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MATURIDADE EMOCIONAL

“Como trabalhar bem com outras pessoas? Como entender os outros e fazer-se
entender? Por quê os outros não conseguem ver o que eu vejo, como eu vejo, por quê
não entendem a clareza das minhas intenções? Por quê os outros interpretam
erroneamente minhas ações e complicam tudo? Por que não podemos ser objetivos no
trabalho e deixar problemas pessoais de fora? Vamos ser práticos e deixar as emoções e
sentimentos de lado....”

Que gerente já não pensou assim, alguma vez, em algum momento ou situação?

Desde sempre, a convivência humana é difícil e desafiante. Escritores e poetas,


através dos tempos, têm abordado a problemática do relacionamento humano. Sartre, o
famoso existencialista francês, escreveu em uma peça teatral: “O inferno são os outros..”

Estaremos realmente condenados a sofrer com os outros? Ou podemos ter


esperanças de alcançar uma maturidade emocional razoavelmente satisfatória que nos
permita uma convivência produtiva?

O processo de interação humana é complexo e ocorre permanentemente entre


pessoas, sob forma de comportamentos manifestos e não - manifestos, verbais e não -
verbais, pensamentos, sentimentos, reações mentais e/ou físicas - corporais. As relações
interpessoais desenvolvem-se em decorrência desse processo de interação.

Em situações de trabalho, compartilhadas por uma ou mais pessoas, há atividades


pré - determinadas a serem executadas, bem como interações e sentimentos
recomendados. À medida que as atividades e interações prosseguem, os sentimentos
despertados podem ser diferentes dos indicados como apropriados e então,
inevitavelmente, os sentimentos influenciarão as interações e as próprias atividades.
Assim, sentimentos positivos de simpatia e atração provocarão aumento de interação e
cooperação, repercutindo na produtividade. Por outro lado sentimentos negativos de
antipatia e rejeição tenderão à afastamento entre as pessoas, falta de comunicação, com
provável queda dos resultados.

Esse ciclo “atividade - interação - sentimentos” não se relaciona diretamente com a


competência técnica de cada gerente. Profissionais com altos índices de inteligência e
competência individual, podem render muito abaixo de suas capacidades quando atuam
em grupo ou dentro de determinadas situações.

A liderança e a participação eficaz em grupo dependem essencialmente da


competência interpessoal do líder e das pessoas. Competência interpessoal, entendida,
como a habilidade de lidar eficazmente com relações interpessoais, de lidar com outras
pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma e às exigências da situação.

A competência interpessoal é um elemento essencial à Maturidade Emocional e


para desenvolvê-la é necessário que as pessoas invistam no seu processo de
crescimento pessoal, abrangendo: auto - percepção, auto - conscientização e auto -
aceitação.
O desafio é transformar as reações emocionais e a intuição em informações que
apoiem a resolução de problemas, a criatividade e a melhoria nas relações interpessoais.

O nível de Maturidade Emocional pode ser verificado por meio da velocidade com
que a pessoa integra razão e intuição, mente e coração.

Razão / Mente

Velocidade

Emoção / Intuição

MUDANDO PERSPECTIVAS

Depois de muitas décadas sendo exclusivamente valorizado, o intelectualismo


pode ter sido necessário para tornar as empresas mais competitivas e certamente
produziu resultados; mas não sem os custos pesados que a maioria do pessoal das
empresas sente todo dia - incluindo a perda de confiança, a indecisão irritante, a distância
cada vez maior entre dirigentes e funcionários, o ceticismo pernicioso, uma crescente e
explosiva insatisfação e o desaparecimento da lealdade e do compromisso.

A mudança no escopo e na capacidade da liderança resulta de específicas e


crescentes mudanças na vida organizacional e da necessidade concreta de lidar com
interações humanas no trabalho cada vez mais breves, rápidas, inovadoras e
necessariamente baseadas na confiança e na colaboração.

Depois de terem sido oficialmente ignoradas, a intuição e as emoções têm um


conceito de alto desempenho que está presente na gestão de quase todas as empresas
líderes, mas ainda são pouco reconhecidas ou valorizadas na maior parte das outras
organizações atuais.
Emoções
Conceito Convencional X Conceito de Alto Desempenho

Convencional Alto Desempenho

Sinal de fraqueza Sinal de força


Sem função nos negócios Essencial nos negócios
Evitar emoções Estimulam o aprendizado
Confundem Explicam / esclarecem
Valorizar só pensamentos Prestar atenção nas emoções
Fonte de dispersão Fonte de motivação
Atrapalham o raciocínio Fortalecem e aceleram o raciocínio
Criam barreiras e controles Geram confiança e união
Enfraquecem as atitudes firmes Estimulam os valores éticos
Solapam a autoridade Geram influência sem prepotência

SABEDORIA NÃO CONVENCIONAL

A Maturidade Emocional nos sinaliza continuamente como aumentar nossa


capacidade de raciocínio e, ao mesmo tempo, como utilizar melhor a energia de nossas
emoções, a sabedoria de nossa intuição e o poder inerente a nossa capacidade de
conexão num nível fundamental com nós mesmos e com aqueles que gerenciamos.

Alguns elementos que sustentam a Maturidade Emocional são:

Honestidade - trata-se de prestar atenção a si próprio e estar conectado com sua


intuição e consciência. A intuição não denota algo contrário à razão, mas algo fora do
domínio do pensamento linear. A intuição exige que você seja sincero com você mesmo
em relação ao que está sentindo.
As emoções são uma fonte interior de energia, influência e informação. Inerentemente
não são boas nem ruins. É o que fazemos com a informação e a energia que elas
produzem que faz a diferença.

Feedback Emocional - todo sentimento é um sinal. Toda emoção é um despertador


para chamar sua atenção. Um dos sinais da proficiência emocional é, de fato, a
capacidade de transcender a impulsividade e orientar apropriadamente o modo como
reage à emoção. Somos responsáveis por nossas reações, não adianta achar muletas ou
desculpas.

Presença Autêntica - estimula a desenvolver o que pode ser considerado um


campo de força. É a competência por meio da qual você leva o que há melhor em você a
dedicar atenção, a ouvir e dialogar com outro, estabelecendo a base para a construção
da confiança e da credibilidade. É através da valorização recíproca que o verdadeiro
diálogo - e não a conversa vazia e polida - começa.

Raio de Confiança - a confiança é uma força que começa com o sentimento de


auto - estima e determinação que somos levados a estender aos outros, como raios de
um círculo, acabando por atingir todos de sua equipe.

Insatisfação Construtiva - insatisfação com o modo como as coisas estão no


momento. Sem a insatisfação, conflito, corre-se o risco de uma inconsciente sensação de
estarmos no piloto automático e nenhum progresso inovador pode ocorrer. A insatisfação
para gerar mudança deve associar-se a direção. Sem sentir uma direção, uma trajetória
clara para gerar a mudança desejada, os sentimentos não são canalizados
construtivamente. Ao invés disso, começam a deteriorar o ambiente e a nós próprios,
produzindo uma crescente sensação de frustração, ceticismo e dúvida.
Além da direção, precisamos perceber movimento, ou seja, quais passos e ações serão
adotados rumo a mudança. Sem esse movimento inicial ficamos apenas nos iludindo,
com racionalizações de desejos, o que acaba por levar a lugar nenhum.

Sentir Oportunidades - “A descoberta consiste em olhar a mesma coisa como todo


mundo e perceber algo diferente.” A verdade é que todos nós estamos mais próximos de
novas oportunidades - de aprender, crescer, inovar e obter êxitos - do que imaginamos.
Uma das principais características de muitas pessoas com alta Maturidade Emocional é
sua capacidade de sentir mais longe, mais profundo e rapidamente do que os que só
contam com inteligência racional. As emoções e a intuição desempenham um papel
essencial para ampliar nosso acesso a esse campo de possibilidades que se encontra
além das rotas e rotinas óbvias que peenchem nossa vida diária.

Referências:

“Desenvolvimento Interpessoal” - Fela Moscovici - Ed. José Olympio


“Credibilidade” - James M. Kouzes - Ed. Campus
“Inteligência Emocional na Empresa” - Robert Cooper e Ayman Sawaf - Ed. Campus

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