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SAE: uma abordagem com pacientes em


tratamento de dependência química
ENFERMAGEM
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: UMA
ABORDAGEM À PACIENTES EM TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA
QUÍMICA.

1 INTRODUÇÃO
O uso de drogas é um fenômeno bastante antigo e encontra-se em continuo processo de
adesão. Nos primórdios seu uso era justificado em rituais e seitas, hoje infelizmente, é
utilizado como escapatória de enfrentamento da realidade, como método de diversão,
prazer. O uso e abuso de substâncias traz uma série de prejuízos incluindo os sociais e
de saúde constituindo-se como um problema de saúde publica, em contraste há
precariedade das iniciativas que se pretendem situar no campo da prevenção.
(CAMPOS; SOARES, 2004).

Alguns estudos realizados no ano de 1998 no Brasil evidenciaram a precariedade dos


conhecimentos sobre drogas e dependência química, adquiridos pelos alunos dos cursos
de graduação em enfermagem. (CAMPOS; SOARES, 2004).

Para que se possa estabelecer a sistematização da assistência de enfermagem é de vital


importância que o enfermeiro abandone muitos pressupostos teórico-práticos do modelo
biomédico, eliminando os preconceitos antigos e permitindo-se um modelo mais
arrojado, que lhe permita a visualização de seus esforços, como estratégias para planejar
o cuidado individualizado ao paciente da unidade de saúde mental (TOLEDO, 2004).

A elaboração da sistematização da assistência de enfermagem é uma forma que o


enfermeiro pode aplicar seus conhecimentos técnico-científicos buscando assistir o
paciente, além de, contribuir e definir seu papel na prática profissional. Ressalta-se que
não existe apenas um modelo a ser seguido para planejar os cuidados da enfermagem no
tratamento para dependência química, necessitando adaptações de acordo com o perfil
do paciente. (PILLON; LUIS, 2004).

O enfermeiro como agente de mudança deve compreender o processo de comunicação


demonstrando atitudes de sensibilidade, aceitação e empatia com o paciente com o
propósito de decodificar informações que por medo do desconhecido, utilização de
recursos dispensados em suas terapias, procedimentos invasivos, linguagem técnica e
rebuscada, apreensão de estar em um ambiente estranho, preocupação com sua
integridade física, acabam por ficarem ocultas. (SÁ, 2001).

Os pacientes necessitarão de tempo extra e atenção especial, de aceitação de seu


comportamento sem criticas ou punições e de elogios e incentivos sinceros. O
profissional de enfermagem não deve permitir que ele fira outras pessoas, favorecendo
um ambiente que acalme seu comportamento mais destrutivo. (ANTHIKAD, 2005).

Um processo de enfermagem bem elaborado além da identificação dos diagnósticos,


permite estabelecer fortes vínculos terapêuticos entre o profissional e o paciente, o que
irá favorecer na evolução da terapêutica.2 METODOLOGIA
O estudo foi descritivo, exploratório, de abordagem qualitativa, objetivando
Sistematizar a Assistência de Enfermagem à pacientes em fase de tratamento de
dependência química, identificando as necessidades apresentadas pelos internos,
estabelecendo os diagnósticos e prescrevendo os cuidados de enfermagem que
contribuam para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

O cenário para realização da pesquisa foi a unidade de internação psiquiátrica do


Hospital Nossa Senhora Auxiliadora de Iraí - RS. A população para o estudo foram 10
dependentes químicos em tratamento (álcool e outras drogas), internados na Unidade de
Psiquiatria do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora no município de Iraí/RS no período
de Junho a Agosto de 2011. Os pacientes se encontravam em boas condições psíquicas a
responderem as questões.

No critério idade optou-se por maiores de 18 anos de idade e que concordaram com a
participação na pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.
Foram convidados e participaram do estudo todos os pacientes que se enquadravam nos
critérios anteriores sendo excluídos os indivíduos que não se adequaram aos critérios
estabelecidos para a seleção e/ou não concordaram com os métodos estabelecidos para a
realização do estudo.

Através de visitas realizadas ao Serviço de Psiquiatria do Hospital Nossa Senhora


Auxiliadora, convidou-se os indivíduos no grande grupo para participar do estudo,
posteriormente, os que demonstraram interesse foram encaminhados individualmente a
um consultório de enfermagem com os quais procedeu-se a leitura e explicação do
termo de consentimento livre e esclarecido e após a assinatura realizou-se consulta de
enfermagem segundo modelo proposto por Wanda Horta.

O presente estudo foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com
Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina, recebendo aprovação no
dia 02 de junho de 2011 sob o número 25/2011.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A leitura e a interpretação do conteúdo das entrevistas transcritas, bem como a
observação criteriosa realizada durante as mesmas, possibilitou que realizássemos a
interpretação dos depoimentos dos sujeitos entrevistados de acordo com o referencial
teórico adequado para fundamentá-los.

As entrevistas tiveram duração de aproximadamente 20 a 40 minutos cada paciente e


possibilitaram reconhecer o perfil dos internos, os quais: 10 pacientes entrevistados
eram do sexo masculino, com idades entre 19 e 48 anos, oito brancos e dois negros.
Quanto a situação conjugal três pacientes eram casados, dois eram separados e cinco
solteiros, cinco pacientes possuem filhos. (dois pacientes com um filho, dois pacientes
com quatro filhos e um paciente com dois filhos).
Os sujeitos da amostra eram brasileiros, residentes no Rio Grande do Sul, todos
desconhecem alergias, referem estarem com as vacinações em dia, todos os pacientes
entrevistados faziam uso apenas dos medicamentos disponibilizados pela clinica. Ao
exame físico todos os pacientes encontravam-se normotensos, normotérmicos,
eupnéicos, normocárdicos. Ao efetuar medidas antropométricas obteve-se normalidade
em todos os Índices de Massa Corporal (IMC). Quanto a identificação dos diagnósticos,
na fase de exploração do material surgiram nove diagnósticos de enfermagem segundo
Wanda Horta. Assim, passamos a identificar as necessidades humanas básicas alteradas,
os diagnósticos (problemas) e prescrever os cuidados necessários à continuidade do
tratamento da dependência química.PROBLEMA NECESSIDADE HUMANA
BÁSICA AFETADA GRAU DE DEPENDÊNCIA
4.1 Falta de conhecimento sobre controle construtivo do estresse. Aprendizagem
(educação à saúde) Parcial Identificou-se este diagnostico através das falas dos
entrevistados:
[...] Espero parar de beber, aprender formas para parar de beber [...] (Álcool 01)
[...] Eu quero me recuperar. Me internei de propósito [...] (Cocaína 02)
[...]Eu espero melhorar o que eu puder. Em fazer força para ser curado.[...] (Álcool 05)

Com isso, nota-se que os indivíduos em questão buscam, ativamente, formas de alterar
seus hábitos e/ou seu ambiente visando a atingir um nível mais elevado de saúde, no
caso, as mudanças do habito de ingerir/usar bebidas alcoólicas e/ou drogas. (FARIAS,
1990).

Todos os pacientes entrevistados tem uma perspectiva promissora em relação ao


tratamento, mas pode-se perceber que há o medo da recidiva se não houver o
policiamento dos hábitos pós internação como refere Álcool 04.

Para que o paciente consiga manter padrões desejáveis de busca de saúde é importante
que ele consiga obter o máximo de informações sobre seu estado de saúde e que, através
da internação possa vivenciar os comportamentos adequados e aprender a manter o auto
controle de seu estresse, para que, pós internação possa colocá-los em prática.

Prescrições de Enfermagem:
- Determinar o conhecimento ou a percepção da pessoa ou da família sobre a sua
situação de saúde;
- Discutir técnicas de relaxamento;
- Discutir estratégias para o desenvolvimento de redes sociais positivas;
- Estimular os pontos fortes do cliente, potencializando suas escolhas e seu autocontrole
e sempre demonstrar respeito por suas ações.
- Ouvir, refletir e conversar para esclarecer os padrões de comportamento atuais do
cliente e as metas desejadas.

PROBLEMA NECESSIDADE HUMANA BÁSICA AFETADA GRAU DE


DEPENDÊNCIA
4.2 Estilo de vida sedentário - Exercício e atividades físicas - Parcial
A internação reduz significativamente o espaço físico adequado à pratica de caminhadas
ou exercícios físicos, nota-se isso através das falas dos pacientes: [...] Aqui não tem
exercícios e atividades físicas, só futebol, acho necessário uma sala de ginástica,
oficinas, agricultura, colocar nós pra carpi, sei lá, eu vou varrer pátio, porque acredito
que ajuda. Deveriam usar isso para aprender né, mas eles dizem que tem empregadas
que fazem, então durmo um monte...saio daqui gordo e não aprendi nada aqui dentro, só
medicação [...] (Crack 01) [...] Exercícios e atividades físicas aqui, quase nada, só uma
caminhadinha por aqui [...] (Cocaína 01)
O individuo necessita praticar apenas trinta minutos de caminhada ou outro exercício
físico diariamente, essa atitude constitui-se como medida preventiva à ataques e
problemas do coração, controle da pressão arterial, reduz os níveis de colesterol,
controle do peso, melhora do sono, aumenta o bem estar físico e mental. O estilo de
vida sedentário causa alterações dos sistemas funcionais comprometendo o aparelho
locomotor, demais órgãos e sistemas, contribuindo para o aumento de massa corpórea e
aumentando a probabilidade de hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares.
(BRASIL, 2004).
Quanto ao resultado encontrado, percebe-se que o espaço físico da clínica não colabora
para praticas de atividades físicas que demandem de muito espaço.
Prescrições de enfermagem:
- Discutir os benefícios do exercício físico;
- Ajudar o cliente a identificar um programa realista de exercícios, o mesmo deve ser
adaptado às instalações da clínica;
- Ajudar o cliente a aumentar o interesse e a motivação, podendo ser através de palestras
motivacionais, estipulando metas;
PROBLEMA NECESSIDADE HUMANA BÁSICA AFETADA GRAU DE
DEPENDÊNCIA
4.3 Risco de quedas relacionadas ao tratamento
Segurança Parcial
[...] Os remédios me dão tonturas, só isso, fico bem tonto, tenho que me agarrar para
não cair [...] (Cocaína 01)
[...]O efeito do remédio deixa o cara meio bobo.[...] (Cocaína 02)

Alguns estudos sugerem que medicamentos bloqueadores do canal de cálcio,


benzodiazepínicos e vasodilatadores cerebrais têm demonstrado associação com um
aumento no risco para a ocorrência de quedas. O aumento no risco de quedas e fraturas
entre usuários de benzodiazepínicos tem sido atribuído a duas propriedades desses
medicamentos: atividade sedativa e bloqueio adrenérgico.

A primeira seria responsável por alterações psicomotoras, enquanto a segunda


aumentaria a probabilidade de hipotensão postural. Os agentes hipnótico-sedativos de
meia-vida longa, quando utilizados em doses clinicamente efetivas, podem causar
sedação residual durante o dia. Com isso, esses indivíduos estão mais sujeitos a
apresentar tonteiras, ataxia e confusão, levando ao risco aumentado de quedas.
(COUTINHO; SILVA, 2002).

Em relação à enfermagem, considera-se que o risco para quedas representa um


diagnóstico de enfermagem que demanda intervenções de enfermagem que visem a
diminuição ou mesmo supressão da ocorrência do fenômeno.

Prescrições de enfermagem:
- Supervisionar a pessoa durante as primeiras noites do tratamento, avaliando a questão
da segurança.
- Manter luzes acesas durante a noite;
- Instruir a pessoa a usar sapatos bem ajustados, com solado antiderrapante.
- Manter a cama em nível mais baixo durante a noite;
- Eliminar tapetes soltos;
- Evitar que o serviço de limpeza encerre excessivamente pisos;
- Providenciar barras para apoio das mãos no banheiro;
- Providenciar corrimãos nos corredores e escadas;
- Solicitar ao companheiro de quarto, se for capaz, de alertar a enfermagem em caso de
problemas.
- Estudar sistemas de alarme;

PROBLEMA NECESSIDADE HUMANA BÁSICA AFETADA GRAU DE


DEPENDÊNCIA
4.4 Atividade de recreação deficiente
Recreação Parcial
[...] A gente passa muito tempo sentado, come, deito e durmo e não pago nada. Aqui
não tem lazer cara, tem só futebol pra jogar aí [...] (Crack 01)
[...] Isso que falta um pouco, mais liberdade, muito fechado. Parece um presídio. É
muito fechado isso me deixa pressionado [...] (Crack 02)

Estado no qual o indivíduo experimenta uma diminuição na estimulação, no interesse ou


no engajamento em atividades recreativas ou de lazer (FARIAS, 1990).

Programas que estimulem o lazer, a dança, caminhada, atividades recreativas,


contribuem para que a internação seja menos traumática a estes pacientes, quando por
ventura não há uma estruturação que garanta a recreação, o paciente torna-se mais
susceptível ao estresse, ansiedade, baixa autoestima, sedentarismo, além de muitas
outras patologias de cunho psicológico. Cabe salientar que os pacientes demonstram
interesse nas atividades recreativas, porém, alegam que o serviço não oferece opções
que condizem as suas expectativas.

Ao se analisar a clínica percebe-se que o repasse de recursos financeiros é reduzido o


que influencia no recrutamento de talentos (como p.ex. terapeuta ocupacional, arte
terapeuta, etc.), porém, sugere-se criatividade da equipe para transformar o ambiente e
materiais de baixo custo em alternativas que possibilitem recreação.
Prescrições de enfermagem:
- Estimular motivação, mostrando interesse e incentivando a compartilhar sentimentos e
experiências;
- Ser criativo; variar o ambiente físico quando possível;
- Proporcionar a criação de terapias de grupos: jogos de futebol, rodas de leituras, grupo
de estudos, radio, televisão;
- Organizar uma agenda de discussões, palestras motivacionais, palestras incentivando
autocuidado.PROBLEMA NECESSIDADE HUMANA BÁSICA AFETADA
GRAU DE DEPENDÊNCIA
4.5 Sono perturbado - Sono e repouso - Parcial
 [...] Durmo bem, mas como não estou acostumado com o ambiente, acordo as 4 horas
da manhã [...] (Álcool 01). O diagnóstico de distúrbio no padrão de sono é definido
como interrupção no período do sono causando desconforto ou interferindo no estilo de
vida desejado. (FARIAS 1990).

A alteração faz referencia também a qualidade do sono que altera o funcionamento do


organismo como um todo. O padrão do sono alterado nos pacientes entrevistados parece
estar relacionado à hospitalização e, consequentemente, a uma mudança de ambiente,
além da relação com o histórico do uso/abuso de substancias.

O consumo de cigarro, álcool, café e algumas drogas lícitas ou ilícitas podem estar
associados à presença de insônia, por isso, o histórico de saúde e o exame físico são
importantes para avaliação de comorbidades, assim como, o consumo de medicações e
substâncias, por exemplo, uso de cigarro, consumo de cafeína, de álcool e de drogas de
abuso. (MINHOTO, 2010).
Prescrições de enfermagem:
- Estabelecer com a pessoa um horário para um programa de atividades diurnas.
- Limitar o tempo de sono durante o dia, se excessivo.
- Limitar a ingestão de bebidas com cafeína após o meio da tarde.

PROBLEMA NECESSIDADE HUMANA BÁSICA AFETADA GRAU DE


DEPENDÊNCIA
4.6 Ansiedade Autopercepção Parcial
O diagnóstico foi estabelecido perante observação do estado do paciente e atentando-se
aos relatos: [...] Os outros me incomodam, o cara fica mais nervoso ainda aqui na
clinica e quer brigar [...] (Álcool 03)
[...] Eu queria ir embora hoje, eu queria ir pra casa hoje. Eu não aguento mais aqui, eu
quero sair numa boa, fugir eu não quero[...] (Crack 02)

Como encontrado na literatura têm-se a ansiedade induzida pelas substancias ou pelo


seu uso/abuso e pode-se definir conforme a DSM IV como: "sintomas proeminentes de
ansiedade, considerados como sendo a consequência fisiológica direta de uma droga de
abuso, um medicamento ou exposição a uma toxina." (AMERICAN PSYCHIATRIC
ASSOCIATION, 2005).

O medo da abstinência, a sensação experimentada pelos internos sem a droga, a


experiência do confinamento, o ambiente, a preocupação com o seu estado de saúde e
com a família são sem dúvidas os fatores deflagradores da ansiedade dos pacientes
entrevistados.Prescrições de enfermagem:
- Investigar o nível de ansiedade: leve, moderado, severo, pânico;
- Proporcionar tranquilidade e conforto, permanecendo com a pessoa;
- Transmitir a sensação de compreensão empática.
- Remover a estimulação excessiva (p.ex., levar a pessoa para um local silencioso);
- Limitar o contato com os outros - clientes ou família - que também estejam ansiosos.
- Quando a ansiedade estiver diminuída, a ponto de permitir o aprendizado, auxiliar a
pessoa a reconhecer a ansiedade de forma a iniciar a resolução de problemas.
- Ensinar interruptores de ansiedade para utilizar quando situações estressantes não
podem ser evitadas, como: olhar para cima, manter controle da respiração, alterar a voz,
exercitar-se, meditar.
- Orientar e implementar medidas que diminuam a ansiedade como: musica, aroma
terapia, exercícios de relaxamento, , interrupção de pensamentos, massagem.

PROBLEMA NECESSIDADE HUMANA BÁSICA AFETADA GRAU DE


DEPENDÊNCIA
4.7 Enfrentamento ineficaz Autopercepção Parcial
[...] O tratamento é bom, mas não adianta este remédio pro cara deixar de beber não
adianta, o cara fica 30 dias sem beber, o cara bebe o dobro...eu fico 2 meses sem beber,
até mais [...] (Álcool 03)
[...] Eu fumo, só não tenho maneiras de largar agora, o cara fica mais nervoso [...]
(Álcool 03)

O paciente aprova o tratamento e considera bom, porém alega que o remédio faz efeito
até não entrar em contato novamente com o álcool, afirmação que comprova as altas
taxas de recidivas no tratamento da dependência química.

Quanto ao habito de fumar, o paciente assume o vicio, mas se nega a parar, justificando
que os problemas de sua vida e a internação pelo alcoolismo o deixam nervoso e este
habito serve como uma alternativa de diminuir o estresse.

Prescrições de enfermagem:
- Investigar o atual estado de enfrentamento do indivíduo.
- Determinar o surgimento dos sentimentos e sintomas e sua correlação com eventos e
mudanças de vida.
- Investigar a capacidade de relatar os fatos.
- Ouvir atentamente e observar a expressão facial, os gestos, o contato visual, o
posicionamento do corpo, o tom e a intensidade da voz.
- Determinar o risco de o cliente infligir-se lesões e intervir apropriadamente
- Oferecer apoio à medida que a pessoa fala.
- Quando a pessoa está pessimista, tentar proporcionar uma perspectiva realista e mais
esperançosa.
- Promover palestra sobre o tabaco, seus riscos, possibilitando o contato com imagens
impactantes dos problemas causados pelo uso de tabaco.- Não discutir ou tomar-se
defensivo.
- Enfocar o que pode ser feito e não o que deixou de ser feito.
- Oferecer opções para aumentar a sensação de controle.
- Encorajar a auto avaliação do próprio comportamento.
- Auxiliar a pessoa a solucionar os problemas de maneira construtiva.
- Discutir as alternativas possíveis (isto é, conversar sobre o problema com as pessoas
conhecidas, tentar modificar a situação ou não fazer nada e aceitar as consequências).
- Ajudar o indivíduo a identificar os problemas que não podem ser controlados
diretamente e auxiliá-lo a praticar atividades redutoras de estresse (p. ex., programa de
exercícios, ioga).
- Ensinar técnicas de relaxamento; enfatizar a importância de destinar 15 a 20 minutos
diários para praticar o relaxamento.
- Descobrir meios que fortaleçam os sentimentos de aquisição pessoal e de autoestima.
- Estabelecer uma rede de pessoas que compreendam a situação como conversa com ex
fumantes;
- Encaminhar para consulta com outros profissionais, enfermeira psiquiátrica, psicólogo,
psiquiatra, assistente social.
- Incentivar o autocuidado para após a alta: referentes as medicações como: horários,
custo, abuso, efeitos colaterais; Aumento da ansiedade; Problemas de sono; Problemas
alimentares: disponibilidade, diminuição do apetite; Incapacidade para estruturar o
tempo; Conflito com a família/pessoa significativa; Seguimento: esquecimento,
disponibilidade, dificuldade para organização do tempo.

PROBLEMA NECESSIDADE HUMANA BÁSICA AFETADA GRAU DE


DEPENDÊNCIA
4.8 Automutilação Segurança Parcial
À inspeção: face com queimadura e lesão no pulso esquerdo. Com isso, indagou-se
sobre o achado, segue o relato:
[...] Eu marquei o big, esquentei o big e marquei meu rosto. Eu sentia raiva de mim
mesmo, de me cortar, de me machucar, de sentir dor em mim mesmo [...] (Cocaína 02)
[...] aqui eu cortei com o lápis.[...] (Cocaína 02)

Indagado sobre a prática o paciente refere sentir raiva de sí próprio e utilizar-se da


pratica como forma de punição. Na literatura conceitua-se automutilação como a
destruição ou a alteração deliberada de tecidos orgânicos sem intenção suicida
consciente (FELDMAN, 1988).

O comportamento de automutilação parece tratar-se de uma perturbação que encontra-se


em adultos jovens com história de toxicodependência ou abuso de substâncias
(CASTRO, 2002). Ao analisar o caso, percebe que o entrevistado se enquadra na faixa
de adulto jovem, no seu caso, 24 anos. A prática estava ligada a culpa pelas recidivas
em tratamentos anteriores para a dependência química.
Prescrições de enfermagem:
- Proporcionar ao paciente uma avaliação sobre suas ações e as consequências das
mesmas;
- Avaliar as chances do indivíduo tornar-se a automutilar-se;
- Avaliar os riscos de violência à equipe e aos internos;
- Proporcionar um ambiente livre de estimulação excessiva;
- Dispor de uma equipe multidisciplinar para atendimento de suas
necessidades.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final da pesquisa, cabe lembrar que é de extrema importância para o enfermeiro o
ato de sistematizar a assistência de enfermagem, pois é através deste, que o processo de
enfermagem é contemplado holisticamente. Ao fim deste estudo pode-se, apontar seis
necessidades humanas básicas alteradas: segurança, aprendizagem, recreação,
autopercepção, exercícios e atividades físicas.

Dentro dessas necessidades alteradas identificaram-se os problemas, dentre eles estão:


falta de conhecimento sobre controle construtivo do estresse; estilo de vida sedentário;
risco de quedas relacionados ao tratamento; atividade de recreação deficiente; sono
perturbado; ansiedade; automutilação; enfrentamento ineficaz. Quanto ao grau de
dependência o mesmo apresenta-se parcial em todos os problemas encontrados. Quanto
aos cuidados prescritos, os mesmos estão relacionados com cada diagnóstico e dizem
respeito ao controle do estresse, ao ensino do cliente para o autocontrole, o
estabelecimento de regras, o enfrentamento, a compreensão de sua condição de saúde.

O trabalho do enfermeiro em saúde mental, deve ter a relevância de um setor de alta


complexidade, não pela sua tecnologia palpável, mas pelo valor de seu conhecimento
teórico/prático e a capacidade de compreender o ser humano na sua totalidade mesmo
com os diferentes perfis.

O usuário de substâncias é um paciente que demanda flexibilidade nas ações de


enfermagem, visto que, cada droga, cada perfil, a idade, o sexo, a situação familiar, a
inserção na comunidade, patologias atuais ou prévias são fatores que influenciam no
tratamento e no mantimento de padrões adequados de autocontrole.
Com isso, pode-se dizer que não há receitas prontas, manuais ou protocolos fechados,
cabe ao enfermeiro adaptar métodos de identificação de diagnósticos que
posteriormente possibilitem estabelecer norte para a equipe no que se refere à
implantação do plano de cuidados para com o paciente. Como método de consulta de
enfermagem, sugere-se o modelo proposto por Wanda Horta, o mesmo utilizado no
estudo, já que, atendeu os objetivos propostos.

O enfermeiro deve estar centrado no indivíduo, na família e na comunidade, oferecendo


os serviços na clinica durante a internação, apontando grupos de autoajuda para o
indivíduo se manter na comunidade possibilitando a interligação do tratamento da
clínica com outros facilitadores como: assistência social, Alcóolicos Anônimos,
Narcóticos Anônimos, Estratégia de Saúde da Família.REFERÊNCIAS
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