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2000 N2 Considerações Básicas Sobre Pára Raios
2000 N2 Considerações Básicas Sobre Pára Raios
Resumo
1. Introdução
A Figura 1 mostra as características não lineares do ZnO e do SiC, que são os materiais
básicos para a construção dos blocos utilizados nos pára-raios.
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Observa-se que o ZnO apresenta uma característica não linear superior a do SiC na região de
intensidades de correntes mais baixas. Apesar dos fabricantes estarem voltados para a
construção de pára-raios ZnO, os sistemas já existentes utilizam pára-raios convencionais, que
são pára-raios construídos com resistor não linear à base de carbonato de silício (SiC) e que
necessitam de um "gap" série para o seu correto funcionamento.
Na Figura 2a está indicado um centelhador, que é um dispositivo que pode ser utilizado para a
proteção dos equipamentos de uma subestação. Quando uma sobretensão alcança o
centelhador há o disparo, limitando a sobretensão nos equipamentos protegidos por aquele
dispositivo. O centelhador apresenta como grande desvantagem o estabelecimento de um
curto-circuito, o qual deve ser eliminado pela proteção do sistema.
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Normalmente, os resistores não lineares têm resistências muito elevadas, acarretando uma
tensão residual elevada nos terminais do pára-raios. Na prática, este problema não é
preocupante porque os equipamentos desta faixa de tensão são projetados com níveis de
isolamento elevados.
Com o crescimento das tensões dos sistemas de transmissão, os pára-raios tiveram o seu
desenvolvimento acelerado e os pára-raios com “gap" ativo constituíram um estágio
importante deste processo. A Figura 2c apresenta, esquematicamente, este tipo de
equipamento.
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Os principais componentes e grandezas, mostrados na Figura 4, são os seguintes:
Na Figura 4b, está indicada a operação do pára-raios em condições normais. Nesta situação a
corrente que circula pelo pára-raios é somente de poucos miliampères, sendo limitada pelos
resistores não lineares Ra e pelos resistores equalizadores. Esta pequena corrente assegura que
a tensão do sistema aplicada aos terminais do pára-raios se distribua uniformemente através
dos “gaps" e demais componentes do equipamento.
Durante o processo de condução propriamente dito (Figura 4c), a corrente de descarga circula
pelos "qaps" e resistores de "by-pass", uma vez que as indutâncias das bobinas de sopro
magnético impedem a circulação desta corrente com alta taxa de crescimento. Este processo é
iniciado quando a tensão nos terminais do pára-raios ultrapassa o valor da tensão de disparo e
a corrente circula inicialmente na parte do "gap", onde a distância é a menor.
Após o surto inicial de corrente, tal como indicado na Figura 4c, os "gaps" encontram-se
altamente ionizados e uma corrente provocada pela tensão do sistema (corrente subseqüente a
60 Hz) pode fluir no pára-raios. Inicialmente esta corrente é função somente da tensão do
sistema e dos resistores não lineares. Sendo uma corrente com pequena taxa de variação, o seu
caminho natural será pela bobina de sopro magnético, uma vez que nestas condições a sua
indutância será de valor reduzido, deixando, portanto, de circular pelo resistor de "by-pass". A
passagem de corrente nesta bobina cria um forte campo magnético, com tendência a expandir a
corrente através do "gap", formando um arco elétrico alongado. Este alongamento do arco
provoca o aumento da tensão nos terminais do pára-raios, ajudando a limitar a corrente até a
sua completa extinção. Após a extinção da corrente a situação é a indicada na Figura 4e,
retomando o pára-raios a sua condição normal de operação.
Considerando-se a expressão I=kVn para a característica do resistor não linear, pode ser
verificado que o SiC tem o expoente da ordem de 4 enquanto que o ZnO apresenta um
expoente n na ordem de 25. Esta alta não linearidade do ZnO permitiu o abandono do "gap"
anteriormente necessário para os pára-raios convencionais, simplificando tremendamente a
construção dos pára-raios e aumentando bastante a confiabilidade destes equipamentos.
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3.1 Características Elétricas dos Pára-raios Convencionais
- Tensão nominal
A tensão nominal de um pára-raios é o valor de tensão na freqüência fundamental para a qual o
pára-raios foi projetado e em relação ao qual todas as demais características estão
relacionadas. Com este valor de tensão aplicado a seus terminais, o pára-raios é submetido ao
ensaio de ciclo de trabalho, que é um dos mais importantes ensaios previstos nas normas.
Geralmente, a tensão nominal é o limite para as sobretensões dinâmicas permissíveis no
sistema.
- Tensão de "Reseal"
A tensão de "reseal" é a maior tensão para a qual o pára-raios tem condições de interromper a
corrente subseqüente, isto é, ocorrido o disparo devido a um surto de tensão o pára-raios deve
interromper a corrente de disparo, inclusive a corrente subseqüente, e não deve conduzir
novamente no primeiro meio ciclo seguinte de tensão. Esta característica não é definida de
forma explícita nas normas de pára-raios e a própria definição para a tensão nominal abrange
esta característica, uma vez que é o valor utilizado nos ensaios de ciclo de operação.
- Tensão Máxima de Disparo para Onda Escarpada (kV pico).
A tensão máxima de disparo para onda escarpada ou tensão de disparo na frente de onda é a
tensão de disparo do pára-raios quando submetido a um surto de tensão com uma inclinação
uniforme e alta taxa de crescimento.
- Tensão Máxima de Disparo para Impulso Atmosférico (kV pico).
A tensão máxima de disparo para impulso atmosférico é o maior valor de tensão de disparo do
pára-raios quando submetido a impulsos do tipo 1.2 x 50 µs.
- Tensão Máxima de Disparo para Impulso de Manobra (kV pico).
A tensão máxima de disparo para impulso de manobra é o maior valor de tensão de disparo do
pára-raios quando submetido a impulsos considerados como sendo característicos das ondas
tipo impulso de manobra. Geralmente, os tempos para frente de onda estão na faixa de 30 a
2000 µs.
- Nível de Proteção a Impulso de Manobra (kV pico).
O nível de proteção a impulso de manobra é a maior tensão que pode aparecer nos terminais
de um pára-raios para impulsos do tipo manobra, seja a tensão de disparo ou então a tensão
residual.
- Tensão Residual (kV pico).
A tensão residual é a tensão que aparece no pára-raios quando da passagem de uma corrente
de impulso na forma 8 x 20 µs. Normalmente, os ensaios são realizados para impulsos de
corrente de valor 1.5, 5, 10, 15, 20 e 40 kA.
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interromper o processo de condução se for solicitado a disparar por um valor de tensão na
freqüência fundamental acima da tensão mínima de disparo à freqüência industrial. O disparo
do pára-raios nestas condições não necessita de um surto de tensão para o início da condução.
- Capacidade de Absorção de Energia
A capacidade de absorção de energia do pára-raios é de grande importância nos sistemas de
EAT e UAT, onde a energia disponível é muito elevada. Normalmente, a capacidade de
absorção de energia dos pára-raios providos de centelhadores não consta dos catálogos,
devendo ser obtida diretamente dos fabricantes. Esta capacidade de energia abrange a
capacidade do resistor não linear e a do centelhador, e, geralmente, é da ordem de 5 kWs por
kV de tensão nominal do pára-raios.
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- Nível de Proteção a Impulso de Manobra (kV pico)
O nível de proteção a impulso de manobra depende da corrente de condução no pára-raios, a
qual aumenta a medida que o valor do impulso de tensão aumenta. Com o intuito de definir o
nível de proteção a impulso de manobra, deve ser estabelecido um valor para a corrente de
coordenação. Geralmente, o valor de 3 kA é adotado na ausência de estudos específicos, uma
vez que este valor dificilmente será ultrapassado na prática.
- Tensão Residual (kV pico).
A tensão residual é a tensão que aparece no pára-raios quando da passagem de uma corrente
de impulso na forma 8 x 20 µs. Normalmente, os ensaios são realizados para impulsos de
corrente de valor 1.5, 3, 5, 10, 15, 20 e 40 kA. A tensão residual depende da forma de onda do
impulso aplicado e, geralmente, os fabricantes fornecem informações relacionando a tensão
residual com a frente de onda do impulso aplicado, tal como indicado na Figura 6 (extraída do
catálogo da GE).
A Figura 7 apresenta a variação da tensão residual em função da corrente para diversos tipos
de impulsos para os pára-raios ZnO da ASEA.
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- Capacidade de Absorção de Energia
A capacidade de absorção de energia do pára-raios é de grande importância nos sistemas de
EAT e UAT, onde a energia disponível é muito elevada e devido à possibilidade de repartição
de energia entre pára-raios de uma subestação. Os catálogos dos fabricantes, normalmente,
indicam a capacidade máxima de energia em kWs por kV de tensão nominal, sendo esta
capacidade função da tensão nominal e da corrente de condução do pára-raios. Geralmente, os
pára-raios utilizados em sistemas de EAT têm uma capacidade de absorção de energia na faixa
de 7 a 8 kWs por kV de tensão nominal. A Figura 8 apresenta a variação da capacidade de
absorção de energia dos pára-raios fabricados pela GE, em função da corrente de condução.
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As causas mais freqüentes para a ocorrência de sobretensões temporárias são as seguintes:
faltas fase-terra, rejeição de carga, ferro-ressonância, indução em circuitos paralelos e perda de
conexão a terra em sistemas, normalmente, aterrados. No caso de pára-raios ZnO, devido a
sua característica peculiar, é estabelecido que a tensão máxima em regime contínuo não pode
ultrapassar a 80% do valor da tensão nominal do pára-raios. As características de
suportabilidade para sobretensões temporárias devem ser utilizadas de acordo com as
informações específicas para cada fabricante.
A seleção da classe do pára-raios é realizada com base nas características de proteção e nas
seguintes considerações adicionais: tensões nominais disponíveis, limites de corrente para o
dispositivo de alivio de pressão e características de durabilidade. As duas primeiras
considerações são requisitos do sistema elétrico e devem ser atendidas. A última consideração
envolve a análise da importância do equipamento a ser protegido, podendo-se escolher um
pára-raios tipo estação para um local onde um pára-raios tipo intermediário pudesse ser
utilizado, com o objetivo de prover aquele equipamento ou subestação com uma maior
confiabilidade.
O nível de proteção fornecido pelo pára-raios na região de impulso atmosférico deve ser
obtido considerando-se o maior valor entre a tensão residual para ondas 8 x 20 µs e o nível de
disparo para ondas 1.2 x 50 µs. O nível de proteção para impulso de manobra é o maior valor
entre o nível de disparo para impulso de manobra e a tensão residual para ondas do tipo
manobra. Os pára-raios ZnO têm as suas características de proteção definidas de forma similar
às dos pára-raios convencionais, de forma a atender as normas tradicionais sobre os pára-raios
convencionais e para facilitar a comparação entre as características dos dois tipos de
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pára-raios. Geralmente, são fornecidas as características para onda escarpada, para tensão
residual e para impulso de manobra, além de informações sobre a variação da tensão residual
em função da frente de onda.
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identificação de elevadas amplitudes, mas, principalmente, nas sobretensões de longa duração.
Outro aspecto importante é que todos os pára-raios submetidos a uma determinada
sobretensão conduzem simultaneamente, dividindo a absorção de energia. As principais
vantagens dos pára-raios ZnO em relação aos pára-raios convencionais são as seguintes:
Bibliografia
[1] TRANQUELL Station Surge Arresters – Application Guide - General Electric Co.
[2] Pára-Raios ASEA de óxido de Zinco (ZnO) Tipo XAP - Manual de Aplicação - ASEA
Elétrica Ltda.
[3] J. D. M. Phelps - " Selection of Surge Arresters" Tutorial Course on Surge Protection in
Power Systems - IEEE - 1979.
[4] E. C. Sakshaug - "Modern Arresters Characteristics and Tests" - Tutorial Course on Surge
Protection in Power Systems" - IEEE - 1979.
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