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TEOLOGIA
PASTORAL
Psicologia da Religião - 2
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA DA RELIGIÃO ........................................................ 3
2- PSICOLOGIA, RELIGIÃO E CRISTIANISMO........................................................... 3
3- SÍMBOLO ............................................................................................................ 5
3.1. DIFERENCIANDO SIGNO, SINAL E SÍMBOLO...................................................................5
4- DEUS .................................................................................................................. 6
5- O CRISTIANISMO ................................................................................................ 7
6- AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO RELIGIOSO ...................................................... 8
6.1. VIVÊNCIA DA REVELAÇÃO ..........................................................................................8
7- CONCLUSÃO ..................................................................................................... 13
1 - INTRODUÇÃO A
PSICOLOGIA DA RELIGIÃO
A Psicologia, como área da ciência vem se desenvolvendo na história desde
1875, quando Wilhelm Wundt (1832-1926) criou o primeiro Laboratório de
Experimentos em Psicofisiologia, em Leipzig, na Alemanha. Esse marco histórico
significou o desligamento das idéias psicológicas de idéias abstratas e espirituais
que defendiam a existência de uma alma nos homens, a qual seria a sede da vida
psíquica. A partir daí, a história da Psicologia é de fortalecimento de seu vínculo
com os princípios e métodos científicos. A idéia de um homem autônomo, capaz de
se responsabilizar pelo seu próprio desenvolvimento e pela sua vida, também vai se
fortalecendo a partir desse momento.
Hoje, a Psicologia ainda não consegue explicar muitas coisas sobre o homem,
pois é uma área da Ciência relativamente nova (com pouco mais de cem anos). Além
disso, sabe-se que a Ciência não esgotará o que há para se conhecer, pois a
realidade está em permanente movimento e novas perguntas surgem a cada dia, o
homem está em movimento e em transformação contínua, colocando também novas
perguntas para a Psicologia.
A psicologia da religião é um tema bastante abrangente e complexo, pois trata
de questões relacionadas ao que há de mais íntimo no ser humano, sua vida
psíquica e sua fé ou religiosidade. São questões muitas vezes difíceis de serem
comprovadas cientificamente, a não ser pela observação de seus efeitos revelados
no comportamento das pessoas. A psicologia da religião se interessa pelo estudo
das funções psíquicas que intervêm na vida psíquica religiosa, como o sentimento, o
desejo, à vontade, o pensamento e a representação mental ou imagem, e também
pelos modos unitários de funcionamento das vivências religiosas e a atitude diante
do sagrado, tal como aparecem em múltiplas formas da atividade religiosa.
A psicologia da religião é uma ciência relativamente jovem. O seu tema central
é a vivência religiosa, suas causas e seus efeitos. Trata-se de um estudo
fenomenológico, levando em consideração as diversas manifestações de
religiosidade. Utiliza-se de exemplos bíblicos para explicar diversas situações, pois
existem profundas observações sobre a vida religiosa interior no Livro Sagrado;
temas de psicologia religiosa podem ser dali extraído. Entretanto, apenas
recentemente a investigação da vida interior religiosa tem sido feita de forma
metódica, baseando-se na observação empírica.
2 - PSICOLOGIA, RELIGIÃO E
CRISTIANISMO
O que é a verdade? “Quid est veritas”? Todas as filosofias têm procurado a
resposta a esta pergunta fundamental para a religiosidade humana. As pessoas têm
apresentado a sua verdade em contraposição àquilo que consideram falsidade; cada
uma possui a sua verdade em matéria de religião. Por isso se diz que religião não se
discute. A alternativa verdade-falsidade é uma das medidas mais primordiais e da
qual o ser humano não pode prescindir nem tampouco a consegue definir.
Outro conceito difícil de definir, mas que importa para a discussão da
religiosidade, é a realidade. O que é real? O que é ilusório? As descobertas
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Psicologia da Religião - 4
científicas têm trazido a lume algumas realidades. Entretanto, quando são feitas
novas descobertas, aquelas já se consideram apenas aparências e não realidade.
Hoje não existem respostas científicas absolutas, pois os cientistas sempre estão
descobrindo novas realidades.
Os psicólogos, por sua vez, confrontam-se com outro problema: subjetividade
ou objetividade? Subjetivo seria aquilo que é diretamente vivido e que está, de certo
modo, confinado à própria pessoa. Objetivo seria tudo aquilo que pode ser
comprovado e observado também por outras pessoas. Nem sempre os fatos
objetivos interferem do mesmo modo na vida das pessoas, pois cada uma reage de
certa forma aos mesmos fatos; daí o subjetivo. Em matéria de percepção, todos
concordam que varia conforme a luminosidade, as substâncias, o ângulo da
observação, de modo que cada pessoa pode perceber a realidade de determinada
forma.
Por isso, a Psicologia se limita a estabelecer em que condições e de acordo com
que relações ocorrem um determinado fato psíquico, mas não pode estabelecer se
tal fato ocorre ou não realmente: a percepção do movimento ou da causalidade pode
ocorrer com movimentos e relações causais tanto reais quanto aparentes. Um
sonho se distingue da realidade, mas apenas quando estamos acordados, pois
quando estamos dormindo, o sonho parece realidade.
O comportamento emotivo é muito importante para valorizarmos uma
situação, pois podemos nos comportar levados pelos sentimentos e não pela
realidade em si. Jung afirmou que a realidade é tudo aquilo que atua: “es ist
wirklich, was wirkt”. O que está carregado de significado emotivo isso é o real. Daí,
o psicólogo não poder afirmar se há ou não uma realidade distinta da realidade
psíquica; ele se limita a estabelecer como se constrói o real na realidade psíquica.
Isso marca os limites das possibilidades do psicólogo como estudioso dos fatos
psíquicos.
Para a Psicologia, todos os fatos religiosos são explicáveis em termos
psicológicos e na concatenação psicológica deles não há lacunas que exijam outras
causas além das psicológicas. Essa afirmativa acaba excluindo a possibilidade de
causas extra-psicológicas ou extra-subjetivas. A religião, neste caso, apenas
expressa necessidades humanas. Entretanto, a religião não é apenas uma realidade
subjetiva; é uma instituição social. Além disso, no ato religioso se estabelece a
comunicação com algo ou alguém que está fora do sujeito.
A experiência religiosa é vivenciada como ação de algo estranho, que a pessoa
admira e com o qual trata de estabelecer comunicação. Não se trata de objetos aos
quais se dirijam atos psíquicos ou tendências, e sim de um objeto distinto daqueles
aos quais se dirigem atos ou tendências, que se apresenta como o fundamento de
todos os objetos, ao qual não pode escapar nem mesmo o sujeito. Na religião há
indicações que não devem ser subestimadas:
• Sua exigência de dirigir-se a algo real, independente e não fantástico,
fictício;
• A nota de presença de algo nitidamente distinto da experiência comum;
• A posição receptiva, não ativa, diante desse algo operante;
• O esforço de comunicar-se com ele e de compreendê-lo racionalmente;
• A relação com o mistério, imediata, misteriosa, regozijante, terrível, para
alguns, e imperceptível, doce e persuasiva, para outros.
3 - SÍMBOLO
A realidade que nos circunda está intimamente ligada ao símbolo.
Conhecemos determinada fruta e a denominamos de maçã, que é um símbolo para
aquela fruta. A palavra é o representante do objeto; não preciso do objeto para
referir-me ao mesmo, pois existe uma palavra, um símbolo que o representa.
Quanto nos referimos à altura, profundidade, luz, indicamos condições que não
existem isoladamente, mas sim em relação aos objetos; são qualidades abstratas.
Essas qualidades abstratas também podem ser atribuídas a pessoas.
4 - DEUS
Foi Deus quem criou o homem à sua imagem e semelhança ou foi o ser
humano quem criou Deus à sua própria imagem? O que o ser humano denomina
Deus apresenta simbolicamente características tipicamente humanas. As diferentes
concepções de Deus nas diversas religiões, bem como dentro de uma mesma
religião, demonstram que Deus é uma elaboração, uma projeção da atividade
psíquica do ser humano, que se mantém e transmite pela tradição. À primeira vista,
parece que o psicólogo e o teólogo se tornam antagônicos. Entretanto, o psicólogo
não nega a divindade, mas alerta o ser humano para que não se perca na multidão
de deuses que tem criado. Neste sentido o teólogo é um aliado do psicólogo, pois
também rejeita todas as projeções, sublimações, criações dos sonhos, dos temores,
dos desejos; rejeita todos os deuses inventados pelas necessidades humanas. A
inteligência humana incentiva o ser humano a buscar o Ser Último, Supremo.
Para o teólogo, Deus é diferente do que pensamos acerca dele; quando
acreditamos que o definimos completa e seguramente, ou que estabelecemos um
princípio universal e absoluto, justamente não é dEle que falamos, mas de nossa
pobre imaginação de um Ser que sempre nos transcende e acerca de quem nossas
definições e símbolos são inadequados. Deus corre o perigo de converter-se em
ídolo. Por isso, existe a exortação na tradição judaico-cristã: "Eu sou o Senhor
Deus; não terás outros deuses diante de mim".
Uma das afirmações religiosas mais discutidas pelos cientistas é a do Deus
pessoal. Por que se fala de um Deus pessoal? Justamente para acentuar seu
caráter de superioridade como "pessoa". "Deus pessoal" quer dizer que é pessoa
5 - O CRISTIANISMO
O Cristianismo é uma religião institucional, que se apresenta como religião
revelada por Deus, com todas as exigências de verdade, realidade, mistério,
incondicionalidade, que são próprias de Deus. Seus começos históricos remontam à
fé de um pequeno povo nômade num Ser único, o Deus verdadeiro, em sua
majestade inacessível, mas inexoravelmente presente nos incidentes e na história
dos seres humanos. Segundo a história bíblica, a afirmação de um Deus único e
soberano é contínua e categórica, diante da proliferação de divindades. O
monoteísmo bíblico é diferente do monoteísmo greco-romano; este é proveniente da
admissão de um poder soberano, misterioso, acima dos deuses singulares. Essa
afirmação continuará no Judaísmo e no Islamismo. O Cristianismo afirma ser a
continuação da revelação do Deus único, do Deus dos patriarcas, de Moisés e dos
profetas, que culmina na revelação plena, na Encarnação, em Jesus, Deus e
homem. Jesus, com sua doutrina e vida, é Deus invisível feito homem. O mistério
de Deus se acentua com esta comunicação à humanidade, pois, se nos permite
aproximarmos dEle, não nos consente compreendê-lo. A comunicação de Deus à
humanidade continua com a constituição de uma comunidade íntima entre os
crentes: a Igreja.
A história bíblica é a história da revelação de Deus, que não se compara a um
tratado científico, filosófico ou histórico. Entretanto, a Igreja defende o valor da
razão, capacidade mais elevada do ser humano que lhe permite conhecer Deus. A
Bíblia não se assemelha aos mitos e utopias de outras religiões, pois apresenta toda
realidade da raça humana, com seus altos e baixos, suas capacidades, qualidades e
seus defeitos. Do Gênesis ao Apocalipse, aparece um simbolismo insistente e
hermético, muitas vezes difícil de ser compreendido; entretanto, sempre demonstra
a luta entre o bem e o mal, sob a soberania de Deus Redentor, triunfando
definitivamente o bem.
O Cristianismo apresenta uma doutrina e uma conduta, com uma ordem
imutável: Deus criador e criatura "feita à imagem e semelhança de Deus", com
capacidade de compreender e de reger-se a si mesma, de forma autônoma. O
conhecimento e a liberdade são as qualidades divinas do ser humano, que
justamente lhe conferem a autonomia de adorar a Deus ou de rebelar-se contra Ele.
Entretanto, assim como Deus criou o ser humano, no princípio, criou-o novamente
em Jesus Cristo, fazendo-o filho, à imagem e semelhança de seu Filho Jesus. O
Cristianismo anuncia, pois, um humanismo pleno, íntimo e perfeito.
A redenção possibilita a aproximação e a comunicação, a comunhão com Deus
(1 Jo 4.10-13). Em sua missão carismática, a Igreja transmite o dom de Deus, a
graça, que é comunhão com Deus e comunhão dos cristãos. Convencido de que a
Igreja agrupa os crentes e os filhos de Deus, o cristão deve olhar com respeito às
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Psicologia da Religião - 8
outras religiões, nas quais admira a aspiração comum para Deus, que se manifesta
ali de forma desordenada, caótica e contraditória. A Igreja está cheia de
imperfeições; não obstante, está caminhando e procurando a plenitude perfeita.
6 - AQUISIÇÃO DO
CONHECIMENTO
RELIGIOSO
No conjunto da vida psíquica, os modos vivenciais, diferenciados
conceitualmente das funções da percepção sensorial, da representação mental, do
pensamento, do sentimento, do impulso e da vontade, correspondem a qualidades
nucleares simples, que não podem referir-se a outra qualidade vivencial. Para as
ações da vontade, isto somente é certo com respeito à sua direção ao objetivo, e não
a respeito da atualização, mais ou menos ampla, das possibilidades funcionais psí-
quicas, provocadas por esta orientação. Por isso, é necessário estudar as formas de
aquisição de conhecimento complexas, as mais importantes para a psicologia da
religião, por seu papel na formação da esfera de representações e convicções
religiosas.
Estas formas são as seguintes: apropriação psíquica, relações de
comportamento com o ambiente, experiência e vivência da revelação.
7 - CONCLUSÃO
A psicologia da religião trata das questões íntimas que ocorrem na vida
religiosa da pessoa. Isto não quer dizer que não se preocupe, também, com os
relacionamentos interpessoais, pois não há pessoa normal que viva completamente
isolada dos outros e esse contato traz suas vantagens e desvantagens para cada
uma. No primeiro tópico, então, foram tratados os temas da psicologia da religião
como o símbolo, Deus e religião, destacando-se o Cristianismo. Abordaram-se as
implicações do subjetivo e do objetivo, da percepção religiosa, da relação entre
psicólogo e teólogo, da importância da religião na vida da pessoa. Finalizando,
foram feitas pinceladas na história bíblica e na redenção oferecida por Deus,
através de Jesus Cristo, enfatizando seu significado para a psique da pessoa.
O tópico segundo versou sobre a aquisição do conhecimento religioso em suas
formas mais complexas, como: apropriação psíquica, relações de comportamento,
experiência e vivência de revelação. Aprendemos que há fatores que prejudicam e
fatores que favorecem a apropriação psíquica do conteúdo religioso. Destacamos
alguns aspectos: o relacionamento da pessoa com o ambiente pode ser objetivo e
pessoal; influencia nas opiniões e nas formas de conduta; o meio pode ser corretivo
sobre o conjunto do pensamento religioso e pode atuar sobre o convencimento ou
firmeza da crença; a experiência religiosa supera as demais, pois inclui o contato
com Deus e com a realidade psíquica interior; o mundo vivencial e o religioso são
correspondentes entre si; os não crentes são mais influenciáveis religiosamente por
vivências perturbadoras que pelas favoráveis. Foram mencionadas as vivências de
revelação de Moisés (sarça ardente), Paulo (caminho de Damasco), Jacó (escada no
sonho) e Jesus (batismo).