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GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO:

ORIGENS, POLÊMICAS E PERSPECTIVAS

GESTIÓN DE INFORMACIÓN Y DEL CONOCIMIENTO:


ORIGEN, POLÉMICAS Y PERSPECTIVAS

Ricardo Rodrigues Barbosa - ricardobarbosa@ufmg.br


Pós-doutor pela Faculty of Information Studies da University of Toronto. Doutor em Administração
pela Columbia University. Professor titular da Escola de Ciência da Informação da UFMG.

Resumo

O artigo apresenta e discute os conceitos e a Palavras-chave


importância da informação e do conhecimento
no contexto empresarial. Compara a gestão da Gestão da informação; Gestão do conhecimento;
informação e a gestão do conhecimento, e os Tecnologias de informação; Conhecimento orga-
aspectos relacionados com a origem e a evolu- nizacional.
ção destas disciplinas. Evidencia o uso da tecno-
____________________________________
logia da informação e seu valor para a gestão da
informação e do conhecimento. Aborda os me-
andros de sustentação e os preceitos da gestão
do conhecimento e ressalta que mais do que um
modismo ela é uma temática que está se conso-
lidando em pesquisas e publicações científicas.
Conclui que a informação e o conhecimento são
fenômenos indissociáveis e complementares da
vida organizacional, e que as inovações tecnoló-
gicas das áreas de computação e de telecomu-
nicações contribuem para o compartilhamento
de informação e conhecimento nas organiza-
ções.

Inf.Inf., Londrina, v. 13, n. esp., p.1-25, 2008.


Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

1 INTRODUÇÃO tempo atrás. É inegável que as redes de


comunicação, que hoje em dia integram não
As expressões gestão da informação apenas computadores pessoais, mas tam-
(GI) e gestão do conhecimento (GC) consti- bém telefones celulares e diversos outros
tuem dois componentes de uma constelação aparelhos, têm sido incorporados, de forma
de termos relacionados. Dentre esses, des- irreversível, nos mais diversos aspectos dos
tacam-se documentação, gerência de recur- afazeres humanos. Do lado da demanda,
sos informacionais, organização do conhe- tanto para as pessoas quanto para as orga-
cimento, biblioteconomia, organização a- nizações, a obtenção e uso da informação
prendente, gestão de documentos, organi- tornam-se, cada vez mais, processos críticos
zação da informação, arquivologia, ciência para o seu desempenho.
da informação, conhecimento tácito, conhe-
À medida que os ambientes profissio-
cimento explícito, representação do conhe-
nais e de negócios se tornam mais comple-
cimento, aprendizagem organizacional, inte-
xos e mutantes, a informação se transforma,
ligência organizacional, organização inteli-
indiscutivelmente, em uma arma capaz de
gente, gestão do saber, dentre outros. Essa
garantir a devida antecipação e análise de
verdadeira babel terminológica, se por um
tendências, bem como a capacidade de a-
lado reflete o grande interesse que a infor-
daptação, de aprendizagem e de inovação.
mação e o conhecimento despertam atual-
Este é o conhecimento que Mokyr (2002)
mente na sociedade, por outro constitui um
chama de conhecimento útil, o qual consiste
grande desafio no sentido de se distinguir
em dois elementos. O primeiro é o conheci-
um conceito dos demais e de se estabelecer
mento “que", ou conhecimento proposicional,
relacionamentos entre eles.
constituído de crenças a respeito dos fenô-
Devido à sua crescente importância pa- menos e regularidades do nosso mundo na-
ra as organizações contemporâneas, a in- tural. Uma vez possuído, o conhecimento
formação e o conhecimento têm merecido, “que” pode produzir o conhecimento "como",
cada vez mais, a atenção de gestores, pro- ou seja, o conhecimento instrucional ou
fissionais e pesquisadores. O contínuo de- prescritivo, o qual pode ser chamado de téc-
senvolvimento das tecnologias da informa- nicas. É esse tipo de conhecimento - o co-
ção e da comunicação (TICs) tem potenciali- nhecimento útil - que é objeto de estudos da
zado a produção e a disseminação de infor- comunidade acadêmica e elemento motiva-
mações em escalas inimagináveis há pouco dor dos esforços de gerenciamento em con-
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textos organizacionais, seja em empresas, derada uma quantidade expressiva de peri-


em entidades públicas ou em organizações ódicos, pois corresponde a quase 2% do
do terceiro setor. total de títulos de um acervo que cobre prati-
camente todas as áreas do conhecimento
A revolução dos computadores e das
humano.
telecomunicações tem provocado inúmeros
debates a respeito de seus efeitos nas orga- A importância da informação e do co-
nizações e na sociedade como um todo. A- nhecimento para as organizações também
credita-se que uma forma de se avaliar a tem sido registrada por autores do campo da
importância desse fenômeno é verificar em economia, das finanças e da contabilidade.
que medida ele tem provocado o interesse Por exemplo, Harris (2001) identifica o con-
de pensadores e pesquisadores. Com esse ceito de “economia baseada no conhecimen-
objetivo, em setembro de 2007, foram reali- to” como sendo um referencial analítico ca-
zadas buscas no Google Scholar no sentido paz de incorporar as características centrais
de se detectar quantos documentos contêm das novas tecnologias da informação e da
as palavras information e management em comunicação. Também o conceito de “eco-
seus títulos. No total, foram encontrados nomia da informação”, conforme esse autor,
cerca de 46000 oriundos das áreas de ad- representa a noção de que o conhecimento
ministração, negócios, finanças e economia. pode ser aplicado inúmeras vezes sem per-
Quando o argumento de busca é knowledge der valor com o uso repetido, é infinitamente
e management, são encontrados cerca de durável no tempo e no espaço, além de po-
34400 documentos. Trata-se, portanto, de der ser armazenado com custo mínimo nos
uma produção acadêmica respeitável. A im- meios digitais contemporâneos.
portância da informação e do conhecimento
O conceito de sociedade do conheci-
para as pessoas e para as organizações po-
mento pode ser interpretado sob mais de
de ser estimada também, por exemplo, pelo
uma perspectiva. A mais antiga dessas, con-
número de periódicos dedicados ao assunto.
forme Powell e Snellman (2004), tem a ori-
Nesse sentido, um levantamento, feito por
gem nos trabalhos dos economistas Fritz
este autor no Portal Capes de periódicos,
Machlup e Marc Uri Porat e do sociólogo
constatou que, dos 11419 periódicos dispo-
Daniel Bell, os quais destacam, dentre ou-
níveis em setembro de 2007, 222 tinham as
tros aspectos, a introdução de inovações
palavras information, informação ou kno-
tecnológicas e seu papel no desenvolvimen-
wledge em seus títulos. Esta pode ser consi-
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to econômico e nas transformações sociais. da TI para o desempenho das empresas e,


Enquanto os enfoques dos autores acima em última análise, para a economia como
mencionados são mais abrangentes, um ou- um todo.
tro grupo de autores, dentre os quais se des-
Não obstante as incertezas e riscos re-
tacam Peter Drucker, Ikujiro Nonaka, Hirota-
lacionados com os investimentos nas TICs,
ka Takeuchi, Thomas Stewart, Thomas Da-
as empresas têm investido cada vez mais
venport, e Larry Prusak, procuram focalizar a
nessa área. Dados da empresa de consulto-
questão do conhecimento dentro de contex-
ria Forrester Research, divulgados pelo Insti-
tos organizacionais. Em seu conjunto, a
tuto de Desenvolvimento Global – IDG Brasil
mensagem desses autores é clara: a infor-
(IDG NOW, 2006), estimam que os investi-
mação e o conhecimento se transformam,
mentos em TI, em termos mundiais, alcança-
cada vez mais, em importantes fatores de
rão mais de um trilhão e meio de dólares em
transformações econômicas e sociais. De
2007. Isto significa um acréscimo de 5% em
fato, conforme Drucker (1969, p. 264), “[...] o
relação aos dados do ano anterior. Conside-
conhecimento é hoje o custo mais elevado, o
rando-se que o crescimento mundial desses
principal investimento e o principal produto
investimentos foi de 8% tanto em 2005
da economia avançada, bem como o meio
quanto em 2006, estima-se que a taxa mé-
de vida do maior grupo da população”.
dia de crescimento no triênio que inclui 2007
Em decorrência de seu significado e- tenha sido de aproximadamente 7%. Ao se
conômico e de sua importância social, os agregarem os gastos com os recursos hu-
resultados dos investimentos em tecnologia manos, esse montante alcança a cifra de
da informação (TI) nas organizações têm 2,23 trilhões de dólares. Se os dados a res-
sido investigado por inúmeros autores. Es- peito dos investimentos globais em TI são
ses estudos, no entanto, têm produzido indi- impressionantes, no Brasil, guardadas as
cações contraditórias a respeito dos reais devidas proporções, a situação não é dife-
impactos organizacionais. O economista Ro- rente. Conforme dados do Ministério do De-
bert Solow, ganhador do Prêmio Nobel de senvolvimento Indústria e Comércio Exterior
Economia e professor do MIT comentou, em (BRASIL, 2007), o Brasil deverá encerrar o
1987, que o computador estava em toda par- ano de 2007 com um orçamento de TI na
te, menos nas estatísticas de produtividade. ordem de R$ 45 bilhões. Esta cifra corres-
Essa afirmativa provocou um grande debate, ponde a um aumento da participação relativa
ainda hoje aceso, a respeito da contribuição
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da TI dentro do PIB nacional, que passou de Não é de se admirar o grande debate a


2% em 2006 para 2,2% no presente ano. respeito do uso da informação e do conhe-
cimento em ambientes organizacionais. Os
Os valores acima demonstram o quan-
investimentos que são feitos no sentido de
to as infra-estruturas de TI – as quais envol-
se capacitar as empresas com as mais mo-
vem não apenas máquinas e equipamentos,
dernas tecnologias de informação e de co-
mas também pessoal especializado – têm
municações são, como se demonstrou aci-
representado, do ponto de vista orçamentá-
ma, muito expressivos. Esses investimentos,
rio, para as nações e para as organizações.
por envolverem grandes volumes de recur-
No entanto, todo esse gasto não produz a-
sos, demandam análises complexas por par-
penas resultados positivos. De fato, ao lado
te das cúpulas decisórias das empresas, as
dos visíveis benefícios proporcionados pelo
quais almejam as melhores relações custo-
desenvolvimento das TICs, existem também
benefício possíveis. A dificuldade, nesse ca-
diversos problemas que, quando não devi-
so, é que, enquanto os gastos são palpá-
damente equacionados, podem levar a gra-
veis, os benefícios são incertos. E, além da
ves conseqüências, tanto no plano pessoal
questão estritamente relacionada com os
quanto no nível organizacional. Para as pes-
investimentos em si, o próprio percurso da
soas, há os problemas relacionados com
informação e do conhecimento em um con-
sobrecarga e stress informacionais, bem
texto organizacional é permeado de mean-
como as questões relativas à segurança,
dros.
invasão de privacidade, propriedade intelec-
tual, dentre outros. Já, para as empresas, os Considerando-se os aspectos acima
investimentos em TI envolvem riscos e são, apontados, este artigo pretende, inicialmen-
muitas vezes, frustrantes do ponto de vista te, resgatar alguns aspectos relacionados
de seu retorno financeiro. Isto ocorre, dentre com origem da gestão da informação e da
outros fatores, porque a influência da TI no gestão do conhecimento (GIC). Será feita
resultado das empresas é moderada por di- também uma breve comparação entre essas
versos fatores, tais como a suas opções es- duas disciplinas. Em seguida, será apresen-
tratégicas (SHIN, 2001), bem como as suas tado um modelo de gestão estratégica da
estruturas e processos (HENDERSON; gestão da informação e do conhecimento em
VENKATRAMAN, 1999). contextos organizacionais. Finalmente, serão
exploradas algumas possibilidades de de-
senvolvimento da GIC em decorrência do
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desenvolvimento das mais recentes tecnolo- may think, concebeu uma máquina, por ele
gias de colaboração em rede. chamada Memex,

[...] na qual um indivíduo armazena


todos os seus livros, registros e co-
2 AS ORIGENS
municações, e que é mecanizada de
forma a poder ser consultada com
A origem da moderna gestão da infor- grande velocidade e flexibilidade. É
um suplemento ampliado e íntimo de
mação pode ser encontrada nos trabalhos sua memória (BUSH, 1945, p. 107).
de Paul Otlet, cujo livro Traité de documenta-
O Memex nunca chegou a ser constru-
tion, publicado em 1934, foi um marco fun-
ído, mas é considerado hoje um precursor
damental do desenvolvimento da gestão da
da Web e da moderna gestão eletrônica de
informação, disciplina que, na época, era
documentos.
conhecida como documentação. De fato,
muito do que hoje conhecemos moderna- O economista Frederick Hayek, laurea-
mente por gerência de recursos informacio- do com o Prêmio Nobel de economia em
nais tem suas origens nos trabalhos de Otlet. 1974, publicou um artigo intitulado The use
Por exemplo, Rayward (1991, p. 137) argu- of knowledge in society. Nesse texto, o autor
menta que “[...] para Otlet, o documento é o argumenta que o problema econômico en-
centro de um processo de comunicação frentado pela sociedade encontra-se no fato
complexo, da acumulação e transmissão do de que o conhecimento nunca se encontra
conhecimento, da criação e evolução das em forma “[...] concentrada ou integrada,
instituições”. Pode-se verificar, portanto, que mas apenas na forma de pedaços dispersos
a preocupação com a informação e com o de conhecimento incompleto e freqüente-
conhecimento enquanto fenômenos expres- mente contraditório que todos os indivíduos
sivos do ponto de vista gerencial e econômi- possuem separadamente” (HAYEK, 1945, p.
co, é muito mais antiga do que normalmente 1). Ou seja, esse problema diz respeito a
se pensa.
[...] como garantir o melhor uso dos
recursos conhecidos por cada um
Além de Otlet, dois autores que se des- dos membros da sociedade, para fins
tacaram como precursores da moderna ges- cuja importância relativa apenas es-
ses indivíduos conhecem. Ou, sim-
tão da informação e do conhecimento são plesmente, é o problema da utiliza-
ção do conhecimento não possuído
Vanevar Bush e Frederick Hayek. Esse auto- por ninguém em sua totalidade (HA-
res publicaram, em 1945, dois importantes YEK, 1945, p. 2).

trabalhos. Bush, em artigo intitulado As we


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Observa-se, portanto, que, mesmo an- mulação e o resultado das políticas públicas”
tes da disseminação dos computadores na (p. 191). Nota-se que as observações de
sociedade, autores como Otlet, Bush e Ha- Henry, embora contextualizada no campo da
yek já se preocupavam com a informação e administração pública, podem perfeitamente
o conhecimento enquanto fenômenos rele- se adequar às empresas contemporâneas.
vantes do ponto de vista da produtividade Outro trabalho, ao qual este autor teve aces-
pessoal e empresarial e, portanto, merece- so apenas na forma de seu abstract, é o de
dores de esforços no sentido de seu efetivo Berry e Cook (1976), cujo título, Managing
gerenciamento. knowledge as a corporate resource, bem
reflete as preocupações atuais com a ques-
Ainda dentro do espírito de se resgatar
tão. Nesse documento, editado pelo Depar-
as origens da GIC, descobre-se que a ex-
tamento de Defesa do Governo Americano,
pressão gestão do conhecimento é mais an-
os autores discutem a relevância do conhe-
tiga do que normalmente se acredita. De
cimento – e não dos dados e da informação
fato, em artigo publicado na Public Adminis-
– como recurso fundamental para as empre-
tration Review, em 1974, Nicholas Henry
sas.
definia gestão do conhecimento como “[...]
políticas públicas para a produção, dissemi- O conceito de gerência de recursos in-
nação, acessibilidade e uso da informação formacionais (GRI), originalmente sugerido
na formulação de políticas públicas” (HEN- por Robert S. Taylor na década de 1960,
RY, 1974, p. 189). Já nessa época, o autor ganhou notoriedade com a implantação do
se preocupava com o que ele chamava “dis- Paperwork Reduction Act, do Governo Ame-
funções informacionais”. A primeira dessas ricano, em 1980. A GRI apóia-se em três
disfunções é o excesso de dados, fenômeno disciplinas essenciais, que são a administra-
que, para o autor, pode provocar ruídos no ção, a computação e a ciência da informa-
processo decisório. A segunda disfunção diz ção (CI). No campo da CI, destacam-se a
respeito às próprias tecnologias da informa- biblioteconomia, a gestão de documentos e
ção, em especial os sistemas de armazena- a arquivologia (BERGERON, 1996).
mento e recuperação da informação basea-
De acordo com Savic (1992), o primeiro
dos em computador, que são projetados pa-
documento inteiramente dedicado à GRI é o
ra “[...] maximizar o conhecimento dos deci-
livro de Forest Woody Horton Junior, How to
sores e minimizar dados, os quais apenas
harness information resources: a systems
turvam o foco e dispersa o impacto da for-
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approach, publicado em 1974. Para esse “[…] a combinação do alcance global e velo-
autor, o termo “recursos informacionais” po- cidade força as organizações a se pergunta-
de ser subdividido em três categorias: a) fon- rem: o que sabemos, quem sabe o quê, o
tes de informação, b) serviços de informa- que não sabemos mas precisamos saber?”
ção, produtos de informação e c) sistemas Quanto à ubiqüidade dos computadores,
de informação. Para ele, “uma fonte de in- Prusak afirma que esse fenômeno valoriza,
formação é um indivíduo ou uma organiza- por contraste, o conhecimento que não pode
ção – um local – que fornece dados e infor- ser facilmente registrado, codificado ou dis-
mações necessárias para usuários” (HOR- seminado. Para esse autor,
TON JUNIOR, 1979, p. 90). Note-se que,
À medida que o acesso à informação
para Horton Junior, uma pessoa pode ser se expande dramaticamente, de for-
considerada uma fonte de informação, o que ma que as pessoas possam ter a-
cesso a quase toda a informação de
é perfeitamente compatível com a noção dos que elas necessitam a qualquer hora
e em qualquer lugar, o valor das ha-
colégios invisíveis no contexto da comunica- bilidades cognitivas ainda não repli-
ção científica (MOREIRA, 2005; SARACE- cadas pelo silício aumenta (PRU-
SAK, 2001, p. 1002).
VIC, 1999), a qual pode ser considerada
A visão da empresa com base no co-
uma versão anterior do moderno conceito de
nhecimento tem sido adotada, implícita ou
comunidades de prática no contexto da ges-
explicitamente, por diversos teóricos do
tão do conhecimento.
campo da administração e da economia. Em
A gestão da informação, que tem sua sua releitura das contribuições de Chester
origem na documentação, é uma disciplina Barnard para o pensamento administrativo à
mais consolidada do que a gestão do co- luz da perspectiva da empresa baseada no
nhecimento, a qual começou a despertar o conhecimento, Gehani (2002) aponta que
interesse da comunidade acadêmica e ge- Barnard já reconhecia a existência de dois
rencial a partir do final da década de 1980. tipos de conhecimento. O primeiro é consti-
Para Prusak (2001, p. 1002), a gestão do tuído do conhecimento teórico, organizado e
conhecimento é a combinação de idéias no- formal, o qual se obtém pela educação. O
vas e tradicionais e constitui uma resposta outro, o conhecimento não registrado e intui-
concreta à globalização, à disseminação dos tivo é, para ele, essencial para o desempe-
computadores e a visão da empresa com nho das funções gerenciais. Ainda nesta li-
base no conhecimento. A propósito da pri- nha, mas com um enfoque econômico, Grant
meira tendência, esse autor argumenta que
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(1996, p. 112) afirma que “[…] as empresas ção, que deriva do que a empresa deseja
existem como instituições para produzir bens fazer com a informação; b) política (ou “sis-
e serviços porque elas podem criar condi- tema político”) da informação; c) a cultura e
ções sob as quais múltiplos indivíduos po- o comportamento em relação à informação,
dem integrar os seus conhecimentos especi- d) a equipe de informação; e) os processos
alizados”. de administração informacional e f) a arquite-
tura da informação, que para ele é simples-
Como se pode verificar, tanto a gestão
mente um “[...] guia para estruturar e locali-
da informação quanto a gestão do conheci-
zar a informação dentro de uma organiza-
mento surgiram das contribuições de pensa-
ção” (DAVENPORT, 1997, p. 54).
dores que viveram muito antes da introdução
dos computadores e da recente explosão A produção intelectual relativa à gestão
informacional. Um dos autores contemporâ- da informação e do conhecimento constitui o
neos que popularizaram a gestão do conhe- esforço de diversos campos. Dentre eles,
cimento é, sem dúvida, Thomas Davenport. destacam-se a administração, a computação
Alguns de seus livros, publicados no Brasil e a ciência da computação. E, como não se
com os títulos Ecologia da Informação e Co- poderia evitar, há muitas divergências con-
nhecimento Empresarial (o primeiro com a ceituais entre os autores, seja entre as áreas
colaboração e o segundo em co-autoria com e mesmo dentro delas. Essas divergências
Larry Prusak), podem ser consideradas con- foram analisadas por Elizabeth Davenport e
tribuições expressivas no sentido de se di- Blaise Cronin (2000), que identificam três
vulgar a GIC em contextos empresariais. visões distintas da gestão do conhecimento.
Algumas idéias centrais dessas obras são A primeira, denominada por eles de GC1
que o investimento em tecnologias por si tem suas bases na biblioteconomia e na ci-
não é o suficiente para se garantir uma ad- ência da informação. Aqui, a gestão do co-
ministração informacional eficiente e que os nhecimento é vista por muitos simplesmente
administradores precisam desenvolver uma como um produto velho em nova embala-
perspectiva holística e integrada da informa- gem. Ou seja, a gestão do conhecimento
ção. Esses autores desenvolveram ainda um não passa de gestão da informação com
“modelo ecológico” para o gerenciamento da outro nome.
informação, no qual se destaca o ambiente
A GC2 identifica a gestão do conheci-
informacional, que é constituído pelos se-
mento com a gestão do know-how e prioriza
guintes elementos: a) estratégia da informa-
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processos e atividades organizacionais, com Essas diversas e às vezes contraditó-


ênfase nas representações (ontologias) des- rias visões a respeito da informação e do
sas atividades e capacidades. Essa perspec- conhecimento suscitam questões a respeito
tiva, fortemente orientada para sistemas, das possibilidades de seu gerenciamento em
enfatiza a extração e o descobrimento do contextos organizacionais. Para muitos auto-
valor contido em repositórios de dados e de res, o conhecimento, na melhor das hipóte-
informação por meio de técnicas sofistica- ses pode ser gerenciado apenas pelo seu
das, tais como data mining e data warehou- possuidor. Para outros, o conhecimento po-
se. A propósito da perspectiva de sistemas de ser gerenciado, ainda que indiretamente,
da gestão do conhecimento, deve-se salien- por meio da manipulação das condições que
tar que, no campo da inteligência artificial, os cercam a sua produção e uso. Estas ques-
sistemas especialistas são também conheci- tões serão analisadas a seguir.
dos como sistemas baseados em conheci-
mento (knowledge based systems). Nesse
3 O CONHECIMENTO PODE SER GE-
contexto, os conceitos de representação do RENCIADO?
conhecimento, engenharia do conhecimento,
Gestão do conhecimento é uma ex-
bases de conhecimento, são bem estabele-
pressão que tem motivado debates na aca-
cidos.
demia e no mundo organizacional. Um dos

Por último, a GC3 tem seus fundamen- importantes autores da ciência da informa-

tos na teoria organizacional e considera o ção, Tom Wilson, afirma que dados e infor-

conhecimento como fator capaz de propor- mação podem ser gerenciados; recursos

cionar a adaptação da empresa ao seu am- informacionais podem ser gerenciados, mas

biente externo. Aqui, o aspecto central da conhecimento [isto é, o que sabemos] nunca

GC é o relacionamento entre o conhecimen- pode ser gerenciado, exceto pelo próprio

to tácito e o conhecimento explícito. O con- conhecedor e, mesmo assim, de forma im-

ceito de “ba”, ou o contexto onde o “conhe- perfeita (WILSON, 2002). Esse mesmo pon-

cer” acontece, é um dos conceitos centrais to de vista é defendido por outros autores,

na GC3. Neste caso, o que é gerenciado como Krogh, Ichizo e Nonaka (2001). Esses

não é o conhecimento em si, e sim o contex- autores, no prefácio do seu livro, afirmam:

to no qual ele se manifesta. “estamos absolutamente convencidos de


que não se gerencia o conhecimento, ape-
nas capacita-se para o conhecimento”. Mais

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à frente, eles afirmam que o termo gestão Administrar ou gerenciar o conheci-


implica controle de processos que talvez se- mento não implica exercer controle direto
jam intrinsecamente incontroláveis ou, pelo sobre o conhecimento pessoal. Significa,
menos, que talvez sejam sufocados por um sim, o planejamento e controle do contexto,
gerenciamento mais intenso. Esses autores ou ba1; enfim, das situações nas quais esse
concluem que os gerentes devem promover conhecimento possa ser produzido, registra-
a criação de conhecimento, em vez de con- do, organizado, compartilhado, disseminado
trolá-la Como forma de facilitar a criação do e utilizado de forma a possibilitar melhores
conhecimento na empresa os autores suge- decisões, melhor acompanhamento de even-
rem, então, alguns elementos “capacitado- tos e tendências externas e uma contínua
res”, que são: a) instilar a visão do conheci- adaptação da empresa a condições sempre
mento, b) gerenciar as conversas, c) mobili- mutáveis e desafiadoras do ambiente onde a
zar os ativistas do conhecimento, d) criar o organização atua.
contexto adequado e e) globalizar o conhe-
cimento local.
4 A GESTÃO DO CONHECIMENTO É
MAIS UM MODISMO GERENCIAL?
Observa-se, entretanto, que o questio-
namento levantado por Krogh, Ichizo e No- Ou aspecto da polêmica a respeito da

naka diz respeito ao que significa “gestão”. gestão do conhecimento é se ela não passa

Afinal, o que são os elementos “capacitado- de um modismo gerencial, assim como re-

res” acima indicados, senão processos ge- engenharia, qualidade total e tantos outros.

renciais? Podem não ser processos “inten- Para investigar essa questão, Ponzi e Koe-

sos”, ou que possam vir a “sufocar” a criação nig (2002) usaram os arquivos do Science

do conhecimento, mas nem por isto deixam Citation Index, Social Science Citation Index

de ser processos gerenciais, no sentido de e ABI Inform, e registraram o número de ve-

que são concebidos e planejados, executa- zes em que a expressão knowledge mana-

dos e, posteriormente, avaliados. Se formos gement apareceu no título, no sumário ou

limitar os processos gerenciais àqueles “in- nas palavras chaves das publicações regis-

tensos” e “sufocantes”, não poderíamos falar


1
Para Nonaka e Kono (1998, p. 40), ba “pode ser
de gestão de recursos humanos, gestão de concebido como um espaço compartilhado para re-
pessoas e de gestão de competências, para lacionamentos emergentes”. Esse espaço pode ser
físico (por exemplo, escritórios), virtual (por exem-
citarmos apenas alguns processos gerenci- plo, e-mail, teleconferências) ou mental (experiên-
cias compartilhadas, idéias, ideais) ou qualquer
ais. combinação destes.

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tradas nessas bases. Os resultados desse ses autores em 1996 os artigos apareciam
estudo podem ser sintetizados na Figura 1. apenas em publicações das áreas de ciência
da computação, administração e negócios
mas, a partir de 1999, eles passaram a ser
encontrados também nas áreas de ciência
da informação, biblioteconomia, engenharia,
psicologia, energia, ciências sociais, pesqui-
sa operacional e planejamento e desenvol-
vimento. Esses dados revelam um aspecto
adicional, que é o fato de a gestão do co-
nhecimento ter-se tornado progressivamente
um campo interdisciplinar.
Figura 1 – Gestão do conhecimento, 1991-2001
Fonte: Ponzi e Koenig, 2002
Acredita-se que, como qualquer fenô-

Os dados da Figura 1 evidenciam um meno de mídia, os termos utilizados nas pu-

grande crescimento das publicações a res- blicações científicas e profissionais experi-

peito da gestão do conhecimento no período mentem o que poderia ser chamado de “fa-

1996 a 2001. E, com base na estimativa de diga terminológica”. Isto significa que, ao

que os modismos no campo da administra- longo do tempo, as pessoas passem a pres-

ção duram aproximadamente cinco anos, os tar menos atenção a termos que se repetem

autores sugerem que a gestão do conheci- com muita freqüência. Isto não implica, no

mento sobreviveu a esse teste. Para eles, à entanto, que o conceito se torne menos im-

medida que a gestão do conhecimento tor- portante. Tomemos, por exemplo, o caso da

nar-se, de fato, um elemento permanente da Administração por Objetivos (APO) e da

atenção gerencial, ela continuará a evoluir e Qualidade Total (QT). A APO, introduzida

se transformará em um conceito mais claro e por Peter Drucker na década de 1950, pre-

de fácil entendimento. coniza a idéia de que uma organização deva


estabelecer objetivos para cada um de seus
A pesquisa de Ponzi e Koenig (2002) membros e setores e que esses objetivos
evidencia, também, que os artigos passa- levem em conta as metas organizacionais.
ram, ao longo do tempo, a ser publicados Sob esse aspecto, cada funcionário ou ge-
em periódicos das mais diversas áreas do rente deveria ter seus próprios objetivos es-
conhecimento. Conforme a estimativa des- tabelecidos em termos de níveis de desem-
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Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

penho, de horizontes temporais, etc., e esse que a expressão “gestão do conhecimento”


processo seria conduzido de maneira parti- esteja sendo progressivamente substituída
cipativa na empresa como um todo. Da por temas a ela associados, tais como capi-
mesma forma, o movimento da qualidade tal intelectual, ativos intangíveis, ou sendo
total (QT) defendia a necessidade de se de- combinados com conceitos que refletem as-
senvolver, dentro das organizações, uma pectos mais especializados, tais como com-
constante preocupação com a qualidade em partilhamento do conhecimento, redes soci-
todos os processos organizacionais. Tanto a ais e outros. Esta é uma questão merecedo-
APO quanto a QT focalizam fenômenos e ra de futuros estudos, em especial por parte
processos organizacionais e gerenciais que de pesquisadores do campo da ciência da
são e sempre serão essenciais em qualquer informação.
época. O fato deles não serem populares
Ao mesmo tempo em que comparti-
como antigamente o foram não significa que
lham diversos elementos comuns, a gestão
seus princípios tenham se tornado irrelevan-
da informação e a gestão do conhecimento
tes. Pelo contrário; pode-se mesmo argu-
são diferentes sob diversos aspectos. Essas
mentar que, exatamente devido à sua impor-
disciplinas, embora compartilhando impor-
tância, esses princípios foram sendo gradati-
tantes aspectos comuns, possuem suas par-
vamente incorporados ao conhecimento ge-
ticularidades. Na próxima seção, será feita
rencial “convencional” e, em decorrência dis-
uma tentativa de se estabelecer uma compa-
to, tornam-se “invisíveis”. De fato, conforme
ração entre essas disciplinas.
Gibson, Tesone e Blackwell (2003), modis-
mos gerenciais tendem a ser incorporados
em práticas gerenciais convencionais – tal
como ocorreu com a APO – ou se tornarem
embriões de novas ondas, como é o caso do
movimento da qualidade total e dos círculos
de qualidade, que evoluíram em direção das
equipes auto-administradas e do “empode-
ramento” (empowerment) dos funcionários.

A hibridação interdisciplinar da gestão


do conhecimento detectada por Ponzi e Ko-
enig (2002) aponta para uma tendência de
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Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

5 GESTÃO DA INFORMAÇÃO E GESTÃO nhecimento pessoal, muitas vezes tácito, e


DO CONHECIMENTO – UMA COMPA-
que, para ser efetivamente utilizado, antes
RAÇÃO
precisa ser descoberto e socializado.
Como se pode constatar a partir das
idéias acima apresentadas, a gestão da in- No Quadro 1, são apresentadas algu-
formação e a gestão do conhecimento foca- mas diferenças entre a gestão da informa-
lizam aspectos complementares de dois im- ção e a gestão do conhecimento.
portantes fenômenos organizacionais. En-
quanto a GI focaliza a informação ou o co-
nhecimento registrado, a GC destaca o co-

Critério Gestão da informação Gestão do conhecimento


Fenômenos centrais Informação ou conhecimen- Conhecimento tácito, competências pes-
to explícito soais
Visibilidade dos fenômenos Baixa Muito baixa
Processos críticos Organização e tratamento Descoberta e compartilhamento do co-
da informação nhecimento
Nível de centralidade para a Mediana Alta
gestão estratégica
Influência da cultura organi- Mediana Alta
zacional sobre processos e
resultados
Possibilidade de gerencia- Baixa ou mediana Baixa ou muito baixa
mento
Outros conceitos relaciona- Sistemas de informação, Capital intelectual, ativos intangíveis,
dos gestão eletrônica de docu- aprendizagem organizacional
mentos
Principais campos disciplina- Ciência da computação, Administração, ciência da informação
res envolvidos ciência da informação, bi-
blioteconomia, arquivologia
Quadro 1 - Uma comparação entre a gestão da informação e a gestão do conhecimento

Em primeiro lugar, destaca-se o fato de quais são produzidos, armazenados e utili-

que o fenômeno central da gestão da infor- zados em um contexto organizacional. Por

mação é a informação ou o conhecimento outro lado, o fenômeno central da gestão do

explícito. Ou seja, a GI lida com o universo conhecimento é o conhecimento pessoal,

de documentos, dos mais diversos tipos, os aquele que se encontra na cabeça das pes-
soas e que muitas vezes não é registrado

Inf.Inf., Londrina, v. 13, n. esp., p.1-25, 2008. 14


Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

nem compartilhado. A conexão entre infor- considerada uma perspectiva de nível supe-
mação e conhecimento é evidenciada no rior, uma meta perspectiva, na medida em
modelo conhecido como espiral do conheci- que uma organização é e funciona como
mento, desenvolvido por Nonaka e Takeuchi uma rede de informação e de conhecimento.
(1997). De acordo com esse modelo, o co- E, como a informação e o conhecimento se
nhecimento, uma vez externalizado por uma confundem com todas as demais perspecti-
pessoa, pode ser transformado em informa- vas da organização, eles se tornam invisí-
ção e esta, quando internalizada por outra, veis. É como o ar que respiramos; como ele
transforma-se em conhecimento. está em toda parte, ele se torna invisível.

Tanto a gestão da informação quanto a A determinação de necessidades e a


gestão do conhecimento lidam com proces- aferição do uso da informação constituem
sos complexos, elusivos e de difícil observa- grandes desafios para a gestão. No entanto,
ção. Os documentos podem ser observados, uma vez que os documentos possam ser
assim como o comportamento das pessoas coletados, produzidos, organizados, manipu-
que refletem o seu conhecimento. No entan- lados e distribuídos, considera-se que a in-
to, os fenômenos informação e conhecimen- formação seja um fenômeno de maior visibi-
to, em si, são praticamente invisíveis em lidade do que o conhecimento que, essenci-
contextos organizacionais, e isto constitui um almente, é algo que existe na mente das
grande paradoxo. pessoas. As chamadas “paginas amarelas
corporativas” é uma iniciativa, de gestão da
As organizações podem ser enfocadas
informação, que tem como objetivo possibili-
sob diversos aspectos (MORGAN, 1996). A
tar a identificação e localização de conheci-
área de recursos humanos, por exemplo,
mentos e competências possuídos pelos
prioriza, em seu olhar, aspectos relaciona-
membros de uma organização. Esta idéia
dos com as pessoas, suas competências,
tem sua origem na técnica de Infomapping,
desempenho, motivações, dentre outros.
ou mapeamento informacional, que foi de-
Sob o ângulo das finanças e da contabilida-
senvolvida por Horton Junior na década de
de, ganham destaque os fluxos e estoques
1980. Por meio desses guias, é possível sa-
monetários; sob uma perspectiva estrutural,
ber quem sabe o quê dentro de uma empre-
a organização se revela como um conjunto
sa. Neste caso, o guia remete o usuário a
de setores ou subunidades relacionadas en-
uma pessoa e não a um documento. Trata-
tre si. A perspectiva informacional pode ser
se, portanto, de uma aplicação, destinada
Inf.Inf., Londrina, v. 13, n. esp., p.1-25, 2008. 15
Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

essencialmente a aproximar uma pessoa sido registrada por diversos autores (APRIL,
que deseja um conhecimento de outra que 2002; DREW, 1999; LIEBESKIND, 1996;
possui esse conhecimento, e que tanto pode ZACK, 1999). Da mesma forma, o alinha-
ser considerada uma prática de gestão de mento estratégico dos sistemas de informa-
informação quanto de gestão do conheci- ção organizacionais é tema recorrente na
mento. literatura (BURN; SZETO, 2000; HENDER-
SON; VENKATRAMAN, 1999). Embora tanto
Uma vez que as organizações contem-
a informação quanto sejam aspectos impor-
porâneas se caracterizam pela contínua
tantes do ponto de vista da estratégia orga-
produção, processamento e uso da informa-
nizacional, acredita-se que o conhecimento
ção, pode-se considerar que os processos
organizacional, por ser único e peculiar,
críticos da gestão da informação sejam a
possa ser considerado um elemento de mai-
organização e o tratamento da informação.
or centralidade para a gestão estratégica de
Com efeito, o crescente volume de informa-
uma organização do que a gestão da infor-
ções que as empresas precisam processar
mação.
atualmente evidencia a importância de um
sistema que seja capaz de representar o A cultura de uma organização, entendi-
conteúdo informacional dos documentos, de da como um conjunto de pressupostos e va-
forma a possibilitar a sua futura recuperação. lores compartilhado por um determinado
Por outro lado, descobrir onde se encontra o grupo, exerce impactos tanto sobre a gestão
conhecimento, bem como o seu comparti- da informação quanto sobre a gestão do co-
lhamento, constituem aspectos essenciais nhecimento. Conforme Birkinshaw (2001, p.
para a gestão do conhecimento. 12), “modificar o sistema de gestão do co-
nhecimento de uma empresa não é diferente
O compartilhamento do conhecimento
de mudar a sua cultura – envolve mudanças
pessoal é um processo que sofre forte influ-
fundamentais no comportamento das pesso-
ência da cultura organizacional (ARDICHVILI
as, e tipicamente demora muitos anos para
et al., 2006; McDERMOTT; O´DELL, 2001) e
acontecer”. Para Curry e Moore (2003, p.
é considerado, por muitos, como um dos
94), uma cultura informacional é aquela na
aspectos que mais contribuem para a sua
qual se reconhece “o valor e a utilidade da
competitividade (DAVENPORT; PRUSAK,
informação para o alcance do sucesso ope-
1998). A importância do conhecimento na
racional e estratégico”.
elaboração de estratégias empresariais tem

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Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

Os efeitos da cultura organizacional adestrados (tame). Em primeiro lugar, não


sobre os sistemas de informação organiza- existem formulações definitivas para esse
cionais foram analisados por Claver et al. tipo de problema, bem como não existem
(2001). Esses autores estabelecem distin- regras para a sua conclusão. Da mesma
ções entre cultura informática e cultura in- forma, também não existe um teste definitivo
formacional. Em síntese, enquanto a primei- para se avaliar a solução de um problema
ra valoriza a importância da TI para a em- malvado. Além do mais, tais tipos de pro-
presa, a segunda é mais abrangente e com- blemas, além de serem essencialmente úni-
plexa por também incorporar as pessoas, a cos, não têm um conjunto finito de soluções
informação e os dados. A implementação da possíveis. Ou seja, tanto a GI quanto a GC
TI sob uma cultura de informática é conduzi- são problemas difíceis de ser gerenciados,
da apenas pelo pessoal técnico; os usuários embora a GC, por lidar com fenômenos de
são desconsiderados e o envolvimento da menor visibilidade e envolver aspectos ínti-
alta administração no processo é restrito. A mos das pessoas, é mais difícil ainda de ser
distinção feita por esses autores reforça a administrada.
idéia, aqui proposta, de que cultura organi-
Não se pretende aqui sugerir a impos-
zacional exerce maiores impactos sobre a
sibilidade de se obter sucesso na implanta-
gestão do conhecimento do que sobre a
ção e gerenciamento de programas de ges-
gestão da informação.
tão da informação e do conhecimento e sim
Se levarmos em conta que os ambien- que esses programas dependem da criação
tes de uso da informação e do conhecimento e cultivo de ambientes verdadeiramente fa-
são cada vez mais dinâmicos e mutáveis, voráveis ao seu desenvolvimento. Dentre
chega-se à conclusão de que não há uma essas condições, pode ser destacado fo-
verdadeira resolução para a GIC. Ou seja, o mento de uma cultura informacional favorá-
gerenciamento da informação e do conheci- vel, o que envolve o apoio e o incentivo ao
mento em contextos organizacionais possui compartilhamento da informação, a adminis-
algumas das características do que Rittel e tração do excesso e da sobrecarga informa-
Webber (1973) chamaram de problemas cional, bem como o controle de múltiplos
malvados (wicked)2, ao invés de mansos ou significados de conceitos e termos que ca-

2
Wicked significa algo moralmente mau, pecaminoso,
terrível, repelente, revoltante ou deplorável. Não e- sendo que malvado é a que mais se aproxima do
xiste uma palavra correspondente em português, sentido originalmente proposto por Rittel e Webber.

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Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

racterizam contextos organizacionais com- vologia. Acredita-se que essas trocas inter-
plexos (DAVENPORT, 1997). disciplinares se intensifiquem no futuro. Um
possível indicador dessa tendência é o nú-
Um fator crítico para o sucesso na in-
mero de escolas e departamentos da área
trodução de programas de gestão da infor-
de ciência da informação e/ ou biblioteco-
mação em organizações é o senso de opor-
nomia que se associam a departamentos de
tunidade dos profissionais envolvidos. Ou
administração, computação, comunicação ou
seja, a riqueza e complexidade dos ambien-
educação. O perfil do corpo docente desses
tes informacionais das organizações con-
programas também tem se tornado multidis-
temporâneas constituem, ao mesmo tempo,
ciplinar, o que contribui para aumentar as
desafios e oportunidades para esses profis-
interfaces entre as disciplinas.
sionais envolvidos.

As próprias origens e a evolução da 6 GESTÃO DA INFORMAÇÃO E GESTÃO


gestão da informação e do conhecimento DO CONHECIMENTO – UMA VISÃO IN-
TEGRADA
destacam os aspectos interdisciplinares des-
sas disciplinas. Elas se relacionam, no en- A gestão da informação e a gestão do
tanto, com diferentes conceitos. Por exem- conhecimento possuem fortes conexões in-
plo, enquanto a gestão da informação se telectuais. Ao longo do tempo, essas cone-
associa intimamente com a gestão eletrônica xões têm se estreitado de muitas formas.
de documentos e os sistemas de informa- Por exemplo, diversos periódicos científicos
ção, a gestão do conhecimento relaciona-se estabelecem conexões entre a ciência da
com a gestão do capital intelectual e de ati- informação, a administração e a computa-
vos intangíveis, bem como a aprendizagem ção, em especial no que se refere aos sis-
organizacional. Nesse caso, fica evidente a temas de informação.
influência de disciplinas relacionadas à ad-
No campo das instituições acadêmicas,
ministração; das finanças, no caso do capital
nota-se também a existência de um número
intelectual e do comportamento organizacio-
crescente de departamentos que integram
nal e da gestão estratégica no caso da a-
essas três áreas. Os programas e ofertas de
prendizagem organizacional. Por outro lado,
disciplinas também refletem essa aproxima-
a GI mantém estreitas conexões disciplina-
ção entre os campos. A Figura 2, constitui
res com a ciência da informação, a ciência
uma tentativa de representar conceitos e
da computação, a biblioteconomia e a arqui-
funções, oriundos do campo da administra-
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Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

ção, da computação e da ciência da infor- ção, destacam-se as disciplinas de recursos


mação, que podem ser considerados rele- humanos, estratégia empresarial e finanças.
vantes para a gestão da informação e do
conhecimento. Do território da administra-

Recursos Humanos Estratégia


 Competências  Informação, conhecimento e TI como
 Cultura vantagem competitiva
 Compartilhamento  Inteligência empresarial
 Aprendizagem organizacional  Alinhamento estratégico
GESTÃO DA INFORMA
INFORMAÇÃO
Finanças E DO CONHECI
CONHECIMENTO
 Propriedade intelectual Computação
 Capital intelectual  Sistemas de Informação
 Ativos intangíveis  Redes
 Ferramentas de colaboração

Ciência da informação
 Diagnóstico de necessidades
 Fontes
 Organização e tratamento

Figura 2 - Uma perspectiva integradora da gestão da informação e do conhecimento

conceitos de alinhamento estratégico dos


A gestão do conhecimento se associa à
sistemas e recursos de informação com os
gestão de recursos humanos uma vez que
objetivos e metas da organização. Outro as-
ela envolve o gerenciamento de competên-
pecto central, neste sentido, é a inteligência
cias e talentos pessoais. Assim, a sua im-
competitiva, também conhecida como inteli-
plementação demanda o desenvolvimento
de uma cultura organizacional receptiva, na gência empresarial, que pode ser concebida
como uma série de processos por meio dos
qual se valoriza o compartilhamento do co-
quais informações relevantes a respeito do
nhecimento. Por último, a gestão do conhe-
ambiente empresarial externo são obtidas e
cimento contribui decisivamente para que a
utilizadas como insumo ao processo decisó-
organização se adapte às condições mutá-
rio estratégico (AGUILAR, 1967).
veis do seu ambiente por intermédio da a-
prendizagem organizacional. Esse processo Na medida em que envolvem a neces-
de adaptação é objetivo também da gestão sidade, busca e uso da informação, as ativi-
estratégica. Neste caso, destacam-se os
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Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

dades de inteligência competitiva em uma sua vez, é a soma dos ativos tangíveis de
empresa constituem um processo informaci- uma empresa, incluindo ativos financeiros,
onal por excelência. Conceitualmente, ela fábricas, máquinas e equipamentos, bem
tem início com um diagnóstico de necessi- como a infra-estrutura física de distribuição e
dades de informação por parte da cúpula vendas. Para Petty e Guthrie (2000), devem
organizacional, o qual conduz à aquisição da ser incluídos no capital estrutural os siste-
informação que, uma vez organizada e ar- mas de informação, as redes de distribuição
mazenada, é distribuída para seus usuários e as cadeias de suprimento. O capital do
na forma de produtos e serviços de informa- cliente, por sua vez, consiste no conteúdo
ção, os quais serão utilizados na interpreta- das informações sobre a clientela, armaze-
ção de tendências e eventos do meio ambi- nadas em bases de dados, bem como seu
ente externo, no processo decisório em nível grau de satisfação e de lealdade à compa-
estratégico e nas ações voltadas para pro- nhia. Observa-se, portanto, que o conceito
mover a adaptação da organização a novas de capital intelectual relaciona-se tanto com
condições e exigências do ambiente empre- a gestão da informação, quando ele refere-
sarial (CHOO, 2002). se a informações registradas, quanto com a
gestão do conhecimento, quando ele diz
A perspectiva das finanças e da conta-
respeito ao valor contido no talento e na ex-
bilidade na gestão do conhecimento se ma-
periência.
nifesta por meio da crescente preocupação
das empresas no sentido de gerenciarem A ciência da computação, como já se
seu capital intelectual e seus ativos intangí- demonstrou, possui estreitas conexões tanto
veis. Enquanto os autores do campo da con- com a gestão da informação quanto com a
tabilidade já têm se ocupado com a contabi- gestão do conhecimento. Em especial, des-
lização de recursos humanos há cerca de tacam-se, neste sentido, os sistemas de in-
três décadas, foi por meio do trabalho de formação, as redes e as ferramentas de co-
autores como Stewart (1998, 2002) que a laboração. Atualmente, observa-se o intenso
expressão capital intelectual tornou-se popu- desenvolvimento de sistemas que possibili-
lar. Esse autor desenvolve o conceito de ca- tam a colaboração entre pessoas. Esse é,
pital intelectual como sendo constituído de sem dúvida, um fenômeno que pode apro-
três elementos. O capital humano envolve o fundar, e mesmo eliminar, as já tênues dis-
talento, experiência e a capacidade de ino- tinções entre a gestão da informação e a do
vação das pessoas. O capital estrutural, por conhecimento.
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Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

desapercebidos, bem como visualizar fontes


7 CONCLUSÕES e fluxos externos e internos de informação.

Este artigo procurou demonstrar a im- Como conseqüência da visão holística


portância de se enxergar a informação e o da informação, aspecto salientado por Da-
conhecimento como fenômenos indissociá- venport (1997), destaca-se a importância de
veis e complementares da vida organizacio- equipes multidisciplinares no trato com a
nal. O conhecimento, uma vez registrado, informação e o conhecimento. Acredita-se
transforma-se em informação e esta, uma que apenas por meio da formação de tais
vez internalizada, torna-se conhecimento. equipes, formadas por especialistas em
Esses processos, na realidade, sempre computação, comunicação, bem como biblio-
constituíram a essência de qualquer organi- tecários, arquivistas, administradores e ou-
zação criada pelo homem moderno. A rigor, tros profissionais, será possível o desenvol-
o que constitui novidade é a escala em que vimento de uma abordagem condizente com
essa troca ocorre em decorrência das inces- as exigências das modernas formas organi-
santes inovações tecnológicas no campo da zacionais.
computação e das telecomunicações.
Tanto para administradores quanto ou-
Levando-se em conta esse contexto de tros profissionais, é importante enxergar pa-
profundas transformações, salientou-se a ra além dos termos, que podem mudar ao
necessidade de uma atenção focalizada e longo do tempo. A polêmica a respeito da
um gerenciamento especializado sobre fe- tríade dado – informação - conhecimento é
nômenos e processos relacionados à infor- antiga. E, em uma empresa, esses fenôme-
mação e ao conhecimento nas organiza- nos devem ser inseridos em contextos mais
ções. E, para que esse gerenciamento seja amplos e a questão do uso e da identifica-
efetivo, é necessário o desenvolvimento de ção de necessidades de informação tornam-
uma forma de olhar a organização sob o se aspectos fundamentais. Mesmo o conhe-
prisma da informação e do conhecimento. cimento, considerado ingrediente essencial
Este tipo de olhar irá permitir a visão das para o processo decisório organizacional,
pessoas tanto como usuárias quanto como muitas vezes se distancia da ação organiza-
produtoras de informação, detectar repositó- cional (PFEFFER; SUTTON, 1999).
rios de informação que talvez passassem

Inf.Inf., Londrina, v. 13, n. esp., p.1-25, 2008. 21


Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

Neste contexto, ganha importância a ington: Department of Defense, 1976. Dis-


ponível em:
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ceito que pode se aplicar tanto a pessoas metadataPre-
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Gestão da informação e do conhecimento: origens, polêmicas e perspectivas Ricardo Rodrigues Barbosa

technology and its value for information and


knowledge management. It discusses the fea-
Palabras Clave
tures that give basis to knowledge management
and emphasizes that more than a buzzword it is Gestión de Información; Gestión del Conocimien-
an issue recognized by research and scientific to; Tecnología de la Información; Conocimiento
publications. It concludes that information and dentro de las Organizaciones.
knowledge figure as an inseparable and a com-
plementary organizational phenomenon, and that
the technological innovations in Computer Sci- ____________________________________
ence and telecommunications contribute to in-
formation and knowledge sharing.
Recebido em: 14.05.2008
Keywords Aceito em: 20.10.2008
Information Management; Knowledge Manage-
ment; Information Technology; Organizational ____________________________________
Knowledge.
____________________________________

Titulo

Gestión de Información y del Conocimiento: ori-


gen, polémicas y perspectivas

Resumen

El artículo presenta y discute los conceptos y


la importancia de la información y del cono-
cimiento en un contexto empresarial. Com-
para la gestión de información y la gestión
del conocimiento, y los aspectos relaciona-
dos con el origen y la evolución de estas
disciplinas. Se destaca el uso de la tecnolo-
gía de la información y su valor en la gestión
de información y el conocimiento. En él se
abordan las complejidades de mantener los
preceptos de la gestión del conocimiento y
destaca que a más de una moda, es un te-
ma que está consolidando en investigacio-
nes y publicaciones científicas. Concluye
que la información y el conocimiento son
inseparables y complementarios y que las
imnovaciones tecnológicas en las áreas de
computación y de las telecomunicaciones
contribuyen a la difusión de la información y
el conocimiento en las organizaciones.

Inf.Inf., Londrina, v. 13, n. esp., p.1-25, 2008. 25

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