos
Navais (EMGEPRON).
Por meio da EMGEPRON, o AMRJ dispõe de pessoal celetista, mas que não tem a
nas entrevistas dos servidores do AMRJ, estes têm queixas, na totalidade dos entrevistados do
nível operacionaL de que é dado serviço ao pessoal celetista, que muitas vezes não têm a
qualificação necessária e eles terminam por terem que fazer o serviço dos outros e não se
sentem reconhecidos por isso, muito pelo contrário, se sentem muitas vezes desprestigiados.
subordinação ao ambiente externo a que as organizações estão sujeitas e cabe à MB, o que ela
tem procurado fazer, buscar um equilIbrio (volta-se a abordar este assunto mais adiante),
estruturação da OMPS nos moldes almejados por ela. Essa preocupação expressa pela
constante revisão de alguns aspectos da mudança que se processa não muda o ponto de vista
dos servidores da OMPS de uma hora para outra, mas a preocupação existe. Essa
Bennis (1976); Wilson (1992); Motta, Vasconcelos e Wood Jr.(1995); e Wood Jr.(1995)
"[ ... ] O número de servidores do AMRJ tem diminuído a cada ano, pois eles estão se
aposentando e alguns até pedindo demissão devido ao longo tempo sem aumento salarial e não
está havendo renovação, pois não está (sic) tendo concursos. A partir deste ano, vamos ter
alguns técnicos formados pela Escola Técnica do Arsenal de Marinha (ETAM), a primeira a se
formar desde de reabertura da escola. Este pessoal será contratado pela EMGEPRON[ ... ]".
(S.N.G 02)
"[... ] O grande calcanhar de Aquiles do AMRJ, como OMPS, diz respeito à questão de
renovação e de contratação de recursos humanos, de forma a permitir a renovação da
capacitação técnica. Há necessidade de contratação de pessoal novo (renovação) e isso não está
ocorrendo no momento.[ ... ]". (S.N.G.I O)
"[... ] Hoje, somos um no meio de tantos contratados e terceirizados, nossa experiência deixou de
valer, a sua experiência deixou de participar, deixou de dar o pouquinho mais que você quer
dar.[ ... ] É preciso renovar o pessoal do Arsenal e motivar o pessoal que está aqui dentro hoje
[... l". (S.N.O. 02)
"[ ... ] O pessoal está indo embora. Estão se aposentando e não estão tendo substitutos à altura. É
uma pena, mas eu mesmo me aposento daqui a três anos.[ ... ]" (S.N.O. 07)
alocação de recursos orçamentários, pois estes devem ser vistos como o capital de giro de
uma empresa ou mesmo como crédito, e uma melhor adequação do trabalho realizado às
MB (navios) possam fazer os reparos e fazer o "dinheiro" circular; mesmo sob a ótica da
iniciativa privada uma empresa não funciona se não tiver um mínimo de capital de giro ou
responsável pelo novo enfoque gerencial pelo qual o Arsenal está direcionado.
nível gerencial
68
"[ ... ] A criação da OMPS como um instrumento que permite conhecer os custos, proporciona
um salto qualitativo. Mas o problema que se tem hoje, é o da falta de recursos. Isso inviabiliza a
OMPS, bem como qualquer estrutura.[ ... ]. O trabalho (mudança) ainda não está pronto. Ainda
há muito a se fazer. A mudança tem que ser ampla, no sentido de envolver tudo e tooos e se
aperfeiçoar tooos os processos." (S.N.G.08)
"[ ... ] À medida que a mudança vai se dando, pois está havendo uma evolução contínua da
cultura organizacional que está se processando desde 1994. Eu acredito que, principalmente, a
partir de 1997 (com três anos de OMPS), que as pessoas passaram a acreditar que a um novo
enfoque gerencial era possível.[ ... ]" (S.N.G.l O)
de Cargos e Salários. É importante salientar que a maioria dos servidores do AMRJ é civil
regida pelo RJU (Lei 8.112/90) e desta forma está há praticamente oito anos sem reajuste
salarial, por serem servidores públicos federais. As entrevistas, a seguir transcritas, ilustram
"[ ... ] Com a mudança, nosso retorno pelo trabalho continua o mesmo, cobrar é fácil. Acho que
algum tipo de motivação para nós seria bom. Não se fala por aí de empregados que têm
participação nos lucros? Seria bom haver algum tipo de incentivo.[ ... ] Aqui o importante é ú
certo no fim do mês, mas é pouco. Nas folgas e nos fins de semana ajudo meu cunhado na
oficina dele. Acho que a vida é uma mistura de viver para trabalhar e trabalhar para viver.
Temos necessidades, família, filhos, netos etc [ ... ]". (S.N.O. 01)
"[ ... ] Eu penso que o trabalho que realizo é ótimo, podem até não reconhecer, mas é ótimo f.. .]",
(S.N.O.02)
"[... ] Em relação ao o que eu faço, não vejo muita necessidade de aprimoramento, mas seria
bom que fôssemos qualificados para outras funções, ter outras oportunidades de trabalho aqui
dentro, como subir na empresa, mudar de tarefas, desde que recebêssemos outras qualificações,
mas o Arsenal não tem recebido servidores novos, não tem concurso novo, aí eu continuo
sempre fazendo a mesma coisa [ ... ]". (S.N.O.03)
"[... ] Eu aprimorei minha qualificação por conta própria, cursando faculdade, mas limitaram o
Plano de Carreira, acabando com os concursos internos para ascensão funcional. Apenas alguns
chefes valorizaram meu aprimoramento profissional [... ]" (S.N.O.OS)
69
"[ ... ] Tem colegas que andam chateados porque tem pessoas contratadas que fazem o serviço
que eles fazem e geralmente eles têm que reparar alguma coisa que os contratados não fizeram
bem feito. O pessoal fica desmotivado.[ ... ] Dizem que é porque a mão-de-obra contratada (CLT)
na contabilidade sai mais barato o H/H (homem/hora) que os servidores do Arsenal e aí o
trabalho é dado para eles, mas a qualidade não é mesma [... ]". (S.N.O. 08)
"[... ] A mudança não afetou meu sentimento em relação ao trabalho. O Arsenal contrata para
determinados serviços, firmas de fora. É, terceirizados. Com esse novo tipo de gerência que é
praticado, a OMPS poderia pensar também num Plano de Carreira melhor, dar mais
oportunidades[ ... ]". (S.N.O.12)
administração direta (Governo Federal), tem tido problemas tanto na gerência dos orçamentos
como no desempenho do pessoal, que se reflete num conflito existente devido às restrições na
produtividade.
decorrência das frustrações dos seus interesses, pois não tem sido possível proporcionar
aumentos nem alterações em Planos de Cargos e Salários. Isto está gerando um circulo
Federal e sofre diretamente com a situação econômica do país, já que seu orçamento é
ela, conceitualmente ser espelhada numa filosofia gerencial moderna, nos moldes de empresas
da iniciativa privada.
e visando a contrabalançar esse problema a MB criou um projeto de lei, que hoje é a Lei
9.724/98, que dispõe sobre a autonomia de gestão das Organizações Militares Prestadoras de
Serviços da Marinha, mas por razões político-econômicas, o AMRJ ainda não teve nenhum
contrato assinado que envolva autonomia de gestão. Ele permite à OMPS contratar pessoas,
70
independente de concurso, como na iniciativa privada. e elas são pagas com recursos gerados
pelas próprias OMPS. Como exemplo, imagine-se o AMRJ com uma demanda de reparo de
um Navio Mercante por mês. Com estes trabalhos o Arsenal poderia contratar as pessoas
necessárias para manter essa rotina de reparos e a folha de pagamento seria custeada pelos
Pública Federal.
influenciados pela estrutura organizacional que a OMPS encerra, mas também geram reflexos
nela, no sentido de que os aspectos subjetivos inerentes aos membros da organização também
influenciam a sua estrutura, que passou a ser menos rígida com o enfoque gerencial da OMPS.
Essa relação que existe entre os aspectos subjetivos dos membros da organização e sua
(1976); Ranson, Hinings e Greenwood (1980); Bartunek (1984); Hall (1984); Hinings e
que têm reflexos nas posturas e comportamentos dessas pessoas, podem ser peças de um mapa
cognitivo específico para este contexto da OMPS e diretamente relacionado com a questão da
mudança que ocorre, questão esta corroborada por Fonseca (2001). Quanto ao aspecto do
comportamento e postura, dos servidores, ele representa as ações que têm significado para a
construção do mapa cognitivo desses membros. O que vem a reforçar a importância dos
estrutura da mesma, num cenário diferente do apresentado por March e Simon (1970) para os
predominaram nos grupos de pessoas entrevistadas de cada nível e que têm reflexos nas suas
No decorrer das entrevistas desta pesquisa percebeu-se que uma mudança do porte e
em que se encontra a estrutura organizacional da MB, que é o Governo Federal. Estes óbices
72
vão desde uma política de gestão de pessoal pretendida, conforme extrato do PDRAE, no
Anexo "A", mas não alcançada, até às restrições orçamentárias percebidas nas limitações do
Orçamento da União, que têm reflexos em toda a sociedade. Situação deste tipo já havia sido
A visão gerencial que a OMPS encerra, com suas práticas semelhantes às existentes no
mercado da iniciativa privada, tem sido aplicada e aperfeiçoada continuamente pelos escalões
mais elevados da administração da MB, que são os níveis estratégicos (que não foram objeto
desta pesquisa em virtude da característica da administração da MB, onde suas decisões são
beneficios e resultados positivos alcançados pela sistemática OMPS (nos primeiros quatro
anos), foi constatado que o nível operacional passou a ter uma resistência à evolução da
sistemática já que não viam alguns dos seus interesses atendidos pela organização em
mudança! evolução.
Corroborado por Ranson, Hinings e Greenwood (1980), entende-se que a partir dessa
valores/ crenças e interesses destes servidores. A articulação dos valores/ crenças e dos
expressar suas frustrações de forma mais explícita, mas além do que foi captado nas
frustrações que se refletem num conflito que retarda e dificulta alguns ajustes que se fazem
necessários, continuamente, no processo de mudança pelo qual o AMRJ, como a OMPS, está
passando.
73
o conflito mencionado não é explícito na rotina da OMPS, mas gera outro conflito,
pessoal, nos servidores do nível operacional, pois se nota, francamente, a lealdade e o "amor"
que eles têm pela instituição AMRJ. Por isso, a manifestação das insatisfações se dá de
declínio do rendimento e pela forma dos questionamentos acerca do quê e como fazer
pessoais com os valores/crenças apresentados por estes servidores, mas se trata justamente da
inerente à complexidade do ser humano. Morgan (1996) corrobora esta colocação quando
aborda o que entende por interesse das pessoas dentro de uma organização e que os conflitos
No entanto, é importante ressaltar que esses conflitos pessoais não podem e não devem
os servidores com os quais se travou contato ao longo desta pesquisa, percebeu-se que, como
outras que qualquer insatisfação passa a ser um subterfúgio para que relaxem e se acomodem,
modificação cultural ou até mesmo psicossocial dos servidores em conflito. Pode-se fazer
uma analogia deste conflito com o relacionamento da dimensão normativa com a dimensão
sua formação sociocultural tem uma percepção diferente da mudança. Para eles é realmente
um desafio trabalhar em uma organização tão diversa e dentro de um enfoque que busca o
74
Um dos aspectos que torna o pessoal do nível gerencial mais motivado que os
servidores do nível operacional, é que os gerentes são militares, que têm seus vencimentos
superiores aos civis ou civis com uma gratificação salarial. Desta forma, o aspecto do
"[ ... ] Eu vejo o meu trabalho como o de uma formiguinha, junto com outras formiguinhas. É o
elo de uma corrente. Se fraquejar, a corrente não tem valor nenhum. É isso o meu trabalho, é
uma parte de um sistema em que cada um tem sua função indispensável e vital para o
sistema.[ ... ] Eu gosto do meu trabalho. Acho o meu trabalho interessante. É uma atividade
técnica, né!? Você projetar navios, desenvolver projetos de navios, você vir de uma técnica de
desenho com papel vegetal e prancheta e começar a migrar para um sistema eletrônico de
desenvolvimento de projetos ... [... ]. Isto é muito bom, isto é motivador, né!? Você está
construindo para as gerações futuras [... ]". (S.N.G. 01)
"[ ... ] A OMPS afetou minha forma de ver o meu trabalho, pois devido ao idealismo da mudança
e das dificuldades da realidade, embora eu nem sempre esteja muito feliz com essa situação,
sinto-me constantemente desafiado. Antes não havia tanto esse sentimento.[ ... ] A perspectiva do
desafio me mantém disposto, com as adversidades aprendo muito. Aprender com o errado nos
ajuda muito a ver como seria melhor se fosse diferente. De certa forma, passei a ver o trabalho
como uma fonte de busca de como melhorar para atingir o ideal da OMPS[ ... ]". (S.N.G.04)
"[ ... ] Não consigo imaginar o AMRJ sem gerente, sem a pessoa do gerente que faz o contato
com o cliente e o cliente faz contato com o gerente. Isso se deixasse para outro setor do Arsenal,
como direto com a oficina, para fazer, o negócio ficaria meio solto. Houve uma mudança da
importância do gerente. Com a OMPS, o papel do gerente passou a ser mais importante. Ele
passou a fazer o papel, como numa empresa, o papel da pessoa que consegue atrair clientes
(entenda isso como um executivo que tem uma "carteira" de clientes e esta tem sempre que estar
sendo ampliada) para fazer os reparos dentro do Arsenal. Entendo que uma obra bem gerenciada
chama a atenção dos outros navio (clientes) para que continuem fazendo reparos no Arsenal
[... ]". (S.N.G.06)
"[ ... ] Com a implantação da OMPS passei de uma atividade com ênfase na parte técnica para
uma atividade administrativa, de gerência de pessoal e serviços.[ ... ] Agora? Bem, eu adoro o
que eu faço, meu trabalho tem sido muito gratificante [... )". (S.N.G.09)
"[... ] Anteriormente à criação da OMPS, a dependência de tomada de decisão era grande, por
falta de autonomia. E no momento atual, embora haja ainda dependência, ela é vista com outro
75
enfoque, a dependência agora é devida aos modelos governamentais, que não evoluíram tanto
quanto a OMPS nesses últimos dez anos. Então, eu tenho uma série de mecanismos que
possuem um grau de monitoramento, um grau de detalhamento muito maior que o Governo
Federal, que não tem agilidade para poder acompanhar. Por isso fica-se dependente de uma ação
sistêmica do Governo para mudar o cenário. [... ] Uma das benfeitorias que o modelo OMPS
proporcionou ao Arsenal foi uma distribuição da autoridade e responsabilidade pelos níveis
intermediários da organização. Fazendo com que cada pessoa com mais responsabilidade e
autoridade ficasse com maior satisfação pessoal no trabalho e assim contribuindo melhor para a
mudança que se observa em cada funcionário de nível intermediário [... ]". (S.N.G. 10)
"[ ... ] É acho que sim. Cobram o que tem que ser feito e cabe a mim executar as funções das
quais fui incumbido.[ ... ] Meu trabalho antes era, como dizer, um pouco mais solto, à vontade. É
bom que com as cobranças ele passou a ter um valor maior, como ele ficar bem feito para o
cliente não reclamar. Independente do estímulo, ele ficou mais individualizado. Antes não era
legal ou importante ver que os tubos, a maioria, quase todos, estão dentro das especificações. Os
tubos bons vieram de um trabalho bem feito e não vão dar mais trabalho pra ninguém.[ ... ] Com
as mudanças que estão acontecendo, meu sentimento em relação ao meu trabalho mudou, apesar
que eu queria ter tido mais oportunidades de crescimento aqui. O meu trabalho passou a ser
mais cobrado e se é assim, acho que é porque ele é importante, tem influência em outros
trabalhos e é bom sentir que está fazendo algo que tem valor.[ ... ] Eu faço meu trabalho e
procuro fazer bem feito e se faço o que e como me cobram, estou contribuindo para as
expectativas da organização. O meu trabalho bem feito é o aspecto mais importante dessa
contribuição [... ]". (S.N.O. OI)
"[... ] a nossa experiência deixou de valer, a sua experiência deixou de participar, deixou de dar o
pouquinho mais que você queria dar. Eu vivia mais o trabalho antes [... ]". (S.N.O. 02)
"[ ... ] Eu me sinto contribuindo para as expectativas da organização. Estou no Arsenal há quase
vinte anos e trabalho bem, não tenho problema com ninguém. O Arsenal não tem o que se
queixar de mim e o aspecto mais relevante é que eu me dou bem com todo mundo e ajudo os
outros sempre que necessário [... ]". (S.N.0.03)
"[ ... ] Antes de ser uma OMPS não tinha muito problema. Agora, tem que preencher papéis para
os serviços realizados e tem sempre que esperar a aprovação da Ordem de Serviço para ir com o
grupo realizar o trabalho [... ]". (S.N.0.06)
"[... ] A mudança me deu o sentimento de ser mais um na multidão, porque colocaram pessoas
contratadas para fazer serviços que eu posso fazer [... ]". (S.N.O.ll)
Em decorrência das mudanças que vem sofrendo o AMRJ, o nível gerencial tem sido
mais prestigiado que o nível operacional. Os gerentes têm tido mais oportunidades de curso de
pós-graduação, que é o aprimoramento profissional deles. Apenas dois dos entrevistados não
76
usufruíram desta oportunidade. O pessoal do nível operacional não tem tido as mesmas
oportunidades para se aprimorar. Enquanto os servidores de nível gerencial têm tido esta
oportunidade paga pela MB, os servidores do nível operacional, quando têm motivação
pessoal, fazem uma reciclagem ou melhoram seus níveis de instrução por conta própria.
O pessoal do nível operacional demonstrou nas entrevistas que está havendo uma
recursos da organização que, corroborado por Hinings e Greenwood (1988), visam a aumentar
grupos são receptivos a algumas idéias em detrimento de outras e o que valorizam está
diretamente associado 'a sua interpretação do que seja congruente em termos dos seus
interesses.
respondidas e auxiliar o AMRJ e outras organizações que passam por mudanças semelhantes
a refletir e melhorar seus processos em vista dos objetivos almejados. Estas respostas e
5. Conclusões e Recomendações
tomou, atualmente, um bordão. No entanto, pouco se fala das percepções das pessoas acerca
dos seus trabalhos, no contexto em mudança. Desta forma, aquelas, muitas vezes se refletem
nos seus comportamentos e estes são permeados por valores, crenças e interesses.
comportamentos etc. E como isso tem reflexo em toda a sociedade; as organizações, como
áreas, seja social, econômica, política ou cultural. Porém não se pode descuidar do elemento
humano das organizações, pois é ele que conduz e opera as inovações tecnológicas.
possuem referências que são seus valores, crenças e interesses. É no sentido de avaliar a
relação existente entre a mudança organizacional sofrida pelo AMRJ e a percepção relativa
aos papéis desempenhados pelos seus servidores dos níveis gerencial e operacional, no que
tange valores e crenças sobre o seu trabalho que esta pesquisa se desenvolveu. Para tanto, ela
elementos que a provocaram, além de terem tido suas origens no ambiente, vieram da própria
78
conceitos que permeiam o novo enfoque gerencial que a OMPS encerra ainda não foram
totalmente absorvidos e implementados, apesar de ter ocorrido uma mudança formal no seu
implementados em todas as áreas e níveis da organização, pois o novo enfoque gerencial tem
como meta o resultado, mas sem abrir mão dos processos. Por isso a importância da aplicação
das novas tecnologias de gestão disponíveis (Araújo, 2001) a fim de sempre se aprimorar os
nível técnico sendo que aproximadamente 10% possuem curso de nível superior, embora a
civis com a mesma equivalência, e exercem ações de coordenação, controle e supervisão dos
ajustamentos decorrentes dela, aumentou o papel articulado r, por parte dos gerentes, entre as
nível operativo.
uma organização militar, responsável pela escolha e captação dos recursos necessários e pela
divulgação positiva dos serviços prestados pelo AMRJ. Os gerentes devem, agora, adequar as
5% são militares. Todos deste nível exercem atividades na área técnica, estão localizados nas
supervisão das atividades do seu setor. O trabalho deles é a base operacional e produtiva dos
~ Quais são os valores, crenças e interesses dos servidores pertencentes a cada nível,
A análise dos valores predominantes por nível dos servidores, em vista do processo de
compartilhamento, entre os dois níveis. Valores/ crenças tais como realização pessoal,
servidores do nível gerencial e os valores/ crenças tais como participação, lealdade e orgulho
valores/ crenças tais como: qualidade dos serviços prestados, dedicação e cooperação,
80
decorrência das frustrações dos seus interesses, pois não tem sido possível proporcionar
aumentos nem alterações em planos de cargos e salários. Isto está gerando um círculo vicioso
Federal e sofre diretamente com a situação econômica do país, já que seu orçamento é
ela, conceitualmente ser espelhada numa filosofia gerencial moderna, nos moldes de empresas
da iniciativa privada.
influenciados pela estrutura organizacional que a OMPS encerra, mas também geram reflexos
nela, no sentido de que os aspectos subjetivos inerentes aos membros da organização também
influenciam a estrutura organizacional, que passou a ser menos rígida com o enfoque
gerencial da OMPS. Essa relação que existe entre os aspectos subjetivos dos membros da
abordagens de Bennis (1976); Ranson, Hinings e Greenwood (1980); Bartunek (1984); Hall
Com base nos valores/ crenças e os interesses dos servidores, dos dois níveis, houve a
construção de mapas cognitivos, refletidos nas ações e comportamentos daqueles. Isto veio a
organograma e a uma hierarquia organizacional bem definida. Mas foi baseado nos mapas
primeiros quatro anos), foi constatado que o nível operacional passou a ter uma resistência à
evolução da sistemática, já que não viam alguns dos seus interesses atendidos pela
Desta forma, a percepção relativa aos papéis desempenhados pelo nível operacional
teve uma alteração mais limitada. Houve no início uma expectativa em relação à mudança que
práticas gerenciais adotadas sob o novo enfoque não levaram em conta os anseios e os
interesses desse grupo e que seus valores e crenças eram favoráveis à implantação da
mudança de forma mais rápida e consistente. O que ocorre é que está havendo uma motivação
sua formação sociocultural teve uma percepção diferente da mudança. Para eles é realmente
um desafio trabalhar em uma organização tão diversa e dentro de um enfoque que busca o
82
Um dos aspectos que torna o pessoal do nível gerencial mais motivado que os
servidores do nível operacional, é que aqueles têm um patamar salarial maior e que não sofreu
tanta defasagem, tendo em vista que são militares, oficiais e civis com gratificação salarial.por
ocuparem cargo de gerência. Em decorrência das mudanças que vem sofrendo o AMRJ o
nível gerencial tem sido mais prestigiado que o nível operacional, o que reflete urna percepção
Assim, conclui-se que o trabalho passou a ser mais gratificante para o nível gerencia~
dado a ele. Para o nível operacional, devido a uma motivação decrescente, sua percepção vê o
trabalho como menos gratificante que para o outro nível, apesar do sentimento que têm pela
instituição.
os elementos do nível operacional não são devidamente considerados. Apesar das limitações
da pesquisa, conclui-se que as mudanças influenciam a percepção das pessoas e podem ficar
estudos na área, mediante o aprofundamento dos temas discutidos, entre os quais se podem
ressaltar os seguintes:
seus membros.
seguintes pontos:
gerência de recursos humanos que se dedique a estes além dos seus aspectos formal e
trabalhador é visto como um dos elementos com que a organização deve se preocupar,
com atenção às suas expectativas para o seu sucesso; e, na segunda, o trabalhador deve
apresentação dos interesses insatisfeitos, por parte dos servidores do nível operacional,
• A postura adotada pela MB, com urna visão gerencial empreendedora e distinta
na administração pública, pode vir a ser, em um futuro próximo, uma alternativa para
solução de inúmeros problemas que afetam o serviço público. Para tal, cabe a cada um
de cultura e postura, com a meta de redução dos custos e aprimoramento dos controles
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YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Método. Tradução de Daniel Grassi. Porto
APRESENT AÇÃO
A crise brasileira da última década foi também uma crise do Estado. Em razão do modelo de
desenvolvimento que Governos anteriores adotaram, o Estado desviou-se de suas funções
básicas para ampliar sua presença no setor produtivo, o que acarretou, além da gradual
deterioração dos serviços públicos, a que recorre, em particular, a parcela menos favorecida
da população, o agravamento da crise fiscal e, por conseqüência, da inflação. Nesse sentido, a
reforma do Estado passou a ser instrumento indispensável para consolidar a estabilização e
assegurar o crescimento sustentado da economia. Somente assim será possível promover a
correção das desigualdades sociais e regionais,
Com a finalidade de colaborar com esse amplo trabalho que a sociedade e o Governo estão
fazendo para mudar o Brasil, determinei a elaboração do "Plano Diretor da Reforma do
Aparelho do Estado", que define objetivos e estabelece diretrizes para a reforma da
administração pública brasileira
[ ... ]
Este "Plano Diretor" procura criar condições para a reconstrução da administração pública em
bases modernas e racionais. No passado, constituiu grande avanço a implementação de uma
administração pública formal, baseada em princípios racional-burocráticos, os quais se
contrapunham ao patrimonialismo, ao clientelismo, ao nepotismo, vícios estes que ainda
persistem e que precisam ser extirpados. Mas o sistema introduzido, ao limitar-se a padrões
hierárquicos rígidos e ao concentrar-se no controle dos processos e não dos resultados,
revelou-se lento e ineficiente para a magnitude e a complexidade dos desafios que o País
passou a enfrentar diante da globalização econômica. A situação agravou-se a partir do início
desta década, como resultado de reformas administrativas apressadas, as quais
desorganizaram centros decisórios importantes, afetaram a "memória administrativa", a par de
desmantelarem sistemas de produção de informações vitais para o processo decisório
governamental.
É preciso, agora, dar um salto adiante, no sentido de uma administração pública que chamaria
de "gerencial", baseada em conceitos atuais de administração e eficiência, voltada para o
controle dos resultados e descentralizada para poder chegar ao cidadão, que, numa sociedade
democrática, é quem dá legitimidade às instituições e que, portanto, se toma "cliente
privilegiado" dos serviços prestados pelo Estado.
Solicito encarecidamente a todos que exercem funções públicas no Governo Federal que
leiam atentamente este "Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado", porque, do bom
cumprimento de suas diretrizes, dependerá o êxito da transformação do Estado brasileiro. O
"Plano", que já está sendo posto em prática em várias de suas dimensões, é resultado de ampla
discussão no âmbito da Câmara da Reforma do Estado.
[ ... ]
Brasília, novembro de 1995
1- Introdução
A reforma do aparelho do Estado tomou-se imperativa nos anos 90 por uma segunda razão.
Não apenas ela se constituiu em uma resposta à crise generalizada do Estado, mas também
está sendo caracterizada como uma forma de defender o Estado enquanto res publica,
enquanto coisa pública, enquanto patrimônio que, sendo público, é de todos e para todos.
[ ... ]
No plano administrativo, a administração pública burocrática surgiu no século passado
conjuntamente com o Estado liberal, exatamente como uma forma de defender a coisa pública
contra o patrimonialismo. Na medida, porém, que o Estado assumia a responsabilidade pela
defesa dos direitos sociais e crescia em dimensão, foi se percebendo que os custos dessa
defesa podiam ser mais altos que os beneficios do controle. Por isso, neste século as práticas
burocráticas vêm sendo substituídas por um novo tipo de administração: a administração
gerencial.
92
[ ... ]
A administração pública gerencial constitui um avanço, e até um certo ponto um rompimento
com a administração pública burocrática. Isso não significa, entretanto, que negue todos os
seus princípios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada na anterior, da
qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a
admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e
universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento
sistemático. A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de basear-se nos
processos para concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalização da
administração pública, que continua um princípio fundamental.
Na administração pública gerencial a estratégia volta-se: (1) para a definição precisa dos
objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade; (2) para a garantia de
autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros que lhe
forem colocados à disposição para que possa atingir os objetivos contratados; e (3) para o
controle ou cobrança a posteriori dos resultados. Adicionalmente, pratica-se a competição
administrada no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer
concorrência entre unidades internas. No plano da estrutura organizacional, a descentralização
e a redução dos níveis hierárquicos tomam-se essenciais. Em suma, afirma-se que a
administração pública deve ser permeável à maior participação dos agentes privados e/ou das
organizações da sociedade civil e deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os
resultados ( fins).
A administração pública gerencial inspira-se na administração de empresas, mas não pode ser
confundida com esta última. Enquanto a receita das empresas depende dos pagamentos que os
clientes fazem livremente na compra de seus produtos e serviços, a receita do Estado deriva
de impostos, ou seja, de contribuições obrigatórias, sem contrapartida direta. Enquanto o
mercado controla a administração das empresas, a sociedade - por intermédio de políticos
eleitos - controla a administração pública. Enquanto a administração de empresas está voltada
para o lucro privado, para a maximização dos interesses dos acionistas, esperando-se que,
através do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a administração pública gerencial está
explícita e diretamente voltada para o interesse público.
[ ... ]
A administração pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e como cliente
dos seus serviços. Os resultados da ação do Estado são considerados bons não porque os
processos administrativos estão sob controle e são seguros, como quer a administração
pública burocrática, mas porque as necessidades do cidadão-cliente estão sendo atendidas.
serviços sociais oferecidos pelo setor público. A reforma do aparelho do Estado no Brasil
significará, fundamentalmente, a introdução na administração pública da cultura e das
técnicas gerenciais modernas.
3- Breve Histórico
4- Diagnóstico
[ ... ]
A rigidez da estabilidade assegurada aos servidores públicos civis impede a adequação dos
quadros de funcionários às reais necessidades do serviço, e dificulta a cobrança de trabalho.
Da mesma forma, a transformação do concurso público - cuja exigência generalizada na
administração pública representou o grande avanço da Constituição de 1988 - em uma espécie
de tabu dificulta as transferências de funcionários entre cargos de natureza semelhante. Por
outro lado, as exigências excessivas de controles no processo de compras e o detalhismo dos
orçamentos são exemplos dessa perspectiva burocrática implantada na lei brasileira, que
dificultam de forma extraordinária o bom funcionamento da administração pública. Destaca-
se a deficiência de sistemas de informação e a inexistência de indicadores de desempenho
claros para os diversos órgãos da administração direta e indireta.
Os concursos públicos, por outro lado, são realizados sem nenhuma regularidade e avaliação
periódica da necessidade de quadros, fato que leva à admissão de um contingente excessivo
de candidatos a um só tempo, seguida de longos períodos sem uma nova seleção, o que
inviabiliza a criação de verdadeiras carreiras.
[ ... ]
94
A política remuneratória do servidor durante o governo Collor foi marcada por uma queda
generalizada dos níveis reais de salário, que visava à compressão dos gastos do Tesouro com
pessoal. Conforme pode se observar na Tabela 7, o salário das carreiras selecionadas sofreu
uma redução significativa em comparação ao vigente antes de 1990 (tal comportamento é
semelhante para as demais não incluídas no quadro). A partir de 1993, o governo logrou
recuperar os níveis salariais dos servidores, que atualmente se encontram numa situação
próxima à do final dos anos 80.
Existe no país uma crença generalizada de que a remuneração dos servidores públicos é baixa.
A verdade não é exatamente essa. Elas são baixas para alguns setores, altas para outros. [... ]
[ ... ]
Concluindo, a inexistência tanto de uma política de remuneração adequada (dada a restrição
fiscal do Estado) como de uma estrutura de cargos e salários compatível com as funções
exercidas, e a rigidez excessiva do processo de contratação e demissão do servidor (agravada
a partir da criação do Regime Jurídico Único), tidas como as características marcantes do
95
Nesse quadro, a existência da gratificação por ocupação de cargos em comissão - DAS -, que
geralmente é entendida como um grave desvio do modelo burocrático, na medida em que
permite a contratação de pessoal externo ao serviço público, na verdade é um elemento
positivo a dar alguma racionalidade ao sistema de remuneração e ao estabelecer um sistema
de incentivo para os servidores mais competentes.
[ .... ]
4.5 Dimensão Cultural e Dimensão-Gestão
Os problemas até agora analisados estão fortemente relacionados com sua dimensão
institucional-legal, dependendo, portanto, de reforma constitucional, ou de mudança na
legislação infraconstitucional, mas todos esses entraves estão diretamente relacionados com a
cultura burocrática existente no país, intensamente preocupada em evitar as práticas
clientelistas ou patrimonialistas. Como sabemos, historicamente a dominação racional-legal
ou burocrática surgiu no século XIX como uma forma superior de dominação, legitimada pelo
uso da lei, em contraposição ao poder tradicional (divino) e arbitrário dos príncipes e ao afeto
das lideranças carismáticas. Surgiu, portanto, como uma reação à cultura patrimonialista,
então dominante. Sua afirmação implicou o desenvolvimento, no nível da administração
pública, de uma cultura burocrática, que, no plano político, correspondeu à prevalência do
Estado liberal e à correspondente ideologia liberal, que o direito administrativo expressa bem.
Essa cultura burocrática não reconhece que o patrimonialismo, embora presente como prática,
já não constitui mais valor hoje no Brasil. Não reconhece que os políticos, em uma
democracia, são crescentemente controlados por seus eleitores. Por isso, ela mantém uma
desconfiança fundamental nos políticos, que estariam sempre prontos a subordinar a
administração pública a seus interesses eleitorais. Na prática, o resultado é uma desconfiança
nos administradores públicos, aos quais não se delega autoridade para decidir com autonomia
os problemas relacionados com os recursos humanos, materiais e financeiros. Explica-se daí a
rigidez da estabilidade e dos concursos, o formalismo do sistema de licitações, e o detalhismo
do orçamento. Esses obstáculos a uma administração pública eficiente só poderão ser
superados quando, co~untamente com a mudança institucional-legal ocorra uma mudança
cultural no sentido da administração pública gerencial.
[ ... ]
O modelo burocrático implantado no país soma aos defeitos inerentes à administração pública
burocrática, relacionados com o controle rígido dos processos, a falta de treinamento e de
estrutura de carreiras que, pelo contrário, caracterizam as boas burocracias ainda existentes
em países como a França e o Japão. Os instrumentos de supervisão e acompanhamento são
pouco criativos, sendo desse modo insuficientes para caminhar passo a passo com a mudança
tecnológica e atender à necessidade de repensar e propor novos objetivos e métodos de forma
ágil, em menor tempo e a um custo mais baixo. Além disso, o sistema carece de mecanismos
auto-reguladores e é refratário às inovações. Sua capacidade de resposta aos novos e
constantes estímulos é limitada, fato que o torna arcaico e ineficiente.
(... ]
Torna-se, assim, essencial repensar o sistema de motivação dos servidores públicos
brasileiros. Não há dúvida que a motivação positiva flmdamental é aquela relacionada com o
sentido de missão do servidor. Para o servidor público é mais fácil definir esse sentido do que
para o empregado privado, já que a atividade do Estado está diretamente voltada para o
interesse público, enquanto que a atividade privada só está indiretamente, através do controle
96
via mercado. Entretanto, em momentos de crise e de transição como o que vivemos, o papel
do Estado e do servidor público ficam confusos. A idéia burocrática de um Estado voltado
para si mesmo está claramente superada, mas não foi possível ainda implantar na
administração pública brasileira uma cultura de atendimento ao cidadão-cliente.
A segunda motivação é a da profissionalização do serviço público, não apenas através de
concursos e processos seletivos públicos, mas principalmente através de um sistema de
promoções na carreira em função do mérito acompanhadas por remuneração
correspondentemente maior. Essa motivação é fundamental, mas já vimos que não pode ter a
rigidez peculiar às carreiras burocráticas. É preciso garantir a profissionalização sem a
correspondente rigidez da burocracia.
6- Objetivos
Reformar o Estado significa melhorar não apenas a organização e o pessoal do Estado, mas
também suas finanças e todo o seu sistema institucional-legal, de forma a permitir que o
mesmo tenha uma relação harmoniosa e positiva com a sociedade civil.
[ ... ]
6.1 Objetivos Globais:
[ ... ]
7- Estratégia De Transição
A primeira emenda cobre o capítulo da administração pública. Suas principais mudanças são:
fim da obrigatoriedade do Regime Jurídico Único, permitindo-se a volta de contratação de
99
A transição para uma administração pública gerencial só será possível se, ao mesmo tempo
que se aprovam as mudanças legais, vá mudando a cultura administrativa do País. Essa
cultura, fortemente marcada pelo patrimonialismo recente, tem ainda um forte caráter
burocrático, pois parte de uma desconfiança fundamental na possibilidade de cooperação e de
ação coletiva. Os indivíduos são vistos como essencialmente egoístas e aéticos, de forma que
só o controle a priori, passo a passo, dos processos administrativos permitirá a proteção da
coisa pública. A mudança para uma cultura gerencial é uma mudança de qualidade. Não se
parte para o oposto, para uma confiança ingênua na humanidade. O que se pretende é apenas
dar um voto de confiança provisório aos administradores, e controlar a posteriori os
resultados.
Só esse tipo de cultura permite a parceria e a cooperação. Só através dela será possível
viabilizar não apenas as diversas formas de parceria com a sociedade, como também a
cooperação em nível vertical entre administradores e funcionários públicos, entre governo e
sindicatos de funcionários. A verdadeira eficiência é impossível sem essa parceria e essa
cooperação.
Por outro lado, os controles a posteriori dos resultados deverão ser extremamente severos. A
administração pública burocrática, produto de um estágio inferior da sociedade, muito mais
autoritário e classista, enfatiza os processos porque sabe ou supõe que não poderá punir os
transgressores. A administração pública gerencial enfatiza os resultados porque pressupõe que
será capaz de punir os que falharem ou prevaricarem.
Sem a mudança cultural da administração pública burocrática para a gerencial será impossível
implementar as reformas institucionais-legais. E será igualmente inviável avançar na
dimensão-gestão. As três mudanças, entretanto, não deverão ocorrer seqüencial mas
concomitantemente, ora com prevalência de uma dimensão, ora com prevalência de outra.
A mudança da gestão, embora dependa das reformas institucionais-legais, não se limita a elas
nem pode esperar por elas. É preciso implantar na administração pública toda uma nova
filosofia, toda uma nova cultura gerencial e suas respectivas práticas.
100
8- Projetos
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ORGANOGRAMA BÁSICO
DIRETOR
AMRJ-01
VICE-DIRETOR
AMRJ-02
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GABINETE
SERViÇO DE
SECRETARIA E
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ASSESSORIA DE I
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COMUNICAÇÃO SOCIAL QUALIDADE
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SUPERINTEND~NCIA
SUPERINTEND~NCIA SUPERINTEND~NCIA SUPERINTEND~NCIA SUPERINTEND~NCIA
FINANCEIRA INDUSTRIAL DE DE ADMINISTRAÇÃO DE OBTENÇÃO
RECURSOS HUMANOS
GER~NCIASDE
PROGRAMAS
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ANEXO C
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104
ANEXOD
2.a) Qual a sua opinião sobre a mudança do AMRJ para uma OMPS ? (Quais alterações que
você notou, nas relações de trabalho entre as pessoas, decorrente dessa mudança ?)
2.c) Existe algum elemento ou aspecto que poderia ser ajustado para o AMRJ atender melhor
AMRJ?
3.d) Você pensa que a especificação das suas tarefas está de acordo com o que é cobrado de
você?
4.a) Considerando o período anterior à criação da OMPS AMRJ, e agora, como você
5.a) Quais os aspectos do seu trabalho que você mais aprecia antes e depois do AMRJ se
5.b) Quais os aspectos do seu trabalho que você considera menos interessantes antes e depois
5.c) A quais questões ou problemas de trabalho você dedicava mais tempo antes de ser uma
5.d) A forma assumida pela organização, em relação a chefia, de que maneira afeta seu modo
5.g) Considerando o que você sentia pelo seu trabalho, essa mudança afetou de alguma forma
esse sentimento?
5.h) De que forma e o que mais mudou em relação ao seu trabalho em relação à criação da
OMPS?
5.1) Como passou a ser seu relacionamento com os outros gerentes e com o pessoal subalterno
5.m) O que você espera(va) do AMRJ , para facilitar uma viabilização de um bom
2.a) Qual a sua opinião sobre a mudança do AMRJ para uma OMPS ? (Quais alterações que
você notou, nas relações de trabalho entre as pessoas, decorrente dessa mudança ?)
2.c) Existe algum elemento ou aspecto que poderia ser ajustado para o AMRJ atender melhor
AMRJ?
3.d) Você pensa que a especificação das suas tarefas está de acordo com o que é cobrado de
você?
4.a) Considerando o período anterior à criação da OMPS AMRJ, e agora, como você
5.a) Quais os aspectos do seu trabalho que você mais aprecia antes e depois do AMRJ se
5.b) Quais os aspectos do seu trabalho que você considera menos interessantes antes e depois
5.e) A quais questões ou problemas de trabalho você dedicava mais tempo antes de ser uma
5.d) A forma assumida pela organização, em relação a chefia, de que maneira afeta seu modo
5.g) Considerando o que você sentia pelo seu trabalho, essa mudança afetou de alguma forma
esse sentimento ?
5.h) De que forma e o que mais mudou em relação ao seu trabalho em relação à criação da
OMPS?
108
ANEXO F
- Regimento Interno (RI): detalha a estrutura básica do AMRJ, ordenado por Capítulos:
Capítulo I - Da Organização
Capítulo II - Das Atribuições dos Elementos Componentes
Capítulo III - Do Pessoal
Capítulo IV - Dos Deveres Funcionais
Capítulo V - Das Substituições Funcionais Eventuais
Capítulo VI - Das Ordens Permanentes
MARINHA DO BRASIL
ORDINAM - ORG - 00 I
1 - PROPÓSITO
:2 - INTRODUÇÃO
São mencionadas a seguir as diretrizes do AMRJ-O 1 consideradas mais significativas para a melhoria
da atitude do pessoal as quais são continuadamente comentadas e divulgadas pelo Diretor.
3 - DIRETRIZES
3.1 - Geral
Todos os esforços do trabalho executado pelo Arsenal devem ser orientados para a melhoria do
atendimento aos navios da MB, razão de ser da própria Instituição. As ações devem ser diretamente
aplicadas, tanto ao setor produtivo como no de apoio, buscando:
3.2 - Setoriais
d) a centralização das ações através do planejamento e controle do Plano Diretor de Informática (POI);
e
e) que os recursos de Hardware e Software disponibilizados para o pessoal do AMRJ, somente sejam
empregados em atividades vinculadas às suas tarefas diárias decorrentes das atribuições de cada um
(lgtabelecidas no Regimento Interno (RI) do Arsenal de Marinha e legislação complementar.
3.2.3.2 - Estabelecer instruções específicas para aplicação das normas legais quando da ocorrência de
infrações disciplinares, descentralizando-se as ações departamentais.
3.2.4.2 - Assegurar um programa de ações que vise à preservação da saúde do servidor, atuando na
investigação sistemática das condições de higidez do indivíduo, executando trabalhos de modificação
do meio ambiente para a redução dos riscos ambientais e promover campanhas em conexão com os
órgãos de saúde municipais e estaduais dedicados ao mapeamento e adoção de práticas sanitárias.
3.2.4.3 - Assegurar atendimento médico ao servidor e seus dependentes com padrões de serviços
elevados, e em equipamentos modernos e atualizados.
3.2.4.5 - Implementar ações que busquem assegurar níveis adequados de mútuo respeito profissional e
condições dignas no ambiente de trabalho, banheiros e vestiários.
3.2.6 - Educação
3.2.7 - Pessoal
3.2.7.2 - Antecipar ações que visem esclarecer os servidores sobre seus direitos, implementando as
correções dos dados cadastrais e fichas financeiras de forma a nunca causar prejuízos ao servidor.
3.2.8 - Finanças
3.2.8.1 - Elaborar e acompanhar o Orçamento Anual por meio de rubricas de receitas e despesas
vinculadas.
3.2.8.2 - Utilizar sistema de controle orçamentário que use as Contas Internas de Crédito (CIC) e as
Contas de Apropriação (CAP) como instrumentos de descentralização da execução do orçamento e da
apropriação de custos.
3.2.8.4 - Assegurar a estabilidade do nível do Capital de Giro Líquido junto ao Banco Naval.
3.2.8.5 - Manter atualizados os índices aplicados aos elementos de agregação de custos de forma a
manter a liquidez da OMPS.
3.2.9 - Industrial
3.2.9.3 - Estabelecer processos de redução dos estoques pela venda de matéria prima sem uso, a preços
de mercado.
112
3.2.10- Obtenção
3.2.10.1 - Executar as tarefas de obtenção por meio das Unidades de Obtenção e Acompanhamento
(UNOA) onde a aquisição e diligenciamento são executados pelo mesmo servidor responsável.
3.2.10.2 - Impedir o acesso de fornecedores à presença de qualquer membro da Comissão Permanente
de Licitação (COPEL), a não ser nas audiências públicas de apresentação de propostas.
3.2.10.3 - Utilizar intensamente o Adjunto para Assuntos Jurídicos (AMRJ-50B) na análise de projetos
básicos e da conformidade legal dos processos de licitação.
4 - ATUALIZAÇÃO
5 - VIGÊNCIA
6 - CANCELAMENTO
Distribuição:
SOM (Arq MB)
Lista 1 (Interna AMRJ)
113
ANEXO H
MODELO DE ORDEM INTERNA DO AMRJ
MINISTÉRIO DA MARINHA
ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO
ORDINAM-ORG-017B
1 - PROPÓSITO
Estabelecer as diretrizes para a apuração dos custos incidentes sobre todas as atividades
desenvolvidas no Arsenal, sejam elas inerentes à sua condição de Organização Militar Prestadora de
Serviços Industriais (OMPS-I), ou de Organização Militar (OM), incluindo a manutenção e reparos
dos seus equipamentos e instalações, as despesas administrativas e operacionais ou, até mesmo, a
realização de investimentos.
2 - INTRODUÇÃO
Esta Ordem Interna trata de aspectos relacionados com o sistema de apropriação de custos em
consonância com a Norma em referência, atribuindo inclusive, tarefas a serem executadas pelos
Órgãos Internos (OI) envolvidos.
3 - DIRETRIZES
3,1 - Para efeito desta ORDINAM, devem ser consideradas as seguintes definições:
a) Projeto - é uma determinada obra ou serviço a ser executado pelo Arsenal, por solicitação de
uma OM ou de uma Organização extra Marinha;
b) Conta de Apropriação (CAP) - é a conta na qual são acumulados todos os gastos incorridos
ao longo da execução de cada uma das atividades mencionadas no item 1 desta ORDINAM;
c) Categoria de Apropriação - é um dos elementos do código da CAP utilizado para
classificar a natureza do gasto apropriado. A definição das diversas categorias deve constar em Ordem
Administrativa (OA) complementar a esta ORDINAM;
114
xx YYYYY ZZZZ I V
1,-----1_1_'_
Dígito Verificador
Número Seqüencial
Código do Cliente
Categoria de Apropriação
b) autorizar o uso de sua CAP para apropriar os gastos solicitados cuidando para que apenas
sejam apropriados aqueles inerentes à atividade suportada pela CAP; e
c) emitir faturas nos termos da Instrução específica estabelecida na Instrução em referência,
quando aplicável.
4 - COMPLEMENTAÇÃO
Esta ORDINAM deve ser complementada pelas seguintes Ordens Administrativas:
a) OA-IO-004, Contas de Apropriação (CAP) Indiretas e Administrativas;
b) OA-IO-006, Categorias de Contas de Apropriação:
c) OA-20-00 I, Apropriação de Custo na Aquisição de Material e Serviços; e
d) OA-20-0 12, Abertura, Encerramento e Controle das Ordens de Serviço.
S - ATUALIZAÇÃO
O OI responsável pela atualização desta ORDINAM é o Departamento de Planejamento e Controle
Orçamentário (AMRJ-ll), com o acompanhamento da Coordenadoria de Organização & Métodos
(AMRJ-025).
6 - VIGÊNCIA
Esta ORDINAM entra em vigor na data de sua edição.
7 - CANCELAMENTO
Esta ORDINAM cancela e substitui a ORDINAM-ORG-017A, de 28/01/97, bem como
qualquer norma ou dispositivo em contrário.
Distribuição:
SOM (Arq MM)
Lista 1 (Interna AMRJ)
116
ANEXO I
CAPÍTULO I
Do Histórico
Art. 1° O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), com sede na cidade do Rio de Janeiro - RJ,
foi criado pelo Decreto-Lei nO 654, de 1° de setembro de 1938. Suas atividades foram regulamentadas
pelo Decreto nO 53.678, de 21 de junho de 1966, e posteriormente alteradas pelo Decreto nO 76.591, de
11 de novembro de 1975. Revogados os Decretos de regulamentação e de alteração, passou a ter sua
organização e atividades em conformidade com o Regulamento aprovado pela Portaria no 59, de 29 de
outubro de 1992, do Chefe do Estado-Maior da Armada. Revogada pela Portaria no 104, de 08 de abril
de 1999, do Chefe do Estado-Maior da Armada, passa a ter sua organização e atividades em
conformidade com este Regulamento, aprovado pela Portaria no 82, de 7 de novembro de 2001, do
Diretor-Geral do Material da Marinha.
CAPÍTULO 11
Da Missão
III - administrar e executar a manutenção dos Sistemas de Propulsão Naval, Geração de Energia,
Estrutura Naval e Controle de Avarias das unidades de superficie e submarinos;
XIII - administrar os recursos humanos, financeiros e materiais e conservar os recursos industriais, sob
sua responsabilidade; e
XIV - administrar e dirigir as parcelas dos Planos e Programas da Marinha, sob sua responsabilidade.
Art. 4° Em situação de mobilização, conflito, estado de defesa, estado de sítio, intervenção federal e
em regimes especiais, cabem ao AMRJ as tarefas que lhe forem atribuídas pelas Normas e Diretrizes
referentes à Mobilização Marítima e as emanadas pelo ODS.
CAPÍTULO IH
Da Organização
Art. 6° O AMRJ tem como titular um Diretor (AMRJ-OI), auxiliado por um Vice-Diretor (AMRJ-02)
e compreende cinco Superintendências e Gerências de Programas, a saber:
CAPÍTULO IV
Art. 8° Ao Gabinete compete auxiliar o Diretor nas suas atividades de representação funcional e
pessoal, bem como conduzir as atividades de relações públicas.
Parágrafo único - Para o exercício de suas atribuições as Superintendências são constituídas por
Departamentos, Divisões, Unidades de Obtenção, Seções e Setores ou Oficinas.
III - administrar e executar a manutenção dos Sistemas de Propulsão Naval, Geração de Energia,
Estrutura Naval e Controle de Avarias das unidades de superficie e submarinos;
Art. 18 Às Coordenadorias compete a tarefa básica de coordenar as atividades, nas suas respectivas
áreas de
responsabilidade, visando a otimização no emprego dos recursos disponíveis e a padronização de
soluções.
CAPÍTULO V
Do Pessoal
V - militares, dos diversos Corpos e Quadros, e servidores civis distribuídos pelo Setor de Distribuição
de Pessoal (SDP), com base na Tabela de Lotação (TL); e
IV - militares e servidores civis não constantes da TL, admitidos de acordo com legislação específica.
Parágrafo único - O Regimento Interno preverá as funções que terão seus ocupantes propostos para o
grupo de "Direção e Assessoramento Superior" (DAS) e para "Funções Gratificadas" (FG).
CAPÍTULO VI
Art. 21 O Diretor do AMRJ aprovará, no prazo de noventa dias, o Regimento Interno, que apresen\aJ:á
O detafbamento deste
Regulamento.
Almirante-de-Esquadra
Diretor-Geral do Material da Marinha
Capitão-de-Corveta
Assistente
DIRETOR
AMRJ-01
GER~NCIADE
I I
GER. REP. NAV. AER. E
I
GE~NCIADE
I
GE~NCIADE GE~NCIA DE REP. E
-+
I
GE~NCIADE
J n
GE~NCIADE
ADJUNTO PI
CONTRATOS
AMRJ-G7A
I I
GE~NCIADE
I
GE~NCIADE
REPAROS DE
FRAGATAS
DOS DEMAIS NAVIOS
COM PROP. VAPOR
REPAROS DE
NAVIOS AUXILIARES
REPAROS DE
SUBMARINOS f-j ADJUNTO
OBRAS COMPLEMEN-
TARES DE OM E EMB
ADJ. PREÇOS E~
CONTRATAÇOES
CONSTRUÇÃO DE
NAVIOS DE SUPERFICIE
-i ADJUNTO I CONSTRUÇÃO DE
SUBMARINOS
y,ADJUNTO DE EI
REPAROS DE NAVIOS
ESPECIAIS
REPAROS DE
CORVETAS
AMRJ-G1 AMRJ-G2 AMRJ-G3 AMRJ-G4 AMRJ-G4A AMRJ-G5 AMRJ-G5A AMRJ-G6 AMRJ-G6A AMRJ-G7 GAR QUALIDADE AMRJ-GB AMRJ-G9
I I I AMRJ-G7B I I
...., II ADJUNTO
II I ADJUNTO
I ADJUNTO I ADJUNTOS ADJUNTO
- ESC. F. CLASSE
GREENfW.GH - ESC. DE CT, NTrT E
NOD CLASSE cEARÁ -i
DE
CONTROLE
PLANEJ. SUBMARJ.
NOS CLASSE TUPI
DE
MÁaulNAS
PLANEJAMENTO E
CONTROLE
AMRJ-G14 AMRJ-G24 AMRJ-G34 AMRJ-G44 AMRJ-G64 AMRJ-G74
GRUPOCONTR
DOCUMENTAÇÃO
TÉC. E MATERIAL
AMRJ-G67
N
N ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO
DIRETOR
AMRJ-Ol
GEReNCIADE
I I I
GER REP. NlAV. AER. E
I
GEReNCIA DE
I
GERENCIADE GEReNCIA DE REP. E
1
GEReNCIADE
I
GEReNClADE
r1 ADJUNTO PI I
CONTRATOS
AMRJ-G7A
I
GEReNCIA DE
I
GEReNCIADE
J
REPAROS DE NlAVlOS REPAROS DE
REPAROS DE DOS DEMAIS NlAVlOS REPAROS DE OBRAS COMPLEMEN- ~<ADJ. PREÇOS Esl CONSTRUÇÃO DE
~ ~
REPAROS DE ADJUNTO CONSTRUÇÃO DE
FRAGATAS COM PROP. VAPOR NlAVlOS AUXILIARES TARES DE OM E EMB CONTRATAÇÕES NlAVlOS DE SUPERFICIE ADJUNTO I ESPECIAIS CORVIETAS
SUBMARINOS SUBMARINOS
Y< ADJUNTO DE EI
AMRJ-G1 AMRJ-G2 AMRJ-G3 AMRJ-G4 AMRJ-G4A AMRJ-G5 L AMRJ-G5A J AMRJ-G6 AMRJ-G6A AMRJ-G7 GAR QUAliDADE AMRJ-G8 AMRJ-G9
I I 1 AMRJ-G7B I I
....:l I
ADJUNTO I I ADJUNTO
I
ADJUNTO I
GRUPO DE SUP. DE GRUPO DE SUP. DE GRUPO GRUPO DE
ADJUNTOS ADJUNTO I
~
GRUPO SUP. REP. 3' GRUPO SUP_ REP. GR SUP_ REP_ DE 2' AMRJ-G41 AMRJ-G51 AMRJ-G61 AMRJ-G71 GRUPO GRUPO DE SUP. DE
DE REPAROS DE 3'
r--
ESC_ F. ClASSE
NITERÓi ~
NlAVlOS
AERÓDROMO
- E 3' ESCAlÕES DE
NlAVlOS 00 GruNHO SUPERVISÃO ESCAlÃO
AMRJ-G11 AMRJ-G31 AMRJ-G81 AMRJ-G91
GRUPO DE SUP. DE GRUPO DE SUPERV GRUPO DE GRUPO DE
SUBMARINOS DE OBRAS COMPLE- ESTRUTURA E MÁQUINIAS
CLASSE HUMAlTA MENTARES ACABAMENTO E REDES
GRUPO SUP. REP. 2' GRUPO SUP. REP. 3' GR SUP. REP. 2' E
- ESC. F. ClASSE
NITERÓi I-
ESC. DE CONTRA-
TORPEDEIROS
- 3' ESC. NlAV Fol'3up
~ceto Nav.Pr.Vapor)
AMRJ-G42 AMRJ-G52 AMRJ-G62 AMRJ-G72 GRUPO DE
COORDENlAÇÃO DE
GRUPO DE SUP.DE
REPAROS DE 2'
AMRJ-G32 PlANEJAMENTO ESCAlÃO
AMRJ-G12 AMRJ-G22
AMRJ-G82 AMRJ-G92
GRUPO GRUPO GRUPO DE GRUPO DE
GRUPO GRUPO SUP. REP. 1"r';~s~U~~bf DE
CONTROLE
DE
CONTROLE
ELETRICIDADE E
ELETRONICA
ElETRICIDADE E
ELETRONICA
DE
"1 CONTROLE
3' ESC. NTrT E NDD
~ CLASSE cEARA - ComForMinVar, FOR.
DISTR. E ComforSub AMRJ-G43 AMRJ-G53 AMRJ-G83 AMRJ-G73 GRUPO DE
AMRJ-G13 AMRJ-G23 AMRJ-G33 PlANEJAMENTO
E CONTROLE
AMRJ-G93
GRUPO SUP. REP. 3' GRUPO SUP. REP. 2' GRUPO GRUPO DE COORO_ GRUPO GRUPO DE
f-
'-
ESC. F. ClASSE
GREENHAlGH
ESC. DE CT, NTrT E
NDD CLASSE cEARA - DE
CONTROLE
PlANEJ. SUBMARI-
NOS ClASSE TUPI
DE
MÁaulNIAS
PlANEJAMENTO E
CONTROLE
AMRJ-G14 AMRJ-G24 AMRJ-G34 AMRJ-G44 AMRJ-G64 AMRJ-G74
U GRUPO CONTR
~~:U_,,!E~~!~O
I
123
ANEXOM
SUPERINTENDÊNCIA
FINANCEIRA
AMRJ-10
NÚCLEO DE
DESENVOLVIMENTO
E SISTEMATIZAÇÃO
DE PROCESSOS
AMRJ-101
I I
DEPTo DE PLANEJ. DEPARTAMENTO
E CONTROLE DE CONTROLE
ORÇAMENTÁRIO FINANCEIRO
AMRJ-11 AMRJ-12
DIVISÃO DE DIVISÃO DE
PLANEJAMENTO PROCESSAMENTO DE
r---- ORÇAMENTÁRIO r----
PAGT" DE PESSOAL
AMRJ-111 AMRJ-121
DIVISÃO DE
INFORMAÇÕES DIVISÃO DE
r---- GERENCIAIS E r---- TESOURARIA
ESTATíSTICAS
AMRJ-112 AMRJ-122
DIVISÃO DE
DIVISÃO DE EXECUÇÃO
'---- '----
CONTABILIDADE FINANCEIRA
AMRJ-113 AMRJ-123
-- 124
ANEXON
-
- ORGANOGRAMA DO DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO
--
DEPARTAMENTO
DA
PRoouçAo
- ADJUNTO
AMRJ.24
INLQEO DE 9JpER~SÃO
E II'l'ORMAÇéES
I
INTEGRmAS
AMlJ.24A AMlJ.,248
I I I I J I I I
DIVISÃO DE OFICINf\S
ESTRL!TURNS
DI~SÃO DE OFIOIO%
MECANCA
I DIVISA0 DE OFICINAS
DE EL8RICIDACE E
CONTROLES
OIV1SÃO DE OFIOO%
DE TUfJJLAÇÓES
I DIVISÃO DE OFICINAS
DE SERViÇO:; DE
ESTAlEIRO
DIVISÃO DE OFiCiNAS
DE PLÁSTIOOS E
MftDEIRAS
DIVISÃO DE OF IClNAS
DE MOTORES
OI~SAODEOFICIO%J
DE COi'STRUÇAO DE
SlBMAAINO
AlfiJ.241 AlRJ.m At.ItJ.243 AMU244 AMU2·" AlRJ.2I1 AIoRJ-248 AIoR>2<9
SEÇAODE
F_ICAÇAoDE
ESTRUTURAS
~
SEÇÃOOE
USINAG:M E
AlJSTAGEM
SEÇÃO DE
MAQUINAS ELÉTRICAS
~
SEÇÃOOE
TL8UlAçOES
SEÇÃOOE
OOCACEM E ENCAJJ-E
~
SEÇAODE
PLASTICO
REFORÇADO
I
'-i
SEÇÃO DE
INSPEçAO
H ~o~
MCNTAG:M E SOlDAGEM
DE ESTRUTlRAS
H
AlRJ.2481 AIoR>2<91
-- ~
SEÇÃO DE
MCNTAGEMDE
ESTRUTURAS
AMU2412
SEÇAOOE
MECÂNICA NAVPL
AlRJ.2<22
H
SEÇÃO DE
Ca-rrROLES
MftJ.2432
r
SEÇÃO DE
TRATAMENTO
QUíMICü
AMU-_
~ SEÇAOOE
SERViçoS
COMPLEMENTARES
AlRJ.2462
H
SEÇÃO DE
MAACENARIA
AMU-2472
SEÇAODE
MOTORES CE
COMBLSTÃO INlCRNA.
AlRJ.2482
~ SEÇÃO DE
F.48RICAÇÃO E
MCNTAGEM DE REDES
AMU-2492
-- H
SEÇÃOOE
SQOA
MRJ-2413
~
SEÇÃOOE
SERViçoS CERAlS
MRJ.2423
sEÇÃo~
INSTAlAÇÓESE REPAROS
ELfTRIillS N'lVAJS
AIoR>2<33
~
SEÇÃO DE
SffiVIÇOS CERAIS
AMU-2443
~
SEÇAOOE
GUINDASTES
AMU-2<63
~
SEÇAODE
SERViçoS CERAlS
AlRJ.2473
H
SEÇAODE
ACfssrnlOS
DE MOTORES
AMU-2483
I~
SEÇAODE
INSTALAçAo
ELETRK:A
MRJ.>493
I
-- H
SEÇÃO DE
ACABAMENTO
MRJ.2<U
H
SEÇÀODE
HICRÁUICAE
Pf\EUMÁTlCA
AARJ.24~
~
SEÇÀODE
PROVAS
Af.RJ-2434
~ ,SEÇÃO ~ C())R~NAç\O
DE PROCESffiS E
PROGR.oWrAçi,o Cf OERAS
AIoR>2....
~
SEÇÃO DE
SERViçoS G'RAJS
AMU-2484
~:EÇÃODE ~PRca:sros
COOR~NAç\O
E
PROGRAMAçAO Cf QffiAS
AMO.l-2<19
H
SEÇÃO DE
COMPRESSORES E
REFRI~ÀO
ANRJ.2484
~
SEÇÃO DE
MCNTAGEM
MECÂNICA
AIoR>2....
-- H
SEçAODE
CNDEIRAS
AARJ..2415
H
SEÇÃO DE
METN...LRGICA
AMU-2<25
~ sEÇAODE
SERVIÇüS
COMPLEMENTARES
Ar.RJ..24l)
~
SEÇÃO DE
TRATAMENTO E
PINrURA
AMU.2485
~
SEÇAo DE
SffiVIÇüS CERAlS
AlRJ.2485
~
sEÇAo DE
SERVIÇüS CI:RAlS
MRJ.>495
-- ~.
SEÇÃOOE
SERViçoS CERAlS
AMU2418
Y:EÇÃO oc C())R~NAç\O
DE PROCES9)S E
PROGRAMAÇÁO Cf OERAS
AMlJ.2.42ll
H SEÇAo DE
MCNTAGEM
AIRJ.2<'"
I H SEÇÃO DE
DIOJES FLUfU.ANTES
At.RJ..2466
SEÇÃo Cf CCúRCENAÇÃO
DE PRCCESSOS E
PROGRM1AÇÃQ CE GERAS
AIRJ.2<19
L-.i
sEÇÃo Cf COORCENAÇÃ.O
PRo~~~Scims
AMU-2<89
-- H
SEÇÃO DE
ESTRUTURAS
ESPECIAIS
At..fU.2417
4SEÇÃO ~ COOR~NAç\O
DEPROCES9JSE
PROGRAMAo\O Cf DERAS
At.RJ.24lJ
~:EÇÃO ~ COOR~NAç\O
DE PROCES9J8 E
PROGRAMAÇÁO Cf OERAS
MRJ.2469
-- Y :EÇÃO ~ C())R~",ç\O
DE PROCESOOS E
PROGRAMAÇÃ.O Cf OERAS
AllR.l-2419
--
--
--
-
-