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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS
DISCIPLINA: ESTÁGIO I PROC. CLÍN. INT. SAÚDE
PROFESSORA: FABIANA NEIVA V. BRASILEIRO

Curso de Psicologia
Período: 2016.1

RELATÓRIO FINAL: ESTÁGIO CLÍNICO I

CASSIANO RICARDO MORAES NUNES – 1410057 - 1

Fortaleza – CE
Junho 2016

CASSIANO RICARDO MORAES NUNES

RELATÓRIO FINAL: ESTÁGIO CLÍNICO I

Relatório final apresentado à


Universidade de Fortaleza como
requisito para aprovação na disciplina
de Estágio I Proc. Clín. Int. Saúde.
Orientadora: Fabiana Neiva. V
Brasileiro
Fortaleza – CE
Junho 2016
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................
2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO........................
3. ESTUDO DE CASO........................................................
4. ANÁLISE FUNCIONAL..................................................
5. CONCLUSÃO.................................................................
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................
7. ANEXOS..........................................................................

INTRODUÇÃO
O estágio I em clínica, supervisionado pela professora Fabiana Neiva N.
Brasileiro, docente da Universidade de Fortaleza – UNIFOR, foi realizado no SPA
(Serviço de Psicologia Aplicada), localizado no segundo andar do prédio do NAMI –
Núcleo de Atenção Médica Integrada, sediado na Rua Desembargador Floriano
Benevides, 221 – Edson Queiroz, Fortaleza/CE.
O referido estágio tem como objetivo, de acordo com o programa da
disciplina, proporcionar ao aluno a prática de atendimento psicoterápico, avaliação e
intervenção, sob o olhar das diferentes abordagens da Psicologia presentes em
processos clínicos e intervenções em saúde. Através de diagnósticos,
planejamentos e intervenções, tornou-se possível colocar em prática o que foi
aprendido em sala de aula bem como vivenciar o trabalho de um profissional da
psicologia clínica. A base teórica escolhida para realização dos atendimentos e
intervenções foi a analítico-comportamental, tendo como referência autores tais
como: Vermes (In: Borges, 2011), Costa e Marinho (2002), Stevanato et. al. (2003),
Ulian (2007).
Sendo o SPA uma espécie de clínica-escola, é a partir dos prontuários
disponibilizados que o estagiário terá o primeiro contato com o caso. A partir daí, é
estabelecida a comunicação com o cliente ou responsável, através de contato
telefônico, para agendamento das sessões, o que pode ser de extrema importância
para dar início à formação do vínculo terapeuta-cliente.
Na clínica analítico-comportamental, o terapeuta deve ser capaz de
estabelecer um vínculo com o cliente, e, através de uma escuta não punitiva,
auxiliá-lo a alterar aquilo que lhe causa sofrimento, com o intuito de gerar situações
reforçadoras. É objetivo de o terapeuta fazer com que o cliente deixe de lado sua
desconfiança inicial em relação à terapia e à figura do terapeuta e abandone seu
comportamento aversivo.
O caso estudado no presente estágio se caracteriza por uma clínica analítico-
comportamental infantil, já que a cliente em questão possui 11 anos de idade. Assim
sendo, algumas considerações a respeito dos atendimentos e do decorrer da terapia
precisam ser levados em conta.
Dentro de clínica analítico-comportamental infantil, segundo Vermes (In:
Borges, 2011), o trabalho deve ser iniciado com uma entrevista com os pais ou
outros familiares que sejam responsáveis pela criança, podendo acontecer em uma
ou em até três sessões. A escolha por se conversar primeiramente com os
pais/responsáveis se dá, pois, na maioria dos casos, algumas informações e dados
importantes não poderiam ser expostos de forma clara na presença da criança. A
partir daí, é estabelecido o sigilo e o contrato entre cliente e terapeuta, no qual são
determinados horários, dias e duração dos atendimentos, honorários, forma de se
conduzir a terapia, a forma como será administrada a questão das faltas e das
férias, elementos éticos, etc.
Nas primeiras sessões, realizadas com os pais ou responsável, o terapeuta
irá buscar coletar dados essenciais para sua familiarização e entendimento do caso,
como, por exemplo: o porquê da busca pela terapia, qual a queixa atual; se a
criança já realizou algum tipo de tratamento anterior; quais são seus hábitos; como
é sua relação com familiares; sua situação na escola; de que forma ela convive com
outras crianças; como está sua saúde, seu sono, sua alimentação; etc. A partir daí,
quando a criança for para a terapia, é essencial a criação de um vínculo saudável
com a mesma, pois, normalmente, o interesse pela terapia não parte dela e uma
boa relação terapeuta-cliente fará com que a criança queira continuar indo às
sessões. Vale ressaltar que as sessões com a criança são construídas a partir de
conversas, jogos, brincadeiras, leituras, desenhos, pinturas e outras ferramentas
lúdicas possíveis de serem usadas durante a realização dos atendimentos.
É importante não ignorar o fato de que a criança é um ser que possui
subjetividade, e, naturalmente, terá curiosidade em relação ao que vai fazer na
terapia. Assim sendo, é essencial explicar a ela o que será feito durante os
atendimentos, quais os objetivos que se buscam alcançar a partir do trabalho clínico
e saber o que, na vida da criança, traz algum tipo de incômodo ou sofrimento.
Dentro da clínica analítico-comportamental infantil, as sessões com a criança
ocorrem uma ou duas vezes por semana, e tem duração de 50 minutos cada, e é
comum que, mensalmente, ocorra um encontro entre pais ou responsável com o
terapeuta. No decorrer do trabalho clínico, cabe ao terapeuta decidir quais
ferramentas e materiais vão ser utilizados, com o intuito de trabalhar da melhor
forma possível os aspectos relevantes para o tratamento da queixa principal.
Segundo Stevanato et. al. (2003), as dificuldades existentes no processo de
aprendizagem normalmente se associam a problemas de outro tipo, tais como
emocionais e/ou comportamentais.

“De modo geral, as crianças com dificuldades de aprendizagem e de comportamento são descritas
como menos envolvidas com as tarefas escolares que os seus colegas sem dificuldades.”
(STEVANATO et. al., 2003, p. 67)
O ambiente escolar configura-se como o local no qual a criança irá construir
boa parte de sua identidade e criar sua autoimagem. Caso seu desempenho escolar
seja abaixo do esperado, é muito provável que esses dois aspectos sejam afetados
negativamente, de forma a trazer sentimentos de inferioridade para a criança e
prejudicar a formação de seu autoconceito.

CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
O presente estágio foi realizado no SPA (Serviço de Psicologia Aplicada), que
se localiza no segundo andar do NAMI (Núcleo de Atenção Médica Integrada), o
qual faz parte da Universidade de Fortaleza – Unifor.
O NAMI foi criado em 1978, e, hoje em dia, tornou-se referência no Norte e
Nordeste por sua qualidade e seu diferencial no atendimento médico que nele é
prestado, desde serviços secundários até alguns de alta complexidade. O NAMI,
além de se preocupar com a saúde da comunidade, também tem como objetivo a
promoção da qualidade de vida, através de uma estrutura multidisciplinar.
Além de consultas médicas, o NAMI também oferece serviços das seguintes
áreas: enfermagem, nutrição, psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, serviço social
e terapia ocupacional. Em relação à estrutura, o NAMI é composto por 11 salas para
discussão de casos, três miniauditórios, piscina externa, piscina interna aquecida,
casa adaptada para o desenvolvimento de atividades da vida diária e urbana para
pacientes portadores de deficiência física e ambulatório de espasticidade.
Os serviços oferecidos pelo NAMI são disponibilizados para quatro tipos de
público: usuários do Sistema Único de Saúde, encaminhados através de postos de
saúde; usuários de planos de saúde credenciados; funcionários do Grupo Edson
Queiroz, encaminhados através de seus respectivos Recursos Humanos, para
exames admissionais, demissionais ou periódicos; e particulares, mediante
pagamento prévio dos serviços.
O SPA (Serviço de Psicologia Aplicada), localizado no segundo andar do
NAMI, funciona numa área de 1.050m² e oferece os seguintes atendimentos:
atendimento aos pais e filhos; grupos lúdicos; grupos infantis; atendimentos
familiares; atendimentos individuais e de grupo. O SPA é vinculado ao curso de
Psicologia da Universidade de Fortaleza, e tem como objetivo proporcionar um
espaço para exercício prático aos alunos dos últimos semestres dos cursos de
Psicologia, bem como prestar serviços para a comunidade.
As atividades do SPA tiveram início em 1988, como Núcleo de Serviços de
Psicologia Aplicada (NUSPA), onde eram prestados atendimentos psicológicos de
diferentes formas, possibilitando uma experiência com a clínica psicológica. A partir
de 2004, o SPA passa a integrar o NAMI, juntamente com os outros serviços por ele
oferecidos, prestando serviços à comunidade de forma diversificada e possibilitando
o atendimento em diferentes áreas e abordagens da psicologia. O SPA firmou,
também, a parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), de modo que tem
contribuído de forma significativa para o exercício da responsabilidade social da
UNIFOR.
O SPA conta com diversos profissionais que garantem seu funcionamento,
tais como: 1 Supervisor Técnico, 26 Professores-orientadores, 1 Técnica em
Psicologia, profissionais voluntários e estagiários, 5 recepcionistas e 1 funcionário
responsável pela limpeza. Conta, ainda, com o Conselho Consultivo, dispositivo de
gestão.
No que diz respeito ao seu espaço físico, o SPA situa-se no segundo andar
do NAMI e é composto por 02 recepções, 01 sala de estagiários, 17 salas de
atendimento individual-adulto, 07 salas de atendimento individual-infantil, 01 sala de
atendimento familiar, 01 sala de atendimento de grupo, 03 salas de atendimento de
grupo infantil, 02 salas de supervisão em grupo, 07 salas de supervisão individual,
01 sala para o acervo de material, 01 sala para arquivo do material usado pelos
clientes, 01 sala de computador para alunos, 1 sala de computador para professores
e 01 sala para a supervisão técnica.
As atividades de atendimento e supervisão do Serviço são realizadas nos
seguintes horários: 7h30min as 21h, de segunda a sexta e de 7h30min as 11h aos
sábados.

ESTUDO DE CASO
Colocar o meu caso
O estágio I foi realizado através do atendimento individual de uma paciente,
de nome Elaine, aqui chamada de E., atualmente com 11 anos de idade, e que
chegou ao SPA através do encaminhamento do neuropediatra do NAMI. As sessões
tiveram início no dia 22/04, perfazendo um total de 6 atendimentos até o fechamento
do presente relatório. Os atendimentos eram realizados às terças-feiras (com
exceção do primeiro, devido ao feriado de Tiradentes), às 10h, na sala I07 do SPA.
No decorrer dos atendimentos, a paciente possuiu duas faltas não justificadas.
Quem compareceu aos dois primeiros atendimentos foi a tia da paciente,
Eliane (irmã da mãe da paciente), pois a mãe biológica de E. mora, atualmente, em
Aracati-CE. A tia relatou que o motivo da busca pelo atendimento psicológico foi de
que a paciente apresenta falta de atenção e se recusa ou demonstra má
vontade/preguiça na hora de realizar as tarefas da escola. Quando perguntado
como é a relação da paciente com os pais, a tia relatou que E. possui pouco contato
com eles, que são separados, e que seu pai foi diagnosticado com esquizofrenia.
Há 1 ano e 3 meses a paciente saiu de Aracati-CE, onde morava com a mãe
e avó, para vir morar em Fortaleza-CE, com a tia, juntamente com a avó. Reside,
atualmente, no bairro Parangaba e estuda em colégio particular próximo à sua
residência. Ao ser questionada sobre o comportamento da paciente dentro do
ambiente escolar, a tia relatou que Elaine tem amigos no colégio, e atualmente está
cursando o 3º ano do ensino fundamental.
A respeito do que Elaine gosta de fazer nas horas vagas, a tia disse que não
há muitas opções e seus momentos de lazer se resumem a assistir TV. A paciente é
filha única e, segundo a tia, possui uma relação conturbada com a mãe. A tia
trabalha como técnica de enfermagem no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e, em
sua ausência, quem fica com a paciente é a avó. Sobre a relação da paciente com
outros membros da família, a tia afirma que diversos parentes se afastaram, e
atribui isso ao comportamento da paciente que, segundo a tia, é agressivo. Com
relação à saúde da paciente, a tia relatou que ela (paciente) foi diagnosticada há
pouco tempo com hipotireoidismo.
A tia disse que a paciente sabe o porquê de ir ao NAMI. A tia também
reclama que, ultimamente, E. vem fazendo muita fofoca. A tia contou que a mãe de
E. vive, atualmente, com um companheiro, em Aracati-CE. A tia disse que quando a
mãe da paciente vem à Fortaleza, o comportamento de Elaine piora e a menina se
comporta de forma agressiva com as pessoas ao seu redor. Durante as sessões
com a tia, foi possível perceber que a mesma demonstra certo cansaço em relação
a cuidar da sobrinha. A tia afirma que a menina dá muito trabalho e que ás vezes
pensa em mandá-la de volta para Aracati por já achar que não dá mais conta.
A partir da terceira sessão, E. passou a ir para os atendimentos. No primeiro
atendimento, ela estava muito tímida e pouco falou, mas, quando perguntado se ela
sabia o porquê de estar indo ao SPA, ela disse que é porque não sabia ler. Apesar
da dificuldade na leitura, E. afirmou que gosta muito de matemática, e que essa é
sua matéria preferida no colégio. Nesse primeiro atendimento, a paciente brincou
com o jogo Lince e demonstrou ter gostado muito da atividade, dizendo que queria
repetir no próximo encontro.
No segundo atendimento, E. já se mostrou mais à vontade e conversou mais.
Chegou me abraçando e demonstrando satisfação por estar ali. Nesse momento,
quando perguntado à E. se ela sentia falta dos pais, ela afirmou que sim e disse não
gostar do companheiro atual da mãe. Durante o atendimento, à medida que eu
conversava com E., jogamos um jogo no qual era preciso casar algumas figuras
com seus respectivos nomes e letras iniciais. E. acertou poucas, confirmando a
hipótese, levantada desde o início dos atendimentos, de que ela realmente não
sabe ler, e aí foi percebido que toda a queixa da tia sobre a má vontade ou preguiça
que a menina apresenta na hora de realizar as tarefas de casa que o colégio passa
gira em torno do fato de que E. não sabe ler. E. relatou que, algumas vezes, sua
avó chega a lhe bater. Quando questionado o porquê dela fazer isso, E. disse que
isso acontece quando ela insiste em ver televisão na hora de fazer o dever de casa
ou na hora que precisa ir dormir. No final do atendimento, foi pedido que E. levasse,
na semana seguinte, um livro de sua escolha, para que lêssemos juntas.
No terceiro atendimento, conforme pedido no encontro anterior, E. levou um
livro que trazia uma história bíblica. Fomos ler n, mas E. não conseguia entender o
que estava escrito e pediu que eu lesse para ela.
No quarto atendimento, último antes da produção deste relatório, E. e eu
jogamos o jogo Cara a Cara, do qual ela gostou muito. E. relatou que no feriado de
Corpus Christi foi visitar os pais em Aracati e que foi uma viagem divertida. Ao final
do atendimento, E. me disse que tinha levado outro livro, mesmo sem eu ter pedido.
O livro trazia a história de Bambi, e E. pediu, novamente, para que eu lesse para
ela, já que ela não conseguia.Ao final do atendimento, E. disse que existe a chance
de voltar para o Aracati e morar com a mãe novamente. Ficou combinado que
falaríamos sobre essa possibilidade no próximo encontro.

ANÁLISE FUNCIONAL
ANTECEDENTES COMPORTAMENTO CONSEQUENCIAS
Não querer dormir ver TV levar palmada da avó

ANTECEDENTES COMPORTAMENTO CONSEQUENCIAS


Presença da mãe Comportamento agressivo Afastamento de familiares

ANTECEDENTES COMPORTAMENTO CONSEQUENCIAS


Dificuldade em ler Não fazer as tarefas de casa Tia chamar atenção

CONCLUSÃO
Realizar esse estágio, para mim, foi um desafio. No começo, estava bastante
insegura, principalmente em relação a lidar com o paciente. Tive medo de não saber
o que fazer ou o que falar, mas, aos poucos, no decorrer dos atendimentos, essa
insegurança foi passando, e, através da supervisão da professora Fabiana, pude
dar continuidade ao estágio com mais tranquilidade.
Apesar de ter sido uma experiência rica, e que serviu para meu aprendizado
pessoal e profissional, acredito que o estágio poderia ter sido mais bem aproveitado
no que diz respeito à articulação da teoria com a prática.
A área clínica não é a que quero seguir carreira, mas é inevitável negar que
essa é uma área que pode proporcionar conhecimento de forma a agregar muito em
qualquer trajetória profissional que eu decida seguir, seja ela clínica ou não.
Espero que, no estágio II, eu possa aprofundar mais os meus conhecimentos
e possa ver, mais a fundo, na prática, como a análise do comportamento conduz o
trabalho do psicólogo na clínica infantil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES, N. B. et al. Clínica analítico-comportamental: aspectos teóricos
e práticos. Porto Alegre: Artmed, 2011. 312p.
COSTA, S. E. G. C.; MARINHO, M. L. Um modelo de apresentação de
análises funcionais do comportamento. Revista Estudos em Psicologia,
Campinas, v. 19, n.3, p. 43-54, 2002.
STEVANATO, I. S. et al. Autoconceito de crianças com dificuldade de
aprendizagem e problemas de comportamento. Psicologia em Estudo, Maringá,
v. 8, n. 1, p. 67-76, jan./jun. 2003.
ULIAN, A. L. A. O. Uma sistematização da prática do terapeuta analítico-
comportamental: subsídios para a formação. 2007. 242 f. Tese (Doutorado em
Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

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