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Profa.

Aline dos Reis Souza


aline.souza@ufop.edu.br
DECIV - UFOP
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1. Introdução
 Água residuária (Efluente): Água que incorporou resíduos e teve
suas características físicas, químicas e biológicas alteradas em
decorrência do seu uso em atividades antrópicas.
Entra em contato com o produto ou resíduos, saindo “contaminada”.
Ex.: ARS, ARC, ARB, água de lavagem de automóveis (lava-jatos),
esgotos sanitários.

 Água residual: Água que não entra em contato com o produto


processado.
Ex.: Água de resfriamento de caldeira.
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1. Introdução
 Efluente: Água que sai do sistema de produção ou do sistema de
tratamento (depende do referencial).
Ex.: Efluente da indústria, Efluente do UASB (após o tratamento).

 Efluente tratado: Águas residuárias que foram tratadas com a


remoção dos seus principais poluentes e que serão devolvidas ao corpo
receptor.

 Afluente: Água antes de ser submetida ao tratamento.


Ex.: Afluente do UASB.

 Corpo receptor: Corpo hídrico superficial que recebe o lançamento


de efluentes (tratado ou não).
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2. Tipos de águas de
águas residuárias
- Esgoto doméstico: Água residuária proveniente de residências e
comércio;

- Esgoto sanitário: Esgoto proveniente da cidade (esgoto doméstico +


águas residuárias industriais);

- Vinhaça: Água residuária proveniente do processamento da cana-de-


açúcar;

- Água Residuária da Suinocultura (ARS): Proveniente da limpeza de


pátios;

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2. Tipos de águas de águas residuárias
- Águas residuária da bovinocultura (ARB): lavagem de instalações
de criação de gado intensivo;

- Água residuária do café (ARC): Lavagem, despolpa e desmucilagem


dos frutos do cafeeiro;

- Água residuária de laticínios (ARL): Lavagem de pátio, vasilhames,


perdas de leite.

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3. Origem águas residuárias

 Meio urbano:  Meio rural:


• Doméstico; • Efluentes agroindustriais;
• Industrial. • Dejetos animais.

Impurezas Efluentes/
Água potável + devido ao uso = Esgotos domésticos

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4. Características
Quantidade e qualidade das águas residuárias

 Fontes de esgotos que contribuem a uma ETE:

• Esgotos domésticos (residências, instituições e comércio);

• Águas de infiltração;

• Despejos Industriais (diversas origens e tipos de indústrias);

Para a caracterização, tanto quantitativa, quanto


qualitativa, dos esgotos afluentes à ETE, é necessário uma
análise de cada um destes itens.

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4.1. Caracterização quantitativa
 Estimativa da vazão:

• Efluente doméstico

- Proporcional à vazão de água de abastecimento (Relação entre o


consumo de água e a geração de esgoto);

- População estimada em projeto;

Importante: além da vazão


média, determinar as vazões
mínimas e máximas para
- Vazão Doméstica;
adequação hidráulica da
- Vazão de infiltração; e estação de tratamento de
- Vazão industrial (clandestina). esgoto.
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4.1. Caracterização quantitativa
 Vazão: Medida dos efluentes produzidos por unidade de tempo.

• Medição da vazão:

- Direta: - Indireta:
Recipiente e cronômetro; Vertedores, Calha Parshall.

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4.1. Caracterização quantitativa
 Vazão:

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4.1. Caracterização quantitativa
 Projeção populacional: Aula de consumo de água

• Método Aritmético: • Método Geométrico:

Ka = (P2-P1)/(t2-t1) Kg = (lnP2-lnP1)/(t2-t1)

Pp = P2 + Ka . (tp-t2) Pp = P2 . e Kg . (tp-t2)

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4.1. Caracterização quantitativa
 Projeção populacional: Aula de consumo de água

 Coeficientes de variação da vazão de água:

• K1 = 1,2 (coeficiente do dia de maior consumo)


• K2 = 1,5 (coeficiente da hora de maior consumo)
• K3 = 0,5 (coeficiente da hora de menor consumo)

 Portanto:

Qd,max = Qd,med . K1 . K2 = 1,8 Qd,med


Qd,min = Qd,med . K3 = 0,5 Qd,med

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4.1. Caracterização quantitativa
 Exemplo de vazão de esgotos em uma cidade turística sujeita a
variações advindas de populações flutuantes:

von Sperling (2005).


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4.1. Caracterização quantitativa
 Variação das vazões: Máxima e mínima

No projeto de uma ETE, não basta considerar apenas a vazão média. É


necessária também a quantificação dos valores mínimos e máximos.

Valores super ou subdimensionados


afetam diretamente o desempenho
técnico e econômico da ETE em Projeto

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4.1. Caracterização quantitativa

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4.1. Caracterização quantitativa
 Vazão de infiltração:
Água que atinge a rede coletora de esgoto pelo processo de
infiltração. Ocorrências: Tubulações, conexões e juntas impróprias ou
irregulares; Instalações inadequadas em poços de visita.

• Fatores responsáveis:
- Extensão da rede de esgoto;
- Área servida;
- Tipologia do solo;
- Profundidade do lençol freático;
- Topografia;
- Densidade populacional (conexões/área);
- Material da tubulação;
- Tipo de junta;
- Qualidade de assentamento dos tubos. 16
4.1. Caracterização quantitativa
 Vazão de infiltração:

• Taxa de infiltração: Medida em termos da vazão de esgoto na rede


e sua extensão ou área servida.
Valores médios da ordem de 0,3 a 0,5 L s-1 km-1.

A NBR 9.649 (1986) estabelece entre 0,05 a 1,0 L s-1 km-1.


O valor depende do nível do lençol freático, natureza do subsolo,
qualidade da execução da rede, material da tubulação e tipo de junta
utilizado.

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4.1. Caracterização quantitativa
 Vazão de infiltração:

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4.1. Caracterização quantitativa
 Vazão de infiltração:

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4.1. Caracterização quantitativa
 Vazão industrial:
É em função do tipo e porte da indústria, processo utilizado, grau
de reciclagem, existência de pré-tratamento, entre outros.

• Levantamento de informações

Consumo de água:
- Volume total consumido (dia ou mês);
- Volume consumido em cada etapa do processamento;
- Existência de recirculação interna de água;
- Origem (água de abastecimento ou poços);
- Possíveis sistemas internos de tratamento de água.

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4.1. Caracterização quantitativa
 Vazão industrial:

• Levantamento de informações

Produção de despejos:
- Vazão total;
- Número de pontos de lançamento;
- Regime de lançamento (regime, duração e frequência);
- Ponto(s) de lançamento (rede coletora, curso d`água);
- Eventual mistura dos despejos com esgotos domésticos e água
pluviais.

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4.2. Caracterização qualitativa
 Finalidade:
- Conhecer as características do efluente que se quer tratar
(concentração e eficiência necessária);

- Determinar os diversos compostos dos quais a água residuária é


constituída.
A característica dos esgotos é função
dos usos à qual a água foi submetida.

Projeto de uma ETE:


 Impossível determinar os diversos compostos dos quais a água
residuária é constituída;
 Utilizar parâmetros indiretos que traduzam o caráter e o
potencial poluidor do despejo;
 Parâmetros físicos, químicos e biológicos.
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4.2. Caracterização qualitativa

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4.2. Caracterização qualitativa
TIPOS DE POLUIÇÃO – classificação quanto à natureza:
Aula de qualidade de água
 Físicos: Sólidos e temperatura.

 Químicos: pH, CE, óleos e graxas, DBO, DQO, nutrientes (N, P),
alcalinidade e acidez, compostos orgânicos e inorgânicos, metais
pesados e substâncias tóxicas.

 Biológicos: organismos indicadores de contaminação fecal e ovos


de helmintos.

* Impossível monitorar todas essas  Avaliar variáveis de rotina,


indicadoras ou de esperada alta concentração (ou medida)
** pH e CE  Físico-químicas
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4.2. Caracterização qualitativa
Diferenciação entre os principais parâmetros utilizados para caracterizar a
qualidade das águas e as águas de abastecimento, bem como para
caracterização das águas residuárias.

Águas Águas
Parâmetros
superficiais residuárias
Sabor e odor X
Ferro e Manganês X X
Dureza X
Turbidez X
Cor X
Potencial hidrogeniônico (pH) X X
Alcalinidade e acidez X X
Sólidos X X
Oxigênio Dissolvido X
Matéria Orgânica (DBO e DQO) X
Nitrogênio X X
Fósforo X X
Micropoluentes orgânicos e inorgânicos X X
Organismos patogênicos e indicadores de
X X
contaminação
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4.2. Caracterização qualitativa
Características das águas residuárias

Esgoto AR AR
Variável AR Café Vinhaça
Bruto Laticínio Suinocultura
ST (g L-1) 0,7-1,35 0,3-40 0,84-132 10,6-22,0 10,9-85,0

DBO5 (g L-1) 0,2-0,5 0,6-4,5 1,5-29,4 5,8-9,7 12,3-27

DQO (g L-1) 0,4-0,8 0,6-4,5 3-136 8 20,6-60

O&G (mg L-1) 55-170 260-7.300 133-9.800 - 75

Ntotal (g L-1) 0,035-0,070 0,06-1,3 0,03-1,4 0,4-0,6 0,1-9,6

Ptotal (g L-1) 0,005-0,025 <0,01-0,01 0,03-2,5 0,01-0,1 >0,01-0,4

K (g L-1) <0,01–0,06 < 0,01-0,6 0,05-1,6 1,2 0,3-7,8

Na (g L-1) 0,024-0,047 0,03-0,3 0,03-1,4 < 0,01 0-1

pH 6,7-7,5 5,6-8,4 6,0-9,0 4,0-7,0 3,0-6,0

CE (dS m-1) 0,48-3,6 0,05-2,5 0,6-9,1 1,0-4,9 2,7-6,1


Jordão e Pessoa (2005), Matos (2010), von Sperling (2014)
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5. Relações dimensionais
 Unidades:
- Carga (kg d-1)
- Vazão (m3 d-1) ou (L s-1)
- Concentração (g m3) = (mg L-1)

 Carga orgânica: A carga orgânica afluente a uma estação de


tratamento corresponde à quantidade de poluente (massa) por
unidade de tempo.

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5. Relações dimensionais
 Carga orgânica: Carga per capita representa a contribuição
de cada indivíduo (expressa em termos de
massa do poluente) por unidade de tempo

 Concentração:

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5. Relações dimensionais
 Equivalente populacional: Traduz a equivalência entre o
potencial poluidor de uma indústria (comumente em termos de
matéria orgânica - DBO) e uma determinada população, a qual
produz essa mesma carga poluidora.

 Valor frequentemente utilizado na literatura internacional: 54 g


hab-1 d-1 de DBO.

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5. Relações dimensionais
 Eficiência: Porcentagem de remoção de um determinado
poluente.

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6. Legislação
 Resolução CONAMA 357/2005: Dispõe sobre a classificação dos
corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes, e dá outras providências.

 Resolução CONAMA 430/2011: Dispõe sobre as condições e


padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a
Resolução n°357, de 17 de março de 2005, do CONAMA.

 DN conjunta COPAM/CERH-MG 01/2008: Dispõe sobre a


classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências.
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6. Legislação
 Resolução CONAMA 430/2011:

Art. 3º Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser


lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e
desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta
Resolução e em outras normas aplicáveis.

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6. Legislação
 Padrões de lançamento:
CONAMA CONAMA
Variáveis COPAM/CERH 01/2008
357/2005 430/2011
pH 5,0 a 9,0 5,0 a 9,0 6,0 a 9,0
Temperatura < 40ºC < 40ºC < 40ºC
20% após 100 mg L (150 mg L-1 para lagoas de
-1
Sólidos em suspensão -
desarenamento estabilização)
Nitrogênio amoniacal
20 mg L-1 20 mg L-1 20 mg L-1
total
• 60 mg L-1
• Não alteração • 60% ; • 70% para esgoto doméstico;
da classe do curso • Não alteração • 85% para outras águas
DBO
d’água receptor. da classe do curso residuárias;
d’água receptor. • Não alteração da classe do curso
d’água receptor;
• 180 mg L-1;
• 65% para esgoto doméstico;
DQO Variáveis- -
• 75% para demais águas
residuárias.

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6. Legislação
 Não alteração da classe do curso d’água receptor:

Cm = Cr . Qr + Qar + Car
Qr + Qar
Tem que estar dentro do
limite de concentração da
variável para qualidade de
Cm – Concentração de mistura (Cada variável);
água da classe do corpo
Cr – Concentração do rio;
receptor.
Cr – Concentração do rio;
Qr – Vazão do rio;
Qar – Vazão da água residuária;
Car – Concentração da água residuária.

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6. Legislação
 Uso não consuntivo da água:

Outorga de lançamento de efluentes tratados (que não venham


alterar a condição do rio) → Uso não consuntivo da água → “Vazão
de diluição” (CONAMA 140/2012).

Cef - Cperm Qdil – Vazão de diluição;


Qdil =Qef
Cperm - Cnat Qef – Vazão do efluente;
Cef – Concentração da variável no efluente;
Cperm – Concentração permissível do efluente;
Cnat – Concentração natural.

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6. Legislação
 Outorga:

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6. Legislação
 PRECEND:

Programa de Recebimento e Controle de Efluentes Não Domésticos

 Empresas repassam a responsabilidade de disposição final de suas


águas residuárias;

 Reduz-se o custo operacional e permite o atendimento das


exigências dos órgãos ambientais para o controle da poluição
ambiental;

 Norma Técnica T.187 (COPASA).

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6. Legislação
 PRECEND:
CONAMA
Variáveis COPAM/CERH 01/2008 T187/2
430/2011
pH 5,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 10,0
Temperatura < 40ºC < 40ºC < 40ºC
Sólidos
1 mL L-1 20 mL L-1
Sedimentáveis
Nitrogênio
20 mg L-1 20 mg L-1 500 mg L-1
amoniacal total

Óleos e graxas - - 150 mg L-1

Arsênio 0,5 mg L-1 0,2 mg L-1 3,0 mg L-1

Cádmio 0,2 mg L-1 0,1 mg L-1 5,0 mg L-1

Chumbo 0,5 mg L-1 0,1 mg L-1 10,0 mg L-1

Cianeto 0,2 mg L-1 5,0 mg L-1


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6. Legislação
 PRECEND:

• Objetivos:

- Reduzir os riscos relacionados à saúde dos trabalhadores que lidam


com o sistema público de esgotos;

- Assegurar a integridade das tubulações que recebem toda a sorte de


despejos;

- Proteger o sistema coletor contra corrosão, incrustação, obstrução


e vapores tóxicos;

- Evitar a ocorrência de explosões e inflamabilidade;


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6. Legislação
 PRECEND:
- Prevenir a introdução de poluentes que passam pela ETE e continuam
a poluir os cursos d’água;

- Prevenir o lançamento de poluentes tóxicos além de limites


permitidos que possam causar desequilíbrio ou perda do processo de
tratamento de esgotos;

- Viabilizar o atendimento aos padrões legais referentes às


características do efluente final e lodos produzidos nas ETEs;

- Viabilizar a utilização do efluente final das ETEs para reúso


industrial.
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