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TÓPICOS DE ESTUDO

Objetivos do capítulo
Apresentar os principais tipos de TECNOLOGIA GERAL DE
SOLDAGEM A ARCO
processos de soldagem a arco elétrico;
• Eletrodos
Apresentar os principais tipos de
• Proteção do arco
eletrodos; • O fluxo
Apresentar os principais tipos de • Fontes de energia de soldagem a arco
revestimento.

SHIELDED METAL ARC


WELDING (SMAW)
• Eletrodos revestidos para a
soldagem de aços carbono
• Tipos de revestimento
• Funções do revestimento
• Defeitos em eletrodos

MIG/MAG
• Vantagens e desvantagens
• Equipamentos
• Fonte de soldagem
• Gases de proteção

TIG
• Definições do processo
• Tipos de eletrodo para o processo
TIG
• Equipamentos de soldagem
• Parâmetros operacionais

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Contextualizando o cenário
Os processos de soldagem são os mais indicados para unir peças permanentemente, para tal,
o tipo de processo por arco elétrico é o mais utilizado e, podendo ser SMAW, MIG/MAG e o TIG.
Nos procedimentos desses processos, podemos usar normas que orientam, desde a es-
colha do melhor eletrodo para ser utilizado durante a fabricação de peças, até o tipo
de equipamento mais apropriado. Dependendo do tipo de eletrodo, ele pode conter um
revestimento, no qual podemos encontrar aditivos para a melhoria do processo de solda-
gem ou das características físicas da junta soldada.
Os parâmetros operacionais de cada processo de soldagem são muito importantes para
a seleção e compra de equipamentos para soldar.
Neste cenário, surge uma questão importante:
Por que ainda utilizamos processos de soldagem a arco elétrico SMAW em estruturas me-
tálicas de grande porte em campo e não a MIG, que possui maior velocidade de soldagem?

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6. Processos de soldagem com arco elétrico
A maioria dos processos de soldagem utiliza a corrente elétrica como fonte de energia
para unir peças metálicas. Os processos e aplicações são variados e podem ser utilizados em
fábricas, com a finalidade de gerar peças seriadas ou realizar construções de grande porte.
As fontes de energia utilizados nesses processos podem ser de corrente alternada ou
corrente contínua e seus equipamentos podem ser fabricados para trabalhar com várias
modalidades de potência, para atender diversos segmentos do mercado industrial.

6.1 Tecnologia geral de soldagem a arco


O processo de soldagem a arco utiliza a eletricidade como fonte de energia, com a finali-
dade de coalescer o local de união de duas peças permanentemente, podendo ser utilizados
eletrodos consumíveis ou não.
Os processos a arco elétrico são os mais utilizados em termos industriais e em constru-
ções pesadas, como de pontes ou navios.
Existem mais de cinquenta processos de soldagem por arco elétrico, sendo os mais usuais
o processo SMAW, O processo MIG/MAG e o processo TIG.

6.1.1 Eletrodos
Os eletrodos utilizados em processos de soldagem a arco elétrico podem ser classificados como
consumíveis e não consumíveis. Os eletrodos consumíveis são os responsáveis por fornecer o mate-
rial de adição na poça de fusão em soldagem a arco.
Os eletrodos geralmente são encontrados comercialmente em duas formas principais, que são as
varetas, ou simplesmente eletrodos, e o arame.
As varetas de solda possuem, geralmente, um
comprimento de aproximadamente 450 mm. O
maior problema de usar eletrodos consumíveis
em forma de vareta está nas operações de sol-
dagem em grande escala, pois o eletrodo deve
ser trocado periodicamente, em um intervalo de
tempo relativamente curto, reduzindo o tempo
de duração do arco elétrico e, consequentemen-
te, aumentando o tempo de produção.

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Já na utilização do eletrodo em forma de arame, a alimentação do eletrodo é contínua, pois
o arame que alimenta esse processo de soldagem é armazenado em um rolo, evitando, assim,
as interrupções frequentes, que acontecem quando se usa o eletrodo em forma de vareta. Os
eletrodos são classificados por normas de soldagem, como podemos ver na Fig. 1, que mostra o
significado das designações da AWS.

Eletrodo

Indicam resistência à tração X 1000psi

E XX (X) Y Z
Refere-se à posição de soldagem
(1 = todas as posição, 2 = horizontal e
plana, 3 = plana, 4 = plana, sobrecabeça,
horizontal, vertical descendente)

Indica o grau de utilização do eletrodo.


Por ex. o tipo de corrente e o tipo de
revestimento

Figura 1. Significado das designações. Fonte: AWS, 2012. (Adaptado).

Os eletrodos revestidos, quando saem de fábrica, possuem um código impresso em seu cor-
po, determinando suas aplicações.
Os eletrodos considerados como não consumíveis são fabricados com tungstênio, que pos-
suem alto ponto de fusão em relação ao aço e, portanto, não se fundem facilmente.
Mesmo sendo considerado não consumível, esse eletrodo é gradualmente desgastado, por
conta da vaporização.

6.1.2 Proteção do arco


Nos processos de soldagem a arco que utilizam temperaturas elevadas, os metais que se
encontram na poça de fusão reagem quimicamente com o oxigênio, hidrogênio e nitrogênio do
ar, fazendo com que as propriedades físicas da peça soldada sejam afetadas por essas reações.
Assim, o melhor meio de proteger o arco elétrico do ar que está ao redor da poça de fusão
provém do revestimento que os eletrodos, denominados de revestidos, possuem por toda a
extensão da vareta de solda.

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Quando o metal da vareta funde na ponta de contato do arco, por efeito Joule, o arco e a
poça de solda, que se encontra em estado líquido, ficam protegidos da atmosfera por uma ca-
mada de gás ou fluxo, ou ambos. Os gases mais utilizados para a proteção do arco são o argônio
e o hélio, e esses gases são inertes.

6.1.3 O fluxo
O fluxo é um material utilizado em processos de soldagem, com a finalidade de prevenir a for-
mação de óxidos e outros contaminantes indesejáveis na poça de fusão, ou dissolvê-los para me-
lhor facilitar sua remoção. Durante o processo de soldagem por arco elétrico, o fluxo se funde,
formando uma poça líquida, protegendo o metal de solda que está sendo fundido.
A escória gerada pelo fluxo endurece na superfície do cordão de solda após o resfriamento,
sendo removida por escovação ou leves batidas com um pequeno martelo.
Geralmente, o fluxo possui várias funções adicionais, como:
• Proporcionar uma atmosfera para proteger a poça de fusão.
• Estabilizar o arco.
• Reduzir os respingos.
A forma de aplicação do fluxo varia para cada processo, sendo que as técnicas de liberação do
fluxo podem incluir:
• Despejo de fluxo granular sobre a operação de soldagem.
• Utilização de vareta de solda revestida com o material de fluxo.
• Utilização de eletrodos tubulares, nos quais o fluxo está contido no interior e é liberado à me-
dida que o consumo do eletrodo acontece.

6.1.4 Fontes de energia de soldagem a arco


A fonte de energia elétrica está dividida em corrente contínua (CC) e corrente alternada (CA).
Essas correntes são utilizadas nos processos de soldagem a arco elétrico. Geralmente, as máqui-
nas que utilizam CA são mais baratas, porém, são utilizadas apenas em soldagem com materiais
ferrosos. Já os equipamentos que utilizam CC podem ser utilizados em todos os tipos de ligas me-
tálicas, obtendo bons resultados, e o controle do arco elétrico é melhor.
Independentemente do tipo de corrente utilizado nos processos de soldagem, a energia aplicada
durante a operação é um produto da corrente I, passando através do arco, e a voltagem V através dele.
Essa energia elétrica é convertida em calor, porém, a energia térmica não é totalmente transfe-
rida para a superfície da peça, pois, devido à condução, convecção e a radiação, mais os respingos,

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pode causar perdas, reduzindo a quantidade de calor a ser utilizado para formar o cordão de solda.
O balanço de energia em soldagem a arco é definido pela taxa de calor utilizada para a solda-
gem, que pode ser calculada por:
q = f1.f2.I.V
Onde q é a taxa de calor, f1 e f2 são fatores de transferência de calor, I é a corrente utilizada
durante o processo e V é a voltagem.

CURIOSIDADE:
No final da década de 1950, em plena guerra fria, a antiga União Soviética, atual
Rússia, desenvolveu um novo tipo de solda a arco elétrico, denominada eletroes-
cória, que acelerou os processos de soldagem de seus submarinos.

6.2 Shielded Metal Arc Welding (SMAW)


A shielded metal arc welding (SMAW), ou soldagem a arco com eletrodos revestidos, em por-
tuguês, é um processo que utiliza eletrodos consumíveis, que consistem em uma vareta de metal
de adição, conhecida como alma, que, por sua vez, é revestida com elementos químicos, com a
finalidade de proporcionar o fluxo e proteção. O processo SMAW também é conhecido como sol-
dagem elétrica com eletrodo revestido e está ilustrado na Fig. 2.

Eletrodo consumível

Direção da soldagem

Gás de proteção para o Revestimento


revestimenro do eletrodo do eletrodo

Escória
Metal de
solda fundido
Metal de solda
solidificado Metal
base

Figura 2. Processo de solda SMAW.

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PAUSA PARA REFLETIR
Você saberia dizer qual o processo de soldagem utilizado na fabricação de bicicletas?

6.2.1 Eletrodos revestidos para a soldagem de aços carbono


Os eletrodos de soldagem para o processo SMAW possuem um comprimento que podem
variar de 225 mm a 450 mm, e diâmetro de 2,5 mm a 9,5 mm. A Fig. 3 mostra alguns eletrodos
revestidos, sendo que o menor tem um código E6013, e o maior E7018, segundo a AWS.

Figura 3. Exemplo de eletrodos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 2018.

A vareta, que é o metal a ser depositado na poça de fusão, deve ser compatível com o metal
base da junta a ser soldada, geralmente com composição muito próxima.
Os revestimentos costumam ser de celulose em pó, que pode ser misturada com carbone-
tos, óxidos e outros ingredientes, e, em seguida, são unidos por um aglomerante de silicato.
Também são incluídos pós-metálicos com a finalidade de aumentar o metal de adição e adi-
cionar elementos de liga, melhorando, assim, as características mecânicas da junta soldada.
O revestimento é fundido por conta do calor do processo, formando uma atmosfera prote-
tora e uma escória, com a finalidade de proteger o cordão de solda (GROOVER, 2016).
A operação de soldagem a arco elétrico com eletrodos revestidos é, geralmente, realizada
de forma manual e é muito utilizada em construções estruturais de pontes metálicas, bem
como em tubulações e construção de máquinas de grande porte, ou em manutenção de má-
quinas e equipamentos industriais.

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CURIOSIDADE:
Os primeiros eletrodos revestidos continham cal, que facilitava a abertura do
arco elétrico e protegiam o eletrodo, sendo desenvolvidos por Oscar Kjellberg,
na Suécia, em 1904.

6.2.2 Tipos de revestimento


Os ingredientes utilizados no revestimento dos eletrodos são, a princípio, misturados a seco
e, em seguida, é adicionado silicato de sódio ou potássio em forma de uma mistura úmida, que
é compactada em volta da alma do eletrodo, em um cilindro que alimenta uma prensa extru-
sora para fabricar o eletrodo.
Os principais tipos de revestimento para eletrodo são:
Celulósico
É um revestimento à base de celulose, que apresenta as seguintes características:
• Possui elevada produção de gases que resultam da queima dos materiais orgânicos, como
a celulose.
• Os principais gases formados durante a soldagem são o CO2, CO, H2 e H2O, em forma de vapor.
• Não devem ser guardados em estufas para não serem ressecados.
• Sua atmosfera redutora protege o metal fundido do ar.
• Possui alta penetração na junta soldada.
• Produz pouca escória, que é facilmente destacável.
• O metal de adição depositado pode gerar um alto nível de hidrogênio na poça de fusão,
restringindo o uso em estruturas metálicas de grande porte ou em materiais sujeitos a trincas
por hidrogênio.
• Muito utilizado em soldagens de tubulações em progressão descendente.
• A transferência do metal de adição ocorre por spray, quando utilizada a CC+.
Rutílico
É um revestimento à base de rutilo (TiO2), até 50%, que apresenta as seguintes características:
• É um eletrodo consumível de uso geral.
• Possui média penetração.
• Gera uma escória de rápida solidificação e facilmente destacável.
• O metal de solda no cordão pode apresentar um alto nível de hidrogênio, cerca de 30 ml/100 g.
• É recomendável ressecar em estufa, a uma temperatura relativamente baixa, para que o
metal de solda não apresente porosidades grosseiras.

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Básico
É um revestimento à base de cálcio ou calcita, que apresenta as seguintes características:
• Geralmente, apresenta ótimas propriedades mecânicas entre todos os eletrodos, princi-
palmente nos quais a tenacidade é necessária.
• Possui elevados teores de carbonato de cálcio e fluorita, formando uma solda altamente
desoxidada e com baixo nível de inclusões à base de sulfetos e fosfetos.
• Quando o teor de fluorita é alto, não opera bem em CA.
• O tipo de escória é fluida e facilmente destacável.
• Cordão de solda possui média penetração, e é mais recomendado para o perfil plano ou convexo.
• É recomendável ressecar em estufa a uma temperatura relativamente alta.
• É um eletrodo que possui um revestimento altamente higroscópico e, por esse motivo,
requer ressecagem.
Altíssimo rendimento
É um revestimento de altíssimo rendimento, que apresenta as seguintes características:
• Possui pó de ferro em sua formação.
• Possui alta taxa de deposição de metal de adição.
• Pode conter elemento de liga em sua composição.
• Possui óxido de ferro, que aumenta a fluidez da escória.
• Quando a intensidade de corrente é alta, a estabilidade do arco melhora e a penetração é
reduzida, podendo minimizar a ocorrência de mordeduras.
• Pode soldar por gravidade.
• A tenacidade do metal de solda é reduzida.

6.2.3 Funções do revestimento


Os revestimentos dos eletrodos de soldagem possuem várias funções, como, por exemplo,
proteção metálica e estabilidade do arco de solda. As principais funções do revestimento são:
Direcionamento do arco elétrico
O direcionamento do fluxo do arco elétrico é obtido com a cratera que se forma na extremi-
dade do eletrodo. O revestimento adequado acontece com o uso de aglomerantes adequados,
fazendo com que o revestimento fique consistente, mantendo uma cratera que dá uma pene-
tração adicional e melhor direcionamento do arco elétrico.
Proteção do metal de solda
A proteção do eletrodo de solda do oxigênio e do nitrogênio é a função mais importante
do revestimento, quando o metal de adição está sendo transferido através do arco, durante

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o estado líquido. Essa proteção é necessária para garantir que o metal da poça de fusão seja
íntegro, livre de bolhas de gás, para garantir boas propriedades mecânicas à junta soldada.
Estabilização do arco
Quando o arco abre e fecha facilmente, e queima o eletrodo suavemente, podendo ser mantido a
baixas correntes, dizemos que existe um arco estabilizado. Esse arco pode ser mantido longo ou curto.
Adições de elementos de liga ao metal de solda
Os principais elementos adicionados aos revestimentos são o cromo, o níquel, o molibdê-
nio, o vanádio e o cobre, podendo, também, ser adicionados ao metal de solda. O adiciona-
mento de elementos de liga no revestimento é utilizado para balancear a perda esperada des-
ses elementos da vareta, durante a atividade de soldagem, devido à volatilização e às reações
químicas na poça de fusão.

6.2.4 Defeitos em eletrodos


A principal verificação de qualidade realizada durante o processo de fabricação dos ele-
trodos com revestimento para soldagem é um procedimento que garante que a camada que
reveste a alma possua a espessura certa e que a concentricidade esteja a níveis aceitáveis.
Quando a soldagem é realizada de forma manual, ocorre uma cratera de revestimento na ex-
tremidade do eletrodo, conhecida como taça, que se estende além da alma metálica e possui a
função de dirigir e concentrar o arco elétrico, como podemos observar na Fig. 4A.
A direção e concentração do fluxo do arco são mantidas por conta da taça do revestimen-
to, com aparência de bico de uma mangueira, direcionando o fluxo de metal sobre a poça de
fusão. Quando não houver concentricidade do revestimento em relação à alma, pode ocorrer
um desvio do metal adição em relação à poça de fusão, como podemos observar na Fig. 4B.
A má direção do arco de solda ocasiona cordões inconsistentes, falta de penetração na junta
e proteção deficiente da poça de fusão.

Revestimento concentrico Revestimento excêntrico


Boa direção do arco má direção do arco
arco concentrado

A) B)

Figura 4. Revestimento concêntrico e excêntrico.

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O eletrodo, geralmente, queima de maneira irregular, deixando uma projeção de revesti-
mento no lado mais espesso, formando uma extremidade conhecida como unha.

6.3 MIG/MAG
Nos processos de soldagem com gás de proteção, ou GMAW (Gas Metal Arc Welding), mais co-
nhecidos como MIG (Metal Inert Gas) e MAG (Metal Active Gas), um arco elétrico é aberto entre uma
peça e um eletrodo consumível em forma de arame.
O arco funde o eletrodo arame de forma contínua, alimentando a poça de fusão, que passa a ser
protegida da atmosfera por meio de um fluxo de um ou mais gases, que podem ser ativos ou inertes.
Os diâmetros dos eletrodos arames podem variar de 0,8 mm a 6,5 mm, dependendo da chapa
a ser soldada e a taxa de deposição desejada, sendo o arame alimentado, de forma contínua e
automática, na poça de fusão, por uma pistola de soldagem, conforme podemos ver na Fig. 5.

Alimentação para poça

Gás de proteção Arame do eletrodo

Direção da soldagem
Bocal

Gás de proteção
Metal de solda
fundido
Metal de solda
solidificado Metal base

Figura 5. Processo de solda MIG.

6.3.1 Vantagens e desvantagens


Como todos os processos de fabricação, os processos de soldagem MIG ou MAG pos-
suem vantagens e desvantagens de aplicação, principalmente quando comparados a outros
processos de soldagem.
Vantagens
Os processos de soldagem MIG ou MAG, podem proporcionar várias vantagens, tanto no pro-
cesso manual de juntas metálicas como no automático, em aplicações de alta e baixa produção.
Suas vantagens combinadas, quando comparado ao eletrodo revestido, arco submerso e TIG, são:

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• Pode ser executada em todas as posições de soldagem.
• Não existe a formação de escória, eliminando a necessidade de remoção.
• Possui alta taxa de deposição do metal de solda na poça de fusão.
• O tempo de execução cai pela metade, se comparado com o processo utilizado com ele-
trodo revestido.
• Ocorrem menos distorções das peças, por conta da alta velocidade de soldagem.
• Largas aberturas preenchidas ou amanteigadas, facilmente, tornando certos tipos de sol-
dagem de reparo mais eficientes;
• Não existe perdas de pontas de eletrodos, como no processo de eletrodo revestido.
Desvantagens
• A regulagem do processo é mais complexa.
• Não é recomendado utilizar na presença de uma corrente de ar.
• Produz mais respingos que nos outros métodos.
• Maior facilidade de gerar porosidade nos cordões de solda.
• O equipamento tem um custo maior em relação à soldagem com eletrodo revestido.
• A manutenção do equipamento é mais difícil.

6.3.2 Equipamentos
Os equipamentos utilizados no processo MIG e MAG são os mesmos, uma vez que é apenas o
tipo de gás que diferencia os processos. Esses equipamentos podem ser usados de forma manual,
mais fáceis de serem instalados, ou automáticos.
A Fig. 6 mostra um equipamento para soldagem MIG, com a tocha.

Figura 6. Equipamento de solda MIG. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 2018.

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Com o equipamento manual o trajeto da soldagem é realizado pelo operador, no qual apenas
três elementos principais são necessários para a execução do processo de soldagem:
1. A fonte de energia.
2. O motor de alimentação do arame.
3. A tocha de soldagem com seus acessórios.
A tocha é responsável por guiar o gás de proteção e o arame até a região de soldagem, bem
como a energia para o arame. Existem diferentes tipos de tochas que foram desenvolvidas para
obterem o melhor desempenho nos diversos tipos de aplicação por soldagem MIG/MAG. As to-
chas podem variar, desde tochas para trabalhos leves, nos quais são utilizadas baixas correntes,
podendo soldar em várias posições, até tochas utilizadas para ciclos de trabalhos pesados.
Em ambos os casos, as tochas podem ser refrigeradas à agua ou utilizadas a seco, sendo, por-
tanto, refrigeradas apenas pelo gás de proteção, podendo ter extremidades retas ou curvas, como
podemos observar na Fig. 7.

Figura 7. Tocha para solda MIG. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 2018.

Geralmente, os sistemas de refrigeração são adicionados nas tochas, para facilitar as operações
de soldagem, sendo que, nas operações mais severas, nas quais são utilizadas correntes mais al-
tas, é possível usar uma tocha mais robusta
A alimentação do eletrodo arame se dá por um motor, e sua principal função é puxar o arame
do carretel, para alimentar o arco de soldagem. Esse sistema é capaz de controlar a velocidade de
aplicação do arame, durante o processo, adequando a quantidade de metal de adição, conforme
a aplicação desejada, por meio de um sinal que é enviado pelo acionamento do gatilho da tocha.
A soldagem automática, é utilizada quando a peça, geralmente de grande porte, pode ser trans-
portada de maneira fácil e segura até o local de soldagem, ou quando o processo a ser executado
justifica dispositivos especiais de fixação, como no caso de peças seriadas.

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O caminho do arco de solda é automático, sendo controlado por sistemas eletrônicos de coor-
denadas, melhorando a qualidade do processo, com velocidade maior que a manual.

6.3.3 Fonte de soldagem


Praticamente quase todas as soldagens realizadas pelo processo MIG/MAG são executadas
com polaridade reversa CC+, sendo assim, o polo negativo é conectado à peça, enquanto o
polo positivo é conectado à tocha.
Como a corrente a ser usada no processo é regulada pelo controle de soldagem, o ajuste
é realizado pela fonte de energia, por meio do comprimento do arco, de forma básica, que é
ajustado pela tensão de soldagem.
Essa fonte de soldagem pode também ter ajustes adicionais, como, por exemplo, a indutân-
cia, para poder ser utilizada em outras aplicações de soldagem.

PAUSA PARA REFLETIR


Como são fabricados os eletrodos utilizados na soldagem por processo MIG?

6.3.4 Gases de proteção


Os gases de proteção utilizados no processo MIG ou MAG, incluem gases inertes, como,
por exemplo, o argônio e o hélio; e gases ativos, como o dióxido de carbono. A escolha dos
gases, ou mistura, depende do material a ser soldado, entre ouros fatores. Os gases inertes
são indicados para soldagem de aços inoxidáveis e ligas de alumínio, e o gás ativo CO2 é geral-
mente utilizado para soldagem de aços de baixo a médio carbono. A combinação desses gases
com um eletrodo que não possui revestimento elimina a deposição de escória no cordão de
escória, evitando a necessidade de remoção da mesma.
Portanto, o processo MIG ou MAG é ideal quando a peça a ser soldada necessita de vários
passes para formar a junta.

6.4 TIG
A soldagem a arco elétrico com eletrodo de tungstênio e proteção gasosa é um processo
que utiliza um eletrodo não consumível, conhecido pela sigla TIG (Tungsten Inert Gas), e pode
ser realizado com ou sem metal de adição.

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Quando a necessidade da utilização do metal de adição ocorre, ele é aplicado diretamente à
poça de fusão, por meio de uma vareta ou arame, de forma separada da aplicação de energia,
e é fundido pelo calor do arco, em vez de ser transferido. Os gases mais utilizados por esse tipo
de processo são o argônio, o hélio ou a mistura destes.

Gás de proteção Eletrodo de tungstênio


não consumível

Direção da soldagem
Bocal do gás

Gás de proteção
Metal de solda
Metal de solda fundido
solidificado
Metal base

Figura 8. Processo de solda TIG.

CURIOSIDADE:
O processo de soldagem TIG foi introduzido na indústria aeronáutica militar nos
E.U.A, na década de 1930, com a finalidade de soldar o alumínio e suas ligas.

6.4.1 Definições do processo


O TIG é um processo de soldagem por fusão, que utiliza arco elétrico para a geração de ca-
lor e formação do arco entre o eletrodo de tungstênio não consumível e a peça a ser soldada.
A proteção da poça de fusão é realizada com a adição de um ou mais gases inertes sobre o
cordão, sendo que o gás também auxilia na transferência da corrente elétrica, quando o gás
é ionizado durante o processo, podendo ainda auxiliar no resfriamento do eletrodo. Esse pro-
cesso pode ser realizado com ou sem metal de adição.
A abertura do arco elétrico, geralmente, é facilitada pela sobreposição de uma corrente de
alta frequência, utilizada para evitar que o eletrodo de tungstênio necessite riscar a peça no
início da soldagem. O arco inicial é obtido através da corrente de alta frequência, ionizando o
gás, possibilitando, assim, uma melhor abertura.

CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM 100


6.4.2 Tipos de eletrodo para o processo TIG
O tungstênio é um excelente material para ser utilizado como eletrodo, devido ao seu ele-
vado ponto de fusão de 3410°C, pois resiste bem ao aquecimento gerado pelo arco e, por esse
motivo, ele não funde junto a poça de fusão, apenas transmite a energia para a realização do
processo. Os gases mais utilizados por esse processo são o argônio, o hélio ou a mistura deles.
A Fig. 9 mostra eletrodos para o processo TIG.

Figura 9. Eletrodos para o processo TIG. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 2018.

Os principais tipos de eletrodos utilizados em um processo de soldagem Tig são:


EWP
É um eletrodo que contém, no mínimo, 99,5% de tungstênio, e oferece uma boa estabilida-
de de arco quando utilizado com corrente alternada, sendo que a ponta do eletrodo deve ser
mantida limpa. São eletrodos de baixo custo, utilizados em ligas de alumínio e magnésio.
EW Th
São eletrodos que oferecem melhor abertura de arco, pois a presença do óxido de tório
melhora a qualidade de emissão de elétrons e gera uma condução de corrente mais elevada,
cerca de 20% a mais que o eletrodo de tungstênio puro, tendo uma vida útil mais longa.

CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM 101


EW Ce
São eletrodos de tungstênio com cério, que apresentam uma maior facilidade de abrir o
arco elétrico, com maior estabilidade do mesmo, podendo trabalhar tanto com CA como CC,
operando em ambas polaridades.
EW La
São eletrodos à base de tungstênio, porém ligados com lantânio e, assim como os ligados
com cério, também podem trabalhar com CA ou CC, operando em ambas polaridades.
EW Zr
Os eletrodos de tungstênio ligados com 0,25% de zircônio possuem características seme-
lhantes às dos eletrodos de tungstênio puro e apresentam maior resistência à contaminação,
quando a aplicação exige alta qualidade radiográfica.
EWG
São eletrodos que podem conter outros elementos de liga e servem apenas como ponto
focal para melhor direcionamento do arco, utilizando o tungstênio como elemento base para
não existir fusão do mesmo durante o arco.

6.4.3 Equipamentos de soldagem


O equipamento de soldagem para o processo TIG é relativamente simples, sendo consti-
tuído por uma fonte de energia elétrica, podendo ser um transformador, quando é utilizada
corrente alternada, ou um retificador, quando a corrente a ser utilizada é contínua.
A tocha possui um suporte para o eletrodo não consumível com um cabo de condução para
o gás de proteção, que é fornecido para o sistema de soldagem por meio de um cilindro com
regulador de pressão e de vazão.
Transformador
É um componente básico de corrente alternada, que pode ser monofásico ou trifásico, e é
responsável pela transformação da corrente da rede em corrente de soldagem.
Retificador
Também pode ser monofásico ou trifásico e é responsável pela diminuição da tensão da
rede para a tensão de soldagem e, consequentemente, o aumento da intensidade de corrente
utilizada no processo.
A tocha
É a responsável por conduzir o gás de proteção para a zona de soldagem e suportar o ele-
trodo durante a execução do processo. Dependendo do tipo de tocha, pode ser refrigerada à
água. Na Fig. 10, podemos observar uma máquina de solda TIG.

CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM 102


Figura 10. Equipamento de solda TIG. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 2018.

6.4. Parâmetros operacionais


O processo de soldagem TIG pode ser utilizado em quase todos os metais, podendo ser
manual ou automático, e é muito utilizado para soldar alumínio e ligas de aço inoxidável, onde
a integridade da solda a ser realizada é de alta responsabilidade, como por exemplo em indus-
trias aeronáuticas, nucleares, alimentícias e químicas.
No arco elétrico desse processo, um número grande de elétrons escoa do polo negativo
para o polo positivo, em uma fração de segundos, fazendo com que esses elétrons se colidam,
gerando um arco extremamente quente.
Os principais parâmetros operacionais da soldagem TIG estão resumidos na Tabela 1.

Tabela 1. Parâmetros operacionais de soldagem TIG

PARÂMETRO VALOR

CORRENTE DE SOLDAGEM -de 10 a 600 A

BITOLA DE ELETRODO -DE 1 A 7 mm

PESPESSURAS DE SOLDAGEM -A PARTIR DE 0,5 mm

TAXA DE DEPOSIÇÃO ATÉ 2kg/h

-DE 2 A 20% COM METAL DE ADIÇÃO


TAXA DE DILUIÇÃO
-100% SEM METAL DE ADIÇÃO

TIPOS DE JUNTAS TODAS

POSIÇÕES DE SOLDAGEM TODAS

CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM 103


O processo de soldagem TIG pode utilizar corrente contínua CC+ ou CC- e corrente alternada
CA, sendo que cada uma delas pode influenciar o mecanismo de emissão de elétrons e, conse-
quentemente, as características do processo (WAINER, 1992).
As principais aplicações do processo TIG são:
• Reparo e manutenção em geral.
• Soldagem de alumínio e suas ligas.
• Soldagem em tubos e chapas com finas espessuras.
• Pode ser utilizado em vários tipos de aço, principalmente as classes inoxidáveis.

Proposta de Atividade
Agora é hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo! Faça uma com-
paração entre os principais processos de soldagem, escrevendo um resumo, destacando as
principais ideias abordadas ao longo do capítulo.

Recapitulando
Nesse capítulo, mostramos os principais processos de soldagem a arco elétrico são o
SMAW, o MIG/MAG e o TIG. Os processos de soldagem de peças metálicas utilizam equipa-
mentos específicos, como geradores e transformadores, para a fabricação de peças seriadas
na indústria em geral, ou em construções estruturais de grande porte.
Falamos bastante sobre os eletrodos, utilizados no processo de soldagem podem ser con-
sumíveis e não consumíveis, com ou sem revestimento, e são normalizados por associações
como a AWS.
Foi explicado sobre os códigos dos eletrodos utilizados pelo processo SMAW, que determi-
nam suas aplicações e os eletrodos não consumíveis de tungstênio do processo TIG.
Já os eletrodos arame, utilizados no processo de solda MIG, são fabricados pelo processo
de trefilação e utilizados nos processos de soldagem na fabricação de bicicletas, por exemplo.
Os revestimentos dos eletrodos podem conter materiais para melhorar o processo e as ca-
racterísticas físicas das peças soldadas. Falamos, também, que os parâmetros de regulagem
das máquinas dependem dos processos, dos tipos de corrente utilizadas, dos eletrodos e das
taxas de deposição.
E, para finalizar, não utilizamos o processo MIG em campo aberto, pois o vento afasta o gás
de proteção e os cilindros de gás são difíceis de serem transportados
Ficamos por aqui.
Bons estudos!

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Referências bibliográficas
AMERICAN WELDING SOCIETY. AWS A2.4-2012 Standard Symbols for Welding, Brazing, and
Nondestructive Examination. Flórida, 2012.
CETLIN, P. R. Fundamentos da conformação mecânica dos metais. São Paulo: Editora Artliber, 2005.
GROOVER, M. P. Introdução aos processos de fabricação. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2016.
KIMINAMI et al. Introdução aos processos de fabricação de produtos metálicos. São Paulo:
Editora Blucher, 2013.
MELCONIAN, S. Mecânica técnica e resistência dos materiais. São Paulo: Editora Saraiva, 2017.
WAINER, E.; BRADI, S. D.; MELLO, F. D. H. Soldagem: processos e metalurgia. São Paulo: Ed.
Edgard Blücher, 1992.

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