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2 – SOLDAGEM A ARCO SUBMERSO (SAW)

2.1 - DEFINIÇÃO

Processo de soldagem a arco elétrico com eletrodo(s)


consumível(eis), no qual o arco elétrico e a poça de fusão são
protegidos do ambiente pelos produtos resultantes da queima de
um fluxo, que é adicionado por via independente à do eletrodo
durante toda a soldagem.
Os consumíveis de soldagem do processo a arco submerso são:
fluxo granulado e eletrodo (*), podendo este ser sólido (arame nu
ou fita) ou um tipo de arame com núcleo fluxado (arame
composto).
(*) Eletrodo para solda a arco: componente do circuito de solda através do
qual a corrente é conduzida entre o porta-eletrodo e o arco.
2.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO
A soldagem a arco submerso (SAW) une metais pelo
aquecimento e fusão destes com um arco elétrico (ou arcos),
estabelecido entre um eletrodo nu (ou vários eletrodos) e o metal
de base.
O arco elétrico está submerso e coberto por uma camada de
material granular fusível que é conhecido por fluxo; portanto, o
regime de fusão é misto: por efeito joule e por arco elétrico.
Dispositivos automáticos asseguram a alimentação do eletrodo
(ou dos eletrodos) a uma velocidade conveniente, de tal forma que
sua(s) extremidade(s) mergulhe(em) constantemente no banho de
fluxo em fusão. A movimentação do cabeçote de soldagem em
relação à peça faz progredir a poça de fusão, sempre coberta e
protegida por uma escória formada pelo fluxo fundido e por
impurezas. Na Figura 5, é apresentado o esquema do processo
(detalhe).
2.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO

Figura 5 – Soldagem a arco submerso.


2.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO

Neste processo, como o arco elétrico não é visível durante a


soldagem, é dispensável o uso de mascara de solda pelo operador
de arco submerso; porém, ele tem que usar obrigatoriamente
óculos de segurança com lentes filtrantes.
Por não poder o operador enxergar o arco elétrico através do
fluxo, já que o referido arco encontra-se submerso por este ultimo,
existe uma dificuldade real em acertar/corrigir o posicionamento
do arco (alinhamento) quando se perde o curso. Para contornar o
problema, o equipamento deve ser dotado de um dispositivo
simples de guia (mecânico ou luminoso), a fim de permitir a
necessária orientação.
2.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO

Vantagens do processo:

• Alta qualidade da solda.


• Taxa de deposição e velocidade de deslocamento
extremamente alta.
• Inexistência de arco de soldagem visível, minimizando os
requisitos de proteção.
• Poucos fumos de soldagem.
• Utilização de múltiplos arames.
2.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM

A soldagem a arco submerso é um processo normalmente


automático, o que significa que todos os movimentos são
mecanizados e apenas controlados pelo operador. O processo
pode ainda, mais raramente, ser encontrado na versão semi-
automática, onde o soldador desloca o equipamento durante a
soldagem, enquanto a alimentação do consumível e o
comprimento do arco são controlados pelo alimentador de arame
ou fita e pela fonte de energia.
No processo automático, um mecanismo de avanço movimenta
o cabeçote de soldagem ao longo da peça, bem como um
reservatório contento fluxo granulado. Na Figura 6, é apresentado
o esquema do equipamento. Na soldagem de união de cilindros, o
cabeçote de soldagem permanece fixo, e o conjunto se movimenta
através de posicionadores giratórios.
2.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM

Figura 6 – Equipamento para soldagem a arco submerso.


Nas Figuras 6a e, 6b estão sendo apresentados exemplos de
soldagem pelo processo a arco submerso, numa solda de
revestimento e numa união de topo respectivamente.
2.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM

Figura 6a – Solda de revestimento.


2.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM

Figura 6b – União de chapas soldadas a topo – processo a arco submerso.


2.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM
Na soldagem de revestimento de eixos ou cilindros, o cabeçote
de soldagem realiza movimentos de translação, enquanto a peça
faz movimento de rotação obtido pelo emprego de posicionadores
giratórios. Nas Figuras 6c e 6d, estão sendo apresentadas
soldagens de revestimento com emprego de consumível de
soldagem do tipo arame- eletrodo e fita respectivamente.

Figura 6c - Equipamento executando soldagem de revestimento pelo processo a arco


submerso num cilindro (consumível: arame-eletrodo).
2.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM

Figura 6d - Equipamento executando soldagem de revestimento pelo processo a arco


submerso num cilindro (consumível: fita).
2.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM

A fonte de energia para a soldagem a arco submerso pode ser


uma das seguintes:
• Uma tensão variável de gerador CC ou retificador.
• Uma tensão contínua de gerador CC ou retificador.
• Um transformador de CA.
A tendência atual aponta para o uso de retificadores de tensão
constante ou de característica plana. Neste tipo de equipamento,
quando se aumenta a velocidade de alimentação do arame, o
equipamento aumenta a corrente de soldagem. Para promover a
variação da energia de soldagem, é necessário ajustar a voltagem.
As fontes de energia fornecem altas correntes de trabalho. A
maioria da soldagem é feita na faixa de 350 a 2000 A.
2.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM

A soldagem com corrente contínua permite um melhor controle


de formato do passe de soldagem, da profundidade de penetração
e da velocidade de soldagem. A soldagem em corrente contínua
normalmente desenvolve-se com polaridade inversa (eletrodo
positivo, CC+).
A corrente alternada tem a vantagem de reduzir o sopro
magnético (deflexão do arco, de seu percurso normal, devido a
forças magnéticas).
Os eletrodos para soldagem a arco submerso têm, usualmente,
uma composição química muito similar à do metal de base.
2.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM

Fluxos de soldagem a arco submerso também alteram a


composição química da solda e influenciam em suas propriedades
mecânicas. As características do fluxo são similares às dos
revestimentos usados no processo de soldagem a arco com
eletrodo revestido. Os diferentes tipos de fluxo são listados a
seguir:
• Fundido;
• Aglutinado;
• Aglomerado;
• Mecanicamente misturado.
2.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM

A composição da solda é alterada por fatores, tais como as


reações químicas do metal de base com elementos do eletrodo e
do fluxo, e elementos de liga adicionados através de ambos (fluxo e
eletrodo).
O processo apresenta a possibilidade de utilização de várias
combinações arame-fluxo, pois ambos são individuais, o que
permite grande flexibilidade para que sejam alcançadas as
propriedades mecânicas desejadas no metal de solda.
2.4 – CONTROLE DO PROCESSO

O controle do processo depende do conhecimento dos efeitos


das diversas variáveis de soldagem na solda. Na tabela abaixo,
consta um resumo dessa dependência.
Variável de soldagem Efeito na solda
• Intensidade de corrente (A) Maior intensidade maior penetração.
• Tensão do arco (V) Maior tensão maior comprimento do arco
Maior a largura do passe.
• Stick-out (*) Maior o stick-out maior a taxa de
deposição.
• Velocidade de soldagem Maior velocidade de soldagem menor
penetração e menor a largura do passe.
• Diâmetro do eletrodo Menor o diâmetro maior penetração.
• CC + Menor taxa de deposição e maior penetração.
(*) Stick-out: distância entre o contato elétrico e a peça.
2.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

O processo de soldagem a arco submerso é comumente


empregado na soldagem de diversas obras industriais que incluem
fabricação de navios, fabricação de elementos estruturais para
pontes e viadutos, vasos de pressão, etc. Com ele, é possível soldar
seções com espessura variadas, que vão de 5 mm e atingem, em
alguns casos, espessuras superiores a 200 mm.
Com relação ao material de base, aplica-se o processo de
soldagem a arco submerso, principalmente nos aços carbono, aços
de baixa liga e aços inoxidáveis, embora nem todas as ligas desses
materiais possam ser soldadas pelo processo. A seguir, estão
listadas as várias classes de metal de base que podem ser soldados
pelo arco submerso:
2.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

• Aço-carbono com até 0,29% C.


• Aços carbono tratados termicamente (normalizados ou
temperados – revenidos).
• Aços de baixa liga, temperados e revenidos, com limite de
escoamento até 700 Mpa (100.000 psi).
• Aços cromo-molibdênio (1/2% a 9% Cr e 1/2% a 1% Mo).
• Aços inoxidáveis austeníticos.
• Níquel e ligas de Níquel.

A maioria da soldagem a arco submerso é feita na posição


plana, com poucas aplicações na posição horizontal em ângulo
(2F). Na Figura 7, consta um exemplo da soldagem na posição
horizontal em ângulo com uso de posicionador.
2.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

Figura 7 - Equipamento executando soldagem na posição horizontal em ângulo (2F), com


emprego de posicionador.
Soldas executadas por este processo usualmente têm boa
ductilidade, alta tenacidade ao entalhe, contém baixo hidrogênio,
alta resistência à corrosão e propriedades que são, no mínimo,
iguais àquelas encontradas no metal de base.
2.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
Com este processo, podem-se executar soldas de topo, em
ângulo, de tampão, e também realizar deposições superficiais no
metal de base (revestimento), conforme já apresentado nas
Figuras 6a, b, c, d. Na soldagem de juntas de topo com abertura
excessiva de raiz, um cobre-junta pode ser utilizado para suportar
o metal fundido. Na soldagem de revestimento, cujo principal
propósito é o prover propriedades desejadas em uma superfície
(por exemplo: resistência à corrosão ou erosão), o metal de adição
empregado é normalmente uma fita.
A taxa de deposição pode variar de 5,0 kg/h, usando processos
semi-automáticos, até no máximo aproximado de 85,0 kg/h,
empregando-se processos automáticos com vários arcos
conjugados. Na Figura 8, consta um exemplo da soldagem a arco
submerso com emprego de dois arcos simultâneos (“twin-arc”).
2.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

Figura 8 - Exemplo da soldagem a arco submerso com emprego de dois arcos simultâneos
(“twin-arc”).
2.6 – PREPARAÇÃO E LIMPEZA DA JUNTA

A limpeza da junta e o alinhamento da máquina com a junta são


particularmente importantes na soldagem a arco submerso.
No que se refere à limpeza, qualquer resíduo de contaminação
não removido pode resultar em porosidade e inclusões. Portanto,
prevalecem para a soldagem a arco submerso todas as
recomendações feitas para a soldagem com eletrodo revestido,
quais sejam:
• As peças a serem soldadas devem estar isentas de óleo, graxa,
ferrugem, resíduos do exame por líquido penetrante, areia e
fuligem do preaquecimento a gás, numa faixa de, no mínimo, 20
mm de cada lado das bordas, e desmagnetizadas.
2.6 – PREPARAÇÃO E LIMPEZA DA JUNTA

• As irregularidades e escória do oxicorte devem ser removidas,


no mínimo, por esmerilhamento.
• Os depósitos de carbono, escória e cobre resultantes do corte
com eletrodo de carvão devem ser removidos.

O alinhamento máquina/junta incorreto resulta em falta de


penetração e falta de fusão na raiz. Se a soldagem for feita com
alto grau de restrição, trincas também podem surgir devido ao
alinhamento defeituoso.
2.7 – DESCONTINUIDADES INDUZIDAS
PELO PROCESSO
Na soldagem a arco submerso, a exemplo da soldagem com
eletrodo revestido, podem ocorrer quase todos os tipos de
descontinuidade. Vejamos, na tabela a seguir, algumas das
principais:
DESCONTINUIDADE CAUSA(S)
• Porosidade • Ocorre com freqüência, tendo como causas principais: alta
velocidade de avanço da máquina e, resfriamento rápido da solda.
São bolhas de gás retidas sob escória. Podemos eliminar a porosidade
modificando a granulação (finos em menor quantidade) ou a
composição do fluxo.
• Outros meios de evitar porosidades são: limpeza adequada da junta,
diminuição da velocidade de avanço da máquina, utilização de arames
com maior teor de desoxidantes e altura do fluxo adequada.
• Inclusões de • Pode ocorrer quando a remoção de escória na soldagem em vários
escória passes, não for perfeita. Devemos cuidar para que toda a escória seja
removida, atentando que existe regiões onde esta operação é mais
difícil: a região entre passes e aquela entre o passe e a face do
chanfro executado no metal de base.
2.7 – DESCONTINUIDADES INDUZIDAS
PELO PROCESSO
DESCONTINUIDADE CAUSA(S)
• Falta de fusão • Pode ocorrer no caso de um cordão espesso executado em um único
passe ou em soldagens muito rápidas, ou seja, nos casos de baixa
energia de soldagem.
• Falta de • Como já citamos anteriormente, a falta de penetração, quando
penetração acontece, é devida a um alinhamento incorreto da máquina de solda
com a junta a ser soldada e/ou velocidade de soldagem inadequada.
• Trincas • Na soldagem a arco submerso, podem ocorrer trincas tanto em
elevadas temperaturas quanto em baixas. Trincas de Cratera ocorrem
normalmente na soldagem a arco submerso, a não ser que o operador
tenha uma perfeita técnica de enchimento de cratera. Na prática,
utiliza-se chapas apêndices (run-on e run-off tabs) para deslocar o
inicio e o fim da operação de soldagem para fora das peças que estão
sendo efetivamente soldadas. Trincas na Garganta correm em
pequenos cordões de solda entre peças robustas. São típicas de
soldagem com elevado grau de restrição. Trincas na margem e Trincas
na raiz muitas vezes ocorrem algum tempo após a operação de
soldagem e, neste caso, são devidas ao hidrogênio. Frequentemente,
a causa é a umidade no fluxo.
2.7 – DESCONTINUIDADES INDUZIDAS
PELO PROCESSO
DESCONTINUIDADE CAUSA(S)
• Trincas Duplas laminações, lascas e dobras no metal de base podem
conduzir a trincas na soldagem a arco submerso. Tais
descontinuidades apresentam-se sob a forma de entalhes que
tendem a iniciar trincas no metal de solda. Duplas laminações
associadas às altas tensões de soldagem podem redundar em Trincas
interlamelar.
• Inclusões de • Acontecem com certa freqüência na soldagem a arco submerso,
escória quando a soldagem processa-se rapidamente, e quando a corrente é
muito alta.
2.8 – CONDIÇÕES DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL
Como o arco não é visível por estar submerso, a soldagem é
normalmente executada sem fumaças, projeções e outros
inconvenientes comumente verificados em outros processos de
soldagem a arco elétrico. Daí não necessitarmos de máscaras e
outros dispositivos de proteção, a não ser dos óculos de segurança.
Eles devem ser escuros para proteção contra clarões, já que,
inadvertidamente, pode ocorrer uma abertura de arco sem fluxo
de cobertura.
A soldagem a arco submerso pode produzir fumaças e gases
tóxicos. É sempre conveniente cuidar para que exista uma
ventilação adequada do local de soldagem, especialmente no caso
de áreas confinadas.
2.8 – CONDIÇÕES DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL
O operador e outras pessoas relacionadas à operação do
equipamento de soldagem devem estar familiarizadas com as
instruções de operação do fabricante. Deve ser dada uma atenção
especial às informações de precaução contidas no manual de
operação.
A Figura 9 contém resumidamente, algumas informações
importantes sobre a soldagem a arco submerso.

Figura 9 - Soldagem a arco submerso (SAW).


2.8 – CONDIÇÕES DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL

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