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FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE ENSINO DE

PIRACICABA

Escola de Engenharia de Piracicaba EEP

LABORATÓRIO DE PROCESSOS METALÚRGICOS

Aula prática nº 06

Processo de Soldagem Eletrodo Revestido


Autor: Almir Cordeiro RA: 201100897

Sumário

1-Objetivo..............................................................................................................3

2- Fundamentos teóricos......................................................................................3

2.1 Propriedades da soldagem ao arco........................................................4


2.2 Características do Processo...................................................................4
2.3 O Eletrodo Revestido..............................................................................5
2.4 Os tipos de eletrodos revestidos em função de seu revestimento.........6
2.5 Classificação dos eletrodos...................................................................10
2.6 Posições de soldagem conforme ASME...............................................17
2.7 As preparações mais comuns na soldagem manual ao arco elétrico. .18

3- Conclusão.......................................................................................................19

4- Bibliografia......................................................................................................20
1- Objetivo
Apresentar o funcionamento do processo de soldagem ao arco elétrico
com eletrodo revestido.

2- Fundamentos teóricos
A soldagem ao arco elétrico é o processo no qual a fonte calorífica
necessária à soldagem é obtida por um arco estabelecido entre o eletrodo e a
peça a ser soldada.
O arco elétrico é definido como sendo uma descarga elétrica num meio
gasoso, acompanhado por um intenso desprendimento de calor e de brilho
incandescente. O arco elétrico é gerado quando dois condutores de corrente
(eletrodos) são unidos, efetuando o contato elétrico, e depois separados. O
calor gerado devido ao curto circuito, provocará grande movimentação
eletrônica, fazendo com que o espaço de ar entre os eletrodos deixe passar
corrente (ionização), mantendo assim o arco.
Na abertura do arco, é necessária uma tensão maior do que para mantê-
lo, devido à necessidade do ar ser inicialmente ionizado. Para manter o arco, o
eletrodo e a peça devem ter uma diferença de potencial que depende do
material, da corrente, do arco e de seu comprimento.
O comportamento da corrente e da tensão do circuito, em cada uma
dessa fases, pode ser observado nas figuras seguintes.
No gráfico que se segue pode-se ver, que a corrente tende para Icc e a
tensão para zero, quando há transferência de metal do eletrodo para a peça,
pois o comprimento do arco é alterado nesse momento. (Figura 1)

Figura 1: Procedimento de soldagem ao arco elétrico


2.1 Propriedades da soldagem ao arco

Na soldagem ao arco, este é mantido num campo gasoso, cheio de


vapores do metal do eletrodo e de seu revestimento. O metal da peça é fundido
e forma uma poça de metal. Por sua vez, o metal de adição também é fundido
e transferido à poça na forma de glóbulos. Esta transferência ocorre devido à
força da gravidade, a expansão dos gases inclusos no revestimento do eletrodo
e a forças criadas por indução eletromagnética.
A distância medida da extremidade do eletrodo até o fundo da poça,
denomina-se comprimento do arco. O controle deste comprimento é de vital
importância no processo de soldagem, para minimizar a possibilidade dos
glóbulos de metal fundido entrarem em contato com a atmosfera e absorverem
oxigênio, e para manter constante os demais parâmetros de soldagem. O
comprimento ideal do arco é aproximadamente igual ao diâmetro do eletrodo.

2.2 Características do Processo

O processo de soldagem manual ao arco elétrico com eletrodos


revestidos é uma ferramenta de apoio universal, efetiva tanto em flexibilidade
quanto em custo.
A maioria dos metais pode ser unida ou revestida por esse processo
simples, em ampla gama de aplicações. Existe uma grande variedade de
eletrodos revestidos, cujo revestimento tem a capacidade de produzir os
próprios gases de proteção, dispensando o suprimento adicional de gases.
Em adição a característica de união de materiais, o processo é também
usado para revestimentos duros, corte e goivagem. As características do
processo podem ser resumidas conforme se segue:

• Processo de custo competitivo


• Não necessita suprimento externo de gases
• Flexibilidade de aplicação
• Grande variedade de eletrodos consumíveis
• O equipamento (gama de alta intensidade de corrente) pode ser usado
também para outros processos (ex.: corte, revestimento duro e
goivagem).

2.3 O Eletrodo Revestido

O eletrodo revestido é constituído de duas partes: a alma e o


revestimento.
A alma é constituída pelo arame metálico e, a princípio, sua composição
química deve ser similar ao do metal que está sendo soldado.
Por exemplo, se o metal base contém cromo e molibdênio, o eletrodo
deverá, preferencialmente, depositar os mesmos teores destes elementos que,
não necessariamente estão na alma, podendo estar também na composição do
revestimento.
Entretanto, o Carbono geralmente não atinge 0,15% no metal depositado por
eletrodos comuns e de baixa liga. Se a porcentagem de Carbono fosse maior
os ciclos térmicos de soldagem conduziriam à formação de estruturas de
têmpera no cordão. Valores elevados de C (até 1%) só são admitidos em
revestimentos duros.
O revestimento do eletrodo é composto por uma massa dura e
quebradiça extrudada em volta da alma, de forma a manter uma
concentricidade com a mesma. Sua composição é variável e cada mistura
procura atender determinada aplicação do eletrodo.
As funções básicas do revestimento do eletrodo são:
• Facilitar a estabilização e manutenção do arco.
• Proteger o metal fundido contra a ação do oxigênio e nitrogênio do ar,
pela produção de um campo gasoso, envolvendo o arco e a poça da solda.
• Criar a escória de proteção, evitando porosidades e reduzindo a
velocidade de solidificação, de maneira a permitir um resfriamento lento da
solda.
• Diminuir as perdas de metal por respingos fora da poça de fusão.
• Introduzir elementos de liga não existentes na alma do eletrodo.
• Facilitar a soldagem nas várias posições de trabalho.
• Introduzir elementos desoxidantes, tais como o manganês e o
alumínio, quando necessário.
As principais composições de revestimento são padronizadas e
designam o tipo de eletrodo, classificando-o em: rutílico, ácido, básico (baixo
hidrogênio), celulósico, e oxidante.

2.4 Os tipos de eletrodos revestidos em função de seu


revestimento.

Analisaremos a seguir a influência dos diferentes tipos de revestimentos


sobre as características e velocidade de soldagem, bem como sobre a
qualidade do metal depositado.
a) Os eletrodos rutílicos com aproximadamente 100% de rendimento teórico
apresentam facilidade na abertura de arco e manejo excelente em todas as
posições, sendo próprios para execução de cordões curtos em aços de baixo
teor de carbono, em soldagens de ângulo, em chapas finas e também para
frestas muito grandes.
A quantidade de respingos é pequena e o cordão é liso com escamas
finas e regulares apresentando belo acabamento.
A velocidade de soldagem é razoável; permitindo a soldagem em
corrente alternada, mesmo quando a máquina de solda apresentar baixa
tensão em vazio, próximo aos 50V.
A penetração é de média a pequena, adequada para a maioria das
aplicações usuais.
Os eletrodos rutílicos sem liga são recomendados normalmente para
aços com resistência à tração inferior a 440 N/mm2.
São bastante sensíveis às impurezas e a um teor de carbono mais
elevado, dando origem a trincas com certa facilidade. Também não se
aconselha o emprego de eletrodos rutílicos quando o metal de base será
submetido a tensões elevadas,quando em serviço.
Os eletrodos rutílicos são muito pouco sensíveis à umidade.
São classificados pelas normas internacionais pelas seguintes
designações:
Internacional ISO: letra R
Americana AWS: E XX12 ou E XX13
b) Os eletrodos rutílicos de alto rendimento apresentam, como regra geral,
tanto maior velocidade de soldagem quanto maior for seu rendimento.
Os eletrodos desta família são de fácil aplicação, principalmente em
corrente alternada, proporcionando um cordão liso com escória de fácil
remoção, quase sempre auto destacável.
São especialmente indicados para a soldagem de ângulo, horizontal e
plano, adequando-se perfeitamente à soldagem por gravidade devido a serem
eletrodos "de contato".
São classificados pelas normas internacionais pelas seguintes
designações:
Norma Internacional ISO: letra RR
Americana AWS: E 7024
c) Os eletrodos ácidos sem pó de ferro no revestimento possuem uma abertura
e reacendimento de arco mais difícil do que os eletrodos rutílicos, porém mais
fácil do que os básicos. São de fácil manejo em qualquer posição,
especialmente na plana e ângulo horizontal, seja em corrente contínua ou
alternada.
A velocidade de soldagem é razoável; os cordões são lisos e brilhantes,
sendo a escória abundante, porosa e de fácil remoção.
Os limites de escoamento e resistência à tração são mais baixos do que
os dos eletrodos rutílicos, porém o alongamento e a resistência ao impacto são
superiores.
Os eletrodos ácidos sem liga são apropriados para aços com resistência
à tração de até 440 N/mm2, com teores de carbono e impurezas bastante
baixos.
Este tipo de eletrodo dominava o mercado há algumas décadas atrás,
tendo sido paulatinamente substituído pelos eletrodos rutílicos nas soldagens
em plano, e pelos básicos nas soldagens fora da posição plana. São
designadas por:
Internacional - ISO: letra A
Americana AWS: E XX20
d) O eletrodo básico comum tem velocidade de soldagem razoável na posição
plana, porém são mais rápidos do que os outros tipos em soldagens na vertical
ascendente. Isto se explica pela maior amperagem aceita pelos eletrodos
básicos na soldagem vertical. Além disso, a quantidade de metal depositado
por eletrodo é maior do que em outros tipos de revestimento, diminuindo assim
o número de trocas de eletrodos.
A escória não se elimina com a mesma facilidade do que a dos tipos
anteriormente apresentados, porém não é de difícil remoção.
O arco deve ser mantido sempre curto e o eletrodo movimentado
lentamente, a fim de se evitarem porosidades.
Permitem soldagem em qualquer posição, preferivelmente em corrente
contínua pólo positivo. A penetração é moderada, produzindo poucos respingos
e escória friável.
O metal depositado pelos básicos tem um baixo teor de hidrogênio,
caracterizando-se pelas elevadas propriedades mecânicas mesmo em baixas
temperaturas.
Este tipo de eletrodo apresenta maiores garantias tanto contra o
fissuramento a quente como a frio. Quanto maior for a temperabilidade de um
aço a ser soldado, tanto mais necessário é o uso de eletrodos básicos e
maiores são as exigências relativas a um baixo teor de umidade no
revestimento.
Devido à ação depurante de sua escória básica, este tipo é o mais
indicado para a soldagem de aços impuros. Quando for recomendado o
preaquecimento do metal de base, a indicação natural será o eletrodo básico,
pois o conseqüente aumento de diluição do metal aumenta a probabilidade de
impurezas na poça de fusão.
O eletrodo básico sem liga é apropriado para os aços com resistência à
tração de até 530 N/mm2. O principal campo de aplicação dos eletrodos
básicos é na soldagem de alta responsabilidade, tais como: cascos de navios,
caldeiras, vasos de pressão, etc. São recomendados ainda para a execução de
juntas muito rígidas, formadas por elementos altamente vinculados ou de
grande espessura, para a soldagem a frio de aços com teor de carbono mais
elevado, para aços fundidos e para os aços cuja soldabilidade seja duvidosa.
Os eletrodos básicos são muito higroscópicos, razão pela qual sua
embalagem deve ser hermeticamente fechada. Para conservar os eletrodos
secos, recomenda-se a utilização de estufas apropriadas para sua
armazenagem, onde os eletrodos serão colocados logo após a abertura de sua
embalagem original.
São classificados pelas normas internacionais pelas seguintes
designações:
Internacional - ISO: letra A
Americana - AWSE: XX15 / E XX16 / E XX18
e) Os eletrodos básicos ao zircônio de alto rendimento são os mais rápidos de
todos os tipos de eletrodos, sendo usados na posição plana.
Sua aplicação é similar ao do eletrodo básico comum , utilizando-se corrente
alternada ou contínua no pólo positivo.
f) Os eletrodos básicos ao rutilo de alto rendimento possuem as excelentes
propriedades de aplicação dos eletrodos rutílicos e a elevada qualidade de
metal depositado dos eletrodos básicos.
São os melhores eletrodos para soldagem de ângulo horizontal em aços
de alta resistência, onde não é aconselhável o emprego de eletrodos rutílicos
de alto rendimento. Podem ser igualmente utilizados em soldagens sobre os
mesmos metais que os eletrodos básicos comuns e básicos ao zircônio de alto
rendimento.
São classificados pelas normas internacionais pelas seguintes
designações:
Internacional - ISO: letra B
Americana - AWS: E XX28
g) O eletrodo celulósico tem como característica principal uma grande
penetração, sendo o tipo mais aconselhável para a soldagem dos passes de
raiz onde se necessitar penetração completa, contínua e uniforme,
principalmente se a junta for acessível de um só lado.
Propiciam soldagens em todas as posições, sendo particularmente
indicados para posição vertical descendente.
Produzem grande quantidade de fumos e uma escória fina e pouco
abundante, de fácil remoção.
O eletrodo celulósico é o tipo mais adequado para soldagem de
tubulações em geral.
São utilizados normalmente em corrente contínua, pólo positivo,
produzindo um cordão de acabamento regular e ligeiramente convexo, com
escamas espaçadas, grosseiras e não eqüidistantes.
Devido à presença da celulose, a quantidade de hidrogênio liberada pelo
revestimento é muito grande, o que limita o campo de emprego dos eletrodos
celulósicos somente aos aços doces.
São classificados pelas normas internacionais pelas seguintes designações:
Internacional - ISO: letra C
Americana - AWS: E XX10 / E XX11
h) Os eletrodos oxidantes foram os primeiros a surgir, no início do século,
quase não encontrando mais aplicação no estágio atual da soldagem. São de
fácil emprego na posição plana, permitindo a obtenção de cordões de
excelente estética, tanto em corrente alternada como contínua.
O metal depositado por este tipo é rico em óxidos, apresentando
propriedades mecânica bastante escassas.
Suas principais aplicações são:
A soldagem de revestimento em chapas/partes de ferro puro, sujeitas ao
desgaste corrosivo devido à eletrólise (exemplo: tanques de galvanização); A
soldagem estética na indústria de móveis e afins, onde o acabamento é mais
importante que a resistência mecânica obtida.
São classificados pelas normas internacionais pelas seguintes designações:
Internacional - ISO: letra O

2.5 Classificação dos eletrodos

Existem eletrodos de diferentes tipos, de acordo com o material a ser


soldado e sua aplicação.
A classificação de eletrodos revestidos mais utilizada é a da Sociedade
Americana de Engenheiros Mecânicos (ASME - American Society of
Mechanical Engineers), baseada na feita pela Sociedade Americana de
Soldagem (AWS - American Welding Society).
A classificação varia de acordo com o tipo de revestimento e o
desempenho do eletrodo,conforme apresentado a seguir:
CLASSIFICAÇÃO ASME (idêntica a AWS)
SFA 5.1. 83: Eletrodos revestidos de aço-carbono para soldagem ao arco
elétrico.
O método de classificação de eletrodos revestidos é baseado no uso de
quatro dígitos numéricos, precedidos pela letra "E" de eletrodo. Os dois
primeiros algarismos designam a resistência à tração mínima em 1000 psi (libra
por polegada quadrada) na condição de como soldado. O terceiro algarismo
indica a posição na qual o eletrodo é capaz de produzir soldas satisfatórias. Os
dois últimos algarismos indicam a corrente de soldagem o tipo de revestimento
e outras características, quando pertinente.
Como exemplo, apresentamos a classificação do eletrodo E 6013:
E = Significa “Eletrodo revestido para soldagem manual ao arco elétrico”.
60 = Designa a resistência mínima à tração do metal depositado em psi x
1.000. No caso desse eletrodo, portanto, o valor é de 60.000 psi (420 MPa)
1 = O penúltimo algarismo indica a posição indicada para a soldagem. Assim
temos:
1. Aplicável em todas as posições de soldagem. (É o caso do exemplo)
2. Posições plana e horizontal.
3. Posição plana.
4. Posição vertical descendente
13 = Os dois últimos algarismos indicam o tipo de corrente de soldagem e o
tipo de revestimento. No caso do exemplo temos: Revestimento do tipo rutílico
e corrente CA/CC - ou +
Os detalhes sobre a classificação são dados a seguir:
• Primeiro e segundo dígitos
E 60XX = Resistência mínima à tração de 60.000 psi (420 MPa) do metal
depositado, como soldado, para E 6010, E 6011, E 6012, E 6013, E 6020, E
6022, E 6027.
E 70XX =Resistência mínima à tração de 70.000 psi (500 MPa) do metal
depositado, como soldado, para E 7014, E 7015, E 7016, E 7018, E 7024, E
7027, E 7028, E 7048.
• Terceiro e quarto dígitos
O terceiro dígito indica as posições de utilização do eletrodo e o quarto a
corrente e revestimento.
E XX10 = Revestimento do tipo celulósico ligado com silicato de sódio. Grande
penetração, arco intenso tipo spray. Escória fina e friável pouco abundante.
Soldagem em todas as posições, em corrente contínua pólo positivo. É o tipo
mais adequado para soldagem de tubulações em geral.
E XX11 = Muito similar ao E XX10, porém ligado com silicato de potássio para
permitir seu uso em CA ou CC+.
E XX12 = Revestimento tipo rutílico ligado com silicato de sódio. Arco calmo,
de fácil abertura e manejo, excelente em todas as posições. A penetração é de
média a pequena. Aplicável em CA ou CC-.
E XX13 = Revestimento similar ao E XX12, mas com adição de material
facilmente ionizável e ligado com silicato de potássio, para proporcionar um
arco estável em máquinas de solda de baixa tensão em vazio. A escória é
fluida e facilmente removível, a quantidade de respingos é pequena e o cordão
liso com escamas finas e regulares, apresentando belo acabamento. Soldagem
em todas as posições, em CA ou CC - ou +.
E XX14 = Revestimento similar aos tipos E XX12 e E XX13, porém com adição
de média quantidade de pó de ferro. Soldagem em todas as posições, em CA
ou CC - ou +.
E XX15 = Revestimento tipo "básico-baixo hidrogênio", ligado com silicato de
sódio. Soldagem em todas as posições, de aços de alta resistência. Aplicável
somente em CC+.
E XX16 = Revestimento similar ao E XX15, porém ligado com silicato de
potássio. Aplicável em CA ou CC+.
E XX18 = Revestimento similar ao E XX15 e E XX16, mas com adição de pó de
ferro. Soldagem em todas as posições, em CA ou CC+. Este tipo de eletrodo
apresenta maiores garantias tanto contra o fissuramento a quente quanto a frio.
Próprio para as soldagens de alta responsabilidade, juntas muito rígidas,
soldagem a frio de aços com teor de carbono mais elevado, aços fundidos,
aços de alta temperabilidade e aços de soldabilidade duvidosa.
E XX20 = Revestimento com alto teor de óxido de ferro, ligado com silicato de
sódio. Soldagem nas posições plana e ângulo horizontal. Boa qualidade ao
Raio-X aplicável em CA ou CC.
E XX22 = Revestimento com alto teor de óxido de ferro; recomendado para
soldas em um único passe com alta velocidade e elevada intensidade de
corrente. Soldagem na posição plana em juntas de topo ou sobrepostas, e
ângulo em chapas finas; aplicável em CA ou CC - ou +.
E XX24 = Revestimento grosso, tipo rutílico, contendo elementos similares aos
dos eletrodos E XX12 e E XX13, porém com adição de alta porcentagem de pó
de ferro para proporcionar altíssimo rendimento. Soldagem somente nas
posições plana e ângulo- horizontal, em CA ou CC - ou +.
E XX27 = Revestimento muito grosso, tipo ácido, contendo elementos similares
ao E XX20, porém com adição de alta porcentagem de pó de ferro. Soldagem
nas posições plana e ângulo-horizontal. Boa qualidade ao Raio-X; aplicável em
CA ou CC - ou +.
E XX28 = Similar ao E XX18, porém com revestimento mais grosso adequado
para uso nas posições planas e ângulo-horizontal em CA ou CC+.
E XX48 = Revestimento similar ao E XX18; eletrodo especialmente
desenvolvido para soldagem na posição vertical descendente, em CA ou CC+.
3.4.3. Seleção do eletrodo
A seleção do eletrodo a ser utilizado em determinado serviço depende de uma
série de fatores. Como mais importantes podemos destacar os seguintes:
• Características do metal base (peça)
É necessário, conhecer-se de forma a mais completa possível suas
propriedades.
A princípio podemos classificar os aços em três tipos fundamentais:
I - Aços comuns, com resistência à tração de até 510 N/mm², não contendo
geralmente nenhum elemento de liga.
II - Aços de elevada resistência à tração, com valores mínimos superiores a
510 N/mm², na maioria das vezes possuindo elementos de liga em pequeno
teor.
III - Aços inoxidáveis, resistentes aos ácidos e ao calor, altamente ligados ao
cromo, cromo níquel ou ainda cromo níquel molibdênio.
O Grupo I é normalmente soldado com eletrodos comuns dos tipos: rutílicos ou
ácidos.
O Grupo II exige eletrodos de qualidade superior, do tipo básico, enquadrados
nas seguintes normas:
AWS A5.1-69: tipo E 70XX
AWS A5.5-69: dos tipos E 70XX-Y / E 80XX-Y / E 90XX-Y / E 100XX-Y / E
110XX-Y / E 120XX-Y
Lembramos aqui que os eletrodos enquadrados na Norma AWS A5.5-69
possuem uma letra na segunda parte de sua classificação(Y) a qual deverá
sempre ser considerada na realização de equivalências.
Y poderá ser:
A - eletrodos ligados ao molibdênio
B - elementos de liga cromo-molibdênio
C - elemento de liga níquel
D - elemento de liga manganês-molibdênio
G - todos os outros eletrodos de baixa liga
M - especificações militares
A característica do Grupo III é a exigência de eletrodos de alta liga, também
inoxidáveis, enquadrados normalmente na Norma AWS A5.4-69 dos tipos: E
3XX-15/16 / E 4XX-15/16 / E 5XX-15/16
• A espessura do metal de base

A seguir é importante considerar-se a espessura do metal de base a


soldar. É sabido que metais de pouca espessura empenam e furam com
facilidade por ocasião da soldagem; por outro lado, materiais espessos tendem
a apresentar falta de penetração na raiz e trincas de têmpera ao lado ou sob o
cordão de solda, devido a estarem sujeitos a um ciclo térmico severo. A maior
rigidez de uma chapa espessa também pode introduzir tensões elevadas na
junta, podendo levar a trincas.
Em muitos casos, torna-se recomendável um preaquecimento e, como
conseqüência, a utilização de eletrodos com revestimento básico.
• A junta a soldar
Outro ponto fundamental é a junta e a conseqüente consideração de
penetração. Eletrodos de penetração baixa/média utilizam chanfros com as
variáveis: ângulo, fresta e nariz, intimamente relacionadas, no intuito de
assegurar penetração completa por ocasião da soldagem.
Eletrodos de penetração grande/profunda aceitam, até certos limites,
chanfros retos e frestas mínimas. Cabe aqui um importante alerta: cuidado com
esta soldagem que implica sempre em alta diluição, aumentando a
probabilidade de contaminação.
Trincas a quente ao longo da solda, acompanhando as cristas das
escamas do cordão, são muito comuns; basta que os teores de C-Si-P e
principalmente S sejam um pouco elevados, e as trincas aparecerão
inevitavelmente.
Nas juntas de acesso por um só lado, deve-se cuidar de forma especial
do passe de raiz, que deverá assegurar penetração total e uniforme ao longo
de toda a junta. O eletrodo celulósico é aquele que melhor se presta à
obtenção desta condição de soldagem.
• A posição de soldagem
Em havendo condições, todas as soldagens deverão ser realizadas na posição
plana; é a mais fácil, rápida e econômica, permitindo ainda a utilização de
eletrodos específicos para esta posição, de altíssimo rendimento.
Segue-lhe a posição horizontal, com os inconvenientes de chanfros
assimétricos e o emprego da técnica de soldagem por filetes. A soldagem
vertical seria a terceira opção; a ascendente é relativamente fácil de ser
executada, mas implica em concentração de muito calor, progressão muito
APOSTILA 2 – SOLDA – Processos de Fabricação – Eng. Mecatrônica – Prof.
Marcelo J. Simonetti. 10
lenta e eletrodos de diâmetro limitado. Deve-se verificar a possibilidade da
execução da solda em posição vertical descendente, devido à rapidez e
conseqüente economia; muitos eletrodos se prestam a esta execução,
existindo alguns tipos especialmente desenvolvidos que somente operam na
vertical descendente.
• A corrente de soldagem
O tipo de corrente de soldagem disponível / previsto deve merecer a
devida consideração, sendo decorrente da maquina existente para a execução
do trabalho. Há eletrodos que soldam somente em corrente contínua pólo
positivo, outros aceitam corrente alternada e contínua, pólo positivo.
Outros, ainda, corrente alternada e contínua, pólo negativo.
Os "indiferentes" aceitam corrente alternada e contínua, polaridade
positiva ou negativa.
Finalmente, estão em largo uso os eletrodos de acentuada preferência
pela corrente alternada; são tipos modernos destinados à soldagem por
contato, especialmente indicados para soldagem por gravidade (AWS E 6027 -
E 7024 - E 7028).
Quando se solda com eletrodos em corrente contínua, pólo positivo, é
interessante dar preferência aos produtos idealizados para soldagem em
CA/CC+. A incidência de defeitos no cordão, acarretados por oscilações na
alimentação elétrica do primário, é muito menor do que em um eletrodo
idealizado somente para CC+.
• O Soldador
Ao soldador cabe uma parcela importante na escolha do eletrodo. Deve-
se exigir deste profissional apenas a habilidade executiva, pois seus
conhecimentos sobre os fenômenos metalúrgicos ligados à soldagem são
quase sempre nulos. Em escala crescente de dificuldade de emprego, temos
os seguintes tipos de eletrodos: ácido - rutílico - celulósico - básico. Admite-se
que um soldador, que seja habilitado a soldar com eletrodos básicos, tenha
condições de efetuar soldagens também com os outros tipos de eletrodos.
É notória a dificuldade que um soldador de eletrodos do tipo celulósico
encontra, ao tentar realizar trabalhos com eletrodos básicos. Devido ao arco
mais aberto e movimentos amplos, o resultado é quase sempre porosidade
excessiva. Necessitando-se treinar um soldador para básicos, é aconselhável
relegar-se os soldadores de tipo celulósico para a condição de última escolha,
pois sua adequação é realmente difícil.
• As condições circunstanciais
As condições circunstanciais deverão ser também levadas na devida
consideração, devido à influência que podem vir a exercer na escolha de um
eletrodo.
Alguns exemplos:
- Condições de umidade relativa do local de trabalho, diretamente ligada
à questão armazenagem / cuidados com os eletrodos revestidos; os eletrodos
básicos são os mais sujeitos à absorção da umidade ambiental.
- Proteção quanto aos ventos porventura existentes na região de
trabalho; os celulósicos são os mais aconselháveis em condições adversas de
tempo, devido ao volume de fumos/gases que emanam do seu revestimento.
- Estado superficial do metal de base; em existindo pintura, ferrugem,
etc., o eletrodo do tipo básico será o mais prejudicado, apresentando
acentuada tendência à porosidade no cordão de solda.
• O tipo de eletrodo revestido
Vide o item 3.4.1. onde são expostas as principais aplicações de cada tipo de
eletrodo.
Como subsídio para a escolha do tipo indicado para uma soldagem é
interessante determinar-se o carbono equivalente (CE) do metal de base,
determinado da seguinte forma:
CECMnCrMoVNiCu=++++++651
Se o valor obtido não for superior a 0,41 podem ser utilizados, em princípio,
todos os tipos de eletrodos. Para valores superiores a 0,41 devem ser
empregados eletrodos básicos; se o CE. for igual ou superior a 0,45, torna -se
obrigatório, também, o preaquecimento.

2.6 Posições de soldagem conforme ASME

Há quatro posições básicas de soldagem a saber: plana, horizontal,


vertical (ascendente ou descendente) e sobre cabeça.
A posição mais fácil para soldagem é a plana. Qualquer desvio desta
posição, a não ser pequenas variações de inclinação, torna o sucesso da
soldagem muito mais difícil. Isto ocorre porquê a força de gravidade não auxilia
no posicionamento do metal de solda.
Soldagem em posição (outras que não a plana) freqüentemente se
baseiam nos efeitos da força do arco e na tensão superficial.
Portanto, a posição de soldagem pode afetar as propriedades mecânicas da
solda e provocar a ocorrência de defeitos.

Figura 2: Posições para soldagem ao arco elétrico

2.7 As preparações mais comuns na soldagem manual ao arco


elétrico

Para se executar uma soldagem corretamente, visando a obtenção de


uma junta isenta de defeitos, é fundamental realizar-se uma boa preparação
das partes a unir.
A forma e dimensões de um chanfro dependem de vários fatores,
enumerados a seguir:
• Processo de soldagem
• Natureza do metal de base
• Espessura das partes a unir
• Tipo de junta
• Posição de trabalho
• Penetração desejada
3- Conclusão

Vimos que a soldagem pelo processo arco elétrico é de grande importância


para a indústria mecânica, pois é um processo simples e de fácil utilização
conseguindo soldas com excelentes acabamentos dependendo da habilidade
do operador e com tolerâncias dimensionais bastante “fechadas”, podendo ser
realizada em locais de difícil acesso.

Mesmo sendo um processo simples, não se deve esquecer do uso dos


equipamentos de proteção individual, pois na prática realizada percebemos que
é liberada um quantidade de respingos considerável, os raio emitidos pelo arco
elétrico são prejudiciais não só para os olhos mas também para pele, tendo
assim que usar mangotes, aventais, luvas, perneiras, máscara, etc.

Apesar da perícia do soldador ser um fator importante, muitos operários


adquirem habilidade através de treinamentos e experiências no trabalho. O
custo de investimento em equipamentos é relativamente baixo, e os eletrodos
para soldagem (exceto os para metais muito reativos, tais como o titânio,
magnésio e outros), são facilmente encontrados no mercado e estão
disponíveis para aplicações em manutenção, construção e outros processos
que necessitem de soldagem.

O processo SMAW possui a maior flexibilidade entre todos os processos de


soldagem, pois pode ser usado em todas as posições (plana, vertical,
horizontal, etc) como praticamente todas as espessuras do metal base (1.6 mm
ou 1/16 in, e maiores) e em áreas de acesso limitado, o que representa uma
vantagem muito importante.

Uma limitação importante é que, assim que o arco é estabelecido, a corrente


atravessa o comprimento inteiro do eletrodo. A quantidade de corrente que
pode ser usada, portanto, é limitada pela resistência elétrica do arame do
núcleo do eletrodo. Uma amperagem excessiva sobreaquece o eletrodo e
danifica o revestimento. Isso provoca mudança nas características do arco e da
própria proteção obtida. Devido a esta limitação, as taxas de fusão são
geralmente menores do que no processo GMAW.
4- Bibliografia

FREIRE, José de Mendonça. Tecnologia Mecânica . 4ª edição. Rio de


Janeiro: Editora Livros Técnicos e Científicos S.A. - pág 287, 1974.

WAINER, Emilio. Soldagem Processo e Metalurgia. 1ª edição. São Paulo:


Editora Edgard Blücher Ltda. – pág 346, 1985.

Site de busca na internet - http://www.infosolda.com.br

Processo de Soldagem com Eletrodo Revestido, Engenharia Mecânica EEP


2010.

Processo de Soldagem com Eletrodo Revestido, Grupo S1 – Tecnologia e


Metalurgia da Soldagem EEP 2009.

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