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CIV0436 – Estruturas Metálicas. Prof. Dr.

Francisco Adriano de Araújo


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Capítulo 10 – Conexões Soldadas


NBR 8800-2008: Item 6.2 pág.66; www.esab.com.br
10.1 - Generalidades
A solda é a união de materiais obtida pela fusão das
partes adjacentes. Para soldar estruturas metálicas se
utiliza a solda elétrica, sendo a fonte de calor um arco
elétrico estabelecido entre as partes a serem soldadas e
um eletrodo metálico. A energia elétrica, convertida
em calor, gera um arco voltáico com temperatura de
aproximadamente 7000°C, provocando a junção dos
metais através da fusão do material de solda depositado
e dos metais da junta da estrutura a ser soldada.
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A NBR 8800-2008 adota as especificações da AWS


(American Welding Society) para as conexões soldadas
pré-qualificadas.
Os procedimentos de soldagem considerados pela
AWS e adotados pela NBR 8800-2008 são chamados
de pré-qualificados, pois:
 Consideram quatro processos de soldagem
padronizados para estruturas metálicas de aços
estruturais: SMAW, SAW, GMAW e FCAW;
 Definem quais eletrodos e metais-base são
compatíveis para cada processo de soldagem;
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 Adotam detalhes de preparação de juntas


comprovadamente eficientes em fornecer a
acessibilidade necessária para a deposição e a
obtenção de uma fusão perfeita entre o metal da
solda e o metal de base a ser soldado;

 Especificam simbologias padronizadas para


representar as soldas;
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10.2 – Processos de Soldagem pré-qualificados


10.2.1-Arco Elétrico com Eletrodo Revestido-SMAW
O processo de soldagem de estruturas metálicas
através de arco elétrico com eletrodo revestido, é
chamado pela AWS de SMAW– Shielded Metal Arc
Welding, é o mais largamente empregado para a
soldagem de chapas de 3mm a 40mm de espessura.
A soldagem é realizada com o calor de um arco elétrico
mantido entre a extremidade de um eletrodo metálico
revestido e a peça de trabalho a ser soldada. O calor
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produzido pelo arco elétrico funde o metal de base, a


alma do eletrodo e o revestimento. Quando as gotas de
metal fundido são transferidas através do arco para a
poça de fusão, são protegidas da contaminação atmos-
fera pelos gases vindos da queima do revestimento.
O revestimento do eletrodo também estabiliza e
direciona o arco elétrico e, uma vez fundido, o
revestimento e as impurezas do metal de base formam
uma escória que flutua para a superfície da poça de
fusão protegendo o metal da solda da contaminação
atmosférica e controlando a taxa de resfriamento do
metal da solda.
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A contaminação atmosférica é devida ao oxigênio,
que causa porosidade na solda, e ao nitrogênio que
causada a fragilidade do metal da solda que fica
quebradiço.
Esquema da
soldagem com
Eletrodo Revestido
SMAW
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10.2.2 - Arco Submerso - SAW


O processo de soldagem de estruturas metálicas atra
vés de arco submerso é chamado pela AWS de SAW
– Submerged Arc Welding. Este processo usa o calor de
um arco elétrico entre um eletro não revestido, em
forma de arame o que possibilita alimentação contínua,
e o metal base a ser soldado. O calor funde o final do
eletrodo e a superfície do metal base para formar a poça
de fusão. A proteção do arco e da poça de solda fundida
vem da deposição de uma camada de material mineral
granular fusível (chamado de fluxo granular) que faz
com que o arco elétrico fique submerso e protegido.
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Parte do fluxo granular, juntamente com


impurezas do metal base, se fundem e formam uma
escória que protege o metal da solda, enquanto o
restante do fluxo granular não fundido é recolhido por
um aspirador que o faz recircular no processo de
soldagem.
Este é um processo muito utilizado para a
soldagem de juntas de grande comprimento, como as
de composição de perfis soldados, e também para
chapas de grande espessura.
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Arco
Submerso:
SAW
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10.3 – Tipos de Juntas


De acordo com a posição relativa entre as peças a
serem soldadas a AWS define cinco tipos de junta:
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10.4 – Posições de Soldagem


A AWS define quatro posições básicas de aplicação
da solda.
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10.5 – Especificação e Resistência dos Eletrodos


Para cada um dos quatro processos de soldagem a
AWS define uma especificação de eletrodo, sendo que
ao engenheiro calculista na maioria das vezes compete
apenas especificar a classe de resistência da solda que
será considerada nos cálculos de acordo com a tabela
A.4 pág.110 da NBR 8800-2008.
Via de regra, para chapas e perfis laminados e
soldados, se o processo de soldagem não for especifi-
cado admite-se que será o arco elétrico com eletrodo
revestido, SMAW (solda manual).
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Sendo fw a resistência mínima do metal da solda a


tração.
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10.6 - Compatibilidade do Metal-base com o Metal


da Solda
O eletrodo, ou metal de solda, a ser usado na
soldagem de uma junta deve ser compatível com o
metal-base, isto é, deve ter propriedades equivalentes
às do metal da junta a ser soldada. A tabela abaixo
mostra que eletrodo pode ser usado com os principais
aços considerados neste
curso. Para outros
aços ver a tabela 7
pág.70 da
NBR 8800-2008.
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10.7 – Tipos de Soldas


De acordo com a forma de deposição do metal da
solda em relação ao metal base a ser soldado, as soldas
são classificadas em:

 Solda de filete (fillet weld);


 Solda de entalhe com penetração total (groove
weld);
 Solda de entalhe com penetração parcial (groove
weld);
 Solda de tampão em furo ou em rasgo (slot and plug
weld).
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A escolha do tipo da solda está relacionada com o


tipo de geometria da junta a ser soldada (junta de topo,
junta em T, junta de canto, junta sobreposta ou junta de
borda ) e também com a resistência necessária para a
conexão soldada.
Sendo a solda de filete a mais barata e fácil de
realizar e a solda de entalhe com penetração total a
mais cara e trabalhosa.
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10.8 - Solda de Filete – Fillet Weld


10.8.1 - Definições
Definem-se para as soldas de filete:
- Comprimento total do filete;
- Perna do filete, menor dos
dois lados, situados nas faces
de fusão, do maior triângulo
que pode ser inscrito na seção
da solda;
- é a interseção das faces de fusão;
- Garganta efetiva da solda (menor dimen. da seção);
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10.8.2 - Área Efetiva da Solda de Filete:


Item 6.2.2.2 pág.68
As seguintes disposições são aplicáveis para a
determinação da área efetiva de soldas de filete:
a) A espessura da garganta efetiva, , de uma solda de
filete é igual a menor distância medida da raiz à face
plana teórica da solda, exceto para soldas de filete com
pernas ortogonais executadas pelo processo de arco
submerso, quando a garganta efetiva pode ser acresci-
da de 3mm, para soldas de filete com perna maior que
10mm, e pode ser tomada igual a perna, para solda de
filete com perna igual ou inferior a 10mm;
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b) O comprimento efetivo de uma solda de filete, ,


exceto para a situação apresentada na alínea d),
mostrada a seguir, deve ser igual ao comprimento
total da solda de dimensão uniforme, incluindo os
retornos nas extremidades;
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c) A área efetiva de uma solda de filete deve ser


calculada como o produto do comprimento efetivo
da solda pela espessura da garganta efetiva;
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d) Para soldas de filete longitudinais longos


nas ligações extremas de elementos axialmente
solicitados, o comprimento efetivo deve ser tomado
como o comprimento total da solda multiplicado
pelo fator de redução :

sendo:
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OBS.: O coeficiente leva em conta a não


uniformidade da distribuição da tensão no cordão
de solda.
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10.8.3 - Tamanho Mínimo da Perna de uma Solda


de Filete: Item 6.2.6.2.1 pág.74
O tamanho mínimo da perna de uma solda de filete
é dado na Tabela 10 pág.74, em função da parte menos
espessa a ser soldada.
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10.8.4 - Tamanho Máximo da Perna de uma Solda


de Filete: Item 6.2.6.2.2 pág.74
O tamanho máximo da perna de uma solda de filete
que pode ser usado ao longo de bordas é dado por:
a) Ao longo de bordas de material com espessura
inferior a 6,35mm, não mais do que a espessura do
material;
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b) Ao longo de bordas de material com espessura igual


ou superior a 6,35mm, não mais que a espessura do
material subtraída de 1,5mm, a não ser que nos
desenhos essa solda seja indicada como reforçada
durante a execução de modo a se obter a espessura
total desejada da garganta.
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10.8.5 - Tamanho Mínimo do Comprimento de uma


Solda de Filete: Item 6.2.6.2.3 pág.74
a) O comprimento efetivo mínimo de uma solda de
filete não pode ser inferior a 4 vezes o tamanho da
perna e nem a 40mm;

Caso contrário, o tamanho da perna não pode ser


considerado maior que 25% , ou seja ¼, do compri-
mento efetivo da solda.
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b) Quando forem usados apenas soldas de filete


longitudinais nas ligações extremas de chapas
planas tracionadas, o comprimento de cada filete
não pode ser menor que a distância transversal entre
eles;
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10.8.6 - Cobrimento Mínimo em Ligações por


Superposição: Item 6.2.6.2.5 pág.74
O cobrimento mínimo, em ligações por superposição,
deve ser igual a 5 vezes a espessura da parte menos
espessa e não inferior a 25mm.

Chapas ou barras ligadas por superposição com


apenas soldas de filete transversais e sujeitas a
solicitação axial, devem ter solda de filete ao longo das
extremidades de ambas as partes para prevenir a
abertura da ligação.
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10.8.7 - Resistência das Soldas de Filete:


Item 6.2.5 pág.71 – Tabela 8
• Tração ou compressão paralela ao eixo da solda

Neste caso o esforço na solda não precisa ser


considerado (não há a tendência de uma chapa se des-
locar em relação a outra).
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• Tração ou compressão normal à seção efetiva da solda


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• Cisalhamento paralelo ao eixo da solda, na seção


efetiva
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• Cisalhamento paralelo e esforço normal perpendicular


ao eixo da solda
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10.9 - Considerações da Conexão Soldada


10.9.1 - Área Líquida Nominal e Efetiva em Peças
Tracionadas – Item 5.2.4.2 pág.39
Em regiões onde não existam furos, a área líquida
nominal, , deve ser tomada igual a área bruta da
seção transversal, . Sendo a área líquida efetiva:

10.9.2 – Coeficiente de Redução da Área Líquida


Item 5.2.5 pág.39
a) Quando o esforço de tração for transmitido
diretamente para todos os elementos da seção
transversal da barra, por solda ou parafuso;
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b) Quando o esforço de tração for transmitido somente


por soldas transversais a apenas alguns elementos
da seção;

onde é a área da seção transversal do elemento


conectado e é a área bruta do perfil;
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c) Nas barras de seção transversal aberta quando o


esforço de tração for transmitido somente por
parafusos ou soldas em apenas alguns elementos da
seção transversal (não todos);
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onde:
- Excentricidade da ligação, distância entre o
plano de corte (ou a raiz da solda) e o CG do
perfil ou de parte do perfil;
- Comprimento da ligação, comprimento da
solda na direção da solicitação ou a distância
entre o primeiro e o último parafuso na linha de
furação com maior número de parafusos na
direção da solicitação.
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d) Nas chapas planas, quando o esforço de tração for


transmitido somente por soldas longitudinais em
ambas as bordas;
para ( “l ” não pode ser w
para inferior a “b”!)
para

Ver A28-22
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10.10 - Solicitações Nas Juntas Soldadas


10.10.1 - Grupo de solda sob cisalhamento centrado
No caso de grupos de soldas sob tensões geradas
por solicitações axiais centradas, admite-se que ocorre
uma distribuição uniforme de tensões cisalhantes
atuantes na garganta efetiva da solda.
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Exemplo 10.1: Na figura tem-se uma cantoneira sim-


ples em ASTM A572Gr50 soldada em
uma chapa gusset de espessura 16mm, de acordo
com a simbologia apresentada, sendo a solda executada
com eletrodo revestido E70xx. Pede-se :
a) Calcular o da canto-
neira para o ELU de ruptu-
ra da seção líquida;
b) Verificar se a perna da
solda atende aos limites
mínimo e máximo;
c) Calcular , força resistente de cálculo da solda.
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Solução: NBR 8800-2008


a) Calcular o da cantoneira
para o ELU de ruptura da seção líquida;
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b) Verificar se a perna da solda


atende aos limites
mínimo e máximo;
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c) Calcular , força resis-


tente de cálculo da solda.

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