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5 – SOLDAGEM A ARCO COM ARAME TUBULAR

(FLUZ CORED ARC WELDING-FCAW)


5.1 - DEFINIÇÃO

Processo de soldagem a arco que produz a coalescência de


metais pelo aquecimento destes com um arco elétrico
estabelecido entre um eletrodo metálico tubular, contínuo,
consumível e o metal de base. A proteção do arco e do cordão de
solda é feita pelo fluxo de soldagem contido no interior do
eletrodo, núcleo, que pode ou não ser suplementada por uma
proteção gasosa adicional fornecida por uma fonte externa (gás de
proteção).
5.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO

A soldagem com arame tubular foi desenvolvida visando unir as


vantagens do processo MIG/MAG (semi-automático) com as do
processo com eletrodo revestido (revestimento fusível formador
de gases protetores, escória resultante de reações químicas
benéficas na poça de fusão, adições de elementos de liga, etc.).
Deste modo, o arame-eletrodo sólido do processo MIG/MAG foi
substituído por um consumível composto, que consiste em um
arame com configuração oca, cujo núcleo é preenchido com fluxo
ver Figura 25).

Figura 25 - Esquema de fabricação de arame tubular.


5.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO

Existem, segundo a AWS – “American Welding Society”, diversas


especificações de arame tubular (por ex.: arame tubular de aço
carbono, arame tubular de aço baixa liga, arame tubular de aço
inoxidável). Estas especificações serão estudadas posteriormente
no módulo 5 – “Consumíveis de soldagem”.
Um dos critérios classificação dos arames pertencentes às
citadas especificações consiste do uso ou não de proteção gasosa
adicional. Portanto, quanto ao uso de proteção adicional temos:
• Arame tubular autoprotegido – onde a proteção do arco e da
poça de fusão é feita unicamente pela combustão e decomposição
do fluxo em pó (granular) contido no núcleo do arame.
• Arame tubular com proteção adicional de gás – onde, além dos
gases gerados pela queima do fluxo, é utilizado um gás adicional
para a proteção, que flui através do bocal da pistola / tocha de
soldagem com vazão pré-regulada. Os gases normalmente
utilizados são: CO2 puro ou misturas (Argônio + 2% de O2 e Argônio
+ 18% a 25% de CO2).
5.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO

A escória formada sobre o metal de solda possui as mesmas


funções metalúrgicas vistas anteriormente nos processos de
soldagem com eletrodo revestido e também arco submerso (ver
item 1 e 2 deste módulo); aliada a estas funções, a escória
promove um ótimo acabamento. Cabe ressaltar que a
produtividade do arame tubular é significativamente superior à do
eletrodo revestido, devido a maiores densidades de corrente
utilizadas e ao fato de não ser necessário parar com freqüência
para a troca de eletrodos.
Por outro lado, pela utilização de arames de maior diâmetro e
faixas mais altas de corrente elétrica, o processo de soldagem a
arco com arame tubular, em comparação com o processo
MIG/MAG, envolve maiores taxas de deposição, juntamente com
boa penetração e também velocidades de soldagem mais elevadas.
5.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO
Assim como os arames sólidos que são utilizados nos processos
MIG/MAG, o arame tubular também é embalado numa forma
contínua (bobina de arame / carretel de arame); por esta razão
podem ser empregados tanto em processos semi-automáticos
quanto em processos automáticos. Em ambos os casos, o arame
tubular é alimentado automaticamente através de uma pistola. No
processo semi-automático, o soldador controla a inclinação e a
distância da pistola à peça, bem como a velocidade de
deslocamento e a manipulação do arco.
As Figuras 26 e 26a mostram o funcionamento do processo de
soldagem com arame tubular, sem e com proteção gasosa
adicional respectivamente.
5.2 – FUNDAMENTOS DO PROCESSO

Figura 26 - Soldagem com arame tubular autoprotegido.

Figura 26a - Soldagem com arame tubular com proteção gasosa adicional.
5.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLSAGEM
O equipamento de soldagem com arame tubular é similar ao
utilizado no processo MIG/MAG, considerando-se as seguintes
ressalvas:
• A fonte de energia deve ter capacidade de gerar maiores
intensidades de corrente;
• As pistolas, nos casos em que a intensidade de corrente for
elevada, são, usualmente, refrigeradas com água ou ar;
• Inexiste sistema de gás de proteção se o processo for o
autoprotegido.

A Figura 27 mostra o esquema do equipamento para soldagem


com arame tubular.
5.3 – EQUIPAMENTOS DE SOLSAGEM

Figura 27 – Equipamento para soldagem com arame tubular (esquema).


5.4 – TIPOS DE TRANSFERÊNCIA
METÁLICA
As transferências metálicas no processo arame tubular, além de
serem em função dos parâmetros de soldagem empregados, são
também em função do gás ou mistura gasosa utilizada. Neste
processo, há os seguintes tipos de transferências:
TIPO DE TRANSFERÊNCIA CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

• Curto-circuito - Utiliza as menores faixas de corrente e diâmetro de


arame associadas ao arame tubular. É geralmente
indicada para soldagem de seções finas e soldagem
fora da posição plana.
O constante processo de extinção e reacendimento do
arco provocam uma sequência de violentas
separações das gotas de metais no momento das suas
transferências, acarretando um nível excessivo de
respingos de solda.
A taxa de deposição no curto-circuito é a menor entre
os tipos de transferência.
5.4 – TIPOS DE TRANSFERÊNCIA
METÁLICA
TIPO DE TRANSFERÊNCIA CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

• Globular - É a transferência metálica típica produzida pelos arames


tubulares; ocorre com correntes mais baixas que as
transferência por spray. Como é caracterizada pela formação
de grandes glóbulos de metal fundido transferidos à poça por
força gravitacional, isso limita essa transferência somente para
aplicação na posição plana.
• Spray - Ocorre quando são estabelecidas altas intensidades de
corrente e altas tensões do arco em relação a um determinado
diâmetro de arame. Dentre os gases ou misturas gasosas
utilizadas, apenas o Argônio e as misturas gasosas de Argônio
com teor de CO2 variando entre 8 e 15%, permitem produzir
este tipo de transferência metálica. Por produzir uma elevada
taxa de deposição, a transferência por spray é restrita apenas à
posição plana. Um problema gerado por este tipo de
transferência metálica é a possibilidade de fala de fusão, por
ser o jato metálico dirigindo para regiões que não estiverem
sido suficientemente aquecidas. Por fim, as altas correntes
utilizadas determinam um limite mínimo de espessura. Estas
devem ser superiores a 3,0 mm.
5.4 – TIPOS DE TRANSFERÊNCIA
METÁLICA
Existe ainda, conforme vimos no processo MIG/MAG, uma
derivação da transferência em spray, que é a de arco pulsante ou
pulsado. A mesma é obtida pela pulsação da corrente entre dois
níveis preestabelecidos; uma corrente de base baixa o suficiente
para manter estável o arco elétrico e resfriar a poça de fusão e
uma corrente de pico, superior à corrente de transição globular –
spray. Por este motivo, a energia de soldagem é baixa, facilitando a
soldagem com arames de grandes diâmetros fora da posição plana.
Outro aspecto é a possibilidade do uso do spray em espessuras
inferiores a do spray convencional.
5.5 – TIPOS E FUNÇÕES DE CONSUMÍVEIS

Na soldagem com arame tubular, os consumíveis utilizados são:

• Arame-eletrodo (arame tubular ou eletrodo tubular) – são


arames tubulares de configuração oca, cujo núcleo é preenchido
por um fluxo fusível granular de baixo teor de hidrogênio. Quando
o gás protetor for de natureza ativa. Devem estar presentes na
composição química do arame-eletrodo elementos desoxidantes,
tais como o Manganês (Mn) e o Silício (Si). No caso dos arames
autoprotegidos, existe, na composição química do fluxo, a
presença do elemento químico Alumínio (Al).
As especificações AWS A5.20 e A5.29 classificam os arames
tubulares para aços C-Mn e baixa liga respectivamente. Para aços
inoxidáveis, são utilizados arames classificados pela AWS A5.22.
• Gases de proteção – dentre as diversas opções de gases
disponíveis, utiliza-se mais freqüentemente o gás CO2 e misturas
deste com argônio. Os mesmos são utilizados conforme indicado
nas especificações dos arames-eletrodos.
5.6 – CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES

A soldagem com arame tubular tem como principal


característica a elevada taxa de deposição. Além disso, a solda
possui boa qualidade, decorrente dos benefícios metalúrgicos
provenientes do fluxo. Estes fatores justificam a vasta aplicação nas
diversas áreas da indústria.
Um cuidado especial deve ser tomado pelo soldador durante a
remoção da escória formada sobre cada passe depositado, a fim de
evitar inclusões de escória na junta soldada.
5.7- DESCONTINUIDADES INDUZIDAS
PELO PROCESSO
Na soldagem pelo processo arame-tubular, podem ocorrer as
seguintes descontinuidades:
DESCONTINUIDADE CAUSA(S)
• Porosidade • Surge quando a velocidade de soldagem é elevada, não
permitindo a difusão dos gases pelo cordão. Na soldagem
com proteção gasosa, pode ser causada por uma vazão de
gás inadequada ou por ventos no local de soldagem, o que
impede um proteção efetiva da poça de fusão. Podem ocorrer,
ainda, quando são utilizadas misturas ricas em Argônio em
soldagem de chapas grossas. Voltagem elevadas utilizadas
na soldagem.
• Limpeza inadequada da junta de solda.
• Falta de fusão • Pode acontecer na soldagem MIG/MAG, com transferência
por curto-circuito e transferência globular, em decorrência da
regulagem indevida dos parâmetros de solda. O emprego de
corrente de soldagem abaixo da recomendada, comprimento
do arco muito longo ou uso de velocidade de soldagem
excessiva são frequentes motivos para a falta de fusão.
5.7- DESCONTINUIDADES INDUZIDAS
PELO PROCESSO
DESCONTINUIDADE CAUSA(S)
• Falta de • Sua ocorrência é mais provável com a transferência por
penetração curto-circuito, podendo ainda surgir por preparação
inadequada do chanfro ou erro na configuração da junta
escolhida pelo projeto.
• Inclusão de • Deficiência do soldador no processo de remoção da escória,
escória alta velocidade de soldagem, projeto inadequado da junta.
• Mordedura • Quando acontecem, são devidas à inabilidade do soldador e
ao emprego de corrente de soldagem excessiva.
• Sobreposição • Pode acontecer com a transferência por curto-circuito ou
inabilidade do soldador.
• Trincas • Normalmente são oriundas de técnicas de soldagem e/ou
preparação inadequadas. Há que se considerar a formação
de fases pré-fusíveis, resultantes das combinações de
elementos desoxidantes com o oxigênio, que podem
ocasionar trincas quentes.
5.8 – CONDIÇÕES DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL
Os equipamentos de proteção individual (EPI) são os mesmos
utilizados em outros processos de soldagem a arco elétrico. Devido
à maior intensidade das radiações emitidas, os filtros utilizados
deverão ter uma densidade maior.
O processo de soldagem com arame-tubular gera uma grande
quantidade de fumos de soldagem. Deste modo, o ambiente
deverá ter boa aeração, preferencialmente através de exaustores.
A Figura 28 contém um resumo das principais informações
sobre o processo arame-tubular.

Figura 28 - Soldagem com arame tubular (FCAW).


5.8 – CONDIÇÕES DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL

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