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3 – SOLDAGEM TIG (GTAW)

3.1 - DEFINIÇÃO

O TIG – “Tungsten Inert Gas” é um processo de soldagem a arco


elétrico entre um eletrodo não-consumível (*) de tungstênio ou
ligas à base de tungstênio sob uma proteção gasosa de um gás
usualmente inerte ou misturas de gases. No processo, dependendo
da aplicação, pode ou não ser utilizado metal de adição.

(*) Eletrodo não consumível de soldagem.


3.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO
Na soldagem, a união de metais se dá pelo aquecimento e fusão
destes com um arco elétrico estabelecido entre a extremidade de
um eletrodo não-consumível de tungstênio puro ou de ligas a base
de tungstênio, e o metal de base.
Durante a soldagem, a proteção da poça de fusão a da porção
do metal de adição que está sendo fundida e que, portanto, está
sendo adicionada à poça, é feita por uma cortina de gás de
proteção, injetando continuamente, com uma vazão controlada, a
partir do bocal da pistola ou tocha de soldagem.
O arco elétrico do processo resulta da passagem da corrente
elétrica através do próprio gás de proteção, fato que ocorre
quando o mesmo é submetido a uma determinada diferença de
potencia (voltagem), sofrendo o que chamamos de ionização. As
cargas elétricas positivas, íons, irão para o polo negativo, e as
negativas, elétrons, para o polo positivo, estabelecendo-se assim o
arco (ver Figura 10).
3.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO

Figura 10 – Soldagem TIG (detalhe).


3.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO
A soldagem TIG, dependendo da aplicação, pode ser feita com
ou sem o emprego de metal de adição. Quando é feita com metal
de adição (*), este não é transferido através do arco elétrico de
soldagem, mas sim, fundido sob a ação do arco, visto que o
referido metal de adição não faz parte do circuito elétrico da
soldagem, razão pela qual não há passagem de corrente através
dele.
Não ocorrem projeções, respingos, e há pouquíssima ou
nenhuma geração de fumos durante a soldagem. O cordão de
solda é suave e uniforme, não requerendo normalmente nenhum
posterior.
(*) metal de adição: vareta (TIG manual) ou arame (TIG mecanizado).
3.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO
A soldagem TIG propicia a execução de soldas de alta qualidade
na maioria dos metais e ligas. Não há nenhuma escória, e o
processo pode ser usado em todas as posições. Este processo é o
mais lento dos processos manuais. Nas Figuras 11, 11a e 11b,
constam exemplos de aplicações da soldagem TIG.

Figura 11 e 11a - Soldagem com o processo TIG de chapa e tubo respectivamente.


3.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO

Figura 11c - Recuperação de defeitos localizados - Processo TIG.


3.3 – EQUIPAMENTO DE SOLDAGEM
Embora seja, via de regra, um processo manual, a soldagem TIG
também pode ser mecanizada (automatizada).
O equipamento necessita ter:
• Um porta-eletrodo, denominado pistola ou tocha, dotado de
um bocal refratário, e um difusor por onde o gás de proteção passa
e é direcionado ao redor do arco. Um bico de contato interno na
tocha contém e, ao mesmo tempo, transfere a corrente elétrica
para o eletrodo de tungstênio.
• Um suprimento de gás de proteção.
• Um fluxímetro e regulador-redutor de pressão do gás.
• Uma fonte de energia, com características volt-ampere idêntica
ao do eletrodo revestido.
• Uma fonte de alta freqüência.
• Um suprimento de água de refrigeração, se a pistola for
refrigerada a água.
3.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM
As Figuras 12 e 12a apresentam o equipamento necessário ao
processo TIG.

Figura 12 - Equipamento para soldagem TIG (esquema).


3.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM

Figura 12a - Equipamento para soldagem TIG.


3.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM
As variáveis que mais afetam este processo são as variáveis
elétricas (corrente tensão e características da fonte de energia). Elas
interferem na quantidade, distribuição e no controle de calor
produzido pelo arco. Também desempenham um papel importante
na estabilidade do próprio arco e, finalmente, na remoção de óxidos
refratários da superfície de alguns metais leves e suas ligas (por ex.:
Alumínio).
Os eletrodos de tungstênio utilizados na soldagem TIG são
enquadrados em várias classificações, e os requisitos para seu uso
constam na norma AWS A 4.12. Basicamente, temos:
• EWP – Tungstênio puro (99,5%).
• EWCe-2 – Tungstênio com 1,8 a 2,2% de CeO2.
• EWLa-1 – Tungstênio com 0,9 a 1,2% de La2O3.
• EWTh-1 – Tungstênio com 0,8 a 1,2% de ThO2.
• EWTh-2 – Tungstênio com 1,7 a 2,2% de ThO2.
• EWG – Tungstênio (94,5%) com adição de alguns elementos não
identificados.
A adição de tório e zircônio ao tungstênio permite a este emitir
elétrons mas facilmente quando aquecido.
3.4 – CONSUMÍVEIS – METAIS DE
ADIÇÃO E GASES
Uma ampla variedade de metais e ligas estão disponíveis para a
utilização como metais de adição no processo de soldagem TIG.
Os metais de adição, se utilizados, normalmente são similares
quanto à composição química em relação ao metal de base.
Os gases de proteção comumente empregados para soldagem
TIG são: o gás Argônio (Ar), o gás Hélio (He), ou uma mistura destes
dois gases. O argônio é muitas vezes preferido em relação ao hélio,
porque apresenta algumas vantagens, tais como:
• Ação do arco mais suave e sem turbulências.
• Menor tensão no arco para uma dada corrente e comprimento
de arco.
• Maior ação de limpeza na soldagem de materiais como alumínio
e magnésio, em corrente alternada.
• Menor custo e maior disponibilidade.
• Menor vazão de gás para uma boa proteção (na posição plana).
• Melhor resistência à corrente de ar transversal.
• Mais fácil à iniciação do arco.
3.4 – CONSUMÍVEIS – METAIS DE
ADIÇÃO E GASES
O uso do hélio como gás de proteção resulta em uma tensão de
arco mais alta para um dado comprimento de arco e mesma
corrente em relação ao argônio, produzindo mais calor, e, assim, é
o gás recomendado para a soldagem de materiais espessos
(especialmente metais de alta condutividade térmica, tais como
alumínio, cobre e suas ligas).
Por outro lado, a densidade do hélio é menor que a do argônio,
o que requer maiores vazões de gás para obter um arco mais
estável e uma proteção adequada da poça de fusão, durante a
soldagem na posição plana. Isso acaba resultando nem substancial
aumento do custo na soldagem, o que justifica o emprego do gás
hélio, principalmente nos casos específicos mencionados
anteriormente.
3.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
O processo de soldagem TIG é aplicado principalmente para a
soldagem de seções finas, umas vez que o arco elétrico apresenta
elevada potencia por concentrar muita energia e calor numa área
diminuta do metal de base, para a qual está sendo dirigido.
A concentração de calor causa um rápido aparecimento da poça
de fusão. Por ser extremamente localizado, o restante do metal de
base permanece numa temperatura relativamente baixa, próxima
à ambiente, resultando em pouquíssimo ou, mais freqüentemente,
nenhum empeno na junta soldada.
No processo TIG, com a devida regulagem dos parâmetros
elétricos, o soldador consegue facilmente manter o arco estável
durante a soldagem. O ótimo controle do arco e,
conseqüentemente da poça de fusão, aliado ao controle da adição
da vareta de solda e de pouquíssimo fumos de soldagem, favorece
ao soldador uma ótima visão e um perfeito domínio para executar
com precisão soldas regulares e de excelente acabamento.
3.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
Este processo pode também unir paredes espessas de chapas e
tubos de aço e de ligas metálicas. È usado tanto para soldagem de
metais ferrosos como de não-ferrosos. Os passes de raiz de
tubulação de aço carbono e aço inoxidável, especialmente aquelas
de aplicações críticas, são freqüentemente soldadas pelo processo
TIG.
Embora a soldagem TIG, devido à sua baixa produtividade,
tenha um custo de produção de soldas relativamente alto quando
comparada a outros processos, tal fato é compensado pela
possibilidade de utilizar o processo para diversos tipos de metais,
incluindo juntas de metais dissimilares, em todos os tipos de
juntas, posições de soldagem e, numa ampla faixa de espessuras,
desde as finíssimas, resultando em soldas de alta qualidade e
resistência.
A soldagem TIG possibilita soldar alumínio, magnésio, titânio,
cobre e aços inoxidáveis, como também metais de soldagem difícil
e outros de soldagem relativamente fácil como os aços-carbono.
3.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

A corrente usada na soldagem TIG pode ser alternada ou


contínua. Com a corrente contínua, pode-se usar polaridade direta
ou inversa. Entretanto, visto que a polaridade direta produz o
mínimo de aquecimento no eletrodo e o máximo de aquecimento
no metal de base, eletrodos menores podem ser usados, obtendo-
se profundidade de penetração ainda maior do que a obtida com
polaridade inversa ou com corrente alternada.
Quando se deseja baixa penetração, deve-se optar pela situação
que leva ao aquecimento mínimo do metal de base, usando-se a
polaridade inversa ou corrente alternada. Na soldagem de
alumínio, a corrente utilizada é a alternada, sendo necessário um
dispositivo de alta freqüência, normalmente embutido no
equipamento.
Na Figura 13, constam algumas características dos variados tipos
de corrente na soldagem TIG.
3.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

Figura 13 - Características dos tipos de corrente na soldagem TIG.


A despeito das vantagens citadas, é conveniente lembrar que a
soldagem TIG, para ser bem sucedida, requer uma excepcional
limpeza das juntas a serem soldadas e um treinamento rigoroso do
soldador, já que, na maioria das aplicações, emprega-se o processo
manual.
3.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
Outra consideração diz respeito ao ângulo da ponta do eletrodo
de tungstênio (ângulo do cone), pois a conicidade afeta a
penetração da solda. No entanto, esta preparação só ocorre para
soldagem com corrente contínua polaridade direta. Na corrente
alternada, a ponta do eletrodo assume uma forma arredondada.
Se o ângulo de preparação da extremidade do eletrodo for
diminuído (ponta mais aguda), a largura do cordão tende a
aumentar e a penetração diminui (ver Figura 14). Caso a ponta do
eletrodo esteja muito aguda, a densidade de corrente elétrica
aumenta, e a extremidade deste pode atingir temperaturas
superiores ao ponto de fusão do eletrodo, quando, então
partículas de tungstênio irão se desprender do eletrodo, passando
a fazer parte da poça de fusão. Ocorrendo o desprendimento de
tungstênio, teremos inclusão metálica no metal de solda, o que
normalmente é considerado defeito de soldagem.
3.5 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES
A faixa de espessura para soldagem TIG (dependendo da
intensidade e do tipo de corrente, diâmetro do eletrodo, diâmetro
da vareta ou arame, metal de base, e do gás selecionado) varia de
0,1 mm a 50 mm. Quando a espessura exceder 5 mm, precauções
deverão ser tomadas para controlar o aumento de temperatura, na
soldagem multipasses.
A taxa de deposição depende dos mesmos fatores listados para
espessura, podendo variar de 0,2 a 1,3 kg/h.

Figura 14 - Efeito do ângulo da extremidade do eletrodo de Tungstênio.


3.6 – PREPARAÇÃO E LIMPEZA DAS
JUNTAS
A preparação e limpeza das juntas para soldagem TIG requerem
todos os cuidados exigidos para a soldagem com eletrodo
revestido e, ainda, as seguintes precauções:

• A limpeza do chanfro e bordas deve ser ao “metal brilhante”,


numa faixa de 10 mm, pelos lados internos e externos.
Normalmente, após o esmerilhamento, e dependendo do metal de
base, deve ser utilizado solvente desengordurante do tipo acetona.
• Quando da deposição da raiz da solda, deve ser empregada a
proteção, por meio de gás inerte, pelo outro lado da peça (reverso
da junta). O gás injetado no reverso para a proteção da raiz da
solda é denominado “gás de purga”. Para os aços-carbonos, não é
necessário esse tipo de proteção.
3.7 – DESCONTINUIDADES INDUZIDAS
PELO PROCESSO
Com exceção da inclusão da escória, a maioria das
descontinuidades que podem ocorrer nos outros processos de
soldagem podem ser encontradas na soldagem TIG. Na tabela a
seguir, estão listadas as principais descontinuidades com as suas
respectivas causas.
DESCONTINUIDADE CAUSA(S)
• Porosidade • Pode ocorrer devido à limpeza inadequada do chanfro
ou a impurezas contidas no metal de base ou de adição
ou, ainda, por deficiências no suprimento do gás.
• Falta de fusão • Pode acontecer se usarmos uma técnica de soldagem
inadequada. A penetração do arco na soldagem TIG é
relativamente pequena. Por esta razão, para soldagem
TIG devem ser especificadas juntas adequadas ao
processo.
3.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO

DESCONTINUIDADE CAUSA(S)
• Inclusão de • Podem resultar de um contato acidental do eletrodo de
tungstênio tungstênio com a poça de fusão ou de um ângulo de
ponta do eletrodo muito agudo ou, ainda, do emprego
de corrente excessiva para o diâmetro do eletrodo. A
extremidade quente do eletrodo de tungstênio pode
fundir-se, transformando-se numa gota de tungstênio
que é transferida à poça de fusão, produzindo, assim,
uma inclusão de tungstênio na solda. A aceitabilidade
ou não dessas inclusões depende do código que rege o
serviço que está sendo executado.
• Trincas • Na soldagem TIG, normalmente são devidas à
fissuração a quente. Trincas Longitudinais ocorrem
em depósitos feitos em alta velocidade. Trincas de
Cratera, na maioria das vezes, são devidas a uma
corrente de soldagem imprópria. As trincas devidas ao
hidrogênio (fissuração a frio), quando aparecem, são
decorrentes de uma umidade no gás inerte.
3.8 – CONDIÇÕES DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL
Na soldagem TIG a quantidade de radiação ultravioleta liberada
é muito alta. Partes da pele diretamente expostas a tais radiações
queimam-se rapidamente, o que exige precauções; a proteção da
vista é fundamental. Outro aspecto dessas radiações é a sua
capacidade de decompor solventes, com a liberação de gases
tóxicos. Em ambientes confinados, deve-se cuidar para que não
haja solventes nas imediações.
A Figura 15 resume algumas informações importantes sobre a
soldagem TIG.

Figura 15 - Soldagem TIG (GTAW).


3.8 – CONDIÇÕES DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL

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