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CENTRO DE TECNOLOGIA
LAWSON, Bryan. Como Arquitetos e Designers pensam. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.
Capítulos. 7, 9, 10, 11 e 12.
Aluno(a):
9- Pensamento criativo
Como o autor define e descreve o pensamento criativo?
O autor inicia este capítulo dizendo que se desejamos obter alguma noção real da
complexidade do processo de projeto, temos que estudar não só o que os teóricos dizem,
mas também o que os profissionais fazem. Segundo Lawson, estes mostram uma
realidade bem diferente.
Os textos dos praticantes confirmam a opinião de que não há uma rota única
pelo processo de projeto, mas muitas. Com isso, como estratégia de projeto, o autor diz
que o processo se inicia com algum tipo de problema e termina com algum tipo de
solução. “Examinamos os mapeamentos do processo de projeto e, em geral, os
consideramos insuficientes, já que nunca são exatos nem úteis” (Lawson, p.172).
Raramente os problemas de projetos são descritos por inteiro no início do processo.
Mostra ainda que os projetistas usam o que poderíamos chamar de estratégias centradas
na solução, e não em problemas. Ou seja, dão mais ênfase na solução do que entender o
problema. Vimos que os problemas de projeto não podem ser formulados de forma
abrangente e que as soluções não podem ser logicamente derivadas deles. Lawson
pergunta ainda: “por onde os projetistas começam e que tipo de estratégia emprega para
avançar?” (p.172).
O autor fala que o projeto começa com um programa de necessidades que
recebe do cliente. Contudo, como os problemas de projeto não podem ser descritos de
forma abrangente, isso nos leva a perguntar o que está e o que não está no programa. O
programa pode ser bastante completo em uma concorrência de projetos. Por exemplo,
em concorrência arquitetônicas, pode haver um terreno, um resumo das acomodações
necessárias e um conjunto de exigências, tudo redigido de maneira bem explicita Em
um estudo com arquitetos argumentou que preferia se envolver no projeto desde o
princípio. (p.173). Isto pode parecer problemático para os projetistas, mas, quando
interrogados, a maioria deles fica bem contente de receber programas bem sucintos.
Para descobrir como o processo de projeto realmente começa a desenvolver o programa
e a formular uma solução, precisamos recorrer a alguns dos muitos estudos de registros
do processo de projeto. Esses registros foram feitos em condições bastante variadas,
mas todos têm em comum um ambiente bem mais controlado do que normalmente se
costuma encontrar nos escritórios. Devemos ter muito cuidado na hora de analisar as
descobertas desses estudos, diz o autor (p.173).
Não se surpreende que a maioria das estratégias para projetar comece com um
breve exame do problema como se apresenta inicialmente. No entanto, também é
comum verificar que os elementos das soluções, mais do que problemas, começam a
surgir bem no início do processo. Uma técnica experimental utilizada para externalizar e
revelar o pensamento ao projetar é usar grupos de participantes e gravar as suas
conversas (p.174).
O exame dos registros feitos nessas sessões de projetos atentamente observadas
revela que a maioria dos projetistas adota estratégias de natureza heurística. A essência
dessa abordagem é, ao mesmo tempo, ser educacional e buscar a solução. As
estratégias heurísticas não se baseiam muito nos primeiros princípios teóricos, mas na
experiência e em macetes. Utilizando o macete, uma ideia geral é rapidamente
desenvolvida para os elementos mais importantes da solução, que depois, se necessário,
podem ser conferidos por meio de métodos mais precisos e ajustados (p.175).
O autor ainda fala que a variedade de possibilidades pode restringir-se quando
inicialmente se concentra a atenção em uma seleção limitada de restrições e se avança
rapidamente rumo a algumas ideias de solução. Em essência, essa é a ideia do “gerador
primário” (p.178). É desejável que este envolva questões que possam ser centrais ou
decisivas no problema. No entanto, o central e o decisivo podem ser coisas bem
diferentes. A primeira fonte óbvia de geradores primários é o problema. Encontrar as
questões com maior probabilidade de serem básicas exige o bom senso e alguma
experiência. O que for usado como gerador primário provavelmente também vai variar,
até certo ponto, de acordo com os vários campos e problemas de projeto. Vimos até
agora que os projetistas desenvolvem os seus conjuntos de princípios condutores e que
esses conjuntos costumam indicar o gerador primário de qualquer projeto. Para o
projetista experiente, portanto, os princípios condutores, quando comparados às
restrições externas locais, podem geralmente criar material para a coletânea de questões
que geram primariamente a forma de solução. O projetista usa essa tentativa inicial de
solução para provocar aos poucos outras considerações, talvez de natureza mais
secundária ou periférica (p.178).
Muitas vezes, porém, esses geradores primários fazem muito mais do que
simplesmente dar a partida no processo de projeto. É comum que o bom projeto pareça
ter apenas algumas poucas ideias dominantes principais que estruturam o plano em
torno das quais organizam-se as considerações secundárias. Às vezes, elas podem
reduzir-se a uma única ideia principal que recebem muitos nomes, mas que é chamada
com mais frequência de “conceito” ou “partido” (p.179). Essa ideia geradora central
pode tornar-se importantíssima para o projetista, para quem às vezes ela se torna uma
meta inatingível. É típico que os projetistas se dediquem à “ideia central” e trabalhem
por ela. Assim como a dedicação à ideia parece “alimentar” o projetista, antes de mais
nada, pode fazer o mesmo. A ideia central nem sempre aparece com facilidade e a
procura pode ser bem demorada (p.181).
Até este momento do livro foram examinados vários exemplos em que a função
dessas restrições foi principalmente radical, isto é, foram considerações sobre o
propósito primário do objeto projetado. Em geral, parece haver três fontes principais
de geradores primários ou ideias centrais do projeto. Em primeiro lugar, e de modo
bastante óbvio, como vimos, o próprio programa, em termos das restrições radicais
envolvidas. Em segundo lugar, é sensato esperar que toda restrição externa mais
importante tenha impacto significativo sobre o pensamento do projetista (p.182). Em
terceiro lugar, podemos esperar que os projetistas tragam para o projeto específico o
programa contínuo ou “princípios condutores”. O autor fala que muitos arquitetos têm
alguns princípios condutores baseados em restrições práticas (p.183). É claro que esse
processo de projeto não pode excluir todas as outras considerações; ela apenas se
organizam em torno das ideias geradoras primárias (p.183).
O autor continua seu texto comentando que deveríamos examinar a importância
do conceito de restrição. Talvez não seja óbvio que o importante para o cliente ou
usuário nem sempre é fundamental no processo de projeto (p.184).
Foi visto que a pesquisa empírica e os indícios episódicos recolhidos com
projetistas profissionais mostram que as primeiras fases do projeto costumam
caracterizar-se pelo que podemos chamar de análise pela síntese. O problema não é
estudado em detalhes minuciosos, mas de maneira bem geral, enquanto o projetista
tenta identificar não os problemas mais importantes (para o cliente), mas os mais
fundamentais para determinar a forma. Assim que se consegue formular uma ideia de
solução, por mais nebulosa que seja, ela pode ser verificada em relação a outros
problemas mais detalhados. Na fase evolutiva, o projetista realmente segue o seu faro,
modificando aos poucos o embrião de projeto enquanto o testa para ver se satisfaz às
restrições e se tem falhas. Finalmente, a menos que o projeto se mostre um sucesso
total, uma das seguintes coisas acontece para interromper essa fase evolutiva: a forma
geral da solução se mostra incapaz de resolver problemas suficientes ou são necessárias
tantas modificações que a ideia por trás da solução se perde e é abandonada. Nos dois
casos, é provável que o projetista dê o passo revolucionário de enveredar por um
caminho de pensamento totalmente novo (p.186). É nesse ponto que se exige mais
criatividade. A linha de pensamento se rompe e não é mais sequencial. Na verdade, todo
gerador primário pode ser descartado em favor de um novo foco. Começar de novo
significa procurar um novo conjunto de ideias geradoras em torno das quais se possa
montar o próximo ataque ao problema (p.186).
Podemos concluir assim, a partir da leitura do capitulo, que existem três grandes
fontes de geradores primário: Programa de necessidades, Restrições Externas e os
Projetistas.