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Brasília-DF.
Elaboração
Rodrigo Paduan
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 4
Introdução.................................................................................................................................... 7
Unidade I
Introdução a Compatibilidade eletromagnética.......................................................................... 9
Capítulo 1
Conceitos iniciais e fundamentais da Norma IEC 61850.................................................. 9
Unidade iI
Testes de Campo................................................................................................................................ 58
CAPÍTULO 1
Testes EMI e EMC................................................................................................................... 58
Referências................................................................................................................................... 88
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Na automatização das subestações, conhecida pelo termo inglês SA (Substation
Automation), é comum que sejam utilizadas as ações de controle, proteção e
monitoração em cada subestação. Entretanto, ao longo da evolução tecnológica que
o mundo vem passando, levaram as alterações radicais na forma com que cada uma
das subestações é operada. E isso levou a utilizações de sistemas de comunicações
proprietários de empresas ou de domínios de outros sistemas de automatização tais
como respectivamente: DNP3 ou IEC 60870-5-104.
Embora, este tenha sido um grande problema, mas não único, a Norma IEC 61850
foi proposta para criar um padrão que se compatibilizasse a comunicação do controle,
proteção e monitoramento das subestações. Foi proposto também um padrão
“future-proof” (“à prova de futuro”) se resguardando de possíveis alterações abruptas
no futuro. A figura abaixo ilustra a evolução e atuação da arquitetura ao longo dos anos
para o sistema de gerenciamento de uma subestação.
Figura 1.
7
Objetivos
»» Conceituar os alunos nas principais tecnologias controle, monitoramento
e proteção em subestações de energia.
8
Introdução a
Compatibilidade Unidade I
eletromagnética
Capítulo 1
Conceitos iniciais e fundamentais da
Norma IEC 61850
Passado!!!
Figura 2.
Fonte: <http://lamspeople.epfl.ch/kirrmann/Slides/AI_421_IEC61850.pdf>.
Na Norma IEC 61850 são descritos nas subestações dois tipos de isoladores
– isolamento a gás GIS (Gas-insulated Switchgear) e o isolamento a ar AIS
(Air-insulated Switchgear) ambas as tecnologias são utilizadas e cada qual é mais
ou menos adequada à sua aplicação na operação desejada.
9
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Com os avanços tecnológicos e a demanda por serviços cada vez mais alta, houve a
necessidade da utilização de sistemas mais confiáveis com respostas rápidas e precisas
quando acionados. Dessa forma a Norma IEC 61850 estabeleceu um padrão para o
controle, monitoramento e operação das subestações de energia. Essas operações são
descritas de forma a automatizar, por meio de softwares, algo impossível ou muito
grande de ser feito manualmente, como eram realizadas nas décadas de 1950 e 1960.
Figura 3.
10
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
O bloco IED (Intelligent Electronic Devices) são dispositivos eletrônicos que possuem
algum tipo de inteligência, para ser tomada em alguma ação. Entretanto, ao se referir
a ambientes das subestações de energia, um IED se designa à função de proteção,
controle e monitoramento do sistema. A sua comunicação com o sistema de supervisão
e aquisição de informações é realizada por meio do SCADA (Supervisory Control and
Data Acquisition). No setor elétrico, uma IED pode ser identificada por diversos tipos
de dispositivos, o mais comum é o conjunto de um relé de proteção com o seu respectivo
comando de ação para ser tomada. Sendo assim, as IED’s recebem os comandos de
sensores e dos equipamentos elétricos para as tomadas de decisões como por exemplos:
ligar/desligar ou regular a tensão em uma carga etc.
O relé de proteção tem por objetivo analisar os níveis de tensão ou corrente do sistema
e isolar imediatamente qualquer equipamento que necessita ser protegido. A figura
abaixo segue um exemplo de um relé de proteção da SEL (Schuweitzer Engineering
Laboratories) do modelo SEL-700G.
Figura 4.
Fonte: <http://www1.selinc.com.br/produtos/SEL-700G.aspx>.
»» função de proteção;
»» funções de medição;
»» funções de monitoramento;
»» funções de controle;
»» lógicas adicionais;
»» integração do sistema.
11
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
<http://www1.selinc.com.br/produtos/SEL-700G.aspx>.
As redes locais normalmente conhecidas por VLAN (Virtual Local Area Network) são
responsáveis por conectar todos os equipamentos lógicos. Os protocolos utilizados no
tráfego dessas redes são os mesmos das redes ethernets, ou seja, utiliza o protocolo
IEEE 802.1/Q, conforme apresentado na figura abaixo.
Figura 5.
12
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
A Norma IEC 61850 está estruturada conforme a tabela abaixo, onde cada documentação
trata-se de um tema específico ao qual se refere à automação das subestações.
Tabela 1.
Parte Descrição
1 Introdução Geral
2 Glossário
3 Requisitos Gerais
4 Planejamento do sistema e do projeto
5 Requisitos comuns para as funções e modelos de dispositivos
6 Linguagem de configuração para IEDs de subestação (XML)
7.1 Princípios de Modelos
7.2 Serviços de comunicação abstratos (ACSI)
7. Serviços de comunicação
7.3 Classes de dados comuns
7.4 Classes de nós lógicos compatíveis
8.1 Mapeamento para MMS (gerenciamento) e ethernet
9.1 Sobre o enlace serial unidirecional ponto-a-ponto
9. Valores amostrados
9.2 Sobre rede ethernet
10 Teste de conformidade
Fonte: próprio autor, 2017.
13
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Podemos definir de forma ampla que a eletricidade é um estudo ligado à física que tem
por objetivo compreender fenômenos ligados ao eletromagnetismo, à eletrostática e à
eletrocinética. Dessa forma, podemos sintetizar que:
14
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Como pudemos observar, o prefixo ‘eletro’ está presente nas palavras eletromagnetismo,
eletrostática e eletrocinética. ‘Eletro’ está relacionado com a palavra ‘elétron’, que por
sua vez é uma partícula que constitui o átomo. Desse modo, esse estudo deve ser iniciado
pela compressão da unidade fundamental da matéria, o átomo.
O átomo
No princípio, o termo átomo foi utilizado na Grécia Antiga para designar a menor
partícula existente, aquela que não poderia ser dividida. Dessa forma átomo significa
indivisível. Com o avanço dos estudos, foram propostos diversos modelos representativos
do átomo e hoje, para o estudo de eletricidade, o modelo mais utilizado é denominado
planetário de Bohr.
O modelo planetário nos diz que o núcleo do átomo é composto por partículas positivas,
os denominados prótons, e partículas neutras, denominadas nêutrons. Também existe
a eletrosfera, onde os elétrons, que possuem cargas negativas, giram ao redor do núcleo
atômico. O nome modelo planetário de Bohr vem daí. Imagine o sistema solar, onde o
sol é o núcleo e os planetas são os elétrons. Podemos observar essa representação na
figura abaixo.
Figura 6.
Fonte: <https://www.infoescola.com/fisica/condutividade-eletrica/>.
15
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Como o próton se encontra no núcleo do átomo, a força de ligação entre eles é muito
grande. Desconectar os prótons e nêutrons não é uma tarefa trivial e normalmente
só pode ser feita utilizando aceleradores de partículas. Sabemos que existem diversas
outras partículas que constituem o átomo, mas a princípio o modelo é suficiente para
dar segmento aos estudos.
Temos por definição que carga elétrica fundamental é o menor valor de carga elétrica
possível na natureza. Para compreender tal afirmação, é necessário relembrar alguns
conceitos.
Os prótons e nêutrons têm massa praticamente igual, mas os elétrons têm massa
milhares de vezes menores. Chamaremos de MP a massa do próton e dessa forma
podemos representar a massa dos elétrons da seguinte maneira:
MP
massaeletron ≅
2000
Ou seja, a massa do elétron é aproximadamente duas mil vezes menor que a do próton.
Mesmo tendo massas totalmente diferentes, prótons e elétrons possuem cargas elétricas
opostas, ou seja, de mesmo módulo, porém de sinais contrários. Em determinada
convenção, foi determinado que os prótons fossem descritos como portadores de cargas
positivas e os elétrons como portadores de cargas negativas.
e = 1,6.10-19 [C]
Em resumo, um próton possui carga elétrica igual a 1,6.10-19[C] e um elétron possui carga
elétrica igual a -1,6.10-19[C]. Vale ressaltar que os átomos tendem a ser eletricamente
neutros, ou seja, em condição de repouso, possuem a mesma quantidade de prótons e
elétrons. A carga elétrica total é nula.
16
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
A quantidade de carga elétrica total (Q) será sempre um múltiplo inteiro (n) vezes o
valor da carga elementar (e). Essa quantidade de carga pode ser determinada pela
seguinte expressão: Q=n.e[C].
Qp=20,8.10-19[C]
Qe= -20,8.10-19[C]
Tabela 2.
É importante ressaltar que, como o próton faz parte do núcleo atômico junto ao nêutron
e a força para separação deles é quase impraticável, quem sempre se movimenta é o
elétron.
Mas o que ocorre quando você tenta aproximar dois polos iguais, seja norte/norte ou
sul/sul de um ímã? Eles se repelem. Os campos magnéticos opostos se atraem e os
iguais se repelem.
Sempre que duas cargas elétricas são aproximadas ocorre movimento, com exceção
de cargas neutras. Para mensurar a intensidade de campo (E) gerada por uma carga
elétrica a uma determinada distância, devemos utilizar a seguinte equação:
|Q| N
E= k 0 × [ ]
d2 C
C
d2 é o quadrado da distância (em metros) entre o ponto que se deseja analisar a
intensidade de campo e o ponto onde está a carga elétrica.
18
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Figura 8. (a) Carga positiva: campo de afastamento, (b) Carga negativa: de aproximação.
|Q| N
E = k0. [ ]
d2 C
| −20,8.10−19 | N
9 109 ×
E =× [ ]
0, 22 C
E 468 ×10−9 [ N ]
=
C
Como o valor da carga elétrica Q é negativo, sabe-se que este íon possui mais elétrons
do que prótons, assim, essa carga gera um campo de aproximação.
19
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
É possível definir tanto a tensão elétrica quanto a corrente e a resistência de forma mais
usual através da lei de Ohm, contudo, essas definições serão estudadas na Unidade III,
que tratará especificamente da eletricidade aplicada.
As abordagens apresentadas nesse momento farão com que o aluno tenha a capacidade
de ter um conhecimento introdutório que servirá de base fundamental para a boa
compreensão dos estudos seguintes.
Tensão elétrica
A tensão elétrica pode ser compreendida como uma diferença de potencial elétrico
entre dois pontos (DDP). A unidade adotada para expressar tensão elétrica é o Volt [V].
Para auxiliá-lo nesse conceito, imagine uma caixa d’água sobre uma casa. Essa caixa
d’água está a uma altura relativa do solo de 4 metros. Então, podemos dizer que a
diferença de potencial entre a caixa d’água e o solo é de 4 metros.
Eel J
V=
Q C
20
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Onde: Eel é o valor da energia potencial elétrica em análise, dada em Joule [J].
É importante ressaltar que, a unidade Joule dividido por Coulomb [J/C] é a representação
da unidade de Volt, ou seja, [J/C] = [V].
1[ J ]
1[V ] =
1[C ]
A diferença de potencial (tensão) pode existir mesmo que não ocorra trabalho
efetivo. Este é o caso das tomadas.
Existe a diferença de potencial, de 127 ou 220 [V] eficazes, mas só temos trabalho
quando uma carga (aparelho elétrico) é conectada à tomada. O mesmo se aplica para
pilhas, baterias e outras fontes de tensão.
21
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Temos as fontes de tensão V1 e V2. Entre os terminais positivo e negativo da fonte V1,
pode-se verificar uma tensão de 10 [Vdc], ou seja, uma tensão contínua de 10 [V].
»» VAC = 60 [V].
Para fontes ligadas em série com a polaridade no mesmo sentido, pudemos verificar
que VAC = VAB + VBC, ou seja, a tensão final disponível para utilização foi a somatória da
tensão de duas fontes diferentes (60 [V]).
Esse princípio é muito usado quando temos em campo, por exemplo, duas fontes de 12
[V] e necessitamos ligar uma carga de 24 [V].
Caso fosse necessário, poderíamos utilizar uma das fontes com polaridade invertida e
o resultado seria a subtração da tensão da fonte de maior tensão pela de menor tensão.
Algumas aplicações utilizam fontes de tensão em paralelo, mas isso deve ser feito com
extrema cautela.
22
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Para as fontes do exemplo ligadas em paralelo, podemos verificar que VAB = V1 = V2.
Nessa condição não existe diferença de potencial entre as fontes (ambas têm os mesmos
12 [V]) e ao se ligar uma carga entre A e B, teremos a tensão de 12 [V] sendo fornecida.
Um sério problema ocorreria se V1 fosse diferente de V2. As fontes não teriam o mesmo
potencial elétrico e a fonte de potencial maior iria fornecer corrente para a de potencial
menor no intuito de equilibrar as cargas. Como não existe nenhum elemento para
limitar o fluxo de corrente, teríamos um curto circuito, o que possivelmente danificaria
ambas as fontes.
23
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Corrente elétrica
Para que a corrente elétrica exista é necessário que haja diferença de potencial, ou seja,
tensão. Conforme já explicado, a recíproca não é verdadeira, onde, podemos ter tensão
sem que haja corrente.
Já a questão do fluxo ordenado dos elétrons pode ser explicada pelo conceito de campo
elétrico.
Q C
I=
∆t s
24
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Genericamente:
i = i1 + i 2 + i 3 + … + i n
Resistência
25
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
O valor da resistência elétrica é um parâmetro que pode ser utilizado para determinar
se um determinado material é condutor ou isolante. Quanto maior o valor da resistência
elétrica, mais isolante será o material, pois será mais difícil ter um fluxo ordenado
de elétrons (corrente elétrica). De maneira complementar, quanto menor o valor da
resistência elétrica, mais condutor será o material. Um elemento condutor ideal possui
resistência elétrica = 0 Ω, enquanto um material isolante ideal possui resistência
elétrica = ∞ Ω.
Cada material existente tem por natureza a tendência de barrar a corrente elétrica.
Isso ocorre porque cada material possui uma resistividade elétrica ρ diferente.
A resistividade é representada pela letra ρ e é expressa em [Ω·m].
Tabela 3.
Quando dizemos que determinado material, como o alumínio, possui uma resistividade
de 2,92 x 10-8 Ω·m, temos que compreender que com 1 m de comprimento (l) e 1 m2 de
área de secção reta transversal (A) tem uma resistência de 2,92 x 10-8 Ω·m.
l
R= ρ
A
26
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
A equação que foi apresentada é conhecida como a segunda Lei de Ohm, contudo, na
maioria dos circuitos eletrônicos é mais usual determinar uma determinada resistência
elétrica em função da primeira Lei de Ohm, também conhecida somente como Lei de
Ohm. Esse conceito será apresentado em um capítulo específico.
A equação da segunda lei de Ohm foi apresentada, pois ela é a responsável por explicar
fisicamente o conceito de resistência elétrica para qualquer material. Determinados
problemas específicos não são possíveis de serem resolvidos somente com a primeira
lei de ohm.
Fontes em CC e CA
Fontes em CC e CA
27
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
»» Sinal Contínuo Puro: é o sinal elétrico ideal que não altera sua
polaridade em nenhum momento, ou seja, um sinal que possuí a mesma
amplitude, sem ondulações ou ruídos por um tempo infinito.
Alguns autores tratam uma pilha ou bateria como uma fonte de sinal puro, pois a tensão
é gerada através de reações químicas e, assim, apresentam o maior nível de pureza
possível.
Na prática, não existem sinais elétricos totalmente puros. A figura abaixo ilustra um
sinal elétrico puro:
»» Sinal Contínuo Real: é o sinal elétrico que não altera sua polaridade
em nenhum momento, mas sua amplitude pode variar no transcorrer do
tempo, inclusive de forma periódica ou aperiódica. Fontes de alimentação
em corrente contínua fornecem esse tipo de sinal.
Por mais que acreditemos que em uma fonte de corrente contínua, fabricada pelos mais
conceituados fabricantes do mercado é pura, ela possui ondulações e ruídos em sua
saída sendo o ruído mais conhecido chamado ‘ripple’. Temos que, com exceção das
pilhas e baterias, a grande maioria dos sinais contínuos é gerada a partir de um sinal
alternado.
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Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Figura 13. Sinal contínuo pulsante dente de serra, com tensão de pico 0,9 V e tensão mínima de 0,5 V.
Figura 15. Sinal contínuo de 1 V de valor médio, com ripple, sinal típico de saída de uma fonte de tensão ou
corrente continua.
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UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
»» Sinal Alternado Puro: é o sinal elétrico ideal que alterna sua polaridade
em tempos bem definidos (constantes), ou seja, possui sempre a mesma
frequência, amplitudes máximas e mínimas. Esse sinal não existe na
natureza.
»» Sinal Alternado Real: é o sinal elétrico real que alterna sua polaridade
de tempos em tempos, ou seja, podem possuir diferentes frequências
e/ou diferentes amplitudes.
A figura abaixo ilustra um sinal alternado real, como o transmitido pela concessionária
de energia elétrica.
30
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Figura 17. Sinal contínuo de 1 V (tensão de pico) com distorções na amplitude e frequência 60 Hz também com
variações de ± 3Hz.
1
f =
T
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UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Vpp = Vp + | Vp'|
Vp
VRMS =
2
Exemplo: Utilize o gráfico do sinal senoidal abaixo para determinar Vp, Vp’, Vpp, T, f,
Valor médio e VRMS. Calcule caso considere necessário.
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Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Desse modo, temos que compreender o papel das fontes de corrente alternada e
contínua, aplicadas nas indústrias.
Para a alimentação de cargas em corrente alternada (CA), ou seja, aquelas que estão
ligadas normalmente em 127, 220 ou 380 V, as normas de qualidade de energia
estabelecidas pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) devem ser atendidas.
As principais preocupações relativas às fontes alternadas de alimentação estão aplicadas
à questão do fator de potência e sua respectiva correção.
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UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Cargas indutivas tais como transformadores e motores são responsáveis por produzir
potência reativa com a onda de corrente atrasada em relação à tensão. Já as cargas
capacitivas, tais como bancos de capacitores, são responsáveis por produzir potência
reativa com corrente adiantada em relação à tensão.
Figura 19. Corrente (I) e tensão (V) em fase. Carga possui uma característica resistiva resultando em um FP = 1.
34
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Figura 20. Corrente (I) atrasada em relação à tensão (V). A carga possui característica indutiva resultando em um
FP < 1 (atrasado).
Figura 21. Corrente (I) adiantada em relação à tensão (V). A carga possui característica capacitiva resultando em
um FP > 1 (adiantado).
Para que possamos compreender o que é fator de potência, se faz necessário definir os
parâmetros que estão ligados a ele.
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UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
A relação entre todas essas potências pode ser expressa de forma vetorial pelo chamado
triângulo de potências. A figura abaixo ilustra esse conceito.
Figura 22. Representação entre as potências ativa (P), aparente (S) e reativa (Q).
A equação que descreve o fator de potência para formas de ondas senoidais é dada por:
P
FP= = cos ( ϕ )
S
Vale destacar que o fator de potência é um valor adimensional, ou seja, não possui
unidade. Seu valor pode variar entre 0 e 1, onde:
36
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Na maioria dos casos, é possível corrigir o fator de potência para um valor próximo ao
unitário. Essa técnica é chamada de correção do fator de potência e é conseguida fazendo
o acoplamento de bancos de indutores ou capacitores, com uma potência reativa Q
contrária à da carga, tentando desse modo equilibrar as componentes indutivas (atrasa
a corrente em relação à tensão) e as capacitivas (adianta a corrente em relação à tensão).
Em um segundo instante foi conectada uma carga que derrubou o fator de potência
para FP = 0,3. Quanta potência aparente teria que ser gerada nesse caso?
2000
1=
S
Agora se conectarmos uma carga que fez com que o fator de potência fosse reduzido
para 0,3 temos:
2000
0,3 =
S
Nesse exemplo podemos observar que a questão do fator de potência pode deturpar
todo um sistema elétrico se cuidados não forem tomados. Temos que ressaltar que a
hipotética alteração de FP de 1 para 0,3, fez com que necessitássemos mais que triplicar
a geração de energia e somente os mesmos 2 kW executaram trabalho útil.
37
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Hoje, o valor de fator de potência mínimo que uma instalação elétrica deve atender é
de 0,92. Caso esse valor não seja respeitado, são aplicadas multas. Existem estudos que
sugerem a elevação do fator de potência em uma instalação para no mínimo 0,96.
Mas afinal, o que existe de diferente entre essas fontes convencionais e as fontes
industriais?
Mesmo com toda evolução corrente, o ambiente industrial é por natureza hostil e
isso fez despertar uma necessidade de mercado. É necessária uma atenção especial
aos dispositivos que operam em condições adversas, pois essas condições são muito
diferentes das condições encontradas em uma residência ou comércio.
38
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
A figura abaixo ilustra uma fonte industrial de corrente contínua com saída de 24[V]
5[A], e entrada full-range (perfeito funcionamento da fonte para qualquer tensão de
entrada dentro dos limites especificados pelo fabricante), que nesse caso é de 110Vac a
220Vac.
Figura 23. Fonte industrial KFT-2405R/AT110-220Vac, fabricada pela empresa brasileira Sense Eletrônica.
Fonte: <www.sense.com.br>.
40
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Lei de Ohm
Grande parte dos autores se refere à lei de Ohm como sendo a primeira lei, objeto esse
de nossos estudos neste capítulo.
V=R x I
41
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Se eu desejo calcular a tensão em um resistor ligado a uma fonte, basta tapar com as
mãos o V que representa a tensão. Desse modo teremos que V=R x I.
Se eu desejo calcular a corrente que está passando em um resistor ligado a uma fonte,
basta tapar com as mãos o I. Desse modo temos que I = V/R.
Exemplo 1: Calcule o valor da resistência elétrica (R1) do circuito abaixo, sabendo que
a fonte de tensão V1 = 9 VDC e a corrente elétrica que circula pelo circuito I = 0,3 A.
Figura 25. Circuito elétrico para o cálculo da resistência elétrica, utilizando a Lei de Ohm.
42
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
V
R=
I
Como o resistor R1 está em paralelo com a fonte, então teremos que a tensão sobre o
resistor R1 (VR1) é igual a tensão fornecida pela fonte, ou seja, VR1 = V1 = 9 VDC. Como
também só existe o resistor R1 no circuito e a fonte V1, a corrente elétrica que circula
pelo resistor é exatamente a mesma que circula pela fonte. A fonte está fornecendo ao
circuito uma corrente elétrica de 0,3 A. Desse modo, o valor da resistência fica:
9
R
= = 30 Ω
0,3
Exemplo 2: Calcule o valor da tensão (V1) do circuito abaixo, sabendo que o resistor R1
= 30 Ω, e a corrente elétrica que circula pelo circuito I = 0,3 A.
Figura 26. Circuito elétrico para o cálculo da tensão, utilizando a Lei de Ohm.
V=RxI
Como só existe o resistor R1 no circuito e a fonte V1, a corrente elétrica que circula
pelo resistor é exatamente a mesma que circula pela fonte. A fonte está fornecendo ao
circuito uma corrente elétrica de intensidade de 0,3 A que está passando pelo resistor
de 30 Ω. Desse modo a tensão sobre R1 (VR1) é consequentemente a mesma da fonte (V1)
a qual está em paralelo, desse modo fica:
V = 30 x 0,3 = 9 V
Exemplo 3: Calcule o valor da corrente elétrica (I) do circuito abaixo, sabendo que a
fonte de tensão V1 = 9 VDC e o valor da resistência R1 = 30 Ω.
43
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Figura 27. Circuito elétrico para o cálculo da corrente elétrica, utilizando a Lei de Ohm.
V
I=
R
Como o resistor R1 está em paralelo com a fonte de tensão, sabemos que VR1 = V1 = 12 V.
Como só existe o resistor R1 no circuito e a fonte V1, a corrente elétrica que circula pelo
resistor é exatamente a mesma que circula pela fonte de tensão. A resistência possui
valor de 30 Ω. Desse modo, o valor da corrente elétrica que circula pelo circuito fica:
9
I
= = 0,3 A
30
Potência e energia
Energia
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Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
em forma de calor, pelo chamado efeito Joule. Graças a esse princípio, temos nossos
chuveiros e ferros de passar elétricos.
Efeito Joule
O aquecimento de um fio condutor pode ser medido pela lei de Joule desde que a
intensidade da corrente seja constante durante o tempo de análise. Segue, abaixo, a
expressão matemática que descreve esse efeito.
E = I2 x R x ∆t
Potência
∆E
P=
∆t
30
P
= = 10 W
3
A forma mais usual de se calcular a potência dissipada em uma resistência é por meio
de uma relação matemática utilizando a lei de Ohm. Desse modo temos que a potência
é dada pela relação da tensão pela corrente.
45
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
P=VxI
Onde: P é a potência dissipada na carga, dada em Watt [W], V é a tensão dada em Volt
[V], I é a corrente, dada em Ampère [A].
P = I2 x R
Onde: P é a potência dissipada sobre a carga, com unidade em Watt [W], I é a corrente
elétrica que circula pela carga, com unidades em Ampère [A], R é a resistência com
unidade em Ohm [Ω].
Ou ainda:
V2
P=
R
Onde: P é a potência dissipada sobre a carga, com unidade em Watt [W], V é a tensão
sobre carga, com unidades em Volts [V], R é a resistência com unidade em Ohm [Ω].
46
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
(=
12 )
2
=P 2,88 W
50
P
I=
V
2,88
=I = 0, 24
= A 240 mA
12
47
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
µ 0 = 4π×10−7
48
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
µ = µ0 × µr
que não é um valor único, diferindo para os vários materiais, conforme os efeitos dos
diversos mecanismos responsáveis pela indução no meio.
Nos materiais ferromagnéticos, entre os quais se tem o ferro, o aço, o níquel, o cobalto,
onde a permeabilidade magnética é fortemente dependente da amplitude do campo
elétrico, em geral o valor absoluto é muito maior que o do vácuo. Alguns materiais
também podem apresentar anisotropia do ponto de vista magnético. Um exemplo é a
ferrita polarizada com um campo magnético estático. A permeabilidade passa a ser um
tensor de segunda ordem, pois cada componente da indução magnética pode depender
de todas as componentes do campo magnético.
Uma análise semelhante deve ser feita para os efeitos que o meio exerce sobre o valor
do campo elétrico, que depende de uma propriedade denominada permissividade
elétrica (ε). Trata-se também de uma grandeza associada a propriedades relativas
49
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
1 1×109
=
ε0 ≅
π0 c 2 36π
em que o primeiro valor é obtido com a medida mais exata de c = 2,9979245 x 108
m/s. Novamente, esse resultado é válido com excelente aproximação para o ar, mas há
que se fazer outra modificação para outros materiais. Nesses outros meios, costuma-se
também comparar a permissividade com a do vácuo, introduzindo o fator conhecido
como permissividade relativa, permissividade específica ou constante dielétrica (εr) da
forma:
ε = ε0 × εr
50
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Sobre outro ponto de vista mais prático dos campos elétricos e magnéticos, a ANEEL
(Agência Nacional de Energia Elétrica) definiu limites à exposição humana aos
respectivos campos, associados aos sistemas de energia elétrica. Esses limites foram
estabelecidos em função dos valores recomendados pela OMS (Organização Mundial
da Saúde) que por sua vez tem respaldo em estudos científicos sobre possíveis efeitos
do campo eletromagnético no ser humano.
Tabela 4.
A Norma ABNT NBR 15415 também estabelece a metodologia para a realização das
medições do campo elétrico e magnético, assim como também níveis de referência para
a exposição nas frequências de 50 e 60 Hz em estações de energia elétrica acima de 1
kV. Essa Norma está referenciada pela Norma europeia IEC 61786/1998.
Conforme vimos nos itens anteriores a onda eletromagnética possui direção e sentido
de propagação. De acordo com Maxwell, ao produzir um campo elétrico na origem da
fonte, conforme ilustrado na figura 29, esse mesmo induzirá um campo magnético,
com variações temporais ao longo da origem da fonte. De forma reciproca, a geração do
campo magnético irá produzir o campo magnético. Portanto, uma geração elétrica na
51
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
origem, devido à oscilação das cargas elétricas, por exemplo, irá se propagar a pontos
distantes mediante a mútua formação de campos elétricos e magnéticos em todas as
direções e sentidos. Porém, é convencional a representação desses campos em duas
direções distintas, conforme ilustrado na figura 29, que chamamos de campo elétrico
ou polarização horizontal e campo magnético ou polarização vertical.
Figura 29.
1
c=
µ0 × ε0
1
c=
10−9
4π×10−7 ×
36π
c = 3 x 108 m/s
Que por meio de medidas em laboratório, o valor mais exato da velocidade da luz é de
c = 2,9979245 x 108 m/s.
52
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
As Resoluções podem vir por meio de Decretos ou Portarias emitidas por autoridades
legislativas, que têm mesmo efeito de Lei a serem cumpridas. As Resoluções são de
extrema importância para padronizar, organizar e compatibilizar os equipamentos das
geradoras e de comunicações das subestações. Que em nossos estudos, as Resoluções são
emitidas pela ANEEL ou ANATEL. Suas bases normalmente são originadas de Normas
internas ABNT ou internacionais tais como IEC, ISO ou ITU. Existem laboratórios que
também podem influenciar nas decisões ou informações contidas nas Resoluções como,
por exemplo, o INMETRO.
Existem equipamentos especiais que não precisam ser aferidos pela Resolução
n o 303/2002, tais como microfones, sistema de retornos de áudio e roteadores
wi-fi. Porém, há uma necessidade deles serem homologados como radiação
restrita. Todos os demais equipamentos que serão utilizados nas subestações,
sejam para a geração de energia ou em suas respectivas comunicações, devem se
submeter à Resolução n o 303/2002.
2L2
d=
λ
c
λ=
f
53
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
Solução:
Sabendo que:
c 2,9979245 ×108
λ= = ≅ 3m
f 100 ×106
2L2 2 × 32
d
= = = 6m
λ 3
A densidade de potência por unidade de área pode ser relacionada com os campos
elétricos e magnéticos, pela seguinte equação abaixo.
e2
S= =h 2 ×120π
120π
Tabela 5.
54
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Tabela 6.
A próxima tabela estabelece os limites de correntes causadas por contato com objetos
condutores para sinais de radiofrequência nas comunicações dos dispositivos.
A frequência na próxima tabela 7 é estabelecida em kHz (quilohertz).
Tabela 7.
›› emissão conduzida;
›› emissão irradiada.
55
UNIDADE I │ Introdução a Compatibilidade eletromagnética
›› imunidade a surtos;
Tabela 8.
Limites (dBµV)
Frequência (MHz)
Quase pico Médio
0,15 a 0,50 79 66
0,50 a 30 73 60
Fonte: <http://www.anatel.gov.br/legislacao/resolucoes/2006/352-resolucao-442>.
Tabela 9.
Limites (dBµV)
Frequência (MHz)
Quase pico Médio
0,15 a 0,50 66 a 56 (Decresce) 56 a 46 (Decresce)
0,50 a 5 56 46
5 a 30 60 50
Fonte: <http://www.anatel.gov.br/legislacao/resolucoes/2006/352-resolucao-442>.
56
Introdução a Compatibilidade eletromagnética │ UNIDADE I
Tabela 10.
Tabela 11.
Tabela 12.
Tabela 13.
Nível (kV)
Forma de aplicação Portas de ensaio
Portas internas Portas externas
0,5 1,0 Linha para terra Telecomunicações
1,0 Linha para terra Energia elétrica AC
2,0 Linha para terra Energia elétrica AC
Fonte: <http://www.anatel.gov.br/legislacao/resolucoes/2006/352-resolucao-442>.
57
Testes de Campo Unidade iI
CAPÍTULO 1
Testes EMI e EMC
Como é raro para que alguns dispositivos consigam operar de maneira isolada (sem
interferir eletromagneticamente em outros dispositivos), geralmente são fabricados
para funcionarem mesmo com a presença de uma determinada quantidade de EMI.
Quando os equipamentos são para fins militares, aeroviários e medicinais devem possuir
uma alta confiabilidade em qualquer situação de emissão de EMI, se comparados com
os equipamentos de utilizações públicas.
58
Testes de Campo │ UNIDADE II
outros dispositivos e opere de forma sem que venha sofrer interferências desse primeiro
dispositivo. A figura abaixo ilustra as possíveis fontes de EMI.
Figura 30.
Testes de EMC
Para se certificar que um dispositivo em particular atende aos padrões requeridos de
EMC, testa-se tanto as emissões quanto a susceptibilidade.
59
UNIDADE II │ Testes de Campo
Testes de emissão
Normalmente, mede-se a força do campo irradiado ao longo de cabos e fios. Se o
equipamento que está sendo testado for desenvolvido para atuar próximo a outros,
é comum que se meçam as forças de campos indutivos (magnéticos) e capacitivos
(elétricos).
Também se pode usar receptores de EMI em conjunto com transdutores para medir
emissões irradiadas e conduzidas. Para reduzir o efeito de sinais fora-de-banda, são
usados filtros pré-selecionados.
Para emissões irradiadas, antenas são usadas como transdutores, que podem ser dipolos,
bicônicas, log-periódica entre outras. As emissões irradiadas devem ser medidas em
todas as direções ao redor do dispositivo.
Para medições de pulsos de emissão é mais útil o uso de osciloscópio para capturar a
forma de onda do pulso no domínio do tempo.
Testes de susceptibilidade
O teste de susceptibilidade a campos irradiados envolve uma fonte de alta potência de
RF ou de pulso de energia eletromagnética e uma antena irradiante para direcionar a
energia para uma vítima em potencial ou equipamento sob teste.
60
Testes de Campo │ UNIDADE II
Existem inúmeros fabricantes de equipamentos para testes de EMC, sendo que os mais
populares são: Aeroflex, Anritsu, Keysight, Milmega, National Instruments, Rohde &
Schwarz, Tektronix, Teseq e Würth.
Fonte: <http://rainfordemc.com/>.
Fonte: <https://www.otokar.com/en-us/rd/Pages/Testing-and-Validation-Center.aspx>.
61
UNIDADE II │ Testes de Campo
Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:KMW%2BPorsche.jpg>.
Fonte: <http://keystonecompliance.com/emc-emi/>.
Fonte: <https://www.rohde-schwarz.com/us/news-press/press-room/press-releases-detailpages/emc-test-and-measurement-
equipment-from-rohde-schwarz-at-emv-2016-in-duesseldorf-press_releases_detailpage_229356-173760.html>.
62
Testes de Campo │ UNIDADE II
Na Europa os testes podem ser realizados no laboratório TÜV SÜD (Reino Unido):
<https://www.tuv-sud.co.uk/uk-en/testing/emc-testing>.
<http://www.inatel.br/icc/servicos/testes-ensaios-e-calibracao>.
Emissões conduzidas
Figura 36.
63
UNIDADE II │ Testes de Campo
BW = f2 - f1
Figura 37.
Cabos condutores
É frequente a confusão entre fios e cabos, mas a diferença é básica. Um fio condutor
é composto de apenas um fio com uma seção (comprimento longitudinal) e um cabo
condutor é composto por vários fios condutores.
64
Testes de Campo │ UNIDADE II
Fonte: <http://www.tecnologiadoglobo.com/2009/04/diferenca-entre-fios-cabos-condutores/>.
Fonte: <http://www.tecnologiadoglobo.com/2009/04/diferenca-entre-fios-cabos-condutores/>.
1. AAC (“all aluminum conductor”): esse cabo é composto por vários fios de
alumínio encordoados.
65
UNIDADE II │ Testes de Campo
No Brasil, para tensão acima de 230 kV, as linhas de transmissão utilizam cabos do
tipo ACSR.
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Condutor_el%C3%A9trico#/media/File:Sample_cross-section_of_high_tension_power_
(pylon)_line.jpg>.
Dependendo do uso, pode-se usar cabos “nus”, ou seja, que não possuem isolamento.
Esses cabos são mais baratos e usados quando não existe a possibilidade de contato
elétrico entre eles. Em outras aplicações, é necessário o isolamento e até uma blindagem.
66
Testes de Campo │ UNIDADE II
Os materiais isolantes mais usados são policloreto de vinila, também conhecido como
PVC, e o Teflon.
Alguns condutores podem irradiar ou receber energia elétrica e quando isso não é
desejável usa-se uma blindagem, normalmente uma malha de cobre flexível.
Fonte: <http://www.tecnologiadoglobo.com/2009/04/diferenca-entre-fios-cabos-condutores/>.
Antenas
c
λ=
f
67
UNIDADE II │ Testes de Campo
A antena padrão conhecida é a antena isotrópica, que irradia igualmente por todas
as direções, conforme a figura 42. Entretanto, essa antena é somete hipotética, a sua
utilização para fins de cálculos no ato do dimensionamento de projeto. Dessa forma,
a antena normalmente utilizada como referência de forma prática é a antena dipolo.
E entre essas duas antenas de referência (isotrópica “forma matemática” e a dipolo
“forma prática”) é estabelecida a relação entre ambas para fins de projeto, conforme
indicado na equação abaixo.
G=
dBi GdBd + 2,15
Onde GdBi é o ganho da antena isotrópica e GdBd é o ganho da antena dipolo. A antena
dipolo utilizada como referência deve ser uma antena aferida e certificada por um
laboratório creditado pela ANATEL.
Figura 42.
68
Testes de Campo │ UNIDADE II
O ganho de uma antena está associado à sua capacidade de concentrar energia irradiada
em uma determinada região do espaço. Para fins práticos, o ganho é a relação de
potência máxima irradiada da antena em teste pela potência máxima de irradiação de
uma antena de referência, conforme a equação abaixo. As antenas de referência mais
utilizadas são a dipolo de meia onda para faixa HF, VHF e UHF e as cornetas para faixa
de micro-ondas. Porém, grande parte dos fabricantes de antenas referência descrevem
o ganho de suas antenas tomando como referência a antena isotrópica. Sendo assim,
é somente utilizar a equação anterior para determinar a relação entre os ganhos
informados pelo fabricante.
U máx
G=
U máx _ referência
4π
D=
θ× φ
Figura 43.
69
UNIDADE II │ Testes de Campo
A relação frente costa (RFC) da antena (Figura 44) está na capacidade da antena
irradiar o máximo de seu sinal na direção do receptor. Essa característica da antena, irá
depender do tipo de serviço utilizado na comunicação, para se definir se é ou não mais
adequado uma antena possuir a relação frente costa alta ou baixa. Por exemplo, nas
comunicações via satélite quanto maior for esse valor, melhor será a antena utilizada,
pois se trata de uma comunicação ponto a ponto. O que difere de uma comunicação por
radiodifusão televisiva ou de rádios AM e FM, que são de características ponto área.
P
RFC = 10 log m
P
op
Onde RFC é a relação frente costa, Pm é o nível máximo de sinal na direção do receptor,
e Pop é nível máximo de sinal na direção oposta ao receptor.
Figura 44.
BW = f2 - f1
Figura 45.
70
Testes de Campo │ UNIDADE II
Figura 46.
Outros tipos de antenas comuns são as antenas utilizadas com refletores parabólicos
ou não, mais conhecidas como antenas parabólicas, elas são as mais utilizadas nas
comunicações. Esses tipos de antenas possuem as características de alta diretividade
e altos ganhos que são muito adequados nas comunicações que envolvam distâncias
muito grandes.
Em uma antena que possui o seu refletor com um formato parabólico, todos os raios
são refletidos paralelamente na mesma direção do elemento de excitação, desde que ele
esteja posicionado no foco do paraboloide, conforme a figura 47 ilustra.
Figura 47.
71
UNIDADE II │ Testes de Campo
π× φ× f 2
=G 10 log η
c
Exemplo: Uma antena parabólica com ganho de 32 dBi e eficiência de 0,62 qual é o
diâmetro do refletor parabólico apresentado na frequência de 10 GHz.
π× φ×10 ×109
2
32 = 10 log 0, 62 8
2,99792458 ×10
φ = 0,482 m
Tabela 14.
72
Testes de Campo │ UNIDADE II
<http://www.commscope.com/catalog/wireless/product_narrow_antmicro.
aspx?id=441>, (2107).
Figura 48.
Figura 49.
73
UNIDADE II │ Testes de Campo
Figura 50.
Figura 51.
74
Testes de Campo │ UNIDADE II
λ
r <<
2π
Onde r é o raio que circunda a antena para região de campo próximo, e λ é comprimento
de onda.
λ
r >>
2π
75
UNIDADE II │ Testes de Campo
2π π
( r2 − r1 ) ≤
λ 8
Figura 52.
2 L2
r= d=
λ
c
λ=
f
76
Testes de Campo │ UNIDADE II
Solução:
Sabendo que:
c 2,9979245 ×108
λ= = ≅ 3m
f 100 ×106
2L2 2 × 32
r= d= = = 6m
λ 3
Fator de antena
O fator da antena, ou fator K de uma antena, é uma característica que está diretamente
atrelada à sua eficiência de irradiação, ou seja, na capacidade de conversão do sinal de
eletromagnético para elétrico e vice-versa. Essa característica normalmente é adquirida
por meios de ensaios de laboratório. A figura abaixo ilustra essa condição do fator K de
uma antena dipolo AM-030 da PROMAX com representação da PROMAX (São Paulo).
Figura 53.
77
UNIDADE II │ Testes de Campo
Filtros
Filtro é um circuito que permite a transferência de sinais em uma faixa de frequência
específica. Curva de resposta em frequência é uma representação gráfica da amplitude
do sinal de saída de um filtro em função da frequência do sinal aplicado em sua entrada.
Normalmente, a escala vertical representa a atenuação (em dB) em função do sinal
aplicado.
Figura 54.
Figura 55.
78
Testes de Campo │ UNIDADE II
Figura 56.
Figura 57.
80
Testes de Campo │ UNIDADE II
Plano terra
O plano terra, também chamado de plano de alimentação, basicamente na forma mais
simples é uma área de uma placa de circuito impresso onde se conecta o terminal de
terra ou de referência à fonte de alimentação. Sua utilidade é de servir de caminho de
retorno elétrico dos diversos componentes instalados nessa placa. O plano terra, ou
caminho de retorno elétrico pode ser construído de diversas formas, não se limitando
apenas às placas de circuito impresso, e sim como, por exemplo, nas antenas monopolos
se utiliza a própria superfície terrestre como plano terra.
O plano terra é uma alternativa para blindagem eletromagnética. Para uma boa
eficácia, recomenda-se que ele se estenda de até 20 vezes o limite de condutividade
dos dispositivos envolvidos no sistema. Essa prática é muito usada em PCB (placa de
circuito impresso).
Objetivando evitar problemas com EMC, influencia a forma como se projeta a PCB,
como evitar que componentes sejam ligados de forma aleatória ao terra ou ainda,
conectá-los em série e depois os conectar ao terra. Em dispositivos que possuem mais
de uma placa, é recomendável que exista uma outra placa sendo usada como plano
terra, nesse caso o projetista pode conectar um componente ao terra fazendo apenas
um orifício e assim entrar em contato com o terra que está na placa de baixo.
Figura 58.
81
UNIDADE II │ Testes de Campo
A principal razão para o uso de grandes planos terra é reduzir o ruído elétrico e a
interferência. Quando circuitos digitais alternam de estado, criam-se grandes pulsos
de correntes que fluem dos dispositivos instalados e vão até o circuito de aterramento.
Se a fonte de alimentação ou as trilhas do terra tiverem uma impedância significativa,
a queda de tensão através deles pode criar pulsos de tensão de ruído que perturbarão
outras partes do circuito. Existindo um grande plano terra, ele será de impedância muito
menor do que uma trilha do circuito de modo que os pulsos causarão menos distúrbios.
E ainda, existindo esse plano terra em outra placa, como sob uma placa de circuitos
impressos, pode-se reduzir a interferência entre trilhas adjacentes. Quando duas trilhas
são paralelas, um sinal elétrico em uma trilha pode influenciar em outra através da
indução eletromagnética por linhas do campo magnético de que se conecta ao outro,
isso é chamado de “crosstalk”. Quando uma placa de plano terra está por baixo, ela cria
uma linha de transmissão com a trilha. Nesse caso, as correntes de retorno se dirigirão
de forma oposta diretamente pelo plano terra. Dessa forma, confina-se a maioria
dos campos eletromagnéticos na área próxima à trilha e consequentemente, reduz a
interferência.
É frequente o uso de uma placa como fonte de energia além de uma como plano terra
em um PCB multicamadas, essas duas camadas paralelas criam um grande capacitor de
desacoplamento que impede que o ruído de um circuito seja acoplado a outro através
da fonte de alimentação.
Figura 59.
Blindagens eletromagnéticas
Vimos que a irradiação de sinais indesejáveis pode causar interferências, sejam esses
sinais elétricos, magnéticos ou eletromagnéticos (EMI) e que alguns dispositivos como
os cabos podem possuir uma blindagem contra esses sinais.
82
Testes de Campo │ UNIDADE II
O objetivo dessas blindagens é evitar que sinais de altas frequências ou campos elétricos
escapem do circuito blindado.
Figura 60.
Blindagem em cabos
Já vimos que os cabos blindados possuem uma malha metálica (normalmente de cobre)
após o revestimento, mas existem vários tipos como:
83
UNIDADE II │ Testes de Campo
Fonte: <http://antenado.fefico.com/definicoes-para-cabos-coaxiais/>.
Gaiola de Faraday
Satisfeito com o resultado, ele colocou uma cadeira de madeira dentro, sentou nela e
ligou o gerador sem sofrer nenhuma descarga e assim mais que comprovou que nenhum
corpo dentro da gaiola sofreria com uma descarga nela.
Isso ocorre porque um campo elétrico externo faz com que as cargas se rearranjam,
cancelando o campo interno. As cargas elétricas são distribuídas de forma uniforme
numa superfície e conforme o “princípio de repulsão” entre cargas de mesmo sinal, elas
tendem a se afastar até chegarem a um estado de repouso. Esse estado de repouso é
denominado de equilíbrio eletrostático.
de que os pneus do carro absorvem a descarga, mas não, a carcaça do veículo atua como
uma gaiola de Faraday.
Figura 62.
Fonte: <https://en.wikipedia.org/wiki/Faraday_cage#/media/File:Heimbach_-_power_plant_07_ies.jpg>.
85
UNIDADE II │ Testes de Campo
Uma câmara anecoica é uma câmara onde não existe (e nem produz) eco, ou seja, não
existe a reflexão ou criação de sinais, tanto ondas sonoras quanto eletromagnéticas.
E ainda, são isoladas de fontes externas de ruídos. Essa combinação faz com que as
ondas se propagem para longe de sua fonte, simulando um cenário de um espaço aberto
de dimensão infinita. Normalmente, os níveis de ruído em uma câmara anecoica é de
cerca de 10-20DBa, porém, algumas possuem nível 0DBa, que é o limite do ouvido
humano para detectar sons e ruídos, ou seja, uma pessoa em uma câmara anecoica tem
a sensação de total silêncio.
As paredes de uma câmara anecoica são totalmente revestidas (comum que sejam
revestidas duplamente) por um material absorvente projetado para absorver
totalmente a radiação na maior quantidade possível de direção e frequências. O mais
comum é o uso de peças piramidais construídas de material atenuante, consistindo
de uma espuma emborrachada com misturas de carbono e ferro. O seu projeto é
mais complexo do que parece, como se bastasse apenas preencher as paredes. Como
exemplo, para se medir a distância da base até a ponta da pirâmide, usa-se como base
a menor frequência esperada e a quantidade necessária de absorção. Geralmente, em
baixas frequências a distância é de 24 polegadas e para altas frequências, varia de 3 a
4 polegadas.
86
Testes de Campo │ UNIDADE II
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Radio-frequency-anechoic-chamber-HDR-0a.jpg>.
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Anechoic_chamber_wall.JPG>.
87
Referências
Sites
<http://lamspeople.epfl.ch/kirrmann/Slides/AI_421_IEC61850.pdf>.
<http://www1.selinc.com.br/produtos/SEL-700G.aspx>.
<http://www1.selinc.com.br/produtos/SEL-700G.aspx>.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Christian_%C3%98rsted>.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9-Marie_Amp%C3%A8re>.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Clerk_Maxwell>.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Faraday>.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/átomo>.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/NielsBohr>.
<https://www.infoescola.com/fisica/condutividade-eletrica/>.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Micro>.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Constante_de_Coulomb>.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Ohm>.
<www.sense.com.br>.
<http://www.newtoncbraga.com.br/index.php/automacao-industrial/6354-art1140>.
<http://www.aneel.gov.br/campos-eletricos-e-magneticos1>.
<http://www.aneel.gov.br/campos-eletricos-e-magneticos1>.
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Referências
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<http://www.anatel.gov.br/legislacao/resolucoes/2006/352-resolucao-442>.
<http://www.smar.com/brasil/artigo-tecnico/emi-interferencia-eletromagnetica-em-
instalacoes-industriais-e-muito-mais 2017>.
<http://rainfordemc.com>.
<https://www.otokar.com/en-us/rd/Pages/Testing-and-Validation-Center.aspx>.
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:KMW%2BPorsche.jpg>.
<http://keystonecompliance.com/emc-emi/>.
<https://www.rohde-schwarz.com/us/news-press/press-room/press-releases-
detailpages/emc-test-and-measurement-equipment-from-rohde-schwarz-at-emv-
2016-in-duesseldorf-press_releases_detailpage_229356-173760.html 2>.
<https://www.nasa.gov/centers/johnson/pdf/639521main_EMI-EMC_User_Test_
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<ttp://www.tecnologiadoglobo.com/2009/04/diferenca-entre-fios-cabos-
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<http://www.tecnologiadoglobo.com/2009/04/diferenca-entre-fios-cabos-
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<https://pt.wikipedia.org/wiki/Condutor_el%C3%A9trico#/media/File:Sample_
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<http://www.tecnologiadoglobo.com/2009/04/diferenca-entre-fios-cabos-
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90