A Física e o Cotidiano: Chuveiro Elétrico

Alessandra Ames; Gabriela Folmer Miss; Natália Silva de Souza1

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Departamento de Física, Universidade Estadual do Centro-Oeste, 85040-080, Campus CEDETEG/PR - Brasil.
(Dated: 19 de julho de 2021)
Diversos equipamentos presentes no cotidiano apresentam funcionamento elétrico. Entre estes
encontra-se o chuveiro elétrico, inventado em 1927 pelo brasileiro Francisco Cachos Navarro. O
funcionamento deste tipo de equipamento baseia-se na transformação de energia elétrica em energia
térmica através do Efeito Joule. Por meio do estudo de circuitos elétricos e da Eletrodinâmica,
de forma geral, é possível descrever o comportamento dos componentes do chuveiro elétrico e seus
semelhantes.
Palavras-chave: Resistência elétrica, tiristor, corrente elétrica.

I. INTRODUÇÃO presente trabalho, a corrente elétrica como sendo o fluxo

A Física está por trás de muitos eventos cotidianos, e,
comumente, as pessoas em seu dia-a-dia realizam tarefas
de forma automática sem a necessidade de analisar os
fenômenos envolvidos em cada etapa.
Muitos equipamentos que constituem uma casa, apre-
sentam funcionamento elétrico. Nestes, a explicação está
relacionada diretamente com conceitos físicos, em espe-
cífico a Eletrodinâmica, uma das subdivisões do Eletro-
magnetismo. Nesta área, estuda-se os movimentos das
cargas, tendo em vista os aspectos dinâmicos da eletri-
cidade, como fenômenos, efeitos e aplicações da corrente
elétrica [1].
As aplicações da Eletrodinâmica facilitam os afazeres
do dia, pois é por meio delas que compreendemos a ne-
cessidade de ligar a geladeira na tomada, por exemplo.
Outro aparelho é o chuveiro elétrico que, principalmente
em dias com baixas temperaturas, facilita a higiene pes-
soal, transformando a água na temperatura ambiente em
água aquecida.
O primeiro chuveiro elétrico foi inventado por Fran-
cisco Cachos Navarro, em 1927, na cidade de São Paulo.
Com o passar do tempo, várias evoluções e moderniza-
ções foram atribuidas a este aparelho, mas sempre com a
finalidade de aquecer a água [2]. Neste trabalho buscou-
se descrever os conceitos físicos envolvidos no funciona-
mento desse tipo de chuveiro.
II. CORRENTE ELÉTRICA
Uma das propriedades intrínsecas das partículas de que
é feita a matéria é a carga elétrica (q). Ela está presente
em todos os corpos e pode ser observada, por exemplo,
quando retiramos uma blusa de lã e surgem fagulhas.
As cargas são divididas em positivas e negativas e, geral-
mente, não podem ser notadas na maioria dos corpos pois
eles estão neutros, ou seja, possuem quantidades iguais
dos dois tipos de cargas [1].
O fluxo das cargas que atravessa um ponto do espaço
em um determinado intervalo de tempo é a chamada cor-
rente elétrica (i). No entanto, não é todo movimento de
cargas que produz corrente elétrica. Considera-se, para o
de elétrons livres em um material condutor, sendo defi-
nido pela Eq. 1 [1].
dq
i= (1)
dt
A corrente elétrica é considerada uma grandeza funda-
mental da Eletrodinâmica e sua unidade de medida é o
ampère (A) [1].
III. RESISTÊNCIA ELÉTRICA E LEI DE OHM
Ao aplicar uma diferença de potencial (V ) nas extre-
midades de diferentes materiais, os valores obtidos para
a corrente elétrica diferem entre si. Isso se deve de uma
característica do material em questão, chamada de Re-
sistência Elétrica (R), cuja unidade de medida é o ohm
(Ω). A Resistência Elétrica, definida na Eq. 2, dificulta
a passagem de corrente elétrica pelo material, e é por tal
fato que os valores medidos são diferentes. Um condu-
tor inserido em um circuito com o intuito de adicionar
resistência chama-se resistor [1].
V
R= (2)
i
A Lei de Ohm afirma que a corrente que atravessa
um dispositivo é proporcional à diferença de potencial
aplicada no mesmo. De forma geral, pode-se definir os
resistores em ohmicos e não-ohmicos. Os resistores oh-
micos são materiais cuja resistência não depende do valor
nem da polaridade da diferença de potencial. A Eq. 2
refere-se tanto à materias ohmicos quanto não-ohmicos
[1].
IV. POTÊNCIA E EFEITO JOULE
A Potência (P) pode ser definida pela taxa de transfe-
rência de energia (elétrica) para os componentes do cir-
cuito e é definida pela Eq. 3 [1].

P = iv (3)
Quando o componente trata-se de um resistor, a ener-
gia elétrica é convertida em energia térmica, que é dis-
sipada, como descrito na Eq. 4. A dissipação citada
anteriormente é chamada Efeito Joule [1].
P = i2 R (4)
Como a potência é dissipada em energia térmica, pode-
se fazer a seguinte relação [1]:
Q
= i2 R (5)
t
Logo, o calor obtido através da potência dissipada pode
ser calculado através da Eq. 6 [1].
Q = i2 Rt (6)
V. FUNCIONAMENTO DO CHUVEIRO
ELÉTRICO
O funcionamento do chuveiro elétrico tem como base
o Efeito Joule, citado anteriormente. De modo geral a
água aquece pela troca de calor com a resistência [3].
O esquema estrutural de um chuveiro elétrico pode ser
visto na Fig. 1. É possível observar a presença de um
diafragma. Tal elemento é responsável por realizar o con-
tato elétrico quando a água entra na câmara do chuveiro,
permitindo então que a corrente elétrica flua para os ele-
mentos de aquecimento (resistência) [3].
Figura 1. Esquema de funcionamento de um chuveiro elétrico
[3].
Com a passagem de corrente, a resistência aquece por
Efeito Joule e, consequentemente, faz com que a tempera-
tura da água que passa pela região aumente. No entanto,
a temperatura final da água depende de fatores como a
potência do chuveiro, o fluxo e a temperatura inicial da
água [3].
2
A. Variação mecânica da temperatura
A troca de temperatura, por variação mecânica, den-
tro do chuveiro ocorre devido a seleção de uma chave co-
mutadora, posições comumente conhecidas por “Verão”
e “Inverno”. O esquema do circuito envolvido pode ser
observado na Fig. 2 [3].
Figura 2. Representação do circuito responsável pela seleção
de temperatura em um chuveiro elétrico [3].
Na Fig. 2 é possível observar que a posição “Verão”
seleciona dois elementos de aquecimento e na posição “In-
verno” apenas um elemento. Isso provém do fato que, ao
aumentar a resistência dificultamos a produção de calor
pelo filamento pois a corrente que o atravessa torna-se
menor, acarretando assim em um menor aquecimento da
água. Portanto, ao desejar a água mais quente seleciona-
se a opção com menor resistência a fim de que mais cor-
rente atravesse o elemento de aquecimento em um mesmo
intervalo de tempo [3].
B. Variação eletrônica da temperatura
A variação eletrônica da temperatura acontece com o
uso de um gradador. O gradador é um dispositivo que
altera o valor da tensão aplicada, sendo composto por
um circuito relativamente simples, constituído de dois
tiristores, geralmente do tipo SCR, ou um TRIAC. A
representação do circuito do gradador pode ser observada
na Fig. 3 [4].
Figura 3. Representação do circuito com gradador, presente
em chuveiros elétricos [4].

Tiristor é um dispositivo semicondutor de quatro ca-
madas que possui dois estados de operação. O primeiro
estado corresponde à corrente elétrica próxima de zero e o
segundo estado com corrente elevada, sendo isso limitado
apenas pela resistência externa. O tiristor é muito utili-
zado para o controle de grandes potências. O tiristor do
tipo SCR é constituido de três terminais: um anodo, um
catodo e uma porta (responsável pelo estabelecimento da
corrente). Já o dispositivo TRIAC (Triodo de Corrente
Alternada) desempenha a função de dois SCRs, propor-
cionando maior eficiência no controle da potência [5].
Para este tipo de variação de temperatura, o valor da
resistência é alterada por comando eletrônico, de forma
contínua, permitindo ajustes finos sem que seja necessário
alterar a vazão de água. Para isso, o gradador comanda
o tiristor de forma que o ângulo de rede permita uma de-
[1] HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física:
Eletromagnetismo. 9a. ed. v. 3. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
[2] Ribeiro, Gabriel. Conheça tecnologias e serviços
que foram criados por brasileiros. Disponivel em:
https://url.gratis/BzI4Dr. Acesso 12/07/2021.
[3] Instituto Newton C. Braga. Como fun-
ciona o chuveiro elétrico. Disponível em:
https://www.newtoncbraga.com.br/index.php/instalacoes-
3
terminada tensão aplicada à resistência. Como o tiristor
entra em condução somente com a aplicação da corrente,
é possível realizar alterações no valor da resistência [4].
VI. CONCLUSÕES
Neste trabalho ressaltou-se a importância da Física
no cotidiano, como parte fundamental na compreensão
e execução do funcionamento do chuveiro elétrico. Os
domínios dos conceitos físicos propiciam uma maior co-
modidade em nosso dia a dia através do controle e ajuste
de temperatura da água na hora do banho.
Assim é possivel enfatizar a importância do conheci-
mento de eletricidade, mais propriamente do funciona-
mento de resistência elétrica. Por tais fatores é possivel
ver a Física trazendo diversos beneficios para o cotidiano.
residenciais/2936-el033. Acesso em 10/07/2021.
[4] Gili, L. C. et al. Chuveiros eletrônicos: conhecer para ter
consciência. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDU-
CAÇÃO EM ENGENHARIA, XL, 2012, Belém/PA. Blu-
menau: Abenge, 2012.
[5] PEREIRA, Jonathan. Tiristores. Disponível em:
https://docente.ifrn.edu.br/jonathanpereira/disciplinas/
eletronica-aplicada/slide-scr-triac. Acesso em:
11/07/2021.