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DE IMPRENSA
Definir branding.
Analisar a importância da comunicação no branding.
Apresentar novas formas de gerar branding por meio da comunicação.
Introdução
Vivemos um momento de profunda transformação, em que a sociedade
está cada vez mais dinâmica, veloz e volátil. As fontes de informação
são infinitas, assim como os fatores que influenciam a decisão de com-
pra. Nesse contexto, as mudanças no comportamento dos indivíduos
estão fortemente atreladas à comunicação e às diversas possibilidades
de conexão. Assim, nesse mundo cada dia mais integrado e ávido por
informação, as organizações passaram a reconhecer a importância de
se posicionar e se diferenciar da concorrência, utilizando, para isso, a
estratégia de branding.
Neste capítulo, você vai estudar as definições de branding e a sua
aplicação conceitual, bem como refletir sobre o papel da comunicação
e a sua importância no desenvolvimento e na implementação de uma
estratégia de marca. Além disso, você vai verificar novas formas de gerar
branding por meio da comunicação.
1 Conceitos básicos
Uma pesquisa da Media Dynamics, publicada pela empresa de consultoria SJ
Insights em setembro de 2014, concluiu que uma pessoa pode ser impactada
por mais de 5 mil marcas por dia (JOHNSON, 2014, documento on-line).
São mensagens publicitárias de todos os tipos, tentando vender ou construir
uma imagem de produtos, serviços e organizações. O estudo mostra uma
perspectiva da dificuldade enfrentada pelos profissionais de comunicação para
2 Branding
Definindo marca
O primeiro passo para compreender o conceito de branding é entender o
significado de marca. Segundo Yanaze (2011, p. 345), “[…] entende-se por
marca tudo aquilo que tem a capacidade de se fixar na mente dos consumi-
dores e induzir-lhes um sentimento de pertencimento e de aproximação, além
de um comportamento receptivo ao produto oferecido”. Ou seja, em uma
organização que busca se comunicar com seu público por meio de formas,
sinais, expressões visuais ou sonoras, para se diferenciar e caracterizar seus
produtos e serviços, todos esses sinais e expressões constituem suas marcas
e marcam sua existência.
Já para a American Marketing Association (1960 apud KOTLER; KEL-
LER, 2006, p. 269), a marca é definida como “[…] um nome, termo, sinal,
símbolo ou design, ou uma combinação de tudo isso, destinado a identificar
os produtos ou serviços de um fornecedor ou grupo de fornecedores para
diferenciá-los de outros concorrentes”. Kotler e Keller (2006) esclarecem que a
marca agrega dimensões que a diferenciam perante seus concorrentes, e essas
diferenças podem ser funcionais, racionais e tangíveis, bem como simbólicas,
emocionais e intangíveis.
As marcas desempenham funções estratégicas para as organizações, uma
vez que possuem o papel de identificar a origem e atribuir responsabilidade
a um produto ou serviço. “Portanto, para as empresas as marcas representam
uma propriedade legal incrivelmente valiosa que pode influenciar o comporta-
mento do consumidor, ser comprada ou vendida e, ainda, oferecer a segurança
de receitas futuras e estáveis para seu proprietário” (KOTLER; KELLER,
2006, p. 269). Mas, como se constrói uma marca e como se atribui a marca
a um produto? É nessa etapa que se aplica o branding, para dotar produtos e
serviços com o poder de uma marca.
Branding 3
Definições de branding
O conceito de branding surgiu na década de 1980, conforme aponta Yanaze
(2011), mas, segundo Kotler e Keller (2006), a aplicação desse conceito é
muito mais antiga. Ainda na Idade Média, o branding existia como forma
de distinguir os produtos de um fabricante para outro. Isso porque era uma
exigência das associações medievais que os artesãos colocassem marcas ou
assinassem suas obras de arte, como forma de proteger a si mesmos e os seus
clientes de produtos com qualidade inferior.
Atualmente, branding significa criar diferenças entre produtos e serviços,
implementando o poder de uma marca. “Para colocar a marca em um produto,
é necessário ensinar aos consumidores quem é o produto — batizando-o e
utilizando outros elementos de marca que ajudem a identificá-lo — bem
como a que ele se presta e por que o consumidor deve se interessar por ele”
(KOTLER; KELLER, 2006, p. 270). Ainda segundo Kotler (2006), as estra-
tégias de branding são eficazes quando o público se convence das diferenças
significativas entre as marcas de um mesmo segmento. Com isso, o branding
auxilia na identificação de atributos e vantagens de um produto ou serviço.
Martins (2006, documento on-line) define branding como “[…] um con-
junto de ações ligadas à administração das marcas. São ações que, tomadas
com conhecimento e competência, levam as marcas além de sua natureza
econômica, passando a fazer parte da cultura e influenciar a vida das pessoas”.
Já para Yanaze (2011), a construção de uma marca só acontece quando há a
transformação do intangível em algo visível, ou seja, quando uma estratégia
se torna verdadeira, e a promessa é entregue. Desse modo, todas as ações
organizacionais conseguem traduzir os valores e as crenças da marca em
experiências.
Portanto, o conceito de branding pode ser entendido como a gestão es-
tratégica das marcas e tem como objetivo diferenciar as organizações e seus
produtos e/ou serviços, tornando-as mais conhecidas e desejadas e projetando
uma imagem positiva na mente de seus públicos estratégicos. Para isso, o
branding envolve ações que relacionam e traduzem o propósito, os valores, a
identidade e o posicionamento institucional da marca.
4 Branding
Alguns autores, como Kotler e Keller (2006) e Yanaze (2011), utilizam o termo brand equity
devido ao seu emprego recorrente tanto na academia como no mercado. Em uma
tradução livre, brand equity seria o patrimônio da marca ou o valor da marca. Segundo
Kotler e Keller (2006, p. 270), “[…] o brand equity é o valor agregado atribuído a produtos
e serviços. Esse valor pode se refletir no modo como os consumidores pensam, sentem
e agem em relação à marca, bem como nos preços, na participação de mercado e na
lucratividade da empresa”. Para os autores, o brand equity é um importante atributo
intangível que agrega valor emocional e financeiro para a organização.
Gestão do branding
A gestão do branding não inclui apenas planejar e delinear estratégias para
a marca da organização, mas também pensar a comunicação de forma estra-
tégica, para promover o branding como um atributo que reflete os propósitos
e os valores organizacionais. A gestão estratégica de branding inclui, ainda,
promover a marca, para ampliar seu impacto e torná-la líder no segmento. Ou
seja, o branding não é apenas uma estratégia de diferenciação dos negócios,
é um elemento importante no posicionamento e na imagem projetada pela
empresa junto aos seus públicos de interesse.
De acordo com Kotler e Keller (2006), as vantagens do branding são:
Avaliação do branding
Para Kotler e Keller (2006), ao considerarmos que o poder de uma marca está
justamente na percepção do público e no modo como ela afeta e transforma
as respostas dos públicos em relação às estratégias de marketing, é preciso
Branding 7
Portanto, para que a gestão de branding atue de forma estratégica e útil, ser-
vindo como base para as tomadas de decisões da comunicação e do marketing,
é fundamental que os profissionais compreendam as fontes do branding e
saibam como elas afetam os resultados da marca. Além de compreender as
fontes e o seu impacto nos resultados, outro aspecto essencial é saber se essas
percepções mudam ao longo do tempo ou se elas se mantêm. As auditorias de
marca e o rastreamento da marca respondem a essas questões.
O rastreamento da marca coleta informações com os consumidores para
mensurar o desempenho das marcas e dos programas de marketing. Para
Kotler e Keller (2006), os estudos de rastreamento são meios de compreender
onde, em que medida e de que forma o valor da marca está sendo criado. Já
a auditoria da marca, segundo Kotler e Keller (2006, p. 282), “[…] envolve
uma série de procedimentos que avalia a saúde da marca, desvenda suas
fontes de brand equity e sugere maneiras de aprimorá-lo e estimulá-lo”, tendo
como objetivo definir o direcionamento estratégico da marca. Além disso, a
auditoria de marca é um instrumento fundamental para avaliar mudanças no
posicionamento organizacional da marca. “As auditorias da marca podem gerar
profundas consequências para o direcionamento estratégico e o desempenho
final da marca” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 283).
Para conduzir uma auditoria eficaz, Kotler e Keller (2006) alertam que é
preciso compreender as fontes do brand equity tanto da perspectiva da empresa
como do público estratégico. Além disso, a auditoria da marca envolve duas
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despertar a consciência;
chamar a atenção;
suscitar interesse;
proporcionar conhecimento;
garantir identificação e empatia;
criar desejo ou suscitar expectativa;
conseguir a preferência;
levar à decisão;
efetivar a ação;
garantir e manter a satisfação pós-ação;
estabelecer interação;
obter fidelidade; e
gerar disseminação de informações pelos interlocutores.
Branded content
Desde o surgimento dos meios de comunicação de massa, as marcas se utilizam
da comunicação para se fixarem na mente de seus consumidores e promove-
rem experiências. Durante a era de ouro do rádio, as marcas patrocinavam
conteúdos como radionovelas; já na época da televisão, isso ganhou ainda mais
evidência, com as técnicas de merchandising nas telenovelas ou propagandas
icônicas. Mas não é apenas por meio da divulgação direta que é possível
promover uma marca. Com o avanço da internet e das redes sociais, a gestão
do branding vem se tornando mais complexa e assumindo novas formas de
se conectar com o público.
Um dos conceitos que vem ganhando espaço no mercado e virou tendência
é o branded content, traduzido como conteúdo da marca. Por conteúdo de
marca, entende-se todo e qualquer conteúdo produzido pela marca, nas mais
diversas plataformas e em diferentes formatos. Seu objetivo não é realizar
vendas diretas, como é função da publicidade ou do marketing. O intuito de
implementar o branded content é reforçar o posicionamento da marca, além
de aumentar o valor percebido com o brand equity, criando uma conexão com
o público, para incitar uma lembrança espontânea da marca.
Dessa forma, em vez de a marca estar associada a anúncios, ela passa a ser
percebida como fonte de informação ou diversão, passando a ter mais valor
para o consumidor. Embora o branded content seja uma técnica mais flexível
e adaptável, pois seu conteúdo envolve publicidade, informação e entreteni-
mento, é preciso destacar que o conteúdo produzido precisa ter qualidade e
relevância para os stakeholders. Ou seja, o branded content não é uma ação
voltada para as necessidades da organização, mas, sim, para os interesses e
desejos da audiência, dos públicos de interesse.
Assim, é preciso pensar na produção de conteúdo que agrega e agrada
os stakeholders. A venda ou divulgação de um produto ou serviço fica em
segundo plano. O branded content busca encantar o público por meio de uma
história/narrativa ou oferecendo informações úteis e relevantes. Nesse cenário,
associar técnicas como o storytelling é fundamental.
12 Branding
Brand persona
A marca é um dos principais atributos intangíveis de uma organização, mas
ela não se caracteriza apenas pela parte visual. A força de uma marca vai
além de um logo, uma identidade ou um estilo visual; ela está no seu poder
de comunicação. E toda comunicação da marca precisa ser composta de
significados verdadeiros, histórias reais, valores e propósito.
Com a mudança do comportamento dos consumidores, sabe-se que a
compra de um produto ou serviço está atrelada, principalmente, à credibili-
dade e à identificação do público com a marca. Além disso, a confiança e a
credibilidade são solidificadas por meio do relacionamento, e essa relação é
estabelecida e desenvolvida por meio da comunicação. Por isso, ao estabelecer
um posicionamento coerente e unificado, os conteúdos de branded content
e brand persona se encaixam perfeitamente nas estratégias de marketing e
comunicação. Essas técnicas conectam o público com a marca.
A brand persona é definida como uma estratégia baseada na criação de
personagens com os valores da marca, visando à aproximação e ao relacio-
namento entre marca e público. Assim, a elaboração de uma brand persona
Branding 13
Um dos exemplos mais conhecidos de brand persona é a personagem Lu, que repre-
senta a rede de lojas Magazine Luiza. Inspirada na fundadora da rede de varejo, Luiza
Trajano, a Lu se caracteriza por apresentar um tom de voz doce e educado ao responder
os questionamentos dos clientes que interagem com a personagem na loja virtual. Além
de ser a principal voz do atendimento realizado via e-commerce, a Lu tem um portal
de dicas, em que se relaciona com o público por meio de dicas para cada segmento
da loja. A personagem Lu também é utilizada em outros canais, como as redes sociais,
onde interage com os fãs da marca, criando promoções e ampliando o engajamento.
BH1. A cadeia de valor da marca. Blog BH1: marketing e tecnologia, 2018. Disponível em:
http://www.bh1.com.br/administracao-de-marketing/a-cadeia-de-valor-da-marca/.
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14 Branding
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artigos-pdf/livro-branding-o-manual-para-voce-criar-gerenciar-e-%20avaliar-marcas.
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YANAZE, M. H. Gestão de marketing e comunicação: avanços e aplicações. 2. ed. São
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Leituras recomendadas
CARVALHO, H. O que é Branded Content: como usar conteúdos que engajam para
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em: https://viverdeblog.com/branded-content/. Acesso em: 22 jan. 2020.
FEIJÓ, V. C. Branding digital: o desafio das marcas na atualidade. In: CONGRESSO DE
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FIGUEIREDO, S. Brand Persona: o poder da personificação dos valores da sua marca.
Blog Rockcontent, 2018. Disponível em: https://rockcontent.com/blog/brand-persona/.
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ROCKCONTENT. O que é Branded Content e por eu ele é fantástico para o marketing?
Blog Rockcontent, 2015. Disponível em: https://rockcontent.com/blog/o-que-e-branded-
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SULZ, P. O que é Branding: aprenda com fazer uma gestão de marca incrível. Blog
Rockcontent, 2019. Disponível em: https://rockcontent.com/blog/branding/. Acesso
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