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Cap2 LigaçõesSoldadas 1
Cap2 LigaçõesSoldadas 1
LIGAÇÕES SOLDADAS
II.1. INTRODUÇÃO
A soldagem de peças estruturais é feita por fusão. As superfícies a serem soldadas são fundidas
e, nesse estado, com a adição de materiais provenientes de eletrodos, são ligadas por solda.
O processo de solda normalmente utilizado em estruturas metálicas é a Solda por Arco Elétrico
(Fig. III.1) onde, com a formação de um arco voltaico entre a peça e o eletrodo, o material base
é aquecido a uma temperatura em torno de 4000 °C, de modo que as bordas se fundam. Ao
mesmo tempo a ponta do eletrodo se funde, pingando sobre o material base, misturando-se com
ele e preenchendo a junta de soldagem. Como o arco voltaico puxa o material fundido do
eletrodo para o material base, podem ser executadas soldas na posição sobre cabeça.
A processo de soldagem por arco elétrico (arc welding) pode ser executado por 4 métodos
diferentes:
a) Solda com Eletrodo Revestido (SMAW = Shielded Metal Arc Welding) – este método é um
dos mais velhos, mais simples e mais versáteis processos de soldagem (Fig. III.3). Ele também
é conhecido como Soldagem Manual com Eletrodo. Neste processo os eletrodos revestidos
possuem uma camada espessa de revestimento que converte-se parcialmente num gás protetor
e parcialmente em escória, os quais protegem o metal da solda de contaminação atmosférica e
retardam o esfriamento da mesma.
Os eletrodos usuais são designados como E60XX ou E70XX, onde o número representa a
tensão de ruptura do eletrodo (60 ksi ou 70 ksi, respectivamente); os X’s referem-se a fatores
tais como posições de soldagem permitidas, tipos de revestimento, etc. Os eletrodos são
fornecidos em varetas.
c) Solda com Proteção Gasosa (GMAW = Gás Metal Arc Welding) – neste método o arame de
solda é alimentado continuamente. Através de uma proteção gasosa o material fundido é
isolado do contato com o ar (Fig. III.5). Em soldagem de estruturas metálicas utiliza-se
normalmente o gás carbônico (CO2) devido ao baixo custo deste gás. Este gás é ativo para
altas temperaturas originando o termo MAG (metal active gás). Originalmente este método era
usado somente com gás inerte, vindo daí o nome MIG (metal inert gás) com que este tipo de
solda é também conhecido. As vantagens deste método são a alta velocidade de soldagem, a
execução de solda sem poros e a possibilidade de grande penetração. A desvantagem é que
esta solda possui um acabamento pior, apresentando mordeduras e respingos excessivos.
O material do eletrodo para soldagem de aços-carbono é um aço não-revestido, fornecido em
rolos, designado como ER70S-X, para eletrodos com tensão de ruptura de 70 ksi.
Fig. III.5 – Solda com Proteção Gasosa (Fig.13 Açominas)
d) Solda com Arame Tubular (FCAW = Flux Cored Arc Welding) – este processo é
semelhante ao GMAW exceto pelo fato que o arame de solda é tubular e que contém fluxo no
seu núcleo (Fig. III.6). O material do núcleo tem a mesma função que o revestimento do
eletrodo na solda SMAW ou que o fluxo na solda SAW. O material do núcleo gera um gás
protetor mas usualmente é injetado gás carbônico adicional no processo. O método FCAW
tem-se revelado útil para soldas de campo em condições de temperaturas muito baixas bem
como tem agilizado as soldas de campo.
Os eletrodos utilizados para solda FCAW são designados como E6XT-X ou E7XT-X , para
tensões de ruptura de 60 ksi ou 70 ksi, respectivamente.
O material do eletrodo utilizado na soldagem de uma junta deve ser compatível com o metal
base, ou seja, deve ter propriedades equivalentes às do metal base. A Tabela III.1 a seguir
reproduz parcialmente a tabela 7 da NBR 8800:1986 – “Compatibilidade do Metal Base com o
Metal de Solda”, onde são apresentados para alguns aços estruturais os metais de solda
compatíveis com os mesmos.
Os valores da resistência mínima à tração do metal da solda “fw” são dados na Tabela III.2.
De acordo com a posição relativa das peças a serem soldadas existem cinco tipos básicos de
juntas soldadas:
− Junta de Topo (Butt Joint)
− Junta “T” (Tee Joint)
− Junta de Canto (Corner Joint)
− Junta Sobreposta (Lap Joint)
− Junta de Borda (Edge Joint)
Estas juntas estão representadas na Fig. III.7 e a cada uma delas é associada uma letra de
identificação, de acordo com a norma AWS D1.1. Esta letra servirá posteriormente para designar
cada um dos tipos de juntas pré-qualificadas da AWS.
Fig. III.7 – Tipos de Juntas Soldadas
a) Junta de Topo – esta junta é utilizada principalmente para unir as extremidades de chapas
planas de mesma ou aproximadamente a mesma espessura. A principal vantagem deste tipo
de junta é eliminar a excentricidade que apareceria numa junta sobreposta, por exemplo.
Quando utilizadas com solda de penetração total as juntas de topo minimizam o tamanho da
ligação e possuem melhor aparência. Sua principal desvantagem consiste no fato de que as
bordas a serem conectadas necessitam de uma preparação prévia especial (normalmente estas
bordas devem ser chanfradas) e devem ser cuidadosamente alinhadas antes da soldagem. Este
tipo de junta é recomendado para ser executado em fábrica onde o processo de soldagem pode
ser melhor controlado.
b) Junta “T” – este tipo de junta é utilizado para fabricar seções tais como perfis I ou H e perfis
“T”, assim como para ligações de enrijecedores, consoles e demais peças que formam ângulos
retos entre si.Este tipo de junta é especialmente útil na ligação de perfis compostos por tiras
de chapas planas que podem ser unidas por soldas de filete ou soldas de entalhe.
c) Junta de Canto – esta junta é utilizada principalmente para formar perfis caixão soldados
quadrados ou retangulares, utilizados em colunas e em vigas que precisam resistir esforços
torsionais consideráveis.
d) Junta Sobreposta – este é o tipo mais comum de junta, possuindo duas grandes vantagens:
facilidade de montagem, pois as peças podem ser levemente deslocadas para acomodar
pequenos erros de fabricação, e facilidade de ligação, pois as peças a serem conectadas não
necessitam de nenhuma preparação especial em suas bordas. Em juntas sobrepostas utiliza-se
solda de filete o que as torna apropriadas tanta para ligações de fábrica quanto para ligações
de campo. Uma outra vantagem deste tipo de junta é a facilidade em executar ligações de
espessuras diferentes. Na Fig. III.8 tem-se alguns exemplos de juntas sobrepostas.
e) Junta de Borda – as juntas de borda não costumam ser estruturais, sendo utilizadas para
manter 2 ou mais placas alinhadas ou num determinado plano.
O tipo de solda mais utilizado é a solda de filete. Para cargas leves a solda de filete é a mais
econômica por não precisar de preparação no metal base. Para cargas elevadas as soldas de
entalhe se revelam mais eficientes, pois com elas consegue-se atingir a resistência do metal base
facilmente. A utilização de soldas de tampão é limitada à situações especiais onde não é prático
utilizar soldas de filete ou de entalhe. De uma maneira aproximada os quatro tipos de solda
representam a seguinte porcentagem nas ligações soldadas em estruturas metálicas: soldas de
filete = 80%, soldas de entalhe = 15%, soldas de tampão e outras soldas especiais = 5%.
As soldas de filete são as mais utilizadas em ligações soldadas devido à sua economia, sua
facilidade de execução e sua adaptabilidade.
As soldas de filete têm geralmente a forma de um triângulo isósceles reto. Normalmente os dois
lados do triângulo são iguais e o ângulo ente eles é de 90º, porém para ligações inclinadas pode-
se ter um ângulo agudo entre 60º e 90º ou um ângulo obtuso entre 90º e 135º. Permite-se um
afastamento de até 5 mm entre as peças a serem soldadas porém se este afastamento for maior do
que 1,5 mm a dimensão da solda “w” deverá ser acrescida do valor do afastamento (obs.: estas
limitações são da AWS e diferem um pouco das limitações da NBR 8800:1986).
Quando a solda de filete é executada pelo processo de arco submerso (SAW), tal como ocorre
nas soldas de composição de perfis soldados, pode-se aumentar a garganta efetiva da solda para:
1) Para soldas de filete com perna igual ou inferior a 9,5 mm, a garganta efetiva pode ser adotada
como igual a perna da solda.
2) Para soldas de filete com perna maior do que 9,5 mm, a garganta efetiva pode ser tomada
como sendo a garganta teórica mais 2,8 mm (ou seja, tw = 0,707.w + 2,8 mm, para soldas
simétricas).
Resistência de Soldas de Filete
As soldas de filete são dimensionadas para resistir tensões de cisalhamento na sua área efetiva,
independente da orientação dos filetes de solda em relação à direção da carga aplicada. Na
Fig. III.11 os filetes de solda A são solicitados por cisalhamento longitudinal enquanto que o
filete de solda B está submetido a cisalhamento transversal. Se a carga Ru aumenta até
ultrapassar a resistência das soldas, a ruptura ocorrerá por cisalhamento nos planos de menor
resistência., ou seja, na área efetiva da solda. Testes efetuados em ligações com soldas de filete,
onde foram utilizados eletrodos compatíveis com o metal base, demonstraram que a solda rompe
através de sua garganta efetiva antes da ruptura do metal base na sua área teórica da face de
fusão. Apesar disso a NBR 8800:1986 limita a tensão de cisalhamento na área teórica da face de
fusão de forma a não exceder a tensão escoamento por cisalhamento.
As resistências de cálculo φ.Rn dadas na Tabela III.3 se aplicam a soldas compatíveis com o
metal base e sob tensões uniformes (juntas submetidas a cargas centradas). Soldas submetidas a
tensões não uniformes (juntas submetidas a cargas excêntricas) serão tratadas posteriormente e
terão a solicitação de cálculo e a resistência de cálculo determinadas com base em comprimento
efetivo unitário. Na Tabela III.3 “fy” é a tensão de escoamento do metal base de menor “fy” na
junta soldada e “fw” é a resistência mínima à tração do metal da solda (fornecida na Tabela III.2).
Como para o aço a resistência ao cisalhamento é de aproximadamente 60% da resistência á
tração aparece o coeficiente 0,60 nas expressões que determinam a resistência nominal “Rn” da
solda e do metal base.
Quando se utiliza filetes de solda muito pequenos pode ocorrer um resfriamento rápido após a
soldagem, que origina tensões internas na solda as quais, por sua vez, podem ocasionar a fissura
da solda. Para evitar que isto ocorra limita-se a dimensão w do filete de solda a um valor mínimo
em função da espessura da peça mais grossa que está sendo conectada (Tab. III.4). Tal dimensão
mínima não necessita ultrapassar a espessura da parte menos espessa, desde que seja obtida a
resistência de cálculo necessária. Para essa exceção e para que se obtenha uma solda de boa
qualidade, devem ser tomados cuidados especiais usando-se preaquecimento.
As soldas de filete executadas ao longo de bordas das peças soldadas devem ter sua dimensão
limitada a um máximo. A dimensão máxima de uma solda de filete que pode ser usada ao longo
de bordas de partes soldadas é a seguinte:
1) Ao longo de bordas de material com espessura inferior a 6,35 mm, não mais do que a
espessura do material;
2) Ao longo de bordas de material com espessura igual ou superior a 6,35 mm, não mais do que a
espessura do material subtraída de 1,5 mm.
O objetivo desta limitação é evitar que seja fundida a borda de chapas com espessura de
6,35 mm ou mais, o que levaria a avaliações erradas da garganta efetiva da solda (Fig. III.13).
Portanto, para chapas com espessura maior ou igual a 6,35 mm a borda da chapa deve ser
facilmente identificada.
O comprimento efetivo mínimo de uma solda de filete, dimensionada para uma solicitação de
cálculo qualquer, não pode ser inferior a 4 vezes sua dimensão nominal ou, então, essa dimensão
nominal não pode ser considerada maior que 25% do comprimento efetivo da solda.
Adicionalmente, o comprimento efetivo de uma solda de filete sujeita a qualquer solicitação de
cálculo não pode ser inferior a 40 mm.
Quando forem usadas somente soldas de filete longitudinais nas ligações extremas de barras
chatas tracionadas, o comprimento de cada filete não pode ser menor que a distância transversal
entre eles (Fig. III.14). O espaçamento transversal de soldas de filete longitudinais usadas em
ligações de extremidade não pode ultrapassar 200 mm, a menos que no projeto sejam tomadas
medidas para evitar flexão transversal excessiva na ligação.
Podem ser usadas soldas intermitentes de filete, dimensionadas para transmitir solicitações de
cálculo, quando a resistência de cálculo exigida for inferior a de uma solda contínua da menor
dimensão nominal permitida, e também para ligar elementos de barras compostas. O
comprimento efetivo de qualquer segmento de solda intermitente de filete não pode ser menor
que 4 vezes a dimensão nominal, nem menor que 40 mm. 0 uso de soldas intermitentes requer
cuidados especiais com flambagens locais e com corrosão.
Ligações Sobrepostas
O cobrimento mínimo em ligações sobrepostas deve ser igual a 5 vezes a espessura da peça
menos espessa e não inferior a 25 mm. Desta forma evita-se uma rotação excessiva da junta
quando as peças são tracionada (Fig. III.15).
Os retornos de solda são utilizados para reforçar as soldas de filete onde elas são mais solicitadas
e assim evitar fissuras e rasgamento progressivo ao longo do comprimento da solda. Os retornos
de soldas devem contornar continuamente os cantos numa extensão não inferior a duas vezes a
dimensão nominal da solda. Eles devem ser utilizados em soldas laterais de consolos e de
assentos de apoio de vigas submetidos a cargas cíclicas (Fig. III.17).
Fig. III.17 – Retornos de soldas em consolos e assentos de vigas
Filetes de soldas situados em lados opostos de um plano comum devem ser interrompidos no
ponto onde as soldas se encontram. Isto porque uma tentativa em dar continuidade nesta solda
fundiria o metal base criando uma mordedura no mesmo. A Fig. III.19 exemplifica este caso.
Fig. III.19 – Situações onde deve ser evitado o retorno do filete
De acordo com a NBR 8800:1986 a utilização de soldas de filete com faces de fusão não
ortogonais é permitida desde que o ângulo entre as faces de fusão esteja compreendido entre 60º
e 120º, não exista afastamento entre as partes soldadas e que o contato entre as partes soldadas
seja feito através de um plano (e não através de uma aresta).
Observações Adicionais
A maior dimensão de solda de filete executada em um único passe é 8 mm. Deve-se, sempre que
possível, dimensionar as soldas para serem executadas em um passe.
Para aumentar a resistência de uma solda de filete é mais eficiente aumentar o seu comprimento
do que aumentar sua dimensão nominal. Isto porque ao aumentarmos a dimensão nominal da
solda a sua resistência aumenta proporcionalmente, porém o seu volume aumenta de forma
quadrática.
As soldas de filete com lados desiguais são desaconselháveis porque, para uma mesma garganta
efetiva, precisa-se de um volume maior de solda (Fig. III.20).
Fig. III.20 – Comparação garganta efetiva x volume para soldas de filete
As soldas de entalhe são utilizadas geralmente para conectar duas placas que estão alinhadas no
mesmo plano (junta de topo). Neste caso a solda é executada num entalhe entre as bordas das
duas placas. As soldas de entalhe podem ser utilizadas também em juntas “T” e em juntas de
canto.
As soldas de entalhe podem ser de penetração total, quando executadas em toda a espessura do
metal base, ou de penetração parcial, quando executada em parte da espessura do material. As
soldas de entalhe devem se estender por toda a largura das partes conectadas. Não são permitidas
soldas de entalhe intermitentes.
A soldagem para soldas de entalhe de penetração total é feita por ambos os lados da junta ou
apenas por um lado. Quando a soldagem é feita pelos dois lados, a raiz do primeiro passe de
solda deve ser limpa até eliminar todas impurezas: este processo de limpeza da raiz do primeiro
passe de solda é chamado de extração de raiz. Após a extração de raiz pode ser executada a
solda do lado oposto ao lado onde foi executado o primeiro passe. Na execução dos demais
passes de solda deve-se sempre limpar cuidadosamente a escória na superfície do passe anterior.
Quando a solda é executada somente de um lado coloca-se uma chapa de espera do lado oposto
(backing bar). Neste caso não há extração de raiz.
A resistência de cálculo “φRn” das soldas de entalhe de penetração total está indicada na
Tabela III.5. Nesta tabela, “Aw” é a área efetiva da solda; “fy” é a tensão de escoamento do metal
base de menor “fy” na junta e “fw” a resistência mínima à tração do metal da solda, obtida da
Tabela III.2.
Nota: Em nenhuma situação a resistência da solda poderá ser tomada maior do que a resistência
do metal base na ligação.
As soldas de entalhe de penetração total com chanfro duplo gastam metade de solda do que as
soldas com chanfro simples com mesmo ângulo e o dobro da altura. Entretanto as soldas de
chanfro duplo exigem mais trabalho para preparação da borda (dois chanfros). Por isso para
pequenas espessuras (até 12,5 mm) recomenda-se utilizar solda de chanfro simples, ficando a
utilização das soldas com chanfro duplo para espessuras de 16 mm ou mais.
Existe um caso particular de solda de penetração parcial onde a superfície convexa de uma ou
das duas partes que estão sendo ligadas cria a preparação da junta. Esta situação ocorre
freqüentemente quando um (ou ambos) componente(s) da junta consiste de uma barra redonda,
possui canto arredondado ou tem borda arredondada (Fig. III.24). Neste caso a garganta efetiva
da solda de entalhe de penetração parcial é dada pela Tabela III.7.
Quando uma solda de entalhe de penetração parcial é reforçada com filete a AWS permite
considerar este acréscimo de solda aumentando a garganta efetiva da solda de entalhe (Fig.
III.25). A NBR 8800:1986 não permite este tipo de consideração.
Tabela III.7 - Espessura da garganta efetiva da solda em juntas de superfície curva
Tipo de solda Raio (R) da barra ou de Espessura da garganta efetiva
dobramento
Abertura da junta composta
de uma superfície plana e Qualquer R 5R/16
uma curva
Abertura da junta composta
Qualquer R R/2 (1)
de duas superfícies curvas
(1) Usar 3R/8 para o processo de arco elétrico com proteção gasosa, quando R ≥ 25 mm.
A resistência de cálculo “φRn” das soldas de entalhe de penetração parcial está indicada na
Tabela III.9. Nesta tabela “Aw” é a área efetiva da solda, “fy” é a tensão de escoamento do metal
base de menor “fy” na junta e “fw” a resistência mínima à tração do metal da solda, obtida da
Tabela III.2
Nota: Em nenhuma situação a resistência da solda poderá ser tomada maior do que a resistência
do metal base na ligação.
Podem ser usadas soldas de tampão em furos ou rasgos para transmitir forças paralelas às
superfícies de contato em ligações por superposição ou para evitar flambagem (ou separação) das
partes sobrepostas, e para ligar componentes de barras de seção composta. Estas soldas são
executadas com as partes sobrepostas em contato, através da deposição do metal de solda em
furos circulares ou em rasgos em uma das partes. As aberturas podem ser parcialmente ou
totalmente preenchidas com solda, dependendo da sua profundidade. A capacidade de carga de
uma solda de tampão é dada pelo produto da área do furo (ou do rasgo) pela tensão admissível da
solda. As soldas de tampão não devem ser submetidas à cargas de tração.
A área efetiva de cisalhamento de uma solda de tampão, em furo ou rasgo, deve ser igual à área
nominal da seção transversal do furo ou rasgo no plano das superfícies em contato.
Seguem algumas limitações que devem ser obedecidas pelas soldas de tampão (Fig. III.26):
− O diâmetro dos furos para soldas de tampão em furos não pode ser inferior à espessura da
parte que os contém acrescida de 8 mm, nem maior que 2,25 vezes a espessura da solda.
− A distância de centro a centro de soldas de tampão em furos deve ser igual ou superior a 4
vezes o diâmetro do furo.
− O comprimento do rasgo para soldas de tampão em rasgos não pode ser maior que 10 vezes a
espessura da solda.
− A largura dos rasgos não pode ser inferior à espessura da parte que os contém acrescida de
8 mm, nem maior que 2,25 vezes a espessura da solda.
− As extremidades dos rasgos devem ser de forma semicircular, ou devem ter cantos
arredondados de raio não inferior à espessura da parte que os contém, exceto aquelas
extremidades que se estendem até a borda do elemento soldado.
− O espaçamento entre as linhas de centro de rasgos, medido na direção transversal ao
comprimento dos rasgos, deve ser igual ou superior a 4 vezes a largura do rasgo.
− A distância de centro a centro de rasgos situados linha, deve ser igual ou superior a 2 vezes o
comprimento dos rasgos.
− A espessura de soldas de tampão em furos ou rasgos situados em material de espessura igual
ou inferior a 16 mm deve ser igual à espessura desse material. Quando a espessura desse
material for maior que 16 mm, a espessura da solda deve ser no mínimo igual à metade da
espessura do mesmo material, porém não inferior a 16mm.
A resistência de cálculo “φRn” das soldas de tampão está indicada na Tabela III.10. Nesta tabela,
“AMB” é a área teórica da face de fusão, “Aw” é a área efetiva da solda, “fy” é a tensão de
escoamento do metal base de menor “fy” na junta e “fw” a resistência mínima à tração do metal
da solda, obtida da Tabela III.2.
A Fig. III.27 mostra as quatro posições básicas de soldagem na construção metálica que são
usadas na escolha dos eletrodos e na qualificação dos soldadores . A cada uma destas posições é
associada uma letra de identificação, de acordo com a norma AWS D1.1. Esta letra será utilizada
nas juntas pré-qualificadas para identificar as posições de soldagem permitidas para cada junta:
− Solda plana (flat) = F
− Solda horizontal (horizontal) = H
− Solda vertical (vertical) = V
− Solda sobre-cabeça (overhead) = OH
Ao definir uma solda o calculista deve ter uma forma de informar ao projetista e ao fabricante
qual o tipo e qual a dimensão da solda necessária. A necessidade de uma forma simples e precisa
de comunicação entre o projeto e a fábrica levou à definição de símbolos básicos para
representar graficamente as soldas em estruturas metálicas. A AWS definiu símbolos padrões
para representar as soldas, conforme indicado na Fig. III.28. A forma de representação de solda
definida pela AWS permite indicar o tipo, dimensão, comprimento e locação da solda, assim
como instruções especiais.
Na Fig. III.29 são apresentados diversos exemplos de representação de soldas de acordo com a
simbologia da AWS. Quando a simbologia da AWS não for suficientemente clara devem ser
incluídos detalhes nos desenhos de projeto com a finalidade de esclarecimento sobre a solda
utilizada.
Fig. III.27 – Posições de Soldagem
Fig. III.28 – Simbologia de Soldagem
Fig. III.29-a – Exemplos de representação gráfica de soldas
Fig. III.29-b – Exemplos de representação gráfica de soldas
Fig. III.29-c – Exemplos de representação gráfica de soldas
Fig. III.29-d – Exemplos de representação gráfica de soldas
Fig. III.29-e – Exemplos de representação gráfica de soldas
Fig. III.29-f – Exemplos de representação gráfica de soldas
Fig. III.29-g – Exemplos de representação gráfica de soldas
Fig. III.29-h – Exemplos de representação gráfica de soldas
Fig. III.29-i – Exemplos de representação gráfica de soldas
Fig. III.29-j – Exemplos de representação gráfica de soldas
Fig. III.29-k – Exemplos de representação gráfica de soldas
II.8 – JUNTAS SOLDADAS PRÉ-QUALIFICADAS
O manual do AISC e a norma AWS isentam de testes e certificações a maioria das juntas
soldadas executadas em estruturas metálicas. Estas juntas são denominadas pré-qualificadas. As
juntas pré-qualificadas se limitam àquelas executadas pelos processos de soldagem SMAW,
SAW, GMAW e FCAW.
Nas páginas seguintes, extraídas do Manual do AISC, estão relacionadas as juntas pré-
qualificadas da AWS.
Existem diversas situações onde a resultante das cargas na ligação não passa pelo centro de
gravidade do grupo de soldas. Neste caso temos uma ligação excêntrica e o efeito desta
excentricidade é, em algumas regiões das soldas, esforços superiores aos que ocorreriam se as
cargas fossem centradas. A resultante das cargas pode estar no plano do grupo de soldas, e neste
caso tem-se uma ligação excêntrica por corte, ou fora deste plano, quando se tem uma ligação
excêntrica por flexão (Fig. III.30). Nas ligações excêntricas por corte os esforços adicionais que
aparecem na solda são de corte no plano da solda; nas ligações excêntricas por flexão os esforços
adicionais que aparecem nas soldas são perpendiculares ao plano da solda.
Quando a linha de ação das cargas passa no centro de gravidade do grupo de soldas de filete que
compõe uma ligação soldada, a tensão de cisalhamento na solda é uniforme e é obtida dividindo-
se a resultante vetorial das cargas atuantes pela área total de solda. Quando a linha de aço da
resultante das cargas não coincide com o centro de gravidade do conjunto de soldas a
distribuição de tensões de cisalhamento nas soldas é variável e deve-se determinar o ponto mais
solicitado do conjunto de soldas para efetuara verificação da ligação.
Para transferir a carga para o centro de gravidade da solda, assim como para avaliar o momento
torsor que ela causa, é aconselhável decompor a carga segundo as duas direções principais da
ligação, direções x e y (Fig.III.31).
Px Py
f x1 = e f y1 =
lw ⋅ tw lw ⋅ t w
O momento torsor M é dado por:
M = Px ⋅ e y + Py ⋅ e x
M⋅y
f x2 =
Ip
M ⋅x
f y2 =
Ip
I p = Ix + I y
No caso da solda da Fig. III.31 a posição do centro de gravidade e o momento de inércia polar
são dados por:
b2
xCG =
2⋅b + d
8 ⋅ b3 + 6 ⋅ b ⋅ d 2 + d 3 b4
Ip = −
12 2⋅b + d
onde “b” é a dimensão horizontal da ligação e “d” é a dimensão vertical da ligação. Adota-se
como dimensões da ligação os comprimentos dos lados da chapa nos quais a solda de filete está
apoiada.
Tab. III.11 – Propriedades das soldas tratadas como linha