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ASSESSOR

PARLAMENTAR:
QUEM É E O QUE FAZ
Conheça os bastidores da política brasileira.
Foto: Pixabay

O trabalho na vida pública, especialmente


para cargos eletivos, é de alta complexidade e
demanda muito mais que apenas uma pessoa para
resolver questões de um município, estado ou do
Brasil. Por isso, é comum o político está cercado por
assessores. Possivelmente você já viu alguma série
de TV ou filme focada em política, em que aparecem
vários assessores fazendo os mais incríveis jogos
políticos para favorecer ou prejudicar outro
personagem, sempre acompanhados das mais
refinadas coisas que o dinheiro pode comprar.
Infelizmente (ou felizmente) o trabalho do assessor
parlamentar está muito longe do mostrado nas
filmagens e por isso decidimos contar um pouco o
dia a dia desta função.
ASSESSORIA PARLAMENTAR

O primeiro passo para entendermos a atuação de um


assessor parlamentar é definir alguns termos
presentes no cotidiano desses profissionais e que
podem ser
confundidos: Assessoria, Gabinete e Mandato.
A Assessoria se refere ao grupo de pessoas que
são contratadas por um político eleito para auxiliar
em todas as questões possíveis do trabalho desse
político. Um assessor não necessariamente trabalhou
na campanha do parlamentar ou é filiado ao seu
partido.
Já o termo Gabinete se refere ao local de trabalho
dos assessores e do parlamentar, sendo um lugar de
referência para demandas e sugestões da população,
especialmente aquela com ideologia parecida com a
do político.
Por fim, o Mandato é um período pré-determinado
no qual um político pode ocupar um cargo público.
Exemplificando, uma mesma pessoa pode ter tido
nos últimos doze anos, três mandatos, sendo dois
como vereador e um como deputado estadual. Por
ser um período fechado de tempo, o termo mandato
é usado normalmente para se referir às ações
políticas que foram produzidas pela assessoria e/ou
pelo vereador nesse tempo.
As prioridades, equipe e ações do parlamentar em
cada um dos seus mandatos são independentes entre
si. Um político que tem como pauta a defesa animal,
por exemplo, pode no seu primeiro mandato como
vereador ter proposto quatro leis de apoio a causas
animais. Já em seu segundo mandato, ser relator de
uma Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) sobre
maus-tratos animais no seu município e, em seu
terceiro mandato, ter trazido vários projetos do
âmbito municipal para o nível estadual.
Entenda: quem faz o quê nos níveis federal,
estadual e municipal?

QUANTO GANHA UM
ASSESSOR PARLAMENTAR

A composição e os salários da assessoria mudam


completamente dependendo da Casa legislativa em
que o assessor está trabalhando, pois ambas
dependem da verba de contratação de pessoal.
Essa verba é decidida pelos próprios políticos, em
votação em plenária, e cada político então define
como ela vai ser gasta na sua assessoria. Vejamos
como exemplo a verba de contratação na Câmara
dos Deputados, que é de R$ 101.971,94 e deve
ser dividida entre 5 a 25 assessores, recebendo uma
remuneração que varia entre um salário mínimo e R$
14.334,28.
No caso da Câmara de Florianópolis, a verba para
assessores é de R$20.289,20 e deve ser distribuída
em no mínimo 4 e no máximo 10 assessores,
recebendo remuneração entre R$1.138,55 e R$
6.262,25. Por ser um dinheiro fixo, é muito raro um
assessor receber aumento individual, exceto quando
alguém da equipe deixa o cargo ou quando é
aprovado em plenária um aumento da verba de
contratação.

COMO A ASSESSORIA
PARLAMENTAR É
ORGANIZADA

A remuneração de cada assessor é de critério do


próprio parlamentar, respeitando os limites
estabelecidos em lei. As pessoas escolhidas para os
cargos também são de critério do político, o que
pode ser positivo ou não. Por um lado, os assessores
não precisam passar por processo seletivo para
serem contratados. Por outro, podem ser demitidos a
qualquer momento, o que é chamado
de exoneração dentro do serviço público.
Por não existir um organograma fixo de equipe, os
gabinetes são muito diferentes entre si e
diversificados na formação e atuação da assessoria.
Contudo, algumas funções são de extrema
importância e por isso encontradas na maioria deles.
Vamos utilizar de exemplo aqui uma composição
muito comum nas assessorias das câmaras de
vereadores de cidades maiores:
• Secretária: é a primeira pessoa que recebe

todas as demandas externas do gabinete, (tais


como ofícios, agentes públicos, mídia ou cidadãos
comuns); organiza a agenda do vereador; faz as
ligações para agendamento de reuniões e todas as
outras funções básicas já conhecidas para esse
cargo.
• Comunicação: além de ser responsável por

divulgar as ações promovidas pelo mandato, é


também função da comunicação ser porta-voz do
vereador, produzir em conjunto falas públicas e
direcionar pautas prioritárias a serem tratadas de
forma pública. Pelo aumento da importância das
mídias sociais nos últimos anos e a maior cobrança
social sobre o trabalho dos políticos, uma rápida
pesquisa no google evidencia como diversas
empresas de comunicação vêm prestando o
serviço conhecido como marketing político. Esse
serviço é pago pelo próprio parlamentar e, quando
ocorre, geralmente ele abdica da assessoria de
comunicação do gabinete, dando vaga para outras
funções na assessoria.
• Assessoria técnica: de todas as funções essa

é a mais variada de todas, pois depende das


principais pautas dos vereadores. Por exemplo, se
uma vereadora tem como bandeira o direito das
pessoas trans, muito provavelmente, ela terá em
seu gabinete pessoas que estudem o tema e
tenham formação acadêmica relacionadas a pautas
LGBT. É essa assessoria que produz conteúdo,
debate projetos de leis sobre o tema de
conhecimento e dá pareceres sobre projetos de
leis produzidos por outros gabinetes. Muitas vezes,
essa pessoa representa o mandato em eventos
acadêmicos e reuniões técnicas, além de sempre
acompanhar o vereador em algum compromisso
relacionado à sua área de atuação.
• Interação comunitária: essa função existe
especialmente em mandatos “bairristas” ou
quando um vereador exerce um mandato com
ampla participação popular. São considerados os
bairristas quando a maior parte dos votos vieram
de uma região específica do município e, por isso,
o vereador olha com uma maior ênfase essa
região, criando uma linha de conversa direta com
lideranças regionais. Muitas vezes essas lideranças
são assessores ou têm contato direto com os
assessores do parlamentar. A interação
comunitária é muito importante para o mandato
manter contato com os cidadãos e enviar
demandas para a prefeitura, especialmente nas
regiões mais desfavorecidas e negligenciadas. A
pessoa escolhida para esse cargo não precisa de
nenhuma formação acadêmica, contudo, na
maioria das vezes, esta pessoa tem atuação muito
relevante em lutas comunitárias.
• Jurídico: é uma das funções mais importantes

para o funcionamento diário do gabinete, sendo


responsável pelo parecer de todos os projetos de
leis de outros vereadores que chegam ao mandato;
por produzir requerimentos e ofícios a serem
enviados para órgãos públicos; pela criação dos
projetos de lei a serem apresentados pelo
vereador e muitas vezes também para dar
encaminhamento técnico a demandas que chegam
da população ao mandato. É importante ressaltar
que mesmo sendo de extrema importância esse
assessor, seu trabalho é muitas vezes dependente
de assessores técnicos, que irão se aprofundar no
mérito das questões legislativas. Em exemplo
disso, se um mandato decide como pauta
prioritária para ser trabalhada no mês de março a
igualdade de gênero, a assessoria técnica se reúne
junto com a assessoria jurídica para pensar em
projetos de lei que possam ser feitos nessa
temática.
• Chefia de Gabinete: talvez a função mais

conhecida dentro de um gabinete, a chefia é o


trabalho mais importante para o bom
funcionamento do gabinete e por isso é a
assessoria melhor remunerada. Como o vereador é
uma figura pública e em geral possui uma agenda
muito apertada entre sessões, comissões, reuniões
e eventos, é de incumbência da chefia de gabinete,
pessoa de extrema confiança do vereador:
organizar o dia a dia do mandato; fazer reuniões e
dar os encaminhamentos junto ao resto da
assessoria; fazer articulações políticas em
conjunto com o vereador e decidir
encaminhamentos em casos de urgência. Em geral,
são pessoas com vasta experiência no campo
político e que acompanham toda a carreira política
do vereador.

UMA BOA ASSESSORIA

Um dos poucos consensos dentro de todos os


campos políticos é que parlamentares que souberem
escolher bem sua assessoria terão grande
possibilidade de destaque na vida pública.
Isto porque o trabalho “invisível” da assessoria é de
fundamental importância para
que vereadores, deputados, senadores e todos os
demais políticos tenham atualizações constantes de
suas pautas, consigam ter projetos de leis relevantes
e bem subsidiados em termos técnicos, mantenham-
se informados para reuniões, atentos para
irregularidades e que consigam estar atentos às
demandas da população, função principal para a qual
foram eleitos.

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