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Texto - Passos do Processo Psicodiagnóstico

Os objetivos do Psicodiagnóstico dependem das perguntas iniciais, daí a


necessidade de se formar as hipóteses.

1. Formação das Hipóteses:

- Parte-se do encaminhamento e cabe ao psicólogo esclarecer e organizar as questões


pertinentes.

- Se a solicitação veio de um profissional/instituição deve-se esclarecer via telefone ou


pessoalmente os motivos do encaminhamento de modo mais claro e levantar possibilidades
para o futuro esclarecimento do caso.

- Se veio de familiares ou do próprio examinando é necessário levantar a história pessoal e


clínica, assim como a motivação para o psicodiagnóstico.

2. Contrato de Trabalho:

- Ao se definir as hipóteses e os objetivos do processo há condições de se estabelecer o


plano de avaliação e assim fechar o contrato de trabalho.

- Nele estão a definição do processo e dos papéis, obrigações, diretos e responsabilidades


mútuas como nº de sessões, duração, horário, informes necessários, quem terá acesso aos
dados do exame, honorários, data e forma de pagamento, faltas e situações outras.

- Só deve ser fechado após se ter uma noção do desempenho do sujeito perante a avaliação.

3. Plano de avaliação:

- É o processo que procura identificar recursos que permitam estabelecer uma relação entre
perguntas iniciais e possíveis respostas.

- A partir das perguntas iniciais, deve-se definir quais técnicas e testes utilizar a fim de
chegar a dados que confirmem ou refutem as hipóteses iniciais.

- Pode ser estabelecido previamente desde haja dados que o permitam ou após entrevista
com o sujeito ou responsável.

- Antes de estruturá-lo deve-se levar em conta: características do sujeito, condições


específicas, fatores situacionais (hospitalização), uso de medicamentos, comprometimento
motor, se fala Português, se destro ou canhoto, se usa óculos ou aparelho de surdez,
dificuldade de discriminar cores e tempo de administração e características dos testes (grau
de dificuldade, qualidade ansiogênica etc...).
a) Bateria de Testes: é o conjunto de testes e técnicas para fornecer subsídios que permitam
confirmar ou não as hipóteses estabelecidas, atendendo o objetivo da avaliação.

Pode ser usado:


1. Técnicas Projetivas (são menos estruturadas e não podem ser
interrompidas).

2. Técnicas Psicométricas (geralmente são mais ansiogênicas mas podem


ser interrompidas em algumas situações).

3. Baterias Padronizadas (indicadas em razão de sua eficiência preditiva e


para a obtenção de dados importantes. Deve ser administrada na íntegra podendo-se
acrescentar outros testes se necessário).

4. Baterias organizadas a partir de um plano de avaliação (são elaboradas


pelo psicólogo de acordo com as especificidades do teste e as características do paciente).

b) Distribuição das Técnicas Gráficas:

- Para reduzir a ansiedade inicial. Ex: Bender e HTP.


- Quando o paciente demonstra cansaço.
- Não concentrá-los no início da testagem por seu caráter lúdico; é interessante mesclá-los
com outros instrumentos.

c) Expectativa do Paciente: de que o Psicodiagnóstico irá desvendá-lo por inteiro.

4. Administração de Testes e Técnicas:

É necessário:
* estar familiarizado com o teste revisando as particularidades do teste e as
características do paciente.
* ter em mente os objetivos do Psicodiagnóstico ao se incluir cada técnica.
* observar um local adequado para a aplicação de instrumentos.
* organizar antecipadamente todo o material a ser utilizado, inclusive extras.
* estabelecer o rapport.
* atentar para a contratransferência.
* observar e registra o comportamento do paciente ao longo da aplicação (respostas
literais).
* recomenda-se o uso de perguntas adicionais ou inquérito para complementação
dos dados do teste.

5. Levantamento, análise, interpretação e integração dos dados:

É necessário:
* revisar as observações feitas.
* fazer um exame da história clínica.
* recapitular as hipóteses tendo em mente os objetivos do exame.
* analisar os dados percentuais dos testes quantitativos.
* analisar e interpretar os dados qualitativos.

Esses passos são importantes para se organizar os dados buscando o entendimento


de coincidências e discordâncias e identificando os dados mais significativos com as
informações do paciente e frente às hipóteses iniciais e ao nível de inferência clínica do
caso, se mais ou menos aprofundado.

6. Diagnóstico e Prognóstico:

Diagnóstico: para se chegar à ele deve-se examinar os dados que se dispõe da


avaliação feita e do paciente em função de determinados critérios considerando as
alternativas diagnósticas.

A partir destes dados é possível se chegar a uma classificação nosológica e,


consequentemente, ao Prognóstico de acordo com os recursos do ego e sistemas de apoio
no ambiente sociofamiliar.

O uso de um sistema de classificação é útil, fidedigno e viável para a comunicação


entre profissionais, além de orientar a coleta de dados de forma sistemática e organizada.
Ex: CID - 10 (OMS) ou DSM - IV (APA)

7. Comunicação de Resultados:

Deve estar prevista no contrato de trabalho ficando sob a responsabilidade do psicólogo


definir quanto ao:

a) Tipo:

* oral - entrevista de devolução: depende da qualificação do profissional e nível social,


escolaridade e características psicológicas do paciente.
* escrita - laudos e pareceres: respondem a questões sobre o que, como, por que, para que e
quando, sendo os pareceres mais específicos em vista a geralmente tratarem de um
psicodiagnóstico com um único objetivo.

b) Conteúdo: de acordo com o receptor as informações serão selecionadas em


especificidade, profundidade e extensão e se há previsão de sigilo profissional.

c) Forma: terá terminologia e linguagem adequados ao receptor (clara, eficaz, precisa e


inteligível).

RECEPTOR: o examinando tem direito à devolutiva (feedback) sobre seu processo


psicodiagnóstico e a ter orientações em função do resultado obtido (encaminhamentos e /ou
recomendações). Também o tem o contratante do Psicodiagnóstico (responsáveis) e aquele
que encaminhou o Psicodiagnóstico.

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